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PESQUISA no
MUNDO REAL
David E. Gray
G778p Gray, David E.
Pesquisa no mundo real [recurso eletrônico] / David E. Gray
; tradução: Roberto Cataldo Costa ; revisão técnica: Dirceu da
Silva. – 2. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Penso, 2012.
Editado também como livro impresso em 2012.
ISBN 978-85-63899-29-3
CDU 001.891
O B J E T I V O S D O C A P Í T U LO
revisão bibliográfica vai ajudá‑lo a definir o tura pode levá‑lo por caminhos imprevistos.
foco da pesquisa, incluindo metas, objeti- Isso é aceitável, desde que resulte em um
vos e, em alguns casos, hipóteses. Por outro tema coerente para sua pesquisa.
lado, se preferir uma abordagem mais indu- Outra possibilidade é seu tema parecer
tiva, pode começar com a coleta e a análise amplo demais (p. ex., marcas em marketing)
de dados, um processo que leva a perguntas e, na leitura, você conseguir focar em uma
a serem tratadas por meio de um envolvi- área específica do tema que seja possível im-
mento com a bibliografia. plementar (p. ex., fazer com que uma nova
imagem de marca seja aceita e promovida
por uma organização).
Planejar a pesquisa da bibliografia
Atividade 5.1 não é como subir em um trem e viajar de
Para seu próprio estudo, faça uma lista de A a B. Você pode ter uma intenção geral
especialistas no campo. Se não tiver certe‑ de chegar a B, mas talvez sua rota envolva
za de quem possam ser, identifique quais vários meios de transporte (fontes) e você
nomes aparecem com mais frequência na pode se encontrar viajando em direção la-
seção de referências de artigos acadêmicos teral ou, às vezes, para trás! Na verdade,
importantes. Mostre a lista a seu orienta‑ pode até decidir, depois de iniciada a jorna-
dor para uma avaliação. da, viajar em direção a C! Planejar, portan-
to, significa dirigir‑se a um destino (mes-
mo que esse objetivo possa ser alterado) e
saber onde estão os meios de transporte e
A JORNADA DA horários de saída. Para modificar a analo-
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA gia de Hart (2001) sobre passar a rede e
fazer mineração, o processo de pesquisa é
No início, você pode ter apenas uma noção como passear (observar o entorno) e mon-
geral de seu tema de pesquisa (p. ex., gestão tar acampamento (parar para explorar em
de desempenho em uma organização, eficá- mais profundidade), como mostra a Figura
cia do ensino de capacidades mistas, atitudes 5.1. Observe que o processo de passear é
públicas diante da integração de pacientes uma jornada atrativa em torno da biblio-
esquizofrênicos à sociedade, etc.). Evidente- grafia, mas o ato de acampar envolve mais
mente, é neste ponto que inicia, mas sua lei- discriminação, sintetizando e analisando
História do tema
Ampla Pesquisa Ampla busca Obras e autores fundamentais
busca dirigida a por literatura Debates e argumentos
por livros um foco Foco Pressupostos metodológicos
cinzenta
e artigos Teorias e conceitos
Conclusões
Críticas
Figura 5.1
Viajar e montar acampamento para adquirir, analisar e sintetizar informações (adaptado de Hart, 2001).
PESQUISA NO MUNDO REAL 87
Já foram feitas muitas buscas usando capítulos escritos por autores diferentes.
operadores booleanos como AND, OR ou Tenha em mente que os livros‑texto se
NOT. Sendo assim, no exemplo acima, fez‑se tornam rapidamente datados, de forma
uma busca por mentors AND career develop‑ que é melhor usá‑los em conjunto com
ment. Se é verdade que o foco principal deve outras fontes.
ser mentoring, mas não seu primo parente ü Artigos a serem apresentados em confe-
próximo, coaching, a busca poderia incluir o rências. Costumam conter as informações
operador NOT coaching em um dos campos. e os desdobramentos mais atualizados
O uso de operadores booleanos proporcio- em pesquisa. Lembre‑se do Capítulo 3,
na muito mais controle sobre o processo de no qual se afirmou que o conhecimento
busca. Se o número de referências ainda for prático não está em livros, e sim nesse tipo
grande demais, alguns pesquisadores refinam de documento, em seminários e artigos
a busca usando os mesmos termos de busca acadêmicos não publicados.
em resumos, em vez de artigos completos.
Por outro lado, Hart (2001) aconse-
lha que o melhor início é sondar a seção
Sequenciando a busca de referências rápidas de uma biblioteca,
onde se podem encontrar fontes como
Não há ordem rígida na qual se tenha que guias à bibliografia, dicionários, listas e
situar as fontes. Creswell (2002), contudo, enciclopédias. Depois disso, o foco passa a
sugere que a seguinte ordem é útil: ser utilizar livros e bibliografias mais de-
talhadamente. É claro que há outras pos-
em publicações acadêmicas. * sibilidades! Tente mergulhar nas fontes de
ü Artigos referências e ver o que você considera mais
Mas concentre‑se em publicações com
revisão por pares. Isso não quer dizer que compensador. Tendo concluído a pesquisa
sempre deva‑se evitar, digamos, revistas bibliográfica, é importante conferir se ne-
profissionais ou periódicos, mas os artigos nhum artigo essencial foi deixado de lado.
de publicações acadêmicas confiáveis, Uma forma de fazê‑lo é perguntando a um
com revisão por pares, contudo, têm especialista no tema ou examinando as se-
sua relevância, originalidade e validade ções de referências de um artigo ou fonte
controladas por outros pesquisadores bibliográfica fundamental, de alta qualida-
acadêmicos. Sendo assim, a qualidade e de. Nem sempre é necessário baixar da in-
a confiabilidade desses artigos, embora ternet ou imprimir esse artigo, pois o banco
não seja totalmente garantida, é mais de dados geralmente oferece uma lista de
provável. referências citadas por artigos.
ü Livros. Comece com monografias de pes-
quisa que sejam resumos da literatura
acadêmica sobre determinado tema. A
seguir, examine livros completos sobre
um único tema ou os que contenham
Dica Quente 5.1
Fazer uma pesquisa bibliográfica usando
* N. de R.T.: No Brasil as publicações em pe-
termos fundamentais pode ser frustrante,
principalmente quando ela dá pouco ou
riódicos acadêmicos têm as suas qualidades nenhum resultado relevante. Se isso acon‑
avaliadas pelo Qualis – CAPES. Para saber se tecer, verifique no glossário (thesaurus) do
uma revista tem qualidade, acesse a página da banco de dados se o termo é usado por
CAPES (www.capes.gov.br) e vá ao webQualis ele. A seguir, tente modificar os termos de
no menu “avaliação”. As revistas são classifica- sua busca. Se ainda assim não tiver sorte,
das com conceitos de A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 pode ser necessário inserir seus termos
e C, onde A é a revista de maior qualidade e a em outro banco de dados.
C de menor qualidade.
PESQUISA NO MUNDO REAL 89
Quadro 5.1
Panorama das fontes bibliográficas
* N. de R.T.: Artigos científicos podem ser localizados nos serviços de base de dados ou nos sites
de revistas científicas brasileiras.
** N. de R.T.: No Brasil as dissertações e teses são publicadas nos sites dos programas de pós
‑graduação.
90 David E. Gray
pela publicação; entre elas estarão os dos, com endereços de páginas e uma breve
tipos de campos acadêmicos nos quais a descrição de cada um. É claro que a escolha
publicação está interessada. entre todos os sites com bancos de dados
apresentados na tabela não é completamen-
Se você tem acesso apenas a um arti- te óbvia. Se estiver pesquisando, digamos, o
go em vez de uma publicação completa, sua impacto das novas tecnologias sobre o com-
qualidade geralmente ficará evidente pelo ri- portamento social dos jovens, faria buscas
gor acadêmico de seus conteúdos, incluindo em bancos de dados de tecnologia da infor-
sua descrição da metodologia e/ou conceitos mação ou de ciências sociais?
e o uso de linguagem formal, bem como o A resposta provavelmente é “ambos”,
número de fontes na seção de referências. pois cada um deles pode conter artigos re-
Artigos de publicações sem esse tipo de re- levantes, mas abordar a questão de perspec-
visão (como publicações e revistas profissio- tivas diferentes. O sucesso em localizar o(s)
nais) vêm com poucas referências, e quando artigo(s) certo(s) depende em grande parte
as têm, seu tom é mais informal. Ambos os do quão bem os termos de busca são espe-
tipos de artigos podem ser acessados por cificados e de sua própria determinação.
meio de bancos de dados bibliográficos e de Outro problema é que a mesma publicação
resumos. pode estar citada em 20 diferentes bancos
de dados, o que se complica ainda mais pelo
fato de que esses bancos de dados podem
Fazendo buscas em bancos
cobrir edições de datas diferentes. Sendo as-
de dados bibliográficos sim, não se pode depender de um único para
uma cobertura abrangente, o que se tem
Um banco de dados bibliográficos é uma fon-
é um “labirinto enredado” (Dochartaigh,
te eletrônica (geralmente na internet) que
2007, p. 27). Hart (2001) sugere que é me-
oferece um índice de artigos e outros mate-
lhor fazer buscas nos índices multitemáticos
riais, além de resumos, citações e o próprio
e nos resumos em primeiro lugar, passando
artigo integral ou links pelos quais ele pode
depois aos resumos por temas específicos
ser acessado. A maioria das instituições aca-
(se houver).
dêmicas dá aos alunos acesso livre a uma
Alguns bancos de dados bibliográficos
série de bancos de dados desse tipo. Infeliz-
estão agora permitindo que seus conteúdos
mente, nenhum deles é suficiente para dar
sejam pesquisados por meio de algum me-
conta de todos os artigos ou materiais que
canismo de busca conhecido, como Yahoo
existem, de forma que geralmente é neces-
ou Google – principalmente o Google Scho-
sário usar mais de um banco para acessar
lar, com seu foco em artigos acadêmicos.
os artigos necessários. Há cinco principais
O Google Scholar é uma forma muito útil
fontes bibliográficas:
de realizar uma busca rápida sem ter que
aprender os mecanismos complexos dos
ü Bancos de dados bibliográficos na internet bancos de dados bibliográficos, mas não é
(como ERIC, EconLit, PsychINFO).
tão abrangente em sua cobertura quando
ü Bancos de dados bibliográficos privados
eles. Portanto, em certa medida, algumas
(como EMBASE, PubMed).
das distinções entre fazer pesquisas usando
ü Bancos de dados bibliográficos especia- um mecanismo de busca e usando um banco
lizados (como relatórios do governo,
coleções mantidas por organismos am- de dados bibliográficos estão acabando. Ob-
bientais, empresariais e jurídicos). serve que, se estiver acessando artigos por
meio de um banco de dados que sua institui-
ü Buscas manuais baseadas em referências ção assina, baixar o artigo desse site priva-
de artigos.
do será gratuito, mas, se sua instituição não
ü Uso de especialistas e autores.
tem uma assinatura e o banco de dados for
O Quadro 5.2 apresenta alguns exem- privado (comercial), geralmente terá que
plos de bancos de dados públicos e priva- pagar por cada artigo.
PESQUISA NO MUNDO REAL 91
Quadro 5.2
Exemplos de bancos de dados bibliográficos públicos e privados
Gerais
WorldCat www.worldcat.org O maior banco de dados bibliográficos do
mundo, que lista uma coleção de mais de 10 mil
bibliotecas. É possível localizar a biblioteca mais
próxima que tenha o livro do qual precise.
The British Library http://www.bl.uk/ Tem exemplares de todos os livros publicados na
Inglaterra e na Irlanda.
EBSCO http://www. Banco de dados que inclui uma ampla variedade de
ebscohost.com/ disciplinas, incluindo administração de empresas,
TI, história, mídia, ciências gerais, saúde e
medicina, direito e psicologia.
OVID http://www.ovid. Oferece links para uma ampla gama de bancos de
com/ dados, principalmente na pesquisa médica e de
saúde.
Web of Science http://scientific. Dá acesso a bancos de dados que cobrem cerca
thomson.com/ de 700 importantes publicações em ciências,
products/wos/ tecnologia, ciências sociais, artes e humanidades.
Zetoc http://zetoc.mimas. Oferece acesso à tabela de conteúdos da British
ac.uk/ Library para mais de 20 mil publicações e 16 mil
anais de conferências publicados por ano. O banco
de dados cobre desde 1993 até o presente.
CSA (formalmente, http://www.csa. Dá acesso a mais de 100 bancos de dados em
Cambridge Scientific com/ artes e humanidades, ciências naturais, ciências
Abstracts) sociais e tecnologia.
ScienceDirect http://www. Disponibiliza as publicações da Elsevier e de outras
sciencedirect.com/ editoras em textos completos. Cobre quase todas
as áreas do conhecimento.
Scopus http://www. Base de dados de resumos e de citações da
scopus.com/ literatura científica e de fontes de informação de
home.url nível acadêmico na internet.
Periódicos CAPES http://www. Serviço que reúne cerca de 90 bases de dados
periodicos.capes. nacionais e internacionais. O acesso é feito
gov.br apenas pelas instituições que mantenham
programas de pós‑graduação (sobretudo
doutorado). Pode‑se acessar nas bibliotecas de
universidades (sobretudo as públicas). Há
bancos de dados com acesso livre de qualquer
local.
Portal Domínio http://www. Apresenta um conjunto de textos completos de
Público dominiopublico. domínio público ou que foram cedidos pelos autores.
gov.br
(continua)
92 David E. Gray
Quadro 5.2
Exemplos de bancos de dados bibliográficos públicos e privados (continuação)
Gerais
SciELO Brasil http://www.scielo. Disponibiliza textos completos de periódicos
br brasileiros.
Ciências sociais
Educational http://www.eric. Contém registros de 1,2 milhões de artigos
Resources ed.gov/ indexados desde 1966, incluindo livros, artigos em
Information Center publicações acadêmicas e em conferências.
(ERIC)
Social Science http://ssrn.com/ Foco principal em economia, contabilidade, direito
Research Network mrn/index e administração.
Proquest http://search. Base de dados com artigos internacionais nas
ABI/INFORM proquest.com/ áreas de administração de empresas, economia,
GLOBAL business/index contabilidade, etc. Disponibiliza textos completos
e resumos.
Medicina
PubMed http://www.ncbi. Mecanismo de busca gratuito para acessar o banco
nlm.nih.gov/sites/ de dados PubMed de artigos sobre medicina,
entrez/ saúde e enfermagem. Contém mais de 16 milhões
de citações de MEDLINE e outros bancos de
dados de ciências da vida.
EMBASE (Excerpta http://www. Banco de dados biomédico e farmacológico
Medica Database) elsevier.com/ contendo mais de 11 milhões de registros desde
1974 até o presente, totalmente indexado e
cobrindo mais de 5 mil publicações biomédicas.
Livrarias na internet
Na Internet 5.2
São um importante complemento a catálogos
Dê uma olhada nos seguintes sites: de bibliotecas, por oferecer, com frequência,
O site ISI Web of Science, em http:// descrições detalhadas dos livros, incluindo
apps.isiknowledge.com, o qual oferece um seus conteúdos e até algumas amostras de
índice de citações para ciências sociais, artes páginas. A Amazon, por exemplo, apresen-
e humanidades. ta avaliações de outros leitores, bem como
Veja também ComAbstracts, em http:// “Clientes que compraram este livro também
www.cios.org/, o qual trata de resumos de compraram...”, oferecendo, pelo menos em
artigos, livros e materiais da internet sobre potencial, um guia para fontes que você não
comunicação. conhece.
teca de sua própria instituição, para ver o Encyclopaedia of the Social and Behavioural
que foi pesquisado e publicado em teses e Sciences, são particularmente úteis.
dissertações. Depois disso, você pode entrar
na internet e usar o site Index to Theses.*
Se conseguir, por exemplo, localizar uma Artigos apresentados em
tese sobre um tema relacionado ao seu, terá eventos científicos (congressos,
acesso a uma lista ampla de referências no
final da tese. simpósios, encontros, etc.)
Os anais de eventos científicos (documentos
fornecidos em um evento e publicados pos-
Literatura cinzenta (grey literature) teriormente) são uma valiosa fonte sobre
discussões contemporâneas no campo. Uma
É o tipo de material, publicado ou não, que desvantagem de utilizar esse tipo de fon-
não pode ser identificado por métodos bi- te é que, embora artigos apresentados em
bliográficos comuns. Um exemplo crescen- eventos científicos geralmente tenham revi-
te e importante neste caso são os sites, mas são por pares, isso raramente é feito com o
essa bibliografia também inclui teses e dis- mesmo nível de rigor das publicações acadê-
sertações (como acima), reportagens de jor- micas. Esses também representam, muitas
nais e revistas, editoriais, materiais produzi- vezes, trabalhos que estão em andamento e
dos por empresas e publicações, relatórios e não conclusões finais e definitivas. Não obs-
publicações de clubes e sociedades. Muitos tante, os pesquisadores podem encontrar
desses podem ser acessados por meio de bi- neles boas fontes de novas ideias.
bliotecas e sites de associações profissionais
e empresas.
Na Internet 5.5
Na Internet 5.4 O site Scopus apresenta anais de 500 even-
tos científicos sobre as ciências da vida, da
Veja a Grey Literature Network Service em: saúde, físicas e sociais: http://www.scopus.
http://www.greynet.org/ com/scopus/home.url
O site fornece links para vários outros Você também pode receber avisos por
sites desse tipo de bibliografia, bem como e‑mail sobre conferências que vão acontecer
arquivos sobre a literatura cinzenta como em sua área temática. Para isso, veja: http://
tema. www.conferencealerts.com/
Isso não apenas vai possibilitar que você
identifique um evento científico do qual de-
Fontes de referência seja participar (ou apresentar um trabalho),
mas alguns desses sites oferecem links para
Quando você é novo em um tema, é melhor os anais de eventos dos anos anteriores.
ter uma ideia real dos principais debates,
autores e fontes. As fontes de referência,
como dicionários e enciclopédias, costumam Publicações, estatísticas
ser um bom lugar para começar. Enciclopé- e arquivos oficiais
dias especializadas, como a International
Eles podem ser de muito valor para o pesqui-
sador, mas isso vai depender, é claro, de até
onde o governo coleta esse tipo de dados, e
* N.de R.T.: Além do Banco de Teses da CAPES o nível de acesso oferecido ao público. Entre
(ver o Quadro 5.2), as universidades brasileiras o tipo de material que está disponível, uma
disponibilizam as dissertações e teses dos seus quantidade cada vez maior está chegando à
programas de pós‑graduação nos seus sites. internet.
PESQUISA NO MUNDO REAL 95
Dê uma olhada nos portais multitemáticos Obviamente, nenhuma discussão sobre fon-
que oferecem fontes para estatísticas e links tes de referência estaria completa sem men-
para arquivos de dados. cionar a Wikipédia. Embora venha sendo cri-
As fontes estatísticas do Reino Unido ticada justamente porque os verbetes podem
podem ser encontradas em: ser editados por leitores com suas próprias
http://www.statistics.gov.uk/ inclinações ou agendas, esse enorme recurso
Estatísticas da Comissão Europeia po- da internet geralmente oferece um introdu-
dem ser vistas em: ção bastante útil a um tema. Também indica
http://www.europa.eu.int/comm/eurostat/ fontes importantes, incluindo sites. Explore a
Uma fonte de arquivos de dados pode Wikipédia em: http://www.wikipedia.org/
ser encontrada em:
http://assda.anu.edu.au/ e http://www.psr.
Acesso a listas de leitura
keele.ac.uk/data.htm
Uma fonte de estatísticas brasileiras Principalmente se for novato em um tema e
pode ser encontrada em: simplesmente não sabe por onde começar,
www.ibge.gov.br experimente usar a bibliografia de uma dis-
ciplina que o vincule à sua área temática.
Pode ser uma disciplina em sua instituição.
Recursos na internet Hoje, contudo, milhares de programas de
disciplinas são colocados na internet e cos-
tumam ser um lugar útil para começar a en-
Mecanismos de busca
contrar bibliografias abrangentes.
Dochartaigh (2007) recomenda que os pes-
quisadores façam buscas na bibliografia
acadêmica antes de utilizar mecanismos de Na Internet 5.7
busca, porque estes podem oferecer um con-
junto de fontes muito diversificadas e dis- Dê uma olhada em alguns dos milhões de
persas, que pode ser difícil de avaliar. Olhar programas em: http://chnm.gmu.edu/to-
a bibliografia lhe dará, em primeiro lugar, ols/syllabi/index.php
um entendimento crítico maior de seu con- O site oferece um mecanismo de busca
texto e o que vale a pena usar. Os “quatro para temas específicos, além de uma ampla
grandes” mecanismos de busca são: gama de outras ferramentas, como Survey
Builder, o qual lhe permite criar pesquisas
de levantamento pela internet.
ü www.google.com
ü www.yahoo.com
ü www.Ask.com Páginas de editoras
ü www.MSNSearch.com Algumas editoras estão começando a ofere-
cer recursos em suas páginas na internet. A
Embora o Google atualmente tenha a Sage, por exemplo, tem uma página muito
maior fatia de mercado em termos de uso, útil, dedicada a artigos e outras fontes sobre
não se deve perder de vista que todos os métodos de pesquisa, todos gratuitos. Veja
mecanismos de busca funcionam com crité- http://www.methodology.co.uk/
rios um pouco diferenciados. Isso significa
que todos provavelmente darão resultados
semelhantes em termos gerais, mas também Redes sociais e outras
alguns diferentes. Sendo assim, vale a pena
utilizar mais de um desses mecanismos de Até agora, tratamos da obtenção de in-
busca ao procurar artigos ou dados. formações em bibliotecas e outras fontes.
96 David E. Gray
Nesta parte, examinamos como os pesqui- qualquer tema de pesquisa que lhe interes-
sadores podem ser tornar mais proativos, se. Veja http://groups.google.com/ usando
comunicando‑se com indivíduos, organiza- os Grupos do Google, você também pode
ções e por meio de redes sociais. criar sua própria página (p. ex., sobre seu
tema de pesquisa) e atrair membros (cole-
gas pesquisadores ou respondentes).
Usando listas de correio Uma das listas mais populares é JISC-
eletrônico e Usenet mail (o serviço Joint Academic Mailing List).
Pode‑se pesquisar um tema por categoria (p.
Hoje, muitos debates e discussões entre aca- ex., estudos sociais, humanidades, estudos
dêmicos e estudiosos acontecem pela inter- empresariais e computação) a qual vai lhe
net, por meio de grupos informais usando vá- dar uma lista de todas as listas naquela cate-
rias ferramentas de comunicação pela rede. goria. Uma busca por business studies reve-
Um dos benefícios de usar esse tipo de co- lou temas como “Total quality”, “Marketing”
munidade virtual é ter acesso ao pensamen- e “Finance”, cada um deles contendo cerca
to e às ideias atualizados em seu campo de de 20 listas separadas. “Tourism”, por exem-
interesse. Há vários tipos de listas de e‑mails, plo, continha 22 listas para áreas como “He-
muitas delas administradas por acadêmicos ritage”, “Hospitality industries” e “Maritime
e cobrindo uma gama enorme de temas. A Leisure Research”. Ao entrar para uma lista,
maioria dessas listas não tem moderação, ou você vai começar a receber e‑mails de outros
seja, o proprietário não revisa todas as pos- membros (dirigidos, é claro, não apenas a
tagens antes de permitir que elas entrem na você, mas a todos os membros). Eles podem
página. Entretanto, há um padrão básico de incluir perguntas, solicitações e recomenda-
etiqueta (netiqueta) a qual os membros de- ções ou ajuda, ou ainda informações úteis
vem aderir: evitar postagens que possam ser sobre oficinas, seminários e conferências
ofensivas ou agressivas a outros membros ou que estejam por acontecer. Veja o JISCmail
à comunidade fora da página. em: http://www.jiscmail.ac.uk/index.htm
O Usenet (abreviatura de user network)
é um sistema de internet em que os usuários
postam mensagens a outros usuários do gru- Entrando para
po. Essas mensagens são “threaded”, ou seja, associações profissionais
ligadas por um fio, onde um tema é postado
por um usuário, ao qual os outros podem Você pode entrar para associações profis-
responder. Uma das vantagens do Usenet é sionais relacionadas à sua área, muitas das
que os membros têm que ir ao site para ex- quais têm sua própria publicação e realizam
plorar as discussões, não sendo automatica- conferências e seminários. Algumas inclusi-
mente inundados com e‑mails. Infelizmente, ve têm suas bibliotecas, as quais podem ser
como apontam Anderson e Kanuka (2003), fontes ricas de material no campo. Geral-
muitos grupos de Usenet têm sofrido com mente você pode ter acesso a uma associa-
ataques de spams, ou seja, mensagens não ção por meio de sua página na internet.
solicitadas de natureza comercial, religiosa
ou política, o que tem levado alguns acadê-
Usando organizações
micos a transferir suas discussões para listas
privadas ou públicas de correio eletrônico. Não se esqueça de que você pode fazer uso
de organizações como importantes fontes
de dados, principalmente se elas forem o
Na Internet 5.8 foco de sua pesquisa, por exemplo, se as
estiver usando como estudos de caso. Mas
Dê uma olhada no Google Grupos, um dos observe que a literatura acadêmica deve
arquivos de Usenet mais abrangentes, onde sustentar os elementos teóricos do projeto.
você pode fazer buscas por discussões sobre Usar a literatura cinzenta (grey literature),
PESQUISA NO MUNDO REAL 97
outras fontes. Mas, como sabemos se vale A segunda etapa de seleção examina
a pena usá‑los? É neste ponto que o uso a qualidade metodológica das fontes, anali-
de técnicas consistentes de avaliação se sando até onde o estudo foi bem desenhado
torna essencial. Há basicamente dois pas- e implementado para atingir seus objetivos.
sos neste processo: o primeiro é estabelecer Hart (1998) alerta para o fato de que, ao
um conjunto de critérios de seleção, o que avaliar um estudo, o pesquisador necessita
irá estreitar consideravelmente a busca; o conhecer a tradição metodológica da qual
passo seguinte é ler resumos de artigos e ele emana, mesmo que não simpatize com
avaliar seu valor. ela. Por exemplo, não é suficiente criticar
um estudo quase‑experimental por assumir
uma abordagem quantitativa à coleta de da-
Formulando critérios dos, pois é isso que se espera. Um argumen-
to mais válido seria o de que o desenho de
práticos de seleção pesquisa não era adequado aos seus objeti-
vos, ou de que as afirmações feitas para o
Fink (2005) recomenda que isso seja feito
em duas etapas de seleção. A primeira sele-
ção é prática, definindo, incluindo e, em al-
guns casos, excluindo critérios. O Quadro 5.3 *N. de R.T.: Mentoring é a técnica de se usar
apresenta um resumo desses critérios, para o um mentor para treinar um funcionário em uma
estudo sobre mentoring* discutido na p. 87. nova função, em uma empresa.
PESQUISA NO MUNDO REAL 99
Quadro 5.3
Exemplos de critérios de seleção para um estudo sobre a atividade
de mentoring com mulheres gestoras em organizações
Quadro 5.4
Avaliando a qualidade das fontes
*N. de R.T.: Para verificar a qualidade acadêmica de pesquisadores brasileiros, pode-se acessar o
Currículo Lattes deles. Vá ao site do CNPq (www.cnpq.br) e acesse o link para o Currículo Lattes.
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Quadro 5.5
Habilidades para uma relação crítica com a bibliografia
Tabela 5.1
Avaliações positivas e negativas por parte de dois revisores sobre um conjunto de artigos
Revisor 2
Revisor 1 Negativo Positivo Total
Negativo 11 8 19
Positivo 9 28 37
Total 20 36
Quadro 5.6
Critérios para fazer uma revisão bibliográfica
Quadro 5.7
Método de pesquisa e usos da literatura
Resumo
ü Ao se escrever uma tese ou uma dissertação, há duas bibliografias que têm que ser tratadas: o
tema em si e também a bibliografia sobre os métodos de pesquisa.
ü Adote uma abordagem sistemática ao acesso à informação, incluindo o uso de pessoas (p.
ex., supervisores, bibliotecários especializados) e o uso de diários de pesquisa e programas de
informática sobre bibliografia.
ü Ao acessar informações, tenha em mente que os relatórios sobre algumas das pesquisas mais
contemporâneas provavelmente estarão em conferências e seminários em vez de em livros e
mesmo em artigos de pesquisa acadêmicos.
ü Garanta que a revisão bibliográfica contenha uma ênfase em artigos que passaram por arbitra‑
gem de especialistas e livros, em vez de fontes que não passaram.
ü A revisão bibliográfica requer a adoção de um “ângulo” para adquirir mais foco. A revisão
também deve adotar uma postura crítica.
ü Conceba critérios práticos de avaliação os quais incluam o uso de critérios de seleção e termos
de busca.
ü Em estudos quantitativos tradicionais, a revisão bibliográfica geralmente fica depois da Intro‑
dução. Entretanto, em alguns estudos, principalmente qualitativos, a revisão bibliográfica pode
vir depois ou mesmo no final de um relatório ou dissertação.
106 David E. Gray