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.: Haras Alter :.

QUIROPRAXIA EM EQUINOS
A quiropraxia é um método de terapia manual que consiste na indução de um
movimento vertebral substancial, geralmente além do movimento de extensão normal
que ocorre durante a locomoção, através da aplicabilidade de forças controladas em
articulações específicas ou regiões anatômicas para gerar uma resposta terapêutica
(HAUSSLER, 1999c e 2000). Constitui-se na localização de disfunções vertebrais que
são caracterizadas por dores musculares localizadas, aumento anormal do tônus
muscular e mobilidade articular limitada. Sendo assim, o objetivo da quiropraxia é
estimular reflexos neurológicos, restabelecer a mobilidade articular e, proporcionar
alívio da dor e relaxamento muscular (HAUSSLER, 2007).

O princípio da teoria quiroprática compreende no fato que a disfunção articular espinhal


afeta o funcionamento neural normal (HAUSLER, 1997), o restauro do movimento e a
função da coluna espinhal, sendo o objetivo maior da técnica promover um
funcionamento neurológico saudável, e o restabelecimento da função
musculoesquelética. A quiropraxia está focalizada na saúde e função apropriada da
coluna vertebral, no entanto, a cabeça, a pelve e os membros também são considerados
de exímia importância (HAUSSLER, 2000). A técnica da quiropraxia é um modo de
tratamento conservativo que foi concedida dos humanos e aplicada aos equinos com
intenção de aprimorar o diagnóstico e tratamento de casos de lombalgias,
hipertonicidade muscular e alterações da cinemática espinhal (HAUSSLER et al.,
2010).

Segundo Eschbach (1987), a quiropraxia veterinária é uma profissão jovem, tendo seu
primórdio nos Estados Unidos na década de 1980, pela dedicação da Médica Veterinária
e quiropraxista Sharon Willoughby, em criar uma nova perspectiva de saúde animal
gerada da combinação da prática veterinária e quiroprática, com o propósito de oferecer
alívio da dor e sofrimento dos animais através dos benefícios da quiropraxia.

Em cavalos atletas, as situações com indicação quiroprática estão principalmente


relacionadas a quadros de dor, geralmente causados por trauma ou sobrecargas de
esforço. O trauma pode ser originado em casos de acidentes durante o transporte,
quedas sobre si mesmo e quedas sobre obstáculos e/ou durante manobras específicas nas
provas desportivas. As sobrecargas estão frequentemente associadas a uma sela
inadequada ao cavalo, técnicas de equitação incorretas (LESIMPLE et al., 2010),
ferrageamento errôneo ou conformação irregular dos aprumos, confinamento excessivo
em baia, programas de treinamento inconsistentes, e estresse podem predispor a lesões
musculoesqueléticas, e levar à baixos índices na performance do animal (REIZER,
2002).

Como citado por Yates (2015), em casos de claudicações sem localização especifica da
dor ou queda de performance, a quiropraxia pode ser empregada na detecção de
situações subclínicas ou de biomecânica anormal antes que se tornem problemas de
claudicação mais significantes, uma vez que desordens oriundas da coluna podem
produzir alterações da marcha e aumentar a força de impacto nas articulações dos
membros distais, elevando o risco e nível de claudicação.

A técnica quiroprática não é indicada em casos de fraturas, infeções, local onde houve
intervenção cirúrgica recente, neoplasias, malformações, luxações, estiramentos e em
alterações articulares não mecânicas (HAUSSLER, 1997). É importante enfatizar que a
quiropraxia não substitui a terapêutica da medicina veterinária tradicional, devendo
serem utilizadas em associação com o objetivo de manter os equinos em equilíbrio e
desempenhando suas atividades na melhor performance possível.

Assim como em humanos, os cavalos idosos estão suscetíveis a diminuição da


flexibilidade da coluna, degeneração articular e redução da massa e força muscular,
além de terem tempos de recuperação elevados e uma maior probabilidade de
desenvolverem condições crônicas (BROOME, 2000). Estes animais também podem se
beneficiar do tratamento quiroprático, proporcionando uma melhora significativa em
sua qualidade de vida.

A quiropraxia deve ser exercida por médicos veterinários especializados, podendo ser
empregada de maneira complementar ao diagnóstico, tratamento e prevenção de lesões
musculoesqueléticas relacionadas ao baixo desempenho atlético (MENDES et al.,
2013). Todavia, é mais efetiva no estágio inicial da lesão, não sendo indicada na fase
aguda das lesões de tecidos moles (HAUSSLER, 2000; HENDRICKSON, 2006;
HAUSSLER, 2007).

A quiropraxia veterinária vem crescendo em significativa intensidade nos últimos anos,


mostrando ser uma técnica eficientemente comprovada, trazendo exímia importância à
medicina esportiva equina.

Texto por: Gianlucca Zaparoli, Médico Veterinário Autônomo, CRMV/SP –


40704, Graduado pelo Centro Universitário de Jaguariúna – UniFAJ, Jaguariúna
– SP.

Revisão e edição: Thayná Miranda, Graduanda pela Universidade Anhembi


Morumbi, UAM.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BROOME, R. T. Chiropractic Peripheral Joint Technique. Missouri: Elsevier Health


Sciences. 2000. 320 p.

ESCHBACH, D. The History of Modern Animal Chiropractic by Option for


Animals, Series 1, v. 1. 1987.

HAUSSLER, K. K. Application of Chiropractic Principles and Techniques to Equine


Practice. Proceedings of the Annual Convention of the AAEP, v. 43. 1997.

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disorders. In: FOCUS MEETING OF THE AMERICAN ASSOCIATION OF EQUINE
PRACTIONERS – LAMENESS AND IMAGING, Fort Collins,
2007. Proceedings… Colorado, USA, 2007. p. 158-182.

HAUSSLER, K. K., MARIN, C. E.; HILL, A. E. Efficacy of spinal manipulation and


mobilisation on trunk flexibility and stiffness in horses: a randomised clinical
trial. Equine Veterinary Journal. v. 38. 2010. p. 695 -702.

HENDRICKSON, D. A., Problemas musculares. In: STASHAK, T. S. Claudicação em


equinos segundo Adams. 5 ed. São Paulo: Roca, 2006b, p. 998-999.

LESIMPLE, C. et al Human Direct Actions May Alter Animal Welfare, a Study on


Horses (Equus caballus). PLoS One. DOI: 10.1371/journal.pone.0010257. v. 5, n. 4.
2010.

MENDES, A.B. et al. Lombalgia equina: diagnóstico e tratamento. PUBVET,


Londrina, V. 7, N. 17, Ed. 240, Art. 1583, Setembro, 2013.

REIZER, J. Chiropractic made simple. Missouri: PageFree Publishing, Inc. 2002.


108p.

YATES, Tarney, The benefits of Chiropractic Care. Oct 2015.

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