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festa das

tendas
celebração da unidade

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No barro do Bairro Novo A Festa das 25 anos de Festas das
“no fim, quem pagava a Tendas na Bíblia Tendas
conta por tanta chuva era “Habitareis sete dias em ten- “por detrás das tendas, se desejava
sempre o Profeta Elias.” das.” (Lv 23, 42). recordar que a primeira tenda é a
pessoa mesma, a segunda é a fa-
mília e a terceira é a comunidade.”
No barro do Bairro Novo
Comissário Geral dos Alessandra Vujanski Vieira
Carmelitas do Paraná Amabily Vujanski Vieira
Frei Flávio Barbosa dos Amanda Ferreira Boruck

Sumário Santos, O.Carm. Amaro Luiz Costa


André Markian Ferreira Por Luis Roberto Piekazewicz
Pastoral Carmelitana Boruck

A
Frei Vilson Rech, O.Carm. Aristides Pereira da Silva
(pároco) Benta Santiago Neta de Sales s ideias e os projetos humanos são racas? Como fazer a logística das mudanças de
Frei Vagner Sanagiotto, Cedenir Didek planejados na esperança de que tudo mesas, de bancos e dos mantimentos das co-
O.Carm. (vigário) Claudio Gualberto de Abreu
Frei Edimar Fernando Claudemir Pereira de Sousa
aconteça da melhor forma possível, munidades emergentes para o local da festa?
Moreira, O.Carm. Cristina Moradore Custodio sem percalços e sem obstáculos intransponí- Na origem da história do povo nômade de
Comunidade do Juniorato Cristina Klipe Didek veis. O clima é sempre um detalhe a ser pen- Deus, em busca da Terra Prometida, as águas,
Edineia Paulino Ferreira sado e monitorado, já que não é algo sobre o onde o Espírito pairava, sempre o acompanha-
Equipe Memória Festa das Boruck
Tendas Edileuza Nascimento Pereira
qual o ser humano tenha controle. Assim va, dando-lhe a vida abundante, curando
Frei Edimar Fernando de Sousa como na vida do profeta Elias a chu- “Deus e lavando o mal corpóreo, renovando
Moreira, O.Carm. Elvis Eduardo Assis Garcia va teve sua presença marcante, dá jeito! Façam a dimensão espiritual deste povo,
Edson Roberto Elisabete do Rocio Oliveira ela também foi marcante no sur- desde Gênesis. Os profetas de Deus
Letícia Fermo Zanin
gimento da Festa das Tendas, do a parte de vocês tinham uma afinidade não só com
Espedito Vieria Filho
Luis Roberto Piekazewicz Gerson Barros
Vinicius Alexandre Beiger da Iara Assis Damas Garcia povo do Bairro Novo. Chuva... mui- que Deus faz a o céu e com a terra, mas também
Luz Isabel Trigo de Oliveira ta chuva! Nas palavras bem humo- com as águas.
Isabel Coscoski Ribeiro radas de Benta, “no fim, quem paga- parte dele” O redil carmelitano sempre foi
Direção editorial da revista João Barbosa de Assis
Frei Edimar Fernando Leonides Topan
va a conta por tanta chuva era sempre - Frei Chico bem cuidado. O nascedouro do bairro

3 NO BARRO DO BAIRRO NOVO


Moreira, O.Carm. Luzia Jesus da Silva o Profeta Elias. Ele levava a culpa!” e toda a sua liturgia emergente teve um
Marcos Antonio Vieira O povo “pé-vermelho” veio de muitos lu- consistente profetismo. Na organização das

6 ECLESIOGÊNESE DAS COMUNIDADES DA


Diagramação Maria Alice Coutinho de gares, em sua maioria, oriundo dos cafezais 12 comunidades das Tendas, em sua Rede de
Luiz Brüggemann Queiroz
Maria Bernadete Mira
do norte paranaense, por isso eles sabiam Comunidades, consolidou a UNIDADE como
PARÓQUIA PROFETA ELIAS Capa Maria Eduarda de Assis o que era uma chuvarada abundante. Lá no a identidade paroquial deste povo. A Fes-

10 IRMÃS DA DIVINA PROVIDÊNCIA NO


Luiz Brüggemann Maria Cristina Ribeiro de interior, pedia-se a Deus que viesse a chuva ta das Tendas foi pensada como uma grande
Vinicius Alexandre Beiger da Oliveira nas grandes secas. Mas, quando era demais, celebração comunitária na qual os insumos,
Luz Maria de Lurdes Fernandes
BAIRRO NOVO Maria Júlia de Souza
se implorava a Deus e aos muitos santos que os desafios e até mesmo os resultados seriam

11 FREIS CARMELITAS NO BAIRRO NOVO


Revisores Maria do Carmo Pereira ela parasse. todos compartilhados como primícias de bên-
Frei Alberto Henrique Rigotto Pois ela veio! Bernadete recorda que “na çãos de uma boa colheita. Durou mais de um

12 IRMÃS CATEQUISTAS FRANCISCANAS NO


Marini, O.Carm. Mozart Dias da Paz semana que antecedeu a primeira Festa das ano a preparação da primeira festa.
Janaina Rodrigues Natália Vujanski Vieira
Paulo de Jesus Nelci Nunes da Rosa Assis
Tendas, choveu a semana toda. Frei Francis- Assim como muitos antigos diziam, a chu-
BAIRRO NOVO Perci Emerick de Oliveira co Manoel de Oliveira, conhecido como frei va num casamento é sinal de boa sorte, de
Arquivo fotográfico Roselei Aparecida de Castro Chico, era um homem de pulso firme e via as bênção, de limpeza e de fertilidade. Ela veio
13 IRMÃS DA CARIDADE SOCIAL NO BAIRRO
Letícia Fermo Zanin Salete Maria Pires Costa coisas muito além e ele disse que no sábado sim, mas, recorda Cedenir, como filho do
Selma Maria Marques dos
Fotografias Santos
a chuva acabaria”. Nas Profeta Elias, frei Chico profetizou: “Deus dá
NOVO
ruas de terra deste jeito! Façam a parte de vocês que Deus faz a
14 FESTA DAS TENDAS NA BÍBLIA
Acervos pessoais e de internet Simone Moura de Sousa
Silvio Boruck novo chão, de parte dele”. E não é que a chuva parou, parou
Direção editorial audiovisual Teresinha Ferreira da barracos mal na hora certa! É claro que retornou em muitas
18 DA PRAÇA PARA AS TENDAS DE CONTENDA
ER Audiovisual Rocha
feitos e lonas outras festas, mas agora sempre como uma
Coleta de entrevistas improvisadas, saudosa lembrança daquela primeira festa. Os
19 GRUPO ARTE E VIDA Edson Roberto
Letícia Fermo Zanin
tinha
para ser um
tudo pés interioranos matavam a saudade do cam-
po, sentindo literalmente o barro. Como tes-
20 GINCANAS E OLIMPÍADAS PROFETA ELIAS
Luis Roberto Piekazewicz
Vinicius Alexandre Beiger da
caos. temunhou Topan: “A gente até gostava quan-
Luz Então, como do tinha barro, porque isso era vida para nós”.
21 25 ANOS DE FESTAS DAS TENDAS: MEMÓRIA Entrevistados
fazer a festa?
Como mon- A Terra Prometida
AGRADECIDA Frei Edmilson Borges de
t a r Quem chegava, no final das décadas de
Fr

26
Carvalho, O.Carm. ei
Frei Francisco Manoe l de C 70/80 e via o Bairro Alto Boqueirão, no sen-
CONCURSO DE RAINHA DA FESTA DAS

hi
Oliveira, O.Carm. as tido do Bairro Pinheirinho (Br 116), e olhava

co
TENDAS Frei Ivani Pinheiro Ribeiro, bar- o grande campo (sítio de Laurindo Ferreira de
O.Carm.

2 3
faziam ao redor das fogueiras nos sítios de
Testemunho de uma moradora onde se vinha. O povo foi se identificando e
se reconhecendo.
No ano de 1997, vim morar com minha família muito feliz por ter realizado meu grande sonho aqui. Cruzes em terrenos baldios, altares sob lo-
no bairro Sítio Cercado, quando tudo estava come- Também em 1997, comecei a participar da Co- nas, irmãs, freis e padres alimentando os co-
çando. Assim como outras famílias que também vie- munidade Santa Isabel e me tornei membro da Pa- rações famintos e a esperança compartilhada
ram para cá, tínhamos o desejo de realizar o sonho de róquia Profeta Elias. Tive a oportunidade de parti- de dias melhores marcam o início das CEB’s
conquistar a nossa casa própria. Enfrentamos muitas cipar de várias pastorais, mas uma delas me marcou (Comunidades Eclesiais de Base) Profeta Elias.
dificuldades, pelo fato que tudo estava no início no profundamente: a Pastoral da Criança. Eu iniciei Só faltava a tenda maior, e ela veio! Tinha que
bairro, mas não desistimos de fazer do nosso sonho como líder e depois me tornei coordenadora na comu- ser antes das grandes construções de concre-
uma realidade. nidade Santa Isabel. Esta pastoral tem como missão to para dar sentido a tudo. Sim! Eis o povo da
Antigamente, o bairro Sítio Cercado era pouco principal fazer a promoção humana das crianças e grande promessa, que fez o seu êxodo, passou
povoado, não tinha pavimentação nas ruas, era li- adolescentes que se encontram em situações tais como pelo deserto, rumo à terra prometida.
teralmente um campo e também era habitado por fa- de desnutrição ou de obesidade. Como salientaram Cedenir e Cristina,
mílias de ciganos. Com o passar dos anos e a chegada Já no ano de 2007, mudei para a comunidade que estiveram na primeira Festa das Tendas,
de novas famílias migrantes de diferentes lugares, o Santa Rita de Cássia, onde continuo participando “nosso crescimento como família é fruto de
bairro foi se moldando e ficando mais populoso. O in- ativamente dos trabalhos pastorais. Atualmente sou nossa caminhada na comunidade... Éramos
vestimento e iniciativa do comércio local fez o bairro Ministra Extraordinária da Sagrada Comunhão. recém chegados do interior, recém casados e
se tornar um destaque para a região Sul de Curitiba. Acho fundamental que as pessoas estejam engajadas vivendo uma experiência de CEBs. Viemos em
Nos dias de hoje, diversas pessoas gostam de vir e inseridas nas comunidades, exercendo sua missão e busca da terra prometida e achamos no Bair-
até o Sítio Cercado para conhecer, passear e até mes- tendo uma profunda espiritualidade. Isso contribui ro Novo nossa terra prometida com um estilo lomeno dos Santos, frei Antônio Carlos, frei
mo têm o desejo de adquirir um imóvel na região. O muito para a vida do ser humano. Sou feliz e realiza- Chico, os postulantes e outros freis carmelitas
particular de comunidade. Foi muita coragem
vasto comércio do bairro faz com que os moradores da por também ter minha vida cristã bem alicerçada. também ajudaram a paróquia que estava sur-
de frei Chico e das irmãs da Caridade Social,
não precisem se deslocar daqui para ir até o centro Por Divina Ortiliano dos Santos. principalmente irmã Pauline.” gindo.
de Curitiba. É maravilhoso morar neste bairro, sou Agora sim! Tudo fazia sentido, Elias assu- Eram poucas casas de madeira, algumas de
me com força e poder o redil Carmelitano. A lona, sem água, sem esgoto, sem ônibus, ruas
pequena nuvem que veio do longínquo ho- esburacadas, tudo difícil, tudo novo. Frei Chi-
Andrade), cercado pelos rios Padilha, Cercado de ruas ainda sem nome. Carreiros e picadas co, por sua vez, já fincava algumas cruzes em
rizonte, transforma-se numa chuva torrencial
e Boa Vista, não imaginava a ocupação rápida se definindo nos passos perdidos de muitos terrenos baldios, determinando geografica-
de graças, batizando o povo desde a sua pri-
e consistente que ocorreria em breve nesse que buscavam a água bendita, da fonte pró- mente o terreno de algumas das novas comu-
terreno. O êxodo rural foi, de fato, um fenô- xima ao riozinho onde se buscava o abasteci- meira Festa das Tendas.
nidades. Isso foi para o início de um esboço ca-
meno da história brasileira entre as décadas mento. tequético e litúrgico da primeira grande Festa
de 60 e 80. Confor- A nova parte do bair- Vida de Comunidade
As celebrações começaram com os ter- das Tendas. “Frei Chico e os freis do Carme-
me as estatísticas, ro Sítio Cercado que se
ços nas casas, um sonho mariano gestando lo foram iluminados quando trouxeram essa
cerca 27 milhões de prefigurava, ainda sem
as comunidades, depois vinha uma capelinha festa da colheita e da união das comunidades
pessoas se dirigiram nome, era o sonho da
de madeira, esboço da primeira Comunidade para nós, trabalho em conjunto. A gente ser-
às zonas urbanas. Os “Terra Prometida” para
motivos geralmente muitos que partiram Santa Isabel. A presença das irmãs da Divina via no sábado e no domingo, depois de uma
eram as questões de chorosos de suas terras Providência, da Caridade Social e das Cate- semana cheia no trabalho, e a gente não sen-
sobrevivência, ate- natais. O Sítio “Cerca- quistas Franciscanas encorajavam o encontro tia cansaço. Era o desejo de construir o Reino,
nuados pela falta de do”, para ser o “novo” do fraterno. Ministros e ministras da Palavra e buscando a terra prometida que nos motiva-
trabalho e de opor- Bairro Novo, deu muito da Eucaristia vinham de bairros da redondeza va. Pois eu tinha o sonho de ter uma casa e de
tunidades. No caso trabalho, pois se busca- para ajudar nas Celebrações da Palavra. Freis ter algo melhor para as minhas filhas. O sonho
do Paraná, um grande marco, por exemplo, foi va a liberdade, e não uma prisão cercada de Franciscanos da Igreja Bom Jesus e padres da terra prometida a gente foi aprendendo
a crise cafeeira. tudo, construções se erguendo, janelas de- Missionários do Sagrado Coração, como pa- com a comunidade”, atesta Maria do Carmo.
A religiosidade latente do povo interio- saparecendo na calada da noite. O medo e a dre Bertrand de Vetter e padre Getúlio Saggin Por isso, como disse Aristides, acompanhado
rano embarcou nos inúmeros caminhões de desconfiança pouco a pouco foram desapare- (que costumava andar descalço), vinham em de sua esposa, Luzia, com a voz embargada:
mudança vindos de muitas cidades. Ela de- cendo. A religiosidade foi aproximando o Povo média uma vez por mês para presidir a Missa. “Vale a pena acreditar, lutar pela comunidade,
sembarcou com eles e acompanhava os tantos de Deus. Os altares caseiros foram acolhendo Frei Ivani costumava vir de bicicleta, de outro pelo reino de Deus, vale a pena servir a Deus!”
olhares assustados, que olhavam a paisagem vizinhos para o terço. As histórias começaram bairro, para acompanhar as comunidades. Pa-
inóspita e desoladora dos terrenos baldios e a ser partilhadas, como nossos antepassados dre José Bezerra da Silva Neto, frei (José) Fi-

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Eclesiogênese das Comunidades da
tomava conta de todos e os fortalecia na fé, insucessos de diálogo com os governantes,
conduzindo-os à celebração da Palavra junto alguns homens, mulheres e crianças de fé,

Paróquia Profeta Elias


a cruz que se erguia em meio ao descampado. cheios de zelo pela Casa do Senhor, ergueram
Maria e Neuri traziam a mesa, Heloína trazia naquele lote uma pequena capela de madeira
a vela, Terezinha as flores dente-de-leão... Era e em sua frente plantaram a cruz de Cristo.
Por Rodrigo de Andrade* e Terezinha Brana**
assim a composição do presbitério de campa- Na mesma noite os guardas e os representan-

N
nha todos os domingos. Sob o manto e prote- tes da prefeitura destruíram tudo. “O povo de
o princípio, quando nestas paragens só
ção da Senhora Aparecida, não tardou o abri- Deus, chorando, rezava”, enquanto os algozes
havia um imenso campo vazio e vago,
go da liturgia na escola primária das cercanias, caçoavam de sua fé. A digna revolta transfor-
o Espírito de Deus pairava sobre a relva
enquanto se erguia ao lado da cruz a casinha mou-se em profetismo, levando a comunida-
(Gn 1,1-2) que cobria estas terras. “Tudo foi
de madeira, lugar santo daquela comunidade. de a denunciar a hipocrisia dos discursos polí-
feito por meio dEle e sem Ele nada foi feito. O
Quando se completaram três primaveras ticos e defender os direitos que a ela cabiam.
que foi feito nEle era a vida, e a vida era a luz
desde a chegada dos primeiros assentados Assim conquistaram o direito de compra de
dos homens” (Jo 1,3-4) e mulheres que aqui
àquele imenso gramado, a chuva torrencial um pedaço de chão e lá ergueram sua casa co-
chegavam de todos os cantos. E o povo se fez
derramava bençãos sobre o grupo reunido mum.
Igreja e armou sua tenda no Bairro Novo.
para celebrar a memória do santo de Assis. Estando instalados os templos dedicados
Tal qual ocorrera aos hebreus doutros
Sob os auspícios de Francisco, o agrupamento a Nossa Senhora Aparecida e São Francisco de
tempos, a ocupação da terra prometida não
se fez comunidade, a comunidade se fez tem- Assis, uma multidão acorria a eles todos os do-
foi livre de adversidades. Quando ainda fal-
plo e o templo se fez morada provisória dos mingos, tornando a vida comunitária mais frá-
tava água e luz, quando alguns viviam sob a
Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do gil, uma vez que já não era possível conhecer
lona, quando escola não existia, quando ôni-
Monte Carmelo que vieram habitar entre o cada pessoa e celebrar uma vida em comum.
bus faltava e até a compra de um pão exigia No ano seguinte, não muito distante dali a povo que serviam. Diante disso, algumas famílias que habitavam
caminhada, o povo chorando rezava e sempre oração do terço no mês mariano reunia devo- No ano que Frei Chico assumia o serviço o território intermédio entre as capelas, sen-
recomeçava, à semelhança da conhecida can- tos que povoavam a “parte de cima” do novo entre as comunidades nascentes, o Espírito tiram a necessidade de formar comunidade
ção. A fé provada entre dores e tristezas, ale- bairro. Um bom homem chamado Eugênio do Senhor soprou sobre a casa de Geraldo e entre os mais próximos, cujas casas eram mais
grias e esperanças, forjou comunhão e profe- acolheu em sua casa aquela Igreja nascente. Marilda, onde oito pessoas se reuniam para distantes dos espaços eclesiais existentes.
cia, lançando as sementes das doze tribos que Quando a casa já havia se tornado pequena e celebrar a eucaristia. Bastaram poucos dias Além disso, algumas dessas pessoas já possu-
sob o manto de Elias dariam vida à Igreja do aquelas pessoas perseveravam em oração sob para que mais e mais cristãos se somassem íam vínculos de outros tempos, pois vieram
lugar. o sol, a chuva ou o frio, foi aos pés do cruzei- aos devotos de Santa Teresinha do Menino de um mesmo lugar para habitar estas terras.
Aconteceu que naqueles dias da primave- ro-marco da Vila Tecnológica que a Eucaristia Jesus, patronesse daquela comunidade. Como Assim, encontraram acolhida na casa de um
ra de 1992, um grupo de pessoas vindas de celebrada confiou os presentes a São Tiago já não havia lugar para todos na pequena mo- homem chamado João para celebrar a Palavra.
distintos lugares para habitar o novo chão Apóstolo. O Senhor os conduziu a um solo rada, passaram a celebrar sob as árvores pró- Não tardou para que as demais comunidades
encontrou na oração e na partilha bíblica um santo onde erigiram um templo que mais tar- ximas e mais tarde no colégio chamado Reja- referendassem o legítimo sentimento comu-
espaço de acolhida e encontro. Juntos parti- de haveria de sediar a Igreja Matriz. Tal qual ne. Vendo a necessidade de erigir um templo nitário que emergia evocando o auxílio de
lhavam a fé e os desafios que a nova realidade o filho de Zebedeu, a comunidade “filha do para abrigar o culto São José Ope-
os impunha. A estes se juntou Padre Getúlio, trovão” (Mc 3,17) haveria de erguer-se contra e a vida comunitá- rário. Quando
Irmã Marciana e Frei Filomeno, anunciadores as arbitrariedades clericais que maculariam ria, procuraram as juntas eleva-
da Palavra que nutria a esperança e a con- aquela história eclesial construída em muti- autoridades para vam os ramos
fiança no Deus dos caminhantes. “E o Senhor rão. tratar da compra na memória
cada dia lhes ajuntava outros que estavam a Naqueles mesmos dias, noutro canto da de um terreno cuja litúrgica da en-
caminho da salvação” (At 2,47) e como já não terra prometida do novo bairro, os poucos destinação era in- trada de Jesus
comportava nas casas o número de pessoas, moradores que lá haviam chegado faziam de certa. Entre o povo em Jerusalém,
passaram a se reunir ao ar livre ou no pátio da uma caixa de sapato a capelinha da Mãe Apa- era viva a memória plantaram o
escola que acabara de inaugurar. Ali a celebra- recida peregrina entre as casas. Em torno dela das recentes pro- cruzeiro no lo-
ção eucarística teve lugar, permeando de gra- o espírito comunitário dos terços e novenas messas públicas cal que haveria
ças o povo que confiou no que o Senhor lhe
do prefeito sobre a de abrigar os
prometera (Lc 2,45). Assim, Isabel tornou-se *Doutor e Bacharel em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do destinação de um devotos do es-
patrona e companheira daquela primeira co- Paraná. Membro das comunidades da Paróquia Profeta Elias desde os 8 anos
de idade. lugar para a Igre- poso de Maria.
munidade, sinalizando a chegada da Boa Nova ** Membra e testemunha ocular da criação das doze comunidades da Paró- ja. Após seguidos Ali, enquanto
no Bairro Novo. quia Profeta Elias.

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os soldados transeuntes construção do templo. Ainda hoje as festivi- Desde o ano jubilar que inaugurou o 21º
zombavam do templo de dades da pamonha mantêm viva a memória século do nascimento de Nosso Senhor Jesus
lona preta, expressão de fé do trabalho em mutirão que edificou a Igreja Cristo, as comunidades eclesiais de base das
dos simples, a comunidade ali presente. terras sagradas do Bairro Novo formam a uni-
celebrava a eucaristia com Antes da manifestação eclesial, antes dade paroquial sob o título de Profeta Elias.
a mesma humildade de seu mesmo da povoação daquelas pastagens de Inicialmente, a Igreja deste lugar se organiza-
padroeiro, enquanto colo- outrora, o povoado próximo a nascente do Ar- va de modo “diferente, por permanecer como
cava em comum seus bens roio Boa Vista já se constituía como comuni- rede de comunidades, isto é, sem uma matriz,
e seus dons que mais tarde dade de fé. Inicialmente integrada a Paróquia que centraliza o poder do padre e que privi-
possibilitaria a edificação de N. Sra. do Sagrado Coração, a Igreja presen- legia uma comunidade frente as outras”, con-
de um templo que materia- te na Vila Cachoeira peregrinava há doze anos forme descrito no jornal paroquial da época1.
lizaria a expressão eclesial quando o novo bairro surgiu. Com o apoio Deste modo, as CEBs Paróquia Profeta Elias
nascida do povo. das Irmãs de São José de Champerry, haviam materializavam de modo criativo a eclesio-
Multidões de homens e construído um espaço para as celebrações e logia Povo de Deus do Concílio Vaticano II2,
mulheres aderiam dia após um Centro Comunitário, onde se realizavam enquanto prenunciavam profeticamente “a
dia àquela rede de comuni- diversos serviços pastorais e a formação de li- paróquia, comunidade de comunidades”, mais
dades (At 5,14). Com gran- “era um só coração e uma só alma” (At 4,32) deranças. Um homem devoto, de nome Silves- tarde defendida pela V Conferência Geral do
de dedicação, os frades carmelitas “davam o encontrando-se no templo, acolhendo os no- tre, da família Dudek, havia doado a imagem Episcopado Latino-americano e do Caribe3.
testemunho da ressurreição do Senhor, e to- vos vizinhos e assistindo quem passava por da Santa Mãe e Senhora da Luz que passou a Há, porém, muitas outras coisas que suce-
dos tinham grande aceitação” (At 4,33). Sua dificuldades. designar aquela comunidade. Tendo chegado deram na origem das comunidades do Bairro
devoção à Senhora do Lugar era motivo de ad- Tendo a comunidade Santa Isabel se tor- o tempo em que dez comunidades formavam Novo, mas não caberiam neste livro se fossem
miração entre o povo e não tardou para que nado demasiado grande em território e em a Igreja do Bairro Novo, a proximidade territo- escritas uma a uma (Jo 21,25). A eclesiogêne-
o carisma carmelitano inspirasse a criação da número de fiéis, ocorreu que vinte pessoas rial da Vila Cachoeira motivou o convite para se da Paróquia Profeta Elias é testemunho da
comunidade dedicada à Virgem do Carmo. Na reunidas na casa de Irineu e Maria Garcia e que aquele povo de fé se juntasse àquela pu- vida de um povo em sua terra prometida, a
quarta primavera do novo bairro, um peque- depois no lar de Jorge e Elzenice iniciaram jante rede eclesial, se tornando sua 11ª comu- história das “alegrias e as esperanças, as tris-
no bosque localizado entre aqueles que se en- um novo círculo de comunhão fraterna sob a nidade. Esta união causou perturbação e o te- tezas e as angústias dos discípulos de Cristo”1
contravam para a oração do terço serviu de proteção de Santo Antônio de Pádua. Foi no mor apoderou-se daqueles que conduziam a que formam a Igreja Viva presente nas perife-
terra fecunda onde plantou-se a cruz e con- último poente do ano da graça de 1997 que vida comunitária desde tão longa caminhada. rias geográficas e existenciais das grandes ci-
sagrou-se a Eucaristia. Daquele momento em a partilha do pão eucarístico consagrou a co- Mas o Senhor esteve com eles e os encorajou dades. Aqueles que viram dão testemunho e
diante devotos do escapulário vindos de todas munidade instalada à porta principal de quem dizendo: Não temas integrar esta Igreja, “pois seu testemunho é verdadeiro. Confiante, este
as comunidades acorriam constantemente ao chegava ao novo bairro. Por três anos have- o que nela foi gerado vem do Espírito Santo” povo santo e pecador professa sua saga como
lugar para bendizer Maria e nutrir o carisma riam de se encontrar num espaço alugado até (Mt 1,20). Assim se irmanaram às demais co- história da salvação e com Elias elevam a Deus
carmelitano. construírem comunitariamente o santuário munidades, “louvavam a Deus e gozavam da estas palavras: saiba-se hoje que tu és Deus
Desde a origem do Bairro Novo, às mar- de fé e unidade do povo. simpatia de todo o povo” (At 2,47). em Israel que sou teu servo e que foi por or-
gens da linha férrea que o delimita a sudes- Preocupadas em acolher as famílias que De modo providencial, para que se com- dem tua que fiz todas estas coisas” (I Rs 18,3).
te, algumas imponentes araucárias guarda- chegavam em grande quantidade no recém- pletasse o auspicioso número bíblico, quis
vam uma antiga capela dedicada a Senhora -criado Bairro Novo C, algumas pessoas das Deus que se formasse uma 12ª comunidade
da Luz dos Pinhais. O oratório resultava de comunidades Nossa Senhora Aparecida e na terra prometida do Bairro Novo. Sonha-
uma graça ocorrida em 1897, quando tendo Santa Isabel, reunidas na casa de Dona Euni- da desde o início do novo milênio, quando a
recorrido a Mãe de Jesus, Francisca Teixeira ce, foram conduzidas pelo Espírito de Deus a consulta às famílias que habitavam o territó-
de Andrade não ficou desamparada diante da organizar uma comunidade territorialmente rio entre as comunidades Santa Isabel e Nos-
enfermidade de seu filho. Quando se comple- mais próxima das novas moradias. Assim, no sa Senhora do Perpétuo Socorro apontou a
tou o centenário daquela ermida, um piedoso mês de Maria do sexto ano de fundação da necessidade de uma experiência comunitária
homem chamado Adenir e algumas pessoas primeira comunidade, estando eles em torno mais próxima dessas pessoas, a comunidade
recém-chegadas àquelas paragens fizeram do da comunhão eucarística elegeram a Mãe do sob os cuidados de Santa Rita de Cássia flores-
local sua casa de oração, celebrando a Palavra Perpétuo Socorro por padroeira. No início se ceu com a primavera do décimo terceiro ano 1 SOUZA, Gilberto Granja. CEBs, um novo jeito de ser Igreja. Jornal A Voz do
e invocando a proteção de Nossa Senhora da reuniam nas casas e na escola que carregava do novo bairro, quando a celebração eucarís- Profeta, Curitiba, ano 1, n. 1, jul/ago 2001.
2 Constituição Dogmática Lumen Gentium, n. 9-17.
Luz dos Pinhais. De fato, “não havia entre eles o nome da santa de Calcutá. Passado algum tica referendou os planos que vinham sendo 3 Documento de Aparecida. Texto conclusivo da V Conferência Geral do
necessitado algum” (At 4,34), a comunidade tempo, adquiriram um terreno e iniciaram a construídos em comunhão. Episcopado Latino-Americano e do Caribe, n. 170-177.
4 Constituição Pastoral Gaudium et Spes, n. 1.

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Irmãs da Divina Providência
no Bairro Novo
Por irmã Joana Mensor

ao Brasil. Madre Bertha era a madre geral da


Congregação. Por isso a nova filial foi cha-
mar-se “Comunidade Madre Bertha.”
Durante um período de 20 anos, as ir-
mãs caminharam com o povo, auxiliando-o
nos trabalhos pastorais tais como: coroinhas,
grupo de idosos, P.P.I. (Pastoral da Pessoa
Idosa), pastoral da juventude, visitas às fa-

Freis Carmelitas no Bairro Novo


mílias, catequese para os adultos, trabalho
missionário paroquial e mensageiras. Além
disso, ajudavam nas celebrações e serviam
como Ministras da Eucaristia. Eram assídu- Por frei Alberto Henrique Marini, O.Carm.
O Bairro Novo foi fundado no início da as nos eventos na paróquia e faziam traba-
década de 90 do século passado. Famílias No ano de 1994, os Freis Carmelitas come- era unir as comunidades que estavam nascen-
lho voluntário na casa de recuperação de
da Vila Verde, conhecidas da irmã Marciana, çaram a dar um atendimento ao Bairro Novo, do no Bairro Novo. Partindo das reflexões de
dependentes químicos, do “Mosteiro Monte
foram morar neste bairro. Aos domingos, a contando com a presença de Frei Filomeno e Frei Chico e do próprio povo, a Festa das Ten-
Carmelo – Casas do Servo Sofredor”, tanto na
irmã da Divina Providência ia visitá-las. Per- de Frei Neto. A estrutura ainda não estava es- das assumiu uma característica voltada para
casa masculina quanto na casa feminina.
cebendo a grande necessidade de apoio es- quematizada, mas os freis procuravam dar um a mística e para a espiritualidade da “tenda”,
Foram 20 anos de missão. Muitas irmãs
piritual do povo, acabou morando lá numa suporte às comunidades São Francisco, Nossa extraída do Antigo Testamento. Mas, a Profeta
passaram e somaram para o crescimento da
meia-água, com a autorização da superiora Senhora Aparecida, São Tiago Apóstolo e San- Elias tornou-se paróquia somente no ano de
fé, na formação de lideranças. Fomos a pri-
provincial. O Bairro Novo crescia rapidamen- ta Isabel. 2000, que até o presente momento era deno-
meira presença da Vida Religiosa Consagra-
te. No ano de 1995, Frei Ivani, designado pela minada de “Rede de Comunidades”. O primei-
da junto ao povo neste bairro. Nos sentimos
Em 1995, a Congregação das Irmãs da Di- Comunidade Carmelitana, passou a atender às ro pároco foi Frei Antônio Carlos.
gratas a Deus Providência por esta missão.
vina Providência, Província Santíssima Trin- Comunidades do Bairro Novo e a dar um su-
Em fins de 2015, a comunidade paro- Fontes: Frei Ivani Pinheiro Ribeiro e Frei Francisco Manoel
dade, decidiu abrir uma comunidade de ir- porte de organização, na estrutura de RUMO
quial e todo o bairro já se encontrava bem de Oliveira (Chico).
mãs com a finalidade de ajudar na formação e de RUMÃO. Em fevereiro do ano seguinte,
organizado, com lideranças bem preparadas
de lideranças, em especial da juventude. Esta uma comunidade carmelitana passou a resi-
e com a presença de uma comunidade das
fundação aconteceu no dia 11 de fevereiro de Irmãs Catequistas Franciscanas e dos Freis
dir no bairro, composta por Frei Chico, Frei FAÇA PARTE DA FAMÍLIA
1995. As irmãs pioneiras foram: irmã Claure- Antônio Carlos e alguns estudantes na etapa CARMELITANA, COMO FREI, MONJA,
Carmelitas. Entendemos que era necessário
nice, irmã Noêmia e irmã Luzia. Em seguida, do Postulantado. A partir deste momento, os
partir para novos lugares de missão. As Irmãs IRMÃ, LEIGO/A CONSAGRADO/A OU
no mesmo ano, chegou Feliciana Alice para Freis Carmelitas sempre fizeram presença jun-
da Divina Providência decidiram fechar esta
somar na missão. comunidade do Bairro Novo para atender
to ao Bairro Novo. DEVOTO/A DO ESCAPULÁRIO!
A fundação da nova filial aconteceu no Ao longo do
outras realidades mais urgentes.
dia 11 de fevereiro para relembrar o 1º cen- tempo, passou-se
tenário da vinda das primeiras Irmãs da Divi- a organizar a Fes- @freiscarmelitasparana
na Providência ta das Tendas, que
ao Brasil. Há
JÁ PENSOU EM SER UMA IRMÃ DA no início era reali-
100 anos atrás, DIVINA PROVIDÊNCIA? SAIBA MAIS: zada na Praça das @freiscarmelitasparana
as seis primei- Tendas, que fica na
frente da casa dos
@divinaprovidenciacuritiba
ras missionárias
estavam em-
barcando para a
freis, sendo a pri-
meira delas no ano
(41) 99963-8204
grande viagem de 1997. O intuito

10 11
Irmãs Catequistas Franciscanas no Irmãs da Caridade Social no
Bairro Novo Bairro Novo
Por irmã Luiza Forte
longos anos no
As Irmãs Catequistas Franciscanas chega- houveram novas turmas de noviciado. trabalho da Pas-
ram no Bairro Novo no mês de maio de 1994, A população que veio residir no bairro era toral da Criança
dois anos depois que o bairro tinha sido cons- bastante pobre, desencadeando muitos desa- e no Projeto So-
tituído em 1992, a partir de um projeto de lo- fios como a violência doméstica, os assassina- cial Centro de
teamento. A presença da irmandade tos, o tráfico de drogas, o desem- Apoio à Família,
tinha em vista a formação inse- prego e outros. Conviveu-se sempre com a
rida para postulantes da pro- também com muitos valores missão de cui-
víncia e o aprofundamento partilhados. Desde o início dar e promover
do sentido da inserção do Bairro foi evidente o a vida.
nos meios populares. As protagonismo dos leigos De 1997 a
primeiras irmãs a residi- com o apoio dos religio- 2007 as Irmãs
rem no bairro foram Irmã sos eles foram se cons- da Caridade
Ana Fusinato e Irmã Ma- truindo como sujeitos do Social foram
risa Sheid. Além da for- processo de evangeliza- uma presença junto às Comunidades
As irmãs
mação das jovens, as ir- ção e construção de uma Eclesiais de Base (CEB’s) no Bairro Novo, em
da Caridade
mãs se engajaram na vida Igreja viva, participativa, Curitiba. Iniciaram uma missão junto à Pas-
Social é uma
das Comunidades Eclesiais vivenciando muitas alegrias Beata Hildegard Burjan toral da Criança, aos Grupos de Partilha e à
comunidade
de Base (CEB’s), nas pastorais na mística das CEBs. formação de lideranças, ajudaram a fundar o
de vida apostólica, fundada em 1919 pela Bea-
sociais e na formação de lideran- Nossa profunda gratidão à Projeto Mutirão, através do qual foram de-
ta Hildegard Burjan, em Viena na Áustria. Ten-
ças, especialmente da catequese. toda as Comunidades da Paróquia senvolvidas cinco ações  sociais:  padaria co-
do como carisma e missão: “Tornar presente o
Para acolher as postulantes, foi construída Profeta Elias e aos Freis Carmelitas. munitária; oficina de costura; clube de troca
amor misericordioso de Deus aos irmãos mais
na Rua José Bassa uma meia-água nos fundos e economia solidária; inclusão digital e cida-
necessitados”. O lema: “O amor de Cristo nos
de um terreno. No início, era uma casa bem dania  e o projeto dos catadores de material
impulsiona”. As primeiras irmãs chegaram ao
simples de madeira. Em 1998, acolheu-se as SEJA UM/A SIMPATIZANTE OU UMA Brasil em 1967 a convite do primeiro Bispo da
reciclável.
noviças. Em 2002, a Comunidade São Francis- Desde a fundação até os dias atuais, im-
IRMÃ CATEQUISTA FRANCISCANA: Diocese de Guarapuava, Dom Frederico Hel-
pelidas pelo amor de Cristo, as irmãs procura-
co adquiriu seu terreno e, em 2003, as irmãs mel.
mudaram-se para a rua Jussara n° 2110, onde ram atuar onde as necessidades são maiores,
Desde o início, as irmãs atuaram na orga-
foi construída uma casa maior para atender @irmascatequistasfranciscanas fazendo com que “o amor misericordioso de
nização da catequese nas comunidades e pa-
as necessidades da formação. De 2006 a 2013 Deus se torne Caridade Social através de sua
róquias em toda Diocese de Guarapuava. Por
houve a etapa do aspirantado. De 2016 a 2018 doação. Estamos abertas para quem desejar
meio dessa experiência, puderam ver bem de
nos conhecer melhor.” Conforme o desejo de
perto a pobreza e a miséria em que vivia gran-
Hildegard Burjan existem três formas de per-
de parte da população. Sensibilizadas com
tença à Caridade Social: irmãs leigas consa-
essa realidade, começaram um grande traba-
gradas e membros externos (leigos e leigas,
lho de promoção humana. Em 1971, funda-
casados ou solteiros). Todos são chamados a
ram o Departamento de Promoção Humana,
viver sua vocação cristã, no Espirito da Cari-
pelo qual passaram a desenvolver diversas
dade Social.
atividades sociais. Promoveram vários cursos
profissionalizantes para mulheres e homens ENTRE EM CONTATO E SAIBA MAIS SOBRE AS
com a finalidade deles se tornarem multipli- IRMÃS DA CARIDADE SOCIAL E SEUS SERVIÇOS:
cadoras e multiplicadores, ministrando cursos www.irmãsdacaridadesocial.com.br
nas próprias comunidades em vários municí- caridadesocial@hotmail.com
pios. Mais tarde, deram início e atuaram por (42)36247756.
12 13
A Festa das Tendas
2. A celebração da festa
A celebração começa com
a confecção da tenda. O ma-

na Bíblia 5 Por frei Rivaldave Paz Torquato


(Frei Riva)
terial para isso é descrito em
Neemias (Ne 8,14-15). Outro
elemento importante é a con-
fecção do feixe de ramos, o
Lulav, conhecido como o feixe
As festas bíblicas celebram os eventos sal- Tendas. Trata-se de uma das três festas de das quatro espécies de plan-
víficos de Deus na caminhada de seu povo. peregrinação, porém a mais popular. O his- tas: lulav (a folha maior da
Elas requerem um tempo e um espaço par- toriador judeu Flávio Josefo a define como “a palmeira), mirto (ou mirra),
ticulares e reservados para o encontro com mais santa e maior festa dos hebreus” (Ant. salgueiro e a cidra (ou outra
o Senhor. São ocasiões solenes de encontro VIII, 4,1). fruta cítrica). O feixe é sinal
de Israel com seu Deus, momentos queridos da unidade na diversidade dos
e desejados de ambas as partes. Afinal, “tudo 1. A Festa das Tendas filhos de Israel. Uma explica-
tem seu tempo” (Ecl 3,1). Nas festas, o Senhor ção simbólica, proveniente da
A Festa das Tendas, em hebraico Hag ha- antiga pregação rabínica atri-
é o centro, a solenidade é para Ele e, por isso, Nas suas origens, a Festa das Tendas era
-Sukkot, é também chamada de festa das co- bui a cada ramo uma espécie de filho de Israel
o homem não trabalha. Antes, renuncia sua uma festa agrícola: celebrava-se a colheita no
lheitas (Ex 23,16; 34,22; Lv 23,39) ou, simples- que juntos formam o povo inteiro: a cidra re-
participação na criação em reverência ao seu fim do outono, ou seja, a última colheita do
mente, a festa, ou seja, a festa por excelência presenta, entre os israelitas, aqueles que têm
Criador. Na festa, a pessoa se deixa nutrir pela ano antes do inverno e das chuvas. Os indí-
(I Rs 8,2.65; II Cr 7,8; Ez 45,25). O Livro do Le- sabor e perfume, ou seja, saber e boas ações;
alegria divina que o

“Habitareis sete
vítico, referindo-se a cios disso aparecem nos textos do Pentateu-
fortalece, pois “a ale- o lulav representa os que têm sabor, mas não
esta festa diz: “Rego- co (Ex 23,16; Lv 23,39; Dt 16,13-15). Tinha,
gria do Senhor é vos- têm perfume, ou seja, sabem o que é bom,
zijareis durante sete portanto, um caráter de ação de graças pelas

dias em tendas”
sa força” (Ne 8,10). mas não praticam; o mirto simboliza aqueles
dias na presença do colheitas.
Trata-se ainda de que têm perfume, mas não têm sabor, ou seja,
Senhor, vosso Deus” Mais tarde deu-se a ela (ou acentuou-se)
uma ocasião caracte- fazem o bem, mas não têm saber; e por fim,
(Lv 23,40). Liturgica- um sentido mais religioso ao inserir um even-

(Lv 23,42).
rizada pela abundância o salgueiro, aqueles que não têm uma coisa
mente, recebe o nome de to da história da Salvação, a saber, a caminha-
de vida. Portanto, vida e ale- nem outra. Deus, porém, ata-os num único
“tempo de nossa alegria” (Dt da do Povo de Deus pelo deserto por quaren-
gria no Senhor são colunas fun- feixe de tal modo que expiará uns pelos outros
16,14), tal é o clima que a do- ta anos após a saída da casa da escravidão do
damentais das festas bíblicas. (Wayyiqra Rabba 30). Todavia, existem outras
mina, aliás, trata-se da festa mais alegre en- Egito: “Todos os naturais de Israel habitarão
Algumas festas são de instituição rabíni- leituras para estas plantas: simbolizam os
tre os dias festivos do Antigo Testamento. Em em tendas, para que os vossos descendentes
ca e são chamadas festas menores ou pós-bí- quatro patriarcas (Abraão, Isaac, Jacó e José)
grego, ela é chamada de Skēnopēgía (Jo 7,2), saibam que eu fiz os filhos de Israel habitar em
blicas. Outras, porém, são preceitos divinos e ou as quatro matriarcas (Sara, Rebeca, Raquel
que significa erigir ou armar uma tenda, esta- tendas, quando os fiz sair da terra do Egito” (Lv
aparecem na Lei de Moisés:6 e Lia) como fundamentos ou pilares que sus-
belecer morada (Hb 8,2), acentuando a con- 23,42b-43). Israel recorda assim sua habita-
tentam a história do Povo de Deus, ou ainda
“Três vezes no ano me celebrarás festa” fecção da mesma ou o ato de edificar. ção no deserto, marcada pela precariedade e
pode significar o corpo humano (a palma ou
(Ex 23,14). “Três vezes por ano todo varão Sua celebração começa no dia 15 do mês provisoriedade, na total dependência da pro-
lulav = os ossos; cidra = coração; mirto = olho;
deverá comparecer diante do Senhor, teu Tishri (Lv 23,34.39), trata-se do sétimo mês, vidência de seu Deus. Se, por um lado a tenda
salgueiro = a boca), indicando que todas as
Deus, no lugar que ele hou- compreendendo a segunda representava sofrimento, instabilidade e fra-
partes do nosso corpo têm um significado no
ver escolhido: na Festa dos metade de setembro e a pri- gilidade, por outro, simbolizava a alegria da
serviço de Deus. No tempo dos Macabeus já
Ázimos [Páscoa], na Festa meira de outubro do nosso libertação, a travessia, bem como a proteção
se sugere uma procissão com estes ramos (cf.
das Semanas [Pentecos- calendário. Seria a passagem do seu Senhor (Sl 27,5; 31,21).
II Mc 10,6-7).
tes] e na Festa das Tendas” do outono para o inverno A festa, inicialmente, durava sete dias,
Um terceiro elemento relevante da festa
(Dt 16,16). em Israel, ocasião em que o número da plenitude. Mais tarde acres-
são as leituras bíblicas. Além da leitura dos
até mesmo o deserto fica centou-se um oitavo dia (Lv 23,36.39b; Nm
Entre as festas de institui- preceitos da festa no Pentateuco, a leitura
florido e colorido, aumen- 29,35), visto como a antecipação da plenitude
ção mosaica e, portanto, pre- profética do primeiro dia é Zc 14 (b Meg 31a).
tando o clima de alegria da escatológica.
ceito divino, está a Festa das O profeta volta-se para o futuro, quando as
festa. nações subirão para adorar o Senhor como
14 15
rei e para celebrar a Festa das Tendas. Deste Esta libação tinha por base o texto de Isaías: (Jo 8,12) também se insere no ciclo da mesma mas! (...) E que o mundo do nosso tempo, que
modo, o profeta universaliza a festa, a Salva- “Com alegria tirareis água das fontes da salva- festa quando toda Jerusalém ficava iluminada. procura ora na angústia, ora com esperança,
ção Messiânica, que a festa prefigura é para ção. Erguei alegres gritos, exultai, ó habitantes Aos poucos o evangelista mostra que, em Je- possa receber a Boa Nova dos lábios, não de
toda a humanidade: de Sião, porque grande é o Santo de Israel no sus, o Messias e a salvação esperados por oca- evangelizadores tristes e desacorçoados, im-
meio de ti” (Is 12,3.6). E também Ez 47,1-2. sião da festa já estão presentes. Ele realiza o pacientes ou ansiosos, mas sim de ministros
“Acontecerá que todos os sobreviventes
A água era o símbolo do Espírito que tudo fe- que a festa se propunha. do Evangelho cuja vida irradie fervor, pois fo-
de todas as nações que marcharam con-
cunda e renova (cf. Is 32,15-18). A procissão Em Jo 9,5-7, Jesus devolve a luz dos olhos ram quem recebeu primeiro em si a alegria de
tra Jerusalém subirão, ano após ano, para
era acentuadamente festiva e luminosa. ao cego na piscina de Siloé, que quer dizer en- Cristo»’” (EG 10).
prostrar-se diante do rei Senhor dos Exér-
O oitavo dia é o encerramento, o último viado, logo seria Ele o esperado, a verdadeira
citos e para celebrar a festa das Tendas.
dia, dia de grande solenidade (cf. Nm 29,35), Siloé. Oxalá que a mensagem da Festa das Tendas
E acontecerá que aquele das famílias da
é também, como já foi dito, o dia da prece da Ainda em Jo 12,12-15, a entrada solene ajude os cristãos a redescobrirem a Alegria do
terra que não subir à Jerusalém para pros-
chuva. O oitavo dia é parte da festa, mas ao de Jesus em Jerusalém sob gritos de “Hosana! Evangelho e adicionem mais alegria nas cele-
trar-se diante do rei, Senhor dos Exérci-
mesmo tempo tem autonomia como se fosse Bendito o que vem em nome do Senhor”! E a brações e na vida, como sugere o Papa e sem
tos, para ele não haverá chuva, e se a fa-
uma própria festa. O dia tornou-se a festa da multidão com ramos de palmeiras... esquecer das condições elementares para
mília do Egito não subir e não vier, haverá
alegria da Lei (Torá). É uma festa especial onde Já no início do Evangelho, lê-se: “E o Ver- isso: pão (colheita) em todas as mesas. Enfim,
contra ela a praga para as nações que não
se exprime a alegria e o amor pelo dom da Lei. bo se fez carne e armou tenda entre nós” (Jo a festa não só recorda o deserto, serve para
subirem para celebrar a festa das Tendas.
A festa abre-se para o mundo que há de vir, o 1,14). Poderia sugerir a passagem provisória lembrar também que estamos de passagem,
Tal será o castigo do Egito e o castigo de
ser humano almeja e abre-se para a felicidade do Verbo na história. Armar ou confeccionar a não temos aqui morada permanente, e a úni-
todas as nações que não subirem para ce-
em sua plenitude. Foi ainda no oitavo dia da tenda era parte da celebração da festa.7 Jesus, ca proteção segura é o Senhor (cf. Hb 11,13-
lebrar a festa das Tendas” (Zc 14,16-19),
festa que Salomão que se fez a Dedicação do porém, não veio apenas para celebrar a festa, 16; 9,2-3).
cursivo nosso.
primeiro Templo (cf. I Rs 8,2.63-66). Após o ele é a festa. Ele arma a tenda que ele é. E isso Referências
O livro base usado nesta festa é o Eclesias- retorno do exílio, ainda nesta festa se restau- o faz para que a alegria (da festa) seja plena AVRIL, A.-C. – MAISONNEUVE, D. de La. As Festas Judaicas (Docu-
tes vinculado ao tema da alegria, recita-se ain- rou o altar do Templo (cf. Esd 3,1-4), destruí- (Jo 15,11). O foco vai mais longe quando se mentos do mundo da Bíblia – 11). Paulus, SP, 1997. / BERGLER, S.
do pelos babilônicos. evoca a Tenda do Encontro, lugar da inabita- “Jesus, Bar Kochba und das messianische Laubhüttenfest”, JSJ 29
da o Hallel egípcio (Sl 113-118), nele louva-se (1998) 143-91. / BEUTLER, J. Evangelho segundo João. Comentário
o Senhor que fez subir Israel da casa da es- ção de Deus entre os israelitas (Ex 33,7-11). (BL – 70). Loyola, São Paulo, 2016. / BÜHNER, J.-A. Art. Skēnē:
cravidão do Egito e que, no final dos tempos 3. A presença da Festa das Tendas no Diccionario Exegético del Nuevo Testamento II (2012) 1426-9. /
____. Art. Skēnoō: Diccionario Exegético del Nuevo Testamento II
messiânicos libertará Israel de todo domínio NT Conclusão (2012) 1431-2. / COELHO, A. C. Encontros marcados com Deus:
estrangeiro oposto ao Reino divino. Esperava- expressão da unidade do povo de Deus. As festas judaicas e o cris-
O evangelista João faz uma referência ex- A Festa das Tendas recorda a vida de Is- tianismo. Paulinas, SP, 1999. / DEVILLERS, L. A Saga de Siloé. Jesus
-se que o Messias iria chegar solenemente no e a festa das Tendas (João 7,1-10,21). Paulinas, São Paulo, 2015.
plícita à festa: “era próxima a festa dos judeus, rael pelo deserto, quando Deus habitava em
encerramento desta festa. / EPHRAÏM. Jesus. Judeu praticante. Paulinas, SP, 1998. / HAN-
a festa das Tendas” (7,2). A estrutura do ca- seu meio, o guiava como pastor e o assistia NOVER, J. Gelebter Glaube. Die Feste des jüdischen Jahres (GTB
A recitação da aclamação conclusiva do 778). Mohn, Gütersloh, 1986. / Gilvan Leite de Araújo. História da
pítulo inteiro é determinada pelo andamento ao longo do caminho. Os cristãos encontra-
Hallel, o hoshi’a-na, festa judaica das tendas. São Paulo: Paulinas, 2011. / KONINGS, J.
da festa: antes da rão tudo isso no Cristo ressuscitado. Ao cele- O Evangelho segundo João. Amor e fidelidade. Loyola, São Paulo,
significa salva-nos! 2005. / LÉON-DUFOUR. X. Leitura do Evangelho segundo João (vol.
festa (vv. 1-13), brar o mistério pascal entramos na estação do
(Sl 118,25a). Daqui II) (BL 14). Loyola, São Paulo, 1996. / MATEOS, J. – BARRETO, J. O
durante a festa júbilo. Ora, onde ficou o transbordar de ale- Evangelho de São João (GCB). Paulus, São Paulo, 2 1999. / NICCACI,
vem nosso hosana! A – BATTAGLIA, O. Comentário ao Evangelho de São João. Vozes,
(vv. 14-36) e o gria de nossas liturgias e de nossa vida cristã?
A expressão é re- Petrópolis, 1981. / PETUCHOWSKI, J. J. Feiertage des Herrn. Die
último dia (vv. Onde está a abundância de vida para todos (Jo Welt der jüdischen Feste und Bräuche. Herder, Freiburg, 1984. /
petida mais vezes,
37-52), quando 10,10), num país que abraçou a proposta do PORSCH, F. Johannes-Evangelium (SKK – NT 4). KBW, Stuttgart,
sendo as duas últi- 1988. / RIENECKER, F. (ed.). Art. Laubhüttenfest: Lexikon Zur Bi-
Jesus se apresen- Evangelho como fundamento de fé? bel (1961) 828-30. / SCHNACKENBURG, R. El Evangelio según San
mas para pedir chu-
ta como água. Quanto a alegria, o Papa Francisco percebe Juan. Versión y comentario II. Herder, Barcelona, 1980. / SCHULZ.
va fecunda, que faz S. Das Evangelium nach Johannes (NTD 4). Vandenhoeck & Rupre-
Acreditava-se que está faltando este tempero na vida cristã e cht, Göttingen, 1987. / VICENT, R. La festa ebraica delle Capanne
renascer a vida (no
que o Messias afirma: “Há cristãos que parecem ter escolhi- (Sukkot). Interpretazioni midrashiche nella Bibbia e nel Giudaismo
oitavo dia). A rela- antigo. Editrice Vaticana, Cidade do Vaticano, 2000.
se manifestaria do viver uma Quaresma sem Páscoa” (EG 6).
ção da festa com a
definitivamente E na mesma Exortação diz: “Um evangeliza- 5 Este texto é uma síntese de nosso artigo: “Aproximava-se a festa dos
chuva é feito pelo judeus, a festa das Tendas” (Jo 7,2). A festa das Tendas no IV Evangelho.
nesta festa. Para- dor não deveria ter constantemente uma cara
profeta Zacarias, como mostra o texto acima. Studium: Revista Teológica/ Studium Theologicum de Curitiba - Ano 10 n.
doxalmente, João mostra justamente a rejei- de funeral”. Em seguida faz o apelo: ‘recupe- 18 - 2016, pág. 131-148
A partir da segunda noite, se buscava água 6 Para estas festas existia um calendário: Ex 23,14-19; 34,18-23; Lv 23; Nm
ção de Jesus por ocasião dela. remos e aumentemos o fervor de espírito, «a 28–29; Dt 16,1-17; Ez 45,18–46,15.
na fonte de Siloé e transportavam em procis-
A afirmação de Jesus: “Eu sou a luz do mun- suave e reconfortante alegria de evangelizar, 7 A sabedoria também arma sua tenda. Em seguida atribui esta ação a seu
são para fazer libações no altar do templo. criador (cf. Eclo 24,3.8.10). Em João estamos diante da sabedoria incriada.
do. Quem me segue não andará nas trevas...” mesmo quando for preciso semear com lágri- Esta realiza o que aquela prefigurava por meio de sua própria carne.

16 17
GRUPO ARTE E VIDA Por Marcos Vieira

50 a 60 pessoas direta e indiretamente envol-


vidas. A apresentação foi crescendo e a adesão
ao grupo foi muito boa. Iniciou com jovens,
mas na sequência já contava com a participa-
ção de membros de todas as idades. O gru-
po cresceu bastante e, partir do ano 2000,
as apresentações passaram a acontecer na
Rua da Cidadania, oferecendo uma estrutu-
ra melhor. Em seus 20 anos, a apresentação
foi se tornando uma das maiores de Curitiba.
Contando com uma grande estrutura, na úl-
tima apresentação o grupo teve mais de 300
J unto ao início das moradias Bairro Novo,

Da praça para as tendas


iniciaram também as comunidades cató- pessoas envolvidas entre elenco e equipes de
licas. Com o crescimento do bairro, veio tam- trabalho. Na última apresentação, o público
bém a necessidade de aumentar as comuni- aproximado foi de 12 mil pessoas. Com a pan-
dades para que o povo pudesse professar sua demia não foi possível apresentação nos anos

de Contenda!
fé. Pouco a pouco, foram surgindo as pastorais de 2020, 2021 e 2022. O grupo se prepara
e uma delas foi a pastoral da Juventude, que para a retomada no ano de 2023.
iniciou na comunidade Santa Isabel. O pri- Hoje o grupo conta com a ajuda das co-
meiro grupo foi o grupo Jusi (Jovens Unidos munidades, do comércio local e também do
Por Cedenir Didek Seguindo Ideal). A juventude, como sempre poder público. Um projeto que surgiu na Pas-
muito ousada, se desafiava no trabalho com toral da Juventude, incentivado nas comuni-
O acampamento surgiu nos EUA, dade e as relações interpessoais, a partir dades da Paróquia Profeta Elias, e que sempre
voltado para executivos e suas equipes, do respeito às diferenças. Seu objetivo é teatro e encenação.
Já com algumas comunidades formadas, contou com o apoio dos párocos e da comu-
no final da década de 80. No México, a despertar grandes líderes missionários, nidade Carmelitana. O grupo de Teatro Arte e
seus grupos de jovens começaram a fazer
Igreja Católica o adaptou e espiritualizou ativos e participativos em suas comuni- apresentações de Natal e da Paixão de Cristo. Vida continua firme na retomada com objeti-
para um trabalho de dades. vo de evangelizar através da Arte.
”Eu vim para que
Era comum, na Sexta-feira Santa, cada grupo
resgate do ser hu- Hoje, em nossa fazer sua apresentação nas suas comunida-
mano.  Na Paróquia paróquia, vivemos des e depois se reunirem e seguirem juntos

-se em 2014 como


todos tenham
Profeta Elias, iniciou- essa experiência ma-
ravilhosa e transfor-
para assistir apresentação da Paixão de Cristo
na Pedreira Paulo Leminski, do grupo Lanteri.

vida, e vida em
um novo projeto de madora em diferen- Isso aconteceu por alguns anos, até que, em
evangelização para tes modalidades de 1997, a coordenação da Pastoral da Juventu-
de teve ideia de juntar os grupos e fazer uma
crianças, adolescen- acampamento: JU-
tes, jovens e adultos.
Com uma me-
abundância. VENIL-SÊNIOR, FAC,
CES, CASAIS, MIRIM e
apresentação única a nível de Paróquia.
No início, com muitas dificuldades, sem


local, sem estruturas e somente com a cara e
todologia de imersão e
atividades na mata, o acam-
(Jo 10, 10) estãoJOAM. Para o ano de 2023,
previstos novos acampa-
a coragem e com a ajuda das comunidades e
do comércio local, as primeiras apresentações
pamento busca oferecer uma ex- mentos. Venha você também co- aconteceram na praça das Tendas. Eram fei-
periência de encontro com Deus, com o nhecer este projeto que tem restaurado tas no improviso e com caminhão emprestado
irmão e consigo mesmo. Ele favorece o e transformado muitas vidas! para fazer de palco. O cenário e figurino eram
resgate da dignidade humana, ajudan- ”Eu vim para que todos tenham vida, muito simples. Mas tudo era feito com muita
dedicação e amor, pois a proposta era evange-
do o campista a enfrentar os desafios do e vida em abundância. (Jo 10, 10)“
lizar através da arte.
dia-a-dia. Também promove a fraterni- No início o grupo tinha a participação de
18 19
25
ANOS
FESTAS DAS TENDAS:
Memória Agradecida
Por frei Edimar Fernando Moreira, O. Carm.

“O
carro chefe da Festa das Tendas prometidos com uma leitura do Evangelho a

Gincana e Olimpíadas
é a unidade”, testemunha com partir da opção preferencial que Deus faz em
semblante de alegria Cláudio. relação aos mais empobrecidos. De outro, fa-
Ele chegou junto com outros muitos morado- mílias vindas do interior com suas histórias de
res no Bairro Novo que já não é tão novo. São fé e perseverança. Algumas dessas famílias até

Profeta Elias
25 anos desde que a primeira festa aconteceu. já moravam em Curitiba, mas se aglomeravam
Quando surgiu, os novos habitantes recém em algumas favelas ou viviam reféns de alu-
chegados pouco se conheciam. A festa, para guéis. O novo loteamento da Companhia de
Bernadete, foi a ocasião perfeita para as pes- Habitação Popular de Curitiba (COHAB), ini-
soas das comunidades se conhecerem. ciado em 1992, representava a possibilidade
A unidade, a comunhão e a sinodalidade, de vislumbrar dias melhores.
que tanto nos pede o papa Francisco hoje, Ainda podemos encontrar muitas pesso-
eram marcas do jeito profético de ser Igreja as que participaram das primeiras festas. No
na época. A paróquia surge a partir da inspi- coração dessas pessoas, paira uma memória
ração das Comunidades Eclesiais de Base, as agradecida. Para Cristina, por exemplo, que
CEB’s. De um lado, religiosos e religiosas com- esteve na primeira no ano de 1997, a Festa
das Tendas recorda “o êxo-
do do povo que saiu de suas
cidades para Curitiba por
muitos motivos. Esse êxo-
do trouxe uma união espe-
tacular. Todo mundo esta-
A Pastoral dos Adolescentes e a Pastoral da Juventude Carmelitana va no zero. Não tínhamos
da Paróquia Profeta Elias realizam, anualmente, as Olimpíadas, com nada, mas tínhamos tudo,
diversos esportes, e a “Gincana que Unifica o Ideal do Adolescente” porque tínhamos esperan-
ça”.
(GUIA) e a “Gincana Bíblica Jovem” (GBJ). São centenas de adoles- A preparação da pri-
centes e jovens que participam com alegria e entusiasmo. É um jeito meira festa já teve a marca
jovem de se divertir, rezar e amadurecer! Entre em contato e saiba do trabalho comum, pois,
segundo Marcos Viera, foi
qual o horário que o grupo de sua comunidade se reune. quase um ano de discussão
e preparação da festa. Para
@paprofetaelias Benta, na festa, “tem que fi-
car a sua essência que a uni-
@pastoral.juventude_ dade, a coletividade, o so-

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nho do mutirão. Tendas”. Segundo rezando, hoje são animadores nas comunida- as duas horas da manhã fritando batata em
Ou a gente fica o frade Carmelita, des de pastorais. A gente vê vários exemplos dois tachos para atender quem estava na fila.
junto, ou não vale quando se pensou disso. Um dia elas beberam da fonte da ora- O problema era a gordura que não esquenta-
a pena a Festa das na espiritualida- ção nas casas.” O casal Salete e Marinho afir- va direito por conta do frio e a lona que não
Tendas. Não di- de por detrás das ma que: “nas novenas, geralmente animadas segurava o vento.
vidimos equipes, tendas, se dese- pelas mensageiras, a gente ia descobrindo e Por conta da chuva que tinha durado a se-
partilhamos tra- java recordar que lembrando de onde viemos. Havia gratidão mana toda, antes da primeira festa, no sába-
balhos.” Por isso, a primeira tenda é pelo terreno onde a vida estava começando.” do o chão era pura lama. Para Topan, “tinha
ela ainda expres- a pessoa mesma, a Ao longo dos anos, são muitas as formas comunidade que já tinha alguma coisa, mas
sa: “o que me traz segunda é a famí- que a paróquia tem encontrado para celebrar tinha comunidade que não tinha nada. Prato,
alegria ou tristeza lia e a terceira é a a Festa das Tendas: grupos de reflexão em fa- garfo, panela... tudo faltava. Mas, no fundo,
é a mesma coisa, comunidade. mília, tríduos, novenários, dozenários, cele- a gente até gostava quando tinha barro, por-
sua presença ou Para ajudar no brações etc. Nas palavras do casal Aristides e que isso era vida para nós!” Com bom humor,
ausência: a unida- aprofundamento Luzia, “a Festa das Tendas é para conduzir as Salete afirma que não via aquilo como difi-
de!” da espiritualidade pessoas para Deus, assim como fez o profeta culdade... tudo fazia bem. Um grande desafio,
da festa, criaram- Elias, nosso padroeiro, que levava as pessoas porém, nas primeiras edições, era o banheiro.
ESPIRITUALI- -se alguns rotei- a Deus”. Por isso, como recorda Junior, “Fes- Segundo ela, “tinha que ter coragem para ir
DADE ros para que as ta das Tendas sem Deus na frente não dá. Ela no banheiro. Chegou a cair alguém na valeta
famílias vizinhas é um momento de renovação para gente, de que era aberta para o banheiro improvisado. E
A fé e a místi- rezassem em suas união!” vai que cai a lona? Dava medo!”
ca, desde quando casas, num forma- Os serviços foram melhorando com o
chegaram os pri- to de grupo de re- DESAFIOS tempo. Simone recorda a primeira vez em que
meiros habitantes flexão bíblica em a Comunidade Santo Antônio ficou responsá-
do bairro, foram família. Na aber- Foi preciso muita coragem para que cada vel pela barraca do suco. Contudo, eles não
as chaves que de- tura de um desses uma das 25 festas, ao longo desses anos, acon- tinham experiência em fazer suco. Segundo
ram origem à vida livretos, provavel- tecesse. O espaço escolhido primeiramente ela, compraram cenoura e misturaram com as
das comunidades do Bairro Novo. Lourdes mente o da preparação para a festa do ano de foi a praça que leva o nome de “Praça das Ten- frutas. Confessa, rindo: “as pessoas comeram
conta sobre quando começaram a ter oração 1999, frei Chico escrevia: “A Bíblia salienta o das”, onde até hoje os freis mantém uma casa mais salada do que suco, porque colocava-se
nas casas com a irmã Marciana, antes do sur- caráter humanista das festas que libertaram o na frente, no Bairro Novo A. Anos mais tarde, cenoura em tudo, com qualquer tipo de fruta.”
gimento das comunidades. Ela, que desde en- homem da escravidão do trabalho e da produ- a metade da praça foi utilizada para a constru- Com a criatividade e carinho na preparação da
tão não largou mais da vida de comunidade, ção (Ex 34,22). [...] A realidade de Curitiba se ção da Escola Miracy, que antes ficava na Rua festa, a cada ano ela tem oferecido novidades
com bom humor, testemunha: “Eu aprendi a assemelha em muito com a retirada do Povo São José dos Pinhais. Com isso, a festa pas- em sabores e atrações para que a festa fique
arrumar a igreja na marra. Eu não sabia nada. de Deus do Egito: de 15 anos para cá, migra- sou a acontecer no terreno ao lado da Igreja cada vez melhor. O fato da festa não oferecer
Não sabia nem rezar o terço. Depois a irmã ram para nossa capital mais de 635 mil pesso- Matriz. Nos primeiros anos, a festa acontecia mais bebida alcoólica, como fez em suas pri-
veio e a gente começou a rezar.” Isabel recor- as, vindas do interior do Paraná e, em menor geralmente em julho. Depois, se buscou fa- meiras edições, também pode ser considera-
dou que, “junto com irmã Marciana, a gente quantidade, de outros estados da federação. O zer nos últimos meses do ano, sobretudo para do uma evolução, fruto de uma reflexão ma-
falava até que nossa Igreja era Igreja viva, por- migrante é a pessoa que sai de seu país, esta- tentar ter uma trégua da chuva. Nem sempre dura a partir da realidade e do envolvimento
que não tinha parede”. do ou cidade, deixando, às vezes, sua família, houve sucesso. profética da paróquia com as Casas do Servo
Com o início da organização das primeiras casa e terra em busca de uma nova realidade Bernadete conta que quando a comuni- Sofredor – Mosteiro Monte Carmelo.
comunidades, ter uma festa que congregasse de vida, mais digna e justa. Há migrações for- dade Nossa Senhora Aparecida foi convidada Além da falta de infraestrutura, a vio-
o povo era importante. A preparação da pri- çadas e outras espontâneas. O papel da Igreja para participar da Festa das Tendas, ninguém lência também foi um desafio nas primeiras
meira festa também começou a partir da ora- deve ser o de mãe acolhedora e promotora da sabia ao certo como ia acontecer: “Sabíamos festas. Algumas lideranças das comunidades
ção nas casas. Para Percy, “frei Chico criou uma dignidade humana.” que tinha uma praça, mas não tinha barraca. lembram que foi preciso frei Chico procurar
base mais espiritual sólida para a festa”. No Segundo Mozart, quando frei Chico che- Tudo era bem primitivo. Barracas feitas com alguns líderes de gangues e conversar com
sábado, da primeira festa, conta Bernadete, gou, tomou a Bíblia e trouxe a ideia da Festa madeira e cobertas com lona”. Mesmo, assim, eles para que não atrapalhassem o evento.
“quando deu umas 19 horas, aconteceu a mis- das Tendas, o povo achou meio estranho. Mas desde o início, a festa sempre reuniu bastan- Cedenir lembrou da vez em que o cantor de
sa. Subiram em um caminhão e o altar foi em depois foi acolhendo. Ele conta que “muitas te gente. Segundo ela, no primeiro sábado músicas católicas e populares, Zé Vicente,
cima dele. Lá foi contado o que era a Festa das crianças que há 25 anos atrás viam os pais da festa, a barraca da comunidade ficou até estava se apresentando e o narrador da fes-

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ta precisou interrompe-lo algumas vezes para SERVIÇO Com o passar dos anos, criou-se um rateio en- FUTURO
pedir para a polícia apartar brigas. Benta re- tre as comunidades de boa parte do resultado
corda que houve um ano em que toda a carne A generosidade e a gratuidade das pessoas final da festa. Segundo Topan, no início não “Um bairro que evoluiu, que foi se trans-
da festa foi roubada. Segundo ela, “foi um de- é uma grande marca da festa. Há alegria em era assim ainda. Até hoje, o empenho das co- formando. Também a paróquia evoluiu”, é a
sespero aquele almoço. Foi o desafio daquela servir. No início, algumas vezes, se conseguiu munidades na busca pelos patrocinadores e percepção de Cláudio. Segundo Marcos, “hoje
festa”. Já faz alguns tempo que não são regis- um ou outro caminhão para ajudar a carregar na venda de cartelas, de números da rainha já temos toda uma estrutura melhor. Mas é
trados transtornos como esses. Nos últimos o necessário para a festa. Também os shows, e dos alimentos e bebidas impactam direta- natural que a modernização vá acontecen-
anos, tem sido contratado os serviços de uma apresentações e celebrações eram realizadas mente no bom êxito da festa. do. Mas não pode perder a essência.” Para
empresa de segurança. em cima de caminhões emprestados. Ainda Atualmente, costuma-se dividir os tra- Percy, por sua vez, “a paróquia não fica mais
Para Topan, nessas 24 festas, todas as co- assim, o casal Alessandra e Marcos relembra balhos entre as comunidades e pastorais. Os sem Festa das Tendas. Ela tem que continuar,
munidades enfrentaram alguma dificulda- que “nem todo mundo tinha carro. Muitas animadoras e as animadoras das comunida- precisa continuar. Que ajude cada vez mais a
de em algum momento. Mas, segundo ele, coisas que precisava, se levava nas costas. des são fundamentais nesse bonito serviço de juventude. Graças a Deus temos os acampa-
quando algo não dá certo em um ano, bus- Lembro da gente levando panela nas costas. liderança. Em sua 25° edição não foi formada mentos que dão uma grande contribuição. É
ca-se melhorar para o ano seguinte, pois as A gente fazia barraca de lona, fazia buraco no uma equipe especial para coordenar a festa, preciso continuar formando mais líderes para
comunidades são muito criativas. Recorda, chão para fincar as madeiras e esticar as lo- como costuma acontecer. Foram os animado- o futuro.”
ainda, que houve até um ano em que a festa nas.” res e as animadoras que ficaram com esse en- Para a família Gerson, Iara e Elvis, o cen-
foi em um estúdio, por conta da Pandemia da No início, como recordam Claudemir e cargo. Os patrocínios geralmente ajudam na tral é não perder a participação que existe do
Covid-19. Mesmo com os desafios, até hoje o Edileuza, cada comunidade levava algo para compra dos brindes para o show de prémios. povo. Eles se preocupam, pois acreditam que
povo não desiste. A superação e a perseveran- oferecer em sua barraca. Por vezes, o item era Alimentos chegam muitas vezes em forma de a tendência é que as coisas venham cada vez
ça estão na origem da festa. Para Benta, eram preparado na própria comunidade e chegava doação das pessoas que ajudam com aqui- mais prontas, sobretudo por conta da tecno-
muitos os desafios, “mas ninguém desistia, pronto na praça. Era importante que não hou- lo que podem. Como costuma acontecer nas logia. É preciso continuar promovendo o en-
porque ninguém estava seguro. Todos nós vesse prejuízo. Como lembra Cristina (do Per- comunidades, muitas vezes é o mesmo povo contro, o estar junto, seja como pessoa, seja
éramos sobreviventes vindo do interior. Tudo cy), “as comunidades estavam em construção que doa, que prepara, que compra, que des- como comunidade. Para Salete, não devemos
estava para ser trabalhado. Na coletividade de e também dependiam do resultado financeiro fruta e que se alegra com o resultado da festa. nunca perder de vista a questão espiritual,
ideias tudo ia se ajeitando”. para investir nas comunidades, na estrutura”. É a alegria de participar e ajudar que satisfaz o pois ela tem sido fundamental para ajudar a
coração das pessoas generosas. manter a unidade com as pessoas novas que
Quando perguntada se não costuma ha- vão chegando na paróquia. Segundo Benta,
ver desavença quando alguém trabalha mais por sua vez, devemos zelar pela história das
e outro trabalha menos, Júlia, com sabedo- pessoas que estiveram nas primeiras festas e
ria, dispara: “vai ter gente que vai ajudar a que hoje talvez já não estejam tão a frente. A
carregar banco, vai ter gente que vai vender festa das tendas foi e é feita em mutirão. To-
cartela. Vai ter gente que vai ajudar todo dia, das as pessoas devem ser valorizadas
vai ter gente que só vai cozinhar no dia. Cada Foi na família que a espiritualidade da
um vai oferecer o que pode. Não tem como FESTA DAS TENDAS começou a ser vivida, é na
falar assim ‘aquele ajudou mais, esse ajudou família que ela se manterá. Como testemunha
menos’. A festa acontece porque cada um vai o casal Claudemir e Edileuza, “não fazemos
ajudando um pouquinho. Importa é o final!” nada para a gente. Fazemos para deixar para
Para Julia, até hoje, “a beleza da festa das os filhos. O exemplo que a gente dá é para os
tendas é a alegria de quem gosta de servir e filhos. É o exemplo que a gente tenta deixar.
de juntar, pois ocorre uma coisa impressio- Não é para nosso ego, mas para que eles con-
nante: o pouquinho de cada um faz acontecer tinuem participando da família.” Que venham
uma festa maravilhosa. Acontecem as “tretas”, muitas e muitas Festas das Tendas para agra-
mas ainda permanece a união. Quando a gen- decer a Deus pela colheita de tantas graças
te discute, chega num acordo e acontece. É que Ele tem nos concedido nesse barro santo,
uma maravilha! Assim é a nossa família, assim onde arma sua tenda no coração de cada um
é família Paróquia Profeta Elias”. de nós!
Fonte: entrevistas, livro Tombo Paroquial e li-
vretos das Festas das Tendas.
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“A Amanda vai ser rainha nesse ano de 2023. Passamos a nos envolver muito com a
comunidade Nossa Senhora do Carmo desde que as crianças começaram a catequese.
É uma coisa legal para a comunidade. Estamos cuidando da parte “glamorosa” para

RAINHA
CONCURSO
a festa agora que a Amanda está concorrendo como rainha. É a realização de um

Festa das Tendas


sonho, de alguma forma. Para mim, como mãe, está sendo muito gratificante também.
Desfilando, linda!” (família Silvio, Edineia, André e Amanda)

“Minhas filhas, quando veem as “Trouxeram do norte


rainhas, também falam que sonham a ideia das rainhas,
em ser rainha. Elas são o futuro e mas lá era alguém que
é bonito ver a Natália e Amábile apadrinhava a moça”
querendo ser.” (Alessandra e Marcos) (Maria do Carmo)

“O que mais me marcou foi a primeira vez que a rainha da nossa comunidade foi
a Rainha da Festa das Tendas. Foi aquela adrenalina, aquela emoção de você ser
a campeã. E você vê que não é a campeã de beleza, mas é campeã aquela que mais
“Na primeira vez que teve rainha, eu estava encarregada de arrumar elas. Havia
trabalhou, que mais se dedicou. Mas, ainda que não ganhem como rainha, todas têm
e ainda há todo um glamour. Alugamos as roupas, um cabeleleiro arrumou o cabelo.
mérito, pois todas trabalharam.” (Gerson e Iara)
Era uma loucura para vender os votos da rainha” (Cristina – Carmo)

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