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TRÊS DOMÍNIOS DE VIVÊNCIA HUMANA

RESULTANTES DE OPERAÇÃO SEGUINDO AS


VONTADES DIRETIVA, APROVATIVA E PERMISSIVA
DE DEUS

Pr. Fabiano Ferreira

“Há coisas que Deus ordena, há coisas que Deus aprova e há


coisas que Deus permite.” (Pr. Sebastião Franco Correa)

1) Há coisas que acontecem de acordo com vontade diretiva de


Deus, quando ele revela ou decreta que algo aconteça, ou ordena
que seja feito, e tudo ocorre segundo Ele determinou. Este é o
domínio mais seguro dentro do qual devemos fazer nossas
existências operar. Neste domínio, Ele revela sua vontade
diretiva e nós cumprimos sua vontade, a despeito de entendermos
ou não o que Ele ordena. É aqui que fica sob a responsabilidade de
Deus arcar com tudo quanto seja decorrente de nossa obediência
ao que Ele determina. (A desenvolver – Misael, Ananias, Azarias e
Daniel)

2) Há coisas que acontecem de acordo com a vontade


aprovativa de Deus, quando Ele revela sua vontade e as coisas
acontecem não de acordo com o que ele determinou, mas segundo
nós queremos que aconteça e, infelizmente, Ele aprova. As mais das
vezes, nesse domínio, por não compreendermos a vontade diretiva
de Deus, não a aceitamos e impomos um plano de ação alternativo
e Deus, que vê tudo antes mesmo que aconteça, por ser onisciente,
consente em atender nossa vontade, ainda que esteja na contramão
do que ele determinou e, jactanciosamente, desafia os atributos
divinos e o próprio caráter de Deus. Ele assina embaixo do plano
alternativo de ação que nós lhe impomos. Neste caso, tudo começa
com a estupidez da criatura querendo ensinar ao Criador ou como
que dizendo: “O que ordenaste não está correto, eu tenho um
projeto melhor do que o teu.” Ou pior ainda, a criatura está dizendo

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na cara do Criador: “Tu não sabes o que estás ordenando, faltou-te
a percepção deste e daquele detalhe. Façamos deste jeito que eu
proponho que será melhor.” Geralmente, para nossa tragédia, Deus
assente humildemente com a criatura. Então, saímos do domínio
da vontade diretiva de Deus e passamos a operar no domínio da
vontade aprovativa de Deus. Tomamos a direção do barco das mãos
de Deus e, daí para frente, nós passamos a guiar o barco numa
tentativa de ensinar o piloto “algo que Ele não sabia e vai aprender
conosco”. Neste caso específico de operação de acordo com a
vontade aprovativa de Deus, daí para frente nós assumimos todas
as consequências de nossas ações aprovadas por Deus. O mais
perigoso e enganoso neste caso é a aposição do selo da autorização
divina sobre nossa vontade imposta a Ele: “Estou contigo neste
negócio.” Quando isto acontece, nosso coração insensato e
insensível se alegra, pois nem percebe sua própria dureza e
estupidez, e passamos a agir como se estivéssemos fazendo a
vontade de Deus, pois ele aceitou nossa melhor proposta e nós
estamos enganosamente confiantes de que estamos fazendo a
vontade de Deus. Mas cabe um altissonante alerta: Deus só assume
a responsabilidade do que é feito de acordo com a sua vontade
diretiva, porém a responsabilidade do que o ocorrer de acordo com
a vontade aprovativa é toda nossa.

3) Por fim, há coisas que acontecem de acordo com a vontade


permissiva de Deus, quando sequer há manifestação da vontade
diretiva de Deus e tudo caminha de acordo com a vontade humana
totalmente desassistida pela revelação da vontade divina. Neste
domínio, tudo acontece como produto das decisões humanas sem
sequer se importar em querer saber qual seria a vontade de Deus.
Uma vida vivida segundo a vontade permissiva de Deus está
operando no domínio mais perigoso da existência humana, pois
tudo ocorre segundo o homem acha que está certo e não se adequa
a um padrão diretivo divino. As mais das vezes, começa-se a operar
com frequência no domínio da vontade permissiva quando o
homem entende que até mesmo a vontade aprovativa divina seria

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um obstáculo às suas pretensões. Seria um risco consultar a
vontade diretiva de Deus, pois esta poderia frustrar
definitivamente nossas intenções. Há casos que Deus, por amor a
nós, embarga nossos projetos e impõe sua vontade diretiva, embora
a princípio isso até mesmo nos deixe aborrecidos, pois nossas
pretensões foram desmascaradas e frustradas. Às vezes ele, por
misericórdia, nem ao menos desmascara nossos projetos tacanhos,
mas apenas diz que não e determina que prevaleça sua vontade
diretiva. Quando percebemos que há esse risco ao consultarmos o
domínio da vontade diretiva de Deus, decidimos não mais cogitar
em consultá-lo e passamos a operar no domínio da sua vontade
permissiva, ou, dizendo de um modo mais simples, passamos a
andar por conta própria. Deste modo, então, abandonamos o
domínio da vontade aprovativa de Deus e entramos no domínio da
vontade permissiva de Deus e seguimos o nosso próprio rumo,
quase sempre lutando para acreditar e nos impor o autoengano de
que estamos agindo segundo o domínio da vontade diretiva de
Deus. De fato, há uma fronteira muito tênue entre os domínios das
vontades divinas aprovativa e permissiva.

Não precisamos ser muito inteligentes para concluir que, no


domínio da vontade permissiva de Deus, as consequências de tudo
o que acontece são de responsabilidade humana, ainda que nesse
domínio, enganosamente, atribuem-se a Deus coisas que foram
determinadas exclusivamente pela vontade do homem, coisas
derivadas de meros caprichos e decisões humanos. Quando
vivemos no domínio da vontade permissiva de Deus, tentamos dar
coloração teológica a tudo quanto fazemos ou decidimos fazer.
Nossa mente, nesse domínio, que é o domínio do autoengano, tenta
disfarçar as reais intenções do nosso enganoso coração. Sendo
assim, coisas as mais absurdas e bizarras podem ocorrer, tudo
querendo se passar por vontade diretiva de Deus. É certo que a
teologia reinante no domínio da vontade permissiva de Deus estará
cheia de erros e inconsistências. Se houver uma cabeça
teologicamente sã dentro de um sistema que segue a vontade

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permissiva divina, com certeza o portador dessa cabeça sã será
taxado de incrédulo. Tudo o que ele pensar ou disser, será rebatido
in limines, ou, na melhor das hipóteses, não será aceito. (Profeta
Micaías) Este é um terreno minado e pode se tornar uma área
repleta de areia movediça. Dificilmente as consequências para as
vidas dos que enveredam pelo domínio da vontade permissiva de
Deus não resultam em tragédias, quer eles sejam os protagonistas,
quer sejam eles as vítimas do sistema. Podemos ilustrar tudo isto
na História de Israel no Antigo Testamento.

(Exemplos: Acabe e o povo no episódio envolvendo o profeta


Micaías, e Saul).

A desenvolver.

2019

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