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Gabriel Diniz
Mesmo depois de tornar-se adulto, o jovem que ainda carrega no corpo uma saúde fraca, e
devido à intervenção da mãe, casa-se com Thérèse, para o desgosto da moça. Sendo assim,
com a economia de quarenta mil francos, mudam-se para Paris, num beco, onde abrem um
armarinho.
Camille torna-se funcionário da ferrovia. Nesse ínterim, a família conhece o ex-delegado de
polícia Michaud e sua esposa, um homem chamado Grivet e Laurent — estes trabalham na
ferrovia também —, que se juntam aos Raquin todas as quintas-feiras para jogar dominó.
É nesse cenário que uma paixão avassaladora invade o sangue e a carne de Laurent e
Thérèse. Os dois iniciam um caso. Tomados pela paixão, decidem dar cabo em Camille, e
assim o fazem. Numa noite durante um passeio de barco pelo Sena, Laurent joga Camille no
rio, o rapaz que não sabia nadar se afoga. É a partir disso, que os melhores acontecimentos,
bem como a psicologia das personagens é melhor desenvolvidos.
O clima de morte permeia toda narrativa: a doença de Camille, o beco úmido e gélido onde
a família mora — local que se assemelha à uma sepultura —, as personagens que
frequentam o serão — que possuem a vida tão morta como a dum cadáver, o crime de
homicídio, a relação que se desenvolve entre Laurent e Thérèse — o casal se torna frio, não
consegue entregar-se ao desejo, a paixão deles também morre. A morte reflete-se até
mesmo na pintura Laurent, que sempre fora um fracasso. O seu sentimento de medo em
relação a Camille, faz com que ele pinte quadros excelentes. Vale destacar também uma
cena chocante, onde o narrador descreve magistralmente a visita do assassino a um
necrotério de Paris.
O narrador também deixa bem claro a diferença entre a compleição física de Laurent e
Camille, esses aspectos influenciam de forma acentuada o comportamento das personagens.
Laurent é um homem forte, mais esperto, mais apto, num primeiro momento, a viver na
capital francesa, na selva selvaggia, Já Camille, com um corpo frágil, não poderia nunca
impressionar Thérèse. Fica bem nítido que o narrador enxerga as personagens como
animais. Sendo assim, dentro duma ideia naturalista, Laurent o macho mais capaz consegue
roubar a fêmea do amigo.
Para aqueles que já leram Aluísio Azevedo, Júlio Ribeiro e outros naturalistas
brasileiros,Thérèse Raquin, de Émile Zola, é uma obra mais do que obrigatória. A dica de
leitura vale também para aqueles que gostam de um bom clássico da literatura francesa.