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Introdução à Missiologia - CFM – APMT - 2016

Professor: Rev. Maurício Rolim

Resenha

1. Declaração de Leitura: ( X ) sim ( X ) não

2. Informações da obra: John Piper, Alegrem-se os povos: a supremacia de Deus nas


missões, editora Cultura Cristã, São Paulo-SP, 2ª edição, 2012, 272 páginas.

3. Resumo do texto:

Esta obra se divide em três partes principais. Sendo a primeira: Reconhecendo que
Deus é supremo nas missões: propósito, poder e preço; a segunda, Reconhecendo que é
supremo nas missões: necessidade e natureza da tarefa e Reconhecendo que Deus é
supremo nas missões: o trabalho prático de compaixão e adoração. Seguido de
conclusão, introdução e índices de textos e assuntos.

A tese principal que segue por toda obra é que a inicia: “As missões não são o alvo
fundamental da igreja. A adoração é. As missões existem porque não há adoração. A
adoração é fundamental, não as missões, porque Deus é essencial, não o homem.” (pág.
35). Declara que a missão é o “combustível e a meta” das missões. O autor confirma a
Confissão de Fé de Westminster dizendo que: “o fim principal do homem é glorificar a
Deus e glorificá-lo para Sempre”. Essa deve ser a nossa principal paixão e motivação
pelas missões – a adoração a Deus e se satisfazer nele. No céu nao haverá mais
necessidade de fazer missões, mas de adorar para sempre o Senhor. Ele é adorado
quando nos alegramos nele em satisfação. E para afirmar esta tese o autor se baseia em
inúmeras citações de textos bíblicos tanto do Antigo como do Novo Testamento para
afirmar que o poder das missões está na adoração.

A supremacia de Deus nas missões por meio da orações é o tema do segundo


capítulo. O autor argumenta que, se a evangelização é uma das armas da nossa guerra
espiritual, então a oração é o poder que a movimenta. Em tempos de guerra e aflições,
as missões são como campo de batalha para a oração. Necessária, eficaz, urgente e
poderosa para a guerra espiritual. A missão não é nossa mas de Deus, por isso é só ele
que pode nos dar a vitória nessa luta através da oração. A oração não tem primazia à
adoração. Oração coloca a missão na dependência da supremacia de Deus.

No terceiro capítulo Piper descorre sobre a supremacia de Deus nas missões por
meio do sofrimento e para isso de forma suficiente cita vários missionários com seus
testemunhos emocionantes e encorajadores. Homens e mulheres que abriram mão de
sua vida e pátria para se dedicarem à obra de Deus a fim de o glorificá-lo pelo que ele é.
Assim como Jesus os mártires são exemplos para os missionários de hoje (pág. 95).
Somos enviados como ovelhas em meio aos lobos para que vejam nossas obras e
glorificam ao Pai que estás no céus. Após o autor descorrer sobre a supremacia de Deus
atraves do poder, propósito e preço nas missões, na segunda parte agora ele fala sobre a
necessidade e a natureza na supremacia de Deus nas missões.

No capítulo 4, a supremacia de Cristo como foco da fé salvadora também é


embasada de forma biblicamente convincente. “A vontade de Deus é glorificar seu
Filho, fazendo-o foco consciente de toda fé salvadora.” (pág. 123). Nesta frase o autor
de forma eficiente retrata a supremacia da importância da pregação da cruz, em Cristo,
como única salvação à humanidade perdida. “É um nervo de urgência na causa
missionária”. Pois a fé vem pelo o ouvir a Palavra de Deus – este é o mistério de Cristo
revelado em toda a Escritura. Tanto o apóstolo Paulo como João enfatizam essa
necessidade e urgência de ter Cristo como único foco para as missões e Ele será o foco
da nossa adoração na vida eterna.

A supremacia de Deus entre “todas as missões” é o tema do capítulo 5. O autor


arrisca e é feliz em usar uma ilustração de naufrágio dois transatlânticos. Para ele “o
desejo de Deus para as missões é que todos os grupos de pessoas sejam alcançadas
com o testemunho de Cristo e que um povo dentre todas as nações invoque o seu nome”.
(pág. 163). Usa citações do Pacto de Lausanne e inúmeros textos bíblicos para falar
sobre a tarefa das missões. O uso palavra grega para nações/gentios/povos/tribos/línguas
em toda a Bíblia nos elucida sobre o alvo para qual a Igreja foi chamada – a grande
comissão.

No terceiro capítulo, na terceira parte, Piper descreve sobre o trabalho prático de


compaixão e adoração, reconhecendo que Deus é supremo nas missões. A supremacia
de Deus e a compaixão pela alma humana. Cita com precisão Jonhathan Edwards e a
sua influência sobre a adoração e o lugar da glória de Deus no papel das missões. Ele
fala de uma adoração de “dentro para fora”, mais espiritual do que de forma externa e
artificial. “Em outras palavras, adorar é ter, no coração, sentimentos corretos em
relação a Deus, arraigados em pensamentos corretos sobre Deus, que se tornam
visíveis em ações corretas que refletem Deus.” (pág. 209). Esse é o principal objetivo
das missões, que os povos obedeçam a Deus o adorando de forma correta. Adorando-o
pelo que Elé é e não pelo que Ele dá. Tendo misericódia pelo homem perdido e dando
glória ao Deus salvador.

No sétimo e último capítulo o autor fala da simplicidade interna e a liberdade


externa da adoração. Argumentando que a sua “tese é de que a adoração no Novo
Testamento, moveu-se em direção a algo radicalmente simples e interno, com múltiplas
expressões externas na vida e na liturgia” (pág. 215). Bem percebido, Piper percebe
algo segundo ele “notável”. Que a principal palavra para adoração no Antigo
Testamento foi “boicotada” no Novo Testamento. Segundo ele ela está ausente no NT
porque Jesus desprendeu a adoração de lugar e de forma. Jesus é agora o novo “lugar”
de adoração. Ele busca verdadeiros adoradores que o adorem em espírito e em verdade,
adoradores de todos os povos, línguas e raças. A adoração deve ser interna e espiritual
em vez de externa e física, universal em vez de localizada. Um culto racional e
agradável a Deus, “uma experiência radical, autêntica, interna e unificadora chamada
adoração”. Essa é a essência da adoração, satisfação em Deus pelo que ele é em Cristo.
Em obediência e satisfação diariamente, fazendo de nosso cotidiano um culto aceitável
a Deus. Esse é o objetivo das missões, levar pessoas de todos os povos, línguas e nações
a se satisfazerem nele através de sus vidas.

4. Análise do conteúdo:

A obra de John Piper nos apresenta com clareza no reconhecimento da supremacia


de Deus nas missões atravez do seu propósito (adoração), poder (oração), preço
(sofrimento), necessidade e natureza da tarefa tendo Cristo como único foco para
“todas as nações”. Tendo como trabalho prático a compaixão pela alma humana
levando-os à uma verdadeira adoração, simples e interna para a glória de Deus. Este é
um livro que, com certeza, contribui de forma concreta para a missiologia.
Principalmente para nosso país que cresce o número de evangélicos e em avanço
missionário; mas concomitantemente mergulha num devastador crescimento de
adoradores que adoram o Pai não pelo que Ele é mas pelo que Deus pode nos dar. Como
em outros países do Terceiro Mundo, o Brasil tem se encantado com a Teologia da
Prosperidade, que enfatiza as bênçãos no lugar do doador das bênção. Que Deus tenha
misericórdia de nós!

4. Críticas ou reflexões do texto:

O texto é muito bem escrito com vastas citações bíblicas e de vários e bons
missionários, missiológicos de renome que torna esta obra de Piper digna de
recomendação. A recomendo para missionários e estudiosos da Bíblia que buscam a
glória devida a Deus – o Senhor das missões.negativamente acredito que o autor devaga
em inúmeros subtítulos que torna confuso o foco principal da obra. Temas que poderiam
ser trabalhados em outro volume, mas que são muito úteis para exclarecer a tese
principal da supremacia de Deus nas missões. A Deus toda a glória.

Cláudio César Gonçalves

São Paulo-SP, 25 de Março de 2016

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