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Sumariamente:
Esta sessão vai incidir, de forma sintética (visto que apenas temos uma hora de sessão),
numa primeira fase, na relação entre tribunais nacionais e TJUE, onde vamos discutir o
princípio da cooperação judiciária, da efetividade e da equivalência. Além disso, vamos
olhar ao mecanismo do reenvio prejudicial (art.267.º TFUE), de forma um pouco mais
detalhada.
Numa segunda fase, vamos falar do mercado interno. Quais os seus benefícios e como
é que este se concretizou? Ainda as 4 liberdades fundamentais – liberdade de
circulação de mercadorias, pessoas, serviços e capitais.
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O Acórdão Simmenthal clarificou que o dever de aplicar o Direito Europeu se aplica a todos os tribunais
no caso concreto. É neste sentido que se diz que os tribunais nacionais têm autonomia
processual para implementar Direito Europeu.
Ou seja, o mecanismo judicial de aplicação do Direito Europeu é descentralizado (são os
tribunais nacionais que aplicam o Direito Europeu, e não o TJUE).
Contudo, esta arquitetura judicial tem um perigo eminente: o sujeito X pode ter o
direito Y (conferido pelo ato da união europeia Z), mas pode não ter o “remédio judicial”
para fazer valer o seu direito (ou seja, pode não ter o meio processual para fazer valer o
seu direito substantivo).
Por essa razão, a autonomia processual do tribunal nacional nunca pode ser absoluta!
Desde cedo que o Tribunal de Justiça percebeu isso e, por isso, impôs três limitações:
Tem autonomia
para decidir como 1) Princípio da equivalência; Não pode haver discriminação do direito europeu face ao nacional.
O DUE conferido a cada particular não pode ser
é que cada litigo 2) Princípio da efetividade; virtualmente impossível de ser conferido num tribunal
corre, contudo há
3 principios que
3) Princípio da responsabilidade do Estado (este surgiu posteriormente, pela mão
limitam: do Ac. Francovich). Em situações em que a norma de DUE não tem efeito direto é possível uma indeminização
se for percetivel qual é o direito que a norma queria atribuir. Certas diretivas que ainda não
foram transpostas mas que podem servir para responsabilizar o Estado
Mercado Interno
Artigos 4.º, n.º 2, alínea a), 26.º, 27.º, 114.º e 115.º do Tratado sobre o Funcionamento
da União Europeia (TFUE).
O mercado comum, criado pelo Tratado de Roma em 1958, tinha por objetivo a
liberalização das trocas comerciais entre os Estados-Membros com o objetivo de
aumentar a prosperidade económica e contribuir para «uma união cada vez mais
estreita entre os povos da Europa».
O Ato Único Europeu, de 1986, incluiu o objetivo de criar o mercado interno no Tratado
que institui a Comunidade Económica Europeia (CEE), definindo-o como «um espaço
sem fronteiras internas no qual a livre circulação das mercadorias, das pessoas, dos
serviços e dos capitais é assegurada».
Historicamente:
O Ato Único Europeu, que entrou em vigor em 1 de julho de 1987, fixava como data
precisa para a concretização do mercado interno o dia 31 de dezembro de 1992.
Também reforçou os mecanismos de tomada de decisão do mercado interno
introduzindo a votação por maioria qualificada relativamente às pautas aduaneiras
comuns, à livre prestação de serviços, à liberalização dos movimentos de capitais e à
aproximação das legislações nacionais. Quando o prazo expirou, mais de 90% dos atos
legislativos previstos no Livro Branco de 1985 tinham sido aprovados, em grande parte
ao abrigo da regra da maioria qualificada.
Este Ato continha 12 ações fundamentais que as instituições da UE deviam aprovar sem
demora. Estas ações centravam-se nos quatro principais motores do crescimento, do
emprego e da confiança:
• redes integradas;
• mobilidade dos cidadãos e das empresas além-fronteiras;
• economia digital e;
• ações suscetíveis de reforçarem a coesão e os benefícios para os consumidores.
4 liberdades fundamentais
1 - Proibição dos encargos de efeito equivalente a direitos aduaneiros: artigo 28.º, n.º
1, e artigo 30.º do TFUE
2
Ex: Ac. Van Gend en Loos Ureia formaldeído
acordao comissão v. frança
suscetível de entravar, direta ou indiretamente, efetiva ou potencialmente, o comércio
intracomunitário deve ser considerada uma medida de efeito equivalente a uma
restrição quantitativa.
Além disso, o Tribunal de Justiça reconheceu, no seu acórdão Cassis de Dijon, que os
Estados-Membros podem adotar derrogações à proibição de medidas de efeito
equivalente com base em exigências imperativas (atinentes, designadamente, à eficácia
dos controlos fiscais, à proteção da saúde pública, à lealdade das transações comerciais
e à defesa dos consumidores). Os Estados-Membros devem notificar a Comissão das
medidas derrogatórias nacionais.
Base jurídica: Art.3.º(2) do TUE; Artigo 21.º do TFUE; Artigo 45.º CDFUE3.
Esta liberdade foi concretizada através de, essencialmente, duas formas: 1) Espaço
Schengen e 2) Livre circulação de cidadãos da UE e dos membros das suas famílias.
1. Espaço Schengen;
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Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia
Nem todos os que são da União participam no Espaço Schengen (ex: Irlanda) e nem
todos os que participam do Espaço Schengen são da União Europeia (ex: Suíça e
Noruega).
Neste sentido, o principal instrumento jurídico que foi adotado é a Diretiva 2004/38/CE
• Para estadias com uma duração inferior a três meses: o único requisito para os
cidadãos da União é serem titulares de um documento de identidade ou
passaporte válido. O Estado-Membro de acolhimento pode exigir à pessoa em
questão que registe a sua presença no país.
• Para estadias com uma duração superior a três meses: os cidadãos da UE e os
membros da respetiva família — caso não exerçam uma atividade profissional —
têm de possuir recursos suficientes e seguro de saúde, de modo a assegurar que
não se tornem num peso para os serviços sociais do Estado-Membro de
acolhimento durante a sua estada. Os cidadãos da União não necessitam de
autorização de residência, mas os Estados-Membros podem exigir que se
registem junto das autoridades competentes.
• Direito de residência permanente: os cidadãos da União adquirem este direito
depois de um período de cinco anos consecutivos com o estatuto de residente
legal, desde que não tenham sido objeto de uma decisão de expulsão. Este
direito deixou de estar sujeito a quaisquer condições. A mesma regra é aplicável
aos membros da família que não tenham a nacionalidade de um Estado-Membro
e que tenham residido com um cidadão da União durante um período de cinco
anos.
3º - Liberdade de circulação de serviços
O que se pretende?
Regime jurídico:
O art.65.º TFUE também prevê restrições que podem ser invocadas no seio da União
Europeia (Grécia e Chipre fizeram-no na crise das dívidas soberanas).