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26 Nº 30 • FEV/MAR 2005 •
REVISTA
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o constatar que a Fetranspor acaba “... Sou estudante universitário e tenho
de completar cinqüenta anos, em 22 como objetivo um dia trabalhar no setor de trans-
de janeiro, motivo pelo qual passa- porte, talvez isso se deva ao fato da minha pai-
rá 2005, certamente, em clima de festa, não xão pela Viação Cometa, através da qual fui
pude deixar de fazer um paralelo com os meus Tânia Mara várias vezes ao Rio de Janeiro visitar os paren-
tes. Fiquei impressionado ao ler matéria sobre
53 anos de existência. Ambas somos senhoras
o transporte urbano na cidade do Rio de Janei-
com mais de meio século de experiência. Por mais que pareça ro, pelo número de passageiros transportados
assustador a quem ainda não atingiu este ponto da estrada, con- diariamente. Gostaria também de agradecer ao
sidero o fato não só uma sorte, como um fator positivo – princi- povo do Rio pela cordialidade no tratamento,
palmente para a entidade, que jamais enfrentará o lado adverso, tanto na rodoviária Novo Rio, onde não se paga
como dores na coluna ou reumatismo. para usar o sanitário, isso é um exemplo a ser
Para começar, o único jeito de não se chegar aos cinqüenta é seguido por outros terminais do país, diga-se
morrer antes, e isso ninguém deseja. Para nós, seres humanos, Tietê, em São Paulo, e Campinas, como tam-
alcançarmos esse número pomposo, é preciso cuidarmos da saú- bém caminhando pela cidade e praias, onde é
de física e mental, termos cuidado com acidentes e – o principal possível conversar normalmente com os cida-
– contarmos com o apoio da turma do andar de cima, que tem dãos e fazer novas amizades...”
Eduardo Lopes Paixão, Várzea Paulista – SP
nossos destinos anotados em seus vetustos alfarrábios, podendo,
Eduardo, o setor de transporte só terá a ga-
quem sabe, modificá-los por motivos que a gente desconhece e nhar com a colaboração de pessoas que têm
não controla. Para uma organização, também é preciso ter saú- vontade de contribuir para seu aprimoramento,
de. Saúde administrativa, saúde financeira. E trabalho duro, de- como você. Para nós também é gratificante esse
cisões acertadas, determinação de seus dirigentes. É preciso gente depoimento de que o Rio de Janeiro, apesar de
dedicada. As pessoas fazem a empresa. Os funcionários – todos, alguns problemas, ainda tem muito a oferecer
do maior ao menor escalão – são a empresa, seja ela de que tipo aos visitantes. Quanto ao uso dos banheiros, a
for. É claro que não estou dizendo nenhuma novidade, apenas Novo Rio oferece as duas opções. Existem sa-
fazendo constatações e considerações sobre um assunto, como é nitários gratuitos, no desembarque do andar su-
de direito de qualquer senhora que atingiu o cinqüentenário. perior e pagos, no térreo. Realmente a rodoviá-
Uma das vantagens do que o povão batizou de DNA (data de ria demonstra uma preocupação de atender
bem, já tendo sido realizada até uma parceria
nascimento antiga) é o amadurecimento. Pessoas e organizações
com a Fetranspor, no programa Transporte Aco-
não são tão diferentes. Nascem, crescem, se reproduzem, adoe- lhedor, cujos objetivos são comuns às duas or-
cem, morrem. Podem ser boas ou más. Fracas ou fortes, inteli- ganizações: fazer com que os clientes do trans-
gentes ou não, responsáveis ou nem tanto. Os caminhos trilha- porte rodoviário sintam-se não só atendidos em
dos, as experiências obtidas criam parâmetros, sinalizadores, que seus deslocamentos, mas bem recebidos e bem
não determinam, mas ajudam na hora de escolhermos esta ou tratados. Você passará a receber a revista, con-
aquela direção, decidirmos se é hora de prosseguir ou fazer uma forme pediu, e a sugestão de matéria com a
pausa no caminho. Nos tempos em que vivemos, as pessoas vêm Expresso do Sul está anotada.
ganhando perspectivas de vidas mais longas, ao contrário das
organizações, que têm, cada vez mais, de ser eficientes para se “Não vejo o momento de receber as novas
manterem vivas, pois a tendência é de que não cheguem à edições que, por sinal, continuo sem os núme-
ros quatro e oito, ...”
longevidade. Por isso, é motivo de orgulho para qualquer entida-
Jorge Luciano S. da Silva – Candeias – BA
de, nos dias de hoje, atingir meio século de existência. É um Jorge, os exemplares que você não rece-
atestado de competência, para todos os que dela fazem parte. beu estão esgotados. Talvez você consiga com
Cá entre nós, acho que, se fosse uma mulher, a Fetranspor seria algum busólogo. Muitos deles nos enviam cor-
uma dessas senhoras que assumem seus cabelos brancos e suas ru- respondência e pedem para divulgar seus en-
gas com o orgulho de quem usufruiu a existência intensamente, dereços. Boa sorte!”
fazendo sempre aquilo que achou melhor. E que, ao olhar para trás,
Correspondências para esta coluna devem ser encami-
verifica que obteve os resultados esperados, contando com amigos
nhadas para: Revista Ônibus – Rua da Assembléia, 10,
– colaboradores, parceiros, empresas e sindicatos do sistema, poder 39º andar, Centro, Rio de Janeiro – RJ. CEP. 20011-901,
público e clientes do transporte coletivo por ônibus. E manteve, ao ou para o fax
(21) 2531-3711 ou, ainda, para o e-mail
longo do tempo, a capacidade de sonhar – indispensável também a
decom@fetranspor.com.br.
nós humanos, para realizarmos coisas e sermos felizes.
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esta edição, revista Ônibus cum- busca de diálogo com o poder concedente,
pre missão importante e especial, inclusive com oferecimento de propostas e
embora nada fácil. Tentar repro- projetos, o incentivo às empresas para im-
duzir, em matéria de capa, trajetória de meio plantação de programas de RH e de gestão
século que a Fetranspor completa neste iní- de qualidade, a premiação aos rodoviários
cio de ano. Mais do que isso, mostrar o sig- de melhor desempenho em sua profissão são
nificado desse cinqüentenário para cada um algumas das páginas desta história. O lema
José Carlos dos integrantes desta Federação, para os 10 adotado, “Melhor Transporte, Melhor Qua-
Reis Lavouras sindicatos que a compõem, suas 227 em- lidade de Vida”, reflete a preocupação com
Presidente presas associadas, abrangendo um total de a prestação de um serviço de excelência, e
do Conselho 95 mil trabalhadores que contribuem para com a qualidade de vida da população, ex-
de Administração o funcionamento do setor. pressa em programas como o Transporte
da Fetranspor Durante meio século, evoluiu-se de Acolhedor e o Projeto EconomizAr, em que
uma pequena entidade que, de início, reu- foi pioneira.
nia empresários de ônibus e de outros seto- Pioneirismo, luta, trabalho ininterrupto,
res, como o de carga, em área que abran- aprimoramento constante, são algumas das
gia Rio de Janeiro, parte de Minas Gerais e expressões que podem definir um pouco
do Espírito Santo, para uma Federação res- do que se realizou nestes 50 anos. Nos pró-
trita ao transporte por ônibus, com repre- ximos, buscaremos continuar evoluindo e
sentatividade concentrada no Estado do Rio contribuindo para que a força de trabalho
de Janeiro, cuja responsabilidade fica mui- deste Estado chegue regularmente e em se-
to clara apenas levando-se em conta os gurança, todos os dias, para exercer suas
números citados acima. funções, movimentando a economia e fa-
Foram anos de luta, iniciada quando zendo o progresso. Este aniversário não é
muitos dos empresários eram obrigados a só da Fetranspor, mas dos milhares de tra-
terem, ao lado da frota de ônibus, tratores e balhadores do setor e dos 85% da popula-
outros equipamentos para manter em con- ção fluminense, que utilizam o transporte
dições de tráfego várias das ruas por onde por ônibus, dando-nos a honra de serem
tinham de transportar seus passageiros. nossos clientes.
Ao analisar este percurso, destaca-se,
como momento crucial da vida desta Fede-
ração, a criação do vale-transporte e a deci-
são, tomada em conjunto, de se adotar, no
Rio de Janeiro, um tíquete que servisse, se-
não a todas, pelo menos à maioria das em-
presas de ônibus, assim como ao trem, às
barcas, ao metrô e até aos bondes, existen-
tes apenas no bairro de Santa Tereza.
Ao tomar-se esta decisão, foi delegada à
Fetranspor, por todos os representantes dos
meios citados, a produção e distribuição dos
tíquetes, o que provocou mudanças em sua
estrutura e em seu destino como entidade.
Enquanto tornava-se modelo de eficiência
em termos de administração de vale-trans-
porte no país, esta Federação empreendeu
muitas lutas, sofreu injustiças, provocou de-
bates, realizou estudos em busca de solu-
ções para as questões do transporte. O com-
bate contra a ilegalidade no transporte, a
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Artigo
Alexandre de Ávila Gomide*
Leopoldo Silva
transporte coletivo urbano é a concessão de subsídios diretamente
um serviço público essen- aos usuários, via distribuição de va-
cial, conforme a Constitui- les ou passes, pode apresentar resul-
ção brasileira. Dele depen- tados mais eficazes na garantia do
de a população de baixa renda, que acesso dos segmentos mais vulnerá-
não dispõe de meios próprios de veis do que as convencionais pro-
transporte, para o acesso ao local de postas de subsídios à operação. Es-
trabalho, equipamentos e serviços ses subsídios seriam financiados pe-
básicos (escolas, hospitais, postos de los orçamentos da área social (saú-
saúde), e às atividades de integração de, educação, previdência). As
social (lazer e visitas aos amigos e gratuidades devem ser encaradas da
parentes). Ou seja, o transporte pú- mesma maneira; se a gratuidade para
blico é, além de um componente do um determinado segmento for con-
sistema de mobilidade urbana das siderada essencial, que a sociedade,
cidades brasileiras, um instrumento através do orçamento público, a fi-
de promoção da eqüidade social. No nancie. O atual modelo de subsídios
entanto, se os serviços não forem duas passagens diárias para seus des- cruzados propicia situações onde
ofertados de forma adequada às ne- locamentos casa-trabalho-casa, ele um usuário de baixa renda desem-
cessidades da população, especial- poderá ser preterido em relação a pregado e que não usufrui nenhum
mente a mais pobre, ele pode, ao outro candidato que pode se deslo- benefício e, portanto, paga a tarifa
contrário, transformar-se numa “bar- car a pé, ou que utilizará não mais integral, financie a gratuidade de al-
reira” ao acesso às oportunidades que duas passagens, dado os meno- guém em melhor situação (um estu-
que as cidades oferecem. res custos para os empregadores. O dante de classe média do ensino pri-
Pesquisas divulgadas recente- vale-transporte, por sua vez, princi- vado, p. ex.). Isto é injusto e social-
mente revelaram que a população pal instrumento de subsídio aos usuá- mente regressivo. Por fim, é funda-
das principais regiões metropolitanas rios do transporte público, perdeu mental para o adequado atendimen-
com renda mensal familiar abaixo de muito da sua eficácia nos últimos to colocar as comunidades de usuá-
três salários mínimos está sendo pri- anos, pois o mesmo está restrito aos rios no centro da prestação dos ser-
vada do acesso ao transporte coleti- trabalhadores com carteira assinada, viços. Isso quer dizer que a partici-
vo. Segundo as informações dispo- que são minoria no contingente da pação da sociedade na definição e
níveis, os motivos dessa privação pobreza urbana brasileira. avaliação dos serviços é de suma im-
encontram-se na incapacidade de A partir desse diagnóstico, dois ti- portância nas políticas de transpor-
pagamento pelos serviços (as tarifas pos de políticas públicas, complemen- tes públicos. Entende-se que, com a
têm subido acima do IGP-DI nos tares, podem ser adotadas: uma volta- adoção desses princípios e diretrizes
últimos anos) e na precariedade da para a eficiência, isto é, para a re- no momento da formulação dos pro-
da oferta para determinadas dução dos custos da oferta dos servi- gramas e projetos na área de trans-
áreas das cidades, particularmente, ços e, conseqüentemente, das tarifas, portes urbanos, o transporte públi-
para as mais pobres e periféricas. Tal e, outra, voltada para a eqüidade, ou co possa exercer seu papel funda-
situação resulta em baixos índices de seja, para a garantia do acesso univer- mental, de instrumento de combate
mobilidade para os mais pobres, sal ao transporte público. Muito tam- à pobreza e promoção da eqüidade
acarretando sérios problemas nos bém pode ser feito em termos de pla- social nas cidades brasileiras.
deslocamentos destes para o traba- nejamento e gestão, visando à racio-
lho e acesso às oportunidades de nalização das atuais redes de serviços, * Pesquisador do Ipea e, atualmente,
emprego. Os gastos com transporte e de contratação e regularização ade- diretor de Regulação e Gestão da
na procura de emprego se tornaram quada dos serviços, visando à eficiên- Secretaria Nacional de Transporte e
proibitivos para as pessoas de baixa cia na oferta, com tarifas mais baixas. da Mobilidade Urbana do Ministério
renda; além disso, se um candidato Em relação às políticas de eqüi- das Cidades.
a uma vaga necessitar de mais de dade, a literatura recente indica que alexandre.gomide@cidades.gov.br
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Entrevista Aldo Rebelo Por: Tânia Mara
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A.R.: Há vários tipos de tributos
José Cruz/ABr
que incidem diretamente ou indi-
retamente sobre os custos dos ser-
viços de transporte. Alguns são de
responsabilidade da União e outros
dos demais entes federados. Como
afirmei anteriormente, na parte
que cabe ao governo federal, a
principal medida em estudo diz
respeito à desoneração da folha de
pagamento, por meio da transfe-
rência da cobrança de parte dos
encargos sociais da folha para o
faturamento. Essa medida já está
prevista na reforma tributária apro-
vada pelo Congresso e o governo
tem prazo até julho de 2005 para
enviá-la. Quanto aos impostos de
natureza estadual e municipal, tra-
ta-se de assunto complexo, uma vez
que a situação fiscal de cada ente
federado é muito diferenciada; é
um assunto que deve ser discutido
nos fóruns adequados, de secretá-
rios estaduais e municipais respon-
sáveis pelo assunto. Como respon-
sáveis pelas relações federativas,
naturalmente, daremos todo apoio “Como responsáveis to, que não se pode lançar um pro-
às iniciativas cujo propósito seja o pelas relações grama dessa natureza sem estudos
barateamento das tarifas e a melho- criteriosos que garantam efetiva-
ra da qualidade dos serviços. federativas, mente o fornecimento do combus-
naturalmente tível por longos períodos, a preços
R.O.: Durante a realização do 11º daremos todo apoio módicos; já houve, no passado, ten-
Congresso sobre Transporte de Pas- tativas mal sucedidas de estímulo ao
sageiros, no Rio de Janeiro, em no-
às iniciativas cujo uso do gás natural veicular, que re-
vembro último, foi lida mensagem propósito seja o dundaram em prejuízos para quem
assinada pelo senhor, em que, além barateamento das investiu, principalmente pela falta
da questão tributária, foi ressalta- tarifas e a melhora da de continuidade de fornecimento
da a necessidade de alterações na do combustível a preços módicos.
matriz energética. O senhor acre-
qualidade dos A mudança da matriz energética
dita que há condições de ser asse- serviços.” implica renovação da frota de veí-
gurado, às operadoras de transpor- culos, garantia de fornecimento de
te coletivo, um combustível alter- peças de reposição e, sobretudo, ga-
nativo, como o GNV ou o biodiesel, tural no transporte coletivo. Isso não rantia de oferta do combustível.
a preço que torne viável sua ado- só baratearia o custo do transporte, Tudo isso implica investimentos de
ção, com sistema de distribuição efi- como também seria uma medida milhões de reais, por parte do go-
ciente? Em quanto tempo? importante para o combate à po- verno, dos fornecedores de veícu-
A.R.: Esse assunto está em estudo no luição nos grandes centros urbanos. los e, principalmente, das empre-
Ministério das Minas e Energia e no Para tanto, o governo está investin- sas de transporte coletivo. É prefe-
Ministério das Cidades. Como afir- do na construção de gasodutos para rível gastar um pouco mais de tem-
mei, há disposição do governo de abastecer as principais capitais do po, mas ter um programa confiável
estimular o uso do gás veicular na- País. É preciso considerar, entretan- aos olhos dos investidores.
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R.O.: Entre as idéias defendidas mesmo empenho. Criar, entretan- transporte coletivo é uma das mais
pelo MDT e pela Frente Parlamen- to, um vale-transporte social, no complexas questões urbanas. A pró-
tar do Transporte em defesa da ma- momento, vai um pouco além da pria formação das grandes cidades
nutenção da mobilidade das cama- capacidade fiscal do governo fe- brasileiras no início do século, tor-
das de mais baixa renda da popu- deral e da Federação. O que, na- nou o problema do transporte co-
lação, está a criação de um vale- turalmente, não quer dizer que letivo uma questão de difícil solu-
-transporte social. Ele garantiria os não seja uma boa medida, nem ção. Por volta da década de 1920,
deslocamentos mais necessários, que não possa vir a ser estudada. quando se iniciava o processo de
como a busca pelo emprego, por industrialização brasileira, nossas
exemplo. Qual é a posição do go- R.O.: Embora seja classificado, na elites optaram por enclausurarem-se
verno federal quanto à implanta- Constituição federal, como um ser- em alguns bairros centrais das ci-
ção dessa medida? viço público de cunho essencial, o dades e, ao invés de planejarem a
A.R.: O governo federal vê com sim- transporte público não vem conse- ocupação urbana de forma racio-
patia qualquer medida que resulte guindo, por parte dos governos, um nal, preferiram deixar que os tra-
na melhoria das condições de vida tratamento condizente com a sua balhadores se espalhassem aleato-
da população de mais baixa renda. riamente pelas periferias das cida-
Sem a menor dúvida, uma condi- des, optando pelo transporte por
ção fundamental para o exercício ônibus como forma de trazê-los de
“ Os demais direitos
dos demais direitos básicos do ci- qualquer ponto para seus locais de
dadão, como o direito à saúde, à constitucionais trabalho; isso resultou em meno-
educação e ao trabalho, é o direito básicos do cidadão, res custos iniciais de reprodução
ao transporte, pois sem mobilidade como o direito à dessa força de trabalho, devido aos
física não há nem como chegar à baixos preços dos terrenos mais dis-
escola, ao hospital ou ao trabalho.
saúde, educação e tantes, mas foi o embrião da atual
É preciso, considerar, entretanto, trabalho, ficam configuração caótica dos grandes
que a titularidade sobre os serviços comprometidos sem centros urbanos. Corrigir essa si-
de transporte coletivo urbano é dos o direito ao tuação não é tarefa simples; cons-
estados e municípios e qualquer truir redes de metrô por toda a ci-
medida nesse sentido tem ônus so- transporte público.” dade tem um custo proibitivo; nos
bre as finanças desses entes fede- estreitos corredores de trânsito,
rados que têm situações fiscais muito ônibus e automóveis disputam um
heterogêneas. Muitos estados e mu- importância. No governo Lula, foi espaço exíguo e sem planejamen-
nicípios já têm grande dificulda- criado o Ministério das Cidades, a to, levando as pessoas a perderem
de de financiar os programas so- questão da mobilidade vem sendo milhares de horas no trânsito. O
ciais atualmente existentes e não tratada por meio do programa Brasil governo federal tem plena consciên-
teriam como arcar com o custo de Acessível, busca-se um Pacto Fede- cia dessa situação e vem trabalhan-
novos programas; o governo fede- rativo pelo barateamento das tarifas. do para mitigá-la; para isso conta não
ral, por seu turno, tem feito o pos- Poderemos considerar que o trans- só com seus próprios recursos finan-
sível para apoiar esses programas, porte vai, finalmente, ter um trata- ceiros e de inteligência, mas também
mas tem também sérias restrições mento à altura de sua importância? com a valiosa contribuição de todos
fiscais que o impossibilitam de to- A.R.: A própria criação do Ministé- os interessados e estudiosos da ques-
mar medidas que, embora desejá- rio das Cidades é a prova do novo tão como a Fetranspor, a NTU, o
veis, não teriam como ser susten- enfoque que o governo federal dá MDT, o Instituto Nacional de
tadas no longo prazo. É preciso dar à questão urbana, dentro da qual a Transporte e Trânsito, a Frente Par-
os passos conforme o tamanho da questão do transporte coletivo é es- lamentar de Transportes e outras or-
perna; os recursos que o governo sencial. Como já afirmei, os demais ganizações da sociedade civil que
federal tem aplicado na área so- direitos constitucionais básicos do se dedicam à questão, além, natu-
cial são a prova de seu compro- cidadão, como o direito à saúde, ralmente, da estreita colaboração
misso com o combate à pobreza e educação e trabalho, ficam com- dos estados e municípios, que são,
à redução das desigualdades; mui- prometidos sem o direito ao trans- dentre os entes públicos, os que
tos estados e municípios têm agi- porte público. É preciso conside- mais sofrem e sentem as agruras des-
do no mesmo sentido e com o rar, entretanto, que essa questão do sa questão.
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Transporte
Ônibus-trem
Agora, por exemplo, da Zona integração representa o mais
Oeste do Rio para o Centro da cida- baixo custo do Grande Rio
de, com a integração ônibus-trem- por quilômetro, levando-se
-ônibus, o usuário gasta apenas em conta o deslocamento total”, ex-
R$ 4,00 ida e volta, em vez dos plica Lélis. No início de fevereiro, a
R$ 9,70 gastos anteriormente. Ou integração trem-ônibus chegou à no percurso alternativo da atual li-
seja: uma economia mensal de Saracuruna, em Duque de Caxias e nha de ônibus Itaipu-Castelo, que dá
R$ 114,00. “Um dinheiro que pode Deodoro. Quem embarca em qual- ao usuário a opção de embarcar em
ser usado para outros fins, como saú- quer estação desses ramais da SuperVia ônibus até a estação de Charitas e
de ou lazer, e que mostra que inves- pode usar os ônibus que partem da seguir para o Rio em Catamarã, pa-
tir no transporte público é uma ma- Central do Brasil em direção ao Cen- gando R$ 4,50, ou seguir até o Rio
neira rápida e eficaz de redistribuir tro pagando só R$ 2. A medida signi- no ônibus, sem fazer a integração,
renda”, afirma o presidente do Rio fica economia diária de R$ 2,50. pagando R$ 4,00. A grande vanta-
Ônibus, Lélis Teixeira. O sistema, gem em optar pela integração é a
possível através de parceria entre o economia de tempo. “Estamos aten-
Rio Ônibus e a Supervia, está em Ônibus-barcas dendo uma reivindicação antiga dos
funcionamento na região desde o dia Em Niterói, no trajeto que liga a moradores da Região Oceânica”,
17 de janeiro, beneficiando três mi- Região Oceânica ao Centro do Rio, afirma a gerente comercial da Via-
lhões de pessoas por mês. Ônibus de o bilhete da integração ônibus- ção 1001, Cristiana Cury. Outras
30 linhas, operadas pelas empresas -catamarã custa R$ 8,00 e o tempo duas linhas de ônibus fazem inte-
Santa Sofia, Zona Oeste, Jabour, de viagem foi reduzido pela meta- gração com a estação Charitas: Fon-
Pégaso, Ocidental e Algarve, que de, de duas para uma hora. O servi- seca-Charitas, da Viação Ingá, e Cen-
cobrem 44 itinerários, fazem a ço, que também começou a funcio- tro-Jurujuba, da Viação Miramar.
integração com o trem, na estação nar no dia 17 de janeiro, está sendo
Campo Grande. Ao desembarcar na operado pela concessionária Barcas
Central do Brasil, o usuário pode S.A e a Viação 1001, que fazem a Ônibus-metrô
embarcar em ônibus circular para 12 integração ônibus-catamarãs, na li- O processo de integração entre
pontos no Centro do Rio. “Esta nha hidroviária Charitas-PraçaXV e os modais começou entre a estação
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do Estácio e a Rodoviária Novo Rio. Castilho à Ilha do Fundão, benefi- intermináveis engarrafamentos. Nos
Em setembro do ano passado, en- ciando alunos, funcionários e pro- trens e metrôs a demanda cai propor-
trou em operação a Linha Expressa, fessores da UFRJ. Em 11 de dezem- cionalmente ao crescente uso do
ligando a Usina e a Muda, na Tijuca, bro, nova integração metrô-ônibus transporte individual e do transporte
ao metrô da Praça Saens Peña. O colocou a população dos bairros clandestino. Este modelo é insusten-
usuário paga R$ 2,00 para embar- Cosme Velho e Laranjeiras mais per- tável para a cidade, já que não exis-
car em ônibus em um desses locais, to da estação do metrô do Largo do tem vias suficientes para dar vazão à
descer na Praça Saens Peña e de- Machado. Dois dias depois, foi a vez crescente frota de automóveis”, ex-
pois embarcar no metrô ou no sen- da interação entre Sepetiba e a esta- plica. Segundo Lélis, o quadro des-
tido inverso. “Para mim foi uma ma- ção de Coelho Neto. Em 8 de janei- crito seria irreversível sem investimen-
ravilha. Além do conforto do ar con- ro, começou a funcionar a Estácio- tos no transporte urbano. “Mas, o fato
dicionado, passei a economizar qua- Rio Comprido, com cinco mi- de a operação dos transportes no Rio
se R$ 3,00 no trajeto de ida e volta croônibus com ar condicionado da ser 100% privatizada, permitiu aos
do trabalho. Também economizo linha 401 da empresa Alpha. De operadores ajustar entre si medidas
com a passagem da minha empre- acordo com o Metrô Rio, 60 mil que viabilizaram a integração modal”,
gada. E até para as pessoas irem na pessoas por dia utilizam as Linhas afirmou. Novas integrações serão
minha casa ficou muito mais práti- Expressas, chegando às estações atra- inauguradas. Em três meses, deve en-
co”, afirma a advogada Christianni vés de sete linhas de ônibus. trar em funcionamento sistema ligan-
Viggiano, moradora da Usina. No dia do ônibus às estações de trem de San-
25 de setembro, foi inaugurada ou- ta Cruz, Bangu e Deodoro. O metrô
tra Linha Expressa entre os bairros do
Operação 100% privatizada
também ganhará mais uma Linha Ex-
Grajaú e Andaraí e o metrô da Saens Para o presidente do Rio Ônibus, pressa para a estação de São Cristó-
Peña, com tarifa também a R$ 2,00. a integração é mais que uma tendên- vão. “Assim, estamos oferecendo ao
No dia 14 de outubro, metrô e ôni- cia. “Nas ruas, sem corredores seleti- carioca opções eficientes e econômi-
bus integraram a estação de Del vos, os ônibus ficam paralisados em cas de ir e vir por sua cidade”.
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Produtos e serviços
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Capa
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com os dados técnicos do setor.
“Começamos a trabalhar com ín-
dices técnicos. Ninguém podia
contestar o consumo de óleo die-
sel, a quantidade de motoristas e
cobradores, entre outros. Isso para
dar números mais corretos ao
transporte, evitando assim as pos-
síveis distorções”, revela.
José Maria conduziu a Federa-
ção até 1982, quando Narciso
Gonçalves dos Santos assumiu,
tendo como diretor-tesoureiro o
atual presidente do Conselho de Vale-transporte: evolução do papel para o cartão
Administração, José Carlos Reis
Lavouras. Segundo Narciso, admi- tidade, agora como presidente do rificarmos que houve muitas con-
nistrar a Federação hoje é mais Conselho de Administração. quistas e que o transporte por ôni-
complicado. “Na época não ha- Na gestão de Lavouras, grandes bus consegue, no Rio de Janeiro,
via uma forte pressão da impren- avanços foram conseguidos. Ele con- suprir as necessidades de desloca-
sa, não tinha o transporte irregu- sidera que têm sido anos de muita mento da população, fazendo um
lar, não existiam as gratuidades e, luta: “A Fetranspor vem investindo papel que extrapola o de ali-
por isso, era fácil conduzir a Fe- seus esforços na melhoria do servi- mentador, que lhe caberia natural-
deração”, diz. Ele deixou o cargo ço prestado à população, mas esta é mente.”
em 1985, após a compra, em ou- uma tarefa árdua, que envolve a saú-
“Quando assumi a Federação,
tubro de 1984, da sede própria da de financeira das operadoras; o
Federação, na Rua da Assembléia constante aprimoramento da mão- só havia uma funcionária, de
10 – 33º andar. No ano passado, -de-obra; a manutenção cuidadosa nome Amélia Giannini, uma
a sede foi transferida para o 39º e a renovação da frota; e a discus- linha telefônica e alguns
andar do mesmo prédio, na Rua são, com a sociedade e o poder pú- arquivos vazios. Então eu
da Assembléia. blico, dos problemas que afetam o comecei a criar arquivos
setor. Tudo isto em meio a proble- como carregamento de frota,
mas como concorrência do transpor- tarifa, planilha de custo, de
17 anos de liderança te ilegal, gratuidades sem definição
Délio Sampaio Filho foi o suces-
insumos, foi um trabalho
de fonte de custeio, falta de seguran-
sor de Narciso, que assumiu a 1ª ça contra assaltos, depredações e ou-
grande”
vice-presidência. “Quando assumi a tros. Apesar dessas dificuldades, é Délio Sampaio Filho, presidente
Federação, só havia uma funcioná- gratificante olharmos para trás e ve- entre 1985 e 1986
ria, de nome Amélia Giannini, uma
linha telefônica e alguns arquivos va-
zios. Então eu comecei a criar arqui-
vos como carregamento de frota, ta-
rifa, planilha de custo, de insumos,
foi um trabalho grande”, conta
Délio. Em 1986, Narciso assumiu
novamente a presidência, desta vez
como presidente em exercício, já
que Délio Sampaio Filho fora eleito
1º vice-presidente da CNTT, presi-
dida por Camilo Cola. O sexto pre-
sidente a assumir a direção da
Fetranspor foi José Carlos Reis Lavou-
ras, eleito em setembro de 1988 e
que está há 17 anos liderando a en-
• Nº 30 • FEV/MAR 2005 13
Debate e intercâmbio:
hábitos saudáveis
A história da Fetranspor
sempre foi marcada pela demo-
cracia, o debate saudável, a
busca pelo aprimoramento dos
serviços de transportes. Prova
disso foi a criação, no início
da década de 90, das RRHs
(Reuniões de Recursos Huma-
nos), Remans (Reuniões de Ma-
nutenção), Reads (Reuniões de
Administração), Retrafs (Reu-
niões de Tráfego), Remaces
(Reuniões de Meio Ambiente e
Conservação de Energia) e
Recoms (Reuniões de Comuni-
cação Social). Essas reuniões
temáticas de trabalho estive-
ram entre os eventos de maior
destaque realizados pela
Fetranspor. Nelas, se discutiam
os avanços alcançados pelas
empresas e havia grande troca A gestão do vale-transporte são, comercialização e distribuição
de experiência e intenso inter- do vale-transporte à Fetranspor, pos-
câmbio entre os profissionais Em toda a história da Fetranspor,
um fato em especial foi fundamen- sibilitando a unificação dos proces-
dessas áreas. Outra importante sos que envolvem o vale.
iniciativa da Federação nos anos tal para definir os rumos da Federa-
ção nos últimos 18 anos: a obrigato- A Fetranspor passou, então, a
90 foi a criação do Prêmio gerir o vale dentro do Estado do
Daniel Barata, cujo objetivo era riedade das empresas concederem
a seus funcionários o vale-transpor- Rio, sendo exemplo para todo o
estimular a melhoria contínua Brasil, pela implantação de um
das práticas de gestão da quali- te. Isso aconteceu em 1987, com a
aprovação da Lei 7.619. A partir modelo válido em todo o Estado,
dade nas transportadoras. Foram para todos os modais. Essa respon-
realizadas três edições do Prê- daí, caberia aos operadores de
transporte público a emissão e ven- sabilidade exigiu da Federação in-
mio, que era dividido em três vestimentos em tecnologia e pes-
categorias – Turismo e Fretamen- da dos vales. Porém, numa decisão
sensata, todas as operadoras do soal e a criação de um departa-
to, Transporte Rodoviário de Pas-
sageiros, Transporte Urbano e transporte público de passageiros do
Metropolitano. Estado do Rio de Janeiro, incluindo
“Começamos a trabalhar
as empresas de ônibus, as antigas
CBTU, de trens, a com índices técnicos.
Conerj, das barcas, a Ninguém podia contestar o
CTC, empresa de ônibus consumo de óleo diesel, a
estatal, e também o Me- quantidade de motoristas e
trô, delegaram a emis- cobradores, entre outros.
Isso para dar números mais
corretos ao transporte,
evitando assim as possíveis
A Fetranspor foi
distorções”
pioneira no
controle de José Maria Jardim, presidente de
emissão de 1979 a 1982
poluentes
mento exclusivo para gerenciar a em papel, no entanto, coexistirão
comercialização, emissão e distri- na maioria das cidades do Estado
buição do vale-transporte. Para a do Rio. A substituição definitiva de-
distribuição, foi feito convênio penderá da implantação do sistema
com o Unibanco, cuja rede de de bilhetagem em cada município.
agências alcançava quase todo o Outros projetos e ações fazem
Estado. Hoje, cerca de 1,5 milhão a Fetranspor se destacar no cenário
de pessoas no Rio de Janeiro pa- do transporte brasileiro. Entre os tra-
gam a passagem diariamente com balhos desenvolvidos pela Federa-
o vale-transporte. ção em busca de “Melhor Transpor-
te e Melhor Qualidade de Vida” des-
tacam-se os Etransport (Congressos
Evolução tecnológica sobre Transporte de Passageiros) e
Com a implantação do sistema Fetransrio (Feira Rio Transportes),
de bilhetagem eletrônica no Estado o Projeto Economizar, o Programa
do Rio de Janeiro, o vale-transpor- Alcoolemia Zero, o Programa
te em papel está sendo substituído Transporte Acolhedor, o Prêmio
pelo vale-transporte eletrônico. A Alberto Moreira, bem como as
Fetranspor continuará, por delega- ações de responsabilidade social
ção das operadoras, emitindo, junto a ONGs, associações e de-
comercializando e distribuindo o mais entidades conhecidas por seus
vale eletrônico em forma de cartão. trabalhos em prol de uma socieda-
Em janeiro de 2005, ao completar de mais justa e humana.
50 anos, a Fetranspor iniciou a
comercialização do vale- “... é gratificante olharmos
-transporte eletrônico e, para trás e verificarmos que
já no segundo trimestre,
houve muitas conquistas e
na cidade do Rio de Ja-
neiro, o modelo em pa- que o transporte por ônibus
pel deixará de existir. O consegue, no Rio de Janeiro,
vale eletrônico e o vale suprir as necessidades de
deslocamento da população,
fazendo um papel que
Campanhas como extrapola o de
a do personagem alimentador, que
Prudêncio lhe caberia
demonstram a
preocupação com
naturalmente”
a segurança no José Carlos
trânsito Lavouras,
presidente de
1988 até o atual
“Na época não havia uma momento
forte pressão da imprensa,
não tinha o transporte
irregular, não existiam as
gratuidades e, por isso, era
fácil conduzir a Federação”
Narciso Gonçalves dos Santos,
presidente de 1982 a 1984 e de
1985 a 1988
uando a Caprichosos de
Pilares entrou na avenida
para mostrar seu enredo
“Carnaval, Doce Ilusão – A Gente
se Encontra Aqui, no Meio da Mul-
tidão! 20 Anos de Liga”, por volta
das 20h do dia 7 de fevereiro, o
coração dos integrantes da escola
bateu mais forte. Mas, bateu tam-
bém com mais saúde. É que duas
semanas antes, entre os dias 21 e
24 de janeiro, os sambistas da azul
e branca ganharam, da Fetranspor,
um check up completo, com exa-
mes de sangue, eletrocardiograma,
ausculta cardíaca e aferição da
pressão arterial. O projeto “Sam-
bando com Saúde”, uma parceria
da Federação com a escola de sam-
ba de Pilares, atendeu foliões com
idade acima de 50 anos, da ala das
baianas, bateria, harmonia, velha
guarda e do departamento femi-
nino, além dos três casais de mes-
tre-salas e porta-bandeiras, dos in-
térpretes e de toda a diretoria da
escola.
A idéia, pioneira na história do
carnaval, partiu do presidente da
Caprichosos, Paulo de Almeida, que
também se submeteu ao check up.
“Os últimos acontecimentos no
mundo do esporte, ligados à ques-
tão da sáude, nos despertou para
essa necessidade. Fatos como esses
têm um efeito dominó. Começou no
futebol, passou para o atletismo e é
fácil chegar ao samba. Por isso, re-
solvemos cuidar do coração dos nos-
sos componentes, para que a esco-
la pudesse fazer um bom desfile e
ser a campeã do coração”, disse o
presidente. O diretor de bateria,
Wagner Oliva Pereira, o Zumbi, de
16 Nº 30 • FEV/MAR 2005 •
26 anos, convocou seus
instrumentistas mais velhos para fa-
zer os exames. Auxiliar de enferma-
gem, Zumbi sabe da importância do
bom preparo físico e alimentar para
o dia do desfile. “A bateria é a pri-
meira a entrar na avenida e a últi-
ma a sair. Alguns instrumentos são
pesados e quando a gente entra, sol-
ta a adrenalina”, explicou. Quanto
ao seu coração, ele garante, “está
100% azul e branco”.
Entre os 120 integrantes da Ala
das Baianas, metade tem mais de
50 anos e compareceu à quadra da
escola para fazer os exames. “A rou-
pa é muito pesada e quente. Isso
cansa. Temos que nos preparar”,
explicou a vice-presidente da Ala,
Zilah Cardoso Reis, 73 anos. Para
a baiana Delmira Gomes de
Almeida, 83 anos, 22 netos, 26 bis-
O presidente da Caprichosos, Paulo de Almeida, com a madrinha da
netos e seis tataranetos, esse servi-
bateria, Luma de Oliveira
ço é importante. “Acima de tudo,
temos que estar
com a saúde em dia
e mostrar alegria”,
afirmou. A também
baiana Meires Can-
to Viana, 71 anos,
adorou a iniciativa
da escola. “Sou
muito nervosa. O
carnaval me deixa.
No dia do desfile,
então... Se a gente
não estiver com o
coração bom pode
O diretor de marketing da Fetranspor, João Augusto
acontecer alguma
Monteiro (atrás) e Paulo de Almeida com integran-
coisa”, disse.
tes da Caprichosos
Uma unidade
móvel, duas médi-
cas especialistas em clínica médi- panhar os casos mais críticos. O
ca e cardiologia e um laboratório maior problema, sem dúvida é
fizeram plantão na quadra da Ca- pressão arterial alta e tabagismo”,
prichosos durante os quatro dias revelou a médica Luciana Plácido.
do Projeto “Sambando com Saú- Ex-fumante, Silvio Acarias de Sou-
de” e atenderam cerca de 300 in- za, 68 anos, desde os 23 na Capri-
tegrantes da azul e branca. “Com chosos e hoje integrante da velha
esse trabalho, a escola diminuiu o guarda, aplaudiu a idéia. “É bom
risco de ver alguns de seus compo- demais da conta. Na hora do des- Componente da ala das baianas
nentes passando mal na avenida. file, a gente fica emocionado. O é submetida a eletrocardiograma
O que fazemos é orientar e acom- coração tem que agüentar”.
• Nº 30 • FEV/MAR 2005 17
Tecnologia
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la. É só passar o cartão que imedia-
tamente podemos rodar a roleta”,
diz. A empacotadeira da Fábrica de
Massas Vitória, Vilma Souza Santana,
vai mais longe. “Com o cartão a gen-
te não tem como gastar em outras
coisas. E também vai acabar com
essa pirataria nas ruas. A gente quer
pegar o ônibus e ficam essas vans e
kombis na frente, atrapalhando. Vai
acabar com isso”.
Manual de utilização
Para divulgar o processo de com-
pra e utilização do vale eletrônico, a
Fetranspor realizou, no final de de-
zembro, no Guanabara Palace Ho-
tel, evento em que reuniu as 40 em-
presas que mais compram vale-trans-
porte no Estado do Rio. Na ocasião,
Arthur Cesar e o coordenador da
bilhetagem da Fetranspor, Marcos
Rodrigues Silva, explicaram o passo
a passo da nova tecnologia. Em se-
guida, a Fetranspor colocou à dis-
posição das empresas compradoras vale-transporte eletrônico conven- cartão eletrônico. Em breve, trens e
do vale-transporte, em arquivo digi- cional como o vale-rápido e traz da- barcas estarão equipados com os
tal, o Manual do Comprador do Vale- dos sobre o sistema de bilhetagem, validadores, equipamentos instala-
Transporte Eletrônico, no site da en- ensina como utilizar o cartão, bem dos nos ônibus e estações de em-
tidade. O Manual traz todas as infor- como informa prazos de validade, barque para fazer a leitura dos car-
mações sobre como adquirir tanto o formas de adquirir créditos e fazer a tões para débito de tarifas e recarga
recarga, entre outras coisas. de créditos. No Estado, o sistema de
Além dos ônibus da cidade do bilhetagem eletrônica está em ope-
Rio de Janeiro, o metrô também já ração também em Teresópolis e na
está recebendo o vale-transporte em Região dos Lagos.
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Meio ambiente
ontar com uma política ener- ção, visitas a escolas, das quais resul-
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Gratuidade
No site do
Conpet, o robô
Ed responde a
perguntas
sobre meio
ambiente e Lei 4510, que estabe-
recursos lece o passe livre nos
energéticos.
ônibus intermu-
nicipais para estudantes da
rede estadual de ensino e
para portadores de neces-
caso das escolas técnicas, é realiza- sidades especiais no Estado
do trabalho separado com profes- do Rio de Janeiro, foi sancio-
sores e alunos. Estes, além de pales- nada pela governadora Ro-
tra sobre o tema, assistem ao show sinha Garotinho, dia 13 de ja-
de energia, que é acompanhado de neiro, e publicada no Diário Ofi-
uma mostra de ciências. Os profes- cial no dia seguinte. Com isso, se-
sores são preparados para explicar rão criados o vale-educação – para emitidas em função do início e
as razões dos fenômenos observa- os estudantes, emitidos pela Secre- término das aulas. Para cada
dos e esclarecer dúvidas. vale será atribuído o valor de
taria Estadual de Educação e dis-
Está nos planos a ampliação da R$ 1,00, independentemente da
tribuídos pelas escolas – e o vale-
etapa pós-visita, com estabelecimen-
-social – para deficientes e doen- linha ou serviço utilizado. Ao
to de premiações e atividades que
tes crônicos, emitido mediante pagar os tributos estaduais, no fi-
estimulem trabalhos sobre o tema.
apresentação de laudo médico, nal do mês, as empresas entrega-
Até o final do ano passado, o
comprovando necessidade de des- rão os vales ao Estado, que servi-
Conpet na Escola, que iniciou seu
trabalho pelas metrópoles e capitais locamento para tratamento, e tam- rão como moeda para pagar o
do país, exatamente onde o consu- bém para o acompanhante. ICMS. A nova lei regulariza
mo energético é maior, apresenta- Os vales poderão ser utili- impasse antigo, causado por
va números significativos: visitas a zados nos ônibus intermu- outras leis que não especifica-
3.800 escolas, em 350 municípios, nicipais, metrô, trens e barcas. vam a fonte de custeio do pas-
atingindo cerca de 5 mil professo- Os estudantes terão direito a 60 se livre e já foram suspensas
res e 2,3 milhões de alunos. Pode- viagens por mês, exclusivamen- pela Justiça. Porém, foi vetada
se dizer que o projeto mostra te no trajeto entre a casa e a es- emenda que estendia o benefí-
“conpetência” na sensibilização dos cola, durante o período letivo, cio a estudantes das redes fe-
cidadãos brasileiros do futuro. reduzindo-se as quantidades deral e municipal.
• Nº 30 • FEV/MAR 2005 21
ara 53% da população da população. Apesar de o ônibus con- guida vem o automóvel, com 16%,
Região Metropolitana do tinuar sendo o meio mais utilizado o metrô com 11%, o trem com 9%,
Estado (Rio de Janeiro, Nova nos deslocamentos de 81% dos en- táxi com 3%, barca e aerobarco com
Iguaçu, Belford Roxo, Queimados, trevistados, esse índice diminuiu no 2%. Outros 2% disseram utilizar ou-
Duque de Caxias, São João de Meriti, último ano. Na pesquisa realizada tros meios de transporte e 3% não
Niterói e São Gonçalo) o ônibus ain- em 2003, era de 89%. As vans estão utilizam nenhum.
da é o meio de transporte mais aces- em segundo lugar, sendo utilizadas Entre os usuários freqüentes dos
sível. A informação é da pesquisa de por 31% dos entrevistados. Em se- ônibus, 50% declararam também
opinião pública sobre transporte co-
letivo, realizada pelo Ibope, a pedi-
do da Fetranspor, no segundo semes-
tre de 2004. A perda de mobilidade
por parte da população, em função
da falta de recursos financeiros, foi
outro ponto tratado pela pesquisa. A
maioria dos entrevistados – 64% –
afirmou já ter deixado de viajar de
ônibus para economizar a passagem.
A informação não surpreende. Se-
gundo dados do IPEA, 56 milhões de
brasileiros hoje estão excluídos dos
transportes públicos por não terem
condição de pagar a tarifa.
A pesquisa também apurou quais
os transportes mais utilizados pela
22 Nº 30 • FEV/MAR 2005 •
22
nhas de metrô (24%), seguida da re- -transporte conseguiu novamente
dução do número de vans (13%) e alto índice de aprovação. Oitenta
da limitação do acesso de automó- e três por cento das pessoas entre-
veis às áreas mais congestionadas vistadas que recebem o vale afir-
(9%). Quanto às gratuidades, 92% maram estar satisfeitas ou muito sa-
dos pesquisados acham que gover- tisfeitas com o benefício.
no e prefeituras devem pagar a pas- A pesquisa do Ibope foi realiza-
sagem de idosos, estudantes e por- da em setembro do ano passado,
tadores de necessidades especiais. com 1.512 entrevistados, que repre-
Esse índice vem crescendo a cada sentam um universo estimado de
ano. Em 2002, eram 85% e, em 6.269.431 pessoas com idade entre
2003, 89%. 16 e 64 anos, residentes na Região
Já sobre as áreas que deveriam Metropolitana do Estado do Rio de
usar o transporte alternativo feito ser prioridades para o Governo do Janeiro, usuários ou não de ônibus.
por vans. Como no ano passado, a Estado, apenas 2% das pessoas en-
principal razão apontada foram as trevistadas acham que é o transpor-
viagens mais rápidas. A diferença é te. Em primeiro lugar, com 41%
que esse índice cresceu de um ano dos votos, vem a saúde, depois o
para o outro – 76% em 2004 e 67% desemprego, com 28%, seguran-
em 2003. O segundo motivo – ça, com 13%, educação, com
maior oferta de vans do que de ôni- 10%, e água e esgoto, empatados
bus – caiu de 50%, na pesquisa de com transporte. Com esse índice,
2003, para 36% em 2004. Ainda na transporte, água e esgosto estão
comparação vans e ônibus, o risco em penúltimo lugar na lista, na
de acidentes foi apontado esponta- frente apenas de habitação, o que
neamente por 48% dos entrevista- pode ser considerado positivo
dos como o ponto mais desfavorá- para o setor.
vel às vans. O segundo foi o des- Na qualificação do transpor-
conforto, com 23%. te por ônibus, o percentual dos
Para reduzir os engarrafamen- que consideraram o serviço de
tos e a perda de tempo nos deslo- má qualidade caiu em 4% (de
camentos casa-trabalho, 40% dos 32% para 28%). Sobre o trata-
entrevistados disseram que a melhor mento dispensado por motoristas
alternativa seria a adoção de corre- e cobradores, 36% consideraram
dores expressos, com faixas seleti- bom ou muito bom e 40% disse-
vas para ônibus. A segunda solução ram não ser bom nem ruim. E,
apontada foi a criação de novas li- como já era esperado, o vale-
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23
TERMINAL
24 Nº 30 • FEV/MAR 2005 •
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