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Ciclo de estudos

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Ciclo de estudos é algo utilizado por aprovados em concursos de alto nível há um
tempo considerável. É um método que resistiu aos testes do tempo e provou não
ser um modismo. Portanto, é uma técnica indispensável para qualquer um que
pretenda estudar em alto rendimento.

Sabe por quê?

Do ponto de vista científico, o ciclo de estudos ajuda a desconstruir a curva de


esquecimento proposta por Hermann Ebbinghaus, psicólogo alemão (que também é
criador do primeiro teste de inteligência), além de estar relacionado com o loop do
hábito: gatilho, ação e recompensa – que é a ideia central do best seller de
Charles Duhigg.

A curva de esquecimento, resumidamente, surgiu de um estudo que comprovou


por quanto tempo conseguimos reter um assunto com o passar das horas e dos
dias. Apenas para ilustrar (já que o foco aqui é o Ciclo de Estudos), os cientistas
encontraram algo assim:

Às vezes é difícil lembrar o que almoçamos ontem – o que dizer daquele


assunto, daquela matéria, estudado há quatro semanas?
Já do ponto de vista prático e empírico, esse método proposto por Alexandre
Meirelles e por todos os Coachs para concursos que conheço aos seus alunos
tem ajudado vários candidatos a serem aprovados nos concursos públicos mais
difíceis.

Neste artigo, ensinarei com detalhes como funciona o ciclo de estudos e


exatamente como você pode aplicá-lo em sua preparação. Você também
acompanhará a construção de um ciclo, do zero.

Então, vamos direto ao assunto.

O que é Ciclo de Estudos?


Os ciclos são diferentes dos planejamentos de estudos comuns, aqueles com
cronograma por matérias.

A principal diferença é que o ciclo de estudos é dinâmico, ao contrário dos


planejamentos fixos por dia/matéria.

No planejamento “normal”, daquele que as pessoas fazem quase por intuição ou


por orientação, em alguns casos, equivocada, define-se o que estudar em cada
horário, em cada dia, geralmente em cada semana. Por exemplo: segunda-feira
Direito Constitucional, terça-feira Português, quarta-feira Raciocínio Lógico, etc.
Se houver algum imprevisto na noite de sexta, como uma dor de cabeça ou uma
visita inesperada para passar o fim de semana, você pularia Português e Inglês, o
que comprometeria o equilíbrio necessário para conseguir a aprovação.

Pior ainda: você ficaria um tempo considerável sem contato com a matéria, e isso é
a fórmula para o esquecimento de muita coisa que você passou horas estudando,
agora à toa!

Agora, vai ficar uma semana sem estudar português e inglês, porque os outros dias
já estão ocupados com outras matérias.

E ainda piora: é muito difícil encaixar o número de horas certo para cada matéria
nos espaços que você tem disponível ao longo da semana.

Isso é a fórmula para o esquecimento, e para a frustração, pois você sentirá que
não está avançando…

Além disso, esse método “tradicional” tem um grande problema, evidenciado nas
palavras do mestre Alexandre Meirelles:

No concurso você não vai fazer prova de


uma ou duas disciplinas por semana, e
sim de 10 a 25 num fim de semana só.

No ciclo de estudos, por outro lado, define-se a sequência de matérias a ser seguida
e a quantidade de horas para cada uma delas.

Adiante teremos detalhes, mas para você começar a compreender, veja um ciclo bem
simplificado, com apenas 5 matérias:
Portanto, apenas como exemplo, cada matéria terá um peso em horas: Português deverá
ser estudado por 3 horas seguidas, Inglês por 1 hora e as demais por 2 horas.

Ensinarei, na prática, como definir esses pesos e ordem adiante.

Você pode notar, portanto, que existe uma ordem de disciplinas que, quando chega ao
final, se repete.

Não importa o dia e hora da semana, mas sim o cumprimento da carga horária prevista.

Daí o nome Ciclo. Quando chega à última matéria do ciclo, volta-se à primeira.

Um ciclo de estudo não dura um dia ou uma semana ou um mês. Ele dura o número de
horas que você levará para passar por uma parte de cada uma dessas disciplinas.

No exemplo acima, o Ciclo é de 10 horas. Isso pode ocorrer num único dia, em dois, em
três… depende do tempo que você tem disponível para estudar.

Siga comigo.

As vantagens do Ciclo de Estudos

Como a ordem é muito mais importante do que a rígida definição do que estudar e
quando, mesmo que ocorram imprevistos e você fique sem estudar por um dia, você
garante o estudo equilibrado de todas as disciplinas. O ciclo se adapta.

Além disso, é possível atribuir pesos diferentes às matérias, priorizando aquelas


quem têm mais questões na prova, que valem mais pontos, ou com as quais você tem
menos afinidade.

Sim, essa questão da afinidade é muito importante. Novamente, as probabilidades


são que a reprovação se dê por causa daquela matéria que você odeia (só gerando
mais ódio), até isso virar um bloqueio terrível. No ciclo, não tem jeito: você vai
estudar todas as matérias.
E tem mais!

A grande sacada de estudar por ciclo de estudos é a possibilidade de revisitar


cada matéria, em espaços curtos de tempo.

Se você tem contato frequente, em curtos intervalos, com uma determinada


matéria, sua capacidade de memorização e, consequentemente, de compreensão
será multiplicado.

Quer um exemplo da vida cotidiana? De quais desses números você se lembra: CPF
e RG ou Habilitação e Título de Eleitor?

Com certeza as chances são de que você se lembre dos dois primeiros, pois é o
contato constante com um algo que diz ao nosso cérebro que isso é importante e
deve ser guardado na memória.

Saber como essa máquina insuperável da natureza que está dentro da sua cabeça
funciona faz toda a diferença, não é?

E por falar em funcionamento cerebral, os ciclos ativam as recompensas: quando


você vê o estudo avançar e os ciclos “passarem”, tem uma sensação de progresso e
dever cumprido que aumentará a sensação de prazer ao estudar.

Ele ajuda a criar um hábito extremamente benéfico.

E já que estamos falando em estímulos, saiba que a variação de estímulos é


comprovadamente um potente fator de atenção: quando é exposto a mudanças, sua
mente fica mais alerta.

Por fim, apenas para reforçar a primeira vantagem citada, o ciclo de estudos se
adapta à sua realidade. É uma grande ilusão fazer aquela planilha toda bonitinha
com dias e horas para estudar assuntos definidos e achar que não vão ocorrer
imprevistos.
Se ocorrerem situações não planejadas, e ocorrerão (quem coloca no planejamento
que irá ficar preso no trânsito por 1 hora na quinta à tarde?), o ciclo se ajusta à sua
realidade, reduzindo muito os prejuízos em relação à metodologia “normal”.

Resumindo as vantagens do ciclo de estudos:

Como montar Ciclo de Estudos

Agora que você já sabe o que é o ciclo de estudos, vamos ver o passo a passo para
montar o seu primeiro ciclo.
Primeiro passo: defina as matérias

O primeiro passo é levantar todas as disciplinas que caem no concurso que é seu
foco. Pegar o edital do concurso mais recente realizado para o cargo e órgão
ajudará muito.

Vamos usar como exemplo o último edital do concurso para Auditor Fiscal da
Receita Federal:

DISCIPLINAS
D1- Língua Portuguesa
D2- Espanhol ou Inglês
D3- Raciocínio Lógico- Quantitativo
D4- Administração Geral e Pública
D5- Direito Constitucional
D6- Direito Administrativo
D7- Direito Tributário
D8 – Auditoria
D9 – Contabilidade Geral e Avançada
D10 – Legislação Tributária
D11 – Comércio Internacional e Legislação Aduaneira

Então, temos 11 matérias. Não precisa colocar todas elas no primeiro ciclo, pois você
poderá acabar se enrolando, especialmente se você não tem muita bagagem com
concursos.

Por isso, vamos supor que o ciclo inicial irá englobar apenas as matérias de
Conhecimentos Gerais, que no caso desse concurso da Receita foram D1 a D6. Na
maioria dos concursos existem matérias básicas, e elas são ótimas candidatas para
inaugurar os ciclos de estudos:

Disciplina
Língua Portuguesa
Espanhol ou Inglês
Raciocínio Lógico- Quantitativo
Administração Geral e Pública
Direito Constitucional
Direito Administrativo
Segundo passo: defina o tamanho do ciclo em horas
Agora, você deve determinar de quantas horas será seu ciclo completo, ou seja,
quantas horas corridas você irá levar para ir da primeira à última matéria do ciclo.

Como temos 6 matérias, e 3 horas por matéria é um bom número em termos de


aprendizado, um ciclo de 18 horas seria legal. Mas isso está longe de ser uma regra.
O ideal é que você ajuste a duração do ciclo, mas não passe de 30 horas por ciclo,
pois isso elimina algumas das grandes vantagens de um Ciclo de Estudos.
Especialmente se você não estuda em tempo integral.

Menos de 10 horas também não é legal, pois será preciso espremer muitas matérias
em um tempo muito curto, de forma que quando estiver engrenando em uma, já terá
que passar para outra. Aí o aproveitamento também cai.

Portanto, nem tão longo que posso te desmotivar, nem tão curto que signifique pouco
tempo de estudo por bloco.

Ao definirmos o ciclo de 18 horas, antes de ajustarmos os pesos, ficaria assim:

Ciclo 1 Disciplina
Língua Portuguesa
Espanhol ou Inglês
Raciocínio Lógico- Quantitativo
Administração Geral e Pública
Direito Constitucional
Direito Administrativos

Talvez você tenha notado que a imagem do ciclo não importa. Esse nome é apenas
um conceito. Só usei aquele ciclo bonitão para ilustrar. Seu ciclo não precisa ser
visualmente redondo, muito menos bonito. Uma tabela, simples e prática, servirá
muito bem.
Terceiro passo: defina a ordem do ciclo

O terceiro passo é definir a ordem do seu ciclo. Lembra que eu disse que a
variação de estímulos ajuda a te deixar alerta? Usando termos menos
refinados, uma hora você vai ficar saturado de estudar Raciocínio Lógico e um
pouquinho de Direito vai ser um alívio, e vice-versa.

Resumindo, coloque as disciplinas mais diferentes possíveis uma da outra em


sequência. Intercalar assim fará seu estudo render muito mais.

Algumas vezes essa troca ocorrerá no mesmo dia, outras vezes se rá de um


dia para o outro, mas o ponto é que você alterne matérias estudando, por
exemplo, uma de exatas, depois uma de humanas. Ou então uma mais prática
com outra teórica. Raramente você conseguirá formar todos os pares
bonitinhos, mas você pegou a ideia.

Aplicando esse princípio de intercalação, nosso ciclo fica assim:


Quarto passo: defina o peso por matéria

Agora é o momento de definir o peso de cada disciplina, e isso significa


dedicar mais horas, dentro de cada ciclo, para aquelas matérias que:

Têm mais peso na prova (valem mais pontos por questão);


: Têm maior número de questões na prova;
São mais difíceis ou menos familiares para você;
: Para responder aos itens 1 e 2 acima, o edital da Receita resolve:
Língua Portuguesa merece mais atenção que as demais, já que todas têm o mesmo
peso (em pontos na prova), mas o domínio de nosso idioma tem o dobro de questões.
Então faria sentido dedicar o dobro de horas. Faria, se você tivesse igual bagagem
de todas as matérias, o que raramente é verdade.

Talvez você precise resolver algumas questões para descobrir, mas você, com
certeza, tem uma alguma intuição se manda bem em Inglês ou se é melhor em
Direito Constitucional, não é? Apenas tome cuidado com isto:

O fato de ter formação na área não significa que você terá


desempenho bom em concursos. Às vezes é até o contrário, pois a
abordagem da universidade pode ser bem diferente da abordagem
das bancas de concursos, e isso pode gerar vícios que terão de ser
corrigidos. Portanto, quando falo em afinidade, quero dizer afinidade
com a matéria em concursos, ok? Isso é importante.

Vamos supor que tenho uma dificuldade terrível em Raciocínio Lógico, mas nas demais
matérias tenho dificuldades “normais” de qualquer estudante.

Por isso, das 18 horas de meu ciclo, dedicarei 4 horas à Língua Portuguesa, 4 horas ao
Raciocínio Lógico e 2,5 horas para as demais matérias. São quantidades arbitrárias, e LP
não tem exatamente o dobro das outras matérias, e nem precisa ter. O importante é que
seja expressivamente maior. O mesmo vale para RL.
Lembre-se de alternar as matérias. Quando você estuda demais apenas uma
matéria ou mesmo matérias parecidas, você sentirá cansaço, tédio ou conforto
demais. Talvez você sequer perceba, mas qualquer desses casos será muito ruim
para o aprendizado.

Portanto aproveite essa vantagem do ciclo de estudos e alterne tipos de matéria.

Claro que nem sempre será possível alternar à perfeição entre uma matéria de
direito e outra de exatas. Então sempre que precisar colocar duas matérias
parecidas na sequência, procure aumentar o tempo de descanso (cerca de 15
minutos) entre elas ou fazer algo como dar uma volta pela casa, tomar uma
água.

E por falar em intervalos, não é porque você definiu um bloco de 3h30 de


Língua Portuguesa que você irá estudar direto! Há diversas pesquisas que
indicam que ninguém, eu disse ninguém, consegue se concentrar por mais de 50
minutos ininterruptos. Portanto, você estudará sim 3h30 de Língua Portuguesa,
mas o fará com pequenos intervalos entre 5 e 10 minutos.

A flexibilidade do Ciclo de Estudos

Os ciclos devem ser flexíveis. Em algum momento, no exemplo anterior, você vai
fazer 2 horas de Direito Constitucional e sentir que evoluiu muito, e aí pode
passar para a próxima do ciclo.

O contrário também é válido. Se ao final do bloco de 4 horas de Raciocínio Lógico


sentir que “dá mais um pouco”, nada de errado em esticar a matéria.

O mesmo vale para a ordem das matérias. Você pode trocar, mas apenas
raramente, quando sentir que isso irá te ajudar, e nunca para adiar o contato com
aquela matéria que você não gosta muito. NUNCA por isso!

De forma geral, você pode ajustar seu ciclo.

Para ser mais exato, você terá que ajustar seu ciclo com toda a certeza. Seja
para equilibrar as coisas, seja para incluir as matérias específicas que foram
deixadas para depois.
Excluir matérias, apenas em casos extremos, como você ser professor de inglês, tiver
gabarito todas as questões que resolver, e só cair interpretação de textos comuns na
prova. Caso contrário, você pode reduzir bastante, mas sempre mantendo um mínimo
de contato com cada matéria.

A resolução de questões de concurso dentro do Ciclo de


Estudos

Resolver questões é estudar, desde que seja feito da forma correta. E essa forma
é revisando detalhadamente cada erro, logo que ele ocorre.

Além disso, quando estiver usando questões para treinar, erre logo! Quero dizer
que passar mais de 15 minutos matutando sobre uma questão é extremamente
improdutivo. Se ver que está quebrando demais a cabeça, busque a resposta em
seu material ou na internet, anote tudo e lembre-se bem dessa dificuldade.

Portanto, não hesite em colocar questões da matéria em foco durante cada etapa
de seu ciclo.

Novamente a alternância de estímulos pode ajudar aqui. Reveze entre teoria e


questões, sempre recorrendo ao material no segundo caso.
Ciclo de Estudos com revisões periódicas

A combinação ciclo de estudo + revisões periódicas é o estado da arte da


preparação, ou seja, é mais recomendável e bem-sucedido método de estudos.

As revisões programadas são, na prática, o seguinte: digamos que no dia 1/9


você estudou Espécies Tributárias. No dia 2/9, você vai estudar aquilo que viu
hoje. O mesmo assunto. Naturalmente será mais rápido, já que você entendeu
da primeira vez, não é?

Depois de sete dias, em 7/9, você irá revisar exatamente o mesmo que viu no
dia 1/9 e revisou no dia 2/9. Fará o mesmo no dia 1/10 e, de novo, no dia
1/12.

Resumindo, você revisa cada assunto em 24 horas, 7 dias, 30 dias e 90 dias.

Sim, dá trabalho. Mas as revisões são mais rápidas do que o primeiro contato
com um assunto, e a revisão de 90 dias é mais rápida que a de 30 dias, que é
mais rápida que a de 7 dias…

Esses períodos são apenas uma sugestão. Você pode revisar em 24 horas, 15
dias e 60 dias, por exemplo, se isso fizer mais sentido para você.

É importante dizer que o tempo gasto com as revisões não deve ser computado
em seu ciclo. Ele é “por fora”, já que você precisa continuar avançando nos
assuntos.

Bem, é isso!

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