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Explicitar os contributos teóricos do estudo em causa:

Um dos grandes contributos deste estudo passa pelo facto de ter sido o 1º a examinar as
competências socioemocionais em adultos com síndrome de down, através de um
desenho experimental. Surpreendentemente, as pesquisas nesta população são raras
tendo em conta o número de pessoas afetadas por esta síndrome.

Além disto, a compreensão social desta tem sido essencialmente avaliada através de
questionários (Loveland & Kelley 1988; Hawkins et al. 2003; Rosner et al. 2004), o que
se deve provavelmente à dificuldade de desenvolver tarefas adequadas. Neste sentido,
este estudo mostra que seria interessante desenvolver uma medida direta de modo a
avaliar as suas competências.

(Apesar de poucos, nos estudos feitos em pessoas com esta síndrome foram detetados
tanto problemas emocionais como relacionais. No sentido emocional surgiu a oposição,
a intrusividade (?) e a teimosia (Coe et al. 1999; Fidler et al. 2008). Por outro lado, no
sentido relacional, a integração social, a construção de uma rede social e a manutenção
de amizades (Soresi & Nota 2000), são algumas das dificuldades específicas. I)

Prosseguindo, com o desenvolvimento do estudo, foram detetadas dificuldades por parte


do grupo com síndrome de down em identificar e julgar situações sociais inadequadas.
Neste sentido, apesar de a atenção seletiva ser um preditor significativo para todos os
participantes, o a influência das habilidades de vocabulário recetivo foi um grande
ponto de destaque, pois revelou que o impacto da variável Evip-R difere de grupo para
grupo, ou seja, mostrou-se um preditor crítico no grupo de pessoas com síndrome de
down, já que as implicações de fatores cognitivos e socioemocionais são considerados
com muito mais detalhe neste para o sucesso do SRT. (Deste modo, foi introduzida uma
medida realizada pelo cuidador, já que o interesse do estudo era investigar as potenciais
relações entre o SRT e o comportamento socioemocional, que identificava problemas
como a ansiedade, a evitação social, a agressividade e até dificuldades de comunicação.)
Esta relação significativa fez com que se questionasse a compreensão da tarefa pelos
participantes deste grupo, podendo esta ser linguisticamente exigente. No entanto,
mesmo que não fosse entendida ou identificada corretamente uma situação inadequada,
eles não deixavam de seguir a instrução da tarefa.

Com isto, chegou-se à conclusão que o desempenho do grupo esta síndrome pode
depender em grande parte das deficiências linguísticas pois, com base nos resultados,
pode-se considerar decisiva a representação conceitual dos objetos sociais. Isto porque
os participantes com um nível de vocabulário recetivo menos bom tiveram dificuldades
em entender estes conceitos que são centrais na interpretação de situações sociais.

Assim, já que não foram retirados efeitos “teto” ou “piso” com o SRT, a medida parece
ser bastante adequada para avaliar pessoas com DI leve a moderada. Por isso, esta torna-
se um instrumento bastante promissor no estudo das habilidades de raciocínio social
nesta população, sendo este um dos grandes contributos deste estudo.
Além de toda a investigação, este estudo contribui também ao sugerir uma série de
questões e propostas para investigações futuras, como por exemplo, a comparação dos
resultados dos participantes com SD com os de outras populações que apresentem um nível
geral de DI semelhante, mas com perfis cognitivos e socio emocionais diferentes (por exemplo,
pessoas com autismo ou X frágil). Sugere ainda a comparação dos resultados obtidos nesta
investigação por meio de estímulos estáticos com uma tarefa com estímulos dinâmicos, com
por exemplo situações em vídeo.  

Também é importante sublinhar que há uma variação considerável nas


habilidades linguísticas dentro da população com SD (Rondal & Comblain
1996; Miller 1999).

Introdução:

Embora a prevalência de doenças mentais e problemas de comportamento seja menor em adultos com síndrome de Down (SD) do que
em outras populações com deficiência intelectual, eles apresentam problemas emocionais e relacionais, bem como dificuldades de
integração socia o entanto, estudos que relatam competências específicas conhecidas por serem centrais no desenvolvimento de
relacionamentos sociais apropriados (por exemplo, raciocínio social, processamento de emoções, teoria da mente) permanecem raros
na população adulta com SD e os mecanismos subjacentes às dificuldades emocionais e relacionais dessas pessoas não são claros

A SD é a forma genética mais comum de deficiência intelectual (DI), e a população adulta é amplamente representada em oficinas
abrigadas e instituições especializadas. Por muito tempo, as pessoas com SD foram caracterizadas como apresentando boas
habilidades socioemocionais e poucos problemas de comportamento social (Gunn & Cuskelly 1991; Dykens et al. 1994; Carr 1995)

(principal objetivo no presente estudo foi explorar as habilidades de raciocínio social de adultos com SD usando o Social Resolution
Task (SRT), que foi criado especificamente para pessoas com DI. Essa tarefa avaliou a capacidade de compreender a adequação do
comportamento social de outras pessoas com base no conhecimento de regras convencionais e morais. Neste estudo, também nos
interessou investigar potenciais competências envolvidas no sucesso do SRT, como habilidades cognitivas gerais e comportamento
socioemocional )

O objetivo principal deste estudo foi investigar as habilidades de raciocínio social em adultos com SD usando uma nova tarefa criada
especificamente para pessoas com DI.

O SRT avalia o julgamento da adequação do comportamento social. Nós o aplicamos a um grupo de 34 participantes com SD cujos
resultados foram comparados com os de um grupo controle pareado em uma tarefa de vocabulário receptivo. Também queríamos
examinar o papel que as habilidades cognitivas gerais podem desempenhar no sucesso dessa tarefa. Focamos particularmente em
fatores que já haviam sido identificados como críticos em estudos relatando habilidades socioemocionais, como linguagem e funções
executivas

s diferenças potenciais que podem aparecer entre os dois grupos foram exploradas usando as medidas cognitivas disponíveis para
todos os participantes. Além disso, estávamos interessados em investigar as relações entre as habilidades de raciocínio social, medidas
pela tarefa experimental SRT, e uma medida dos problemas emocionais e comportamentais dos adultos com SD, avaliada pelo cuidador

--

As pontuações globais do SRT dos participantes do SD não diferem dos do grupo controle. No entanto, as análises dos subescores do
SRT revelaram diferenças entre os dois grupos em função da adequação das situações. Para as situações adequadas, os adultos com
SD julgaram e identificaram o elemento pertinente dos itens de forma semelhante aos controles.

Por outro lado, obtiveram menores subescores de julgamento


e identificação para as situações inadequadas, mostrando que acharam essas situações mais difíceis de processar do que os controles.
Curiosamente, embora os adultos com SD em geral processassem menos situações inadequadas corretamente do que o grupo
controle, os dois grupos tiveram desempenho semelhante para compreensão

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