Você está na página 1de 3

Língua Latina I – 2021/1 (2021) – UFAM Profª.

Soraya Chain

ALFABETO LATINO
O alfabeto latino, por muito tempo, constou unicamente de 21 letras:
a, b, c, d, e, f, g, h, i, k, l, m, n, o, p, q, r, s, t, u, x.

Na época clássica, foram incorporadas duas letras gregas, y e z, para facilitar a transcrição dos
empréstimos (palavras gregas incorporadas à língua latina).

Como vemos, o alfabeto latino carece do j e do v. (foram introduzidos no alfabeto latino, no século 16).

A letra i era utilizada para o i vogal e para o i consoante. Escrevia-se iam e não jam (já).

A letra u era utilizada para a consoante v e para a vogal u. Escrevia-se uinum, e não vinum (vinho). E
sua forma maiúscula (caixa alta) era representada pelo símbolo V, que hoje representa tanto uma letra
do nosso alfabeto, quanto um som na nossa língua.

O k é raríssimo, utilizado para transcrever empréstimos da língua grega, e sempre pode ser substituído
por c: Karthago ou Carthago (Cartago, histórica cidade do Norte da África).

1. As vogais: a, e, i, o, u.
2. Os ditongos: ae, oe, au.
3. As consoantes: b, c, d, f, g, h, k, l, m, n, p, q, r, s, t, x.

QUANTIDADE
É a propriedade que têm as vogais de serem breves ( ă, ĕ, ĭ, ŏ, ŭ ) ou longas (ā, ē, ī, ō, ū). (duração).
˘ : braquia ( equivalente a uma μ)
ˉ : macron (equivalente a duas µ)
µ: mora (duração, tempo de pronúncia)

Obs: Em Latim não há acentos gráficos; esses sinais são empregados em livros didáticos e em
dicionários, para que os alunos se habituem a ler palavras com a acentuação tônica correta.
Ex: caustĭcus, curricŭlum, constāre, accipĭo, maledīctum, immunĭtas, figūra, debĕo, corrēctor.

ACENTUAÇÃO LATINA
As palavras latinas têm o acento ou na penúltima ou na antepenúltima sílaba; em regra geral, não há
oxítonas em Latim.
A sílaba tônica é sempre indicada pela penúltima sílaba da palavra.
→ se a penúltima sílaba da palavra trouxer em sua vogal o sinal ( ˘ ), a sílaba tônica é a anterior a ela
(proparoxítona);

→ se a penúltima sílaba da palavra trouxer em sua vogal o sinal ( ˉ ), a sílaba tônica é ela mesma
(paroxítona);
Ex: agricŏla, penātes, ancīlla, curricŭlum.
Obs: palavras dissílabas têm sempre a penúltima sílaba tônica.
Língua Latina I – 2021/1 (2021) – UFAM Profª. Soraya Chain

PRONÚNCIAS LATINAS

É impossível determinar com exatidão qual fosse a pronúncia da língua latina no tempo dos romanos.
Por isso, no Brasil, algumas escolas adotaram a pronúncia romana (eclesiástica), usada em Roma nos
nossos dias; outros seguem a pronúncia tradicional, comum nas escolas de Portugal e do Brasil;
outras, enfim, adotaram a pronúncia reconstituída, a qual, com boas bases científicas, se esforça para
apresentar a pronúncia usada pelas pessoas cultas de Roma na época de Marco Túlio Cícero.
Daremos ênfase à pronúncia reconstituída.

A pronúncia reconstituída difere da pronúncia do Português nestes casos:

a. Os ditongos ae e oe soam, respectivamente, /aj/ e /oj/: rosae (rosas); poena (castigo)


b. As vogais ĕ e ŏ têm, respectivamente, som de // e /ɔ/: ŏpĕra (trabalho manual)
c. A vogal ē tem som de /e:/: pērmanārĕ (correr)
d. A vogal ō tem som de /o:/: ōblivĭō (esquecimento)
e. A vogal u é sempre pronunciada: anguis /gʷ/ (cobra); quintus /kʷ/ (quinto)
f. A letra c tem som de /k/: Cicĕro (Cícero) / tʃ /
g. A letra g tem sempre som de /g/: genu (joelho); gigantĕus (gigantesco)
h. A letra h é levemente aspirada /hʰ/: hora (hora); herpes; harpa (harpa)
i. A letra L tem sempre som de /l/ ou /ɫ/: littĕra (letra); alimentum (alimento); calceus (calçado)
j. A letra m tem sempre som consonântico /m/: mimus (comediante); fidem (fé)
k. A letra n tem sempre som consonântico /n/: necāre (matar); nivis (neve); amen (amém)
l. A letra r tem som de /ɾ/ e rr soa /r/: Roma (Roma); reportare (reconduzir); curriculum (carreira)
m. A letra s tem sempre som de /s/: rosa (rosa); sanāre (sanar); scientĭa (ciência)
n. A letra x tem sempre som de /ks/: maximus (máximo); excēllens (excelente); nox (noite)
o. As letras t e d têm sempre, respectivamente, sons de /t/ e /d/: sapientĭa, dominatĭo, dies, disputatĭo

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática latina. 29ª ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

ALMENDRA, Maria Ana; FIGUEIREDO, José Nunes de. Compêndio de gramática latina. Coimbra: Porto editora, 2003.

BUSSARELO, Raulino. Dicionário básico latino-português. 7ª ed. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2012.

FARIA, Ernesto. Dicionário Escolar Latino-Português. Rio de Janeiro: Garnier, 2003.

GARCIA, Janete Melasso. Introdução à teoria e prática do latim. 3ª ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2008.

ROSA, Maria Carlota. Introdução à morfologia. São Paulo: Contexto, 2000.

MATTOSO CÂMARA Jr. Problemas de Linguística Descritiva. 20ª Ed. Petrópolis: Vozes, 1997.

ROBERTO, Mikaela. Fonologia, fonética e ensino: guia introdutório. São Paulo, Parábola, 2016.

SARAIVA F. R. dos Santos. Novíssimo Dicionário Latino-Português. 12ª ed. Rio de Janeiro: Livraria Garnier, 2006.

WILLIAMS, Edwin B. Do latim ao português: fonologia e morfologia históricas da língua portuguesa. Traduzido por
Antônio Houaiss. 2ª ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1973.

2
Língua Latina I – 2021/1 (2021) – UFAM Profª. Soraya Chain

Primeiro verso (hexâmetro datílico) da obra Eneida, de Virgílio

⎯⎯ ⎯ ⎯ ⎯ ⎯ hexâmetro datílico

Ārmă uĭrūmquĕ cănō, Trŏĭæ quī prīmŭs ăb ōrīs

Você também pode gostar