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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

Isabella Fernandes Souza Lana


Joyce Fabíola da Cunha
Luiza Carvalho de Miranda
Mariana Torres Luiz

HABILIDADES SOCIAIS NO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

Belo Horizonte
2022
Isabella Fernandes Souza Lana
Joyce Fabíola da Cunha
Luiza Carvalho de Miranda
Mariana Torres Luiz

HABILIDADES SOCIAIS NO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de graduação em Psicologia, do
Centro Universitário Una, como requisito parcial
para obtenção do título de Bacharel.

Orientação: Professor Alexandre Ferreira


Campos

Belo Horizonte
2022
HABILIDADES SOCIAIS NO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

SOCIAL SKILLS IN AUTISM SPECTRUM DISORDER

Isabella Fernandes Souza Lana¹


Luiza Carvalho de Miranda¹
Joyce Fabíola da Cunha¹
Mariana Torres Luiz1

RESUMO

As habilidades sociais estão conectadas a um bom ajustamento social, em diversos


contextos e fases da vida, em especial durante a infância. Essas habilidades se
apresentam de forma deficitária em indivíduos com o diagnóstico de Transtorno do
Espectro Autista (TEA). O presente artigo visa analisar, na literatura acadêmica,
formas de se desenvolver as habilidades sociais em crianças com o diagnóstico de
TEA. Foi realizado um levantamento bibliográfico a partir da pesquisa, seleção e
análise de artigos científicos publicados em revistas científicas e periódicos, como
Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Periódicos Eletrônicos em Psicologia
(Pepsic). A revisão bibliográfica apontou que as intervenções e estratégias,
(acompanhamento terapêutico, brincadeiras e a política de inclusão) para desenvolver
as habilidades sociais em pessoas com TEA não podem ser generalizadas devido às
características heterogêneas do espectro.

Palavras-chave: Habilidades Sociais. Transtorno do Espectro Autista. Autismo.


Psicologia.

1 Graduandas em Psicologia pelo Centro Universitário UNA. Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil.
ABSTRACT

Social skills are connected to a good social adjustment, in different contexts and stages
of life, especially during childhood. These skills are deficient in individuals diagnosed
with Autism Spectrum Disorder (ASD). This article aims to analyze, in the academic
literature, ways to develop social skills in children diagnosed with ASD. A bibliographic
survey was carried out based on the research, selection and analysis of scientific
articles published in scientific journals and journals, such as Scientific Electronic
Library Online (Scielo) and Periódicos Eletrônicos em Psicologia (Pepsic). The
bibliographic review pointed out that interventions and strategies (therapeutic
accompaniment, games and the inclusion policy) to develop social skills in people with
ASD cannot be generalized due to the heterogeneous characteristics of the spectrum.

Keywords: Social Skills. Autism Spectrum Disorder. Autism. Psychology.


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INTRODUÇÃO

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (2014), o


Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento que
contém, dentre outros, os seguintes critérios diagnósticos: déficits persistentes na
comunicação social e na interação social em múltiplos contextos; padrões restritivos
e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades; prejuízo clinicamente
significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da
vida do indivíduo. Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do
desenvolvimento infantil.
A partir desses critérios diagnósticos propostos pelo DSM-5 (2014), constata-
se que as habilidades sociais se apresentam de forma deficitária em indivíduos com
TEA. Esses prejuízos se manifestam devido à escassez do repertório de
comportamentos pertinentes para socialização, tais como a comunicação
interpessoal, seguimento de regras, contato visual ou habilidades necessárias para
realização das atividades rotineiras, impactando nas relações sociais.
De acordo com Del Prette e Del Prette (2010), o campo das habilidades sociais
se revela complexo e multifacetado, considerando a variedade de autores que o
compreendem de formas distintas. Como levantado pelos mesmos autores, é possível
interpretar de forma mais ampla e entender que as habilidades sociais são um
constructo compreendido da relação funcional entre duas ou mais pessoas em
interação. Esses autores sugerem, ainda, que as habilidades sociais sejam
compreendidas como comportamentos sociais adaptativos e como transformativos do
ambiente social.
De acordo com Caballo (1991 apud Silva e Carrara, 2010), o comportamento
socialmente hábil descreve-se com um conjunto de comportamentos apresentados
por um indivíduo em uma situação de interação social entre duas ou mais pessoas,
expressando sentimentos, opiniões, atitudes, desejos, ou direitos, de acordo com a
circunstância em que estiver envolvido, entendendo o direito do outro, solucionando e
atenuando problemas ou o possível aparecimento futuro dos mesmos.
Segundo Leal, Gradim e Souza (2020), o repertório social de uma criança se
adapta e se transforma conforme o que é experienciado pela mesma e por suas
necessidades. Com a vivência de novas situações e tendo um acompanhamento
terapêutico, são desenvolvidas as habilidades sociais, valores e crenças, que são
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fatores de grande importância para contribuir com a aprendizagem, facilitar o contato


interpessoal com outras crianças e reduzir a ansiedade como destaca Wood e
colaboradores (2002 apud Ramalho e Sarmento, 2017).
Para Freitas e Del Prette (2014), existe a possibilidade de se prever os efeitos
nas habilidades sociais através do repertório de comportamentos indesejáveis,
considerados pelos autores como incompatíveis com o bom desempenho dessas
habilidades. Os autores deduzem que o prejuízo acentuado na interação social, como
uma das principais características do TEA, torna as habilidades sociais das crianças
com o transtorno ainda mais deficitárias.
Tendo em vista a importância das habilidades sociais para a adaptação ao
contexto, o presente artigo pretende analisar, na literatura acadêmica, formas de se
desenvolver as habilidades sociais em crianças com o diagnóstico de TEA, priorizando
estudos com a abordagem da terapia comportamental e da terapia cognitivo-
comportamental.

MÉTODO

Esta revisão se caracteriza como um levantamento bibliográfico, realizado a


partir da pesquisa, seleção e análise de artigos científicos publicados em revistas
científicas e periódicos, sobre o desenvolvimento das habilidades sociais em crianças
diagnosticadas com TEA.
A pesquisa na literatura foi realizada através das plataformas Scientific
Electronic Library Online (Scielo) e Periódicos Eletrônicos em Psicologia (Pepsic),
tendo como descritores as palavras: Habilidades Sociais, Transtorno do Espectro
Autista, Autismo e Psicologia. Os termos recorridos durante a busca foram
combinados a partir do conector “AND”.
Os critérios de inclusão foram: estudos na área da Psicologia que envolvessem
crianças diagnosticadas com TEA. Foram selecionados estudos publicados no Brasil,
no idioma português, no período entre 2009 e 2022. Artigos escritos a partir da teoria
comportamental ou teoria cognitivo-comportamental foram priorizados, entretanto, a
língua escolhida foi um fator agravante para encontrar artigos específicos desta
abordagem.
Os critérios de exclusão foram: artigos duplicados, estudos que envolvessem
adultos ou idosos, artigos que tinham como base a psicanálise ou a teoria existencial
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e humanista. Durante a pesquisa foram encontrados artigos desenvolvidos por outras


áreas do conhecimento como fonoaudiologia, enfermagem, terapia ocupacional, entre
outras, também excluídos.

Figura 1 – Organograma do processo de escolha de artigos

Pesquisa nas plataformas SciELO e Pepsic.

381 artigos foram sugeridos.

Triagem dos artigos com base nos critérios estabelecidos.

368 artigos foram excluídos


por não atenderem aos
critérios.

Análise dos 13 artigos selecionados.


Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

Primeiramente, foi realizada a leitura do resumo de cada artigo encontrado para


verificar os critérios de inclusão aplicáveis a esta revisão. Logo, foram utilizados treze
artigos como bibliografia principal para a realização desta revisão.

DISCUSSÃO

Segundo o Center for Disease Control and Prevention (2014 apud Almeida e
Neves, 2020), uma a cada 68 crianças recebe o diagnóstico de autismo, um número
crescente de diagnósticos se comparado aos dados da década de 2000, quando
existia a prevalência de um autista a cada 150 crianças examinadas pelo Autism and
Developmental Disabilities Monitoring (ADDM).
Não existem dados concretos que explicam o aumento do diagnóstico de TEA,
sendo que as explicações mais aceitas são as de que os instrumentos para
diagnóstico estão mais precisos, além do aumento de profissionais especializados e
do aumento do conhecimento sobre o TEA pela população em geral (Lord & Bishop,
2014, Presmanes, Hill, Zuckerman & Frombonne, 2015 apud Schmidt, 2017).
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De acordo com Martins e Monteiro (2017), houve inúmeras tentativas de


esclarecer o TEA, mas não há concordância sobre os aspectos causais e intervenções
eficazes. As neurociências e a genética investigam uma justificativa fisiológica ou um
fator genético como causa para este transtorno, porém não foi encontrado nenhum
fator específico de origem. Mintz (2017 apud Toscano e Becker, 2019) observou que
historicamente o autismo já foi citado como transtorno emocional/ comportamental,
inclusive como alteração cognitiva. Inicialmente, o Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais (DSM-IV) classificava-o como uma síndrome de distúrbio do
neurodesenvolvimento, contudo, na versão atual, o DSM-5 identifica o TEA como
transtorno do neurodesenvolvimento.
Apesar de não existir uma teoria específica que explique o autismo, os
principais estudos são decorrentes das teorias cognitivas e comportamentais, que
propõem possíveis intervenções para o manejo dos sintomas clássicos do quadro
clínico (Martins e Monteiro, 2017).
Segundo os relatos de Kanner (1943 apud Schmidt, 2017), as características
do autismo vão desde formas leves, e quase imperceptíveis para quem não conhece
a síndrome, até quadros graves, acompanhados por dificuldades importantes. Por
esta razão, entre outras, o autismo passa a ser entendido atualmente a partir de um
espectro, o TEA – Transtorno do Espectro Autista, com prejuízos, sobretudo, na
linguagem, no comportamento e na interação social.
As habilidades sociais estão conectadas a um bom ajustamento social, em
diversos contextos e fases da vida, em especial durante a infância, como destacam
Darwich e Costa (2022), sendo esse o período em que são ensinados
comportamentos socialmente aceitáveis, tornando a família um dos pilares do
desenvolvimento social infantil.
Del prette e Del Prette (2009 apud Freitas e Del Prette, 2014) afirmam que os
estudos em Treinamento de Habilidades Sociais com crianças vêm sendo executados
com grande multiplicidade de populações usuárias dos recursos de educação
especial, tais como indivíduos com deficiências intelectuais, incluindo o autismo.
Fiaes e Bichara (2009) constatam que as brincadeiras durante a infância têm
um papel importante no desenvolvimento de comportamentos e estratégias
adaptativas (Pellegrini et al., 2007 apud Fiaes e Bichara, 2009), o que possivelmente
nos permite associar: as características diagnósticas do TEA com o desenvolvimento
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empobrecido da brincadeira e consequentemente atrasos no desenvolvimento das


habilidades e comportamentos adaptativos de crianças diagnosticadas.
Martins e Monteiro (2017) afirmam que a Teoria da Mente, que foi apresentada
no período de 1989-1990, por Premack, tem se ressaltado no estudo do TEA. Essa
habilidade tem relação com a capacidade que as pessoas têm de inferir a respeito dos
estados mentais dos outros a partir de um sistema de referências que viabiliza
comparações entre nosso estado interno e externo. Alicerçado nisso, de acordo com
Scheuer e Andrade (2007 apud Martins e Monteiro, 2017), é possível compreender
que a mente é programada para processar informações, produzir conhecimentos,
habilidades, pensamentos e sentimentos. Quando um destes componentes da mente
falham em seu desenvolvimento, todos são comprometidos. Com base nisso, os
mesmos autores evidenciam que as pessoas com o diagnóstico de TEA apresentam
uma incapacidade de desenvolver e entender a própria mente e, consequentemente,
também a do outro, afetando, assim, as interações sociais e o seu desenvolvimento.
Fiaes e Bichara (2009) também discutem sobre a possível ausência dessa
Teoria da Mente em crianças com TEA, o que explicaria os prejuízos sociais e o
empobrecimento das brincadeiras nesse grupo, em especial as brincadeiras de faz-
de-conta que são simbólicas e permitem que a criança raciocine sobre situações que
não são presentes, destacando, assim, a importância de intervenções que estimulem
essas brincadeiras.
Mascotti e colaboradores (2019) apontam as intervenções com prova de
eficácia utilizadas no Sistema Único de Saúde brasileiro (SUS) como sendo: a Análise
do Comportamento Aplicada (Applied Behavior Analysis - ABA) e o Sistema de
Comunicação por Troca de Figuras (Picture Exchange Communication System -
Pecs).
A Análise do Comportamento Aplicada (ABA), segundo Camargo e Rispoli
(2013), tem sido descrita frequentemente como intervenção para o tratamento de
pessoas com TEA (apud Mascotti et al., 2019). O objetivo da ABA aplicada ao TEA,
de acordo com os mesmos autores, é o ensino de comportamentos deficientes e
diminuição daqueles comportamentos demasiados, distinguindo os repertórios que
necessitam ser ajustados ou desenvolvidos, a fim de que os indivíduos diagnosticados
com TEA alcancem uma função mais adaptativa, com mais independência e qualidade
de vida. Alguns aspectos dessa abordagem procuram identificar os fatores ambientais
e a interferência dos mesmos no comportamento do indivíduo e o que resultará na
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sua repetição, que são essenciais para o acompanhamento dos métodos


interventivos. As atividades da mesma são alicerçadas em práticas amparadas por
evidências empíricas e tem se mostrado muito eficiente (Lovaas, 1987; Howard,
Stanisla, Green & Parkman, 2014 apud Mascotti et al., 2019).
Bondy e Frost (1994 apud Levy et al., 2018) definem o PECS (Sistema de
Comunicação por Troca de Figuras) como um sistema que utiliza cartões com
imagens ou figuras, na maioria das vezes seguido por palavras correspondentes, com
o intuito de comunicação. Tecnicamente, o PECS é mais fidedigno se comparado com
outros sistemas, pois exige que a criança troque o cartão com o seu par de
comunicação, possibilitando assim uma interação social.
Schmidt e colaboradores (2016 apud Schmidt, 2017) citam como argumento
para a política de inclusão das crianças com autismo, a ponte que o professor pode
fazer entre alunos com desenvolvimento típico e atípico, ajudando na interação social
e mediando essas relações com pares. Segundo Lemos, Nunes e Salomão (2020), a
interação social é de extrema importância para se obter habilidades relacionadas ao
desenvolvimento da criança. Evidenciam também que a inclusão escolar atua de
forma benéfica, tanto para as crianças atípicas, quanto para as típicas, pois são
desenvolvidos a empatia, a tolerância e o respeito de acordo com a rotina escolar.
Guedes e Tada (2015) analisaram estudos que destacam esse mesmo processo de
inclusão escolar com destaques à preparação do ambiente a favor da escolarização
das crianças diagnosticadas com TEA.
Toscano e Becker (2019) citam em seu estudo o uso de tecnologia por vídeos,
jogos e softwares como auxiliadora na composição de um acervo das habilidades
sociais. Esses instrumentos precisam ser capazes de integrar os diferentes cenários
de interação e os diferentes níveis das habilidades dos indivíduos, evidenciando a
importância do desenvolvimento das mesmas em pessoas com TEA para uma melhor
vivência social e cultural no seu contexto.
Sapienza, Aznar-Farias, & Silvares (2009 apud Darwich e Costa, 2022) definem
autorregulação como a aptidão do indivíduo em conduzir seu repertório de habilidades
sociais, atendendo às expectativas da sociedade e seus próprios objetivos. Darwich e
Costa (2022) analisaram o treinamento desta autorregulação, utilizando como
ferramenta o Yoga e a contação de histórias com duas crianças de perfis semelhantes
de atenção conjunta, imitação, capacidade de seguir instruções e aptidão física. Este
treinamento foi realizado de forma online, com vídeos de contação de histórias e a
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partir destes vídeos com atividades de yoga instruídas pelos pais e cuidador que
assumiram a atividade. Os autores também relataram certa resistência das crianças
ao iniciarem o treinamento, o que foi superado com reforço positivo dos pais e
cuidadores. Ficou evidenciado que estas atividades relaxantes podem fortalecer a
regulação emocional das crianças, e também abriram espaço para atividades
instigantes e criativas. Outro ponto observado pelas autoras é a importância do
envolvimento familiar nas atividades, no qual a criança treinada pelos pais, obtiveram
resultados quantitativamente mais significativos que a criança treinada pelo cuidador.
Ramalho e Sarmento (2019) observaram em seu estudo de LEGO® Terapia
em indivíduos com TEA, um fenômeno comum nos grupos estudados: houve imitação
de comportamentos entre os membros durante a intervenção do estudo, o que
favoreceu o envolvimento dos participantes que não manifestaram comunicação
verbal. Corroborando com o achado dos autores, Toscano e Becker (2019) e
Nascimento, Bitencourt e Fleig (2021), citam a eficácia dos métodos de imitação,
como, por exemplo, o método de treinamento de imitação recíproca (RIT). Entende-
se que esses métodos geram meios de comunicação e afetividade, com impactos
positivos na aquisição de linguagem e desenvolvimento social.
Chiote (2012 apud Martins e Monteiro, 2017) destaca que crianças
diagnosticadas com TEA não possuem seu potencial de desenvolvimento pré-
estabelecido, emergindo, assim, a necessidade de estimulá-los e treiná-los. Gutstein
e Whitney (2002 apud Ramalho e Sarmento, 2019) ressaltam que os estímulos para
desenvolver as habilidades sociais devem ser lúdicos e acompanhados de reforços
positivos, a fim de que haja uma padronização destes comportamentos.
Os estudos de Guedes e Tada (2015), Schmidt (2017), Mascotti e
colaboradores (2019), Ramalho e Sarmento (2019) e Toscano e Becker (2019) citam
a importância de escolher intervenções para crianças diagnosticadas com TEA que
considerem a fase de desenvolvimento, o contexto familiar e cultural, os sintomas e
comorbidades de cada criança, a idade, os comportamentos desadaptativos e outros
fatores que relatam a singularidade de cada caso e a característica heterogênea do
TEA. Por tratar-se de um quadro clínico marcado por um espectro com diferentes
graus de gravidade, observar as diferenças sintomatológicas e de desenvolvimento,
como evidenciam Towgood e colaboradores (2009 apud Czermainski e Salles, 2014),
é fundamental.
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Posto isso, se reconhece a necessidade de uma ação concomitante entre os


pais, psicólogos e outros profissionais em busca de um desenvolvimento social e
emocional saudável (Berry e O’Connor e Cia e Barham, 2009 apud Freitas e Del
Prette, 2014).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a revisão bibliográfica foi observado que, de modo geral, os estudos


encontraram evidências sólidas da correlação entre um repertório robusto de
habilidades sociais e comportamentos funcionais e adaptativos, considerando mais
uma vez, a importância do desenvolvimento dessas habilidades para uma qualidade
de vida melhor.
Dessa maneira, déficits nas habilidades sociais causam prejuízos importantes
nas pessoas diagnosticadas com TEA, sendo um ponto essencial de intervenção por
parte da equipe clínica que acompanha e estimula o seu desenvolvimento. Contudo,
não se pode generalizar as intervenções e estratégias para o desenvolvimento das
habilidades sociais em pessoas com TEA, justamente pela característica heterogênea
do espectro.
Alguns estudos evidenciam o uso de algumas técnicas como a Análise do
Comportamento Aplicada (ABA) e o Sistema de Comunicação por Troca de Figuras
(PECS) que são intervenções que vem sendo bastante utilizadas no tratamento de
indivíduos com TEA, possibilitando a melhora no convívio social e buscando maior
independência dos mesmos.
É importante ressaltar que os métodos de pesquisa utilizados para inclusão e
exclusão dos artigos pode ter restringido significativamente a obtenção dos resultados
desta revisão, sendo preciso que buscássemos além da nossa metodologia de busca,
artigos com a finalidade de tornar mais claros alguns conceitos citados, sugerindo a
realização de pesquisas em que os critérios de inclusão sejam mais flexíveis.
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