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Os desafios para Portugal do alargamento da União

Europeia e as regiões portuguesas no contexto das


políticas da União Europeia

 Quais as principais etapas da construção da União Europeia?

 A União Europeia (UE) é uma comunidade económica e política, com características


únicas, entre países europeus, conhecidos por Estados-Membros (EM).

 Quais os alargamentos da União Europeia?

 A história da União Europeia está associada ao processo de adesão de novos países, que
se designa por alargamento. Até 2022, a União Europeia passou por sete alargamentos,
dando origem ao redesenhar do mapa europeu, devido às sucessivas alterações das suas
fronteiras.

 A União Europeia (2022) tem: 27 Estados-membros; 5 países candidatos-Países que se


encontram na fase de “integração” da legislação europeia para o direito nacional. 2 países
potenciais candidatos-Países candidatos potenciais que ainda não satisfazem as condições
para aderir à UE.

 A adesão de novos países à EU tem ajudado a manter a paz e a estabilidade na Europa e a


alargar o espaço da democracia e do mercado único.

 No início esta organização era constituída apenas por seis países, agora designados países
fundadores. Posteriormente, outros países foram-se juntando aos países fundadores,
formando a atual União Europeia a 27.
1950 Declaração de Schuman: Robert Schuman apresenta um plano de
cooperação para os Estados europeus. Propõe que a França e a República
Federal da Alemanha ponham em comum os seus recursos de carvão e de
aço, numa organização aberta a outros países da Europa. Este plano à
criação do Tratado de Paris.
1951 Assinatura do Tratado de Paris
1957 Assinatura do Tratado de Roma
1968 União Aduaneira: permitiu o comercio livre entre os seis países da CEE.
Foram aplicados os mesmos direitos aduaneiros aos produtos importados
dos outros países membros. Suprimiram-se os direitos aduaneiros entre os
primeiros seis Estados-membros, criando-se, pela primeira vez, condições
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para o comércio livre.
1986 Ato Único Europeu: assinado no Luxemburgo e em Haia, teve como
objetivo abolir as barreiras físicas, técnicas e fiscais que ainda se colocavam
à livre circulação. Visou proceder à reforma das instituições europeias e
preparar a adesão de Portugal e Espanha.
1989 Queda do muro de Muro de Berlim: reunificação da Alemanha, a 3 de
outubro de 1990. A democracia começou a ganhar raízes nos países da
Europa central e de leste
1992 Assinatura do Tratado de Maastricht
1993 Mercado Único Europeu: criado a 1 de janeiro.
1997 Assinatura do Tratado de Amesterdão
1999 Moeda Única – Euro: lançamento do Euro como moeda virtual.
2001 Assinatura do Tratado de Nice
2002 Entrada em circulação física da moda única, Euro, a 1 de janeiro
2007 Assinatura do Tratado de Lisboa
2016 Inicio do processo do Brexit (Britain Exit): Constituiu no plano que previu
a saída do Reino Unido da UE, resultante de um referendo popular,
realizado a 23 de junho de 2016.
2020 Saída oficial do Reino Unido da UE.

 Os sete alargamentos da UE…

1958 República Federal da Alemanha (RFA); Países Baixos; Bélgica;


Luxemburgo; França e Itália
1973 Irlanda; Reino Unido e Dinamarca
1981 Grécia
1986 Portugal e Espanha
1995 Áustria; Finlândia e Suécia
2004 República Checa; Chipre; Eslováquia; Eslovénia; Estónia; Letónia, Lituânia;
Hungria; Malta e Polónia
2007 Bulgária e Roménia
2013 Croácia

 Os países dos Balcãs Ocidentais…

 A Croácia foi o último país a integrar a UE e localiza-se na região dos Balcãs Ocidentais.

 Além deste país, os Balcãs Ocidentais compreendem a Sérvia, Macedónia do Norte, o


Montenegro, a Albânia, a Bósnia-Herzegovina e o Kosovo.

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 Para estes países, foram estabelecidas condições adicionais de adesão no chamado
“processo de estabilização e associação”, principalmente relacionadas com a cooperação
regional e com as boas relaçoes de vizinhança.

 Quais os critérios de adesão à UE?

 Os critérios de adesão à União Europeia, conhecidos por Critérios de Copenhaga, foram


definidos no Tratado da Uniã o Europeia (TUE) e entraram em vigor em 1993.

 De acordo com este tratado, qualquer país europeu que respeite os valores da UE e se
comprometa a promove-los pode pedir para se tornar membro da UE.

 Critérios de Copenhaga: Critério Político - O país deve ter: instituições estáveis que
garantam a democracia, o Estado de direito, os direitos humanos e o respeito e a proteção
das minorias; Critério Económico - O país deve ter: uma economia de mercado que
funcione efetivamente e a capacidade de fazer face à pressão concorrencial e às forças de
mercado da UE; Critério do acervo comunitário - O país deve ter: capacidade para
assumir as obrigações decorrentes da adesão, incluindo a capacidade de aplicar
eficazmente as regras, normas e politicas, isto é, a legislação da UE (o acervo) e a adesão
aos objetivos da união politica, económica e monetária.

 Quais as oportunidades e os desafios dos alargamentos para a


UE?

 Os alargamentos mais recentes permitiram que antigos países do bloco comunista da


Europa central e oriental integrassem a União Europeia.

 O alargamento aos países da Europa central e oriental e das ilhas do Mediterrâneo e o


alargamento aos países dos Balcã s Ocidentais, apó s a adesã o da Croá cia, permitiram e
permitirã o ao mapa da EU ter novos contornos, através do estabelecimento de novas
fronteiras, o que representou, e representa, oportunidades e desafios para a Europa.

 Os alargamentos aos países da Europa central e oriental, ilhas do Mediterrâneo e Balcãs


Ocidentais, estão, então, acompanhados de oportunidades e desafios a níveis políticos;
económicos e de segurança.
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 Os alargamentos anteriores trouxeram benefícios para os antigos e novos estados-
membros, para a UE, em geral (e para os seus cidadãos), a nível económico, social,
ambiental e de segurança.
Benefícios dos alargamentos
Económico Social Ambiental Segurança
Aumento do Aumento da qualidade de Melhoria das condições Melhoria da
comércio vida da população; ambientais e sanitárias, proteção dos
intracomunitário; Maior mobilidade da com a adoção de normas cidadãos
Aumento do população, com o para os novos EM; europeus;
emprego. alargamento do espaço Melhoria da qualidade do Reforço e
Schengen; ar, devido à melhoria da
Aumento das possibilidades implementação de segurança das
de se estudar nos diferentes medidas de mitigação dos fronteiras.
EM. gases com efeito de
estufa;
Melhoria da qualidade das
águas potável, balneares e
fluviais, devido à
aplicação de diretivas
ligadas à água.

 Quais as oportunidades e os desafios dos últimos


alargamentos para Portugal?

 Os últimos alargamentos da União Europeia e os futuros alargamentos aos Balcãs


Ocidentais traduziram e traduzirão não só oportunidades, mas também desafios para o
nosso país.

Oportunidades Desafios
Novas oportunidades para as empresas e para Aumento da concorrência comercial;
grupos económicos e financeiros, o que Desvio do fluxo de investimentos para os
permitirá o aumento do investimento potenciais EM, diminuindo o investimento
português nos potenciais EM, que constituem nacional e estrangeiro em Portugal;
economias emergentes; Redução do volume dos fundos estruturais e
Aumento da mobilidade da população, o que de coesão atribuída a Portugal;
lhes alargará o leque de países para trabalhar Maior produtividade laboral de alguns dos
e estudar; potenciais EM;
Aumento da diversidade cultural e de novas Perda de competitividade, devido aos
ideias/conhecimentos. maiores custos de instrução e de produção e
de mão de obra, que apresenta níveis de
instrução e qualificação inferiores;
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Aumento da perificidade de Portugal, visto
que a UE se tem alargado cada vez mais
para leste.

 Quais as principais disparidades regionais de desenvolvimento


em Portugal e na UE?

 Uma Europa alicerçada no desenvolvimento harmonioso, onde as disparidades regionais


fossem mitigadas e corrigidas, foi um dos objetivos que esteve na origem da UE.

 Algumas assimetrias, ainda presentes na Europa a 27…

 Numa Europa a 27, apesar do desenvolvimento económico e social, persistem


desigualdades económicas, demográficas, sociais e territoriais entre as regiões mais ricas
e as mais pobres, entre o centro e a periferia.

 As assimetrias económicas…

 As assimetrias económicas regionais na UE devem-se, entre outros fatores:


 À disponibilidade de recursos naturais e recursos humanos;
 Às mudanças provocadas pela globalização, como a deslocalização e a terciarização de
indústrias e algumas atividades de serviços;
 À proximidade geográfica ou afastamento dos mercados.

 A nível regional, existem diferenças consideráveis entre os EM a nível do seu


desempenho económico, medido pelo Produto Interno Bruto (PIB).

 As assimetrias na educação…

 A nível da educação, têm-se verificado assimetrias entre os EM. Ao analisar, por exemplo
o ensino superior, tem sido visível um aumento do número de alunos matriculados, o que
se reflete uma série de fatores, como por exemplo:
 Mudanças demográficas;
 Mudanças nos padrões de participação na força de trabalho;
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 Aumento da procura de população com qualificação superior pelos empregadores;
 Maior consciencialização sobre os benefícios da educação, sobretudo do ensino
universitário;
 Maior facilidade de acesso a financiamento, bolsas de estudo e outros benefícios;
 Aumento da mobilidade para a aprendizagem;
 Aumento da percentagem de pessoas que participaram na aprendizagem ao longo da
vida.

 Em 2019, assistiu-se a uma repartição assimétrica na percentagem de alunos matriculados


no ensino superior em relação ao total de alunos dos diferentes níveis de ensino.

 As assimetrias no emprego…

 A taxa de emprego da UE para a população com idades entre os 20 e os 64 anos foi de


72,3%, em 2020, diminuindo face a 2019, devido ao surto da pandemia da COVID-19,
que levou a uma inversão do aumento consecutivo deste indicador, registado nos últimos
seis anos. Tal como verificado nos indicadores anteriores, também a nível regional se
observam assimetrias.

 As assimetrias sociais e ambientais…

 As necessidades humanas básicas dos cidadãos e o estabelecimento de condições


necessárias que lhes permitam melhorar e manter a sua qualidade de visa são objetivos da
União Europeia, passíveis de serem medidos por um indicador composto, designado
índice regional de progresso social (IPS-UE).

 O índice regional de progresso social visa:


 Medir o progresso social de cada região da UE como um complemento às medidas
tradicionais de crescimento económico, como o Produto Interno Bruto (PIB);
 Utilizar apenas indicadores sociais e ambientais para refletir melhor o desenvolvimento
da sociedade;
 Medir o progresso social nas regiões europeias no nível NUTS II, utilizando doze
componentes, agregadas em três dimensões.

 O IPS-UE integra 75 indicadores, calculados numa escola de 0 a 100:


 0 significa o pior desempenho;
 100 traduz o melhor e o ideal desempenho ideal.

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 Qual a relação entre o IPS-UE e os objetivos de
desenvolvimento sustentável?

 Ninguém fica para trás é o lema associado aos objetivos de desenvolvimento sustentável
(ODS), que:
 Representam as prioridades globais para a Agenda 2030, assinada por mais de 190
países;
 Definem as prioridades e aspirações globais para 2030 e requerem uma ação à escala
mundial de governos, empresas e sociedade civil para erradicar a pobreza e criar uma
vida com dignidade e oportunidades para todos, dentro dos limites do planeta;
 Totalizam 17 objetivos, em áreas que afetam a qualidade de vida de todos os cidadãos
do mundo e das gerações futuras.

 Todos os ODS estão implícitos no índice global de progresso social, sobretudo os:
 ODS 3 – Garantir o acesso à saúde de qualidade e promover o bem-estar para todos,
em todas as idades;
 ODS 5 – Alcançar a igualdade de género e empoderar todas as mulheres e raparigas;
 ODS 16 – Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento
sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes,
responsáveis e inclusivas a todos os níveis).

 As regiões portuguesas no contexto das políticas da UE

 A necessidade de reduzir os desequilíbrios no espaço intraeuropeu e de promover a


coesão económica, social e territorial, visando um crescimento mais inteligente,
sustentável e inclusivo, foram preconizados na Estratégia Europa 2020.

 A política de coesão visa reduzir os desequilíbrios económicos, sociais e territoriais


intracomunitários e constitui a principal política de investimento da União Europeia,
proporcionando:
 Benefícios a todas as regiões e cidades da UE;

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 O crescimento económico, a criação de emprego, a competitividade das empresas, o
desenvolvimento sustentável e a proteção do ambiente.

 Uma parte considerável das atividades e do orçamento da UE é consagrada à redução das


disparidades entre as regiões, nomeadamente:
 As áreas rurais;
 As áreas afetadas pela transição industrial;
 As regiões com limitações naturais ou demográficas graves e permanentes.

 A política de coesão 2021-2027…

 A política de coesão europeia é a principal política de investimento e uma das expressões


mais concretas de solidariedade da UE.

 A política de coesão para 2021-2027, tem como um dos principais objetos simplificar os
procedimentos e aumentar a eficácia dos investimentos da UE. Assim, os onze objetivos
temáticos utilizados na política de coesão para o período 2014-2020 foram substituídos
por cinco objetivos políticos.
Objetivo 1 Objetivo 2 Objetivo 3 Objetivo 4 Objetivo 5
Europa mais Europa mais Europa mais Europa mais Europa mais próxima
competitiva e verde e conectada e social e dos cidadãos
inteligente hipocarbónica com maior inclusiva
mobilidade
Transformação Baixas Mobilidade e Aplicação do Desenvolvimento
económica emissões de conectividade Pilar Europeu sustentável e
inovador e carbono das TIC a nível dos Direitos integrado em todos
inteligente regional Sociais os territórios: áreas
urbanas, rurais e
costeiras através de
iniciativas locais
A partir da A partir da A partir de A partir da A partir do apoio a
inovação, da aplicação, do redes de concretização estratégias de
digitalização, da Acordo de transporte e do Pilar desenvolvimento a
transformação Paris e do digitais Europeu dos nível local e ao
económica e do investimento na estratégicas Direitos desenvolvimento
apoio às transição Sociais e do urbano sustentável na
pequenas e energética, nas apoio ao UE
médias empresas energias emprego de
(PME) renováveis e na qualidade, à
luta contra as educação, às
alterações competências,
climáticas à inclusão
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social e à
igualdade de
acesso aos
cuidados de
saúde
Fundos da política de
coesão 2021-2027
 A União Europeia apoia, então, a realização destes objetivos através dos Fundos
Europeus Estruturais e de Investimento (FEEI)

Financiamento da política de coesão centra-se…


No investimento, no crescimento e no Na cooperação territorial europeia, a fim
emprego, com vista a consolidar o de apoiar a coesão da UE através da
mercado laboral e as economias regionais; cooperação ao nível transfronteiriço,
transnacional e inter-regional.

 Quais os fundos europeus estruturais e de investimento?

 Os fundos europeus são instrumentos de financiamento aprovados por legislação da


União Europeia, que suportam ações europeias, nacionais, regionais, locais e até
internacionais, para atingir objetivos de desenvolvimento.

 Os fundos europeus adquirem a designação de Fundos Europeus Estruturais e de


Investimento (FEEI) quando se tornam instrumentos da política regional da UE.

 A política de coesão é, então, financiada por fundos específicos como:

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 Quais as regiões elegíveis para financiamento no período
2021-2027?
- Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional
 Na Europa e em Portugal…
(FEDER)
- Fundo Social Europeu Mais (FSE+)
 A política de coesão abrange todas as -regiões da Coesão
Fundo de UE. No(FCoesão)
entanto, a maior parte dos
fundos estruturais e de investimento são direcionados para onde são mais necessários:
regiões mais desfavorecidas, com um PIB- Fundo parainferior
per capita uma Transição
a 75% daJusta (FTJ)
média (desde
da UE.
2021)
 Os fundos europeus são um dos investimentos mais relevantes para a promoção do
desenvolvimento em Portugal, contribuindo para a competitividade da economia, a
sustentabilidade ambiental e a coesão social e territorial do país.

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