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Panorama da escrita
devanāgarī
Prof. Dr. Adriano Aprigliano DLCV
दे वनाग र
Prof. Dr. Paulo Chagas de Souza DL
História
● A escrita devanāgarī (ou apenas nāgarī) é atestada desde o séc. VII.
● devanāgarī é um composto nominal adjetivo que qualifica o termo elíptico lipi, f. “escrita”.
É formado de dois termos, deva, m. “deus” e nāgarī, adj.f. “urbana”, derivado de nagara, n.
“cidade”. O composto significa “a [escrita] urbana dos deuses”.
● Trata-se de nome moderno. Na Índia, passa a figurar no uso a partir do séc. XVII, entre
os paṇḍitas, os professores das disciplinas tradicionais.
● Acabou por ser adotado pelos europeus no período da difusão do sânscrito na Europa,
esp. a partir do séc. XVIII.
Precedentes: brāhmī
● O devanāgarī descende da antiga escrita chamada, a posteriori, brāhmī (lipi), i.e., “escrita
de Brahmā”, pelo deus que, segundo a tradição, teria revelado a escrita aos homens.
● Esta escrita é primeiro atestada na inscrições do rei Asoka (III a.C).
● A escrita do período Gupta (IV-VI d.C.), será o modelo de várias escrita da Ásia Central.
● Trata-se de um alfassilabário ou abugida.
○ Chama a atenção a notação fonética precisa do consonantismo e vocalismo dos dialetos do indiano médio e
do sânscrito.
○ A precisão fonética reflete, de maneira geral, a literatura dos Prātiśākhyas (tratados de ortoépia, datados de
c. V-I a.C.).
Sarnath, Uttar Pradesh, Índia.
क ka त ta च ca प pa
● Observe que a arquitetura dos sinais, na maior parte dos casos é constituída de:
अ a, ए e, इ i, etc.
एक [ए-क e.ka] um, ओदन [ओ-द-न o.da.na], arroz
● O rol de sinais simples do devanāgarī corresponde aproximadamente ao aparato
fonológico do sânscrito tal como descrito pelos antigos gramáticos indianos: são 46 os
sinais simples, sendo 33 consonantais e 13 vocálicos.
A consoante sem vogal
● Para representar a consoante sem vogal, usa-se um sinal chamado virāma (“supressão”),
um pequeno traço transversal posicionado debaixo do traço vertical:
क् k च ् c त ् t प ् p
दे वात ् [दे -वात ्] de.vāt (abl.s. de deva)
वाक् vāk (nom.s. de vāc)
○ Este sinal é usado, em princípio, apenas em fim de frase, já que nos demais casos a consoante fará parte de
um encontro consonantal, como veremos adiante.
• No caso de sinais de base arredondada, o virāma se posiciona sob o elemento
arredondado, à altura do pedacinho de traço vertical que o sinal contém:
द् d ह् h
Sinais diacríticos
Para representar as vogais diferentes de a breve, que é inerente aos sinais simples,
empregam-se sinais diacríticos posicionados no entorno do sinal consonantal., e.g.:
a) o r pré e pós-consonantal;
pta: प ् → + त → प्त
tmya: त ् → + म ् → + य → त्म्य
तप्त । तप्त ॥
○ Em geral, o primeiro divide orações; o segundo fecha parágrafos. No caso de verso, o primeiro divide os
hemistíquios de um dístico ou estrofe; o segundo encerra o dístico ou estrofe.
○ Observe que as línguas indianas modernas que se escrevem em devanāgarī, como o hindī, o marāṭhī, etc.,
além do daṇḍa simples e duplo, fazem pleno uso dos sinais de pontuação romanos.
Vākyapadīya, de Bhartr̥hari (séc. V), livro III, incipit. Manuscrito do séc.
XIX ou XVIII.
Rasataraṅgiṇī,
de Bhānudatta
(sec. XVI),
manuscrito de
1618.
Mahābhārata, Puna, B.O.R.I, 1971 Br̥hadāraṇyaka, Paris, Les Belles
Lettres, 1967.
Bibliografia
Aprigliano, A. Manual de devanāgarī, 2020.
Mawet, F. Grammaire sanskrite à l’usage des étudiantes hellénistes et latinistes. Leuven: Peeters,
2012.
https://en.wikipedia.org/wiki/Brahmi_script
https://en.wikipedia.org/wiki/Pillars_of_Ashoka