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sumário

opinião Ana Lúcia Monteiro


Gratuidades: dever do Estado e da sociedade ____________ 6
pesquisa deslocamentos
Pesquisa divulga gastos do brasileiro com deslocamentos ____ 8
planejamento de transporte
Estado do Rio lança Plano
Diretor de Transporte Urbano ________________________ 10
8
entrevista Willian de Aquino
Falta de prioridade para o transporte público
aumenta custos operacionais e tarifas _________________ 12
meio ambiente
EconomizAR: um projeto que garante ar
mais limpo em nossas cidades _______________________ 14
inovação tecnológica
UFRJ constrói primeiro ônibus a hidrogênio do país _______ 17
integração entre modais
Transantiago vai mudar transporte na capital chilena ______ 18 12
série histórica Nilopolitana
Um orgulho a mais para o povo de Nilópolis ____________ 20
transporte público
O fim do Vale-Transporte em papel no Rio de Janeiro ______ 23
rodoviário de talento público
Sônia Silva: do ônibus à bienal do livro ________________ 24
seções
Crônica: Tânia Mara _______________________________ 4
Cara Fetranspor __________________________________ 4
Editorial: José Carlos Reis Lavouras ____________________ 5
Produtos e serviços _______________________________ 25 14
Terminal _______________________________________ 26

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crônica Tânia Mara cara Fetranspor

Da janela vê-se o Corcovado, "Estou representando o meu Estado, ou seja, sou o


primeiro busólogo do Maranhão."

o Redentor – que lindo! Elói José de Souza Neto – MA


Seu pedido vai ser atendido, Elói. Parabéns por se
Estava eu no metrô, em pé, ao lado de um grupo de ado- tornar o primeiro busólogo da sua terra. Continue
lescentes. Todas mulheres, com mochilas nas costas, a cami- lendo a revista "Ônibus".
nho do colégio. Falavam sem parar, como é natural em nós,
seres do sexo feminino. A toda hora soltavam-se do ferro a
que nos apoiávamos, para gesticular, como também faz parte "Por que só falar de economia de combustível na
do nosso jeito de ser. Eu não conseguia deixar de prestar aten- Viação Mauá, se os busólogos estão pedindo é uma
ção na conversa. Afinal, não sou surda e a curiosidade tam- reportagem completa com esta empresa?"
bém faz parte da natureza feminina. Falavam de tudo um Edmar Coutinho dos Santos, São Gonçalo – RJ
pouco: moda, namoro (desculpem: estou traduzindo para a
Esta edição traz uma matéria sobre a Viação Mauá.
linguagem do meu tempo; elas falavam em quem estava Embora seja exatamente sobre o programa de eco-
“ficando com” ou “pegando quem”), provas, baladas etc. nomia de diesel, acreditamos que você vai gostar,
E eu lá, exercendo a minha vocação para tentar perscrutar Edmar, pois o texto dá uma boa idéia da forma como
o comportamento humano. Gosto de prestar atenção nas pessoas na rua, nos a empresa trata seus funcionários e busca melho-
restaurantes, no ônibus, no metrô... Suas atitudes, aparências e posturas me rar sempre.
levam a criar verdadeiros enredos.
Mas, voltando à conversa das minhas companheiras de viagem, um assunto
chamou-me atenção especial, pelo fato de lidar em meu dia-a-dia com as ques- "Da 10ª Carta do Rio (Transportar é Preciso), es-
tões da mobilidade. É que uma das meninas disse adorar andar de metrô, por ser peramos que estas mensagens saiam da Carta,
um transporte que não enfrenta congestionamentos. Ao que a outra rebateu: para serem colocadas em prática, ganharão to-
– Pois eu só ando nele quando não dá tempo de ir de ônibus, justamente por dos, que são: o Poder Público, o transporte e os
causa dos congestionamentos. Sem dúvida, o metrô tem essa vantagem. Mas o passageiros".
ônibus para mim é fundamental. Gosto de olhar a paisagem. Marcelo Silva Dionízio, Bangu – RJ
Surpreendi-me com a concordância das outras duas que compunham o
Gostamos muito de saber como participou intensa-
grupo, embora reconhecessem no metrô um bom meio de transporte (e não
mente do nosso Etransport e da Fetransrio, Marce-
estou aqui querendo desmerecer nenhum modal, todos são importantes den-
lo. E que se preocupa tanto com as questões do
tro de um sistema de transporte organizado), pois detectei nessas jovens tão
transporte. Também torcemos para ver todas as
aparentemente diferentes de nós, jovens de outras épocas, a mesma necessi-
propostas de melhoria do transporte público viran-
dade poética de ver o céu, admirar o mar. Elas se referiam à beleza da cidade
do realidade.
do Rio de Janeiro e eu não podia deixar de concordar, lembrando-me das
músicas ainda hoje cantadas – aqui e no exterior – que falavam, nos anos 60,
em “sal, céu, sul” ou “Rio, seu mar, praias sem fim”. Sorri por dentro, ao "Eu gostaria, se possível, de fazer também uma
verificar que a poesia do barquinho na manhã de sol, do Corcovado visto pela assinatura..."
janela ainda faz parte da vida das cariocas. Achei interessante o fato de nunca
Juliano Magalhães Ortega, Jardim Catarina,
ter imaginado essa janela de que fala o samba posicionada num ônibus, mas
São Paulo – SP
num edifício de apartamentos. Logo argumentei, comigo mesma, que é porque
a letra fala num “cantinho, um violão”, o que nos remete a um apartamento ou Você vai passar a receber seus exemplares, Juliano.
uma casa. Mas a idéia da paisagem em movimento, vista pela janela de um E boa leitura!
coletivo, nunca me passara pela cabeça como motivação para escolha do meio
de transporte, na conturbada rotina do carioca. Correspondências para esta coluna devem ser encami-
O convívio com gente é sempre enriquecedor. Mesmo quando fortuito, nhadas para: Revista Ônibus – Rua da Assembléia, 10,
39º andar, Centro, Rio de Janeiro – RJ. CEP. 20011-901,
mesmo quando se presta atenção na conversa alheia. Afinal, na vida, como diz ou para o fax
o ditado, fora o motorista e o cobrador, é tudo passageiro... menos os sentimen- (21) 2531-3711 ou, ainda, para o e-mail
tos, que permanecem os mesmos, desde que o homem é homem. decom@fetranspor.com.br.

Revista Ônibus 4
editorial José Carlos Reis Lavouras

O preço da qualidade e a
necessidade de sobrevivência
Nesta edição, Revista Ônibus circula com nova rio manter outros reajustes no mesmo patamar. É
aparência, com projeto gráfico mais arrojado e mo- fácil verificar-se que, a partir do combustível, pas-
derno, no interesse de agradar aos leitores, ofere- sando pelas carroçarias e peças de reposição, os
cendo uma leitura mais agradável, ilustrada com aumentos dos itens que compõem os custos de
maior número de fotos e gráficos. A inovação segue uma transportadora foram superiores à inflação.
a filosofia desta Federação, de busca constante pelo Outro conceito erroneamente disseminado é o de
aprimoramento. que, por prestar serviço público como concessioná-
Se esta é a atitude com relação ao veículo de rio, o empresário deve arcar com os ônus da
comunicação, mais ainda no que se refere aos ser- gratuidade. Alegam os defensores desta idéia que
viços prestados pelas empresas associadas ao Sis- "a empresa já tem grandes lucros". Qualquer au-
tema Fetranspor. Em seus 50 anos de existência, a toridade, técnico ou conhecedor dos assuntos liga-
Federação vem lutando pela melhoria contínua, in- dos ao transporte sabe que o setor, em âmbito na-
centivando seus sindicatos e empresas a empreen- cional, vive crise sem precedentes. A queda do nú-
derem ações voltadas para o mero de passageiros, a concorrência com o trans-
investimento em programas porte ilegal, os pesados tributos pagos aos três
Muitas afirmações são
de recursos humanos, de ges- níveis de governo e as gratuidades sem fonte de
repetidas, como verdades, a tão pela qualidade, de con- custeio vêm causando prejuízos de grande mon-
trole de emissão de ta e até inviabilizando muitas transportadoras.
cada reajuste tarifário dos poluentes, de aprimoramen- Por força de leis assistencialistas que oneram
to do atendimento ao cliente especificamente o transporte, criaram-se tais
serviços de ônibus. No e de prevenção de acidentes, argumentos. No entanto, se raciocinarmos sobre
as companhias que operam outros serviços pú-
entanto, não passam de mitos entre outros.
Apesar de todos esses blicos - como telefonia, fornecimento de água e
– inverdades aceitas como esforços, a imprensa carioca esgoto, energia elétrica - veremos que não exis-
tem dedicado, nos últimos te serviço gratuito para faixas de idade específi-
realidades à força da dias, grandes espaços ao cas, para portadores de doenças ou de deficiên-
questionamento quanto à cias físicas, ou, muito menos, para categorias pro-
repetição, por justiça ou não de reajustes fissionais, como costuma acontecer com o trans-
desconhecimento, de falsos tarifários autorizados, tanto porte em nossas cidades.
no sistema municipal da ci- Não interessa ao transportador uma tarifa que
conceitos dade do Rio de Janeiro, quan- leve o seu passageiro a optar por uma viagem a
to no intermunicipal. pé. Mas existe uma realidade: oferecer serviço
Muitas afirmações são diuturno, regular, constante, que requer investimen-
repetidas, como verdades, a cada reajuste tarifário tos, tem custos. E não há subsídios. Portanto, resta
dos serviços de ônibus. No entanto, não passam de ao empresariado do setor, vítima desta situação
mitos - inverdades aceitas como realidades à força nos últimos anos, como alternativa imediata úni-
da repetição, por desconhecimento, de falsos con- ca, a reposição dos prejuízos via reajuste tarifário.
ceitos. Um deles é o de que a tarifa teria de acom- Espera-se que, em futuro próximo, políticas públi-
panhar os índices da inflação registrada no período. cas de priorização do transporte coletivo corrijam
Para que isso fosse razoável e justo, seria necessá- todas as distorções.

5 Revista Ônibus
opinião Ana Lúcia Monteiro*

Gratuidades: dever do
Estado e da sociedade
Ao analisarmos o teor do Artigo 5º da Consti- cos e das contribuições sociais dos empregado-
tuição Federal, o qual estabelece que todos são res e trabalhadores, conforme determina o art.
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 195 da CF e não da forma que é exercida atual-
natureza, podemos extrair duas interpretações ló- mente no sistema de transporte público urbano
gicas: uma é que não pode existir uma norma que do país, onde a tarifa é custeada pelos usuários
viole o citado mandamento, seja sob qualquer ale- pagantes do sistema.
gação; duas é que o legislador ao elaborar uma Em um sistema que transporta diariamente
nova lei, deve reger com iguais disposições para mais de 50 milhões de passageiros, há uma parte
todos, com os mesmos ônus e as mesmas vanta- discriminada (usuários pagantes) e outra benefi-
gens, ou seja, em situações idênticas. ciada (possuidores de gratuidade) cada vez maior à
Como exceção ao art. 5º, a Constituição Federal proporção que cresce o número de legislações con-
prevê a possibilidade do transporte gratuito nos co- cedendo o benefício da gratuidade a um sem nú-
letivos urbanos aos maiores de 65 anos. É bom ano- mero de usuários, nem sempre carentes. O que de-
tar – maiores de 65 anos e coletivos urbanos. E é vemos ter em mente é que qualquer que seja o
bom atentar que essa disposição está vinculada a benefício que se queira dar, a sociedade como um
um comando: a do caput do art. 230 que estabelece todo tem que arcar com seu custeio.
que a família, a sociedade e o Estado têm o dever de O modelo atual de financiamento das gratuidades
amparar as pessoas idosas. tira recursos das pessoas de baixa renda para trans-
Assim, o amparo é dever não só do Estado, mas ferir para segmentos mais favorecidos da sociedade,
também da família e da sociedade. Do Estado, pes- que nada arcam com o custeio do sistema de trans-
O modelo atual de soa jurídica, que autoriza, concede ou permite, me- porte urbano. Modelo que não atende a legislação
diante um contrato, a linha de transporte e adminis- constitucional vigente e não possui definição de cri-
financiamento das tra os orçamentos públicos em nome da sociedade. térios lógicos e justos fazendo com que, cada dia
No Brasil é comum a prática de legislações con- mais, a população carente faça parte do universo dos
gratuidades tira cedendo descontos ou isenções completas sobre o “excluídos socialmente” promovendo, na realidade,
pagamento da tarifa de transporte coletivo urbano uma verdadeira injustiça social.
recursos das pessoas beneficiando determinadas categorias de usuários, Felizmente, já temos, atualmente, legislações e
sob a alegação de se realizar justiça social. Com decisões judiciais que respeitam a ordem jurídica
de baixa renda para esta prática, porém, a justiça social está longe de natural dos contratos, impondo gratuidades, porém
ser atingida, pois o Estado ao conceder a gratuidade também estabelecendo fonte de custeio. Como
transferir para a uma determinada categoria de usuários está pe- exemplo mais recente temos a Lei Estadual do Rio
segmentos mais nalizando, diretamente, os demais usuários pagantes de Janeiro nº 4.510/2005 e a Lei Municipal nº
do sistema. Quanto maior for o número de 6.810/2005 de Maringá-PR que custearão o passe
favorecidos da gratuidades no sistema, menor será o número de do estudante com recursos públicos. Já o TJMT de-
pagantes e, conseqüentemente, maior será a tarifa clarou inconstitucional leis municipais de Cuiabá
sociedade paga pelo trabalhador brasileiro. que concediam a gratuidade a vários segmentos
Entendemos que toda gratuidade tem natureza sociais, como policiais civis e militares em trajes
jurídica de medida assistencial, ou seja, é prestada civis, entendendo que a concessão de tratamento
a quem dela necessite, conforme determina o art. diferenciado a um grupo de pessoas em detrimen-
203 da CF. Desta forma, a gratuidade, configuran- to de outros grupos fere o princípio de direitos e
do-se como uma assistência social, deve ser garantias individuais.
custeada, necessariamente, por toda a sociedade
com recursos provenientes dos orçamentos públi- * Gerente Jurídica da NTU

Revista Ônibus 6
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7 Revista Ônibus
pesquisa deslocamentos

Ministério das Cidades


divulga pesquisa sobre
deslocamentos da população
O deslocamento da população Transportes Públicos (ANTP). O le-
Gasto com nas cidades consome por ano 6,7% vantamento verificou também
deslocamento do do PIB (Produto Interno Bruto), ou que cerca de 35% da população
seja, R$ 80 bilhões, que corres- brasileira costumam andar a pé
brasileiro é de pondem a aproximadamente em seus principais trajetos, o que
R$745 por R$ 745,00 por pessoa anualmente, outra pesquisa do IPEA, ampla-
entre gastos da sociedade e dos go- mente divulgada, já havia anteci-
pessoa/ano vernos. A informação tem como base pado. Outros 28% usam automó-
dados relativos a 2003, de pesquisa veis, 5%, carro e moto, e os 32%
realizada pelo Ministério das Cida- restantes utilizam o transporte
des e pela Associação Nacional de coletivo.

Revista Ônibus 8
As pessoas que utilizam trans- registram velocidade média de 37,1 mil carros metro-ferroviários). A
porte individual gastam R$ 66,2 bi- km/h, os automóveis de 30 km/h e infra-estrutura especial para pedes-
lhões anualmente em manutenção os ônibus de 20 a 23,8 km/h. Em tres e ciclistas foi considerada “ín-
e operação dos veículos. A poluição relação ao consumo, o deslocamen- fima”: apenas 0,2% do sistema
(R$ 4,4 bilhões) e os acidentes (R$ to com carro, ônibus, moto, metrô e viário total corresponde às vias ex-
4,3 bilhões) custam R$ 8,7 bilhões trem consumiu em 2003 cerca de clusivas para pedestres, e
ao País. Os veículos particulares fo- 9,7 milhões de Toneladas Equiva- as ciclovias ou ciclofaixas
ram responsáveis por 82,6% dos lentes de Petróleo. O consumo esti- correspondem a 0,15% do
Transporte coletivo é
custos do transporte urbano, sendo mado do transporte coletivo foi de sistema. Responsável por
17,4% a participação do transporte 2,669 bilhões de litros de diesel, um terço das viagens urba-
responsável por um
coletivo urbano. Os ônibus são res- enquanto o transporte individual nas, o transporte coletivo terço das viagens, mas
ponsáveis por 90% dos deslocamen- consumiu 9,112 bilhões de litros de tem tratamento prioritário
tos nos municípios com mais de 60 gasolina. em apenas 321 quilôme- só tem prioridade em
mil habitantes considerados na pes- Sobre a infra-estrutura, as áreas tros das cidades pes-
quisa. O metrô e os trens transpor- urbanas dos municípios pesquisados quisadas. 321km nas cidades
tam os 10% restantes da população têm aproximadamente 284 mil Responderam a pes-
que utiliza o transporte público. quilômetros de vias, a maioria pavi- quisa 150 dos 437 muni- pesquisadas
Entre os meios de transporte mentada, por onde circulam cerca cípios com mais de 60 mil
pesquisados, as motos são mais rá- de 19,1 milhões de veículos (13 habitantes. Entre as cidades com
pidas, com velocidade média de 40 milhões de automóveis, 2,5 milhões mais de 500 mil habitantes, o índi-
km/h, enquanto o metrô e os trens de motocicletas, 90 mil ônibus e 3 ce de respostas foi de 70%.

9 Revista Ônibus
planejamento de transporte

Estado do Rio lança Plano Diretor de


Transporte Urbano
Avenida Brasil. Entre as obras e renda superior a 20 salários míni-
melhorias anunciadas pelo secretá- mos. Ou seja, o crescimento da mo-
rio estão a linha 6 do metrô, que vai bilidade é proporcional à renda. O
ligar a Barra a Duque de Caxias, a índice de imobilidade da população
compra de 20 novos trens, com ar da Região Metropolitana do Estado
condicionado, e a reforma de 15 do Rio é de 46,6%, o que significa
composições antigas. Também se- que quase metade da população
rão reestruturados terminais, come- não realiza qualquer viagem.
çando pelo Alberto Fontenele. So- O presidente do Conselho de
bre o sistema de bilhetagem ele- Administração da Fetranspor, José
trônica, Ariston lembrou que, a prin- Carlos Reis Lavouras, esteve presen-
Alexandre O Plano Diretor de Trans- cípio, funcionará apenas na capital, te ao lançamento. Também repre-
José Farah, porte Urbano (PDTU) da Região mas que aos poucos será levado aos sentaram a entidade os diretores
Albuíno Metropolitana do Estado do Rio outros municípios. de Marketing e Comunicação, João
Azeredo,
de Janeiro terá como base a Uma pesquisa origem-destino Augusto Monteiro; Administrati-
Augusto
Ariston, e
integração dos transportes. Lan- domiciliar foi realizada entre outu- vo-Financeiro, Paulo Marcelo
Rogério çado no dia 29 de março, pelo bro de 2002 e dezembro de 2003, Ferreira Tavares; de Operações e
Onofre secretário de Estado de Trans- para servir de base para a elabora- Tecnologia, Arthur Cesar de
portes, Augusto Ariston, o ção do PDTU. Segundo os dados Menezes Soares; e a chefe do De-
PDTU prevê a integração dos apurados, são realizadas 19,9 mi- partamento Técnico, Richele Cabral
meios de transporte como única lhões de viagens por dia, sendo 12,5 Gonçalves.
saída para baratear o custo da po- milhões em modos motorizados
pulação com deslocamento e facili- (metrô, trem, barcas, bonde, ônibus,
tar a vida de quem utiliza o trans- automóvel, táxi, motocicleta, trans-
porte coletivo. Para Ariston, o aces- porte escolar, transporte fretado, ca-
Augusto Ariston: integração
so ao transporte é uma forma de minhão e outros). São chamadas de será saída para baratear
inclusão social e hoje, no Estado do não motorizadas as viagens a pé ou
deslocamentos e facilitar a
Rio, 37% da população andam a pé, de bicicleta. O deslocamento a pé
por não terem condições de pagar representa 33,85% das viagens, vida de quem utiliza
as tarifas. “Muitas pessoas preci- seguido do deslocamento em transporte coletivo
sam pegar de duas a três condu- ônibus do sistema municipal
ções para chegar aos seus locais de (26,39%). Em terceiro lugar está o
trabalho. Não há salário que pague automóvel, com 10,58%.
tarifas tão caras”, afirmou. Outro importante dado confir-
O PDTU-RMRJ prevê a criação mado pela pesquisa está relaciona-
de faixa seletiva para ônibus na Li- do à renda das famílias e sua mobi-
nha Vermelha, nos horários de pico, lidade. A mobilidade varia de um
o que aumentará a velocidade mé- mínimo de 1,46 viagens/habitan-
dia de 20 km/h para 60 km/h. O te/dia em famílias com renda até
controle será feito através de chips dois salários mínimos, para um
e antenas, como os já existentes na máximo de 4,08 nas famílias com

Revista Ônibus 10
11 Revista Ônibus
entrevista Willian de Aquino

Falta de prioridade para o


transporte coletivo
aumenta custos operacionais e tarifas
A Revista ÔNIBUS conversou com o Revista ÔNIBUS – Em pesqui- 68 minutos em coletivos e de 29
sa divulgada pelo Ministério das Ci- minutos em automóveis, apesar da
engenheiro Willian de Aquino, diretor dades e a ANTP, sobre os gastos do distância média de deslocamento
regional da ANTP-RJ, sobre os resultados brasileiro com deslocamentos em de passageiros em automóveis ser
da pesquisa realizada pelo Ministério das 2003, constatou-se o que o setor de de 13 km e dos passageiros em ôni-
transporte de passageiros já vem bus ser de 16 km. Isto leva a um
Cidades e ANTP, a respeito dos gastos do alertando há alguns anos: o fato de aumento dos custos operacionais e,
brasileiro com deslocamentos em 2003, que o transporte coletivo só encontra conseqüentemente, das tarifas, em
tratamento prioritário em 321 quilô- cerca de 10%, onerando a camada
bem como sobre a pesquisa que serviu de
metros das cidades pesquisadas – um de menor poder aquisitivo da popu-
base para a elaboração do Plano Diretor total de 150 cidades, das 437 com lação. A pequena extensão das fai-
de Transportes Urbanos da Região mais de 60 mil habitantes. Quais têm xas e corredores exclusivos ou sele-
sido as principais conseqüências des- tivos para ônibus nas cidades, com-
Metropolitana do Estado do Rio de
ta falta de prioridade para o transpor- provada pela diferença no tempo de
Janeiro. Aquino é Engenheiro Civil, Mestre te coletivo e o que vem sendo feito de viagem em autos e em coletivos, é
em Ciências e Doutor pela COPPE/UFRJ. concreto para consertar este erro, es- a triste resposta ao que se tem fei-
pecialmente no Rio de Janeiro? to para resolver o problema.
Seu currículo como consultor inclui Willian de Aquino – A falta
trabalhos para entidades como BID, OEA e de prioridade tem levado a uma que- Revista ÔNIBUS – O que sig-
BIRD, em vários países da América Latina. da da velocidade média do desloca- nifica dizer que o deslocamento da
mento dos veículos nas áreas urba- população consome 6,7% do PIB?
nas e, conseqüentemente, a um Este número é considerado alto? Se
maior tempo de viagem da po- comparado com outros países, em
pulação, com ênfase daquela que situação o Brasil se encontra
que é usuária dos transpor- neste caso?
tes públicos. Isto faz com Willian de Aquino – Este
que o tempo médio de número vem de um estudo,
viagem em transpor- “Deseconomias Geradas pelos
tes públicos na Região Congestionamentos Urbanos”, de-
Metropolitana seja de senvolvido por ANTP e IPEA, que
calculou o gasto em combustíveis,
tempo de viagem, poluição
ambiental (seus efeitos sobre a
saúde e o meio ambiente) da popu-
lação das cidades brasileiras com
mais de 100 mil habitantes. O des-
locamento não consome 6,7% do
PIB, mas equivale a 6,7% do PIB, ou
seja é um desperdício na economia nuir este número? A integração
nacional,que, se fosse reduzido, o intermodal ou até no mesmo modo
O uso do solo vigente, com favelas e
que se gastaria a menos poderia ser de transporte é uma das saídas?
transformado em aumento de pro-
áreas com precárias condições de
Willian de Aquino – A me-
dutividade ou bem-estar social e lhoria da eficácia na prestação dos urbanização, é uma comprovação
econômico. Em relação a países eu- transportes públicos e a desoneração
ropeus estes valores são muito mais tarifária são dois pontos fundamen- inequívoca de um sistema de casa
altos, pois lá são priorizados os trans- tais para que a população possa usar
portes públicos, mesmo em regiões mais os coletivos do que andar a pé. grande e senzala
onde a taxa de motorização (autos Deve-se frisar que não se está falan-
por habitantes) é muito maior que do em deslocamento a pé para me- trão, mesmo que isto signifique ônus
a nossa média. lhorar a saúde, para dar maior bem-- de tempo, perda de bem-estar e até
estar a ninguém. Ou seja: não se está da saúde do trabalhador. A integração,
Revista ÔNIBUS – Tanto a comparando andar a pé em relação com um sistema priorizado de trans-
pesquisa do Ministério das Cidades a uma vida sedentária. O que se está porte público, com tarifas com me-
como a pesquisa encomendada pelo falando é em dificultar o direito cons- nor incidência de impostos, poderá
governo do Estado do Rio que ser- titucional de ir e vir. O uso do solo contribuir, em muito, para que as
viu de base para a elaboração do vigente, com favelas e áreas com pre- pessoas possam usufruir mais do
PDTU-RMRJ confirmam que mais cárias condições de urbanização, é transporte em seus deslocamen-
de um terço da população das gran- uma comprovação inequívoca de um tos e reduzir sua situação de cami-
des cidades se deslocam a pé ou de sistema de casa grande e senzala, de nhar por falta de capacidade de pa-
bicicleta. No caso do Rio, o que está forma que o trabalhador fique em gar pelo transporte – e por um bom
previsto no PDTU para tentar dimi- uma distância conveniente para o pa- transporte.
meio ambiente

EconomizAR:um projeto
que garante ar mais limpo
em nossas cidades
Ao completar 8 anos de existên- o armazenamento, fazem relatórios
Projeto EconomizAR: cia, o Projeto EconomizAR coleciona que ajudarão a economizar combus-
Alguns números (1° semestre de 2004) bons resultados, pelo Brasil afora. tível e a preservar a qualidade do ar.
Afinal, são 22 estados da Federação No fim, todos saem ganhando.
envolvidos com a missão de usar
combustível de maneira racional e
de controlar a emissão de poluentes.
Brasil dá exemplo de
O Projeto funciona através da
preocupação com meio
adesão de entidades representati-
ambiente
vas de transporte de passageiros e/
ou de carga. Uma vez tomada a de- Em tempos de aquecimento do
cisão de participar, essas entidades planeta, furos na camada de ozônio,
adquirem unidades móveis equipa- efeito estufa e outros sinais de
das com um pequeno laboratório de desequilíbrio ecológico, o Brasil vem
análise da qualidade do combustí- dando alguns bons exemplos, a come-
vel e com um opacímetro, aparelho çar pela utilização de combustíveis al-
capaz de avaliar o nível de emissão ternativos, como o álcool e o GNV, em
defumaça negra (partículas resul- carros de passeio. O biodiesel é outro
tantes da queima incompleta do exemplo. Ônibus híbridos vêm sendo
combustível) dos veículos. Técnicos testados em alguns estados do país e
visitam as empresas transportadoras a Universidade Federal do Rio de Ja-
(ou os pontos terminais,de acordo com neiro trabalha num protótipo de ôni-
a conveniência) fazem a avaliação, bus híbrido movido a hidrogênio. Só o
com o opacímetro, do nível de emis- Projeto EconomizAR vem “tirando”
são através do escapamento dos veí- do ar das cidades brasileiras milhares
culos, analisam o combustível, orien- de toneladas de CO (monóxido de car-
Fonte: Petrobras/Conpet tam quanto a medidas de preserva- bono), CO2 (gás carbônico) e SOx (óxi-
ção da qualidade do mesmo durante dos de enxofre), que deixam de ser
emitidos pelos veículos.
Os procedimentos são muito
simples e vão desde a forma de con-
duzir os veículos até a limpeza dos
tanques de armazenamento do die-
sel. As medições periódicas permi-
tem o controle e os acertos neces-
sários para se atingir a queima com-
pleta. Além da queda drástica no

Revista Ônibus 14
economia de combustível

Programa Motorista Econômico


Mauá proporciona economia
média de 7% ao ano
Implantado há pouco mais de com os resultados mais baixos pas-
um ano, o Programa Motorista sam por treinamento de reciclagem.
Econômico Mauá já proporcionou A cada semestre, os 30 melhores na-
à Viação Mauá a média de 7% quele período são premiados, sendo
em economia de combustível en- que os dez primeiros colocados re-
tre janeiro de 2004, quando foi cebem os prêmios de valores mais do Licelei, os prêmios entregues nes- Motorista
lançado, e janeiro de 2005. O Pro- altos, chamados de “super prêmios”, sas ocasiões ficam em exposição três premiado
grama tem como base a como televisão de 29 polegadas e meses antes do evento, próximos ao gahou
premiação dos motoristas com os DVD para o primeiro lugar; televisão local onde são divulgados os índices. TV 29”
mais baixos índices de consumo de 29 polegadas e jogo de panelas “É interessante como eles acompa- e DVD
de combustível.“Foi a maneira que para o segundo; refrigerador para o nham os números e ficam na expec-
encontramos de estimular nossos terceiro, e assim por diante. Entre o tativa, torcendo...”, diz o assessor.
profissionais. É um trabalho que 11º e o 30º colocados o prêmio, no Segundo Licelei, quando o pro-
tem motivado bastante os moto- primeiro semestre, foi um faqueiro grama foi implantado, em janeiro
ristas”, revela Licelei de Oliveira, e, no segundo, um circulador de ar. passado, a economia foi de apenas
assessor operacional da empresa. Os dois eventos já realizados 1% , comparando com o mesmo mês
O Motorista Econômico Mauá para destacar os 30 motoristas mais do ano anterior. Já em fevereiro, o
funciona da seguinte forma: todo econômicos da Viação Mauá foram índice chegou a 6% e, em março, a
mês, os 80 motoristas que regis- promovidos, em julho de 2004, na 7%. Em agosto, logo após o primeiro
tram os menores índices de con- sede da empresa, e em janeiro pas- evento em que foram entregues os
sumo são premiados com uma sado, no Sest/Senat de São Gonçalo. “super prêmios”, o índice bateu a
cesta básica especial, além da- Além dos profissionais premiados, casa dos 10%. Em novembro, veio o
quela já fornecida a todos os fun- a empresa convida as famílias e os recorde do ano: 11% de economia
cionários. Já os 80 profissionais demais colegas de trabalho. Segun- de combustível.

nível de emissões de poluentes, o


Projeto é responsável por números
muito significativos de economia do
combustível (vide gráfico).
No Rio de Janeiro, a Fetranspor
está iniciando o que chama de “fase
II” do Projeto, que se constitui num
esforço para relacionar o nível de
emissões e a incidência de doenças
do aparelho respiratório, a fim de
mensurar os ganhos para a saúde da
população. O Projeto EconomizAR já
atingiu, só no Estado do Rio de Janei-
ro, o número de 100 mil aferições.

15 Revista Ônibus
meio ambiente

Vera Cruz: Programa de economia de


combustível gera melhores profissionais
vados do Petróleo e do Gás Natural – ses após o lançamento da Cam-
da Petrobras, e foi instituído por um panha, 70% da frota receberam o
Decreto da Presidência da República selo verde. Foram criados, então, o
e regulamentado pelo Ministério das selo dourado e as super-metas. A
Minas e Energia. Seu objetivo é di- empresa passou a premiar todos
vulgar e disseminar ações bem su- os motoristas “dourados” com um
cedidas, incentivando empresas de prêmio especial, além da cesta de
transporte de cargas ou de passa- alimentos e de sua participação no
geiros a melhorar seus métodos de sorteio do super prêmio, que pas-
gestão do combustível e suas práti- sou a variar entre televisão, refri-
cas de manutenção de veículos. As gerador, DVD etc.
seis empresas (três do setor de trans- Com um ano de Programa, a
porte de passageiros e três de car- Vera Cruz realizou evento para
gas) que conquistaram os primeiros comemorar o resultado – 480
Economia lugares no Prêmio conseguiram eco- mil litros de combustível econo-
premiada: O Programa de economia nomizar doze milhões de litros de mizados em 2002 e média aci-
Vera Cruz de óleo diesel, criado pela Auto óleo diesel em 2003. A Vera Cruz ma de 3,05 km/litro no primeiro
ficou em Viação Vera Cruz há três anos, foi responsável pela economia de trimestre de 2003 – e divulgar
2º lugar
tem gerado economia superior 773.385 mil litros em um ano, au- mais um avanço no Programa: a
em
avaliação
a 20% em relação a resultados mentando em 11,8% sua eficiência criação do selo diamante. Desde
nacional anteriores. Segundo o gerente energética. então apenas os profissionais
de Operações da empresa, Jor- O trabalho desenvolvido pela “dourados” e “diamantes” são
ge Fernando Júnior, o programa não Vera Cruz com seus motoristas ba- premiados e concorrem ao super
rendeu apenas redução no consumo seia-se em metas e super-metas prêmio. As metas foram altera-
de combustível. Levou à diminuição para cada tipo de veículo. Inicialmen- das e os selos verdes passaram
no número de acidentes e multas de te, foram criados selos de três co- a ser considerados dentro da mé-
trânsito, no desgaste de pneus e pe- res. O verde indicando que o veículo dia. Houve uma verdadeira revo-
ças, e, principalmente, gerou maior encontrava-se acima da média; o lução, uma mudança cultural den-
tranqüilidade e motoristas menos amarelo dentro da média, mas abai- tro da Vera Cruz, pois o que era
estressados, melhorando a qualida- xo da meta; e o vermelho, abaixo da inicialmente uma meta passou
de de vida dos colaboradores. média. Mensalmente, os profissio- a ser um comportamento da
Por causa de tudo isso, a empre- nais que conquistavam o selo verde maioria dos motoristas. “Desde
sa conquistou, no final do ano pas- eram premiados com uma cesta de sua implantação, o Programa
sado, o segundo lugar no Prêmio Na- alimentos e participavam do sorteio tem gerado resultados surpreen-
cional de Conservação e Uso Racio- de uma televisão. Já os que rece- dentes, superando todos os obje-
nal de Combustível, no segmento de biam o vermelho, eram convocados tivos iniciais. Prova disso é a
transporte de passageiros. O Prêmio para reuniões visando ao aperfei- criação dos selos Dourado e Dia-
é concedido pelo IDAQ, em parceria çoamento. Os veículos de selo ver- mante. Hoje, nossos profissionais
com o Conpet – Programa Nacional melho passsaram por nova avaliação são melhores que há três anos”,
de Racionalização do Uso dos Deri- da manutenção. Menos de seis me- afirma o gerente de Operações.

Revista Ônibus 16
inovação tecnológica

UFRJ constrói primeiro


ônibus a hidrogênio do país
Projeto é Um projeto da Coppe/UFRJ pro-
mete revolucionar a história do
mente, na Ilha do Fundão, passando
a operar experimentalmente numa
ca-se pelo arrojo, que gerou econo-
mia de espaço no interior do veícu-
feito em transporte no Brasil. Trata-se do pri- linha, a ser ainda definida, no ano lo. O design, elaborado pela Escola
meiro ônibus híbrido brasileiro mo- que vem. Uma equipe do Programa de Belas Artes da UFRJ, deu a esse
parceria vido a hidrogênio. Coordenado pelo de Engenharia de Transportes da espaço interno desenho ergonômico.
com professor Paulo Emílio Valadão, che- Coppe acompanhará o desempenho O chassi terá piso baixo, facilitando
fe do Laboratório de Hidrogênio da do veículo. Para viabilizar a experi- o acesso a pessoas com dificuldade
Petrobras, Universidade, o projeto está estima- ência, a Petrobras construirá um de locomoção. O projeto inclui tam-
Caio- do em R$ 3 milhões e deverá ser posto de abastecimento de hidro- bém lugares para abrigar cadeiras
financiado pela Finep. gênio no Cenpes (Centro de Pes- de rodas, alinhadas aos demais as-
-Induscar e O protótipo é fruto de parceria quisa da Petrobras) localizado na Ilha sentos, e uma via especial de aces-
Eletra da Coppe com a Petrobras, maior
produtora de hidrogênio do país, a
do Fundão. O posto será capaz de
produzir o próprio hidrogênio, a par-
so para portadores de deficiência
física.
encarroçadora Caio-Induscar e a tir do gás natural.
empresa Eletra, detentora da
tecnologia do motor híbrido.
Na vanguarda
O ônibus foi projetado para uma
Combustível não
autonomia de 300 km, utilizando
poluente A construção desse projeto co-
apenas a energia de uma pilha mo- loca o Brasil numa posição de van-
vida a combustível, dispositivo utili- O hidrogênio não é poluente, guarda com relação à utilização
zado por estações espaciais e fo- gera pouco ruído e emite apenas dessa nova alternativa energética,
guetes. Deverá ter o tamanho de um vapor d’água. Isso faz do projeto ao lado de integrantes do chamado
coletivo convencional (12 metros de desse híbrido nacional uma grande primeiro mundo, como América do
comprimento) e capacidade para esperança para ecologistas, técni- Norte, Europa e Japão. O coordena-
transportar 109 passageiros, sendo cos e autoridades preocupados com dor do Projeto, Paulo Emílio, destaca
37 sentados. O ônibus híbrido mo- o desenvolvimento sustentável. A como diferencial do ônibus brasi-
vido a hidrogênio vai circular, inicial- engenharia desenvolvida pela equi- leiro o custo – a construção do pro-
pe do Laboratório de Hidrogênio da tótipo brasileiro custa 50% menos
Coppe para a motorização desta- que o valor de venda do similar eu-
ropeu. Para se conseguir essa faça-
nha, a parceria foi fundamental.

17 Revista Ônibus
integração entre modais

Transantiago
vai mudar transporte público na
capital chilena
Nas últimas décadas, o sistema tes da cidade com o objetivo de quilômetros de vias não segregadas.
de transporte público de Santiago, saná-los e, ao mesmo tempo, me- Os investimentos na infra-estrutu-
no Chile, se deteriorou. Os resulta- lhorar a imagem da capital chilena ra chegarão a US$ 114 milhões. Três
dos dessa deterioração incluem junto à população e no cenário mun- tipos de ônibus integrarão a frota
congestionamentos, poluição am- dial. A principal meta do Transan- das empresas que formam os
biental, tempos de viagem cada vez tiago é aumentar a participação do 16 consórcios que substituem as
mais longos, uso crescente do auto- transporte público nos deslocamen- atuais 300 microempresas e irão
móvel, maior consumo de combus- tos da população (há cerca de dez operar o Transantiago. Os veículos
tível, enfim, queda na qualidade anos, 68% dos moradores utiliza- serão classificados de acordo com
de vida dos moradores. O Projeto vam ônibus ou metrô. Hoje este ín- o tamanho. Os do tipo A terão de 8
Transantiago surgiu em meio aos dice caiu para a metade). O plano, a 11 metros e pelo menos duas por-
constantes problemas de transpor- portanto, é fazer com que as pes- tas, uma simples e outra dupla; os
soas deixem seus carros em casa e do tipo B terão de 11 a 14 metros,
voltem a viajar de ônibus ou metrô. duas portas duplas e a dianteira com
Desta forma, o governo espera di- entrada baixa; e os do tipo C terão
minuir os congestionamentos e a mais de 14 metros e, no mínimo,
poluição atmosférica. três portas duplas, com duas entra-
O Transantiago deverá atender das baixas.
a uma demanda de 717 milhões de Cada uma das 16 novas em-
passageiros por ano. A implanta- presas terão entre 200 e 700 ôni-
ção terá início em agosto deste ano bus, com capacidade maior do que
e a conclusão está prevista para os do atual sistema. A idéia é que a
agosto de 2006. Serão 25 quilôme- frota seja diminuída aos poucos, pas-
tros de corredores segregados e 61 sando dos 7.537 ônibus inscritos

Revista Ônibus 18
para 4.657, incluídos os 1.213 veí- viços e de integração dos modos público nessas cidades e cuja prin-
culos novos. Este ano entrarão em de transporte, fazendo a cobrança cipal característica são ônibus de
operação 511 ônibus novos, sendo devida. maior capacidade operando em vias
300 articulados e 211 de 12 metros. Na licitação, uma das exigências segregadas.
Todos com piso baixo, suspensão foi que as tarifas médias sejam se- Nesse projeto do Chile, o Brasil
pneumática e motor Euro 3. Quan- melhantes às atuais, para evitar também tem espaço garantido. Fa-
do a implantação estiver concluída, manifestação contrária da popula- bricantes brasileiros de ônibus já
a nova frota terá 1.002 articulados ção. Outra novidade do Transantiago estão fornecendo veículos que inte-
e 211 ônibus de 12 metros e ainda é que os motoristas terão remune- grarão o Transantiago. A Volvo, por
vai incorporar 14 veículos de 8 ração fixa, independente do núme- exemplo, já vendeu 1.667 ônibus
metros. Doze eixos viários serão ro de pessoas transportadas. Isso vai com carroçarias da Marcopolo,
melhorados. Esses eixos corres- proporcionar menos acidentes de Busscar e Induscar/Caio. Desses,
pondem aos principais trechos das trânsito e maior segurança para os 1.157 são articulados, com 18,5
linhas troncais, que cruzarão a cida- passageiros, já que os motoristas metros de comprimento, quatro por-
de e cobrirão os maiores trajetos. O não precisarão correr de um ponto tas e motor Euro 3. Os outros são
metrô será o elo central do sistema ao outro para fazer mais viagens, modelos convencionais, que serão pro-
e integrar-se-á com os ônibus, faci- nem disputar clientes. O Projeto duzidos na fábrica de Boras, próximo
litando as conexões. Cada serviço Transantiago tem como base o à Gotemburgo, na Suécia, onde está
terá um custo diferenciado e as via- Ligeirinho, de Curitiba, e o sediada a indústria. A Marcopolo for-
gens locais serão as mais baratas. Transmilênio, adotado em Bogotá, necerá a maior parte das carroçarias,
O sistema de cobrança automáti- na Colômbia. Esses foram sistemas todas Gran Viale. São 1.110 unida-
co reconhecerá os valores dos ser- que mudaram a cara do transporte des, incluindo 496 articulados.

19 Revista Ônibus
série histórica Nilopolitana

Um orgulho a mais para


o povo de Nilópolis
Investimentos em tecnologia e reconhecimento ao profissional destacam a Nilopolitana
Nilópolis já ganhou fama em Nilopolitana como nome fantasia. dívidas, negociar com fornecedores,
todo Brasil e no mundo. É lá que Mais tarde, a empresa passou a ser conseguir financiamento para a
“reside” a tri-campeã do carnaval dirigida pelos irmãos Gilberto, Luiz compra de ônibus usados, enfim,
do Rio, a escola de samba Beija-Flor, Augusto e Antônio Cavalcante, fi- fazer o que parecia impossível para
que revelou talentos como Negui- lhos de Luiz Rodrigues. Foi na época tentar levantar a empresa. Levamos
nho da Beija-Flor, Piná e Joãosinho da administração dos três irmãos cerca de dois anos para deixá-la em
Trinta. É também nesta cidade, de que a Nilopolitana enfrentou o pior condições de atender à população”,
cerca de 150 mil habitantes, que a momento de sua história: a conta. Portanto, pode-se dizer tam-
empresa de transporte coletivo encampação feita pelo Governo do bém que tudo começou, ou recome-
Nilopolitana construiu sua história. Estado do Rio de Janeiro, que come- çou, em 1988.
Pode-se dizer que tudo começou em çou no final de 1985 e só terminou Hoje, a Nilopolitana tem como
1957, quando o controle acionário em 1988, quando o Governo devol- sócios Gilberto, Luiz Augusto e os
da então Empresa Nilopolitana de veu a empresa aos sócios. Gilberto sobrinhos Fábio e Marcelo Caval-
Transporte foi transferido para os Cavalcante conta que a Nilpolitana cante, filhos de Antônio. A empre-
empresários Luiz Rodrigues Caval- possuía 120 ônibus quando da sa conta com cerca de 500 profis-
cante Filho, Abel Magalhães Caste- encampação. Quando da devolução sionais e 111 ônibus e microônibus
lo e Waldemir Antonio Pereira, que aos empresários, apenas sete veí- operando em sete linhas, sendo três
mudaram sua razão social para culos estavam em condições de intermunicipais. Quem entra na ga-
Cavalcante & Cia, mantendo operação. “Tivemos que assumir as ragem não vê vestígio do período

Revista Ônibus 20
da encampação. Ao contrário, o que
se vê é uma empresa que prima
pelo bem-estar do colaborador, ofe-
recendo um ambiente saudável,
com refeitório, auditório, área para
jogos (como totó, sinuca, tênis de
mesa e cartas), bem como progra-
mas de incentivo, integração e mo-
tivação. Os motoristas, por exem-
plo, podem ganhar todo mês uma
cesta básica extra e ainda concor-
rer a um prêmio. “Tudo depende
de seu desempenho”, afirma o
gerente de Tráfego, Antônio Miguel.
São promovidas campanhas basea- freadas são realizadas de forma também com abono para o caso Limpeza e
das na pontuação do drive-master segura, o profissional que conse- de provocarem qualquer avaria nos organização:
e outra com base no consumo do guir pontuação acima de oito e não veículos que estiverem conduzin- a garagem
da empresa
óleo diesel. tiver falta ou atraso ganha uma do. Já na campanha de economia
prima pela
cesta de alimentos a mais no final de combustível, os motoristas com ordem
Pontuação x do mês. Quem alcança mais de menores índices de consumo par- e asseio
reconhecimento nove recebe a cesta e um presen- ticipam do sorteio de um eletro-
Na campanha do drive-master, te. E os que ficam com médias doméstico. Os que consomem mais
aparelho que indica se as curvas e maiores do que 9,2 são premiados são novamente orientados pelo

oportunidades iguais

Galeria de troféus de rodoviários-padrão


Na Nilopolitana, há oportunida- ou 2º graus incompletos são incentiva- vencedores concorrem no âmbito do
des iguais para quem quer trabalhar dos a participar do Telecurso, promovido Estado do Rio de Janeiro, entre os
com dedicação. A psicóloga Mari pelo Setranspani (Sindicato ao qual a sindicatos associados à Fetranspor,
Ângela Cyrne explica que as con- Nilopolitana é filiada); o pessoal da ofi- ao Prêmio Alberto Moreira.
tratações independem do sexo, tem- cina participa constantemente de trei- Para o diretor Gilberto Cavalcan-
po de experiência ou idade. “Se for namentos externos na Mercedes-Benz; te, investir em novas tecnologias e
bom, pode ter mais de 50, ser ho- entre outras coisas. O retorno vem não na qualificação e capacitação da
mem ou mulher, ou nunca ter traba- apenas na satisfação dos colaboradores, mão-de-obra não é apenas uma ques-
lhado, que aqui será sempre bem-vin- mas no talento reconhecido até mesmo tão de necessidade, mas de merca-
do. No caso de deficientes, prio- fora da empresa. “Temos uma galeria do. “Em dois ou três anos, estare-
rizamos sua contratação para as va- de troféus de rodoviários-padrão”, con- mos equipados com Sistema GPS
gas de cobradores”, diz. Se as opor- ta o gerente de Tráfego, referindo-se à acoplado com imagem, controlando
tunidades existem para quem está premiação do setor de transporte coleti- os ônibus a partir da garagem, coor-
entrando, para quem já faz parte do vo, que escolhe os melhores rodoviários denando melhor o intervalo de ho-
quadro não é diferente. Cobradores nas categorias motorista, cobrador, rários, proporcionando maior segu-
com carteira D podem ser promovi- operacional, manutenção e administra- rança ao passageiro, enfim, acom-
dos a motoristas, após passarem por ção. O concurso se dá primeiro entre as panhando visualmente toda a frota
treinamento; os funcionários com 1º empresas filiadas ao Setranspani. Os através de uma central”, diz.

21 Revista Ônibus
série histórica Nilopolitana

manutenção preditiva (o diferencial


Terminal de computador permite Informática e gestão
ou a caixa só são abertos se a aná-
de lubrificação
lise do óleo apontar problema) e
a funcionários da oficina verificar
No setor de manutenção, algu- indica a necessidade de troca de
serviços já realizados nos ônibus mas iniciativas merecem destaque. peça. Segundo o gerente de Manu-
Por exemplo: há um terminal de tenção, Alexandre Catalão, a Ges-
computador para acesso de todos tão pode parecer um pouco mais
os funcionários da oficina. É possí- cara inicialmente, mas os benefícios
instrutor Luiz Antônio Costa, que vel consultar qual foi o último servi- e a redução de custos que propor-
destaca o fato de a empresa não ço realizado em qualquer ônibus, ciona valem a pena. O sucesso des-
poupar esforços quando se trata de quem trocou determinada peça, te tipo de iniciativa foi tanto que a
dar condições e ferramentas de tra- entre outras informações. Tudo ali empresa já pensa em fazer o mes-
balho para sua equipe. Agora, está está informatizado, a começar pela mo com relação aos pneus. “Só não
sendo desenvolvido projeto que vai ordem de serviço on-line. E qualquer começamos ainda por falta de es-
abrigar todos esses itens numa mecânico ou eletricista está capa- trutura das próprias fábricas de
mesma avaliação. Os motoristas e citado para usar o computador. Ou- pneus, pois queremos uma gestão
cobradores serão divididos em gru- tro destaque da manutenção é a feita pela indústria e não por recau-
pos com líderes e metas pré-defi- Gestão da Lubrificação, terceirizada chutadora”, explica. A área admi-
nidas. A premiação acontecerá para a Shell. A fornecedora de lu- nistrativa e financeira também ga-
para os membros do melhor grupo. brificantes tem um posto avançado nhou ferramentas melhores, como
“Será uma competição sadia en- com seis profissionais dentro da o software para controle das ope-
tre os grupos, em que apenas um garagem. É ela que faz a lubrifica- rações, e também um setor de
sairá vencedor”, revela o diretor ção e o abastecimento, controla o controladoria, conta o gerente finan-
Gilberto Cavalcante. estoque de óleo lubrificante, faz a ceiro Sebastião Cabral.

Revista Ônibus 22
transporte público

Vale-transporte em papel chega


ao fim na cidade do Rio de Janeiro
trônico e do vale em papel. No caso
da versão eletrônica, as empresas
fazem a solicitação e, uma sema-
na após o pagamento, recebem os
cartões gratuitamente na agência
do Unibanco de sua escolha ou em
domicílio, com o pagamento de
taxa de entrega. A recarga é soli-
citada via internet, com a libera-
ção dos créditos em cinco dias e a
efetivação a bordo dos ônibus.
Caso seja necessária a emissão
de segunda via, o solicitante
pagará R$15.

Vale Rápido: 119


agências
O vale rápido, modalidade an-
A partir de 1º de junho, os ôni- malmente. Se o usuário utiliza tan- teriormente comercializada em ta-
bus da cidade do Rio de Janeiro não to os ônibus da cidade do Rio como lões na tarifa predominante, está
aceitarão mais o vale-transporte outros meios de transporte ou li- sendo vendido, na capital, apenas
em papel. As empresas com funcio- nhas intermunicipais ou de outros no modelo eletrônico. Pode ser en-
nários que utilizam linhas do muni- municípios, deve receber do empre- contrado em 119 agências do
cípio carioca já estão adquirindo gador os dois modelos do vale (em Unibanco no município carioca (a
vales-transporte eletrônicos. Nas li- papel e eletrônico). lista com nomes e endereços das
nhas intermunicipais ou de outras A aquisição do vale-transporte agências pode ser encontrada no
cidades do Estado do Rio, bem como pode ser feita através do site site do vale-transporte). Esta ver-
no metrô, trens e barcas o vale em www.vt.fetranspor.com.br, que são é pré-carregada, no valor de
papel continuará sendo aceito nor- tem link para a venda do vale ele- R$80, e descartável.

23 Revista Ônibus
rodoviário de talento

Do ônibus Sônia Silva,


cobradora e
à bienal do livro escritora, lança seu
terceiro título infantil
Depois de lançar os livros “O o Rei Leão quem consegue contro- pou do programa Sem Censura e
Anjo de Chocolate” e “Arroz e Fei- lar o tumulto, dividindo a Floresta caiu nas graças da apresentadora
jão em Missão Especial”, ambos em Tintropical 1 e 2. O final, só Leda Nagle, que depois fez o texto
pela Litteris Editora, respectivamen- comprando o livro, que deve ser ven- de apresentação do seu segundo li-
te nas Bienais do Rio de 2001 e dido a R$ 7,00 na Bienal e depois vro. “Agora, toda vez que aquela en-
2003, a cobradora Sônia Silva, da poderá ser adquirido com a própria trevista do Sem Censura é repri-
Viação Saens Peña, volta à cena li- escritora, no ônibus, durante suas sada, um monte de passageiros
terária e lança seu terceiro livro – viagens a trabalho, na linha Central pede para comprar o livro. Fiquei
“Animais Sim, Irracionais Não”, – Praça XV. famosa”, brinca.
também pela Litteris, na próxima Carioca, Sônia mora na Estrada Mãe de Rodrigo, de 19 anos,
Bienal do Rio, em maio deste ano. dos Bandeirantes, perto do Rio- Sônia não esconde o orgulho ao fa-
Escrito em 1996, o livro foi inspira- centro, local que tem sido palco do lar do filho. “Ele conseguiu 100%
do em um jogo de futebol que, se- lançamento de seus livros. A de bolsa para a faculdade de Biolo-
gundo a autora, virou notícia na cobradora sempre gostou de escre- gia e sonha em passar em concurso
mídia por causa da violência entre ver. Na escola, era requisitada pelas para o serviço militar”, revela. Além
as torcidas, que resultou na morte amigas para fazer cartas de amor e de participar das três últimas Bienais
de um rapaz. Sônia não lembra qual poesias. Suas redações costumavam do Rio, Sônia tem inscrito seus li-
foi o jogo, só recorda da vontade receber elogios dos professores. Em vros em diversos concursos de lite-
que teve de escrever uma história 2001, ela conseguiu realizar seu ratura Infanto-Juvenil. Recentemen-
infantil que tratasse do tema. A maior sonho, quando lançou “O Anjo te participou de um em Portugal e
história começa justamente com o de Chocolate”. “Lembro que naque- outro em Alagoas. “Como diz um
jogo de futebol Carnívoros x Herbí- le ano, no dia do meu aniversário, amigo meu, escritor, a gente pode
voros, realizado no Estádio do 18 de maio, recebi um telefonema não ganhar, mas alguém nesses lu-
“Seringão”, localizado na Floresta da Rede Globo, dizendo que queriam gares está conhecendo nosso tra-
Tintropical. Os jogadores são ani- gravar uma reportagem no Riocen- balho”, diz. Para a Bienal de 2007,
mais da Floresta, que brigam entre tro comigo. Foi meu melhor presen- a autora já tem um novo livro pron-
si e com o juiz e os bandeirinhas. É te”, conta. No mesmo ano, partici- tinho – “A Família Vira-Latas”.

“...naquele ano, no dia do meu


aniversário, 18 de maio, recebi
um telefonema da Rede Globo,
dizendo que queriam gravar uma
reportagem no Riocentro comigo.
Foi meu melhor presente”

Revista Ônibus 24
produtos e serviços

Nova fábrica da Michelin será no Rio


A nova fábrica da Michelin terá sua o brasileiro Luiz Fernando Fachine Beraldi, e treinamento de pessoal deverão ser
sede no Rio de Janeiro, mais precisa- serão criados 450 empregos diretos e definidos com antecedência, pois o gru-
mente em Campo Grande. O Rio dispu- 2.220 indiretos. Os critérios para seleção po tem como princípio investir 4% de
tou o investimento com três países sua receita na formação de mão-de-
(Canadá,Tailândia e México). A -obra e a qualidade do pessoal empre-
Michelin, um dos maiores grupos indus- gado no Brasil foi uma das razões da
triais do mundo, investirá, com recursos escolha do Rio. A nova fábrica produzirá
próprios, cerca de US$ 200 milhões o equivalente a 40 mil toneladas por
numa fábrica para produzir grandes ano, podendo ampliar essa capacidade
pneus. As obras começarão ain- para 55 mil. O investimento se soma ao
da este ano, em uma área de 48 que está em andamento, de US$ 100
mil metros quadrados, contígua milhões, para aumentar a produção
às atuais instalações, onde são de pneus de carga em Campo Gran-
fabricados pneus de carga (para de. Duas outras fases de expansão es-
ônibus e caminhões). Segundo o pre- tão programadas para as unidades da
sidente da Michelin América do Sul, Michelin no Brasil.

A Castrol está lançando no mercado um que o motor faça menos esforço para atingir
A Volvo do Brasil entregou 15 novo lubrificante para motores diesel. Trata- sua potência máxima e, conseqüentemente,
ônibus articulados para o Sistema se do Castrol RX com adiTE, primeiro óleo utilize menos combustível. O Castrol RX com
Integrado de Transporte Tron- mineral desenvolvido para a efetiva re- adiTEC é um lubrificante mineral
calizado (SITT) de Juiz de Fora dução no consumo de combustível. De multiviscoso para motores a diesel, de
(MG). Os chassis Volvo foram acordo com a fabricante, a formulação viscosidade SAE 10W-40. Disponível em
encarroçados pela Marcopolo. O exclusiva do produto permite o fluxo mais postos de gasolina, truck centers, trocas
sistema integrado está sendo im- rápido do óleo durante condições seve- de óleo, lojas de peças, oficinas mecâni-
plantado para melhorar a fluidez ras de uso, justamente quando o motor é cas e outros pontos de venda, vem nas
do tráfego no centro da cidade, por mais exigido. Ao reduzir o atrito, permite versões 1 litro, 3 litros e 20 litros.
onde circulam hoje 102 ônibus.
Com a reestruturação, cerca de 60 A Volare, fabricante brasileira de miniônibus, comemorou em abril a produção de
veículos serão remanejados para 15 mil veículos. A família Volare, composta pelos quatro modelos V5, V6, V8 e W8,
outras áreas da cidade. Na linha teve, no final do ano passado, a completa reestilização dos seus miniônibus. O
troncal, os usuários serão atendi- programa de desenvolvimento dos novos veículos consumiu 12 meses e investi-
dos por 25 ônibus, 15 articulados mento de mais de US$ 2,5 milhões em pesquisas para definição do design e das
e 10 alongados, além de 15 co- novas estruturas do chassi e da carroceria. Além disso, a motorização recebeu
muns. O intervalo será de seis mi- especial atenção, para que atendesse à nova lei de emissões de poluentes vigente
nutos, mas no horário de pico os no país. Os novos veículos têm características inéditas no segmento, como comando
ônibus vão passar nos pontos de do câmbio no painel, motorização mecânica e eletrônica Euro III e maior capacida-
três em três minutos. Os articula- de para o transporte de passageiros. Os quatro modelos são produzidos em cinco
dos da Volvo foram adquiridos pela versões: Lotação, Urbano, Executivo, VIP e Escolarbus. A empresa espera vender
Viação São Francisco e vão fazer o 3.800 unidades neste ano.
trajeto entre o centro e os bairros
da Zona Norte, permitindo a inte-
gração na região com tarifa única
de R$1,20.

25 Revista Ônibus
terminal

Dpaschoal promove curso de


mecânica para portadores de
deficiência auditiva
A DPaschoal promoveu, na loja da Penha, no Rio de Ja-
neiro, no mês de abril, curso de mecânica básica especial
para portadores de deficiência auditiva. Participaram cerca
Fetranspor comemora aniversário de 50 alunos, com ajuda de intérpretes.
A DPaschoal oferece esses cursos para vários tipos de
com funcionários público, com destaque para o feminino – cerca de 5 mil
A Fetranspor, que comple- memorativa do cinqüentenário alunas já participaram. As aulas para deficientes auditivos
tou 50 anos no dia 22 de janei- da entidade. foram resultado de sugestão de uma cliente e ex-aluna, ins-
ro, iniciou suas atividades de Vários eventos deverão ser pirada no trabalho da estudante de Pedagogia Leda Vieira da
comemorações com uma fes- realizados no decorrer do ano. Silva, na Faetec, no curso de Processamento de Dados, e no
ta interna para os funcionários. A produção de um livro sobre Centro de Formação de Condutores, com portadores de de-
Com direito a bolo, refrigeran- a história da Federação está ficiência auditiva.
tes e camisa com a marca co- em andamento.

Ônibus da Petro Ita


circulam com novo visual
A Petro Ita, empresa do Gru- escolha de cores mais vibran-
po Master, iniciou a reformulação tes e modernas possibilita a
Sest/Senat da sua identidade visual com a identificação imediata dos car-
pintura dos ônibus e um novo ros da empresa e transmite
São Gonçalo logotipo. A responsável pelas uma idéia de solidez.
tem “programa novidades é a Arquimedes Edi- O projeto inclui a refor-
ções, empresa de comunicação mulação visual das outras em-
de índio” para que reúne profissionais com presas do grupo, a Master e a
crianças dutos artesanais e artísticos pro- mais de dez anos de atuação no Petrópolis. Segundo Isidro Ro-
duzidos pela tribo e, também, setor de Transportes. cha, diretor da Petro Ita, “a pa-
O Capit 54 – Jacintho Cae- adquiri-los. Já estão circulando 16 car- dronização virá com a renova-
tano – , no município fluminense Antes da apresentação ros novos, com mecânica ção das frotas das empresas
de São Gonçalo, comemorou, o pataxó, os alunos assistiram a Mercedes Benz e carrocerias do grupo, que deverá ocorrer
Dia do Índio (19/4) recebendo uma rápida exposição sobre o da Ciferal, Neobus e Comil. A em alguns anos”.
crianças de várias escolas, pela Sest/Senat e suas atividades re-
manhã e à tarde. O charme das lativas à qualidade de vida e a
comemorações foram os pró- uma palestra sobre saúde bucal,
prios representantes da cultura ilustrada por teatrinho de bone-
indígena. Índios da tribo pataxó cos. Cerca de 3.500 estudantes
se apresentaram no ambiente não só de escolas locais, mas
de uma “kigeme” (casa), mos- também de municípios próxi-
trando vários aspectos de sua mos, visitaram o Centro Jacintho
vida, inclusive das danças. As Caetano durante todo o mês
crianças puderam admirar pro- de abril.

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27 Revista Ônibus
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