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Resumo
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Discente do Curso de Doutoramento em Educação da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Integrante
do Grupo de Estudos e Pesquisa em Psicopedagogia, Aprendizagem e Cultura – GEPAC/UEM, vinculado ao
Programa de Pós-Graduação em Educação – PPE/UEM. Professora de Educação Física Infantil do Curso de
Educação Física da UNESPAR/FAFIPA. Coordenadora do Curso de Educação Física da
UNESPAR/FAFIPA. E-mail:leomate@uol.com.br
ISSN 2176-1396
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Introdução
Metodologia
Estratégia de busca
A Estratégia de busca para a identificação dos artigos relevantes para esta revisão
foi feita por meio de busca em duas bases de dados eletrônicas: MEDLINE/Pubmed, e
ERIC. A busca de artigos se limitou ao período de 2010 a 2015, levando em consideração
artigos publicados em inglês. Foram utilizados descritores caracterizando componentes da
DA (Learning Disorders, Learning Disabilities, Difficulties, Handwriting, Scholastic Skills
e Development Disorders) em combinação com o descritor Psicomotricidade
(Psychomotor Performance, Visual Perception, Motor Skills, Visual Motor Coordination,
Psychomotor Performance, Sensory Motor Learning, Psychomotor Skills, Perceptual
Motor Learning, Coordination, Perceptual Motor, Motor Development, Perceptual Motor
Learning, Perceptual Development e Perceptual Motor Coordination) e da população
estudada (Child, children, students, Young Children e Elementary School Children),
As buscas de estudos foram realizadas com descritores em língua inglesa. Foram
realizadas combinações entre os descritores mediante a utilização dos operadores
booleanos “AND” e “OR”. Optou-se por não incluir teses, dissertações e monografias,
visto que a realização de uma busca sistemática das mesmas seria inviável logisticamente.
Todos os processos de seleção de artigos foram realizados por pares e, caso houvesse
discordância entre os avaliadores sobre os critérios de inclusão e exclusão, era então feita
uma discussão específica sobre o artigo em questão até um consenso final. Uma análise
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inicial foi realizada com base nos títulos dos manuscritos; em seguida, outra avaliação foi
realizada nos resumos de todos os artigos que preenchiam os critérios de inclusão ou que
não permitiam haver certeza de que deveriam ser excluídos. Após análise dos resumos,
todos os artigos selecionados foram obtidos na íntegra e posteriormente examinados de
acordo com os critérios de inclusão estabelecidos. Também foi realizada uma busca
manual em listas de referências dos artigos selecionados.
Resultados
Portanto, a busca eletrônica gerou onze (10) estudos relevantes para essa revisão
sistemática.
Figura 1: Fluxograma de busca e seleção dos estudos na presente revisão
55 referências
excluídas
Quadro 1: Estudos incluídos na revisão sistemática sobre a relação entre Dificuldades de Aprendizagem (DA) e Psicomotricidade.
Título/Autor (es) Ano Objetivo Amostra; Idade Principais achados
37 crianças com
Dificuldades Motoras e 93
Reading and writing performances of crianças com As crianças com Dificuldades Motoras tiveram escores significativamente mais baixos na
children 7–8 years of age with Analisar o desempenho de leitura e Desenvolvimento Típico. composição escrita do que as crianças com desenvolvimento típico.
developmental coordination disorder in escrita de crianças com TDC Crianças com Dificuldades O desempenho de escrita é mais pobres nas crianças com Dificuldades motoras do que nas crianças
Taiwan 2011 (Transtorno do Desenvolvimento da Motoras tinha em média 7,8 com desenvolvimento típico
(Hsiang-Chun Cheng, Jenn-Yeu Chen, Chia- Coordenação) anos (± 0,6 anos) e crianças Não encontramos nenhuma diferença no desempenho de leitura entre crianças com
Liang Tsai, Miau-Lin Shen e Rong-Ju Cherng com Desenvolvimento dificuldades motoras e com desenvolvimento típico. O DCD tende a ser associado com as
Típico tinham em média 8.0 dificuldades de escrita em Inglês e Chinês.
anos (± 0,7 anos).
Discussão
Todos os estudos analisados concordam em afirmar que é aceito que as crianças com
Dificuldade de Aprendizagem têm menor desempenho para habilidades motoras em relação a
crianças de Desenvolvimento Típico (BHATIA; DAVIS; SHAMAS-BRANDT, 2015;
YUHUA LI et al 2014; DINEHART; MANFRA, 2013; WESTENDORP et al, 2014;
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PIETERS et al, 2013; PIETERS et al, 2012a; PIETERS et al, 2012b; WESTENDORP et al,
2011 e VUJIK et al, 2011; CHENG et al, 2011).
A pesquisa realizada por Bhatia, Davis e Shamas-Brandt (2015) destaca duas vertentes
atuais de pesquisa em apoio ao desenvolvimento da primeira infância com interesse no
desenvolvimento motor fino e na relação entre o desenvolvimento motor, desenvolvimento
cognitivo e desempenho escolar. A primeira vertente se destaca apresentando estudos
longitudinais que mostram que as habilidades motoras finas no jardim de infância são
preditivos de desempenho acadêmico subsequente na alfabetização e matemática. A segunda
vertente de investigação, por meio da utilização de imagens cerebrais sugere que a maioria
das atividades que desenvolvem ou exigem habilidades cognitivas também envolvem o uso de
habilidades motoras finas, e embora
funções motoras e cognitivas finas sejam processadas em diferentes partes do cérebro, estas
funções são desenvolvidas de forma coordenada e são ativadas em conjunto ao executar uma
ampla gama de tarefas. Analisando os estudos desenvolvidos por ambas as vertentes, bem
como os resultados da Ginástica Educacional, proposta pelo Método Montessori os autores
enfatizam e recomendam a interação recíproca dos aspectos cognitivos e motores. As
conclusões defendem uma abordagem equilibrada para a educação infantil que mantém a
importância da atividade física e do desenvolvimento motor fino em conjunto com o
desenvolvimentos das habilidades cognitivas (BHATIA; DAVIS; SHAMAS-BRANDT,
2015).
Ainda investigando esta linha de pesquisa, o estudo desenvolvido por Dinehart e
Manfra (2013) indica que as habilidades motoras finas são preditores significativos de
conquista acadêmica mais tarde, corroborando com os achados de Bhatia, Davis e Shamas-
Brandt (2015) e de outros autores (GRISSMER et al, 2010;. LUO; JOSE; HUNTSINGER;
PIGOTT, de 2007).
As Habilidades motoras finas podem ser definidas como movimentos dos pequenos
músculos (aqueles dos dedos). Investigadores que examinam a capacidade motora fina têm
historicamente utilizado vários termos para defini-la, como por exemplo, integração visual-
motora ou habilidade perceptivo-motor, refletindo o fato de que o desempenho motor bem
sucedido requer uma boa percepção visual e habilidade motora, bem como a integração dos
dois (DINEHART; MANFRA, 2013).
Os resultados encontrados por Dinehart e Manfra (2013) afirmam que as crianças com
habilidade grafomotoras mais fortes na pré-escola apresentaram melhor desempenho
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acadêmico na segunda série, isto porque elas já tinham formado ou eram mais propensas a
formar modelos internos de símbolos que fornecem a base para as disciplinas acadêmicas.
Embora as habilidades motoras de manipulação sejam essenciais para a execução de força e
controle adequado da braço, mão e dedos, para a realização da escrita, as tarefas grafomotoras
devem ser consideradas um conjunto de vários processos cognitivos e neuromotores. As
atividades motoras da pré-escola devem incluir tarefas de destreza manual, como dobrar o
papel, construir com blocos, pintar, etc. apesar de estas atividades muitas vezes serem vistas
como não-acadêmicas. No entanto, o estudo conclui que dada a sua associação significativa
com a realização de matemática, as tarefas de manipulação motora podem ser uma janela para
as primeiras experiências infantis nas habilidades de compreensão espacial.
A conclusão de que Crianças com idade escolar primária com DA apresentam um
desempenho pior do que crianças com desenvolvimento típico em habilidades motoras
grossas, habilidades motoras finas e habilidades de controle de objetos foi apresentada em
vários estudos (WESTENDORP et al, 2014; WESTENDORP et al, 2011; VUJIK et al, 2011;
CHENG et al, 2011; CHANG & YU, 2009).
O estudo de Pieters et al (2013) Investigou as habilidades de leitura e escrita de
crianças em combinação com Dificuldades Matemáticas, com Transtorno do
Desenvolvimento da Coordenação (TDC) e com Dificuldades Matemáticas e de Coordenação
concomitantemente. O “Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação” (TDC) fo i
formalizado na terceira edição do DSM e revisado na quarta edição e quinta edição (DSM-IV
e DSM-V), nominado anteriormente como: distúrbio perceptual motor, síndrome da criança
desajeitada, apraxia do desenvolvimento, dispraxia do desenvolvimento, e dificuldades
psicomotora, o TDC compreende variadas dificuldades que afetam a capacidade do indivíduo
em aprender e realizar habilidades motoras coordenadas.
Visser (2003) analisou vários estudos realizados com crianças com TDC e concluiu
que, apesar dos resultados diversos , existe um subtipo comum, caracterizado por problemas
sensório-motoras generalizados. Este subtipo geralmente apresenta um prejuízo global em
todos os domínios motores relacionados medidos, e comorbidade com dificuldades de
aprendizagem. Adotando esta linha de pesquisa, o estudo de Pieters et al (2013) concluiu que
há uma significativa comorbidade entre dificuldades motoras e dificuldades matemáticas.
Porem, os autores ressaltam que isso não significa que todas as crianças com dificuldades
motoras devem ter dificuldades matemáticas, ou vice-versa.
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Os autores dos estudos indicados nesta revisão são unânimes em concluir sobre a
necessidade de estudos intervencionais. Como afirma Westendorp et al (2013), estudos que
investiguem os efeitos positivos da intervenções psicomotoras sobre o funcionamento
cognitivo são limitados. Além dos autores citados nesta revisão, outros pesquisadores são
unânimes em apontar a necessidade de estudos de intervenção controlados para determinar os
efeitos do desenvolvimento de habilidade motora fina intencional sobre o desempenho motor
e desempenho acadêmico subsequente (BROWN, 2010; GRISSMER et al., 2010; RULE;
STEWART, 2002).
Pesquisas futuras devem decidir se as crianças que foram identificadas precocemente,
como estando em risco de desenvolver dificuldades de aprendizagem poderiam se beneficiar
de uma intervenção motora pontual e segmentada (VUJIK et al, 2011).
Limitações do estudo
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
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