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SÂNSCRITO

A LÍNGUA DO YOGA
Oṁ saha nāvavatu
Saha nau bhunaktu
Saha vīryam karavāvahai
Tejasvi nāvadhītam astu

Que o Senhor nos proteja juntos! Que Ele nos nutra juntos! Que
trabalhemos juntos unindo nossa força para o bem da
humanidade! Que nosso aprendizado seja luminoso e tenha
finalidade! Que não haja ódio entre nós jamais! Upaniṣad
ETIMOLOGIA

Sânscrito > saṁskṛta (sam – com, bem; kṛ – fazer,


criar; ta – terminação do particípio passado) =
polido, (gramaticalmente) correto, elaborado.
Compare com o latim perfectus.
Oṁ namo bhagavate vāsudevāya

Saudações a Vāsudeva, que é a


onipresente pessoa suprema.
A IMPORTÂNCIA DO
SÂNSCRITO
É a língua-mãe de todos os idiomas do ramo
indo-europeu. Era o idioma polido dos sacerdotes
brâmanes, diferente dos prácritos ou línguas
naturais, que gradualmente formaram os idiomas
vernáculos de hoje, enquanto o sânscrito em geral
permaneceu cristalizado como a língua eclesiástica
e erudita.
A sua descoberta, no séc. XVIII, deu nascimento
à linguística histórico-comparativa, quando se
perceberam as suas semelhanças com o grego
antigo, o latim, o persa antigo e o gótico.
Do tronco de línguas indo-européias originaram-
se todas as línguas faladas na Europa, desde o
português até o russo, bem como algumas línguas
da Ásia, tais como: curdo, persa, bengali. Há
também as línguas mortas: hitita, etrusco, saxão e
vândalo.
Sendo as línguas indo-europeias atualmente a
mais importante família linguística da Terra,
geográfica, populacional e culturalmente, o estudo
do sânscrito constitui um dos instrumentos
fundamentais para a compreensão não só das
línguas modernas, mas também de toda a
civilização e cultura da maior parte do mundo.
Ao contrário do que dizem alguns acadêmicos,
sânscrito não é uma língua morta. Até os dias de
hoje há periódicos, rádios, filmes, instituições,
pessoas eruditas, famílias e aldeias que utilizam o
sânscrito.
DIVISÕES
HISTÓRICAS
• Sânscrito Védico – é a fase anterior da linguagem antiga
da Índia, registrada nos Vedas e Upaniṣads. Em fonologia
é quase idêntica ao clássico, mas sua gramática é mais
elaborada.

• Sânscrito Clássico – é a fase posterior da linguagem


antiga da Índia, codificada pelo gramático Panini, por
volta do séc. IV a.C., em sua obra intitulada Aṣṭadhyāyi,
que consiste em quatro mil sutras.
“Os antigos gramáticos indianos alcançaram resultados
científicos incomparáveis com os de qualquer outra nação da
Antiguidade.
A gramática de Panini: sendo composta com a máxima
brevidade imaginável, cada sutra ou aforismo em geral consiste
em apenas duas ou três palavras, e a obra completa, se impressa
em devanágari, caberia em trinta e cinco páginas. No entanto,
essa gramática descreve toda a língua sânscrita em todos os
detalhes de sua estrutura, com uma inteireza que não tem
paralelo em nenhuma outra parte. É ao mesmo tempo a mais
concisa e a mais completa gramática do mundo.”
Arthur MacDonell
ALFABETO
DEVANÁGARI
ALFABETO
O alfabeto sânscrito chama-se devanágari, que
literalmente quer dizer ‘alfabeto da cidade dos deuses’, e
é escrito da esquerda para a direita e de cima para baixo.
Consiste em quarenta e oito letras, treze vogais e trinta e
cinco consoantes, que representam todos os sons da
língua sânscrita. Na verdade, esta é a única língua do
mundo que tem sua escrita organizada sistemática e
cientificamente.
A ordem alfabética adotada pelos antigos gramáticos
indianos, sendo totalmente científica, foi seguida pelos
estudiosos europeus e usada na ordem lexicográfica de
seus dicionários de sânscrito. Por isso, é importante
conhecer a ordem alfabética e a escrita devanágari para
poder consultar bons dicionários e gramáticas de
sânscrito.
IAST
O alfabeto internacional para a transliteração de
sânscrito (em inglês, International Alphabet of Sanskrit
Transliteration, de acrônimo IAST) é o sistema de transliteração
mais difundido para a romanização do sânscrito. É usado
sobretudo nas publicações impressas. Baseia-se num padrão
estabelecido pelo Congresso dos Orientalistas, realizado
em Genebra em 1894. Consiste numa transliteração fiel do
devanágari e de outros alfabetos indianos.
Guia da pronúncia em
sânscrito
As vogais se pronunciam da seguinte
maneira:
a – como o a fechado em mas (pronúncia de Portugal).
Ex.: Kṛṣṇa, Rāma, Kali-yuga (Era da desavença), maya (pleno de).
ā – como o a aberto em pata.*
Ex.: Kṛṣṇā, Ramā, Bhagavad-gītā, Mathurā, Yamunā, Kālī, māyā (ilusão), āsana (postura).
i – como o i em abrigo.
Ex.: śira (cabeça).
ī – como o i em aqui.*
Ex.: kuṇḍalinī (enrodilhada), nāḍī (corrente energética).
u – como o u em acudir.
Ex.: budha (iluminado), kumbhaka (retenção da respiração).
ū – como o u em uva.*
Ex.: dūra (distante).

*As vogais longas têm o dobro da duração das vogais breves.


ṛ – como o r do falar caipira em brinco.
Ex.: Kṛṣṇa, ṛg-veda, ṛṣi (sábio).
ṛ – como o r acima explicado.*
Ex.: pitṛn (pais, antepassados)
l – como o l do falar gaúcho em mal.
Ex.: klp (conduzir a).
e – como o e em tapete.
Ex.: Keśava, Veda, Treta-yuga, deva (divindade), mela (festival), keli (divertimento).
ai – como o ai em pai.
Ex.: Caitanya, daivi (divino), kaivalya (liberação).
o – como o o em telefone.
Ex.: yoga (união), loka (mundo, pessoas).
au – como o au em causa.
Ex.: ubhau (ambos), naulī (contração abdominal).
Oṁ asato mā sad gamaya
Tamaso mā jyotir gamaya
Mṛtyor mā amṛtam gamaya

Senhor, conduza-me do irreal para o real. Conduza-


me das trevas para a luz. Conduza-me da morte
para a imortalidade. Upaniṣad
As consoantes se pronunciam da seguinte
maneira:

Guturais (pronunciadas na garganta)

k – como em cavalo.
Ex.: karma (ação), kāma (desejo). Obs.: Keśava, kīrtanam (canto, glorificação).
kh – como no inglês Eckhart.
Ex.: sāṅkhya (enumeração).
g – como em antigo.
Ex.: Gaṅgā (Ganges). Obs.: Gītā (canção), yogī (praticante de yoga).
gh – como no inglês dig-hard.
Ex.: Gheranda-saṁhitā.
ṅ – como em ângulo.
Ex.: saṅga (companhia).
Palatais (pronunciadas com metade da língua no palato)

c – como em tchau.
Ex.: Candra (lua), citta (consciência).
ch – como no inglês staunch-heart.
Ex.: chāyā (sombra).
j – como em adjetivo.
Ex.: japa-mālā (rosário), jīva (ser vivo).
jh – como no inglês hedgehog.
Ex.: jhali (noz de bétel)
ñ – como em lenha.
Ex.: jñāna (conhecimento).
Cerebrais (pronunciadas com a ponta da língua no céu da boca)

ṭ – como o t no falar caipira em carta.


Ex.: aṣṭāṅga (oito partes).
ṭh – como no inglês light-heart.
Ex.: haṭha (força, esforço).
ḍ – como o d no falar caipira em tarde.
Ex.: maṇḍala (círculo), daṇḍa (vara).
ḍh – como no inglês red-hot.
Ex.: ḍhola (tambor grande)
ṇ – como o n no falar caipira em perna.
Ex.: guṇa (qualidade, corda), prāṇa (bioenergia).
Dentais (pronunciadas com a língua encostada nos dentes)

t – como em teto.
Ex.: tamas (escuridão). Obs.: Sati (esposa de Shiva), Saci (esposa de Indra), nitya
(eterno), ātmā (alma).
th – como no inglês light-heart.
Ex.: sthiram (estável).
d – como em devoto.
Ex.: vasudeva (onipenetrante). Obs.: brahmavādi (estudioso do brahman).
dh – como no inglês red-hot.
Ex.: dhāraṇā (concentração), dhyāna (meditação), dharma (dever, religião).
n – como em nada.
Ex.: namas (reverência) ānanda (bem-aventurança).
Labiais (pronunciadas com os lábios)

p – como em puro.
Ex.: pāda (pé), padma (lótus).
ph – como no inglês up-hill.
Ex.: phala (fruta) kapha (muco). Obs.: Não existe o fonema /f/.
b – como em boi.
Ex.: bandha (contração).
bh – como no inglês rub-hard.
Ex.: Bhūmi (Terra), abhyāsa (prática).
m – como em mãe.
Ex.: manas (mente), mantra (hino). Obs.: sampatti (tesouro), saṁyoga (junção,
união).
Semivogais

y – como o i em alfaiate.
Ex.: yoga (união), niyama (refreamentos).
r – como em caro.
Ex.: Rāma, rāja (rei).
l – como em luz.
Ex.: liṅga (sintoma, falo).
v – como em vaca.
Ex.: vidyā (conhecimento), Viṣṇu. Obs.: svāmī (mestre), svasthya (bem-
estar), tattva (verdade).
Sibilantes

ś – como o x em caixa.
Ex.: śiva (auspicioso), śānti (paz).
ṣ – como o x em caixa, mas com a ponta da língua no céu da boca.
Ex.: puruṣa (homem).
s – como em sol.
Ex.: sādhana (disciplina, prática diária), samādhi (transe). Obs.: prasadam (misericórdia). Não
existe o fonema /z/.

Aspirada

h – como no ingles home.


Ex.: haṁsa (cisne), ahiṁsā (não-violência). Obs.: Brahmā.
Anusvāra

ṁ – como a nasalização em bem, maçã.


Ex.: oṁkāra (sílaba om)

Visarga

ḥ – como uma aspiração seguida do eco da vogal antecedente.


Ex.: oṁ śāntiḥ śāntiḥ śāntiḥ (que haja muita paz espiritual), oṁ namaḥ
śivāya / śivāya namaḥ (reverências a Shiva)
Sarveṣāṁ svastir bhavatu
Sarveṣāṁ śāntir bhavatu
Sarveṣāṁ pūrnaṁ bhavatu
Sarveṣāṁ maṅgalaṁ bhavatu

Que haja bem-estar, paz, plenitude, auspiciosidade


para todos!
Acentuação Tônica
A sílaba em sânscrito é classificada em:
• Laghu
• Guru

Laghu (leve) – sílaba que contém uma vogal breve, não seguida de
conjunto consonantal, anusvāra ou visarga.

Guru (pesada) – sílaba que contém uma vogal longa ou qualquer


vogal breve seguida de conjunto consonantal, anusvāra ou visarga.
Desde o início da nossa era o sânscrito tem sido
pronunciado com o acento tônico (em vez do acento
musical anterior). A regra geral é que o acento cairá na
penúltima sílaba se ela for guru. Se ela for laghu, o acento
cairá na antepenúltima sílaba. E se a terceira sílaba
também for laghu, o acento cairá na quarta sílaba de trás
pra frente.
Brahmaṇy ādhāya karmāṇi
Saṅgaṁ tyaktvā karoti yaḥ
Lipyate na sa pāpena
Padma-patram ivāmbhasā

Aquele que age abandonando o apego e dedicando suas ações ao


Supremo, não é maculado pela reação kármica, assim como a
pétala do lótus pela água. BG 5.10
RND CURSOS
Radhanatha Das / Robson Guia
Chepkassoff Chaves

E-mails:
radhanathadas@ig.com.br /
rnd.108@Hotmail.com

Fones: (13) 3223.3750 /


99779.0521

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