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o LIVRO DO PROFETA

EZEQUIEL
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15 20 km
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Ü LIVRO DO PROFETA

EZEQUIEL

INTRODUÇÃO

l. Título - No hebraico, o livro tem como título o nom e do autor, Yechezqe'l, que signi-
fic a "aqu ele que Deus fortalecerá". Este nome, como o de muitos outros servos de Deus no
passado, foi singularmente apropriado à vida e à obra de seu portador.
Em nossa Bíblia, bem como no hebraico, o livro é o terceiro entre os escritos dos qu atro
profetas maiores. Esta é certa mente sua verdade ira posição cronológica, pois o coloca e ntre
os livros de dois grandes contemporâneos do autor. Destes, Jeremias iniciou suas profecias
muito tempo antes, e Daniel estendeu as suas até bem depoi s de Ezequiel.
2. Au toria - Até mead os do século 20 , a autenticid ade e canonicid ade do livro
de Eze quiel não havi am sido se riamente questionadas. Contudo, eruditos conservad o-
res, assim como representantes da Alt a Crítica, ainda m antêm a posição trad icional de
qu e o próprio Ezequiel é o autor da compilação de pronun ciamentos proféticos qu e leva
se u nome .
Nada se sabe sobre a históri a pessoal do profeta, exceto o que pode ser dedu zido do
livro e m si e das circ unstâncias em que o autor viveu. Ele não é mencion ado em nenhum
outro livro do AT, e seus escritos nunca são diretamente citados no NT (exceto, ta lvez, em
2Co 6:1 7), embora haja muitas alu sões a seus símbolos, especialmente no li vro do Apocalipse.
Fora da Bíblia, é mencionado apenas por Josefo (Antiguidades, x.5.1; 6.3 ; 7.2; 8.2) e por Jesus
ben Siraque (Ec lesiástico 49: 10), sendo que nenhuma das duas fo ntes acrescenta qu alquer
detalh e importa nte.
Ezequiel diz ser "filho de Buzi, o sacerdote" (Ez 1:3), ou "sacerdote [.. .], filho el e Bu zi"
(NVI, BJ). També m nada se sa be sobre Buzi. O fa to de Ezequiel esta r incluído entre "todos
os príncipes, todos os home ns valentes" (2 Rs 24 :14), leva dos e m cativeiro co m Joaq uim
(597 a.C.; ver com. de Ez 1: 2), indica que ele era, provavelmente, membro da aristoc rac ia
ele Jerusa lém.
Não se pode saber com certeza quantos anos Ezequi e l tinha qu ando o cativeiro ocor-
re u. Alguns sugerem que o "trigésimo a no" de Ezeq uiell:l pode se referir a sua idade . Com
base nessa suposição, ele estaria com 25 anos na época em q ue foi para o ex íli o. De acordo
com Josefo , o profeta era então um jovem (Antiguidades, x.6.3). Que ele devia ser compara-
tivamente jovem na época é atestado pelo fato de uma de suas profecias data r de 27 a n os .._ ~
ma is tarde , isto é, de 570 ou 571 (ver com. de Ez 29:17 ); aparentemente, e le continuou exer-
ce nd o seu ofíc io por algum tempo depois disso (ver a Tabela C ronológica das Profecias de
Ezeq uiel, na p. 624).
Diferentemente de Jeremias, que perm aneceu solteiro (]r 16:2), Ezequ iel teve uma esposa
a qu e m consid erava como a "delíc ia" de seus olhos (Ez 24:1 6). Ela morreu repentin amen te

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COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

no nono ano do cativeiro (Ez 24:1; ver com. de 1:2), deixando-o sozinho para enfrentar as
grandes provações do ofício profético.
3. Contexto histórico- Ezequiel iniciou seu ministério no quinto ano do cativeiro de
Joaquim (Ez 1:2), 593/592 a.C. (ver vol. 3, p. 81-84). O reino do norte de Israel deixara de
existir havia mais de 100 anos, e a queda de Judá se aproximava rapidamente. O cativeiro
babilônico já havia começado quando, no terceiro ano de Jeoaquim (605 a.C.), Nabucodonosor
atacou Jerusalém (Dn 1:1). Não se sabe quantos cativos foram levados nessa época. Entre
eles estavam alguns, "tanto da linhagem real como dos nobres" (Dn 1:3; cf. 2Rs 24:1).
Depois de 11 anos de reinado, Jeoaquim encontrou um fim inglório e foi sucedido por
seu filho, Joaquim (597 a.C; ver com. de 2Rs 24:1). Ao final de um reinado de apenas três
meses, este último foi levado cativo para Babilônia, com mais lO mil dos principais do povo,
incluindo Ezequiel (2Rs 24:12-16; Ez 1:1, 2; 33:21).
O sucessor de Joaquim, Zedequias, não foi melhor que seus antecessores. Em seu 11° ano
(586 a.C.) ocorreu a queda final de Judá (2Rs 25:1-11). O restante do povo foi levado, o tem-
plo foi incendiado e Jerusalém, destruída. Somente alguns "dos mais pobres da terra" foram
deixados como vinheiros e lavradores (2Rs 25:12).
Esse foi o tempo turbulento em que Ezequiel, ainda jovem, foi chamado para o ofício
profético. As perspectivas estavam longe de ser brilhantes. O juízo que já havia caído sobre
Jerusalém, em vez de produzir lucidez nos habitantes de Judá, parecia tê-los mergulhado
ainda mais no pecado e na apostasia. Os exilados, junto ao rio Que bar, também não estavam
dispostos a ser "exercitados" pela "disciplina" (Hb 12:11). Eles também continuavam rebel-
des e idólatras (Ez 2:3; 20:39) e mostravam pouca disposição para uma reforma completa.
4. Tema- As mensagens do livro de Ezequiel esclarecem o propósito de Deus para Seu
povo na amarga experiência do cativeiro babilônico. Durante séculos, os profetas aconselha-
ram e advertiram Israel, mas a nação se afundava cada vez mais na apostasia. Por fim, tornou-
se evidente que o povo escolhido nunca alcançaria os objetivos de Deus para a nação (ver
p. 13-17), a menos que meios drásticos fossem usados para ensinar-lhe lições de obediência
e cooperação com Deus. Consequentemente, Deus permitiu que eles aprendessem na adver-
sidade as lições que se recusaram a aprender durante tempos de prosperidade (ver p. 18).
Ainda que pareça estranho, foram os líderes de Israel que, por preceito e exemplo, leva-
ram a nação à apostasia (ver ls 3:12; 9:16; Ez 34:2-19). A princípio, aparentemente, Deus pre-
tendia que apenas os líderes fossem levados cativos (ver Dn 1:3, 4). A grande maioria do povo
devia permanecer na Judeia, aguardando o retorno de um grupo de líderes castigados a fim
de guiá-los pelo caminho que Deus escolhesse. Se os judeus tivessem estado dispostos a se
submeter a Nabucodonosor, como Deus desejava (ver Jr 27: 1-22), a cidade de Jerusalém e seu
magnificente templo teriam permanecido (ver Jr 17:25, 27; 38:17), e teria sido evitado o século
de demora, dificuldade e desânimo que afligiu os exilados após o retorno de Babilônia. No
entanto, a obstinada resistência de Israel (ver Jr 28: 1-14) tornou seu cálice de sofrimento cada
~ li> vez mais amargo e provocou uma segunda e ainda uma terceira deportação (597 e 586 a.C.,
respectivamente). Os "canzis de madeira" foram substituídos por "canzis de ferro" (Jr 28:13).
No entanto, mesmo no cativeiro, a justiça divina foi temperada com misericórdia. Em
vez de confrontar o povo como um juiz severo interessado em puni-lo, Deus agiu como um
ensinador, para impressioná-lo com a loucura da desobediência e com a vantagem da coope-
ração com Ele. As amargas experiências do cativeiro não foram tanto de natureza retribu-
tiva, mas curativa. Os profetas Jeremias, Ezequiel e Daniel foram comissionados a revelar

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EZEQUIEL

o propósito divino Céu aos seres humanos e a convidá-los a cooperar com esse propósito.
Jeremias foi enviado aos judeus que permaneceram na Judeia, enquanto Ezequiel levou men-
sagem semelhante aos que foram levados para o cativeiro. Daniel foi o embaixador do Céu na
corte de Nabucodonosor a fim de tornar conhecida a este a vontade divina e assegurar sua
cooperação. O fogo do sofrimento não devia arder mais do que o necessário para remover a
escória (para análise detalhada do papel de Daniel no cativeiro, ver a Introdução a Daniel;
sobre o propósito de Deus para Israel durante o cativeiro, ver p. 16-19; cf. com. de Dn 4:17).
O livro de Ezequiel consiste de duas partes distintas. A primeira, de Ezequiell:l a 33:20,
registra mensagens aos cativos junto ao rio Que bar, nas proximidades de Babilônia, as quais
foram transmitidas, em sua maioria, antes da queda de Jerusalém, em 586 a.C. A segunda
parte, de Ezequiel 33:21 a 48:35, trata da restauração que ocorreria após o cativeiro e tem
o objetivo de despertar esperança nessa restauração. Por meio de Ezequiel, Deus preten-
dia levar um poderoso apelo ao povo no cativeiro a fim de que este aceitasse o plano divino.
À luz dos eventos daquele tempo, a ocasião para tal apelo era particularmente apropriada.
O plano do livro mostra um estilo evangélico característico. Várias mensagens são voltadas
a uma exposição dos pecados do povo. O objetivo é duplo: primeiro, despertar uma genuína
experiência de arrependimento; e, segundo, revelar a necessidade do auxílio divino para a
obediência futura, auxílio este prometido na nova aliança. Através, por um lado, da igno-
rância, e por outro, das instruções pervertidas dadas por sacerdotes corruptos, falsos profe-
tas e líderes apóstatas, os israelitas possuíam um quadro grandemente distorcido do caráter
de Deus e do plano que Ele tinha para Seu povo. Ezequiel procurou corrigir essa impressão
errônea. Ele esperava que um novo. conceito de Deus fosse a força motivadora para realizar
a reforma necessária e para estimular o povo a aceitar seu elevado destino. Ezequiel insistiu
com eles para que aceitassem o exílio e abandonassem a falsa esperança de que Jerusalém
pudesse resistir aos inimigos. Suplicou-lhes que permitissem que o cativeiro exercesse sobre
eles um efeito salutar. Culminou seu apelo com repetidas e detalhadas descrições da glória
futura que adviria caso aceitassem as condições divinas. Teria sido bem diferente a história
de Israel se o povo tivesse dado ouvidos aos apaixonados apelos do profeta.
5. Esboço- As profecias de Ezequiel são apresentadas de acordo com um plano bem
formulado. Encaixam-se naturalmente dentro de duas divisões principais: os primeiros 33
capítulos apresentam as profecias dadas, na maior parte, antes da destruição de Jerusalém;
e os últimos 15 capítulos, as que foram dadas após a destruição. A primeira parte, por sua
vez, pode ser dividida em duas: os cap. 1 a 24, que falam de Israel em relação ao cativeiro;
e 25:1 a 32:32, que tratam dos juízos sobre as nações vizinhas.
Outro aspecto interessante das profecias de Ezequiel é a datação precisa. A Tabela
Cronológica (p. 624) mostra as datas das várias seções do livro da maneira mais exata pos-
sível de alistá-las, a partir dos dados cronológicos fornecidos pelo profeta (comparar com a
cronologia de Jeremias, p. 370). ~~
Cada divisão principal se subdivide naturalmente em várias seções por meio da inter-
posição da frase "veio a mim a palavra do SENHOR". Esta expressão ocorre 29 vezes ao longo
do livro. O esboço segue o plano das divisões mencionadas:

I. Profecias de juízo concernentes a Israel, l:l-24:27.


A. Primeira seção, l:l- 7:27 (5" ano, 4" mês, 5o dia).
l. O chamado de Ezequiel, l:l-3:11.

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COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

a. A visão da glória de Deus, 1:1-28.


b. A comissão divina dada ao profe ta, 2: 1- 3: 11.
2. O início da atividade profética, 3:12-7 :27.
a. A hesitação em Que bar, 3:12-16.
b . A hesitação é repreendida, 3:1 7-27.
c . O cerco de Jerusalém retratado simbolicamente, 4:1-17 .
d. Os quatro sinais e sua interpretação, 5:1- 17.
e. Os montes de Israel repreendidos, 6: 1-14.
f. Predita a assolação de Israel, 7:1 -27.
B. Segunda seção, 8:1-19:14 (6° a no, 6° mês, 5° di a) .
I. Uma série de visões quando o profeta foi levado a Jerusalém pelo Espírito, 8: 1- 11: 25.
a. As abominações no templo, 8: 1-18.
b. A obra de juízo, 9: 1-11.
c. O reaparecimento da visão dos seres viventes, I 0:1 -22 .
d. Os líderes do povo são denunciados, li: 1-25.
2. Dois sinais simbólicos, 12:1-20.
a. Uma representação da tentativa de escape e da deposição de Zedequias, 12: 1-16.
b. Uma representação dos terrores do cerco, 12: 17-20.
3. Disc ursos que revelam a ca usa e iminência dos juízos anunciados, 12 :2 1- 14 :23 .
a. A certeza do rápido cumprimento, 12:21-28.
b. O disc urso contra os falsos profetas e profetisas, 13:1 -23.
:;:;.. c. O testemunho contra os idólatras que buscam oráculos, 14:1-23.
4. Várias parábolas e símbolos, 15:1 - 19: 14.
a.Avideira, 15:1 -8.
b. A criança mis erável e a adúltera lasciva, 16:1-63.
c. As duas águias e a videira, 17:1-24.
d . As uvas azedas , 18: 1-32.
e. Os fi lhotes de leão, 19: 1-9.
f.Avideira destruída, 19: 10-14.
C. Terceira seção, 20:1-23:49 (7° ano, 5o mês, 10° dia) .
I. A narrativa das rebeliões de Israel, 20:1 -49.
2. Várias descrições de juízos ameaçadores, 21: 1-32.
a. A espada contra Jeru salém, 21: 1-7.
b. A espada afiada e polida para a matança, 2 1:8-17.
c. A consulta dos orác ulos por parte do rei de Babilônia, 21 18-27 .
d. A espa da contra Amom, 2 1:28-32 .
3. Uma lista dos pecados de Jerusalém e a destruição resu ltante, 22: 1-3 1.
a. As abominações dos príncipes e do povo, 22: 1-16.
b. A terrível sorte de Jerusalém, 22:17-22 .
c. Não é ac hado um único intercessor, 22:23-3 1.
4. A hi stória da apostasia co ntada numa parábola, 23: 1-49.
D. Quarta seção, 24:1-27 (9° ano, 10" mês, 10° dia).
I. A visão da panela ferven te, 24:1-14.
2. A morte da esposa de Ezequiel, 24 :15 -27.
TI. Profecias de juízo sobre nações es trangeiras, 25:1-32:32.

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EZEQUIEL

A. Primeira seção, 25:1-28:26 (data não especificada, mas possivelmente após a mensage m do cap. 24).
I. Uma série de profecias referentes aos vizinhos de Israel, 25:1-17.
a. Contra os amonitas , 25:1 -7 .
b. Contra os moabitas, 25 :8- 11.
c. Contra os edomitas, 25: 12-14.
d. Contra os filisteu s, 2 5: 15-1 7.
2. Uma série de profecias referentes a Tiro, 26: 1- 28: 19.
a. É predita sua queda, 26: 1-21.
b. Uma lamentação sobre a cidade, 27: 1-36.
c. Lame nto sobre seu príncipe, 28:1-10.
d. A origem, história e destino de Satanás apresentados sob o símbolo do rei de Tiro, 28:1 1-19.
3. Uma profecia contra Sidom, 28:20-26.
B. Segunda seção, 29: 1-32:32 (vá rias datas), profecias sobre o Egito.
I. Primeira divisão (lO" ano , 10' mês, 12o di a).
a. O juízo contra o faraó , 29:1-7 .
b. A assolação da terra do Egito, 29:8-12.
c. A promessa de um retorno do cativeiro, 29:13-16.
2. Segunda divisão (27' ano , I' mês, I' dia do mês [inserida aqui para complementar a predição sobre
o Egito]).
a. O Egito devia ser entregue a Nabucodonosor como paga, 29: 17-20.
b. A restauração de Israel, 29:2 1.
3. Terceira divisão (sem data , talvez a mesma do item anterior): o Egito e os que o auxiliam cairão,
30: 1-19.
4. Quarta divi são (l i o ano, I o mês, 7' dia ): Babilônia fortal ecida contra o Egito, 30:20-26 .
5. Quinta divisão (li o ano , 3' mês , I' dia): A glória e a qued a do Egito, paralelas às da Assíria, 31 1-18 .
6. Sexta divi são (12' ano, 12' mês, 1' dia): lamentações pelo Egito , 32: 1-16.
7. Sétima divisão (l2' ano, 15' dia): O Egito tomará seu lugar entre as nações que caíram, 32: 17-32.
111 . Profecias de mi sericórdia concernentes a Israel, 33: 1-48:35.
A. Primeira seção, 33 :1 - 39:29 (12' ano, !Oo mês, 5' di a) .
I. É renova da a comissão de Ezequiel, 33:1-20.
2. A chegada da notícia da queda de Jerusalém, 33:2 1-33.
3. Reprovados os pastores de Israel, 34: 1-3 1.
4. Uma profecia contra Edom, 35:1-15.
5. O s montes de Israel são consolados, 36:1-38.
a. O Israel assolado será recons truído , 36: 1-15.
b. Um reavivamento esp iritual, a base do novo reino, 36:16-38.
6. A visão dos ossos secos, 37: 1-28.
7. Profecias contra Cague e M agogue, 38: 1-39: 29.
B. Segunda seção, 40: 1-48: 35 (2 5' ano, no início do ano, 10' dia), visões da restauração futura .
I. Do templo, 40: 1- 4 3:2 7.
2. Do ritual do templo, 44:1 - 47:12.
3. A distribuição da terra, 47: 13-48:35.

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COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

Tabela Cronológica das Profecias de Ezequiel

Dia ·~ I·~ Mt\s ·• ~-~


-· ca~t"~ ~ ..
~·~~ ~·
·-· ,. ,._.,.
:u :•-.. ..c:.. ·-.- : .;,;
:~- ~~
·-- ... · Ic:- .. - :_~ J..-...-: . -~~' f,-1 ...... hliiH&t ._.., .~ • ..0;0 ... ~ ~~ -.:---.--!,.?.:•,
(I ") (597/596) (597/596)
5 4 5 julho 593 592 1-7
5 6 6 setembro 592 591 8- 19
~

lO 5 7 agosto 591 590 20-23


!O lO 9 janeiro 588 588 24, 25 ?
12 lO 10 janeiro 587 587 29: 1-16; 30:1-19?
I li 587/586 587/586 26-28
7 I 11 ·' abril 587 586 30:20-26
I 3 li junho 587 586 31
5 lO 12 . janeiro 585 585 33 (34-39?)
I 12 12 março 585 585 32:1-1 6
15 [12]' 12 março [585) [58<;] 32: 17-32
lO [!?]' 25 abril
573
out 573? 40-48
abr 572?
I l 27 abril 571 570 29:17-21

1
As datas a .C. são .dadas aqui em duas colunas porque há margem para diferenças de opinião quanto a se
Ezequiel es tava usando o ano babilônico de primavera a primavera (como a maioria dos eruditos crê) ou o ano
judaico de outono a outono, o que é igualmente possível (ver vol. 3, p. 82, 83; sobre os dois inícios do ano, ver
vol. 2, p. 100, 101). A primeira coluna de data s (sob o título P·P) mostra os anos a.C. em que os eventos teri am
ocorrido se Ezequiel estava considera ndo os a nos de ca tiveiro de Joaquim a partir de 597, de primavera a pri-
mavera; a segunda coluna (sob o títu lo 0 -0 ) mos tra qu ando os eventos teriam ocorrido caso ele tenh a usado
anos in iciados no outono.
O ano 1°, 597/ 596 a.C. , começa quase um mês ou quase sete meses após 2 de Adar, quando Joaquim foi
aprisionado (com respeito à data, ver p. 550·551 ); es ta co ntagem não é inclusiva. A contage m inclusiva, a par-
tir de 598/ 597, como em 2 Reis (ver vol. 3, p. 82), pareceria mais lógica para uma série de anos de ca lendário
numerados a partir de um evento, que não requer "ano de ascensão" antes do ano I" (sobre a contagem inclu-
siva e o mé todo do ano de ascensão, ver vol. 2, p. 119·123) . Alguns defendem qu e Ezequiel iniciou a contage m
inclu siva a partir da deportação de Jo aquim , "na primavera do ano" (2Cr 36: 10). Isso concordaria com um côm-
puto a partir da primavera , mas não a partir do ou tono.
Uma possível explicação para a contagem não inclusiva poderi a ser a teoria , baseada em achados arqueoló-
gicos, de qu e, mesmo no exílio, Joaquim ainda era consid erado rei, e que para Ezequiel, em Babilônia, os anos
"de ca tiveiro" (Ez 1:2) signi fi cavam os a nos de reinado de Joaquim, computados a partir do ano de ascensão.
Uma vez que os anos iniciados na primavera e os ini ciados n o outon o têm seis meses em comum , as du as
datas a.C. possíveis mostrada s acima para cada evento , às vezes, ocorrem no mesmo ano a.C . (caso ocorram nos
meses 7 a 12); caso contrário, em anos consecutivos (caso ocorram nos meses 1 a 6).
2
As datas forn ecidas só se aplicam ao princípio de cada nova série de visões. Portanto, as várias subseções
devem ser datadas no intervalo entre essas datas e as seguinte s.
3
Ver com. de Ez 32:1 7.
4
Não é dado o número deste mês; é o "princípio do ano", possivelmente o sétimo mês , se foi usado o cômputo
de outono a outono. Por essa razão são dadas duas datas a.C.
624
EZEQUIEL 1:1

CAPÍTULO 1
1 O tempo da profecia de Ezequiel em Quebar. 4 A visão dos quatro querubins,
15 das quatro rodas e 26 da glória de Deus.

l Aconteceu no trigésimo ano, no quinto dia 13 O aspecto dos seres viventes era como car-
do quarto mês, que, estando eu no meio dos exi- vão em brasa, à semelhança de tochas; o fogo cor-
lados , junto ao rio Quebar, se abriram os céus, e ria resplendente por entre os seres, e dele saía m
eu tive visões de Deus. relâmpagos,
2 No quinto dia do referido mês, no quinto 14 os seres viventes ziguezagueavam à seme-
ano de cativeiro do rei Joaquim, lhança de relâmpagos .
3 veio expressamente a palavra do SENHOR a 15 Vi os seres viventes; e eis que havia uma
Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote, na terra dos roda na terra, ao lado de cada um deles.
caldeus, junto ao rio Quebar, e ali esteve sobre 16 O aspecto das rodas e a sua estrutura
ele a mão do SENHOR. eram brilhantes como o berilo; tinham as qua-
4 Olhei, e eis que um vento tempestuoso tro a mesma aparência, cujo aspecto e estrutura
vinha do Norte, e uma grande nuvem, com fo go eram como se estivera uma roda dentro da outra.
a revolver-s e, e resplendor ao redor dela, e no 17 Andando elas, podiam ir em quatro dire-
meio disto, uma coisa como metal brilhante, que ções; e não se viravam quando iam.
saía do meio do fogo. 18 As suas cambotas eram altas, e metiam
5 Do meio dessa nuvem saía a semelhança de medo; e, nas quatro rodas , as mesmas eram
quatro seres viventes, cuja aparência era esta: ti- cheias de olhos ao redor.
nham a semelhança de homem. 19 Andando os seres viventes, andavam as
6 Cada um tinha quatro rostos , como tam- rodas ao lado deles; elevando-se eles, também
bém quatro asas. elas se elevavam.
7 As suas pernas eram direitas , a planta de 20 Para onde o espírito queria ir, iam, pois o
cujos pés era como a de um bezerro e luzia como espírito os impelia; e as rodas se elevavam jun-
o brilho de bronze polido. tamente com eles, porque nelas havia o espírito
8 Debaixo das asas tinham mãos de homem , dos seres viventes.
aos quatro lados; assim todos os quatro tinham 21 Andando eles, andavam elas e, paran-
rostos e asas. do eles , paravam elas, e, eleva ndo-se eles da
9 Es tas se uniam uma à outra ; não se vira- terra , elevavam-se também as rodas juntamen-
vam quando iam; cada qual andava para a sua te com eles; porque o espírito dos seres viven-
frente . tes estava nas rodas.
lO A forma de seus rostos era como o de 22 Sobre a cabeça dos seres viventes havia
homem; à direita, os quatro tinham rosto de leão; algo semelhante ao firmame nto, como cristal
à esquerda, rosto de boi; e também rosto de ág uia, brilhante que metia medo, estendido por sobre
todos os quatro. a sua cabeça.
ll Assim eram os seus rostos. Suas asas se 23 Por debaixo do firm amento, estavam es-
abriam em cima; cada ser tinha duas asas, uni- tendidas as suas asas, a de um em direção à de
das cada uma à do outro; outras duas cobriam o outro; cada um tinha outras duas asas com que
corpo deles. cobria o corpo de um e de outro lado.
12 Cada qual andava para a sua frente; para 24 Andando eles, ouvi o tatalar das suas asas ,
onde o espírito havia de ir, iam; não se viravam como o rugido de muitas águas, como a voz do
quando iam . Onipotente; ouvi o estrondo tumultuoso, como

625
1:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

~ I.<- o tropel de um exército. Parando eles, abaixa- 27 Vi-a como metal brilhante, como fogo ao
vam as asas . redor dela, desde os seus lombos e daí para cima;
25 Veio uma voz de cima do firmamento que e desde os seus lombos e daí para baixo, vi-a como
estava sobre a sua cabeça. Parando eles, abaixa- fogo e um resplendor ao redor dela.
vam as asas . 28 Como o aspecto do arco que aparece na
26 Por cima do firmamento que estava sobre nuvem em dia de chuva, assim era o resplen-
a sua cabeça, havia algo semelhante a um trono, dor em redor. Esta era a aparência da glória do
como uma safira; sobre esta espécie de trono, es- SENHOR; vendo isto, caí com o rosto em terra e

tava sentada uma figura semelhante a um homem. ouvi a voz de quem falava.

1. Trigésimo ano. Com a preCisao em junho ou julho, do ano 593 ou 592 a.C.
característica de um historiador, Ezequiel (ver com. do v. 2).
começa sua descrição profética datando No meio dos exilados. Isto é, Ezequiel
cuidadosamente os eventos relacionados à estava na região onde os cativos se est abele-
narrativa. Era o 30° ano . Contudo, ele não ceram. A visão foi dada a ele em p articular
menciona o evento específico que marca o e, mais tarde, devia ser apresentada publica-
início desse p eríodo. Muitos creem que ele mente (Ez 3:1, 4).
se refira ao 30° ano de sua vida. A idade dos Quebar. Este rio foi identificado, pela
30 anos era significativa porque se consi- maioria dos comentaristas m ais antigos, com
derava que nela o jovem hebreu alcançava Habor, o moderno Nahr el-K.hahur, que fica
a m aturidade . Est a era a idade em que os no norte da Mesopotâmia . A dificuldade com
levitas originalmente começavam suas fun- esse ponto de vista era que tal rio n ão ficava
ções no templo (Nm 4: 3). Foi em seu 30° ano "na terra dos caldeus" (v. 3) . Contudo, esca-
ou próximo a ele que t anto o Senhor Jesus vações realizadas em Nippur, na Babilônia
quanto João Batista começaram seu minis- propriamente dita, revelaram evidências da
tério público (ver com. de Mt 3:1). existência de uma colônia judaica nessa área
Uma vez que es te 30° ano é equivalente por volta do 7° ao 5° século a.C. Passava,
ao quinto ano do cativeiro de Joaquim (ver naquelas proximidades, um dos grandes
com. de Ez 1: 2), o primeiro ano dos 30 seria can ais babilônicos, conhecido como Naru
(de acordo com dois dos cômputos possí- K.ahari, que provavelmente seja o rio ao qual
veis) o 18° de Josias- um ano significativo, Ezequiel se refere.
já que nele o livro da lei foi descoberto no Visões de Deus. Estas n ão fora m ape-
templo (2 Rs 22:3-8). Esse evento marcou o nas visões dadas por D eus, mas m anifes-
início de uma reforma que, se tivesse con- tações da glória divina dian te dos olhos do
tinu ado com êxito, teria fei to muito para profeta. Tais revelações são cham adas de
alterar a história posterior de Judá. É pos- teofani as . Elas frequentemente acompa-
sível que Ezequiel tivesse esse impor tante nham o chamado de um profeta. Por isso,
acontecimento em mente quando mencio- Isaías tremeu diante da terrível visão do
nou o 30° ano. alto e sublime trono (Is 6: 1); Moisés con-
Quarto mês. Deve ser contado a partir templou a glória na sarça ardente (Êx 3:2);
do mês de nisã, n a prim avera, independen- João viu um semelha nte a Filho de h omem
temente de o ano-calendário ser computado a ndando no m eio dos candeeiros de ouro
a partir da primavera ou do outono (vol. 2, (Ap 1: 13). Qual era o propósito dessas visões
p. 93-95, 100-101). O quarto mês com eçaria de D eus? Elas podem ser consideradas

626
EZEQUIEL 1:4

como grandiosas iniciações pelas quais a partir da primavera, segundo o calendário


Deus introduz o profeta num novo âmbito babilônico; ou a partir do outono, segundo o
de conhecimento e percepção, numa etapa calendário civil judaico (sobre as datas alter-
inédita de experiências e de responsabili- nativas para as visões, ver p. 624).
dades. Esperava-se que, em sua capacidade 3. Veio expressamente. Literalmente,
como profetas, esses mensageiros falassem "sendo, foi". O verbo "ser" está duplicado, o
com convicção a respeito das coisas divinas. que o torna enfático, ou seja, a palavra "veio
Meras suposições mentais não serviriam. expressamente" ao profeta. Ezequiel reco-
Eles teriam de falar de coisas que realmente nheceu a singularidade de sua nova expe-
viram. Era para eles uma vantagem poder riência. Sabia que o que lhe sobreviera não
dizer, como Isaías: "Os meus olhos viram o era algum repentino voo de imaginação, ou
~ · Rei, o SENHOR dos Exércitos!" (Is 6:5). algum arroubo de iluminação espiritual.
Ezequiel ficou tão impressionado com a O Senhor estava falando diretamente a ele
visão da glória divina que anotou a data exata: numa forma que se tornara possível porque
era o quinto dia, do quarto mês, do quinto ele fora investido do dom profético.
ano do cativeiro de Joaquim (v. 2). Os servos O sacerdote. Ver p. 619.
de Deus fazem bem em anotar e recordar com Mão do SENHOR. Uma figura que des-
frequência as intervenções divinas e as reve- creve o poder divino que repousou sobre
lações incomuns dadas por Deus. ele. A mesma expressão é usada em relação
2. Quinto ano. Esta data é facilmente a outros profetas, como Elias (lRs 18:46) e
sincronizada com a história secular, pois o Eliseu (2Rs 3: 15). Experiências semelhan-
aprisionamento de Joaquim é o evento bíblico tes tiveram Daniel (Dn 8:18; 10:10), Isaías
datado com maior precisão. Esse aprisiona- (Is 8: 11) e João (Ap 1: 17). Ezequiel sabia que
mento já foi localizado em 597 a.C. por seu esse estranho e novo poder que o impelia não
sincronismo com um ano de Nabucodonosor era outro senão o poder de Deus.
(ver com. de 2Rs 24: 12), cujo reinado é astro - 4. Olhei. Aqui começa a descrição do
nomicamente fixado (ver vol. 2, p. 136), que ocorreu diante dos olhos atônitos do
mas agora se sabe que ele ocorreu no dia profeta. A visão sobre os quatro seres viven-
2 de adar (ver p. 550, 831), ou seja , apro- tes, as quatro rodas , o firmamento e o trono
ximadamente 16 de março. Então, ocorreu tem sido considerada a mai s enigmática de
a remoção de Joaquim para Babilônia e o todas as visões do AT. É verdade que cer-
início do período conhecido como o cati- tas caracte rísticas parecem notavelm ente
veiro de Joaquim (2Rs 24:6-15). Obviamente, incomun s, mas isso não deve nos impedir
Ezequiel estava entre o desafortunado grupo de procurar compreender o que Deus achou
levado para Babilônia nessa época, pois seu por bem apresentar e, depois, fazer com que
sistema de datação, baseado nos anos de fosse registrado e preservado em Sua Palavra.
cativeiro de Joaquim (como o presente ver- Daquilo que Deus pretendia ensi nar por essa
sículo o indica), é duas vezes equiparado visão, muita coisa pode ser entendida, talvez
aos anos "do nosso exílio" (Ez 33:21; 40:1). quase tudo.
O quinto ano do exílio de Joaquim levaria a Do Norte. O norte era a direção da qual
593/592 a.C., como o ano inicial das visões os conquistadores assírios e caldeus costu-
de Ezequiel. Se o dia desta visão ocorreu no mavam descer para Jerusalém (ver com. de
verão de 593 ou no verão de 592 (no hemis- Jr 1:14). Tem-se sugerido que talvez seja este o
fério norte) depende da forma de Ezequiel motivo por que se apresenta como procedente
computar o ano do cativeiro de Joaquim: desta direção o vento tempestuoso que levou

627
1:5 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

consigo a nuvem que ocultava a presença de homem, de leão, de boi e de águia (v. 10).
divina e o arco-íris da promessa. Acima dos Em contraste, os quatro seres viventes que
cruéis monarcas da Assíria e de Babilônia, João viu não eram idênticos. Cada um deles
estava entronizado o Deus de misericórdia e tinha apenas um rosto, e os quatro rostos
de verdade (T5, 752). Ezequiel estava cheio eram diferentes (Ap 4:7); a form a deles, con -
de presságios com respeito à assolação de sua tudo, cmTespondia à dos rostos dos seres
terra e precisava ser tranquilizado. viventes que Ezequiel viu.
Uma grande nuvem. Sem dúvida, um Quatro asas. Os seres viventes de
símbolo da presença divina (ver Êx 19:9-16; Apocalipse 4 tinham seis asas, bem como
Sl 50:3). os serafins de Isaías 6:2.
Com fogo a revolver-se. A frase 7. Suas pernas. A ARC diz "pés", mas a
pode ser traduzida, literalmente, como: "e palavra, às vezes, designa "pernas" (ver 1Sm
um fogo pegando a si mesmo". A forma do 17:6). A estrutura devia tornar as criaturas
verbo hebraico sugere um fogo que se ele- igualmente aptas para a locomoção em todas
vava devido ao surgimento constante de as direções, sem a necessidade de se virar,
novas chamas . como a visão o indica posteriormente (ver
Como metal brilhante. Do heb. chash- Ez 1:17).
rnal, uma palavra que ocorre apenas aqui, 8. Mãos de homem. Ver com. de Ez
no v. 27 e em 8:2. A derivação é incerta e 10:8. Se, como parece, as duas passagens
qualquer tradução é meramente conjectu- apresentam os mesmos símbolos, então
rai. A NTLH a traduz como: "brilhava como as mãos não são parte do corpo dos seres
bronze". A LXX diz elehtron, "eletro", uma viventes; representam, em vez disso, a mão
liga de ouro e prata (ver BJ). Este metal de Deus colocada por baixo das asas com o
polido, que reluzia com as chamas que se propósito de orientação.
revolviam, aumentava o brilho e o esplen- 9. Estas se uniam. Ver v. 11.
:;; ~ dor ofuscantes da cena. Não se viravam. Não havia necessidade
5. Semelhança. São mostrados ao pro- de se virar, pois, uma vez que os rostos olha-
feta seres que ele não contemplara antes, e vam em todas as direções, o deslocamento
com os quais seus ouvintes e leitores não para qualquer direção constituía um movi-
eram familiarizados. Ele precisa descrevê- mento para a frente. Sendo que as pernas
los em termos compreensíveis. Seus senti- eram "direitas" (ver v. 7; NTLH, NVI e BJ
mentos de inadequação são indicados pelo dizem "retas"), isso tornava igualmente fácil
frequente uso do termo que, neste versículo, a locomoção para qualquer direção. Pode-se
é traduzido como "semelhança" (no original, imaginar uma formação semelhante a um
a palavra ocorre dez vezes no cap. 1, mas é quadrado que nunca girava sobre seu eixo,
traduzida de formas diversas na ARA). mas simplesmente se movia na direção em
De homem. Com toda a estranha varie- que fosse impelido.
dade de detalhes que ainda precisavam ser 10. Seus rostos. Cada um a dessas
descritos, a principal impressão era que criaturas tinha apenas um corpo, mas cada
os seres viventes tinham forma humana. corpo tinha quatro rostos. Os rostos estavam
Eles ficavam em pé e se movi am eretos nos quatro lados, de forma que cada uma das
como homens. quatro criaturas olhava nas quatro direções
6. Quatro rostos. Os quatro seres ao mesmo tempo.
viventes tinham aparência idêntica. Cada Uma vez que o profeta não interpreta os
um deles tinha quatro rostos diferentes: símbolos da visão, e sendo que as Escrituras

628
EZEQUIEL 1:1 o

em nenhum outro lugar declaram direta- Jesus é simbolicamente apresentado como


mente o significado desses rostos, os comen- um cordeiro que tinha sido morto e como
taristas têm sugerido várias ideias, como: (1) se tivesse sete chifres e sete olhos (Ap 5:6). ~ ;;!
O rosto humano é o mais elevado símbolo do Ninguém conclui que isso foss e uma ten-
Eterno; o leão, um símbolo de soberania; o tativa de representar a aparência de Jesus.
boi, também um símbolo de soberania, jun- Numa visão do segundo advento, Jesus é
tamente com um símbolo natural de força mostrado cavalgando um cavalo branco,
subserviente aos propósitos humanos; e a com vestes manchadas de sangue e com uma
águia, um emblema do poder real. (2) Os espada na boca. Aqui, novamente, não é pro-
rostos são símbolos dos quatro evangelistas. pósito da visão representar a aparência real
Este ponto de vista foi proposto pelos pais de Jesus no momento do evento apoteótico
da igreja, sendo que lrineu foi o primeiro da história (Ap 19: 11-15). É preciso ter cui-
a apresentar a teoria. O leão é, às vezes, dado para não se entender de maneira lite-
identificado com Mateus, e o homem , com ral o que um profeta escreve quando o faz
Lucas; o boi, com Marcos; e a águia, com usando símbolos. Em certa ocasião, quando
João. No entanto, essa interpretação é ape- ridicularizada por seus críticos, Ellen G. White
nas uma imaginação. (3) Segundo a tradição escreveu: "Meus oponentes ridicularizam
judaica posterior, as quatro formas, seguindo 'aquela pobre e infantil expressão de gloriosas
a ordem apresentada em Ezequiel, são os uvas saídas de fios de prata, esses fios ligados
estandartes geralmente usados pelas tribos a varas de ouro'. [... ] Eu não declaro que uvas
de Rúben, Judá, Efraim e Dã, quando aca m- estavam saindo de fios de prata. O que con-
padas no deserto (Nm 2:2). Não há como templei é descrito segundo me parecia. Não
verificar se esses eram realmente os estan- é de pensar-se que uvas estivessem presas a
dartes usados naquela época. Ainda que isso fios de prata ou varas de ouro, mas que essa
fosse possível, é difícil ver qualquer ligação era a aparência que davam" (MEl, 65, 66).
entre os estandartes e o que a visão preten- Na interpretação da profecia simbólica é
dia comunicar. importante permitir que o mesmo Espírito
Quando se procura interpretar os qua- que deu a visão id entifique seus símbolos.
tro seres viventes, é bom ter em mente que, Quando essa identificação não é fornecida,
na profecia simbólica, o profeta vê represen- o intérprete precisa conjecturar quanto à
tações da realidade, e não a realidade em aplicação; portanto, o dogmatismo deve ser
si. Essas representações podem ser como a evitado. Além disso, como nas parábolas, as
realidade, mas com frequê ncia não o são. características das apresentações simbólicas
Muitas vezes, num drama profético, os per- tê m diferentes graus de significado e impor-
sonagens têm aparência bem diferente dos tância. Uma parábol a não precisa ser expli-
seres ou dos movimentos que representam. cada em todos os detalhes. O mesmo ocorre
Assim, anjos podem representar papéis que, com a profecia simbólica. Não se deve dar
mais tarde, serão desempenhados por seres importância igual a todos os detalhes de um
humanos. Um anjo desempenhou o papel do quadro profético. É possível que algumas
povo do advento numa visão sobre o grande características sejam introduzidas apenas
desapontamento de 1844 (Ap 10:1-11; cf. para completar a apresentação, ou para for-
Ap 14:6-12). Animais e dragões caricatu- necer um pano de fundo consistente. Como
rados são usados para representar o papel no caso das parábolas, é preciso descobrir o
de nações e de poderes sobrenaturais (ver objetivo geral da visão e as características da
Dn 7; 8; Ap 12; 13; 17). Em uma ocasião, apresentação ilustrativa que têm a finalid ade

629
1:1 2 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVE N T ISTA

de tran smitir um a verd ade divina (ver vol. 3, no v. 4. E zequiel con segue obse rva r m ais
p . 1257; ver também PJ , 244). de perto . E le te nta descrever em linguagem
D eus n ão nos deixa no escuro quanto ao hum a na o interessa nte espetáculo de tochas
e nsino obje tivo da visão de Ezequiel sobre que vibravam e de faíscas que surgiam e qu e
os seres vive ntes (ver PR, 535 , 536; T5, 751- se moviam continuamente entre as criaturas .
754; Ed , 177, 178). As citações aqui men - 14. Relâmpagos. Com e sta figura é
cion adas apresentam primeiram ente o pano representada a ligeireza dessa s criaturas ao
de fundo da visão. A apresentação profétic a pa rtirem velozm e nte pa ra suas várias mi s-
tinha o obje tivo de encoraja r os judeus num sões e delas voltare m. "A brilh a nte lu z que
momento e m que grande pa rte de seu país resplandece por entre as criaturas viventes,
jazia e m ruínas devido a invasões sucessi- com a velocidade do relâmpago, representa
vas, e muitos dos habitantes estava m cativos a rapidez com que a obra de Deus h á de por
numa terra estra ngeira. Para esses oprimi- fim ser consumada" (T5, 754). Para os seres
dos , pa recia qu e Deus n ão m ais estava no humanos , muitas vezes, p arece que os pro-
controle. A pilh agem, feit a a bel-prazer por pósitos divinos ta rd am demasiado a cumprir-
n ações p agãs, era interpre tad a p or muitos se. É verd ade qu e tem havido demora , m as
como indicativo de que D e us n ão mais Se "não re ta rda o Senhor a Su a promessa, como
importava . O povo deixa ra de ver a m ão de alguns a julga m demorada; pelo contrá rio,
Deu s no curso da história. Eles não estavam Ele é longânimo pa ra co nvosco, n ão que- ,. ~i
cie ntes de qu e um propósito divino sobe- rendo que nenhum p ereça, senão que todos
ra no estava atu ando nos acontecimentos, da cheguem ao arrependime nto" (2Pe 3:9). Um
mes ma form a que sempre estivera. A visão dia , e m breve, revestido de grande surpresa,
foi dada para mostrar que um poder supre mo o fim virá, mais rapid a mente do qu e as pes-
controlava os negócios dos governantes ter- soas imagin a m.
re nos , e qu e Deus estava no com ando. Este 15. Uma roda na terra. Enqu a nto
era o objetivo geral da visão. Assim , qu alquer ainda contemplava esses quatro seres vive n-
interpre tação que se tente dar deve ser con- tes, o profe ta teve, re tratada diante de si,
sistente com esse objetivo. outra maravilha. Ao todo havia quatro rod as
O s sere s viventes representam seres (ver v. 16 , 19). Essas rodas tocavam a te rra,
celestiais (ver T5 , 751 ). Como já foi dito, e nquanto os que rubin s era m vistos numa
não é necessário imaginar que, a serviço de nuvem (v. 4 , 5).
Deus, haja seres de quatro cabeças e de qua- 16. Como o berilo. Literalm e nte,
tro asas. O relato não exige tal con clusão. "o olho de Társis". A refe rê ncia é a algum
As form as escolhidas para essa apresenta- tipo de p edra prec iosa, m as a identificação
ção profé tica tinham , sem dúvida, o obje - é incerta. Algun s comenta ristas suge rem o
tivo de simbolizar mens ageiros celestiais topázio. Provavelm ente o nome Társis indi-
n a pl e nitude de sua fun ção, capacidade e que o local de onde provinha a pedra (sobre
adapta bilidade. a localização de Társis , ver com. de G n 10:4).
12. Para onde o espírito. N ão há ação Dentro. A estrutura e o arranjo singula r
inde pe ndente por parte dessas c riaturas. das rodas aprese ntavam uma cena apare n-
Se us movime ntos estão em ha rmonia com teme nte confu sa; contudo, os m ovimentos
a direção do Espírito. Isto é enfati zado ta m- tinh am p erfeita h arm onia .
b ém n o v. 20. 17. Em quatro direções. Como no caso
13. À semelhança de tochas. Um a dos seres viventes, n ão h avia ne nhum movi -
refe rên cia adicional ao fogo m en cion ado mento sobre um eixo, mas o deslocame nto

6 30
EZEQUIEL 1: 25

era possível e era executado em todas as ao firmamento , não necessariamente para


direções. Além disso, não havia mudança sustentá-lo, como alguns supõem. As outras
na posição relativa dos seres viventes e das duas asas estavam dobradas reverentemente
rodas em movimento. sobre o corpo dos seres viventes.
18. Cambotas. Isto é, os aros das rodas. 24. Tatalar. Do heb. qol, palavra comum
Cheias de olhos. Isto significa que a no AT, tradu zid a como "som" ou "voz". O con-
visão tinh a a ver com instrumentalidades não texto deve deter min ar o melhor significado
meramente físicas, mas inteligentes. para cada caso. Só neste versículo, o termo
19. Andavam as rodas ao lado deles. qol ocorre cinco vezes, e as palavras empre-
Nos v. 19 a 21 , há um pouco de repetição, gadas na ARA para traduzi-lo são "tatalar",
m as também se nota variedade na exp res- "rugido", "voz", "estrondo" e "tropel". Nesta
são. A descrição enfatiza a perfeita coOI·de- primeira ocorrência, a ARC e a NVI empre-
nação dos movimentos dos seres viventes gam a palavra "ruído", porém "som" é a tradu-
e das rodas. Não há operação indepen- ção preferível. A frase então diria: "o som de
dente , seja por parte das rod as ou dos se res suas asas". Essa mesma tradução de qol daria
viventes. um sentido melhor a Gênesis 3:8. Em vez de:
As rodas, tão complicadas em seu arranjo, "Ouviram a voz do SENHOR Deus , que andava
representam os negócios humanos e os even- no jardim", se leria, como na BV: "Ouviram o
tos da história em todas as suas marchas e som produzido pelo SENHOR Deus que pas-
contramarchas (ver PR, 535, 536; T5, 751- seava no jardim" (ver também NVI).
754). O que para o simples observador parece O som ouvido por Ezequiel, das asas em
uma confusão irremediável, fruto do acaso, movimento, pareceu-lhe diferente dos sons
resultado da ambição e do capricho humano, que estava acostumado a ouvir. Ele procurou
é aqui apresentado como um padrão harmo - uma semelhança para descrever a melodia
nioso , planejado e guiado pela mão infinita, que lhe fez vibrar o coração. Encontrou um
que marcha rumo a alvos predeter minados paralelo parcial no som de grandes águas ,
(pa ra um estudo sobre a mão de Deus na his- talvez de uma correnteza forte ou catarata.
tória, ver com. de Dn 4: 17). Mas a comparação é in adequada . O som é
22. Firmamento. Do heb. raqia', lite- complexo. Além da voz de Deus, Ezequiel
ralmente, "u ma expansão" (ver com. de Gn também detecta a voz de uma grande multi-
1:6; SI 19: 1). A referência é à expansão que dão, como se inúmeros indivíduos estivessem
estava acima dos seres viventes. envolvidos nos movimentos dos seres vive n- -c ~
Cristal. Do heb. qerach, literalmente, tes e nos movimentos das rodas.
"gelo". E m todas as outras ocorrências, a 25. De cima do firmamento . Isto signi-
palavra é traduzida como "gelo" ou "geada" fica que a voz vinha do trono que, segundo o
(Gn 31:40; Jó 6:16; 37:10; 38:29; SI 147: 17; v. 26, estava acima do firmamento. Esta voz
Jr 36:30). A imagem é de uma espetacular deve ser di stinguida do som ou "tatalar" pre-
manifestação, que talvez ten ha uma vaga viamente ouvido e descrito.
semelhança com o sol matutino quando Abaixavam as asas. Ver v. 24. A repe-
incide sobre a neve num pico elevado. tição da ideia sugere um ato de reverência
23. Estavam estendidas as suas asas. dirigido à Majestade, no alto. Quando a voz
O profeta tenta representar cada parte da foi ouvid a, os querubins pararam, os poten-
visão e m relação adequada com as demais tes sons de seu movimento cessaram, e suas
partes. Duas das asas de cada ser vivente asas se abaixaram e ficaram imóveis em ati-
estavam estendidas para cima, e m direção tude reverente.

63 1
1: 26 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

26. Algo semelhante a um trono. Aqui firmamento e o trono diretamente acim a da


está o grande clímax da visão. A parte mais cabeça dos seres viventes. Estes, por sua vez,
gloriosa foi deixada para o final. Acima do fir- estavam ao lado de cada uma das rodas qu e,
mamento c ristalino surge o que a princípio quando paradas, tocavam o solo. É confor-
pareceu ao profeta uma concentração do mais tante saber que Aquele que Se assenta acim a
rico e profundo azul. A ARA inverteu a ordem dos querubins está no controle de tudo, qu e
das palavras nes ta passagem. O hebraico diz: Ele guarda Seu povo, que todos os pode-
"como a aparência de uma pedra de safira, res terrenos que busca m se exaltar contra o
como a semelhança de um trono". A seme- Deus do C éu serão subjugados, e que Deus
lhança da pedra de safira, sem dúvida, foi o será tudo em todos .
que impressionou primeiro. Então, à medida 27. Metal brilhante. Do heb. hashmal.
que os detalhes foram se tornando mais níti- Por meio de várias repetições, o profeta tenta
dos, o profeta notou a forma de um trono. descrever o brilho e a glória extraordinários
Uma figura semelhante a um homem. da cena. Contudo, esta manifestação é ape-
Em visão, o profeta contemplou apenas uma nas uma pálida e peq uena representação do
representação do original (ver com. do v. 10). original; pois o Pai eterno habita "em lu z ina-
Ezequiel não viu o Ser divino em si, mas uma cessível, a quem homem algum jamais viu ,
representação da Divindade. Ao descrever o nem é capaz de ver" (lTm 6: 16).
Ser como um homem, o profeta empregou 28. Do arco. Provavelmente Ezequiel
extrema cautela, usando uma combinação tenha se lembrado da graciosa promessa de
de termos que, numa tradução mais literal, Gênesis 9:1 3. Por mais desa nimadora que
seria: "uma semelhança como a aparência fosse a perspectiva nac ional pa ra o profeta, e
de um ser humano". "Ninguém jamais viu a por mais que ela pressagiasse o desastre , ele
Deus" (]o 1:18), e, assim, os seres huma nos sabia que os pensamentos de Deus para com
são incapazes de dar uma descrição acurada Seu povo eram de paz e não de mal. Assim, a
de Sua verdadeira essência. Deus Se revela majestosa apresentação da glória de Deus foi
em visão; ou, presencialmente, de várias for- completada. lmpactado pelo brilho celestial
mas: a Abraão, Cristo Se manifestou como da cena, Ezequiel caiu com o rosto em terra,
um ca minh ante (Gn 18:1 ); a Jacó, como um mas uma voz lhe ordenou que se levantasse
assaltante (Gn 32: 24); a Josué, como um e ouvisse a palavra do Senhor.
guerreiro (Js 5:13). Ao profeta João, Ele Se O arco-íris que fica ao redor do trono
revelou em visão de várias form as, inclusive de Deus é a certeza de Seu eterno amor.
n a de um cordeiro (Ap 6:1 ; c f. Ap 1:1-16; "O trono circu ndado pelo arco-íris da pro -
14:1). As "visões de Deus" deram a Ezequiel messa , [é] a justiça de Cristo. [. .. ]O arco-íris
a necessária certeza da genuinidade de seu que circunda o trono representa o poder com-
chamado e acrescentaram à sua mensagem binado da misericórdia e da justiça" (Ellen
a autoridade de que ela precisava . G. White, RH, 13/12/1892). É um "sinal da
O Deus qu e governa desde o Céu misericórdia de Deus para com o pecador
não é um Senhor ausente . Ezequiel viu o a rrependido" (PP, 107).

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-28 - Ed , 177, 178; PR, 535, 1 - Ed, 177; PR, 448, 535; 4, 5 - Ed, 177; PR, 535 ;
536; TM, 213 ; T5, 751- T5, 751 T5, 75 1
754; T 9, 259, 260 3-10- FE , 395 11- PP, 348

632
EZEQUIEL 2:1

13 - T5, 751 15-21- Ev, 93; MCH, 39; T5 , 751


14 - CC , 512 T9, 259 28- PP, 107; T 5, 751
16, 26- E d, 177; PR, 535;

CAPÍTULO 2
1 A comissão de Ezequiel. 6 As instruções dadas ao profeta.
9 O rolo e sua severa profecia.

l Esta voz me disse: Filho do homem, põe-te 6 Tu, ó filh o do homem, não os temas, nem
em pé, e falarei contigo. temas as suas palavras, ainda gue haja sarças e
2 Então, entrou em mim o Espírito, qu an- espinhos para contigo, e tu habites com escor-
do falava comigo, e me pôs em pé, e ouvi o que piões; não temas as suas palavras, nem te ass us-
me falava. tes com o rosto deles, porque são casa rebelde.
3 Ele me disse: Filho do homem, Eu te envio 7 Mas tu lhes dirás as Minhas palavras, quer
aos filh os de Israel, às nações rebeldes que se in- ouçam quer deixem ele ouvir, pois são rebeldes.
surgiram contra Mim ; eles e seus pais prevarica- 8 Tu , ó filho do homem , ouve o que Eu te
ram contra Mim , até precisamente ao dia de hoje. digo, não te insurjas como a casa rebelde; abre a
4 Os filhos são de duro semblante e obstina- boca e come o gue Eu te dou.
dos de coração; Eu te envio a eles, e lhes dirás : 9 Então, vi, e eis que certa mão se estendia
Assim di z o SEN HOR Deus. para mim , e nela se ac hava o rolo de um livro.
5 Eles, quer ouçam quer deixem de ouvir, por- lO Estendeu-o diante de mim, e estava escri-
que são casa rebelde, hão de saber que esteve no to por dentro e por fora; nele, estavam escritas
meio deles um profeta . lamentações, suspiros e ais.

1. Filho do homem. Do heb . ben- terem deixado su as m arca s de degeneração ,


'adham. Esta é a forma costumeira de D eus é profeticame nte desig nado como "Filho do
diri gir-Se a Ezequiel. A form a oc orre 93 homem ['en ash]" (Dn 7: 13; 'enash é a form a
vezes ao longo do livro. Danie l é o único aramaica d e 'enosh). (3) 'Adham , que d e s-
profe ta a ta mbém se r chamado desta fo rm a , creve o homem n o sentido geral. Deus di sse:
m a s o título ocorre e m seu livro só um a vez . "Façamos o homem ['adham] à nossa im a -
O hebraico tem vá rias palavras para designar gem" (Gn 1:26). A expre ss ão "ser huma no",
"homem ", como: (1 ) 'Ish, que se refere a um e m muitos casos , tradu z ad equadame nte a
homem como indivíduo do sexo m asc ulino p a lavra 'adham . (4) Geber, que descreve o
ou como m arido d e uma mulher. (2) 'En osh, homem no vigor d e sua juve ntude .
que é um termo mais geral, ra ramente usado Ezequie l, ao ser cham ado de "filho do
no sin gul a r, e que, na m a ioria d as vezes, é homem" (ben -'adham), é le mbrado de que
aplicad o cole tiva mente p a ra tod a a raça é membro d a ra ça huma na . Foi por m eio
hum a na . Parece referir-se ao hom em em sua de cana is hum an os que D eus Se propôs a
condi ção frágil , enferma e mortal. Jesus, que transmitir Sua m e nsage m de salvação pa ra
tomou sobre Si não a natureza dos a njos, m as as pessoas a pe recer. Ele podia te r e mpre -
a d a raça hum a na após 4 mil anos de pec ado gado outros m eios: anjos poderiam ter sido

633
2:2 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

designados como Seus embaixadores; ou uma 3. Filhos de Israel. Aqui se inici a a


voz audível vinda do C éu poderia proclamar comissão de Ezequiel. Basicamente, sua men-
o eva ngelho. No entanto, Deus desejou que sagem era para os exilados de Judá; contudo,
o ser humano partilh asse das alegrias de um em seu escopo mais a mplo, abrangia as dez
ministério abnegado em favor de outros e, tribos que, m ais de 100 anos antes, haviam
assim, lhe confiou "a palavra da reconcilia- sido levadas em cativeiro pelos assírios. As
ção" (2Co 5:19). Nenhum "filho elo homem" mud anças em curso deram a Babilônia e à
pode se esquiva r a essa tarefa ; pessoas são Média os territórios da Assíria, de form a
salvas ou perdidas segundo a m aneira com que, quando o cativeiro babilôni co englo-
que o profeta encara sua respon sabilidade. bou o reman escente de Judá, as 12 tribos
Assim, ser chamado de "filho do homem" é foram, em certo sentido, novamente reuni-
ser indicado para um ministério pessoal ou das, estando então todas sob jugo estrangeiro
público baseado em profunda paixão pelo (ver Jr 50:17, 18, 33).
próximo. Às nações rebeldes. A palavra tra-
Põe-te em pé. A visão ela glória de Deus duzida como "nações" é a que se e mprega
deixou Ezequiel prostrado . Em manifestação geralmente para designar os pagãos . Israel
semelhante do poder ele Deus , Daniel decla- descera tão baixo e m sua deliberada sepa-
rou: "Não restou força em mim ; o meu ros to ração de Deus que, embora devesse ter sido
mudou de cor e se desfigurou , e não retive um reino de sacerdotes e um a nação sa nta
força alguma" (Dn 10:8). No chamado para (ver Êx 19:6), é designado como um a nação
o serviço divino, esses profetas foram pri- pagã e recebe o epíteto adiciona l de rebelde.
meiramente levados a sentir a própria fra- O profeta é a inda lem brado de que a aposta-
~ ._ queza; depois o poder divino os reanimou , sia de Israel já vinha de longa data.
restaurando-lhes a força física e os capaci- 4. De duro semblante. O signific ado
tando a receber a comunicação celestial. da expressão é: "obstin ados", "teim osos", e o
2. Entrou em mim. A profecia é um ter mo "obstin ados de coração", que segu e,
dos dons do Espírito (lCo 12:28) . O cha- en fa ti za aind a mais essa ideia. O Senhor
mado para o ofício profético não ocorre por estava pintando um quadro da depravação
escolha pessoa l, mas por nomeação divin a de Israel. O quadro não era exagerado, com o
(ver Nm 12:6; 1Co 12:28). A recepção do o profeta logo descobriria.
Espírito Santo, qu e comunica a ca pacidade Assim diz o SENHOR Deus. O encargo
profética , é a evidência do chamado genuíno. dado a Ezequiel é a com issão que Deus atri-
Qu alquer prete nsão ao dom sem es te pré- bui a todo ensinador da Palav ra, a todo expo-
requi sito essenci a l é fal sa. Qu ando Ezequiel sitor da verdade sagrada. A Pa lavra el e Deus
recebeu o cham ado, o Espírito entrou nele, não deve ser misturada com opiniões huma-
colocando-o num a condição que, em lingua- nas . Teorias particu lares são falíveis. No que
gem profética, é c hamada de "em Espírito" respeita aos assuntos divinos, somente as coi-
(ver Ap l:lO; 4: 2). Enquanto o profeta está sas que Deus revela podem ser definiti va-
"em Espírito", pode-lhe parecer que faz via- mente conhecidas co mo fatos; tudo o mais é
gens a pontos distan tes, qu ando em rea lid ade mera opinião human a. Sendo que sopra tod o
não saiu elo lugar onde estava. Descreve ndo vento de doutrina, e que circul a toda espéc ie
a visão do terceiro céu , Pau lo admitiu sua de interpretação, os seres hum a nos prec isam
incapacid ade para distinguir a visão da rea- da certeza de uma mensagem respaldada por
lid ade. "Se no corpo ou fora elo corpo, não um "Assim di z o SEN HOR". Essa declaração
sei, Deus o sa be" (2 Co 12:2). é a voz ela a utorid ade. Ezequiel precisava

634
EZEQUIEL 2:8

dessa garantia. A ruína de Judá era iminente, de Deus. As mensagens de Ezequiel seriam
e sua mensagem trazia as credenciais da mais ou um "cheiro de morte para morte", ou "de
alta autoridade. vida para vida" (2Co 2:16).
5. Deixem de ouvir. Ver a mesma fór- 6. Não os temas. A oposição a Ezequiel
mula no v. 7 e em Ezequiel 3:11 e 27. O dei- viria de governantes, sacerdotes e supostos
xar de ouvir não deve ser atribuído a um ato profetas. Eles iriam ridicularizar, caluniar,
de predestinação. O plano salvífico de Deus acusar e ameaçar o profeta; mas, em meio
abrange a todos: "Porquanto a graça de Deus a tudo isso, ele não devia ceder às tentati-
se manifestou salvadora a todos os homens" vas de intimidação, nem aos temores des-
(Tt 2:11); Deus não quer que ninguém pereça pertados por todos os lados que poderiam
(2Pe 3:9). A todos é dada oportunidade ade- levá-lo ao desânimo .
quada para a salvação. Jesus é a luz que Sarças. Palavra usada metaforicamente
"ilumina a todo homem" (Jo 1:9). Todas as para expressar a oposição que o profeta
influências possíveis coerentes com o livre- encontraria por parte daqueles a quem seria
arbítrio e com as questões relacionadas ao enviado.
grande conflito são disponibilizadas aos seres 7. Quer ouçam. Ver com. do v. 5.
humanos para levá-los a aceitar a salvação. 8. Não te insurjas. Havia o perigo de
Mas cabe a eles o decidir se a aceitam ou que, com uma perspectiva tão ameaçadora,
não. Os desobedientes ficam sem desculpa . Ezequiel fugisse à sua responsabilidade. Ao
Deus poderá dizer a toda pessoa que porven- fazê-lo, ele se identificaria com a própria
tura venha a se perder: "Que mais se podia rebelião que fora enviado a reprovar. Havia
fazer ainda [... ] que Eu lhe não tenha feito?" o perigo de ele se influenciar pelo ambiente
(Is 5:4). Assim, os homens se destroem por de apostasia generalizada e perder o senso da
sua recusa de aceitar a salvação de Cristo (ver malignidade do pecado. Há um veneno sutil
T5, 120). No final do grande conflito, a his- na atmosfera de uma sociedade má. É difí-
tória do mundo será retratada em visão pano- cil uma pessoa ter fé quando está rodeada
râmica, revelando a cada pessoa sua relação dos que não têm fé, especialmente se pro-
para com as questões relativas a essa grande fessam ter as mesmas esperanças e aspira-
luta. Como resultado disso, todos reconhece- ções que ela. É por isso que o maior perigo
rão a justiça de Deus e a amplitude da graça da igreja vem de dentro, não de fora. Se os
que lhesfoi oferecida (Rm 14:10, 11; Ap 15:3; chamados para ser líderes se insurgirem da
cf. GC, 666-671). mesma forma que a "casa rebelde", então o
~ ,. Hão de saber. A evidência máxima de que mais se pode esperar senão um completo
que o profeta traz as credenciais divinas é afastamento de Deus? A história da apos-
o cumprimento de sua palavra. Contudo, tasia de Israel revela o resultado destrutivo
quando ele apresenta sua mensagem, o que ocorre quando as pessoas olham para o
Espírito Santo testifica aos corações endu- semelhante e confiam em líderes que prati-
recidos que essa mensagem dada pelo porta- cam o mal.
voz de Deus vem do Céu. Aos rebeldes Come o que Eu te dou. Esta é uma
cativos, o Espírito Santo daria a convicção de profecia simbólica, e o profeta comeu o
que sua conduta de obstinada iniquidade era rolo do livro em visão, não na re alidade
injustificada. Eles poderiam zombar aberta- (ver com. do v. 2). A figura é cheia de signi-
mente do mensageiro divino, mas, por trás ficado. A fim de comunicar a m ensagem
das expressões de desprezo, estaria o medo aos outros, o ensinador precisa primeira-
profundo de que a voz rejeitada era de fato a mente recebê-la de Deus. Depois, assim

635
2:9 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

como a nutrição física introduzida no corpo papiro que eram emendados uns aos outros,
se torna carne, sangue e ossos, a mensa- formando longas tiras que eram então enro-
gem precisa ser assimilada e se tornar parte ladas. Normalmente esses rolos eram escri-
do mensageiro . O ensinador não pode ser tos apenas de um lado. O que foi entregue a
capacitado para o serviço por um conheci- Ezequiel estava escrito em ambos os lados,
mento superficial e incerto da mensagem. para indicar abundância de assunto. A men-
A mensagem precisa chegar ao mais íntimo sagem não era um evangelho de paz como o
de sua natureza, penetrar em sua mente e que os anjos levaram aos pastores de Belém
ser introduzida em todas as funções de sua quando Cristo, o Salvador, nasceu (Lc 2:13,
vida espiritual; tem de se tornar parte do 14). A mensagem desses anjos era "boa-nova
pensamento e da vida. de grande alegria" (Lc 2:10), mas esta de
9. Certa mão se estendia. Talvez esta Ezequiel era uma profecia de "lamentações,
mão fosse a dos quatro seres viventes. Ela suspiros e ais". Contudo, a revelação da cala-
representava os agentes intermediários por midade anunciada foi o meio que Deus usou
meio dos quais Deus comunica revelações para despertar corações endurecidos pelo
aos Seus servos, os profetas (ver Ap l:l). As pecado a fim de que pudesse curá-los com
mensagens propriamente ditas se originam o bálsamo do evangelho. À medida que se
em Deus; portanto, o profeta pode declarar desenvolvia seu ministério, muitas vezes, foi
com convicção: "Esta é a palavra do Senhor." privilégio de Ezequiel temperar seus di scur-
10. Escrito por dentro e por fora. Os sos de reprovação com apelos para a aceita-
livros antigamente eram escritos em pele ou ção da misericórdia disponível.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

l-lO - TM, 213 TM, 233; T5, 20, T7, 35; T8, 61, 69;
7 - Ev, 77; GC, 459; 74, 263 , 691; T9, 227

CAPÍTULO 3
1 Ezequiel come o rolo. 4 Deus o anima 15 e lhe mostra sua obrigação para
com a profecia. 22 Deus determina ao profeta o falar e o calar-se.

l Ainda me disse: Filho do homem, come 5 Porque tu não és enviado a um povo de es-
o que achares ; come este rolo, vai e fala à casa tranho falar nem de língua difícil, mas à casa
de Israel. de Israel;
2 Então, abri a boca , e Ele me deu a comer 6 nem a muitos povos de estra nho falar e de
o rolo. língua difícil, cujas palavras não possas enten -
3 E me disse: Filho do homem, dá de comer der; se Eu aos tais te enviasse, certamente, te
ao teu ventre e enche as tuas entranhas deste dariam ouvidos.
rolo que Eu te dou. Eu o comi , e na boca me era 7 Mas a casa de Israel não te dará ouvidos ,
doce como o mel. porque não Me quer dar ouvidos a Mim; pois
4 Disse-me ainda: Filho do homem, vai, entra toda a casa de Israel é de fronte obstinada e dura
na casa de Israel e dize-lhe as Minhas palavras . de coração.

636
EZEQUIEL 3: l

8 Eis que fiz duro o teu rosto contra o rosto a vida, esse perverso morrerá na sua iniquicla-
de les e dura a tua fronte, contra a sua fronte. de, mas o seu sangue da tua mão o requererei.
9 Fiz a tua fronte como o diamante, mais dura 19 Mas, se avisares o perverso, e ele não se
do que a pederneira ; não os temas, pois, nem te converter da sua maldade e do seu caminho per-
assustes com o seu rosto, porque são casa rebelde. verso, ele morrerá na sua iniquidade, mas tu sal-
10 Ainda me disse mais: Filho do homem , vaste a tua alma.
mete no coração todas as Minhas palavras que 20 Também quando o justo se desviar da sua
te hei de falar e ouve-as com os teus ouvidos . justiça e fizer maldade, e Eu puser diante dele
11 E ia, pois, vai aos do cativeiro, aos filhos do um tropeço, ele morrerá ; visto que não o avisaste,
teu povo, e, quer ouçam quer deixem de ouvir, fala no seu pecado morrerá, e suas justiças que pra-
com eles , e dize-lhes: Assim diz o SENHOR Deus. ticara não serão lembradas, mas o seu sangue da
12 Levantou-me o Espírito, e ouvi por detrás tua mão o requererei.
de mim uma voz de grande estrondo, que, levan- 21 No entanto, se tu avisares o justo, para
tando-se do seu lugar, dizia: Bendita seja a gló- que não peque, e ele não pecar, certamente, vi-
ria do SENHOR. verá, porque foi avisado; e tu salvaste a tua alma.
l3 Ouvi o tatalar das asas dos seres viven- 22 A mão do SENHOR veio sobre mim , e Ele
tes, que tocavam umas nas outras , e o barulho me disse: Levanta-te e sai para o vale, onde fa-
das rodas juntamente com eles e o sonido de um larei contigo.
grande estrondo. 23 Levantei -me e saí para o vale, e eis que a
14 Então, o Espírito me levantou e me levou; glória do SENHOR estava ali, como a glória que
eu fui amargurado na excitação do meu espí- eu vira junto ao rio Quebar; e caí com o rosto
rito; mas a mão do SENHOR se fez muito forte em terra .
sobre mim. 24 Então, entrou em mim o Espírito, e me
15 Então, fui a Tel-Abibe, aos do exílio, que pôs em pé, e falou comigo, e me disse: Vai e en- -.e;
habitavam junto ao rio Que bar, e passei a morar cerra-te dentro da tua casa .
onde eles habitavam ; e, por sete dias, assentei-me 25 Porque, ó filho do homem, eis que porão
ali , atônito, no meio deles. cordas sobre ti e te ligarão com elas; e não sai-
16 Findos os sete dias, veio a mim a palavra rás ao meio deles.
do SENHOR, dizendo: 26 Farei que a tua língua se pegue ao teu pa-
17 Filho do homem, Eu te dei por atalaia ladar, ficarás mudo e incapaz de os repreender;
sobre a casa de Israel; da Minha boca ouvirás a porque são casa rebelde.
palavra e os avisarás da Minha parte. 27 Mas, quando Eu falar contigo, darei que
18 Quando Eu disser ao perverso: Certamente, fale a tua boca, e lhes dirás: Assim diz o SENHOR
morrerás, e tu não o avisares e nada disseres para Deus: Quem ouvir ouça, e quem deixar ele ouvir
o advertir do seu mau caminho, para lhe salvar deixe; porque são casa rebelde.

I. Come este rolo. Talvez uma pequena mensagem (ver ]o 4:34). A inspiração é mais
hesitação da parte de Ezequi el tenha exi- do que uma purificação e estimulação subje-
gido a repetição da ordem (ver Ez 2:8). tiva das faculdades mentais. Há uma comu-
A lição que Deus desejava ensinar requeria nicação de fatos externa e objetiva.
de fato uma ilustração dramática. Não cabia A lição é também para o leitor da Palavra.
ao profeta escolher sua própria mensagem. Ele precisa receber a Bíblia como tendo sido
A comida dele devia consistir em fazer a von- enviada a ele. O ser humano não consegue
tade daquele que o enviara e proclamar a criar a verdade divina; ela é descoberta a

637
3:3 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

partir da Bíblia. A mensagem precisa ser assi- 6. Dariam ouvidos. Assim como fize-
milada de forma pessoal, consumida interna- ram o siro Naamã (Lc 4:27), a mulher sim-
mente; as verdades precisam se tornar parte fenícia (Mt 15:21-28) e o centurião romano
da vida e do caráter. Esse é o meio pelo qual (Mt 8:5-12). As poderosas obras operadas em
os seres humanos se tornam, em todo sen- Corazim e Betsaida teriam sido mais do que
tido, novas criaturas. suficientes para a conversão de Tiro e Sidom,
3. Doce como o mel. Deve ter sido ou de Nínive (Mt 11:21; 12:41). Israel, porém,
emocionante para Ezequiel compreender que tinha o coração mais endurecido do que as
havia sido chamado para ser cooperador de nações a seu redor.
Deus, porta-voz de Yahweh para reprovar o Em todas as épocas tem sido o propó-
pecado de seu povo. O cham ado para o ofí- sito de Deus salvar o maior número possí-
cio profético é um privilégio, mas o perigo vel de pessoas. "Tão certo como Eu vivo, diz
da exaltação própria está sempre presente. o SENHOR Deus, não tenho prazer na morte
Paulo o temia (2Co 12:7), bem como Ellen G. do perverso" (Ez 33: 11). Deus não quer "que
White (ver T1, 64, 65). A experiência inicial nenhum pereça" (2Pe 3:9). As fortes con-
de Ezequiel, que foi de doçura, se transfor- denações dos escritos proféticos devem ser
mou, mais tarde, em amargura, quando ele entendidas como predições de calamida-
se viu face a face com a realidade da tarefa. des nacionais, e nunca como pronuncia-
Frequentemente, é assim que ocorre com mentos de perdição eterna para as pessoas
os que são chamados para uma obra espe- que compunham aquela determinada nação.
cial. Logo, a primeira emoção perde a força Não importava a gravidade da predição de
quando a pessoa precisa se defrontar com as ruína nacional, as pessoas que compunham
duras realidades do dever. a nação ainda tinham a oportunidade de sal-
5. De estranho falar. A implicação vação pessoal. Nesse sentido é que, nos dias
é que, externamente, a tarefa seria mais de Elias, havia 7 mil que não haviam dobrado
fácil do que se o profeta fosse enviado aos os joelhos a Baal (lRs 19:18).
pagãos, cuja língua ele não entendia e para 7. Não Me quer dar ouvidos. A fim de
os quais o idioma dele também seria estra- que Ezequiel não ficasse desanimado pelo
nho. A comissão era primariamente para "as fato de os judeus se negarem a ouvir suas pala-
ovelhas perdidas da casa de Israel" (ver Mt vras, o Senhor lembrou o profeta de que eles
15:24); não porque as outras nações estives- já haviam se recusado a ouvi-Lo. "O servo
sem fora da salvação, mas porque o propósito não é maior do que seu senhor" (Jo 13:16).
de Deus era tornar Israel um núcleo espiri- O servo não deve esperar receber melhor tra-
tual e uma força evangelizadora. Por meio tamento do que seu Senhor. Aquele que traba-
do povo escolhido, Deus pretendia preservar lha em prol dos semelhantes sente a recusa de
entre os homens o conhecimento de Sua lei forma dolorosa. Deve, por isso, se lembrar do
e expandir Seu reino espiritual. Os profetas desapontamento mais severo sofrido por seu
reconheceram esse propósito. Uma porção Senhor, que na verdade é o verdadeiro rejei-
considerável das profecias de Ezequiel foi tado na pessoa de Seus servos. É verdade que
devotada à enumeração dos juízos que cai- o servo deve examinar seus esforços para ver
riam sobre as nações vizinhas. Essas profe- se a misericórdia foi recusada devido a alguma
cias constituíam um apelo para esses povos, deficiência de sua parte na apresentação da
pois lhes revelava qual seria sua história mesma. No entanto, muitos rejeitaram o pró-
futura caso se recusassem a aceitar o plano prio Senhor da glória. Poderiam Seus servos
de Deus (cf. Jr 18:7, 8; ver p. 13-17). achar que são superiores a Ele?

638
EZEQUIEL 3:1 5

Toda a casa de Israel. Deve-se inter- era para os cativos, a de Jeremias , para os
pretar o significado desta expressão como que restaram em Judá, e a de Daniel, para
sendo: "os israelitas em geral". Nessa época, a corte de Babilônia, com exceção da parte
houve santos como Jere mias e Daniel, e, sem do livro que estaria selada até o tempo do
dúvida, muitos outros qu e, individualmente, fim (Dn 12:4; GC, 356). Assim, embora os
conservaram a integridade diante de Deus. três fossem contemporâneos , havia uma
8. Duro. A raiz desta palavra é a mesma divisão em suas esferas de responsabilidade
u sada na primeira m etade do nome de (ver p. 621).
Ezequ iel (ver p. 619), e é provavelmente usada 12. Levantou-me. A fase inicial da con-
com referência a seu nome. Talvez o profeta sagração de Ezequiel para o ofício profético
tivesse apresentado sua própria fraqueza em termina aqui . Em espírito, ele é tirado da
contraste com a obstinação dos pecadores cena do trono, dos seres viventes e da s rodas.
impenitentes. Aqui está a promessa de que, Ao sair, ele ouve atrás de si o som de um
por mais duros que fossem os israelitas, o pro- grande "estrondo" (LXX, "terremoto"). O som
feta seria ai nda mais forte e prevaleceria con- é inteligível: é um tributo de louvor. Não há
tra eles. Esta promessa não implica qualquer menção definida da origem do som, mas ta l-
coerção para assegurar a aceitação da men- vez , como em Isaías 6 e Apoca lipse 4, o lou-
sagem . Sob o governo de Deus, a aceitação é vor viesse dos seres ao redor do trono.
sempre um ato voluntário. 14. Excitação. Do heb. chemah, vocábulo
9. Diamante. Do heb. shamir, "uma traduzido como "ira" (Nm 25:11; etc.), "furor"
p edra de grande dureza". Alguns erudi- (Gn 27:44; etc.) e "indignação" (Dt 29:28; etc.).
tos acham que a referência seja ao esmeril. O chamado de Deus, que fora tão doce para
Shamir é traduzido como "diamante" aqui , Ezequiel (Ez 3:3), em sua execuç ão, trans-
em Jeremias 17:1 e em Zacarias 7:12, mas o forma-se em algo amargo. A ira de Ezequiel
diamante era desconhecido naquela época . talvez se devesse, em parte, aos pecados
10. No coração. Estas palavras expli- de seu povo. Além disso, a revelação d a
cam o significado do ato de comer o livro (ver dificuldade da tarefa e de sua impossibi-
v. 1). A aparente inversão, neste versíc ulo, do lidade de sucesso, o m edo do fracasso e,
processo de recepção (primeiro, o coração e, talvez, a consciência do despreparo para a
depois, os ouvidos) é um exemplo de um tipo tarefa, sem dúvida, contribuíram para dei-
de transposição comum no hebraico. xar o profeta abatido. Experiência se me -
Todas as Minhas palavras. O profeta lhante ocorreu no caso de Jeremias (Jr 20:8,
não deve se recusar a receber e a declarar 9; cf. Jr 9:2).
todo o conselho de Deus (ver v. 11). 15. Tel-Abibe. Do heb. Tel 'aviv, "monte · ~
11. Aos do cativeiro. Anteriormente das espigas verdes de cereal". Acredita-se,
(v. 4; cf. Ez 2:3) havia sido dito a Ezeq uiel contudo, que o nome provenha do acadiano
que sua missão se destinava à casa de Israel. Til ababi, "monte da enchente provocada
Depois, lhe foi dada a comissão mais especí- pela tempestade". Di z-se que esses montes
fica de ir "aos do cativeiro". Na época do cha- de areia, produzidos pela ação do vento e da
mado, 593/592 a.C. (ver com. de Ez 1:2), e água, são com uns nas vizinhanças de Nippur
por vários anos depois disso, os cativos eram (ver com. de Ez 1:1), e a crença popular é de
apenas uma pequena parte da nação judaica. que sejam relíquias do dilúvio. Contudo, não
Depois da queda de Jerusalém, em 586 a.C., foi possível loca lizar Tel-Abibe com precisão.
os cativos passaram a representa r a grande Sete dias. Alguns compararam este
massa do povo. A mensagem de Ezequiel intervalo de sete dias de si lêncio a um período

639
3:17 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

de retiro na experiência de outros grandes morte eterna diante do tribunal de Deus.


líderes religiosos; por exemplo, aos 40 dias As decisões desse tribunal significam vida
de Elias no monte Horebe (IRs 19:4-8), eterna ou morte eterna para cada pessoa .
ao tempo de recolhimento de Paulo na A aniquilação é o destino final de todos os
Arábia (Gl 1: 17) e ao retiro do Senhor no que persistirem na transgressão. O atalaia
deserto, após o batismo. Outros sugerem tem a responsabilidade de advertir acerca
que a reação de Ezequiel foi devida a sua dessa sorte inevitável. Se não o fizer, isso
surpresa diante das condições que encon- pode resultar na perda de vidas.
trou ou das atitudes que enfrentou. Ainda Muitas vezes, é feita a pergunta: "É justo
outros comparam o silêncio de Ezequiel à que Deus permita que a salvação de uma
conduta dos amigos de Jó, que se senta- pessoa dependa do fato de um outro indi-
ram junto ao patriarca, no chão, por "sete víduo cumprir ou não sua responsabilidade
dias e sete noites; e nenhum lhe dizia pala- de a advertir?" Deve-se responder que Deus
vra alguma" (Jó 2:13). Contudo, o contexto é justo, mas que o pecado é tremendamente
parece sugerir que Deus não pretendia injusto. Deus trabalha para a salvação dos
que houvesse tal demora. A mudez pode seres humanos de forma consistente com
ter sido causada, em vez disso, pela amar- Seu caráter e em harmonia com as ques-
gura e indignação de espírito de Ezequiel. tões envolvidas no grande conflito. Ele não
Provavelmente a conduta do profeta tenha usa coerção. Isso coloca limites no que Ele
sido de adiamento deliberado, se não de deci- pode fazer diretamente pela salvação de
dida recusa. A misericórdia de Deus esperou alguém. Contudo, quando outros coope-
sete dias. Como, no fim deste período, não ram com Deus em Seu esforço para salvar
houve reação por parte de Ezequiel, a pal a- uma pessoa, há um aumento de influências
vra do Senhor veio a ele em solene adver- que atuam sobre a mesma e uma probabili-
tência. Isso nos faz lembrar uma relutância dade maior de que ela aceite o plano divino.
semelhante, da parte de Ellen G. White, de Esta consideração jaz na base dos esfor-
tornar conhecido a outros o que o Senhor lhe ços missionários em favor de outros povos.
havia revelado (T1, 62-64). Consideremos uma ilha não alcançada pela
17. Atalaia. A figura é a de uma senti- mensagem cristã. Por meio de Cristo, que
nela do exército na torre de vigia, cuja tarefa "ilumina a todo homem" (Jo 1:9), Deus está
é advertir as pessoas de perigos que se apro- fazendo o que é possível para salvar todos
ximam (ver 2Sm 18:24-27; 2Rs 9:17-20). os seus habitantes. Qualquer esforço a mais
A palavra descreve a característica espe- seria apontado pelo adversário como coer-
cial da obra de Ezequiel. O profeta devia ção. Contudo, com a chegada do missioná-
pessoalmente vigiar pelo povo. rio, as oportunidades se torn am maiores . Em
18. Não o avisares. Quando via o resultado, mais pessoas poderão ser salvas.
perigo se aproximar, o atalaia devia tocar Assim, a acusação de injustiça, em vez de ser
a trombeta. Quando visse os ímpios cami- dirigida a Deus, precisa ser dirigida a nós.
nhando diretamente para a perdição, Somos nós que temos sido atalaias infiéis, e
Ezequiel devia lhes falar, advertindo-os dos nos perderemos a menos que um arrependi-
resultados que certamente adviriam dessa mento genuíno remova a culpa.
conduta. Em sua aplicação mais ampla, 19. Salvaste a tua alma. A responsa-
estas palavras devem se referir não só ao bilidade do atalaia termina quando a adver-
perigo e à morte física, mas ao perigo espi- tência é dada adequadamente. Contudo,
ritual que poderia produzir um veredito de o atalaia bem pode pe rguntar: "Será que

640
EZEQUIEL 3:27

a advertênci a foi dada com a maior eficácia punição é determinada (ver Ez 18). Isto
possível e se estendeu por tempo suficiente?" explica por que , quando os pecados são per-
Os que recebem a advertência são deixa- doados, não são imediatamente apagados.
dos livres para escolher se a ouvirão ou não. É conservado um registro até o tempo do
~ "' Cada pessoa que se perder se encontrará julgamento, porque se o justo cair e se pe r-
nessa condição por escolha própria. Nenhuma der, todas as suas iniquidades , quer tenham
culpa pode ser lançada sobre Deus, que pro- ou não sido perdoadas em algum momento,
porcionou oportunidades adequadas a todos. são levadas em conta no cálc ulo de sua retri-
As pessoas vivem ou morrem de acordo buição final (ver PJ, 251 ).
com a escolha que fizeram. Ezequiel enfa- 22. Mão do SENHOR. O que Ezequiel
tiza a responsabilidade pessoal, e não a ouviu evidentemente o encheu de um forte
nacional. Os israelitas individualmente não senso de sua responsabilidade.
deviam se considerar perdidos pelo fato de 23. A glória do SENHOR. A impres-
a nação sofrer uma punição. Por outro lado, sionante visão que Ezequiel tivera (Ez l )
não deviam presumir que o arrependimento retornou. A exibição da glória de Deus que
lhes era desnecessário individualmente por- o havia inspirado a aceitar sua missão , sem
que tinham a Abraão como pai (Mt 3:9). dúvida , o encheu de renovada certeza. Ele
20. Tropeço. O propósito da pedra de aceitou a repreensão por seu silêncio. A par-
tropeço é deter o pecador em seu caminho tir desse momento, Ezequiel se comporta
descendente e despertar nele um senso do como um servo humilde e obediente.
perigo. Qu ando os pecadores são assim aler- 24. Encerra-te. Provavelmente para que
tados, a voz do atalaia cumpre sua missão. ele pudesse ter tempo para meditar a fim de
A advertência no momento apropriado pode se preparar para seu ofício.
fazer com que se abandonem os maus cami- 25. Cordas. Possivelmente, não um apri-
nhos . O deixar de proferir a advertência pode sionamento real; pelo menos não há registro
resultar no fato de os pecadores mergulha- dele em qualquer parte do livro. Se o signi-
rem de cabeça na destruição; portanto, seu ficado são cordas figurativas, talvez a refe-
sangue será requerido da m ão do atalaia . rência seja à obstinada rec usa do povo em
Novamente se vê o quanto Deus tem deci- ouvir, tornando praticamente impossível que
dido contar com a cooperação humana na Ezequiel declarasse suas profecias. Assim ,
obra da salvação (ver com . do v. 18). ele estaria como que amarrado.
Suas justiças. Isto é, seus atos justos. 26. Que a tua língua se pegue. Como
Não há respaldo aq ui para a crença popular de ocorreu com Zacarias (Lc 1: 22), que não
que a pessoa verdadeiramente justa não pode creu nas palavras do anjo, parece haver aqui
cair nem se perder no final. Só os que per- uma repreensão a Ezequiel por sua rec us a
severarem até o fim serão salvos (Mt 24:1 3). em falar quando lhe havia sido ordenado que
Não serão lembradas. No plano de o fizesse. Contudo, o Senhor usou a ex pe-
Deus, as recompensas não são calculadas riência para o bem. A mudez do profeta e
com base na soma dos atos justos menos os a capacidade de falar, somente quando o
pecados, ou vice-versa. No caso do justo que Sen hor abrisse sua boca, eram um sinal adi-
persevera até o fi m, todo o registro da culpa cional, para aquela casa rebeld e, de que as
é apagado, e sua recompensa é determinada palavras ditas por Ezequiel eram na verdade
com base em seus bons atos; o pecador, por as palavras do Senhor.
outro lado, verifica que nenhum de seus atos 27. Ouça. Ver Mt 11:15; 13:9. A LXX
justos é levado em consid eração quando sua traduz a segunda frase da seguinte forma:

64 1
4:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

"Quem for desobediente, seja desobe- havia Se referido a Israel como "povo de dura
di ente", o que encontra eco em Apoca- cerviz" (Êx 32:9). O mesmo espírito que os
lips e 22:11. levou aos 40 anos de vagueação no deserto
Casa rebelde. Anteriormente, Deus tornou então o cativeiro inevitável.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-27 - TM, 214 IR, 55; T1, 469; T2, 708; 18 - T6, 286
7 - GC , 459 T5, 234; T8, 304 19 - T2, 53
17- CPPE , 165; O E, 207; 17-19- T1, 313 21 - T1, 313

CAPÍTULO 4
1 Com o símbolo de um cerco, mostra-se o tentpo decorrido desde a divisão do reino,
com Jeroboão, até o cativeiro. 9 Pela ração limitada que Ezequiel deve
consumir durante o cerco simbólico, é mostrada a severidade da fome.

I Tu, pois , ó filho do homem, tom a um tijo- 8 Eis que te prenderei com cordas; assim não
lo, põe-no diante de ti e grava nele a cidade de te voltarás de um lado para o outro, até que cum -
Jerusalém . pras os dias do teu cerco.
2 Põe cerco contra ela, edifica contra ela for- 9 Toma trigo e cevada, favas e lentilhas, mete-
tificações , levanta contra ela tranqueiras e põe os numa vasilha e faze de les pão; segundo o nú-
contra ela arraiais e aríetes em redor. mero dos dias que te de ita res sobre o teu lado,
3 Toma também uma assadeira de ferro e trezentos e noventa dias , comerás dele.
põe -na por muro de ferro entre ti e a cidade; 10 A tua comida será por peso, vinte sic los
dirige para e la o rosto, e assim será cerca da, por dia; de tempo em tempo, a comerás.
e a cercarás; isto servirá de sin al para a casa li Também beberás a água por medida, a
de Israel. sexta parte de um him; de tempo em tempo, a
4 De ita-te também sobre o teu lado esquer- beberás.
do e põe a iniquidade da casa de Israel sobre ele; 12 O que comeres será como bolos de ceva-
conforme o número dos dias que te deitares sobre da; cozê-lo-ás sobre esterco de homem, à vista
ele , levarás sobre ti a iniquid ade dela. do povo.
5 Porque Eu te dei os anos da sua iniquida- 13 Disse o SENHOR: Assim comerão os filhos
de, segundo o número dos dias, trezentos e no- de Israel o seu pão imundo, entre as nações para
venta dias; e levarás sobre ti a iniquidade da casa onde os lançarei.
de Israel. 14 Então, disse e u: ah! SEN HOR De us! Eis
6 Quando tiveres cumprido estes dias, deitar- que a minha alma não foi contamin ada, poi s,
te-ás sobre o teu lado direito e levarás sobre ti a desde a minha moc idade até agora, nunca comi
iniquidade da casa de Judá. anima l morto de si mesmo nem dil acerado por
7 Quarenta dias te dei , cada dia por um ano. feras, ne m carn e abominável entrou na mi-
Voltarás, pois , o rosto para o cerco de Jerusalém , nha boca.
com o teu braço descoberto, e profetizarás con- 15 Então, Ele me disse: Dei-te esterco de
tra ela. vacas, em lugar de esterco huma no ; sobre e le

642
EZEQUIEL 4:3

prepararás o teu pão. água por medida e com espanto;


16 Disse-me ainda: Filho do homem, eis que 17 porque lhes faltará o pão e a água,
eu tirarei o sustento de pão em Jerusalém; come- espa ntar-se-ão uns com os outros e se consumi-
rão o pão por peso e, com ansiedade, beberão a rão nas suas iniquidades.

1. Toma. Estudiosos têm debatido se os Ezequiel de um novo cerco, isso esmagaria


estranhos eventos deste capítulo fora m atos suas esperanças. Contudo, a destruição de
externos e visíveis, ou meras dramatizações sua amada cidade era inevitável. Os juízos
apresentadas ao profeta em visão para serem iminentes foram retratados diante do povo
relatadas ao povo. Entre as razões mencio- por meio de símbolos significativos qu e fal a-
n adas para se crer que estes eventos foram vam de forma mais eficaz do que as palavras .
representados visivelmente diante do povo Fortificações. Do heb. dayeq, um subs-
estão as seguintes: (1) eles deviam ser um tantivo coletivo que designa estruturas cons-
sinal para a casa de Israel (v. 3) ; e (2) houve tr uídas para sitiar uma cidade, as qu ais
incidentes semelhantes n a experiência de provavelme nte atingiam um a altura supe-
outros profetas , sendo que os atos eram evi- rior à do muro e, assim, não só proporciona-
dentemente externos: os chifres de ferro de vam um posto de observação como davam
Zedequias (lRs 22:11); o ato de Isaías de oportunidade para que os sitiadores atingis-
andar "despido e descalço" por três anos sem os sitiados com flechas.
(ver com. de Is 20:3); os jugos de madeira Tranqueiras. Eram colinas construíd as
de Jeremias (Jr 27:2); e o casa m ento de artificialmente para permitir que os sitiado-
Oseias com uma prostituta (Os 1: 3). O s atos res subissem nos muros.
~ ... de Ezequiel, de carregar seus pertences à Aríetes. Pesadas vigas de m adeira com
vista do povo e de abrir um buraco na parede pontas de ferro suspensas horizontalm ente
(Ez 12: 2-7) são claramente uma encenação por cordas a partir de torres ou estruturas
visível que representa o cerco então por vir. móveis. Essas vigas eram violentamente
Estas vívidas representações, sem dúvida, arremessadas contra os muros. Tais máqui-
objetivavam atrair a atenção, pois as ima- nas aparecem frequ entem ente em baixos-
gens visíveis comumente causam impressões relevos assírios e parece terem sido usadas
mais profundas na mente do que as palavras . com frequ ência na época.
Recursos ilustrativos semelhantes ainda são 3. Uma assadeira de ferro. Do heb.
usados hoje na prática das cerimônias cris- machavath, um tipo de chapa plana, utensílio
tãs . O objetivo é gravar as ve rdades religio - de cozinha comum no Oriente (ver Lv 2:5).
sas de m aneira mais vívida. Talvez a chapa fizess e parte dos utensílios da
Tijolo. Do heb. levenah (Gn 11:3; casa do profeta. Foi usada para representar
Êx 1:14; etc.). Antigamente os tijolos eram um escudo ou um muro de defesa construído
usados para inscrições, e já foram descober- pelo inimigo, por trás do qual se lançavam
tos muitos exemplares que comprovam tal projéteis . O ferro provavelmente simboli zava
prática. a invulnerabilidade das linhas inimigas .
2. Põe cerco. Os cativos esperava m Sinal. O fa to de que essas vívidas drama-
que Jerusalém tivesse sofrido seu último tizações deviam constituir um "sin al" dá forte
cerco. Encorajados pelos fal sos profetas, eles respaldo ao ponto de vista de que este capí-
tinham a esperança de que logo retornariam tulo fala de eve ntos literais (ver co m. do v. 1;
para a terra natal. Se cressem na predição de sobre a palavra "sinal", ver com. de Is 7:14).

643
4:4 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

4. Lado esquerdo. A posição, prova- De acordo com a cronologia dos reis ado-
velmente, devia-se ao fato de Samaria ficar tada por este Comentário (ver vol. 2, p. 124-
ao norte de Jerusalém , isto é, à esquerda de 129), a separação das dez tribos ocorreu em ~ ?fi
alguém que estivesse voltado para o leste. 931 a.C . (ver vol. 2, p. 61, 62). Dali até a visão
Não é indicado que Ezequiel ficasse dei- de Ezequiel, em 593/592 , transcorrem 339
tado continuamente, 24 horas por dia, anos; até a queda de Jerusalém são 345 anos ,
durante o longo período aqui especificado. e até o retorno do cativeiro são 395 anos.
Provavelmente, só uma parte do dia era devo- Pelo método já obsoleto de conciliar os sin-
tada a esta forma de pregação simbólica. cronismos entre Judá e Israel, presumindo-
Casa de Israel. Expressão usada em seu se que houvesse intervalo entre os reinos, os
sentido restrito, aplicando-se às dez tribos. 390 anos de Ezequiel eram antigamente cal-
Levarás sobre ti a iniquidade dela. culados a partir de uma data anterior para a
Há diferença de opinião quanto a se Ezequiel separação das dez tribos.
foi chamado para simbolizar o pecado de Contudo, as especific ações do período
Israel ou sua punição. Possivelmente, ambas simbólico não são declaradas com preci-
as ideias estejam envolvidas. Como outros são suficiente para que se use esse sincro-
profetas antigos, Ezequiel devia mesclar as nismo como base para se estabelecer uma
mensagens de juízo com o bálsamo da miseri- cronologia.
córdia. Contudo, o pecado não podia ser pas- 7. Quarenta dias. Pela mesma analo-
sado por alto; precisava ser expiado. A ação gia discutida no com. do v. 5, os 40 anos
de Ezequiel de levar sobre si a iniquidade representariam os anos do pecado de Judá.
de Israel, talvez indicasse que Deus estava Em contraste com Israel, Judá permaneceu
disposto a perdoar o pecado dos judeus e a fiel aos governantes nomeados da casa de
cumprir Seu propósito por meio deles, ainda Davi. Contudo, um número cada vez maior
que tardiamente. de habitantes de Judá havia mergulhado
5. Trezentos e noventa dias. Já foram na idolatria; e, embora houvesse vários reis
apresentadas muitas interpretações deste devotos no reino de Judá que buscavam con-
período. Há os que preferem os números da ter a crescente onda de iniquidade, a traje-
LXX, de 150 dias para Ezequiel levar as ini- tória da nação foi cada vez mais decadente.
quidades de Israel, e 40 dias para levar as de Uma das últimas grandes oportunidades de
J udá, sendo o total de 190 dias. Este ponto de reforma ocorreu com o rei Josias, que, no
vista não é isento de dificuldades, pois os 150 oitavo ano de seu reinado, "começou a buscar
dias não representam os anos de cativeiro o Deus de Davi, seu pai" (2Cr 34:3). Foi uma
das dez tribos, deportadas em 723/722 a.C. nobre tentativa, mas, no que dizia respeito
Caso se aceitem os números da Bíblia ao povo, não passou de uma obra superfi-
hebraica, é preciso considerar que os 390 cial. Mais tarde, foi dito que eles tinham ido
anos representam o período da apostasia de longe demais para reverter os juízos anun-
Israel. O período começou quando Jeroboão ciados (2Cr 34:23-25). Se considerarmos o
e as dez tribos se separaram de Judá. Essa oitavo ano de Josias, 633/632 a.C., como o
cisão marcou o início do pecado de Israel. início do período especial de culpa de Judá,
Havendo-se separado da monarquia estabe- dessa data até a primeira mensagem dada
lecida por Deus, o reino do norte sofreu sob a Ezequiel, em 593/592 a.C. (ver com . de
uma longa sucessão de maus governantes ; Ez 4:5) há exatamente 40 anos.
nenhum de seus reis foi tem ente a Deus . Entre outras tentativas de aplicação des-
Mas aqui também há uma dificuldade. ses períodos, pode ser mencionada a que soma

644
EZEQUIEL 4: lO

390 com 40 e se obtém 430 dias, os quais são e a seus habitantes; precisavam levar sobre
então comparados com Êxodo 12:40, em que si a própria iniquidade, e o cativeiro seria
430 anos são dados como o tempo de peregri- seu destino. Isso estava em oposição direta
nação dos filhos de Israel. Mas tal coincidên- às orgulhosas ambições dos militaristas .
cia parece inteiramente sem objetivo. Uma Apoiados nos falsos profetas, eles rejeitaram
variação fantasiosa dessa teoria liga os 390 o apelo de Jeremias e continuaram com seus
dias aos 40 açoites de Deuteronômio 25:3, planos de resistência. O próprio Jeremias foi
reduzidos pelos mestres judeus a "uma qua- rotulado como espião e traidor. Os que esta-
rentena de açoites menos um" (2Co 11:24). vam no cativeiro com Ezequiel partilhavam
Assim, seriam atribuídos 39 a cada uma das da mesma esperança. Em vez de paciente-
dez tribos, deixando 40 para Judá. mente aceitar o plano de Deus de levar sobre
Cada dia por um ano. Literalmente, si a sua iniquidade, e em vez de ir à raiz de
"um dia pelo ano, um dia pelo ano". Esta todo o seu problema - um coração insub-
expressão pode ser comparada com decla- misso-, eles esperavam em vão que a amada
ração semelhante, em Números 14:34: cidade subsistisse e que eles próprios logo
"Segundo o número dos dias em que espias- voltassem ao país natal.
tes a terra, quarenta dias, cada dia represen- Descoberto. Uma figura que simboliza
tando um ano, levareis sobre vós as vossas o estar pronto para a ação.
iniquidades quarenta anos." Nessas decla- 8. Eis que te prenderei com cordas.
rações se encontram as primeiras sugestões A natureza das cordas não é revelada, mas
da escala profética que, mais tarde, figu- o simbolismo é evidente. A restrição simbo-
raria extensamente na interpretação das lizava o caráter inexorável dos eventos pre-
grandes profecias de tempo, como a de "um ditos. Nada que as pessoas pudessem fazer, <41 ~
tempo, dois tempos e metade de um tempo" não importando a diligência com que o fizes-
(Dn 7:25) e a das "duas mil e trezentas tar- sem, seria capaz de impedir a devastação de
des e manhãs" (Dn 8:14). Jerusalém e o cativeiro dos que ali restavam.
Voltarás, pois, o rosto. Expressão que 9. Trigo. A ordem em que os itens são
denota firmeza e estabilidade de propó- mencionados indica, sem dúvida, a escassez
sito (ver Lv 17:10; 20:3, 5, 6; 26:17; Ez 15:7; de alimentos no rigor do cerco. Não haveria
20:46). A firmeza de propósito devia ser estoque suficiente de trigo e de cevada para
"para o cerco de Jerusalém". Isto devia ser suportar o cerco, e seria necessário misturá-
feito durante os períodos em que o profeta los com alimentos de qualidade inferior.
estivesse deitado sobre cada um dos lados, Favas. Ver 2Sm 17:28.
levando figurativamente sobre si a iniqui- Lentilhas. Ver Gn 25:29, 34; 2Sm 17:28.
dade de Israel e de Judá. A combinação des- Embora sejam omitidos na ARA, mais dois
ses atos pode ser melhor entendida à luz dos cereais são mencionados em outras versões:
propósitos de Deus nessa época, segundo o primeiro, do heb. dochan, aparece somente
revelados por Jeremias. Por meio de vários neste versículo e é corretamente traduzido
tipos e símbolos, bem como de claros pro- como "painço" (NVI). O segundo, do heb.
nunciamentos proféticos, Deus declarou aos hussemim, se refere à moderna "espelta"
remanescentes deixados em Judá que a única (Triticum sativum; ver NVI). Um pão que
esperança de continuar seguros era renderem- contivesse espelta entre seus ingredientes
se ao rei de Babilônia. Eles tinham ido longe teria um gosto bastante desagradável.
demais em sua iniquidade, para poder 10. Comida. Do heb. ma'alwl, "alimento
escapar do castigo a sobrevir a Jerusalém [em geral]".

645
4:ll COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

Vinte sidos. O equivalente a cerca de 13. Pão imundo. O significado prova-


200 g (ver vol. 1, p. 142), uma ração bastante velmente é que, no cativeiro, seria impossível
escassa, suficiente apenas para manter a vida. aos judeus observarem os preceitos mosaicos
11. A sexta parte de um him. Um him relativos à dieta alimentar.
equivalia a quase quatro litros (ver vol. I, 14. Ah! SENHOR Deus! Ezequiel protes-
p. 145), portanto, uma sexta parte disso seria tou ante a ordem divina. Como Pedro (At lO: 14),
666 ml. A mínima porção de alimento e água ele declarou que, até então, tinha sido escru-
de que Ezequiel devia subsistir tem sido des- puloso observador da lei. Seu pedido foi ouvi-
crita como sendo muito para alguém morrer do e a ordem, atenuada. Foi-lhe permitido usar
e pouco para alguém viver. o que constituía um combustível comum para
12. Sobre esterco. No rigor do cerco preparar comida naquela parte do mundo.
não restaria madeira para ser usada como 16. Sustento de pão. Ver Ez 5:16; 14:1 3;
combustível, e, à medida que o cerco con - cf. Lv26:26; Sll05:l6. Neste versículo, é mos-
tinuasse, até o esterco de animais acabaria. trada a aplicação da representação profética.
Assim, as pessoas seriam forçadas a usar Aqui as condições de fome tão vividamente
como combustível o conteúdo seco das latri - dramatizadas por Ezequiel são aplicadas
nas de Jerusalém. a Jerusalém.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

6 - DTN, 233; GC, 324; PR, 698

CAPÍTULO 5
1 Por meio do símbolo do cabelo, 5 é mostrado a Jerusalém o juízo que, por sua
rebelião, lhe sobreviria, 12 pela fome, espada e dispersão.

l Tu, ó filho do homem, toma uma espada 5 Assim diz o SENHOR Deus: Esta é Jerusalém;
afiada; como navalha de barbeiro a tomarás e a pu-la no meio das nações e terras que estão ao
farás passar pela tua cabeça e pela tua barba ; redor dela .
tomarás uma balança de peso e repartirás os 6 Ela, porém, se rebelou contra os Meus juízos,
cabelos . praticando o mal mais do que as nações e trans-
2 Uma terça parte queimarás, no meio da gredindo os Meus estatutos mais do que as ter-
cidade, quando se cumprirem os dias do cerco; ras que estão ao redor dela; porque rejeitaram os ~ :§
tomarás outra terça parte e a ferirás com uma Meus juízos e não andaram nos Meus estatutos.
espada ao redor da cidade; e a outra terça parte 7 Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Porque
espalharás ao vento; desembainharei a espada sois mais rebeldes do que as nações que estão ao
atrás deles. vosso redor e não tendes andado nos Meus estatu-
3 Desta terça parte tomarás uns poucos e os tos, nem cumprido os Meus juízos, nem procedi-
atarás nas abas da tua veste. do segundo os direitos das nações ao redor de vós,
4 Destes ainda tomarás alguns, e os lançarás 8 por isso, assim diz o SENHOR Deus: Eis que
no meio do fogo, e os queimarás; dali sairá um Eu, Eu mesmo, estou contra ti; e executarei juí-
fogo contra toda a casa de Israel. zos no meio de ti , à vista das nações.

646
EZEQUIEL 5:4

9 Farei contigo o que nunca fiz e o que jamais que Eu, o SENHOR, falei no Meu zelo, quando
farei, por causa de todas as tuas abominações. cumprir neles o Meu furor.
lO Portanto, os pais devorarão a seus filhos 14 Pôr-te-ei em desolação e por objeto de
no meio de ti, e os filhos devorarão a seus pais; opróbrio entre as nações que estão ao redor de
executarei em ti juízos e tudo o que restar de ti ti, à vista de todos os que passarem.
espalharei a todos os ventos. 15 Assim, serás objeto de opróbrio e ludíbrio,
11 Portanto, tão certo como Eu vivo, diz o de escarmento e espanto às nações que estão
SENHOR Deus, pois que profanaste o Meu san- ao redor de ti, quando Eu executar em ti juízos
tuário com todas as tuas coisas detestáveis e com com ira e indignação, em furiosos castigos. Eu,
todas as tuas abominações, Eu retirarei, sem pie- o SENHOR, falei.
dade, os olhos de ti e não te pouparei. 16 Quando Eu despedir as malignas flechas
12 Uma terça parte de ti morrerá de peste da fome contra eles, flechas destruidoras, que
e será consumida de fome no meio de ti; outra Eu enviarei para vos destruir, então, aumentarei
terça parte cairá à espada em redor de ti; e a outra a fome sobre vós e vos tirarei o sustento de pão.
terça parte espalharei a todos os ventos e desem- 17 Enviarei sobre vós a fome e bestas -
bainharei a espada atrás dela. feras que te desfilharão; a peste e o sangue pas-
13 Assim, se cumprirá a Minha ira, e satis- sarão por ti, e trarei a espada sobre ti. Eu, o
farei neles o Meu furor e Me consolarei; saberão SENHOR, falei.

1. Navalha de barbeiro. A ideia é que todos serão levados a confessar: "Justos e ver-
o profeta devia tomar uma espada, por causa dadeiros são os Teus caminhos, ó Rei das
de seu simbolismo, e usá-la como uma nava- nações!" (Ap 15:3; ver CC, 669).
lha. A figura da navalha é empregada como 2. No meio da cidade. Isto é, no meio
símbolo da devastação operada por um exér- do quadro que Ezequiel havia apresentado
cito invasor (ver Is 7:20). (Ez 4:1). A terça parte queimada simbolizava
Note-se que Ezequiel 5 continua, sem os que estavam na cidade e que pereceriam
interrupção, a narrativa profética iniciada de peste e fome (Ez 5:12). A terça parte ferida
em 4:1. com uma espada "ao redor da cidade" repre-
Pela tua cabeça. Ezequiel é instruído sentava os que cairiam pela espada nas tenta-
a realizar um ato proibido como represen- tivas de escapar, como os filhos de Zedequias
tação simbólica. Era ilícito a um sacerdote e o resto da comitiva do rei (Jr 52:10). A terça
rapar a cabeça ou a barba (Lv 21:5). Desta parte espalhada significava o pequeno grupo
vez, Ezequiel não faz nenhum protesto (ver que, escapando da destruição, seria espa-
Ez 4:14). Ele sabe quando é justificável solici- lhado entre os pagãos. Porém, mesmo ali, a
tar modificação ou reversão da ordem divina espada os seguiria (ver Ez 5:12).
e quando deve prestar obediência. 3. Nas abas da tua veste. Isto simbo-
Balança. Possivelmente, uma repre- liza a proteção limitada que o remanescente
sentação da justiça e do cuidado com que que ficasse na terra receberia sob o comando
Deus trata cada pessoa. Todos serão pesa- de Gedalias (ver 2Rs 25:22; Jr 40:5, 6).
dos e receberão a recompensa de maneira 4. No meio do fogo. Muitos dos rema-
tão cuidadosa que, quando o julgamento nescentes deixados deviam perecer pela
de Deus for revelado, no fim dos séculos, violência, o que se cumpriu tragicamente
nenhuma voz de discordância se ouvirá em na conspiração de Ismael contra Gedalias
toda a vasta criação. Do menor ao maior, e nas calamidades provocadas por ela

647
5:5 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

(Jr 40; 41 ). Por causa di sso, muitos desce- mais luz. Deus julga as pessoas com base
ram para o Egito, onde foram consumidos, na luz e nas oportunidades recebidas ou nas
segundo a profecia de Jeremias (]r 42:13-17). que poderiam ter, caso as tivessem buscado.
Os que permaneceram na terra sofreram Os que constituem a igreja de Deus têm con-
outra deportação por ordem de Nebuzaradã centrada sobre si a luz acumulada de todos
(Jr 52:30), de forma que o resultado final foi os séculos. D eus espera deles um padrão
o total esvaziamento do território da nação. mais elevado do que das pessoas de qual-
5. No meio das nações. Aqui é apre- quer época anterior. Se forem desobedientes
sentada a estratégica posição de Jerusalém, e resistirem à luz, como fez Israel, sua culpa
situada bem no meio dos países do antigo será proporcionalmente maior.
Oriente Médio, na encruzilhada das prin- 7. Sois mais rebeldes. O significado do
cipais estradas da Antiguidade. Sua locali- verbo hebraico é incerto. Segundo algumas
zação singular constituía uma das grandes autoridades, a frase poderia ser assim inter-
oportunidades para Israel. Ao sul, ficava o pretada: "Porque estivestes em agitação [con-
Egito; a nordeste, a Assíria e Babilônia; e tra Deus], mais do que as nações que estão
ao norte, os siros. Na costa, ficavam os filis- ao vosso redor" (ver ARA).
teus , e um pouco mais distante, na direção Nem procedido. Vários manuscri-
norte, os fenícios. Mais próximo, a leste, tos hebraicos omitem a partícula negativa.
estavam os moabitas e amonitas, e ao sul, Assim, o significado seria perfeitamente claro
os edomitas . (ver a tradução da NTLH). Caso a partícula
Deus colocou Seu povo "no meio das negativa seja conservada, pode-se entender
nações" e planejou que se tornasse numa o significado desta parte do texto como se
grande força evangelizadora pela qual o Israel não tivesse feito nem mesmo como as
conhecimento do Deus verdadeiro devia se outras nações, pois elas haviam sido leais
espalhar pelo mundo todo. Era Seu desejo aos deuses que adoravam, enquanto Israel
que a nação de Israel fosse uma clara demons- se rebelara contra o seu Deus.
tração da superioridade da verdadeira reli- 9. O que nunca fiz. Não está claro com
gião sobre todos os falsos sistemas de culto. o que as calamidades iminentes deviam ser
A experiência e a prosperidade de Israel comparadas; talvez com as grandes catástro-
deviam se tornar tão atrativas que todas as fes do passado: o dilúvio ou a destruição de
nações passariam a buscar o Deus dos israe- Sodoma. É verdade que nenhum desses dois
litas (ver p. 13-17). eventos representou morte tão lenta quanto a
A lição se aplica aos cristãos. De forma que é predita no v. 10. O que parece claro é
individualizada, Deus os colocou como luz que Israel tivera mais oportunidades e privi-
para os vizinhos. Ele espera da parte deles légios do que os concedidos a outras nações.
uma demonstração da superioridade do cris- Consequentemente, a punição de seu pecado
tianismo diante do mundo. Deseja que seja seria proporcionalmente m ais severa e evi-
uma religião tão atrativa que outros também dente do que a que Deus havia infligido ou
a busquem. iria infligir a qualquer outra nação.
6. Porém, se rebelou contra os Meus 10. Devorarão a seus filhos. Moisés
juízos. A rebelião é um ato deliberado, pre- e, mais tarde, Jeremias predisseram este
meditado e planejado. terrível juízo (Lv 26:29; Dt 28:53; Jr 19:9).
Mais do que as nações. Isto deve A predição se cumpriu no cerco dos siros
ser en tendido no sentido de que os israeli- a Samaria (2Rs 6:28, 29), no cerco dos cal-
tas tinham mais pecado porque possuíam deus a Jerusalém (Lm 4:10) e no cerco final

648
EZEQUIEL 5:16

da cidade por parte dos romanos (Josefo, forma: "Como te deixaria, ó Efraim? Como
Guerras, vi.3.4). Moisés também predisse o te entregaria, ó Israel? Como te faria como
espalhamento dos israelitas "entre todos os a Admá? Como fa zer-te um Zeboim? Meu
povos" (Dt 28:64). coração está comovido dentro de Mim, as
11. Tão certo como Eu vivo. Um Minhas compaixões, à uma, se acendem" (Os
juramento solene que ocorre 14 vezes em 11 :8). À luz destas considerações, parece mais
Ezequiel. natural pensar no significado de nacham
Profanaste o Meu santuário. A pro- como um suspiro de dor ou alívio por termi-
fanação é mais plenamente descrita em nar uma punição necessária, ou de ser isso
Ezequiel 8. o resultado de um plano que deveria ter sido
Retirarei. Ou, "diminuirei" (ARC). tão diferente.
Vários manuscritos hebraicos e versões anti- 14. Em desolação. Ver Lv 26:31.
gas dizem: "farei em pedaços" ou "destrui- 15. Escarmento. Isto é, "lição" ou "adver-
rei" (ver NTLH). tência". Jerusalém devia ter sido a grande
~ ~~> 12. Uma terça parte de ti. Começa lição objetiva na educação que Deus estava
aqui uma explicação das ações simbólicas tentando dar à humanidade (ver p. 14-17).
mencionadas na primeira parte do capítulo. Sua posição estratégica a fez notória a muitas
O fogo (v. 2) significa fome e peste. nações. Nessa situação, a calamidade, com
13. E Me consolarei. Do heb. nacham. o resultante reflexo negativo sobre a verda-
Geralmente entende-se o significado origi- deira natureza de sua religião, também fica-
nal como sendo o de "puxar o ar de maneira ria amplamente conhecida.
forçada", "suspirar", "arfar", "gemer". A pala- 16. Fome. Os v. 16 e 17 recapitulam as
vra árabe correspondente significa "respirar tristezas de Jerusalém. Os juízos de Deus
arfando". É difícil conceber que Deus obti- são, em outras passagens, representados
vesse consolo da execução de juízos tão ter- como flechas (Dt 32:23; SI 7:13; 64:7). A pre-
ríveis. Ele próprio declara posteriormente: sença de feras foi um juízo anunciado con-
"Tão certo como Eu vivo, diz o SENHOR tra os judeus, juntamente com outras forças
Deus, não tenho prazer na morte do per- devastadoras (Lv 26:22; Dt 32:24). Animais
verso" (Ez 33: 11). Isaías fala do ato da des- selvagens, como leões e ursos, se multipli-
truição como uma "obra estranha" (Is 28:21). cavam quando a terra estava desabitada (ver
Oseias representa os sentimentos de D eus 2Rs 17:25). "Sangue", sem dúvida, se refere
em face do juízo necessário, da seguinte a morte violenta.

CAPÍTULO 6
1 O juízo sobre Israel por causa da idolatria. 8 Um remanescente será abençoado.
11 Os fiéis são exortados a lamentar as calamidades.

l Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: montes, aos outeiros, aos ribeiros e aos vales:
2 Filho do homem, vira o rosto para os montes Eis que Eu, Eu mesmo, trarei a espada sobre
de Israel e profetiza contra eles, dizendo: vós e destruirei os vossos altos.
3 Montes de Israel, ouvi a palavra do 4 Ficarão desolados os vossos altares, e que-
SENHOR Deus: Assim diz o SENHOR Deus aos brados, os vossos altares de incenso; arrojarei os

649
6: l COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

vossos mortos à espada, dian te dos vossos ídolos. todas as suas abominações.
5 Porei os cadáveres dos filhos de Israel dian- lO Saberão que Eu sou o SENHOR e não disse
te dos seus ídolos e espalharei os vossos ossos ao debalde que lhes faria este mal.
redor dos vossos altares. 11 Assim diz o SENHOR Deus: Bate as pal-
6 Em todos os vossos lugares habi táveis, as mas, bate com o pé e dize: Ah! Por tod as as ter-
cidades serão destruídas, e os altos ficarão deso- ríveis abominações da casa de Israel I Pois cairão
lados, para que os vossos altares sejam destruí- à espada , e de fome , e de peste.
dos e arruinados, e os vossos ídolos, quebrados e 12 O que estiver longe morrerá de peste; o
extintos , e os vossos altares do incenso sejam eli- que estiver perto cairá à espada; e o que ficar de
minados, e desfeitas as vossas obras. resto e cercado morrerá de fome. Assim , neles
7 Os mortos à espada cairão no meio de vós, cumprirei o Meu furor.
para que saibais que Eu sou o SENHOR. 13 Então, sabereis que Eu sou o SENHOR,
8 Mas deixarei um resto, porquanto algu ns de quando os seus mortos à espada jaze rem no meio
vós escapareis da espada entre as nações, quan- dos seus ídolos, em redor dos seus altares, em
do ford es espalhados pelas terras. todo outeiro alto, em todos os cimos dos montes
9 Então, se lembrarão de Mim os que dentre e debaixo de toda árvore frondosa, debaixo de
vós escaparem entre as nações para onde foram todo carvalho espesso, lugares onde ofereciam
levados em cativeiro ; pois Me quebrantei por suave perfume a todos os seus ídolos.
causa do seu coração dissoluto, que se desviou 14 Estenderei a mão sobre eles e farei a terra
de Mim, e por causa dos seus olhos, que se pros- tornar-se desolada, desolada desde o deserto até
tituíram após os seus ídolos . Eles terão nojo de Ribla, em todas as suas habitações; e saberão que
si mesmos, por causa dos males que fizeram em Eu sou o SENHOR.

1. A palavra do SENHOR. Esta frase Além disso, os montes eram centros do culto
indica o início de uma nova revelação, após idólatra (ver Dt 12:2; 2Rs 17:10, 11 ; Jr 2:20;
um intervalo de silêncio entre a revelação 3:6, 23; Os 4:13).
anterior e esta. Contudo, a profecia está inti- 3. Aos ribeiros. Os ribeiros e os vales são
mamente relacionada com a explicação dos destacados, possivelmente porque também
símbolos usados no cap. 5. O intervalo não eram o cenário de atos idólatras abomináveis,
pode ter sido longo; o cap. 8 é datado do como o sacrifício de crianças a Moloque no
sexto mês do sexto ano, pouco mais de um vale de Hinom (ver Is 57:5; Jr 7:31).
ano depois do início das visões de Ezequiel. Altos. Do heb. bamoth. Estes eram
A frase "veio a mim a palavra do SENHOR, santuários ao ar livre onde o povo oferecia
dizendo" parece introduzir cada nova reve- sacrifícios a Yahweh (ver com. de 1Rs 3:2).
lação de Deus. Contudo, pelo fato de os cananeus terem
2. Vira o rosto. Esta é uma das frases usado os bamoth como centro de idolatria,
características de Ezequiel (ver Ez 13: 17; a adoração nesses lugares tinha a tendência
20:46 ; 2 1:2, 16; 25:2 ; 28:21; 29:2; 35:2; de degradar a religião de Yahweh. Depois do
38:2). estabelecimento do templo em Jerusalém, a
Para os montes. Uma figura poé- cidade se tornou o centro legítimo de ado-
tica que representa os h abitantes dos mon- ração a Yahweh. À medid a que a idolatria
tes (ver Ez 36:1; Mq 6:2). Em contraste se espalhava, esses altos se tornaram cen-
com as amplas planícies onde estava Eze- tros dos mais degradantes ritos pagãos. Os
quiel, a Judeia era uma terra montanhosa. piedosos reis Ezequias e Josias procuraram

65 0
EZEQUIEL 6 :7

derrubá-los (2Cr 31:1; 34:3, 4), mas sucesso- divina até serem rudemente sacudidos pelo
res idólatras os restauraram. castigo anunciado por esses profetas despre-
4. Vossos altares de incenso. Do heb. zados. O cumprimento da profecia constituiu
chammanim, que provém da raiz chamam, o selo divino que atestava a legitimidade do
"ser quente". Da mesma raiz vem a palavra profeta e de sua obra.
chammah, às vezes, usada poeticamente para Em sua idolatria, os israelitas compara-
se referir ao próprio sol (Ct 6: 10; Is 30:26). ram Yahweh com os deuses dos pagãos e O
A partir disso, alguns deduziram que os consideraram como uma das muitas divin-
chammanim estavam ligados à adoração dades que deviam ser adoradas. A escolha
do sol. Mas isso não pode ser comprovado. dos deuses se baseava em qual, na opinião
Sabe-se hoje que os chammani1n eram alta- deles, lhes traria mais prosperidade (ver
res de incenso (ver com. de 2Cr 14:5). Faziam 2Cr 28:23). Ao combater essa filosofia des-
parte dos aparatos usados no complicado sis- moralizadora, os profetas apresentaram duas
tema de adoração de ídolos que é aqui con- principais linhas de evidência para provar a
denado à completa destruição. O versículo superioridade do verdadeiro Deus sobre os
remete a Levítico 26:30, em que Moisés pro- deuses apenas de nome: primeiro, o poder
nuncia os mesmos juízos contra os judeus criador de Yahweh; e, depois, Sua capacidade
devido a seus maus atos. para predizer o futuro (Is 45; Jr 10). Essa
Ídolos. Do heb. gillulim, proveniente última evidência é aqui apresentada como a
talvez da raiz galal, "rolar", portanto, que eventualmente arrancaria dos lábios dos
um objeto que podia ser rolado, como um israelitas a confissão de que Yahweh é, afi-
tronco. Alguns sugerem uma conexão com nal, o Deus único e verdadeiro. Deus havia
gel, "esterco" (Jó 20:7; Ez 4:12, 15), sendo a esperado que esse reconhecimento ocor-
referência, portanto, a um objeto desprezí- resse enquanto ainda havia remédio. Mesmo
vel. Gillulún ocorre 39 vezes em Ezequiel assim , Deus relutou em permitir que Seus
e somente nove vezes em outras passagens escolhidos colhessem os frutos de sua pró-
do AT. Ironicamente, esses ídolos não mais pria incredulidade obstinada.
seriam adorados pelos vivos, mas corpos A profecia e seu cumprimento são apre-
inertes de adoradores mortos estariam diante sentados em outras passagens como razão
deles (v. 5). para se crer: "Disse-vos agora, antes que
6. Desfeitas. Do heb. machah, "comple- aconteça, para que, quando acontecer, vós
tamente destruídas", "aniquiladas", "extermi- creiais" (Jo 14:29). Esta constitui, talvez, a
nadas". Os israelitas deviam ter exterminado mais poderosa evidência de que as Escrituras
~ ,.. os santuários idól atras dos cananeus e, são de origem divina e de que Deus é o que
assim, removido-os como fonte de tentação. declara ser. A profecia é o argumento contra
Por terem deixado de atender à ordem divina, o qual os céticos ainda não encontraram uma
suas próprias obras seriam aniquiladas. refutação lógica. Hoje há uma abundância de
7. Para que saibais. Em vez de reconhe- evidências proféticas. Os que se recusam a
cerem a Deus e darem ouvidos às revelações reconhecer a validade delas e, dessa forma,
divinas, eles "zombavam dos mensageiros, os reclamos do Deus que as proferiu, serão
desprezavam as palavras de D eus e mofa- finalmente forçados, como o Israel do pas-
vam dos seus profetas, até que subiu a ira sado, a reconh ecer a soberania do Deus vivo
do SENHOR contra o Seu povo, e não houve e verdadeiro.
remédio algum" (2Cr 36:16). Recusaram-se A expressão "para qu e saibais" ou seu
a reconhecer a genuinid ade da mensagem equivalente (do heb. yada) ocorre 88 vezes

651
6:8 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVE NTISTA

em Ezequiel, e é a nota tônica do livro. Por própria representa apenas remorso pelas con-
"n ão saber" Israel foi levado ao cativeiro sequências do erro. Foi esse remorso que a
(Is 1:3; 5: 13; O s 4:6). O cativeiro foi um pro- maioria dos israelitas alimentou. Contudo, -.i?
cesso educativo. Por meio d a dura adversi- alguns na verd ade experimenta ram a t risteza
dade, o p ovo de D eus devia aprender o que segundo Deus. Como Jó, exclam aram : "Por
n ão aprende u em te mpos de p rosperid ade isso, me abomino e m e arrependo no pó e na
(ver p. 18, OTN, p. 28). cinza" (Jó 42:6). A verdadeira tri steza se pro-
8. Um resto. Um lampejo de espera nça duz da seguinte form a : Deus de tém uma pes-
em meio à profecia de castigo, como freq uen- soa que seguia em sua conduta obstinada e
tem ente ocorre n as m en sagens profé ticas. lhe ordena que se examine di ante do espelho
Alguns seriam comovidos pelas duras con - da perfeita lei divin a. À luz dessa lei, que é a
dições e reconheceria m ter procedido ímpia- glória do im aculado Jesus, a alma descobre
mente, e, e m certa medida, se voltariam para que está corroída pelo pecado. A exa ltação
seu De us. Através desse rem anescente, Deus própria se desvanece, e tem início a abomina-
procurari a cum prir as pro messas. ção própria. Quando, nessa condição, o peca-
A ideia de um rem a nescente se b aseia dor se lança impotente sobre Jesus e confia
no fa to de q ue a salvação é ass unto indi- intei ra me nte em Seus méritos divinos, seu
vidual, isto é, de escolha pessoal. D e uma arrependimento é aceito.
igreja , D eu s pode salva r apenas aqueles cuja 11. Bate as palmas, bate com o pé.
exp eriência es tá à altura do padrão estabe- Deu s orden a a Ezequiel qu e, através de dois
lecido. Assim , do grande corpo de cri stãos gestos exteriores, exprim a um misto de emo -
dos últimos dias, som e nte os q ue p erte n- ções: assombro, espanto, indignação, despra-
ce m ao rem a nescente é qu e "gua rda m os zer, dor, tristeza e piedade, primeira mente
ma ndame ntos de De us e têm o testemunh o pelo pecado qu e conte mplou e, depois, pelos
de Jesus" (Ap 12:17). N ão é desejo de De us m ale s qu e es tá predizendo (ver Ez 22: 13;
que apenas alguns se salvem. Ele não quer cf. N m 24:10; Jó 27:23).
que ningué m p ereça (2 Pe 3:9). M as, por seu 12. O que estiver longe. Não haveria
livre -arbítrio, o ser humano precisa escolher escape desses juízos. Todos, onde que r que
a salvação e, p or meio do auxílio divino ofe- estivessem , seriam alcançados.
recido, estar à altura do padrão . 13. Todo outeiro alto. E sta é um a
9. Pois Me quebrantei. Algumas ver- caracterização m ais comple ta das loca lida-
sões dizem : "E u quebra ntei", isto é, De us des em qu e o povo havia erigido santu ár ios
quebra ntou o coração deles para levá-los ao idólatras (ver v. 6). O top o das colin as e ra
arrep endimento. o lugar favo rito p a ra o e rguimento desses
Olhos. M e ncionados aq ui , p rovavel- santu ár ios .
m ente, como o meio p elo q ual o coração 14. Dibla (NVI). Este local n ão pode ser
deles foi seduzido para o mal. identificado com certeza. O nome não apa-
Que se prostituíram. A apostasia é des- rece em nen huma outra passagem da Bíbli a .
crita mediante a figura da infidelidade matri- Almom -Diblataim, um a fo rma dual, é men-
mo nial (ver Jr 3:20). cionad a em N úmeros 33 :46 e 47, e Be te-
Terão nojo de si mesmos. A abomi- Oiblataim , em Jerem ias 48 :22. Essas duas
n ação próp ria é um dos sina is d a tristeza cidades, que ta lvez seja m a mesm a, ficava m
segundo De us que, tendo permissão para agir e m Moabe e, provavelmente, p ossam se r
de maneira completa, leva ao ar rependimento identi ficadas com a moderna Khirbet Deleilât
(2Co 7:10). Se assim não fo r, a abominação esh-Sherqfyeh, que fi ca no pla n alto orie nta l

6 52
EZEQUIEL 7: l

que faz fronteira com o grande deserto que A cidade foi usada por reis egípcios e babi-
se estende em direção ao leste. Outra possi- lônios como base para operações militares na
bilidade é que o "r" hebraico tenha sido con- Síria (2 Rs 23:33; 25:5, 6). A expressão "desde
fundido com o "d", já que as duas letras são o deserto até Ribla" seria análoga a "desde Dã
muito semelhantes, e que, em vez de "Dibla", até Berseba". Assim, toda a região desde o
a palavra devia ser "Ribla" (ARA). Ribla fic a deserto, ao sul , até Ribla, ao norte, se torna-
cerca de 80 km a sudoeste de Hamate. ria um deserto.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

ll- PE, 34, 56; Tl , 363

CAPÍTULO 7
1 A desolação final de Israel. 16 O doloroso lamento dos que escapam. 20 Os inimigos
profanam o santuário por causa das abominações dos israelitas. 23 O miserável
cativeiro deles é mostrado com o símbolo de uma corrente.

1 Veio ainda a palavra do SENHOR a mim , castiga rei , e as tuas abominações estarão no meio <1 ~
dizendo: de ti . Sabereis que Eu , o SE 'HOR, é que firo.
2 Ó tu , filh o do homem, assim di z o SENHOR 10 Eis o dia , eis que ve m; brotou a tua se n-
Deus acerca da terra de Israel: Haverá fim! O fim tença, já floresceu a vara, reverdeceu a soberba .
vem sobre os quatro cantos da terra. li Levantou-se a violência para servir de vara
3 Agora, vem o fim sobre ti ; enviarei sobre ti a perversa; nada restará deles, nem da sua riqueza,
Minha ira, e te julgarei segundo os teus caminhos, nem dos seus rumores, nem da sua glória.
e farei cair sobre ti todas as tuas abomi nações . 12 Vem o tempo, é chegado o dia ; o que com-
4 Os Meus olhos não te pouparão, nem terei pra não se alegre, e o que vende não se entristeça;
piedade, mas porei sobre ti os teus caminhos, porque a ira arden te está sobre toda a multidão
e as tuas abominações estarão no meio de ti. deles.
Sabereis que Eu sou o SENHOR. 13 Porque o que vende não tornará a possuir
5 Assim diz o SEN HOR Deus: Mal após mal, aq uilo que vendeu , por m ais que viva; porque
eis que vêm. a profecia contra a multidão não voltará atrás;
6 Haverá fim , vem o fim, despertou-se con- ninguém fortalece a sua vida com a sua própria
tra ti; iniquidade.
7 vem a tua sente nça, ó habitante da terra. 14 Tocaram a trombeta e prepararam tudo,
Vem o tempo; é chegado o dia da turbação, e não mas não há quem vá à peleja, porque toda a Min ha
da a legria, sobre os montes. ira a rdente está sobre toda a multidão deles.
8 Agora, em breve, derramarei o Meu furor 15 Fora está a espada ; dentro, a peste e a
sobre ti, cumprirei a Mi nha ira contra ti, julgar- fome; o que está no campo morre à espada, e o
te-ei segundo os teus caminhos e porei sobre ti que está na cidade, a fome e a peste o consomem.
todas as tuas abominações. 16 Se alguns deles, fu gindo, escapa rem , esta-
9 Os Meus olhos não te pouparão, nem tere i rão pelos montes, como pombas dos vales , todos
piedade; segundo os teus caminhos, assim te gemendo, cada um por causa da sua iniquidade.

653
7: l COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

17 Todas as mãos se tornarão débeis, e todos Meu recesso; nele, entrarão profanadores e o
os joelhos, em ág ua. saquearão.
18 Cingir-se-ão de pano de saco, e o horror os 23 Faze cadeia, porque a terra está cheia de
cobrirá; em todo rosto haverá vergonha, e calva, crimes de sangue, e a cidade, cheia de violênc ia.
em toda a ca beça. 24 Farei vir os piores de entre as nações , qu e
19 A sua prata lançarão pelas ru as, e o seu possuirão as suas casas; farei cessar a arrogân-
ouro lhes será como sujeira; nem a sua prata, nem cia dos valentes, e os seus lugares santos serão
o seu ouro os poderá livrar no di a da indignação profanados.
do SEN H OR; eles não saciarão a sua fom e, nem 25 Vem a destruição; eles buscarão paz , mas
lhes encherão o estômago, porque isto lhes foi o não há nenhuma.
tropeço para cair em iniquidade. 26 Virá mi séria sobre mi séria, e se levantará
20 De tais prec iosas joias fi zeram seu objeto rumor sobre rumor; buscarão visões de profetas;
de soberba e fabrica ram suas abomináveis ima- mas do sacerdote perecerá a lei, e dos anciãos,
gens e seus ídolos detestáveis; o conselho.
21 portanto, Eu fi z que isso lhes fos se por 27 O rei se lamentará, e o príncipe se vesti-
sujeira e o entregarei nas mãos dos estrangeiros , rá de horror, e as mãos do povo da terra treme-
por presa, e aos perversos da terra , por despojo; rão de medo ; segundo o seu ca minho, lhes farei
eles o profanarão. e, com os seus próprios juízos, os julgarei; e sa-
22 Desviarei deles o rosto, e profanarão o berão que Eu sou o SENHOR .

I. A palavra do SENHOR. A repe tiç ão hum ano não é responsável por seus a tos.
desta frase (ver com. de Ez 6 :1) sugere que Alegam que ele é vítima de desordens gla n-
houve outro período de silêncio, que, nesta dulares ou de um sistema nervoso inst áve l , ~ ~
seção, é seguido por nova comunic ação pro- ou ainda de ambiente inadequado. A reli gião
fética . Este capítulo trata da iminência e da bíblica afirm a e demonstra que o poder do
magnitude dos juízos anteriormente preditos. evangelho é maior do que todas as tendênci as
O capítulo é mais poético do que as m en- para o m al, sejam he rd adas ou c ultivadas .
sagens precedentes e pode ser conside rado 4. Nem terei piedade. Isto é, De us não
como um cântico de lamentação. deixará, por Sua piedade, que é um atrib uto
2. Fim. A rep etição desta expressão é sem integrante de Seu ca ráter, de cumprir os
dúvida para ênfase (ver v. 6; cf. Ez 12: 2 1-28). juízos. Aq ui , a pa lav ra traduzida como "pie-
Esta é a nota tônica de Ezequiel 7. dade" não se refere à emoção da piedade, mas
Quatro cantos. Literalmente, "quatro àquilo que alguém faz quando tem pi edade .
alas". A expressão hebraica equivale à expres- Outro exemplo interessante dessa mudança
são: "os quatro pontos card eais", ou "norte, de significado é a pal av ra hebraica paqad,
sul, les te e oeste" (ver Is 11:1 2; Ap 7:1). É pre- que basicame nte significa "visitar". E la
dito o fim de Israel como nação. também ass ume o significado daq uilo que
3. E te julgarei. Os v. 3 e 4 são repe- alguém fa z como resultado da visita, e assi m
tidos de m ane ira quase idêntica nos v. 8 e é frequenteme nte tradu zid a como "punir" ou
9. Es tas passagens representa m um tipo de "castigar" (Is 13:11; Jr 2 1:14).
es tribilho no cântico de lamentação, que dá 5. Mal após mal. Ou, "um só mal "
m ais força às acusações. (ARC), talvez no sentido de "um mal sin-
Segundo os teus caminhos. Ver Ap gular" ou "um mal definitivo", um m al
22:12. C ertos psicólogos afirmam que o ser completo em si, que não exige repetição.

654
EZEQUIEL 7:12

Muitos manuscritos hebraicos e também os a desferir fortes golpes. A tradução "violên-


Targuns (paráfrases aramaicas das Escrituras cia" (NTLH) parece ser uma tentativa de da r
hebraicas), pela mudança de uma letra, tra- um significado metafórico para "vara", con-
duzem a passagem como "mal após mal" (tra- seguindo assim um paralelo melhor com o
dução seguida pela ARA). A palavra "mal " substantivo abstrato "soberba". A "soberba"
(do heb. ra'ah) significa não apenas mal no também poderia ser aplicada aos caldeus ou,
sentido moral, mas também "calamidade" ou então, a Israel, que no caso teria causado sua
"desastre". É este último significado que se própria punição por causa de sua altivez.
aplica ao versículo em questão. Calamidades li. Levantou-se a violência. A cons-
após calamidades sobreviriam aJudá. trução literária indica que o escritor estava
6. Despertou-se. Do heb. quts. A pala- impressionado, pois falou por meio de decla-
vra também ocorre em Salmo 3:5; 73:20; rações curtas e incisivas, e omitiu alguns ver-
Daniell2:2; etc. Há um jogo de palavras no bos, um estilo que torna o sentido um pouco
hebraico que não pode ser reproduzido na tra- obscuro. Traduzida de maneira literal, a pas-
dução. A palavra para "fim" (qets) tem quase o sagem diz: "A violência se levantou numa vara
mesmo som que o verbo "despertou-se" (quts). de impiedade, não deles, não de sua multi-
O castigo predito estava se despertando para dão, e não de [? - o significado ela palavra
cumprir sua tarefa de destruição. hebraica é incerta]; e não lamentação [LXX,
7. Sentença. Do heb. tsefirah, cujo signi- 'ornamento', 'beleza'] neles." "Lamentação" é
ficado é incerto. O termo ocorre somente a interpretação judaica do heb. noah. Talvez
aqui, no v. lO e em Isaías 28:5, em que é tra- se alguém estivesse presente e ouvisse a
duzido como "coroa". A raiz da qual esta pala- cadência da voz de Ezequiel, e visse seus
vra talvez seja derivad·a significa "trançar", gestos e sua expressão facial, o significado
"entrelaçar". A tradução "sentença" (ARA) seria claro. Se "lamentação" for a interpre-
e "manhã" (ACF) são conjecturais e tentam tação correta, o sentido seria qu e os ritos
aplicar um significado metafórico ao termo. usuais ele sepultamento não seriam realiza-
Alegria. Do heb. hed, uma palavra dos. Se o significado for "beleza", então a
que, no AT, ocorre apenas nesta passagem. passagem enfatiza que toda atrativiclacle ou
Provavelmente, em vez de hed, a palavra distinção seria aniquilada.
que devia estar escrita aqui seria hedad, um 12. O que compra não se alegre. Um
grito de alegria dos que prensavam uvas (ver aspecto importante da atividade israelita
Jr 25:30; 51:14). No lugar desse grito alegre estava na compra e venda de terras. Segundo
estaria o barulho discordante e aterrador da a lei (Lv 25:14-16), a posse em caso algum se
batalha e da guerra. estendia para além elo ano elo jubileu, ocasião
8. Julgar-te-ei. Os v. 8 e 9 repetem, em em que todas as terras voltavam para quem
grande parte, os v. 3 e 4, sendo que a última as possuía por direito ele herança. A venda
frase é mais enfática: "Sabereis que Eu, o ele imóveis a preços baixos naturalmente tra-
SENHOR, é que firo." ria alegria ao comprador. Por outro lado, as
10. Floresceu a vara. Intérpretes judeus pessoas geralmente dispõem de suas pro-
geralmente entendiam que a vara é uma refe- priedades com tristeza, por terem de trans- ,. ~
rência ao conquistador caldeu, como a vara ferir seus direitos a outros. Uma vez que o
da ira do Senhor. Do mesmo modo que um cerco estava próximo, Ezequiel declara que
rebento, seu poder estava crescendo, dando o comprador não terá motivos para se ale-
sinais de grande vitalidade, tomando rapida- grar, porque não desfrutará o que comprou;
mente a forma que capacitaria o conquistador e o vendedor não terá motivos para lamentar

655
7:13 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

a perda de suas posses pela venda porque, de e miséria. O horror resultava da terrível
qualquer forma, o cativeiro iminente o pri- apreensão diante dos males crescentes, e a
varia de sua propriedade. vergonha era decorrente dos desapontamen-
13. Não voltará atrás. O vendedor, sem tos, da culpa consciente e da desilusão.
dúvida, estava numa idade em que dificil- Calva. A calvície era, muitas vezes,
mente poderia esperar viver até o término dos autoinfligida como sinal de grande tristeza
70 anos de cativeiro, e o ano do jubileu não (ver ls 15:2; Jr 7:29; 48:37; Am 8:10).
lhe seria de nenhum proveito estando cativo. 19. Sua prata. Provavelmente, uma
14. Não há quem vá. Uma figura que referência ao ato de jogar fora coisas valio-
ilustra a falta de ânimo, talvez devido a uma sas durante uma fuga , ou uma referência aos
consciência de culpa que finalmente levou os ídolos, que se demonstrariam inúteis no dia
judeus a perceberem que não podiam espe- da calamidade.
rar receber a ajuda de Deus. Será como sujeira. Isto é, seria consi-
16. Como pombas. Uns poucos esca- derado algo impuro. A palavra hebraica usada
pariam e encontrariam refúgio nas monta- aqui é a mesma usada em Levítico 15:19 a 33.
nhas, mas a condição deles seria de extrema 20. De tais preciosas joias fizeram.
dificuldade. O texto massorético usa a terceira pessoa
Gemendo. Do heb. hmnah, palavra do singular nesta frase (como ARC), mas a
usada para o bramido de ursos (Is 59:11), o Siríaca e a versão de Símaco da LXX usam
latido de cães (SI 59:6, 14) e o tumulto de a terceira pessoa do plural (como ARA e
nações (SI 46:6). Quando o pecado produz outras). As pessoas haviam usado as rique-
seus amargos resultados, muitas vezes, há zas, a prata e o ouro para fazer ídolos detes-
dolorosos pesares. Infelizmente, esses pesa- táveis, que Deus abominava.
res são pelas duras consequências do mal, Soberba. Ou, "orgulho". Do heb. ga'on,
em vez de pelo fato de o pecado desonrar palavra usada também em outras passa-
a Deus . Os seres humanos anseiam o livra- gens (Lv 26:19; Jó 35:12; SI 59:12; etc.).
mento das consequências, e não necessaria- Obviamente uma referência ao santuário,
mente a libertação da culpa e do poder do sagradamente guardado de toda intrusão,
pecado; porém este deve preceder o anterior. e que constituía o centro da vida religiosa e
Na segunda parte do versículo, a LXX nacional de Israel.
diz: "Farei com que todos morram , cada um 23. Cadeia. Do heb. rattoq, cujo signi-
em suas iniquidades." A versão Siríaca diz: ficado é incerto. Em toda a Bíblia , rattoq
"todos eles morrerão", como se o manuscrito ocorre apenas nesta passagem; embora uma
hebraico do qual a tradução foi feita trou- forma feminina, rethuqoth, seja traduzida
xesse muth em vez de hamah. como "cadeias", em Isaías 40:19. A LXX con-
17. Em água. Uma figura que expressa tinua a ideia do versículo anterior e traduz
a debilidade e o desamparo geral dos fugi- a frase inicial des te versículo da seguinte
tivos. As mãos que deveriam ter sido fortes forma: "e causarão desordem". Se a tradu-
para empunhar armas de guerra e construir ção correta aqui é realmente "cadeia", o pro-
fortificações não se moviam. Os joelhos, que feta estaria predizendo acontecimentos por
deveriam ter sido fortes para ficar em pé na meio de encenação. Assim como foi orde-
batalha ou correr da espada desembainhada , nado a Jeremias que fizesse correias e canzis
recusavam-se a reagir. (Jr 27:2), talvez tenha sido dito a Ezequiel
18. De pano de saco. No Oriente este que encenasse o cativeiro iminente,
é um sinal comum de tristeza, humilhação quando tanto o rei como o povo seriam

656
EZEQUIEL 7:27

levados em cadeias para Babilônia (2Rs 25:7; causadas pelo medo. A referência é, sem
Jr 40: 1). dúvida, ao horror e à aflição que acompa-
24. Os piores de entre as nações. Isto nham grandes juízos, assim como Cristo des-
é, os caldeus. creveu vividamente: "Haverá homens que
Seus lugares santos. O pronome "seus" desmaiarão de terror" (Lc 21:26).
indica que Deus não mais considera os israe- 26. Rumor. Isto pode ser comparado
litas como pertencentes a Ele. O plural pode com a expressão "guerras e rumores de
denotar o templo com referência a seus luga- guerras" (Mt 24:6; cf. Lc 21:9). A circula-
res santos. Repetidas vezes, esta forma plu- ção de rumores incertos em época de inva-
ral ocorre em Hebreus para o santuário, e ela são e de guerra intensifica a aflição. Por
nem sempre é traduzida de maneira consis- isso é dito que, em período de angústia, em
tente naquele livro, mas, em todos os casos, vão se buscam as principais fontes de ins-
refere-se ao santuário celestial, que consiste trução: profetas, sacerdotes e anciãos (ver
de dois compartimentos. Alguns acham que 1Sm 28:6; Jr 5:31; 6:13; 23:21-40; 28:1-9;
a referência aqui não seja ao templo, mas a Lm 2:9; Am 8:11; Mq 3:6).
santuários particulares erigidos na cobertura 27. O rei se lamentará. O rei, o prín-
§ ~>- das casas e em jardins. cipe (às vezes, sinônimo de "rei", como em
25. Destruição. Do heb. qefadah, pala- Ez 12:12; 19:1; aqui , talvez, o herdeiro do
vra que ocorre apenas aqui. Vem de uma trono) e o povo comum- todas as classes da
raiz verbal que significa "rolar juntos". população- sofrem da mesma forma.
Assim, qefadah pode se referir às contorções Saberão. Ver com. de Ez 6:7.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

19 - T3, 549

CAPÍTULO 8
1 Ezequiel recebe uma visão em Jerusalém. 5 Ele vê a imagem dos ciúmes, 7 as câmaras
com ídolos pintados, 13 as mulheres chorando a Tamuz e 15 os adoradores
voltados para o Sol. 18 A ira de Deus por causa da idolatria deles.

l No sexto ano, no sexto mês, aos cinco dias me levantou entre a terra e o céu e me levou a
do mês, estando eu sentado em minha casa , e Jerusalém em visões ele Deus, até à entrada da
os anciãos de Judá, assentados diante de mim, porta elo pátio de dentro, que olha para o norte,
sucedeu que ali a mão do SENHOR Deus caiu onde estava colocada a imagem elos ciúmes, que
sobre mim. provoca o ciúme ele Deus.
2 Olhei, e eis uma figura como de fogo; desde 4 Eis que a glória do Deus ele Israel estava
os seus lombos e daí para baixo, era fogo e, elos ali, como a glória que eu vira no vale.
seus lombos para cima, como o resplendor de 5 Ele me disse: Filho do homem, levanta
metal brilhante. agora os olhos para o norte. Levantei os olhos
3 Estendeu ela dali uma semelhança de mão para lá, e eis que do lado norte, à porta elo altar,
e me tomou pelos cachos ela cabeça; o Espírito estava esta imagem dos ciúmes, à entrada.

657
8:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

6 Disse-me ainda: Fi lho do homem, vês o 13 Disse-me ainda: Tornarás a ver maiores _.2
que eles estão fazendo? As grandes abomina- abominações que eles estão fa zendo.
ções que a casa de Israel faz aqui, para que Me 14 Levou-me à entrada da porta da Casa
afaste do Meu santuário? Pois verás ainda maio- do SENHOR, que está no lado norte, e eis qu e
res abomi nações. estavam ali mulheres assentadas chorando a
7 Ele me levou à porta do átrio; olhei, e eis Tamuz.
que havia um buraco na parede. Então, me d isse: 15 Disse-me: Vês isto, filho do homem? Verás
Filho do homem , cava naquela parede. ainda abominações maiores do q ue estas.
8 Cavei na parede, e eis que havia uma porta. 16 Levou-me para o átrio de dentro da Casa
9 Disse-me: Entra e vê as terríveis abomina- do SENHOR, e eis que estavam à entrada do tem-
ções que eles fazem aqui . plo do SENHOR, entre o pórtico e o altar, cerca
10 Entrei e vi; eis toda form a de répteis e de de vinte e ci nco homens, de costas para o tem-
animais abomináveis e de todos os ídolos da casa plo do SENHOR e com o rosto para o oriente; ado-
de Israel, pintados na parede em todo o redor. ravam o sol, virados para o oriente.
11 Setenta homens dos anciãos ela casa de 17 Então, me disse: Vês, filho do homem?
Israel, com Jazanias , filho de Safã, que se acha- Acaso, é coisa de pouca monta para a casa de
va no meio deles, estavam em pé diante elas pin- Judá o fazerem eles as abom in ações qu e fazem
turas, tendo cada um na mão o seu incensário; e aqui, para que ainda encham de violência a terra
subia o aroma da nuvem de incenso. e tornem a irritar-Me? E i-los a chegar o ramo ao
12 Então, me disse: Viste, filho do homem , o seu nari z.
que os anciãos da casa de Israel fa zem nas trevas, 18 Pelo que também Eu os tratarei com furor ;
cada um nas suas câmaras pintadas de imagens? os Meus olhos não pouparão, nem terei piedade.
Pois dizem: O SENHOR não nos vê, o SENHOR Ainda que Me gritem aos ouvidos em alta voz,
aba ndonou a terra. nem assim os ouvirei.

1. Sexto ano. Isto é, do cativeiro de de Ez 4:5). Por outro lado, a fim de ajustar
Joaquim (ver com. de Ez 1:2), 592/591 a.C. seu ano lun ar com o solar, os judeus acres-
(ver p. 624). Uma nova série de profecias centavam um mês extra a cada dois ou três
começa aqui e se estende até o final do a nos . Se o qu into a no, que estamos conside-
cap. 19. A data mostra que a série começa rando, foi um ano em que h ou ve intercala-
pouco m ais de um ano após o chamado de ção (como provavelmente foi, de acordo com
Ezequiel para o ofício profético (ver Ez 1:2) . o ciclo de 19 anos), o mês extra aumentaria
Desde sua primeira visão, o tempo de Ezequiel o total para 442 dias.
havia sido dividido em sete dias (3:15), Sexto mês. Setembro de 592 ou 591 a.C.
390 dias (4:5) e 40 dias (4 :6), 437 dias ao (ver p. 624).
todo, a menos que tenha havido sobreposi- Anciãos. Talvez representassem certo
ção. Te m-se afirmado que esse período não grau de organização civil preservada durante
pode ser enca ixado entre as datas das duas o cativeiro e n ão proibida pelos b abilônios.
visões, já que o intervalo entre elas foi de 14 É possível que eles, juntamente com os sacer-
meses lunares , ou de 413 dias. Há uma con- dotes exilados, se consultassem mutuamente
siderável diferença de opinião quanto à apli- com frequência a respeito de ass untos públi-
cação desses períodos e, a lém disso, não era cos. O fato d e os anciãos consultarem ao
n ecessário que eles tivessem terminado para Senhor sobre a situação em que se encon-
só e ntão haver uma nova revelação (ver com. travam (ver Ez 14:1; 33 :31) deixa claro que

658
EZEQUIEL 8:7

Ezequiel já era um respeitado profeta entre Talvez houvesse ídolos pagãos no templo
os cativos. nessa época. Desde os dias de Salomão,
2. Figura como de fogo. Ezequiel não que erigiu locais de culto para os vários
descreve o ser como alguém que possuía ídolos de suas esposas "sobre o monte fron-
forma humana, mas a menção de lombos e teiro a Jerusalém" (lRs 11:7), se evidenciou
de "uma semelhança de mão" (v. 3) implica uma crescente propensão para a idolatria.
que esse era o caso. A LXX diz "homem", Possivelmente, por pressão do rei assírio,
em vez de "fogo". Foi apresentada a Ezequiel Acaz colocou um altar idólatra dentro do
outra teofania (ver com. de Ez l:l). A visão próprio templo, mudando o altar de bronze
ocorreu enquanto os anciãos estavam assen- para o norte, a fim de abrir espaço para o
tados diante do profeta. Eles evidentemente mesmo (ver com. de 2Rs 16:10-16). Mais
nada viram, mas o estado de Ezequiel em tarde, Manassés "edificou altares na Casa do
visão, sem dúvida , os preparou para ouvir, SENHOR" (2Rs 21:4). Com exceção de Josias,
ao término da visão, "todas as coisas que os subsequentes reis de Judá foram ímpios.
o SENHOR [... ] havia mostrado" ao profeta É totalmente possível que tenham usado a
(Ez 11:25). área do templo para o culto idólatra.
3. O Espírito me levantou. Não se 4. A glória. A presença da glória de Deus
deve supor que Ezequiel foi literalmente mostra que Ele estava ciente da idolatria do
transportado em corpo. Os deslocamentos povo e examinaria os segredos de seu culto.
ocorreram, sem dúvida, em visão (ver com. 5. Para o norte. Isto indica que, em
de Dn 8:2). Mas, como Paulo, Ezequiel não visão, Ezequiel estava dentro do pátio dos
era capaz de dizer se estava no corpo ou fora sacerdotes; se assim não fosse , ele não pode-
dele (ver com. de 2Co 12:3). ria ter olhado para o norte e visto o ídolo no
Da porta do pátio de dentro. Esta portão localizado nessa direção. A imagem
era uma das portas que levava do pátio do já havia sido mencionada (v. 3), mas a aten-
povo para o pátio dos sacerdotes. O relato ção do profeta é dirigida para ela de maneira
da construção do templo de Salomão não mais específica. Não era suficiente que ele
menciona portas que levassem de um desses a visse apenas de passagem.
pátios para o outro, mas há evidências de que 6. Para que Me afaste. No hebraico,
havia essas portas no templo de Herodes, em o verbo está na forma infinitiva sem sujeito
época posterior. Era um dos locais que mais expresso. Pode-se considerar que o povo é que
atraíam a atenção no templo, e onde as pes- deveria ser afastado ou que o Senhor é quem
soas se reuniam em grande número. abandonaria o santuário. A última opção
Imagem. Do heb. semel. A palavra parece ser a mais provável. O povo esperava
ocorre em mais quatro versículos (Dt 4:16; que Deus protegesse o templo e a cidade.
§• 2Cr 33:7, 15; Ez 8:5), nos quais é traduzido O profeta devia informá-los de que, por causa
como "ídolo". Há várias conjecturas quanto de sua iniquidade, tanto a cidade quanto o
a quem esta imagem representava: Baal, templo seriam entregues à destruição.
Moloque ou Astarote. No entanto, talvez a Maiores abominações. Este é um
expressão "imagem dos ciúmes" não repre- refrão contínuo neste capítulo (v. 13, 15).
sente o nome de qualquer divindade pagã em O profeta é conduzido como que através dos
particular, mas apenas descreva uma imagem sucessivos estágios de uma trama de idolatria.
que provocasse os ciúmes do Sen hor. A colo- 7. Porta do átrio. Anteriormente,
cação de um deus rival no local dedicado Ezequiel estivera dentro do átrio interno (ver
à adoração de Yahweh produziria tal efeito. com. do v. 5). Desta vez, é levado à porta

659
8:8 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

em si, que, aparentemente, estava rodeada como uma divindade local que haviam
de câmaras (ver Jr 35:4; Ez 40:44). renunciado. Ezequiel coloca a filosofia do
8. Cavei. Isto foi feito em visão. O obje- grupo na forma de um ditado popular, o ~ §
tivo desta parte da visão era, sem dúvida, que constitui um traço característico de seu
enfatizar o sigilo envolvido nas atividades estilo (ver Ez 9:9; 11:3, 15; 12:22, 27; 18:2,
que o profeta veria. 25, 29; 33:10, 24, 30; 35 :12; 37:11).
10. Pintados. Ou, esculpidos em relevo. 14. Tamuz. Um deus adorado pelos babi-
Alguns comentaristas identificam esses ritos lônios sob o nome de Du'üzu e designado de
idólatras como se fossem de origem egípcia; várias formas: como irmão, filho, marido ou
outros, como se fossem de origem babilô- amante da deusa Ishtar. Tamuz era o deus da
nica. A palavra traduzida como "pintados" vegetação e dos pastos e patrono dos reba-
ocorre novamente em Ezequiel 23:14, refe- nhos. De acordo com a tradição antiga, ele
rindo-se especificamente às imagens babilô- morria anualmente e descia ao mundo subter-
nicas. É provável que as figuras não tivessem râneo. Seu falecimento era marcado pela seca
uma origem única, mas que representassem das colheitas, dos pastos e dos veios d 'água
ritos de origens diversas. durante o calor do verão. Sua morte era come-
11. Setenta. Possivelmente, um número morada por festividades públicas de lamen-
arredondado. O grupo não deve ser confun- tação e pelo entoar de cantos fúnebres no
dido com o Sinédrio, que só passou a existir quarto mês do ano semítico (duzu ou tamuz ,
após o cativeiro. O grupo foi visto em visão, que começava em junho ou julho; ver vol. 2,
não em realidade; é, portanto, irrelevante p. 100). Cria-se também que, anualmente,
discutir se os pátios do templo tinham ou Ishtar descia ao mundo subterrâneo para des-
não uma câmara grande o suficiente para pertar o deus morto, e que o despertamento
acomodar tantas pessoas. e a volta de Tamuz faziam com que a vegeta-
Jazanias. Alguns o identificam com ção florescesse novamente. Os gregos preser-
"Jazanias, filho de Azur", um dos príncipes varam uma história semelhante em seu mito
iníquos mencionados em Ezequiel 11:1. Isto de Demétrio e Perséfone.
não pode ser estabelecido com certeza, e Tamuz foi adorado em Babilônia, na
também não é possível saber se o Safã aqui Assíria, Fenícia e Palestina. Na Fenícia, seu
mencionado foi o escriba que trabalhou para culto tomou a forma da adoração a Adônis
o rei Josias (2Rs 22:8, 9). Caso tenha sido, (da palavra semítica 'adhon, "senhor"), uma
a referência a ele aqui, como o ancestral de divindade fenícia local. O nome Adônis foi
Jazanias, talvez tenha o propósito de mostrar transmitido aos gregos, cujo mito de Vênus
o contraste entre o caráter dos dois homens e Adônis foi propagado por meio dos roma-
e revelar o declínio moral dos líderes . nos. Embora a tradição primitiva tenha iden-
Seu incensário. Para culminar, os 70 tificado Tamuz com Adônis, na verdade, o
anciãos estavam todos agindo como sacer- culto a Adônis era apenas uma das formas
dotes e oferecendo a seus ídolos pintados o da difundida adoração a Tamuz. Não se sabe
incenso que ninguém tinha o direito de usar, quando o culto foi pela primeira vez adotado
a não ser os filhos de A rã o (2Cr 26: 16-18), e pelos judeus.
que devia ser oferecido unicamente ao Deus O fato de o festival de Tamu z ocorrer
verdadeiro. no quarto mês e não no "sexto mês", que
12. O SENHOR não nos vê. Eles não foi quando ocorreu a visão de Ezequiel,
negavam a existência de Deus nem Sua pro- não apresenta nenhum problema. O pro-
vidência, mas pareciam pensar em Yahweh feta o contemplou em visão e, sem dúvida,

660
EZEQUIEL 8: 18

lhe foram mostradas representações de ini- Tornem. Isto é, o povo voltava vez após
quidades praticadas em diferentes épocas do vez a seus atos iníquos .
ano em Jerusalém. Chegar o ramo. Nos chamados "jardins
16. Vinte e cinco. A LXX diz "vinte". de Adônis", flores sem raízes eram coloca-
O significado do número não está claro. Alguns das num recipiente cheio de terra e levan-
conjecturam que se referisse ao sumo sacer- tadas até a altura do rosto. O costume é
dote juntamente com os chefes dos 24 turnos retratado num mural de Pompeia. A antiga
(ver com. de !Cr 24:1), representando assim tradição judaica afirma que o versículo devia
todo o corpo de sacerdotes. Eles estavam em dizer "meu nariz" (isto é, o nariz do Senhor)
pé entre o templo e o altar, numa parte muito e parafraseia a passagem da seguinte forma :
sagrada do pátio. Ali, de costas viradas para o "Eles Me fizeram uma afronta, voltando-Me
templo do Senhor, adoravam o Sol. A adoração as costas no lugar dedicado à Minha adora-
ao Sol, Shamash, era praticada desde muito ção." A LXX apoia, em parte, esse significado
cedo pelos cananeus e foi introduzida na ado- e traduz assim o texto: "Eles são como aque-
ração dos reis e do povo de Judá (2Rs 23:5, les que zombam."
11 ; cf. Dt 4:19; 17:3; Jó 31:26). O fato de esta- 18. Nem assim os ouvirei. Agora é
rem no pátio interior tem levado alguns a acre- tarde demais para evitar a catástrofe nacio-
ditar que, provavelmente, fossem sacerdotes, nal. Contudo, não há impedimento à salva-
mas outras pessoas, além dos sacerdotes, às ção individual. Os poucos que "suspiram e
vezes entravam ali (2Rs 11:4-15). Se eles eram gemem por causa de todas as abominações"
os guardiões especiais da verdadeira religião, (Ez 9:4) cometidas na terra serão livrados.
seu pecado constituía um flagrante insulto O resto, por sua conduta obstinada, esco-
a Deus. Assim, foi assinalado como a maior lheu a destruição.
das abominações (ver 2Cr 36:14). Por causa da obstinada recusa em ouvir a
17. Violência. Do heb. chamas. A mesma voz do Senhor chamando-os a endireitar seus
palavra é usada para descrever a impiedade caminhos, os seres humanos acabam se tor-
antediluviana (Gn 6: 11). A LXX diz "iniqui- nando surdos a essa voz. Quando esse tempo
dade" ou "transgressão da lei". chegar, Deus não mais os ouvirá.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1, 10-13- PR, 448 14-18- PR, 449

CAPÍTULO 9
1 Visão mostra a preservação de um remanescente e 5 a destruição
dos demais. 8 Não adianta suplicar em favor deles.

l Então, ouvi que gritava em alta voz, dizendo: um com a sua arma esmagadora na mão, e entre
Chegai-vos, vós executores da cidade, cada um eles, certo homem vestido de linho, com um es-
com a sua arma destruidora na mão. tojo de escrevedor à cintura; entraram e se pu-
2 Eis que vinham seis homens a caminho seram junto ao altar de bronze.
da porta superior, que olha para o norte, cada 3 A glória do Deus de Israel se levantou do

66 1
9:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

querubim sobre o qual estava, indo até à entrada a casa, enchei de mortos os átrios e saí. Saíram e
da casa; e o SENHOR clamou ao homem vesti- mataram na cidade.
do de linho , que tinha o estojo de escrevedor 8 Havendo-os eles matado, e ficando eu de
à cintura, resto, caí com o rosto em terra, clamei e disse:
4 e lhe disse: Passa pelo meio da cidade, pelo ah! SENHOR Deus! Dar-se-á o caso que destruas
meio de Jerusalém, e marca com um sinal a testa todo o restante de Israel, derramando o Teu furor
dos homens que suspiram e gemem por causa sobre Jerusalém?
de todas as abominações que se cometem no 9 Então, me respondeu: A iniquidade da casa
meio dela. de Israel e de Judá é excessivamente grande, a
5 Aos outros disse, ouvindo eu: Passai pela terra se encheu de sangue, e a cidade, de injus-
cidade após ele; e, sem que os vossos olhos pou- tiça ; e eles ainda di zem: O SENHOR abandonou
pem e sem que vos compadeçais, matai ; a terra, o SENHOR não nos vê .
6 matai a velhos, a moços e a virgens, a crian- lO Também quanto a Mim, os Meus olhos
ças e a mulheres, até exterminá-los; mas a todo não pouparão, nem Me compadecerei; porém
homem que tiver o sinal não vos chegueis; come- sobre a cabeça deles farei recair as suas obras.
çai pelo Meu santuário. ll Eis que o hom em que estava vestido de
7 Então, começaram pelos anciãos que esta- linho, a cuja cintura estava o estojo de escreve-
vam diante da casa. E Ele lhes disse: Contaminai dor, relatou , dizendo: Fiz como me mandaste.

1. Que gritava. Ezequiel 9 dá sequência os agentes de juízo que, no final dos tempos,
à visão simbólica do cap. 8. O profeta registra executarão a sentença; primeiramente sobre
o que se passa diante dele em visão panorâ- os que professavam ser guardiães espirituais
mica, deixando para o leitor a interpreta- do povo e, depois, sobre os ímpios.
ção dos vários símbolos. A p essoa que fala Porta superior. Uma vez que os pátios
é a m esma que falou durante todo o cap. 8 . do templo eram construídos em estágios, o
Sua identidade é mostrada pela maneira pátio interno era o m ais alto. A expressão
como o profeta se dirige a Ele, no v. 8: "Ah! "que olha para o norte" designa a porta como
SENHOR Deus! " sendo a mesm a em que as idolatrias foram
Executores. Do heb . pequdoth, c ujo mostradas ao profeta (Ez 8 :5). <e ~
singular é pequdah, palavra traduzida como Entre eles, certo homem. Este era um
"cargo" (Nm 4:16) e "castigar" (Jr 8:12; dos seis que tinham as armas destruidoras,
"visita", BJ), sendo também usada para "ins- e não um sétimo, como alguns intérpretes
p etores" (Is 60 :17). Se este último sentido afirmam (ver T3, 266, 267). Ele estava "ves-
é aplic ável aqui, a figura se refere a super- tido de linho", que era a veste dos sacerdotes
visores, vigilantes ou guardas (ver Dn 4:13) comuns e a veste especial do sumo sacerdote
que se encarregam de executar as senten- nas cerimônias do Dia da Expiação (Lv 16) .
ças de D eus. A frase toda também pode ser Estojo de escrevedor. Do heb. qeseth,
traduzida como na LXX: "A vingança sobre uma palavra que ocorre somente aqui e que
a cidade se aproximou." pode derivar do egípcio gsty, "a paleta de um
2. Seis homens. Estes executores da vin- escritor", indicando, portanto, um estojo que
gança são retratados em forma humana. Numa continha penas, faca e tinta. A LXX, talvez
aplicação primária representam os babilônios, seguindo um texto diferente , diz: "um cinto
que deviam executar a sentença divina sobre a de safira", mas o texto h ebraico parece ser
cidade. Numa aplicação secundária, indicam preferível.

662
EZEQUIEL 9:4

3. A glória. Isto é, a glória descrita em perpétua. A ordem para observá-lo foi incor-
Ezequiel 8:4, que foi uma reaparição da gló- porada como parte da lei moral (Êx 20 :8 -II).
ria descrita no cap. I. Nem Cristo nem os apóstolos aboliram o
Até à entrada. O deslocamento da gló- sábado. A grande apostasia que surgiu após
ria provavelmente pretendia indicar que a a morte dos apóstolos pretendeu substituí-lo
ordem para a execução do juízo procederia por outro dia de repouso, o primeiro dia da
do próprio templo que os judeus considera- semana. No entanto, a Palavra de Deus pre-
vam como a garantia de sua segurança. diz uma grande obra de reforma que precede-
4. Sinal. Do heb. taw, a última letra do ria a segunda vinda de Cristo e diria respeito
alfabeto hebraico. No tempo de Ezequiel ao dia de descanso (Is 56:1 , 2, 6-8; 58:12 , 13;
esta letra hebraica era escrita na forma de Ap 14:6-12; verGC, 451-460). Prediz também
um X. O assinalamento foi feito na visão, que, simultaneamente, Satanás, o líder após-
e a natureza exata do sinal talvez não seja tata, exaltará seu próprio sistema fa lsificado
importante. É fantasiosa a antiga inter- de religião, apresentando, como dia de ado-
pretação que via no sinal uma prefigura- ração, um falso dia de descanso, o domingo
ção da cruz. Na visão, a marca era literal, (Ap 13; 14:9-12; cf. Dn 7:25). Ele terá êxito
mas o significado tinha que ver com o cará- a ponto de conseguir unir o mundo todo
ter. O mensageiro não devia levar em conta num grande movimento de reforma reli-
o nascimento ou a posição; devia marcar, giosa, do qual uma das principais caracterís-
porém, apenas aqueles que se entristeciam ticas será a exaltação do domingo (Ap 13:8;
pela iniquidade prevalecente e que se man- 14:8; 16:14; 18:3; ver GC, cap. 35-40). Como
tinham afastados dela. resultado dos esforços para esse propósito, o
A referência primária da visão era à des- mundo todo estará dividido em dois grupos:
truição de Jerusalém por Nabucodonosor, os que serão fiéis a Deus e guardarão Seu dia
mas ela terá outro cumprimento durante as de repouso e os que se unirão ao movimento
cenas finais da história. Ela apresenta um es- universal de contrafação religiosa para hon-
treito paralelo com as visões de Apocalipse 7, rar o falso dia de repouso. Assim, a observân-
15 e 16. No Apocalipse, o sinal distintivo é cia do sábado se tornará a marca distintiva
"o selo de Deus" e, como o sinal de Ezequiel, do verdadeiro adorador de Deus.
está baseado nas qualificações de caráter. Contudo, não é a observância exterior do
Deus coloca Sua marca de aprovação sobre sábado que constitui a marca . O selo repre-
os que, pelo poder do Espírito Santo, refle- senta a qualificação de caráter necessária
tem a im agem de Cristo (ver PJ, 6 7). A es- aos que fore m considerados dignos de serem
tampa de aprovação se assemelha à marca cidadãos do reino da glória que em breve
de propriedade de Deus, como se Deus ins- há de ser estabelecido. Somente os que se
crevesse Seu nome e endereço sobre os que purificaram continuarão guardando o sábado
es tão qualificados para cidadãos de Seu naquele terrível tempo de angústia que pre-
reino: "Deus, Nova Jerusalém" (TM, 446). cede a volta de Jesus. Os observadores do
O sinal exterior e visível da conclusão da sábado que não forem sinceros abandona-
obra da graça na vida de uma pessoa será rão as fileiras do povo de Deus e se unirão a
a observância do verdadeiro sábado bíblico Satanás contra o Céu, participando da bata-
(ver T8, ll7). Isso será efetuado da seguinte lha contra o governo do universo (TM, 465). <~~ g
forma: o sábado sempre foi o dia de des- Assim, apenas os que forem genuínos e ver-
canso designado por Deus. Estabelecido na dadeiros permanecerão como os únicos
criação (Gn 2:1-3), devia ser uma obrigação defensores do santo sábado de Deus . A eles

663
9:6 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

se unirão outros verdadeiros filhos de Deus os exércitos deles executariam a sentença:


que, até então, estiveram espalhados nas "Matai a velhos, a moços." Começariam pelo
diversas denominações cristãs, mas que, sob santuário, onde se haviam concentrado os
a luz crescente do alto clamor, abraçarão o ofensivos pecados do povo.
sábado e se unirão ao povo remanescente de Essas cenas se repetirão nos últimos dias.
Deus (ver GC, 611, 612). Naquele tempo, também o juízo começa
A marca é colocada sobre aqueles "que "pela casa de Deus" (lPe 4:17), por aqueles
suspiram e gemem por causa de todas as a quem Deus deu grande luz e que estavam
abominações que se cometem". Os que per- como guardiães dos interesses espirituais do
tencem a essa classe foram descritos como povo, mas que traíram a confiança deste (ver
pessoas que podem ser distinguidas por sua T5, 211). Esses pastores infiéis recebem pri-
angústia de alma devido ao declínio entre o meiro o insulto que será acumulado sobre
povo professo de Deus. Eles lamentam e se eles por parte dos que foram enganados por
afligem por causa do orgulho, da avareza, suas mentiras (PE, 282). Posteriormente,
do egoísmo e de todo tipo de engano exis- perecerão na destruição geral que precede e
tentes na igreja. Sentem-se impotentes para acompanha a segunda vinda de Cristo (ver
deter a forte corrente de iniquidade e, por- Ap 15- 19).
tanto, enchem-se de dor e de alarme (ver 7. Contaminai a casa. Os judeus espe-
T5, 210). Os que estão na outra classe pro- ravam que Deus poupasse Sua casa da con-
curam encobrir os males existentes e des- taminação. Nisto foram desapontados. Em
culpar a grande iniquidade que prevalece parte, a contaminação foi efetuada pelos cor-
por toda parte. Afirmam que Deus é dema- pos ensanguentados dos adoradores idólatras.
siado bondoso e misericordioso para punir o 8. Ficando eu de resto. Em visão,
mal. Dizem: "O SENHOR não faz bem, nem Ezequiel viu Jerusalém reduzida a uma
faz mal" (Sf 1:12). Afirmam que Deus não cidade de mortos. Parecia ser ele o único vivo.
espera que estejamos à altura de um padrão Não se fala aqui de ninguém que, por causa
tão elevado, e que Ele Se contentará com o da marca protetora, foi salvo. Evidentemente
mero desejo de fazer o que é certo. O Senhor, eles constituíam uma pequena minoria.
porém, não muda Seu padrão. Fazer isso O restante de Israel. As dez tribos
seria o mesmo que mudar a Si mesmo. Em já tinham sido levadas para o cativeiro em
vez disso, Ele dá graça para a aquisição de 723/722 a.C. (2Rs 17:6), e um grupo consi-
toda virtude e para a correção de todo defeito derável do reino do sul, de Judá, já tinha sido
e pede que os cristãos tirem plena vantagem levado para Babilônia em 605 a.C. e, espe-
dessas provisões. Ele não exige nada menos cialmente, em 597 a.C. (ver p. 620). Ezequiel
do que a perfeição na fé e no compromisso suplica pelos remanescentes que ficaram,
com a verdade. A menos que esta seja atin- mas a natureza e a magnitude do pecado jus-
gida, a alma se achará sem o selo de Deus tificavam o juízo.
quando se fechar a porta da graça. 9. Terra. Do heb. 'erets, que pode ser
6. Começai pelo Meu santuário. Em "Terra" ou "terra". As pessoas afirmavam que
sua aplicação primária, este decreto marca o Senhor não Se preocupava com a conduta
o encerramento do tempo de graça para dos seres humanos. Imaginavam que tinham
Jerusalém. Deus havia esgotado os recur- liberdade para agir como quisessem com
sos de que dispunha para apelar ao rebelde relação uns aos outros, e que não tinham de
Israel. Seu poder repressor seria removido dar contas de seus atos a ninguém. O resul-
dos invasores caldeus. Sem misericórdia, tado foi o declínio moral.

664
EZEQUIEL l 0 :l

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

l - T5 , 207 4 - GC, 656; PR, 590; 5, 6- T3 , 267; T5 , 211


l, 2- GC, 656; T 3, 266 TM, 445; T 3, 266, 6- GC, 656
2-7- TM, 431 370; T5, 210, 474 lO- TM, 432
3-6- T5, 207 4-6 - T5, 505 11 - PE, 279; HR, 402

CAPÍTULO 10
1 A visão das brasas acesas, que deviam ser espalhadas
sobre a cidade. 8 A visão dos querubins.

I Olhei, e eis que, no firm amento que esta- elas rodas era brilhante como pedra de berilo.
va por ci ma da cabeça dos querubins, apareceu lO Quanto ao seu aspecto, tinham as quatro
sobre eles uma como pedra de safira seme lhan- a mesma apa rência; era m como se estivesse uma
do a forma de um trono. roda dentro ela outra.
2 E falou ao homem ves tido de linho, di ze n- li Andando elas, podiam ir em quatro dire-
do: Vai por entre as rodas, até debaixo dos que- ções e não se viravam quando iam; para onde ia
rubins, e enc he as mãos de brasas acesas dentre a primeira, seguiam as outras e não se virava m
os querubins, e espalha-as sobre a cidade. Ele qua ndo iam.
entrou à minha vista . 12 Todo o corpo dos querubins, suas costas,
3 Os querubins estavam ao lado direito da as mãos, as asas e também as rodas que os quatro
casa, quando entrou o homem; e a nuvem en- tinham estava m cheias de olhos ao redor.
cheu o átrio interior. 13 Quanto às rodas, foram elas chamadas gi-
4 E ntão, se levantou a glória do SEN HOR de rantes, ouvindo-o eu.
sobre o q uerubim , indo para a entrada da casa; a 14 Cada um dos seres viventes tinha quatro
casa enc heu-se da nu vem , e o átrio, da resplan- rostos: o rosto do primeiro era ros to de q ueru-
decência da glória do SEN HOH . bim, o do segundo, rosto de homem, o do tercei-
5 O tata lar das asas dos querubins se ouviu ro, rosto de leão, e o elo quarto, rosto de águi a.
até ao át rio exterior, como a voz do Deu s Todo- 15 O s querubin s se elevaram . São estes os
Poderoso, quando fa la. mesmos seres viventes que vi junto ao rio Quebar.
6 Tendo o SEN HOR dado ordem ao homem 16 Andando os querubins, a ndava m as rodas
vestido de linho, di ze ndo: Toma fogo dentre as juntamente com eles; e, levantando os querubins
rodas, dentre os querubins, ele entrou e se pôs as suas asas, para se e levarem de sobre a te rra,
junto às rodas. as rodas não se separava m deles .
7 Então, estendeu um querubim a mão de 17 Para ndo eles, pa rava m e las; e, eleva ndo-
entre os querubins para o fogo que estava entre os se eles, elevavam-se elas, porque o espírito dos
querubins; tomou dele e o pôs nas mãos do homem seres viventes estava ne las .
que estava vestido de linho, o qual o tomou e saiu. 18 Então, saiu a glóri a do SENHOR da entra-
8 Tinha m os querubins uma semelhança de da da casa e parou sobre os querubin s.
mão de homem deba ixo das suas asas. 19 O s querubins leva ntaram as suas asas e se
9 Olhei, e eis quatro rodas junto aos queru - eleva ram da terra à minha vista, quando saíra m
bins, uma roda junto a cada qu erubim; o aspec to acompanh ados pelas rodas; pararam à entrada da

665
10:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

porta oriental da Casa do SENHOR, e a glória do asas e a semelhança de mãos de homem debai-
Deus de Israel estava no alto, sobre eles. xo das asas.
20 São estes os seres viventes que vi debaixo 22 A aparência dos seus rostos era como a dos
do Deus de Israel, junto ao rio Quebar, e fiquei rostos que eu vira junto ao rio Qu ebar; tinh am
sabendo que eram querubins. o mesmo aspecto, eram os mesmos seres. Cada
21 Cad a um tinha quatro rostos e qu atro qu al andava para a sua fre nte.

1. Olhei. A visão descrita em Ezequiel o plural. Os movimentos da glória do Senhor


1:15 a 28 reaparece. Na expansão do firma- podem representar que a Presenç a divin a Se
mento é vista, como antes, a semelhança preparava para deixar o templo.
de um trono de safira. Ezequiel não men- 5. A voz. O fato de as asas estarem em
ciona ninguém sobre o trono, mas o fato movimento sugere que os querubins se pre-
de que havia um ser ali fica implícito pela paravam para deixar o templo (ver Ez 1:24).
forma verbal "falou", que ocorre no versí- Deus Todo-Poderoso. Do heb .
culo seguinte. 'El-Shadai, um título frequente de D e us .
Querubins. "Querubim" é uma trans- Muitas vezes ocorre sem 'El (Deus), especial-
literação da forma plural hebraica herubim. mente no livro de Jó, em que há 31 exe mplos
Os "querubins" do cap. 1O cmTespondem disso. Não se conhece ao certo o signifi-
aos "seres viventes" do cap. l. Na teologia cado da raiz de onde vem a palavra Shadai.
hebraica um querubim é um ser de natureza Os estudiosos têm oferecido várias sugestões,
sublime e celestial, de forma humana, mas mas nenhuma sa tisfatóri a (ver voi. 1, p. 149).
com asas. Querubins guardaram os portões 6. Toma fogo. Os movimentos simboli-
do paraíso (Gn 3:24). As estátuas em cima zam a íntima ligação entre o Céu e os eventos
do propiciatório, tanto no tabernáculo quanto da Terra. O curso da história não é resultado
no templo de Salomão, eram chamadas de da at uação de forças cegas. Por trás das ma r-
querubins (Êx 25:18; 1Rs 6:23; cf. 1Sm 4:4; chas e contra marchas dos even tos huma-
2Sm 22: 11). Em contraste com a forma ereta nos, Deus está operando Seus propósitos (ver
do querubim descrito por Ezequiel, os que- com. de Ez 1:19).
rubins babilônicos, chamados de lwn"lhu, ou 8. Mão de homem. Esta mão repre-
hãribu, literalmente, "intercessores", tinham senta a mão do Onipotente, que sustenta e
forma de animais, como touros e leões, com guia os seres celestiais. Estes, por sua vez,
cabeça humana, embora alguns tivessem a impeliam as rodas, que simbolizavam a mão
forma de seres humanos. de Deus nos negócios da Terra (ver PR , 536).
2. Ao homem. O capitão dos sei s minis- 9. Quatro rodas junto aos querubins.
tros de juízo (Ez 9:2) recebe a ordem de Os v. 9 a 17 repetem, em grande parte, a
enche r as mãos com brasas acesas e espalhá- descrição dada no cap. 1 (ver com. a li). Há
las sobre a cidade. O ato simboliza a imi- algum as variações . A repetição não é aci-
nente destruição da cidade. Não se sabe dental , pois aqui os movimentos são dados
ao certo se esse símbolo na verd ade signi- em conexão com o progresso da narrativa, e
fic a o meio pelo qual ocorreria a destruição Deus é mostrado como estan do diretamente
(2Cr 36:19). O templo e a cidade foram quei- ligado aos eventos que levariam à queda de
m ados pelos caldeus (2Rs 25:9; ver Ap 8:5). Jerusa lém. A visão dos seres viventes junto
4. O querubim. A form a singular é ao rio Quebar foi de caráter geral , mostrando
usada em sentido coletivo. A LXX conserva a mão de Deus em tod a a históri a; a que foi

666
EZEQUIEL 10:20

dada em Jerusalém foi específica, mostrando a concluir que um querubim originalmente


a mão divina num evento significativo. Entre significasse um boi (ver com. do v. I). O v. 14
as variações está a menção da abundância de não ocorre na LXX, o que deixa em dúvida
olhos (Ez 10:12). Eles cobrem todo o corpo a forma correta do texto.
do querubim, bem como os aros das rodas 19. E se elevaram. No v. 3, os quer u-
(Ez l:l8). Esses olhos, sem dúvida, simboli- bins se colocam "ao lado direito da casa".
zam vigilância e inteligência. Mostram que O deslocamento para a porta oriental pre-
nada pode escapar aos olhos de Deus, uma para para a partida definitiva.
vez que "todas as coisas estão descobertas e Pararam. O verbo hebraico requ er um
patentes aos olhos dAquele a quem temos sujeito no singular; por isso, a versão ACF <4 §
de prestar contas" (Hb 4:13). Em Ezequiel acrescenta o sujeito "cada um". A LXX e a
10:14, em que se descrevem os quatro ros- Siríaca dizem "pararam", como a ARA.
tos, o "rosto de querubim" toma o lugar do 20. São estes. Estas palavras tornam
"rosto de boi" (Ez 1:10). Literalmente, a frase evi dente que ele viu a mesma coisa nas duas
diz: "o rosto do querubim", o que leva alguns visões.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

I-22- Ed, 177, 178; OE, TM, 213; T5, 751-754; MDC, 121; PR, 176, 535;
489; PR, 535-537; T9, 259, 260 T5, 751, 754
8, 21 - Ed, 177; FE, 409;

CAPÍTULO 11
1 A presunção dos príncipes; 4 seus pecados e os juízos que seriam executados sobre
eles. 13 Ezequiel se queixa, e Deus lhe mostra Seu propósito de salvar um
remanescente 21 e punir os ímpios. 22 A glória de Deus deixa
a cidade. 24 Ezequiel retorna ao local do cativeiro.

I Então, o Espírito me levantou e me levou à e disse-me: Fala: Assim di z o SENHOR: Assim


porta oriental da Casa do SENHOR , a qual olha para tendes dito, ó casa de Israel; porque, quanto às
o oriente. À entrada da porta, estavam vinte e cinco coisas que vos surgem à mente, Eu as conheço.
homens; no meio deles, vi a Jazani as, filho de Azur, 6 Multipli castes os vossos mortos nesta c id a-
e a Pelatias, filho de Benaías, príncipes do povo. de e deles enchestes as suas ruas.
2 E disse-me: Filho do home m, são estes os 7 Porta nto, assim di z o SENHOR Deu s: Os
homens que maquinam vilezas e aconselham per- que vós matastes e largastes no meio dela são a
versamente nesta cidade, ca rne, e ela , a panela; a vós outros, porém, vos
3 os quais dizem: Não está próximo o tempo tira rei do meio dela.
de construir casas; esta cidade é a panela, e nós, 8 Temestes a espada , mas a es pada trare i
a car ne. sobre vós, di z o SENHOR Deus.
4 Portanto, profetiza contra eles, profetiza, ó 9 Tirar-vos-e i do meio dela, e vos e ntrega -
fi lho elo homem. rei nas mãos de estrange iros, e exec utarei ju í-
5 Caiu, pois , sobre mim o Espírito do SENHOR zos entre vós.

667
11: 1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

lO C aireis à espada ; nos confins de Israel, Hei de ajuntá-los do meio dos povos, e os reco-
vos julgarei, e sabereis que Eu sou o SENHOR. lherei das terras para onde foram lançados , e lhes
11 Esta cid ade não vos servirá de panela, nem darei a terra de Israel.
vós servireis de carne no seu meio; nos confins 18 Voltarão para ali e tirarão del a todos os seus
de Israel, vos julgarei , ídolos detestáveis e todas as suas abominações .
12 e sabereis que Eu sou o SE NHOR. Poi s não 19 Dar-lhes-ei um só coração, espírito novo
andastes nos Meus estatutos, nem executastes os porei dentro deles; tirarei da sua carne o coração
Meus juízos; antes , fi zestes segundo os juízos das de pedra e lhes darei coração de ca rne;
nações que estão em redor de vós . 20 para que andem nos Nleus estatutos, e
13 Ao tempo em que eu profetizava, morreu guardem os Meus juízos, e os executem ; ele s .,. ~
Pelatias , filho de Benaías. Então, caí com o rosto serão o Meu povo, e Eu serei o seu Deus.
em terra, clamei em alta voz e di sse: a h! SENHOR 21 Mas , quanto àqueles cujo coração se com -
Deus! Darás fim ao resto de Israel? praz em seus ídolos detestáveis e abomin ações ,
14 Veio a mim a palavra do SENHOR, di zendo: Eu farei recair sobre sua cabeça as suas obras,
15 Filho do homem, teus irmãos , os te us pró - di z o SENHOR Deus.
prios irm ãos, os homens do teu parentesco e toda 22 Então, os qu erubins elevaram as suas asas,
a casa de Israel , todos eles são aqueles a quem e as rodas os acompanhava m ; e a glória do Deus
os habitantes de Jerusalém disseram: Apartai- de Israel estava no alto, sobre eles.
vos para longe do SENHOR; esta terra se nos deu 23 A glória do SENHOR subiu do meio da ci-
em possessão. dade e se pôs sobre o monte que está ao orien-
16 Portanto, dize: Assim di z o SENHOR Deus: te da cidade.
Aind a que os lancei para longe entre as nações e 24 Depois , o Espírito de Deus me levantou
ainda que os espalhei pelas terras, todavia, lhes e me levou na Sua visão à Caldei a, para os do
servirei de santuário, por um pouco de tempo, cativeiro; e de mim se foi a visão qu e eu tivera.
nas terras para onde foram. 25 Então, falei aos do cativeiro todas as coi-
17 Dize ainda: Assim diz o SENHOR De us: sas que o SE NH OR me havia mostrado.

1. Então. Os eventos do c ap. ll n ão se significado, os nome s aqui d ados tinha m o


seguem cronologic amente aos dos cap. 9 e lO . propósito de revelar as falsas e sperança s com
A visão p arece retornar para dar detalhes adi- que o povo se iludia . Azur significa "o que
cionais quanto à condição moral dos lídere s é ajudado"; Pelati a s, "Yahweh libe rta"; e
de Jerusa lém. Benaías, "Yahweh edifica". Se a ênfa se e stá
Porta oriental. O local para onde Eze- no signi ficado dos nome s, a re p entin a m orte
quiel viu os querubins se dirigirem (Ez 10:19). de Pelati a s (v. 13) te ria causado forte impres-
Vinte e cinco homens. Mesmo número são. Por outro lado, Jazan ias e Pelatias tal-
de p e ssoas que ele viu adorando o Sol no ve z tenh am sido de stacad os simplesmente
pátio interno (Ez 8:16), m as, provavelmente, porque fossem b e m conhecidos como líde -
não o mesmo grupo. É possível que aque - res d a apostasia .
les fossem sacerdotes (ver com. de E z 8:16), 3. Não está próximo. O hebraico desta
enquanto estes deviam ser líderes seculares . frase quase proverbial está expresso de form a
Contudo, não são conclusivas a s evidênci as tão concisa que chega a ser obscu ro. A p as-
de que os grupos eram distintos. sagem diz, lite ra lmente : "não p erto de cons-
Jazanias. O nome signific a "Yahweh truir c asas. Ela [a cidad e] a p a n ela , nós a
ouve". Alguns sugerem que, por ca usa de seu carne". Pod e ser um a referên c ia irônic a à

668
EZEQUIEL 11: 15

mensagem que Jeremias enviara aos cati- 6. Os vossos mortos. Mencionados


vos em Babilônia para que construíssem desta forma para sugerir execuções prati- ~ ::
casas e procurassem se colocar em condi- cadas sem o aval de Deus. Pode ser tam-
ções confortáveis, porque o cativeiro seria bém uma referência aos que foram mortos
longo. Esta mensagem deixou enraiveci- como resultado das atrocidades dos babilô-
dos muitos dos cativos, que enviaram car- nios. Devido à apostasia moral e religiosa, os
tas a Jerusalém exigindo que Jeremias fosse líderes de Jerusalém eram responsáveis por
punido (Jr 29:24-28). É possível que a frase essa matança.
dos príncipes estivesse contradizendo a men- 7. São a carne. As pessoas se gabavam
sagem de Jeremias, ao declarar: "Não está da proteção que a cidade desfrutava e não
próximo o tempo de construir casas para um tinham qualquer intenção de atender às ins-
longo cativeiro." truções de Jeremias para sair dela e se render
Alguns acham que a referência seja aos aos caldeus (Jr 21:9). Mas a solene advertên-
líderes rebeldes de Jerusalém, que, ignorando cia de Ezequiel era de que apenas os que
a advertência de Jeremias com respeito à des- foram mortos teriam o privilégio de perma-
truição iminente da cidade, continuavam necer dentro da cidade; os vivos enfrenta-
a fazer planos para construir na cidade riam seu destino fora dos muros.
condenada. 10. Caireis. Isto foi historicamente cum-
A metáfora da panela parece ser extraída prido quando o general de Nabucodonosor,
de Jeremias (ver Jr 1:13). O significado pode após a conquista de Jerusalém, levou o povo
ser que, assim como uma panela protege do da terra até o rei, que estava em Ribla,
fogo a carne que está dentro dela, as pare- cidade que ficava a 16 km de Quedes. Ali
des da cidade protegeriam seus habitantes do Nabucodonosor pronunciou a sentença sobre
exército dos caldeus. A LXX coloca a frase na os cativos, matou os filhos de Zedequias
forma de uma pergunta que espera resposta diante dos olhos do rei e executou outras pes-
positiva: "Não está próximo o tempo de cons- soas. Depois de ter sido cegado, Zedequias,
truir casas?" A atitude, expressa dessa forma, juntamente com os restantes, foram levados
reflete claramente a jactanciosa confiança pró- para Babilônia (ver 2Rs 25:6, 7).
pria dos habitantes de Jerusalém (ver Jr 28:3). 13. Morreu. Ezequiel viu a morte de
Jeremias aconselhara os judeus que estavam Pelarias só em visão, mas o incidente foi
na cidade a sair e a se render aos caldeus preditivo, sem dúvida (ver sobre a morte de
(Jr 21:9). Eles rejeitaram insolentemente o Hananias, em Jr 28: 17).
conselho, escolhendo permanecer na "panela". 14. A palavra do SENHOR. Esta pro-
Essa ideia se encaixa no contexto do capítulo, fecia parece ser continuação da anterior
porque a narrativa prossegue mostrando que e uma resposta à intercessão do profeta.
esse privilégio lhes seria negado. Também é A descrição do deslocamento dos querubins
possível que a metáfora signifique que, assim para um pouco mais longe (v. 22, 23) cla-
como a "panela" é o lugar onde deve estar a ramente liga esta mensagem à precedente
"carne", Jerusalém seria o lugar onde devem (ver Ez lO: 18, 19).
estar seus habitantes, deixando implícito que 15. Teus irmãos. Isto é, os que estavam
eles permanecerão ali (ver Jr 13:12). com Ezequiel no exílio.
5. Eu as conheço. Devido a Sua onis- Parentesco. Do heb. ge'ullah, que se
ciência, Deus conhece os verdadeiros obje- refere aos deveres do go'el, o parente consan-
tivos, desejos e motivos por trás dos atos guíneo que assumia a causa de seu parente
exteriores (ver 1Cr 28:9; Pv 15:11; Jr 17:10). próximo (Lv 25:25, 28; ver com. de Rt 2:20).

669
11:16 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

Apartai-vos. Uma expressão de con- desunião na cristandade desde então, e esta


fiança arrogante e destituída de simpatia condição continuará até que, no retorno do
pelos exilados. Os habitantes de Jerusalém Senhor, "todos cheguemos à unidade da fé"
exibiam para com os que foram levados para (Ef 4:13).
Babilônia uma atitude como "sou mais santo Coração de pedra. A troca do cora-
que tu" (Is 65:5). ção, aqui descrita, indica a experiência do
16. Todavia, lhes servirei de santuá- novo nascimento, que é mais plenamente
rio, por um pouco de tempo. Ou, "lhes revelada no NT (Jo 3:3 -8; etc.; ver MCH,
serei como um pequeno santuário" (ACF). 24), mas que, de forma alguma, se aplica de
A palavra em questão pode ser um advér- maneira exclusiva à era cristã. O modo pelo
bio (como na tradução da ARA) ou um qual Deus salva tem sido o mesmo em todas
adjetivo (como na tradução da ACF) . O sen- as eras, mas houve um a revelação gradual do
tido pretendido deve ser "por um pouco de propósito divino; não porque Deus conserve
tempo". Deus ainda prezava Seu remanes- as pessoas em ignorância para sua desvanta-
cente. Através dele, planejava cumprir Seus gem, mas porque a resistência delas em acei-
propósitos. Pretendia que o cativeiro fosse tar as revelações do Céu muitas vezes coloca
uma disciplina salutar para levar o povo de uma limitação no que Deus pode revelar.
volta para Ele e, assim , preparar um movi- Preciosos raios de luz, quando rejeitados, .,. ~
mento que abriria caminho para a realização tornam impossível o envio de mais ilumi-
de Seus propósitos por tanto tempo adiados. nação. Isso foi o que ocorreu com Israel.
17. E lhes darei. Os arrogantes e Se os exilados que retornaram tivessem
jactanciosos seriam lançados fora, e os exi- entrado plenamente na experiência aqui des-
lados de quem eles desdenhavam seriam crita, teria sido enviada luz cada vez maior.
novamente reunidos e possuiriam a terra Infelizmente, eles se contentaram com as
(ver Nm 14:3, 31, 32). restrições nocivas impostas por sua inter-
18. Tirarão. Historicamente, isto teve pretação da antiga aliança, e assim a luz
cumprimento parcial na repugnância que os mais plena do evangelho veio somente com
judeus passaram a ter pela idolatria após o o Messias.
cativeiro. Mas os propósitos de Deus iam 20. Andem nos Meus estatutos.
além disso. Nos v. 18 a 21, Deus declara Seus Apenas os que têm o coração renovado
planos para o futuro do novo estado israelita. pela graça divina podem guardar a lei de
A passagem prediz como teriam sido as con- Deus, porque "o p endor da carne [...] não
dições se Israel tivesse aceitado e seguido está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode
plenamente o programa divino. estar" (Rm 8:7). A promessa de poder capa-
19. Um só coração. Unidade de propó- citador através da habitação interior do
sito e de ação caracterizariam o novo Israel de Espírito Santo era uma característica essen-
Deus. Infelizmente, a queda de Israel impe- cial da eterna aliança de Deus com a huma-
diu que a promessa se cumprisse. Jesus orou nidade. Israel havia deixado de compreender
para que esta bênção pudesse se concretizar isso. Os homens creram que a salvação podia
para a igreja. Sua oração teve cumprimento ser conseguida por seus próprios esfo r-
temporário no ardor da igreja primitiva, de ços. Recusaram submeter-se à justiça que
quem "era um o coração e a alma" (At 4:32). vem de Deus (Rm 10:3). Não viram neces-
Infelizmente, a unidade durou pouco. Lobos sidade de um salvador nem de conversão.
vorazes, não poupando o rebanho, entraram e Rejeitaram a experiência que, unicamente,
dividiram os crentes (At 20:29). Tem havido os capacitaria para guardar a lei divina.

670
EZEQUIEL ll :25

Eu serei o seu Deus. Deus planejou 23. O monte. Provavelmente o qu e


que a gloriosa experiência aqui descrita se ficou conhecido, mais tarde, como Monte
cumprisse após o retorno do cativeiro babi- das Oliveiras, uma cadeia de colinas com três
lônico. Pelo fato de os exilados que retorn a- picos principais que est ão 823 m acima do
ram terem deixado de c umprir as condições nível do mar, localizados do outro lado do va le
da nova alia nça, nas quais se base ava sua de Cedrom, a leste de Je rusalém. A cidade
prosperidade espiritual, a promessa nunca propria mente dita tem uma altitude de 777
se cumpriu. As promessas de Deu s são con- metros . O local onde a glória divina repou-
dicionais. Contudo, aquilo que não pôde efe- sou depois de deixar o templo (OTN, 829)
tuar através da descendência literal de Israel, foi o lugar do qual Jesus, mais tarde, "vendo
Deus realizará através da descendência espi- a cidade, chorou" (Lc 19:37-41). Foi daí que
ritual (Rm 9:11). O cumprimento fin al desta Ele anunciou a segunda destruição da cidade
gloriosa promessa ocorrerá no fim do milê- rebelde e obstinada (Mt 24) e proclamou os
nio (Ap 21:3). sinais de Seu segundo advento. Deste mesmo
21. Cujo coração. A responsabilidade monte, Ele ascende u visivelmente ao céu
human a, por causa do livre -arbítrio, faz (Lc 24:50, 51; At l:ll, 12), e sobre esta ele -
com que alguns es colham "coisas d e tes- vação descerá a nova Jerusalém (Zc 14:4, 5,
táveis". Deus deseja ria que todos fos- 9; ver GC, 662, 663).
sem salvos, mas Ele não força a vontade. 24. Na Sua visão. Ver com. de Ez 8:3.
Consequentemente, os que se perde re m 25. Falei aos do cativeiro. Os anciãos
p erecerão como resultado de sua própria de Judá (Ez 8:1), provavelmente, esperara m
escolha, e n ão por causa de qualquer falh a até Ezequiel sair de su a visão e estariam pre-
por parte da graça de Deus. parados para receber a comunicação vinda
22. Querubins. Ver Ez 10:18, 19. do Senhor.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

19- CS, 500; TM, 261; San, 90 ; TS, 218; T8 , 136

CAPÍTULO 12
1, 8 Uma viagem de Ezequiel simboliza o cativeiro de Zedequias. 17 O tremor de
Ezequiel mostra a assolação dos judeus. 21 O presunçoso provérbio dos
judeus é reprovado. 26 O rápido cumprimento da visão.

1 Veio a mim a palavra do SE N HOR, dizendo: para outro lugar, à vista deles. Bem pode
2 Filho do hom em, tu habitas no meio da ser que o entendam, ai nda que eles são casa
casa rebeld e, que tem olhos para ver e não vê, rebelde.
tem ouvidos para ouvir e não ouve, porqu e é 4 À vista deles, pois , traze para a rua , de di a,
casa rebelde. a tua bagagem de exílio; depois, à tarde, sairás,
3 Tu, poi s, ó filho do homem, prepara a à vista deles, como quem vai para o exílio.
~ 1>- bagagem de exílio e de dia sai, à vista deles, 5 Abre um buraco na parede, à vista deles,
para o exílio; e, do luga r onde estás, parte e sai por ali.

671
I 2: I COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

6 À vista deles, aos ombros a levarás; às es- 17 Então, veio a mim a palavra do SENHOR,
curas, a transportarás ; cobre o rosto para que dizendo:
não vejas a terra; porque por sinal te pus à casa 18 Filho do homem, o teu pão comerás com
de Israel. tremor e a tua água beberás com estremecimen-
7 Como se me ordenou, assim eu fiz: de dia, to e ansiedade;
levei para fora a minha bagagem de exílio; então, 19 e dirás ao povo da terra : Assim di z
à tarde, com as mãos abri para mim um buraco o SENHOR Deus acerca dos h abitantes de
na parede; às escuras, eu saí e, aos ombros, trans- Jerusalém, na terra de Israel: O seu pão come-
portei a bagagem, à vista deles. rão com ansiedade e a sua água beberão com es-
8 Pela manhã, veio a mim a palavra do panto, pois que a sua terra será despojada de tudo
SENHOR, dizendo: quanto contém, por causa da violência de todos
9 Filho do homem , não te perguntou a casa de os que nela habitam.
Israel, aquela casa rebelde: Que fazes tu? 20 As cidades habitadas cairão em ruín as, e
lO Dize-lhes: Assim diz o SENHOR Deus: Esta a terra se tornará em desolação; e sabereis que
sentença refere-se ao príncipe em Jerusalém e Eu sou o SENHOR.
a toda a casa de Israel, que está no meio dela. 21 Veio a mim a palavra do SENHOR, di zendo:
li Dize: Eu sou o vosso sinal. Como eu fi z, 22 Filho do homem, que provérbio é esse
assim se lhes fará a eles; irão para o exílio, para que vós tendes na terra de Israel: Prolongue-se
o cativeiro. o tempo, e não se cumpra a profecia?
12 O príncip e que está no meio deles leva- 23 Portanto, dize-lhes: Assim diz o SENHOR
rá aos ombros a bagagem e, às escuras, sairá; Deus: Farei cessar esse provérbio, e já não se ser-
abrirá um buraco na pare de para sair por ele; virão dele em Israel; mas dize-lhes: Os dias estão
cobrirá o rosto para que seus olhos não vejam próximos e o cumprimento de toda profecia.
a terra . 24 Porque já não haverá visão falsa nenhu-
13 Também estenderei a Minha rede sobre ele, ma, nem adivinhação lisonjeira, no meio da casa
e será apanhado nas Minhas malhas; levá-lo-ei de Israel.
a Babilônia, à terra dos caldeus, mas não a verá, 25 Porque Eu, o SENHOR, falarei, e a palavra
ainda que venha a morrer ali. que Eu falar se cumprirá e não será retardada;
14 A todos os ventos espalharei todos os que, porque, em vossos dias, ó casa rebelde, fal a rei a
para o ajudarem, estão ao redor dele, e todas as palavra e a cumprirei, di z o SENHOR Deus.
suas tropas; desembainharei a espada após eles. 26 Veio-me ainda a palavra do SE NHO R,
15 Saberão que Eu sou o SENHOR, quando di zendo:
Eu os dispersar entre as nações e os espalhar 27 Filho do homem, eis qu e os da casa de
pelas terras. Israel dizem : A visão que tem este é para muitos
16 Deles deixarei ficar a lguns poucos, esca- dias, e ele profetiza de tempos que estão mui longe.
pas da espada, da fome e da peste, para que pu- 28 Portanto, di ze-lhes: Assim diz o SENHOR
bliquem todas as suas coisas abomináveis entre Deus: Não será retardada nenhuma das Minhas
as nações para onde forem; e saberão que Eu palavras; e a palavra que falei se cumprirá, diz o
sou o SENHOR. SENHOH Deus.

1. A palavra do SENHOR. O propó - bem como numa breve libertação do cati-


sito desta profecia é enfatizar a inutilidade veiro babilônico.
e a loucura de se confiar na continuação 2. Que tem olhos. Ver Dt 29:4; ls 6:9;
do reino de Judá e d a cidade de Jerusalém, ]r 5:2I; Mt 13:14, 15. Sem dúvida, foi devido

672
EZEQUIEL 12 :19

a esta perversa tendência por parte do povo dos caldeus. Josefo registra a história interes-
que o profeta recebeu a ordem de dar um sinal sante, mas talvez apócrifa , de que Zedequias
para o qual não poderiam fechar os olhos. estava inclinado a crer nas advertências de
3. A bagagem de exílio. Isto é, o equi- Jeremias com respeito ao cativeiro, m as
pamento que um emigrante necessitaria: rou- seus conselheiros o dissuadiram de atend er
pas, utensílios , etc . Os preparativos deviam ao conselho do profeta. Quando chegou a
ser feitos durante o dia , e o equipamento Jerusalém a profecia de Ezequiel, declarando
devia ser levado para local conveniente. que Zedequias não veria a terra dos caldeus,
6. Cobre o rosto. Provavelmente um o rei concluiu que as duas profecias eram
sinal de como Zedequias (ver com. do v. lO) contraditórias e deixou de crer em ambas
se disfarçaria para evitar ser reconhecido, ou (Antiguidades, x.7.2).
talvez como sinal de dor, um símbolo da des- 14. Espalharei. A captura do rei resul-
graça e da tristeza da partida para o exílio. taria na dispersão do restante do exército.
7. Assim eu fiz. Talvez Ezequiel tenha 15. Saberão. Gramaticalmente, esta
realizado o ato simbólico sem compreender declaração poderia se referir aos pagãos ou aos
plenamente o que significava. O fato de os israelitas . Mas, uma vez que a frase "saberão
exilados lhe perguntarem: "Que fazes tu?" (ou 'saibais') que Eu sou o SENHOR" (Ez 5:13;
(v. 9) evidencia que o ato simbólico foi rea- 6:7; etc.) é um refrão constante nessas pro-
lizado de fato, e não em visão. fecias, referindo-se aos israelitas, é provável
10. Esta sentença refere-se ao prín- que aqui também a referência seja a eles.
cipe. Literalmente , a frase diz: "o príncipe 16. Alguns poucos. Literalmente,
é este fardo em Jerusalém". A palavra heb. "homens de número", isto é, homens que
massa', traduzida como "sentença", é comum podem ser contados facilm ente. Estes sobre-
em Isaías e Jeremias (Is 13:1; 14:28; etc.; viventes, ao contarem sua vergonhosa histó-
Jr 17:21, 22; etc.). Mas é usada por Ezequiel ria, fariam com que os pagãos soubessem que
apenas duas vezes e, no sentido de "profe- não era fraqueza da parte do Deus de Israel
cia", somente aqui. Tem sido sugerido que que ocasionara a grande angústia e sujeição
Ezequiel evitou o termo por ter caído em de Seu povo, mas o fato de Israel ter deixado
descrédito devido ao uso frequente por parte de cumprir o propósito divino .
de falsos profetas (ver Jr 23: 33 -38). O "prín- 17. A palavra do SENHOR. Ver com.
cipe" é Zedequias (ver 2Rs 25:2-4; Jr 39:4). de Ez 6:1.
11. Vosso sinal. Isto é, um sinal para 18. Tremor. Anteriormente (Ez 4:16),
os que estavam no cativeiro. Eles deviam Ezequiel predissera terrível escassez. Desta
parar de depositar esperança na sobrevivên- vez, ele demonstraria o terror e a angústia
cia de Jerusalém . do cerco iminente.
12. Abrirá um buraco na parede. 19. Povo da terra. Sem dúvida, alguns
Este incidente não é mencion ado na narra- dos pronunciamentos proféticos de Ezequiel
tiva histórica (ver Jr 39:4), mas não há razão chegaram aos ouvidos dos habitantes de
para se supor que as palavras devessem ser Judá. Mas as predições também eram signi-
entendidas no sentido figurado. ficativas para os exilados, muitos dos quais
13. Mas não a verá. O cumprimento esperavam que os restantes de Judá sobre-
des te detalhe da profecia é registrado em viveriam e que Jerusalém seria poupada.
Jeremias 52:11. Antes de Zedequias ter sido O profeta lhes informou que a terra seria
levado para Babilônia, seus olhos foram vaza- despojada de toda a exuberância a nterior e
dos em Ribla; portanto, ele não viu a terra que se tornaria em deserto e assolação.

673
12:21 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

21. A palavra do SENHOR. Ver com. linguagem dos objetares; em vez de dizerem:
de Ez 6:1. "não se cumpra a profecia" (v. 22), passaram
22. Prolongue-se o tempo. Os habitan- a projetar o cumprimento para um futuro
tes de Jerusalém zombavam da confiabilidade distante. O Senhor enfrenta a ideia do adia-
das ameaças divinas. A resposta deles tomou mento, dizendo ao povo que nada do que Ele
a forma de um ditado. Eles declaram , com falou seria postergado. Esta atitude é seme-
efeito: "O tempo está passando e ainda não se lhante à de muitos que esperam a segunda
cumpriu nenhuma predição de coisas boas ou vinda de Jesus. Embora não o façam com
más. Não há razão para esperarmos o cum- palavras, com suas ações sugerem: "Meu
primento de predições agora." A atitude deles senhor demora-se" (ver Mt 24:48). Algum
~ .,. reflete a tendência comum dos seres huma- dia, muito em breve, o fim os surpreenderá
nos pecaminosos de interpretar mal a longa- de forma repentina e inescapável; e, com ele,
nimidade e a paciência de Deus (ver Ec 8:11; virá o cumprimento de toda a visão.
Am 6:3; Mt 24:48; 1Ts 5:3). Os zombadores Pode-se surgir a pergunta: "Mas, por que
dos últimos dias pronunciam um refrão seme- a aparente demora na vinda de Jesus? Falha-
lhante: "Onde está a promessa da Sua vinda? ram as palavras do Senhor?" A Inspiração faz
[... ]Todas as coisas permanecem como desde a pergunta e dá a seguinte resposta: "Falhou,
o princípio da criação" (2Pe 3:4). porém, a Palavra de Deus? Absolutamente!
23. Os dias estão próximos. Os dias Cumpre lembrar que as promessas e amea-
vindouros trariam o rápido cumprimento ças de Deus são igualmente condicionais"
de cada palavra das calamidade s preditas (Ev, 695).
por Ezequiel. É necessário recordar apenas umas pou-
24. Visão falsa. Os falsos profetas pre- cas declarações dos escritores bíblicos para
diziam prosperidade e o breve retorno dos mostrar que eles sempre consideraram o
cativos de Babilônia. Os verdadeiros pro- tempo como sendo bem curto. Paulo escre-
fetas falavam de um cativeiro longo, uma veu aos coríntios: "Isto, porém, vos digo,
grande perda de vidas e a destruição e deso- irmãos: o tempo se abrevia" (lCo 7:29). Em
lação da cidade e do templo. Os zombadores sua epístola aos romanos, ele disse: "Vai alta
provavelmente argumentavam que as pre- a noite, e vem chegando o dia" (Rm 13:12).
dições de Ezequiel eram tão vãs quanto as Através do vidente de Patmos, o próprio Jesus
que ele declarava ser as dos falsos profetas. testificou: "O tempo está próximo" (Ap 1:3),
Ao dar rápido cumprimento à calamidade e: "Eis que venho sem demora" (Ap 22:7).
predita, Deus responderia de forma eficaz a Contudo, tanto Paulo quanto João também
esse raciocínio , convencendo os falsos profe- claramente predisseram certos eventos que
tas de que suas profecias eram mentirosas e deviam ocorrer antes da volta de Cristo (ver
levando os zombadores a ver que seus argu- com. de 2Ts 2:1-5; Ap 1:3).
mentos eram ilógicos. É verdade que Cristo não voltou tão logo
25. Em vossos dias. Os efeitos da visão quanto o povo remanescente a princípio
não viriam sobre uma geração por vir, mas esperava, com base no cumprimento da pro-
sobre a que vivia naquela época. fecia. É repetidamente atestado que era pos-
27. Tempos que estão mui longe. sível Cristo ter vindo antes disso (OTN, 633,
O novo pronunciamento é dirigido contra 634; GC, 458; T6, 450; T8, 115, 116; T9, 29).
uma classe que aparenta, pelo menos, reco- A razão para a demora é ainda declarada nes-
nhecer Ezequiel como profeta. Ou, talvez o tas palavras: "A longa noite de tristeza é difí-
intervalo tenha produzido modificações na cil; mas a manhã é adiada em misericórdia,

674
EZEQUIEL 13: l

porque se o Mestre viesse, muitos seriam Contudo, o tempo definido do advento


achados desprevenidos. A recusa de Deus em de Cristo não pode ser conhecido. E os seres
permitir que Seu povo pereça tem sido a razão humanos também não devem conjecturar
de tão longa demora" (T2, 194). Isto está em quanto ao tempo preciso. Excelente conse-
harmonia com a declaração de 2 Pedro 3:9. lho foi dado nas seguintes palavras: "Não
O mesmo apóstolo acrescenta que é dever do podereis dizer que Ele virá daqui a um ano,
cristão apressar a vinda de Jesus (2Pe 3:12). ou dois, ou cinco anos, nem deveis poster-
O comentário inspirado sobre o tema deste gar a Sua vinda declarando que não se ocor-
texto diz: "É privilégio de todo cristão, não rerá antes de dez ou vinte anos. [.. .] Não nos ... ~
só aguardar, mas mesmo apressar a vinda de é dado saber o tempo definido, nem do derra-
nosso Se nhor Jesus Cristo" (T8, 22). mamento do Espírito Santo, nem da vinda de
Algum dia o te mpo não mais se pro- Cristo" (Ev, 221). "Vocês não serão capazes
longará . "Ela [a vinda do Senhor] não será de dizer que Ele virá dentro de um, dois, ou
retardada para além do tempo em que a men- cinco anos, nem devem retardar Sua v inda,
sagem for levada a todas as nações, línguas e declarando que não será por dez, ou vinte
povos" (Ev, 697). Quando Deus perceber que anos . É o dever do povo de D eus ter suas
o momento é o melhor, fará ocorrer eventos lâmpadas limpas e acesas, ser como pessoas
que precipitarão o fim "mais rapidamente do que aguardam o Esposo, quando Ele voltar
que os homens esperam" (GC, 631). das bodas" (MEl, 189).

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

2- PJ, 104; T9, 27 22 - DTN , 31; PR, 700


21-28- GC, 392; PR , 450 27, 28 - Ed, 184

CAPÍTULO 13
1 A repreensão aos falsos profetas 10 e sua caiação. 17 Das profetisas e seus amuletos.

l Veio a mim a palavra do SENHOR, di zendo: mentirosa os que di zem: O SENHOR disse; quan-
2 Filho do homem, profetiza contra os profe- do o SENHOR os não enviou ; e esperam o cum-
tas de Israel que, profetizando, exprimem , como primento da palavra.
dizes, o que lhes vem do coração. Ouvi a pala- 7 Não tivestes visões falsas e não falastes adi-
vra do SENHOR. vinhação mentirosa, quando dissestes: O SENHOR
3 Assim diz o SENHOR Deus: Ai dos profetas diz, sendo que Eu tal não falei?
loucos, que seguem o seu próprio espírito sem 8 Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Como
nada ter vistol falais falsidade e tendes visões mentirosas, por
4 Os teus profetas, ó Israel , são como rapo- isso, Eu sou contra vós outros, diz o SENHOR Deus.
sas entre as ruínas. 9 Minha mão será contra os profetas que têm
5 Não subistes às brechas , nem fizestes visões falsas e que adivinham mentiras; não estarão
muros para a casa de Israel , para que ela perma- no conselho do Meu povo, não serão inscritos nos
neça firme na peleja no Dia do SENHOR. registros da casa de Israel, nem entrarão na terra
6 Tiveram visões falsas e adivinhação de Israel. Sabereis que Eu sou o SENHOR Deus.

675
13:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

lO Visto que andam enganando, sim, enganan- articulações das mãos e fazem véus para cabeças
do o Meu povo, dizendo: Paz, quando não há paz, e de todo tamanho, para caçarem almas! Querereis
quando se edifica uma parede, e os profetas a caiam, matar as almas do Meu povo e preservar outras
li dize aos que a caiam que ela ruirá. Haverá para vós mesmas?
chuva de inundar. Vós, ó pedras de saraivada, cai- 19 Vós Me profanastes entre o Meu povo, por
reis, e tu, vento tempestuoso, irromperás. punhados de cevada e por pedaços de pão, para
12 Ora, eis que, caindo a parede, não vos matardes as almas que não haviam de morrer
di rão: Onde está a cal com que a caiastes? e para preservardes com vida as a lmas que não
l3 Portanto, assim diz o SENHOR Deus: haviam de viver, mentindo, assim , ao Meu povo,
Tempestuoso vento farei irromper no Meu furor, e que escuta mentiras.
chuva de inundar haverá na Minha ira, e pedras de 20 Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Eis aí
saraivada, na Minha indignação, para a consumir. vou Eu contra vossos invólucros feiticeiros, com
14 Derribarei a parede que caiastes, darei que vós caçais as almas como aves, e as arran-
com e la por terra, e o seu fundamento se desco- carei de vossas mãos; soltarei livres como aves as
brirá; quando cair, perecereis no meio dela e sa- almas qu e prendestes.
bereis que Eu sou o SENHOR. 21 Também rasgarei os vossos véus e livrarei
15 Assim, cumprirei o Meu furor contra o Meu povo das vossas mãos, e nunca mais es-
a parede e contra os que a caiaram e vos direi: a tará ao vosso alcance para ser caçado; e sabereis
parede já não existe, nem aqueles que a caiaram, que Eu sou o SENHOR.
16 os profetas de Israel que profetizaram a 22 Visto que com falsidade entristecestes o
respeito de Jerusalém e para ela têm visões de coração do justo, não o have ndo Eu en tristeci-
paz, quando não há paz, diz o SENHOR Deus. do, e fortalecestes as mãos do perverso para que
17 Tu , ó filho do homem, põe-te contra as fi - não se desviasse do seu mau caminho e vivesse,
lhas do teu povo que profetizam de seu coração, 23 por isso, já não tereis visões falsas, nem
profetiza contra elas jamais fareis adivinhações; livrarei o Meu
18 e dize: Assim di z o SENHOR Deus: Ai das povo das vossas mãos, e sabereis que Eu sou
que cosem invólucros feiticeiros para todas as o SENHOR.

1. A palavra do SENHOR. Esta profecia 3. Loucos. Do heb. nabal, que indica


se compara à de Jeremias 23 contra os falsos não apenas uma falha intelect ual, mas tam-
profetas que estavam em Jerusalém e ao seu bém falta de valor moral. No hebraico, a frase
redor. Alguns pensam que Ezequiel esteja "profetas loucos", hannebi'im hannebalhn,
se dirigindo aos falsos profetas que estavam representa um interessante jogo de palavras .
entre os cativos (ver Ez 13:9). Que seguem. A última parte do versí-
2. Profetas de Israel. O fato de culo diz, literalmente: "que andam segundo
Ezequiel se referir aos falsos mestres desta seu próprio espír ito e aquilo que não viram".
forma sugere que eles contavam com a simpa- 4. Como raposas. As raposas são astu-
tia e a aceitação do povo. O espírito da época ciosas e ardilosas (Lc 13:32), devastam os
aprovava esses falsos mestres. Eles estavam vinhedos (C t 2: 15) e habitam em ruína s
tão mergulhados no autoengano, a ponto de (Lm 5:18). Os falsos profetas eram astucio-
acreditar que o que diziam era de fato ver- sos e maliciosos, bem como destruidores da
dade (ver 2Ts 2: 11). Esses supostos mensa- vinha de Deus.
ge iros divinos, no entanto, foram instruídos 5. Não subistes. Estas palavras são diri-
a ouvir "a palavra do SENHOR". gidas aos falsos profetas, ao passo que as do

676
EZEQUIEL 13: lO

v. 4 foram dirigidas ao povo. No v. 6, a refe- pelo remanescente fiel. Em Esdras 2:62,


rência é novamente aos falsos profetas, mas encontra-se o exemplo de um registro usado
na terceira pessoa, voltando para a segunda por ocasião do retorno do cativeiro.
pessoa no v. 7. Essas mudanças de pessoa são 10. Paz. Ver Jr 6:14; 23:17; Mq 3:5; ~ ~
frequentes na profecia e comuns em Ezequiel. Zc 10:2. Os falsos profetas embalavam os
Muros. Os falsos profetas não fizeram homens num falso senso de segurança e,
nada para advertir ou instruir, a fim de aju- assim, lhes anestesiavam a consciência. Os
dar a nação em crise. Estavam entregando verdadeiros mensageiros de Deus, por outro
o povo nas mãos dos inimigos, em vez de lado, não lisonjeiam o pecador. A men sagem
ajudá-lo (ver ls 1:5; PJ, 287) . deles não é de paz para embalar os não san-
6. Visões. Do heb. chazah, palavra fre- tificados numa segurança fatal. Sua missão
quentemente usada com referência a pronun- é despertar a consciência do malfeitor até
ciamentos divinos (Is 1: l ; 2: l; etc.). que a alma exclame, em angústia: "Que devo
O SENHOR disse. Esses supostos profe- fazer para que seja salvo?" (At 16:30; ver com.
tas têm correspondentes em muitos pregado- de Jr 6:14).
res modernos que propõem falsas doutrinas Parede. Do heb. chayits, cujo significado
que eles afirmam, apaixonadamente, ter res- não é inteira mente claro. Parece representar
paldo no "Assim diz o Senhor". Não importa uma parede divisória e, portanto, uma estru-
quão fervorosamente uma doutrina seja pro- tura sem firmeza.
posta ou quão impressivos sejam os títulos Caiam. Do heb. tafel. A ideia da cal "não
de seus proponentes, ela não deve encontrar temperada" (ACF) ficou ligada a tafel atra-
aceitação por parte do crente a menos que vés de um vocábulo escrito da mesma forma,
tenha sido de fato proferida pelo Senhor. Por mas de etimologia diferente. São exemplos
mais plausíveis que possam parecer as teo - desta segunda palavra: Jó 6:6, em que tafel
rias humanas, não deve ser esquecido que denota algo "insípido"; e Lamentações 2:14,
lhes falta a autoridade divina. em que tafel é traduzido como "absurdas" ou
Esperam o cumprimento. Eles espe- "inúteis" (NVI). A ilustração é a seguinte:
ravam provar serem dignos de confiança por Alguém construiu uma parede divisória frá-
meio do cumprimento do evento predito. gil. Os falsos profetas a caiaram e, assim,
Talvez esperassem que Deus foss e honrar a melhoraram sua aparência, mas não aumen-
missão que haviam designado para si mes- taram em nada a resistência. Os governan-
mos , fazendo com que seus pronunciamen- tes e o povo elaboraram vários planos, como
tos presunçosos se materializassem. uma aliança com o Egito (ver Jr 37:5, 7), e
7. Não tivestes [... ]? O profeta parece os que se autointitulavam profetas valoriza-
submeter seus rivais a um interrogatório. ram esses planos por meio de sua influência
Só podia haver um a únic a resposta para as e capacidade de persuasão.
perguntas. Os falsos profetas não podiam Há um notável paralelo no mundo re-
negar a acusação. São mencionadas aqui ligioso atual. Muitas doutrinas fals as, qu e
três calamidades a sobrevir a esses profe- não têm apoio na Palavra de Deus, foram in -
tas enganadores. "Não estarão no conselho troduzidas na fé cristã. Estão enraizadas na
do Meu povo" (v. 9). tradição e, por trás da tradição, pode-se ve-
9. Conselho. Do heb. sod, assembleia rificar que sua origem remonta a conceitos
secreta ou conselho privado. e práticas pagãs. Em vez de abandonar toda
Nos registros. Não fariam parte dos crença que n ão esteja fundamentada na s
registros da nação israelita que seria formada Escrituras, as pessoas empregam enormes

677
13:11 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

quantidades de energia para caiar esses frá- a Satanás em sua batalha contra Deus (TM,
geis conceitos a fim de torná-los plausíveis. 465). Apenas um pequeno remanescente per-
Um exemplo notável é o esforço para encon- manecerá fiel a Deus (Ap 14:12). Quando os
trar evidênci as bíblicas relativas à guarda juízos caírem e as mult idões perceberem qu e
do domingo. A maioria dos cristãos guar- aquele consid erado como Deus é impotente
da um dia cuja observância não é ordenada para deter a poderosa mão divina , repenti -
na Bíblia. Raciocinam que tal observância namente perceberão que foram enganadas.
deve ser correta, uma vez que a igreja cris- Voltam-se, então, com ira, con tra a fal sa orga-
tã a tem seguido há séculos. Passam por nização criada pelos enga nos de Sata nás e
alto as cl a ras evidências que apontam para a destroem completamente (Ap 17:16, 17;
o sétimo dia da sema na como o verd adeiro GC , 656). Então, nova mente, poderá ser dito:
dia de repouso, e torcem outras passagens "A parede já não existe, nem aqueles qu e a
para respaldar o primeiro dia da semana. ca iaram" (Ez 13: 15).
O resu lt ado de tudo isso será como o que 17. Contra as filhas. Falsas profetisas
sobreveio aos que construíram e caiaram a não são mencionad as em nenhuma outra
parede de Ezeq uiel (Ez 13:12-16). parte do AT. Entre as profetisas verd adei-
11. Pedras de saraivada. Ver SI 11:6; ras se encontra m Miriã (Êx 15:20), Débora
18:13, 14; Ez 38: 22. Sem dúvida, a referência (]z 4:4), Hulda (2 Rs 22:14) e, no NT, Ana
aqui é primari a mente à invasão babilônica, (Lc 2:36) e as qu atro filh as de Filipe, o evan-
à qu al os judeus seriam incapazes de resis- gelista (At 21:8, 9). ... ~
tir, apesar de todos os preparativos de que se 18. Ai das que. Embora o significado
gabavam (ver com. de Ez 13:12). geral dos v. 18 e 19 pareça claro, há incerteza
12. Parede. Do heb. qir, uma parede quanto aos detalhes. Ezequiel viu o quedes-
externa, não uma hayits (ver com. do v. 10). creve aqui; ninguém mais viu . El e usou pal a-
A razão para o desastre foi , sem dúvid a, o vras suficientemente conhecidas naqu e la
fato de que a estrutura defeituosa era dema- época, mas, uma vez que muitas delas não
siado fraca para servir como parede externa. ocorrem em nenhuma outra parte do AT, seu
A terrível desilusão dos caiadores e dos que significado não é totalmente claro.
confiaram em suas ciladas encontra um Invólucros feiticeiros. Do heb. hesa-
correspondente na súbita conscienti zação thoth, que vem do acadiano lwsü, "amarrar",
daqueles que, no final dos tempos, terão e daí o significado de "faixas" ou "amuletos",
colocado toda a confiança no grande reavi- a respeito de cuja natureza apenas se pode
vamento religioso falso montado por Satanás, conjecturar.
e depois verão esse sistema se desintegrar Articulações. Do heb. 'atsilim. A frase
sob os terríveis juízos das sete últimas pra- diz, literalmente, "articulações de minha
gas. Como uma das últimas cenas no grande mão", expressão que pode se referir, ao que
drama dos séculos, o próprio Satanás preten- parece, tanto às articulações dos dedos como
derá ser divino e se apresentará ao mundo aos punhos, cotovelos ou ombros (]r 38:12).
todo como sendo Deus (ver T6, 14; T8 , 27, O hebraico diz, literalmente, "minha s mãos";
28 ; T9, 16; TM, 62, 364, 365; GC, 624). as versões antigas e os Targuns dizem "arti-
Os milagres serão o grande agente utilizado culação da mão" ou "das mãos". Se o pronome
para enganar (Ap 13:13, 14; 16:1 3, 14). Como possessivo de fato existe, ele tran smitiria a
resultado desses enganos, todos, exceto um ideia interessante de que essas falsas profe-
rem a nescente fiel, serão arrebatados para tisas estavam restringindo as mãos do pró-
as fileiras do inimigo (Ap 13:8) e se unirão prio Senhor.

678
EZEQUIEL 13:22

Véus. Do heb. mispachoth, palavra que, palavras poderiam indicar o lucro ínfimo
no AT, ocorre apenas aqui e que deve indi- pelo qu al as falsas profetisas estavam dis-
car algum tipo de véu ou cobertura para a postas a perverter a verdade e levar o povo à
cabeça. Aparentemente os véus não eram ruína. Outros veem aqui uma referência ao
usados pelas profetisas em si, mas por aque- antigo costume de se adivinhar usando grãos
les que as consu ltavam. de cevada e migalhas de pão.
Almas. Do heb. nefashoth (singular, Escuta mentiras. As palavras podem
nefesh), aqui, simplesmente, "pessoas" (ver indicar uma propensão para ouvir menti-
com. de SI 16:10). O significado parece ser ras agradáveis. Jeremias descreve tal condi-
que essas falsas profetisas defraudavam os ção: "Os profetas profetizam falsamente , e
que recorriam a elas. os sacerdotes dominam de mãos dadas com
Preservar outras para vós mesmas. eles; e é o que deseja o Meu povo" (]r 5:31).
A frase pode ser traduzida da seguinte forma: 20. Como aves. Do heb. parach, cujo
"Desejareis matar as almas do Meu povo e significado é incerto. O sentido gera l do
preservar com vida a vossa alm a?" (ver NVI). versículo é claro. As vítimas seriam livradas
O significado pode ser que, em seu interesse da armadilha daqueles que haviam tentado
próprio, as profetisas viviam à custa da cre- esc ravizá-las. Deus não permitirá que uma
dulidade de suas vítimas. pessoa de coração sincero seja enganada.
19. Punhados de cevada. Alguns 22. Visto que com falsidade. As pro-
en tendem que se referira ao antigo cos- fetisas criaram falsas impressões de Deus na
tume de levar presentes para um profeta, ao mente dos justos e dos ímpios, desanimando
consultá-lo (lSm 9:7, 8; lRs 14:3). Em vista de os primeiros de se esforçar para agir corre-
a cevada ser um grão inferior, e de que "punha- tamente e confirmando os últimos em seus
dos" exprime pequena quantidade, estas maus caminhos.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

4, 5- PE, 123 l3- PP, 509 22- GC, 655


lO - Tl , 247; T5, 679 14- CS, 338

CAPÍTULO 14
1 Deus responde aos idólatras segundo o coração deles. 6 Eles são exortados a se
arrepender, por temor aos juízos que cairiam por causa dos profetas
enganados. 12 A irrevogável sentença de Deus de que haveria
fome , 15 animais ferozes, 17 espada 19 e peste. 22 Ficará
um remanescente como exemplo para outros.

l Então, vieram ter comigo alguns dos an- para a iniquidade que sempre têm e les diante de <e ~
ciãos de Israel e se assentaram diante de mim. si; acaso, permitirei que eles Me interroguem?
2 Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: 4 Portanto, fa la com eles e di ze-lhes: Assim
3 Filho do homem, estes homens levanta- diz o SENHOR Deus: Qualquer homem da casa de
ram os seus ídolos dentro elo seu coração, tropeço Israel que levantar os seus ídolos dentro do seu

679
14: l COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

coração, e tem tal tropeço para a sua iniquidade, justiça, salvariam apenas a sua própria vida, diz
e vier ao profeta, Eu, o SENHOR, vindo ele , lhe o SENHOR Deus.
res ponderei segundo a multidão dos seus ídolos; 15 Se Eu fiz er passar pela terra bestas-feras,
5 para que Eu possa apanhar a casa de Israel e elas a assolarem, que fique assolada, e ninguém
no seu próprio coração, porquanto todos se apar- possa passar por ela por causa das feras;
taram de Mim para seguirem os seus ídolos. 16 tão certo como Eu vivo, di z o SENHOR
6 Portanto, dize à casa de Israel: Assim diz o Deus, ainda que esses três homens estivessem
SENHOR Deus: Convertei-vos, e apartai-vos dos no meio dela , não salvariam nem a seus filhos
vossos ídolos, e dai as costas a todas as vossas nem a suas filhas; só eles seriam salvos, e a terra
abominações, seria assolada.
7 porque qualquer homem da casa de Israel ou 17 Ou se Eu fizer vir a espada sobre essa terra
dos estrangeiros que moram em Israel que se alie- e disser: Espada, passa pela terra; e Eu eliminar
nar de Mim, e levantar os seus ídolos dentro do dela homens e animais,
seu coração, e tiver tal tropeço para a iniquidade, e 18 tão certo como Eu vivo, diz o SENHOR
vier ao profeta, para Me consultar por meio dele, a Deus, ainda que esses três homens estivessem
esse, Eu, o SENHOR, responderei por Mim mesmo. no meio dela, não salvariam nem a seus filhos
8 Voltarei o rosto contra o tal homem, e o farei nem a suas filhas; só eles seriam salvos.
sinal e provérbio, e eliminá-lo-ei do meio do Meu 19 Ou se Eu enviar a peste sobre essa terra
povo; e sabereis que Eu sou o SENHOR. e derramar o Meu furor sobre ela com sangue,
9 Se o profeta for enganado e falar alguma para eliminar dela homens e animais,
coisa , fui Eu , o SENHOR, que enganei esse pro - 20 tão certo como Eu vivo, diz o SENHOR
feta; estenderei a mão contra ele e o eliminarei Deus, ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no
do meio do Meu povo de Israel. meio dela, não salvariam nem a seu filho nem
lO Ambos levarão sobre si a sua iniquidade; a sua filha; pela sua justiça salvariam apenas a
a iniquidade daquele que consulta será como a sua própria vida.
do profeta; 21 Porque assim diz o SENHOR Deus: Quanto
ll para que a casa de Israel não se desvie mais , se Eu enviar os Meus quatro maus juízos, a
mais de Mim , nem mais se contamine com todas espada, a fome, as bestas-feras e a peste, contra
as suas transgressões. Então, diz o SENHOR Deus: Jerusalém, para eliminar dela homens e animais?
Eles serão o Meu povo, e Eu serei o seu Deus. 22 Mas eis que alguns restarão nela, que le-
12 Veio ainda a mim a palavra do SENHOR, varão fora tanto filhos como filhas ; eis que eles
dizendo: virão a vós outros, e vereis o seu cam inho e os
l3 Filho do homem, quando uma terra pecar seus feitos; e ficarei s consolados do mal que Eu
contra Mim , cometendo graves transgressões, es- fiz vir sobre Jerusalém , sim, de tudo o que fiz
tenderei a mão contra ela, e tornarei instável o vir sobre ela .
sustento do pão, e enviarei contra ela fome, e eli- 23 Eles vos consolarão quando virdes o seu
minarei dela homens e animais; caminho e os seus feitos; e sabereis qu e não foi
14 ainda que estivessem no meio dela estes sem motivo tudo quanto fi z nela, diz o SENHOR
três homens, Noé, Daniel e Jó , eles, pela sua Deus.

1. Anciãos de Israel. Provavelmente os quando se desejasse fazer uma distinção,


mesmos anciãos d e Judá mencionados em ainda fosse conservada a designação "Judá".
Ezeq uiel 8: I. A nação existente estava se O objetivo da consulta a Ezequiel não é
tornando conhecida como "Israel", embora, mencionado, nem mesmo é expressamente

680
EZEQUIEL 14:9

declarado que os anciãos foram para um a 6. Convertei-vos. As palavras para


consulta. Parece que era costume deles se "convertei-vos" e "apartai-vos" são duas for-
~ !I> assentar diante do profeta, aguardando qual- mas verbais diferentes da mesma raiz, e são
quer mensagem que o Senhor pudesse enviar usadas em combinação para dar ênfase.
(ver Ez 33:31). Os anúncios dos versículos anteriores for-
3. Ídolos. Do heb. gillulim, uma das mam a base para o solene chamado ao ver-
palavras favoritas de Ezequiel (ver com. de dadeiro arrependi mento. Não pode haver
Ez 6:4). A LXX diz dianoemata, "pensamen- esperança para Israel em qualquer reforma
tos [de seus corações]", talvez para expressar meramente externa. A nação tem de tratar
o anseio deles pela idolatria de tempos pas- com o Deus que esquadrinha os corações,
sados. Instruído pelo Espírito, o profeta leu e o único arrependimento aceitável é o que
o coração daqueles que estavam assentados alcança os mais profundos recessos da alma.
diante dele. Provavelmente não estivesse se Apartai-vos. O pronome "vos" foi acres-
referindo à idolatria aberta entre os cativos, centado pelos tradutores. De acordo com o
mas sim à condição pecaminosa e à aliena- contexto, a passagem deveria dizer: "Desviai
ção do coração deles. o rosto".
Tropeço. Do heb. mikshol, "um meio [ou 7. Estrangeiros. Ver Lv 17:10; 20:1, 2; etc.
causa] de tropeço", "um obstáculo", aqui, o Os estrangeiros residentes haviam partilhado
motivo que leva à iniquidade. da luz e dos privilégios confiados a Israel, e
Permitirei [... ]?No hebraico, a enfática seriam considerados igualmente culpados.
repetição do verbo faz com que a pergunta 8. Sinal. Sua punição seria um exemplo
sugira forte resposta negativa. que serviria para impedir que outros seguis-
4. Vindo ele. Esta é a versão do texto sem curso semelhante.
segundo a tradição massorética. O texto he- 9. O profeta. A referência aqui é aos
braico em si é obscuro. Os Targuns dizem: falsos profetas cujas práticas são reprovadas
"por Mim mesmo". Esta ideia é respaldada no cap. 13.
pela forma do verbo "responder", que pode Eu, o SENHOR. Isto é, o Senhor permite
transmitir a ideia reflexiva, mostrando que o que o mau profeta seja enganado no mesmo
Senhor responderá por Si mesmo, e não sentido em que Ele endureceu o coração do
o profeta. "Eu o Senhor, Eu m esmo, res- faraó, ao permitir que a semente da obstina-
ponderei" (NVI). ção brotasse e produzisse frutos (ver com. de
Ninguém pode esperar conhecer plena- Êx 4:21; 1Rs 22:22).
mente o que Deus quer que ele ou ela faça , E o eliminarei. O pecador traz destrui-
a menos que seu coração seja verdadeira- ção sobre si mesmo por sua impenitência
mente submisso à vontade divina. Isto se (ver TS, 120). Quando deixa de dar ouvidos
deve ao fato de que o coração não regene- aos convites, reprovações e advertências do
rado, não controlado pelo Espírito Santo, não Espírito de Deus, a consciência da pessoa
pode entender as coisas de Deus (lCo 2:14). se torna parcialmente cauterizada e, na oca-
Mesmo que a mente carnal fosse instruída, sião seguinte em que for admoestada, se rá
ela iria entender mal, aplicar mal e distor- mais difícil prestar obediência do que antes.
cer as coisas divinas, pois os seres humanos Ela é como alguém que está sucumbindo à
creem apen as no que desejam crer. Deus, doença, mas se recusa a tomar o reméd io.
que nunca coage a vontade humana, permite Contudo, nas Escrituras, Deus, o médico,
que essas criaturas obstinadas se apeguem a muitas vezes é figurativamente descrito como
seus enganos (ver Jo 7:17; 2Ts 2:11, 12). se enviasse também os resultados da doença

681
14: lO COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

sobre os que rejeitam o remédio. Por exemplo, 14. Noé, Daniel e Jó. Esses homens
a Bíblia O representa como se Ele tivesse colo- foram exemplos de uma vida verdadeiramen-
cado um espírito mentiroso na boca dos profe- te justa. Foram íntegros em sua geração (ver
tas para que aconselhassem determinado rei Gn 6:9; Jó l:l ; Dn 1:8; 6:22). O fato de Daniel
a escolher um caminho que, na verdade, ele ser mencionado antes de Jó não justifica a con-
já estava determinado a seguir (l Rs 22: 19-23). jectura de que seja algum Daniel mais anti-
O mesmo ocorreu quando o coração de Saul go, como sugerido por alguns eruditos. Eles
se afastou de Deus e o Espírito do Senhor Se acham que Ezequiel se refere ao Dan'el dos
retirou dele: é dito que o espírito mau que se textos ugaríticos, os quais falam deste perso-
apossou de Saul veio "da parte do SENHOR" nagem como um rei justo, do passado distante,
(lSm 16:14, ARC ). Não se deve considerar que defendia a causa das viúvas e dos órfãos.
isso como se Deus, alguma vez, pudesse ser O fato é que o profeta simplesmente não esta-
o autor do pecado e do engano; o que ocorre va preocupado com a ordem cronológica.
é que, em Seu pl ano, Ele simplesmente não É significativo que ess es três homens
opera o milagre que seria requerido para foram instrumentos para salvar outros. Por
impedir os resultados do pecado. Ele retira amor a Noé, toda a sua família foi poupada
Seu Espírito do coração que O rejeita, entrega (Gn 6:18). Por meio de Daniel, seus compa-
aquela pessoa a seus próprios enganos e per- nheiros foram salvos (Dn 2:18). Jó evitou a
mite que o pecado produza seu inevitável punição de seus amigos por meio de inter-
fruto: a morte. "A tua ruína, ó Israel, vem de cessão (]ó 42:7, 8). Embora pudessem salvar
ti, e só de Mim, o teu socorro" (Os 13:9; ver alguns, eles foram impotentes para salvar a
GC, 36, 37; ver com. de 2Cr 22:8). geraç ão na qual viviam. Noé foi incapaz de
lO. Como a do [... ]. Tanto os falsos salvar a raça ímpia antes do dilúvio, e é pre-
profetas como aqueles que os consultavam sumível que Daniel, embora tivesse um cargo
era m participantes do pecado e considera- elevado na corte babilônica, não tenha conse-
~ .,. dos igualmente culpados. guido influenciar Nabucodonosor a poupar o
11. Não se desvie mais. Um raio de povo de Judá e sua capital. Se os judeus esta-
esperança na escura noite da apostasia: vam coloca ndo alguma esperança na posi-
o povo de Deus a ndaria uma vez mais na ção e influ ência de Daniel, essa espera nça
verdade. Aqui pode ser discernido o obje- foi então desfeita (ver Jr 15:1).
tivo da disciplina: que Isra el fosse levado ao 15. Bestas-feras. A pal avra tradu zida
verdadeiro arrependimento, fosse reunido e como "feras" vem do heb. ra'ah, "más".
recebesse de volta seus antigos privilégios. 16. Esses três homens. A decl a ração
13. Uma terra. O versículo todo pode do v. 14 é repetida aqui e nos v. 18 e 20 com
ser traduzido em sentido con dicional , como pequenas variações (sobre os quatro juízos
na B]: "Se um a terra pecar contra Mim, dos v. 13 , 15, 17 e 19, ver Lv 26:22, 25, 26).
agindo com infidelidad e, e Eu estender a 21. Quatro maus juízos. A presença
Minh a mão contra ela para destruir a su a de hom ens justos não poderia evitar um só
ração de pão, trazendo sobre ela a fom e, desses quatro juízos m e ncionados; quanto
exterminando dela home ns e animais [... ]" menos poderiam fazê -lo em vista de que os
Es te comunicado parece ser dirigido con- quatro cairiam sobre Jer usalém.
tra uma crença corrente entre o povo de que 22. Ficareis consolados. Quando os
Jerusalém seria poupada por amor aos justos que estavam no exílio observassem o com-
qu e es tivesse m nela , como poderia ter ocor- portamento e os atos dos recém-chegados,
rido com Sodoma e Gomorra. sab eriam qu e Deus não havi a feito o qu e

682
EZEQUIEL 15:4

fez em Jerusalém sem motivo. Por outro arrependimento (ver v. 11), ajudaria os cati-
lado, a mudança de atitude por parte de vos a verem que o objetivo dos juízos de Deus
alguns dos que escaparam, evidenciando seu tinha sido a disciplina e não a vingança.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

3, 4 - T5, 164 14, 16 - LA, 298; CBV, 453; 20- PJ, 412; GC , 622
3-5- T2 , 444 T5, 215, 338; T8, 314

CAPÍTULO 15
1 A inutilidade do ramo de videira para qualquer obra
6 representa a rejeição de Jerusalém .

I Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: pelo fogo ou sendo queimado, se faria dele qual-
2 Filho do homem, por que mais é o sarmen- quer obra?
to de videira que qualquer outro, o sarmento que 6 Portanto, assim di z o SENHOR Deus: Como
está entre as árvores do bosque? o sarmento da videira entre as árvores do bosque,
3 Toma-se dele madeira para fazer alguma que dei ao fo go para que seja consumido, assim
obra? Ou toma-se dele alguma estaca , para que entregarei os habitantes de Jerusalém.
se lhe pendure algum objeto? 7 Voltarei o rosto contra eles; ainda que saiam
~ >- 4 Eis que é lançado no fogo , para ser consu- do fogo, o fogo os consumirá; e sabereis que Eu
mido; se ambas as suas extremidades consome o sou o SENHOR, qu ando tiver voltado o rosto con-
fogo , e o meio dele fica também queimado, ser- tra eles.
viria, acaso, para alguma obra? 8 Tornarei a terra em desolação, porquanto
5 Ora, se, estando inteiro, não servia para cometeram graves transgressões, diz o SENHOR
obra alguma, quanto menos sendo consumido Deus.

l. A palavra do SENHOR. O cap. 15 é videira verdadeira, mas apenas madeira, e a


um curto poema que poderia ser intitulado mais inútil de todas elas, a que serve ape-
"A alegoria da vinha". nas como combustível. A Bíblia frequ ente-
2. Por que mais é o sarmento de mente compara Israel a uma videira ou a
videira[ ... ]? No cap. 14, o profet a decl ara uma vinha (ver Sl80:8 -16 ; Is 5:1-7; Jr 2:21;
que Deus não pouparia Jeru salém por amor Os 10:1; Mt 21: 33- 41 ; etc.). Alguns comen-
aos poucos justos que estivessem n ela . taristas acham que a descrição aqui seja a
Aqui , ele elimina completamente outro de uma videira brava.
refúgio no qual o povo aparentemente con - 4. Serviria [... ]? Como madeira, o
fiava . Sua parábola ensina que Israel não sarmento da videira é totalm ente inú-
tem uma superioridade inata sobre outras til. Se em seu es tado perfeito não pode-
nações. O povo não deve coloc ar sua con- ria servir a qualquer propósito útil, quanto
fi ança no fato de que fora especialmente menos es tando p arcialm ente queimada e
escolhido por Deus, pois não era m ais um a destruída?

683
15:6 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

6. Assim entregarei. Neste versículo, sido chamados, deviam ser completamente


está representada a condição imperante na arruinados como nação.
Judeia. Suas extremidades estavam consu- 7. Ainda que saiam do fogo. A frase
midas pelas pilhagens de inimigos estran- diz, literalmente: "Sairão do fogo e o fogo
geiros, e a parte central, onde fic ava a os consumirá." Isto descreve com exatidão
capital, estava pronta para ser destruída . a condição de Israel. A nação já havia sido
Os judeus, tendo falhado completamente consumida em ambas as extremidades, o
em cumprir o propósito divino como tes- meio havia sido chamuscado e logo seria
temunhas de Yahweh, para o qual h aviam completamente entregue ao fogo.

CAPÍTULO 16
1 A condição de Jerusalém é mostrada por meio da alegoria de uma criança
abandonada. 6 O amor de Deus para com ela. 15 Sua prostituição e
35 seu terrível juízo. 44 O pecado exige punição.
60 No final, Deus promete misericórdia.

1 Veio a mim a palavra do SENHOR, di zendo: ti as abas do Meu manto e cobri a tua nudez; dei-
2 Filho do homem, fa ze conhecer a Jerusalém te juramento e entrei em aliança contigo, diz o
as suas abominações; SENHOR Deus; e passaste a ser Minha.

3 e dize : Assim di z o SENHOR Deus a 9 Então, te lavei com água, e te enxuguei do


Jerusalém: A tua origem e o teu nascimento pro- teu sangue, e te ungi com óleo.
cedem da terra dos cananeus; teu pai era amor- lO Também te vesti de rou pas bordadas, e te
reu, e tua mãe, heteia . calcei com couro da melhor qualidade, e te cingi
4 Quanto ao teu nascimento, no dia em que de linho fino, e te cobri de seda.
nasceste, não te foi cortado o umbigo, nem fos te 11 Também te adornei com enfeites e te pus
lavada com água para te limpar, nem esfregada braceletes nas mãos e colar à roda do teu pescoço.
com sal, nem envolta em faixas. 12 Coloquei-te um pendente no nariz, arreca-
5 Não se apiedou de ti olho algu m, para te das nas orelhas e linda coroa na cabeça.
fazer alguma destas coisas, compadecido de ti; 13 Assim , foste ornada de ouro e prata; o
antes, foste lançada em pleno campo, no dia em teu vestido era de linho fino, de seda e de bor-
que nasceste, porque tiveram nojo de ti. dados; nutriste-te de flor de farin ha, de mel e
6 Passando Eu por junto de ti, vi-te a revolver- azeite; eras formosa em extremo e chegaste a
te no teu sangue e te disse: Ainda que estás no ser rainha.
teu sangue, vive; sim, ainda que estás no teu 14 Correu a tua fama entre as nações, por
sangue, vive. causa da tua formosura , poi s era perfeita, por
~ !> 7 Eu te fiz multiplicar como o renovo do causa da Minha glória que Eu pusera em ti, diz
campo; cresceste, e te engrandeceste, e chegas- o SENHOR Deus.
te a grande formosura; formaram-se os teu s seios, 15 Mas confiaste na tua formosura e te entre-
e te cresceram cabelos; no entanto, estavas nua gaste à lascívia, graças à tua fama; e te ofereceste
e descoberta. a todo o que passava , para seres dele .
8 Passando Eu por junto de ti, vi-te, e eis que 16 Tomaste dos teus vestidos e fizeste luga-
o teu tempo era tempo de amores; estendi sobre res altos adornados de diversas cores, nos quais

684
EZEQUIEL 16: l

te prostituíste; tais coisas nunca se deram e ja- 31 Edifica ndo tu o teu prostíbulo de c ulto
mais se darão. à entrada de cada rua e os teus elevados alta res
17 Tomaste as tuas joias de enfeite, que Eu te em cada praça, não fost e sequer como a mere-
dei do M eu ouro e da Minha prata, fizeste está- triz, pois desprezaste a paga;
tuas de homens e te prostituíste com elas. 32 foste como a mulher adúltera, que , e m
18 Tomaste os teus vestidos bordados e as lugar de seu marido, recebe os estranhos.
cobriste; o Meu óleo e o Meu perfume puses- 33 A todas as meretri zes se dá a paga , mas tu
te di a nte delas. dás presentes a todos os teus a mantes; e o fa zes
19 O Meu pão, que te de i, a flor da farinha, o para que venham a ti de todas as partes adulte-
óleo e o mel, com que Eu te sustentava, também rar contigo .
puseste diante delas em aroma suave; e assim se 34 Contigo, nas tuas prostituições, sucede o
fe z, diz o SENHOR Deus. contrário do que se dá com outras mulheres, pois
20 Demais, tomaste a teu s filhos e tuas filhas, não te procuram para prostituição, porque, dando
que Me ge raste, os sacrificaste a elas, para serem tu a paga e a ti não sendo dada, fazes o cont rár io. ~ i)i
consumidos. Acaso, é pequena a tua prostituição? 35 Portan to, ó meretriz, ouve a palavra do
21 M ataste a Meus filhos e os entregaste a SEN HOR.

e las como oferta pelo fogo. 36 Assi m diz o SENHOR Deus : Por se ter exa-
22 Em todas as tuas abominações e nas tuas gerado a tua lascívia e se ter descoberto a t ua
prostituições, não te lembraste dos dias da tua nudez nas tuas prostituições com os teus ama n-
mocidade, quando estavas nua e descoberta, a tes; e por causa também das abominações de
revolver-te no teu sangue. todos os teus ídolos e do sa ngue de teus filh os a
23 Depois de toda a tua maldade (Ai, ai de estes sacrificados,
ti! - di z o SENHOR Deus), 37 eis que ajuntarei todos os teus amantes ,
24 edificaste prostíbulo de culto e fizeste ele- com os quais te deleitaste, como também todos
vados altares por todas as praças. os que amaste, com todos os que aborreceste;
25 A cada canto do caminho, edificaste o ajuntá-los-ei de todas as partes contra ti e des-
teu a lta r, e profanas te a tua formosura, e abriste cobrirei as tuas vergonhas dia nte deles, para que
as pernas a todo que passava, e multiplicaste as todos as vejam.
tuas prostituições. 38 Julgar-te-ei como são julgadas as adúlte-
26 Também te prostituíste com os filhos do ras e as sanguinárias; e te farei vítima de furor
Egito, teus vizinhos de grandes membros, e multi- e de ciúme.
plicaste a tua prostituição, para Me provocares à ira. 39 Entregar-re-ei nas suas mãos, e derriba-
27 Por isso, estendi a mão contra ti e diminuí rão o teu prostíbulo de culto e os teus elevados
a tua porção; e te entreguei à von tade das que te a ltares; despir-te-ão de teus vestidos, tomarão as
aborrecem , as filhas dos filisteus, as quais se en- tuas finas joias e te deixarão nu a e descobert a.
ve rgonhava m do teu ca minho depravado. 40 Farão subir contra ti uma multid ão,
28 Também te prostituíste com os filhos da apedrejar-le-ão e te traspassarão com suas espadas.
Assíria, porqu anto eras insaciável; e, prostituin- 41 Queim arão as tuas casas e executarão juí-
do-te com eles, nem a inda assim te fa rtaste ; zos contra ti, à vista de muitas mulheres; fare i
29 antes, multiplicas te as tuas prostituições cessa r o teu meretrício, e já não darás paga.
na te rra de Canaã até a Caldeia e a inda com isso 42 Desse modo, satisfarei em ti o Meu furor,
não te fartaste. os Meus ciúmes se apartarão de ti , aquietar- Me-ei
30 Quão fraco é o teu coração, di z o SENHOH e jamais Me indignarei.
Deus, faz endo tu todas estas coisas, só próprias 43 Visto que não te lembras te dos dias da tu a
de meretriz descarada. mocidade e Me provocaste à ira com tudo isto,

685
16: 1 COM ENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

eis que ta mbém Eu farei recair sobre a tua cabe- mais justas são elas do que tu; envergonha- te
ça o castigo do te u procedimento, di z o SEN HOR logo também e leva a tua ignomínia , pois justifi -
De us; e a todas as tuas abominações não ac res- caste a tuas irmãs.
centa rás esta depravação. 53 Restaurarei a sorte delas, a ele Socloma e
44 Eis que todo o que usa de provérbios usa rá de suas filh as, a ele Sa ma ri a e ele suas filh as e a
cont ra ti este, di zendo: Tal mãe, ta l filh a. tua própria sorte entre elas,
45 Tu és filha de tu a mãe, que teve nojo de 54 para que leves a tua ignomíni a e sejas en-
seu ma rido e de seus filhos; e tu és irmã de tuas ve rgonhada por tudo o q ue fi zeste, servindo- lh es
irmãs , que ti veram nojo de seus maridos e de seus de consolação .
filhos; vossa mãe foi heteia, e vosso pai, a morreu. 55 Quando tuas irmãs, Sodoma e suas filh as,
46 E tu a irmã, a maior, é Sa maria, que habi- tornarem ao seu prime iro estado, e Sama ria e
ta à tua esquerda com suas filh as; e a tua irmã, suas filh as tornarem ao seu, ta mbém t u e tu as
a menor, q ue habita à tua m ão direita, é Sodoma filhas torn areis ao vosso primeiro estado.
e suas fi] h as . 56 Não usaste como provérbio o nome
47 Todavia, não só andas te nos seus cami- Sodoma, tua irmã, nos di as da tua soberba,
nhos, nem só fi zeste segundo as suas abomina- 57 antes que se descobri sse a tua ma ldade?
ções; mas, como se isto fora mui pouco, ai nda te Agora , te tornas te, como e la, objeto de opróbrio
corrompeste ma is do que e las, em todos os teus das filh as da Síria e de todos os que estão ao redor
caminhos. dela, as filh as dos filisteus que te desprezam.
48 Tão certo como E u vivo, di z o SEN HOR 58 As tuas de pravações e as tuas abomina-
Deus, não fez Sodoma , tua irmã, ela e suas filh as, ções tu levarás, di z o SE , HOR.
como tu fi zeste, e também tuas filh as . 59 Porque assim di z o SENH OR Deus: Eu te ~ ~
49 Eis que esta foi a iniquidacle ele Sodoma, farei a ti com o fizeste, pois desprezaste o jura-
tu a irmã: soberba, fartura de pão e próspera tra n- mento, inva lid a ndo a ali a nça .
quilidade teve ela e suas filh as; mas nunca a m- 60 Mas E u Me lembra rei da ali ança que Fi z
parou o pobre e o necessitado. contigo nos di as da tua mocidade e estabe lece-
50 Fora m arroga ntes e fi zera m abominações rei contigo uma aliança eterna.
di ante de M im ; pelo que, em ve ndo isto, as re- 61 Então, te lembrarás dos te us caminhos e
movi dali . te envergonharás quando receberes as tuas irmãs,
51 Ta mbém Sa maria não comete u me tade ta nto as mais velhas como as mais novas, e tas
de teu s pecados; pois tu multipl icaste as tuas darei por filh as, mas não pela t ua aliança.
a bominações mais elo que elas e assi m justifi- 62 Estabelecerei a M inha a li ança contigo, e
cas te a t uas irm ãs com tod as as abomin ações saberás qu e Eu sou o SEN HOR ,
que fi zes te . 63 pa ra que te lembres e te envergonh es, e
52 Tu, pois, levas a tua ignomínia, tu que nunca mais fale a tu a boca soberbamente, por
advogas te a ca usa ele tuas irm ãs; pelos pecados causa do teu opróbri o, qu and o Eu te houve r per-
que cometes te, mais abomin áveis el o que elas, doado tudo quanto fizeste, di z o SE NHOR Deus.

1. A palavra do SENHOR. Po r m e io de direta . Aque les a que m Ezequie l se dirigia


um a a legoria realista, E zequie l devia fazer e stava m a costumad os com essa ling u agem e
"conhecer a Jerusalém as su as a bo mi nações" não fic a ria m c h ocad os.
(v. 2). Pa rte d a linguage m e mpregad a na a le- 3. Arnorreu [... ] heteia. O sig nifi -
go ria é re pul siva a pessoas disc re tas e que c a do dess a s f rase s p e rm a neceu um mi sté-
não fa lam ele c oisas íntimas de m a n e ira tão rio até anos recentes. C ontudo, d escob e rtas

686
EZEQUIEL 16: lO

arq ueológicas ao longo de décad as lança- impotente e miserável que D eus encontrou
ram mais luz sobre a história primitiva da os hebreus na terra do cativeiro. Pel a opres-
Palestina. Sabe-se que os amorreus habita- são cruel e pela matança das crianças do sexo
ram aquela região des de épocas muito anti- masculino, os egípcios procuravam impedir
gas, e que os heteus, vindos d o norte, se que os filhos de Israel se tornassem mais
infiltraram na Palestina e ocuparam algu- numerosos e mais fortes que eles (Êx 1:9-14).
mas áreas antes que os h ebreus se estabe - D eus, porém , abençoou Seu povo e, apesar
lecessem na terra. Entre os vários povos de do duro cativeiro, ele "se tornou muito forte"
Canaã es tavam os jebuse u s, que viviam n a (Êx 1:20).
antiga cidade d e Jebus , que ficava parcia l- 7. Eu te fiz. A L XX e a Siríaca trazem
mente situada onde, mais tarde, se loca li- um imperativo aqui: "C resce tu como uma
zaria a cidade de Jerusalém. Os primitivos planta no campo."
reis que governaram Jerus a lém antes d a Grande formosura. Literalmente, "or-
ocupação israelita tinham nomes amorreus namento de ornamentos", uma frase obscura.
e h eteus. Foram esse s os antecedentes étni- A Siríaca diz: "chegaste à menarca", indican-
cos de Jer usalém. A linguagem de Ezequiel do, como diz a tradução d a NTLH, que a
é uma afron ta ao povo d e Jerusalém, que se criança abandonada tinha então se tornado
gabava de ser descendente de Abraão, mas uma "moça".
que agia como se d escendesse dos a ntigos 8. Passando Eu por junto de ti. Esta
h abitantes pagãos da terra que, mais tarde, visita é distinta da outra, quando a n ação
veio a constituir Israel. A sem e lhança de era infante no Egito, e Deus a abençoou e a
caráter era muito mais importante do que fez crescer. Ela então chegou à idade d e se
a mera descendência étnica (ver Jo 8 :44). casar, e o Senhor ficou noivo dela (ver Jr 2:2).
4. Quanto ao teu nascimento. Os v. 4 e Estendi sobre ti. Significando a inten-
5 descrevem uma criança jogada num campo ção de conferir à moça a honra do casamento -- ~
após o nascimento, o que constituía prática (ver com. d e Dt 22:30; Rt 3:9). A referência
pagã frequente. Deixada a si mesma, a criança é ao solene evento no Sin ai, quando Yahweh
logo teria perecido. O corte do cordão umbilical entrou em aliança com os hebreus , que se
era necessário para a vida autônoma. Segundo comprometeram a amar, adorar e obedecer
o costume antigo, o recém-nascido era esfre- a Deus , com a exclusão de todos os outros
gado com sal após ser lavado. O s antigos pen- deuses rivais (Êx 19:1-9; 24: 1-8).
savam que isso tornaria a pele m ais firme e 9. Então, te lavei. A lavagem e a unção
menos úmida e a limparia completamente. eram parte dos preparativos para o casa-
O sal também era considerado como porta- mento (ver Rt 3:3; Et 2 :1 2).
dor de propriedades conservativas. A prática de 10. Roupas bordadas. Do heb. riqmah,
envolver o corpo em faixas apertadas é men- que, segundo se crê, significa uma veste
cionada em Lucas 2:7. O período da história de muitas cores. A filha do rei d escrita em
de Israel representado por essa parábola, pro- Salmo 45:14 estava vestida de reqamoth (ver
vavelmente, seja a época de peregrinação no com. ali).
Egito, onde Israel foi estabelecido como nação. Pele de texugo (ARC). Do h e b .
6. Vive. Deus é representado com o um tachash. Além daqui, a palavra só ocorre no
viajante que, ao passar, descobre a criatura Pentateuco (com respeito ao significado, ver
de aparência repugnante e digna de pen a. com. de Êx 25:5; 26:14; etc.)
Apesar da sujeira em que ela se encontra, Ele Seda. Do heb. meshi, palavra que, no AT,
Se apieda dela e lhe salva. Foi nessa condição ocorre apenas aqui e no v. 13. Há dúvidas

687
16:11 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

quanto a referir-se à seda; o material de fato de IRs 4:21), e muitos dos reinos vizinhos se
não pode ser identificado. Ezequiel fala de tornaram vassalos. Este período foi a era de
materiais e artigos de vestuário conhecidos ouro de Israel.
em seus dias, m as o conhecimento incom- 14. Que Eu pusera. O povo é lem-
pleto de sua época deixa indefinidas algumas brado de que a prosperidade e a glória não
das figuras que ele emprega, porém não tanto se deviam a qualquer mérito de sua parte.
a ponto de obscurecer a verdade essencial. Deviam a Deus tudo que desfrutavam.
11. Enfeites. O profeta emprega uma 15. Confiaste na tua formosura.
figura oriental e apresenta os enfeites de Cumpriu-se a previsão de Deuteronômio
uma noiva oriental pertencente à realeza 32:15 (cf. Os 13:6). Elevado à glória no prin-
(sobre "braceletes", ver com. de Gn 24:22; cípio do reinado de Salomão, Israel começou
Nm 31:50 ; Ez 2 3:42; e sobre "colar", ver a confiar em sua grandeza e prosperidade.
Gn 41:42). Perdendo de vista o alto destino de Deus
12. Um pendente. Do heb. nezem, para os hebreus, Salomão começou a tra-
uma "argola" (ver Gn 35:4, etc.) ou "anel" balhar para fazer de Israel um grande e
(Jó 42: 11). A fras e diz, literalmente, "um anel poderoso império entre as nações da Terra.
de nariz em tua narina". Em Isaías 3:21, a Para conseguir isso, fez contratos e alianças
mesma combinação de palavras é traduzida estrangeiras, o que era diretamente contrá-
como "enfeites para o nariz" (NVI). Alguns rio à expressa ordem de Deus. Depois de ser,
acham que a referência seja a joias coloca- segundo as aparências, grandemente bene-
das na lateral do nariz, como ainda usadas ficiado por seu tratado com o rei do Egito,
no Oriente. que foi selado por seu casamento com a
Talvez seja feita a p ergunta: Oferece filha do faraó , Salomão entrou também em
esta passagem permissão para o uso de tais acordos semelhantes com outras nações.
adornos hoje, uma vez que o próprio Deus Mas o engano foi fatal. Suas muitas espo-
ornamentou tão profusamente esta moça? sas introduziram a idolatria em seu reino,
A resposta é n ão. Primeiramente, o inci- até que tanto o rei quanto os súditos pas-
dente é figurativo e a ilustração é extraída saram a se curvar ante deuses estrangeiros.
de uma situação daquela época. Um caso Dessa forma, o próprio meio empregado por
paralelo é o uso que Jesus faz da parábola Salomão para aumentar seu império acabou
do rico e Lázaro, que se centraliza numa causando a queda deste. Os enormes impos-
crença completamente falsa no que diz res- tos exigidos para sustentar a magnificênci a
peito ao estado intermediário dos mortos (ver do reino se tornaram o pretexto para a revolta
PJ, 263). Além disso, muitas coisas sanciona- do povo. A parte do império que abrangia os
das ou permitidas, na época de menos luz do territórios fora da Palestina acabou se desin-
AT, não são mais sancionadas sob a luz mais tegrando, e o reino em si foi dividido.
plena da era evangélica. Exemplos típicos são E te entregaste à lascívia. Um a metá-
a poligamia e o divórcio fácil (ver com. de fora para descrever as alianças estrangeiras,
Dt 14:26). Há passagens que falam contra o que objetivavam conseguir vantagens políti-
uso de joias e de vestuário extravagante para cas e que Deus havia proibido enfaticamente
mulheres cristãs (lTm 2:9, lO; 1Pe 3:3 , 4). (Dt 7:2; Jz 2:2), ou para descrever a substi-
13. Chegaste a ser rainha. Provável tuição do culto ao Deus verdadeiro por outra
referência ao tempo de Davi e de Salomão, forma de adoração. A figura é comum n as
quando o reino de Israel se estendeu desde o Escrituras (ver Êx 34:15, 16; Lv 17:7; Dt 31:1 6; -<1 ~
Eufrates até "a fronteira do Egito" (ver com. Jz 2:17; Is 1:21 ; Jr 2:20; Tg 4:4). A referência

688
EZEQUIEL 16:24

aqui é às várias alianças com os pagãos que como holocaustos (ver p. 419), um crime
Salomão iniciou e à subsequente adoção do desumano e terrível (ver com. de Lv 18:21;
culto idólatra dessas nações. 1Rs 11:7; 2Rs 16:3).
16. Lugares altos. Do heb. bamoth (ver 22. Não te lembraste. Israel é aqui
com. de Ez 6:3). acusado do pecado de ingratidão. A nação
Nunca se deram. O significado da desfrutava grandes privilégios e fora exaltada
última frase deste versículo é obscuro. Ela em suas vantagens. Deus não omitiu nada
diz, literalmente: "não vir e não será". Talvez que ajudasse a assegurar seu sucesso. Por
a tradução da ARA expresse bem o signifi- meio de Isaías, Ele declarou: "Que mais se
cado pretendido: "Tais coisas nunca se deram podia fazer ainda à Minha vinha , que Eu lhe
e jamais se darão." não tenha feito? E como, esperando Eu que
17. Eu te dei. Os v. 17 a 19 trazem a acusa- desse uvas boas, veio a produzir uvas bra-
ção de que Israel havia conferido a outros os vas?" (Is 5:4).
dons que Deus lhe havia dado. Na parábola A Bíblia está repleta de outros exem-
dos talentos (Mt 25:14-30), Jesus enfatizou plos de ingratidão. Encabeçando a lista se
quão sério é o devotar os talentos recebidos encontra o exemplo máximo: o de Adão.
a propósitos egoístas. Deus determina a cada Ele também possuía todas as vantagens.
pessoa uma obra, num lugar especialmente Para sempre será um mistério o fato de
designado. Ele dota a cada um de capacida- como um ser santo pôde se tornar ingrato
des para realizar essa tarefa. Muitos tomam a ponto de pecar contra o Deus que fizera
os dons que lhes foram emprestados, dons planos somente para o seu bem. A história
da saúde, da inteligência, da riqueza e do se encerrará com um registro de ingratidão:
tempo, e os pervertem para fins totalmente nos últimos dias, os homens serão "ingra-
egoístas. Esses são tão culpados e dignos de tos" (2Tm 3: 1-5). Os cristãos devem cui-
censura como o idólatra Israel. Cada pessoa dar para não se tornar mesquinhos em suas
deve se indagar: "Estou fazendo a obra que expressões de agradecimento. Uma propor-
Deus me designou?" ção muito maior de suas orações devia ser
Muitos têm uma visão distorcida do devotada ao louvor dAquele que é a fonte
sucesso. Para eles, somente pessoas que de todas as bênçãos.
atingem certa posição ou determinadas 23. Toda a tua maldade. Até este
realizações é que alcançaram êxito. Mas ponto Ezequiel trata das formas de idolatria
essa não é a definição divina. Aos olhos de cananeias; a partir daqui, ele passa a con-
Deus, somente é considerada bem-sucedida denar as alianças com nações estrangeiras
a pessoa que cumpre a missão peculiar a ela mais distantes e as formas de idolatria des-
designada pelo Céu. Essa missão pode ser sas nações.
muito humilde, e a tarefa, modesta, mas a 24. Prostíbulo de culto. Do heb. gav,
recompensa de maneira alguma há de ser cujo significado é explicado por alguns
menor por causa disso. comentaristas como se referindo a algo ar-
Estátuas de homens. Possivelmente, redondado ou em forma de arco e, portanto,
imagens de Baal. talvez a uma abóbada. Contudo, relevos pro-
20. Sacrificaste. Referência ao culto venientes de Assur indicam que a referência
a Moloque, que foi uma forma de idolatria pode ser a uma plataforma elevada em fren-
comum no último período de Israel (2Rs te a um altar, sobre a qual se fazia relação
16:3; Sl 106:37; Is 57:5; Jr 7:31, 32). Nesta sexual ritual. A LXX diz oileema pornilwn,
forma de culto, crianças eram sacrificadas "casa de prostituição". Em muitas formas de

689
16:26 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

culto da antiguidade, a prostituição assumia 29. Canaã. Do heb. l~ena'an. A palavra


um caráter semírrelígioso. provavelmente não seja usada aqui como
26. Filhos do Egito. Alguns conside- nome próprio, mas em seu sentido secun-
ram uma referência ao caráter licencioso dário de "tráfico" ou "comércio" (ver Is 23:8,
do culto egípcio. Israel buscou repetida- onde l~ena'an é traduzido como "negocian-
mente se aliar ao Egito, especialmente no tes"; cf. Os 12:7; Sf 1:11). Em Ezequiel17:4,
último período da monarquia (1Rs 3:1 ; 9:16; kena'an é aplicada nesse sentido a Babilônia.
10:28; 2Rs 17:4; 18:21; Is 30:1 -5; 31:1-3; 36:6; A frase completa pode ser traduzida como:
Os 7:11). Exatamente nessa época, parte da com Babilônia, "uma terra de comerciantes"
obra de Jeremias consistiu em se opor à ten- (NVI). Babilônia encerra a lista de nações
dência de fazer aliança com o Egito (ver com as quais Israel se prostituiu.
Jr 37:5, 7). As alianças políticas e comerciais 30. Quão fraco. Um a exclamação de
são aqui representadas pela figura da prosti- censura à ansiedade provocada pela lascívia.
tuição (ver Is 23:17; Na 3:4). Os pecados frequentemente repetidos enfra-
De grandes membros. Uma figura sem quecem a natureza moral até que o poder
eufemismos que representa o poder do Egito da vontade é destruído. A pessoa se torna
~ .. e a força dos soldados egípcios (ver Ez 23:20). então escrava da concupiscência. O evange-
27. Diminuí a tua porção. Deus pre- lho de Jesus Cristo é plenamente poderoso
tendia que esta fosse uma medida disciplinar para transformar tais corações endurecidos
para fazer com que a esposa infiel se cons- pelo pecado. Quando o ser humano permite
cientizasse do pecado. Os seres humanos são ao poder divino entrar em sua vida, a von-
propensos a se esquecer de que todas as bên- tade enfraquecida pode uma vez mais se for-
çãos temporais vêm de Deus. Ele faz o sol talecer e a fibra moral pode se desenvolver.
nascer sobre justos e ímpios. Pelo exercício 31. Prostíbulo de culto. Ver com. do
imediato de Seu poder é que toda semente v. 24.
brota para a vida, e a terra produz seus gene- Desprezaste a paga. Uma prostituta
rosos dons para o sustento. Deus planejava recebe sua paga, mas Israel dava presentes
que, pela remoção dessas bênçãos, o povo se a seus amantes, contrariamente ao procedi-
lembrasse de sua completa dependência dEle. mento normal (v. 31-34). Estrategicamente
Filisteus. Desde o tempo dos juízes, situada na grande es trada entre as nações
os filisteus foram inimigos persistentes de rivais Egito e Assíria, Israel poderia, com
Israel. Foram subjugados por Davi, mas se propriedade, ter exigido um preço por sua
tornaram um problema novamente durante o aliança. Em vez disso, pagava alto preço pela
período dos últimos reis (2Rs 18:8; 2Cr 26:7; ajuda dessas nações e, assim, comprava a
28:18). Frequentemente eram assunto de pro- própria ruína (ver 2Rs 16:8, 9; cf. Os 12: 1).
nunciamentos proféticos (Is 9:12; Jr 25:20; 35. Ouve a palavra. Após apontar o
47:1, 4; Ez 25:15, 16; Am 1:6-8; 3:9; Ob 19; pecado de Judá, o profeta começa a pronun-
Sf 2:5; Zc 9:6). ciar seu castigo, e continua com a mesma
Envergonhavam. A ironia era que os linguagem figurativa.
filisteus se apegaram a seus deuses e não 36. Lascívia. Do heb. nechosheth.
os trocaram por outros, como fez Israel (ver Segundo algumas autoridades, esta pala-
Jr 2:10, 11). vra é derivada do acadiano nu!;shu, "abun-
28. Filhos da Assíria. Tanto Judá (2Rs dância" ou "riqueza" (NVI), e, em sentido
16:7) como Israel (Os 5:13) fizeram aproxi- pejorativo, "extravagância". Outros a deri-
mações com a Assíria. vam do acadiano na[Jshatu, "menstruação",

690
EZEQUIEL 16:47

da qual "imundícia", empregada pela KJV, é vida na forma de ditados curtos e vigorosos.
um eufemismo. O correspondente moderno do provérbio
Sangue de teus filhos. O infanticí- seria: "Tal pai, tal filho". O ditado quer dizer
dio praticado no culto a Moloque (ver com. que Israel, apesar de ter se orgulhado de
do v. 20). uma ascendência superior, na verdade não
37. Todos os teus amantes. Isto é, era melhor que seus antecessores heteus (ver
as nações vizinhas com quem Israel havia com. do v. 3).
se aliado. 45. Tiveram nojo de seus maridos.
38. Adúlteras. Sob a antiga lei judaica, A identificação destes maridos é obscura.
a penalidade para homicídio, adultério e Alguns conjecturam que Deus representa a Si
sacrifício a Moloque era a morte (Êx 21:12 ; mesmo como o marido, não apenas de Israel,
Lv 20:1-5, lO). A pena capital era aplicada mas também de outras nações. Também no
por apedrejamento (ver Lv 20:2; cf. Jo 8:5). caso delas a idolatria seria apostasia con-
A acusação de derramamento de sangue tra Deus, que lhes deu uma revelação de Si
pode aqui se estender, além do infanticídio mesmo. Por direito, Deus é o Deus do mundo
ligado aos sacrifícios a Moloque, e incluir todo, e não apenas de Israel. Ele exige a leal-
também outros crimes, assassinatos e homi- dade da humanidade, primeiramente porque
cídios judiciais. criou o ser humano, e depois porque deu a
39. Prostíbulo de culto. Ver com. do todos uma medida de revelação suficiente
v. 24. para uma adoração inteligente. Jesus é "a ver-
40. Apedrejar-te-ão. A aplicação da dadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a
pena capital por adultério (ver com. do v. 38). todo homem" (Jo 1:9; cf. Rm 1:20; At 14:1 7).
Segundo a regra, a penalidade devia ser exe- 46. Tua irmã, a maior. Várias tradu-
cutada pela congregação (Nm 15:36) ou pelos ções usam as palavras "mais velha" e "mais
homens da cidade (Lv 20:2) . Neste caso, a nova" ou "mais moça" (NTLH, NVI, BJ).
"congregação" ou "multidão" representa o Cronologicamente, Sodoma não era mais
exército dos caldeus. nova que Jerusalém, nem Samaria era mais
41. Queimarão as tuas casas. Com velha. A atribuição das respectivas idades
respeito ao cumprimento literal desta pre- às duas irmãs se deve, provavelmente, ao
dição, ver 2 Reis 25:9 e Jeremias 52:13. Há fato de as palavras para "mais velha" e "mais
uma mistura aqui do figurativo com o literal; nova" serem, literalmente, "maior" e "menor"
a casa da adúltera será destruída , e as casas (ARA). Samaria é chamada "mais velha" por-
de Jerusalém serão queimadas. que era maior e mais forte; e Sodoma era
Muitas mulheres. As nações pagãs, chamada "mais nova" porque tinha uma
segundo a analogia de Jerusalém como uma população comparativamente menor.
12 ~ esposa infiel. À tua esquerda. Isto é, ao norte. Os
42. Satisfarei. A figura é de um marido orientais descreviam as posições geográficas
ciumento que executa a punição da esposa a partir da posição de quem está de frente
adúltera. A retribuição termina como um para o leste. Assim, Samaria, ao norte, estava
fogo que se apaga após ter consumido o com- à esquerda.
bustível. Como indica a sequência (v. 53, À tua mão direita. Sodoma, ao sul,
60-63), os juízos não seriam definitivos, mas estava à direita. Poeticamente, ela é repre-
a punição teria caráter corretivo. sentada como se ainda existisse.
44. Tal mãe. Um exemplo da tendên- 47. Pouco. Do heb. me'at qat. A pri-
cia oriental de expressar experiências de meira palavra hebraica significa "pouco"

691
16:49 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

ou "pequeno"; a segunda é de derivação inde- Céu por pecados de omissão. Na parábola,


finida. Alguns a comparam com a palavra Jesus ordena aos que estão à Sua esquerda -oi ~
etíope quati"t, "pequeno". A frase hebraica tam- que se apartem, não por causa de graves
bém pode significar "pouco tempo". A ideia, pecados exteriores, mas por causa da negli-
então, seria que "em pouco tempo, você se tor- gência de simples gestos de amor (Mt 25:41-
nou mais imoral do que elas" (NTLH). 46). Esse ensino está em harmonia com a
O maior pecado teria de ser entendido declaração do apóstolo: "Portanto, aquele que
no sentido de mais culpa por ter tido mais sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso
oportunidade. Esta foi a ideia de Cristo está pecando" (Tg 4: 17).
quando repreendeu a falta de fé das pes- Os pecados de Samaria não são mencio-
soas de Seu tempo, declarando: "Menos nados , provavelmente porque suas abomina-
rigor haverá para Sodoma e Gomorra, no ções eram então recentes e não precisavam
Dia do Juízo, do que para aquela cidade" de menção, enquanto a história de Sodoma
(Mt 10:15). Peca mais quem o faz contra havia se encerrado mais de um milênio antes.
mais luz. O castigo mais terrível virá sobre 50. Vendo isto. A frase pode ser assim
os que tiveram as maiores oportunidades, traduzida: "conforme o que vi" ou "conforme
mas abusaram das misericórdias de Deus e o vi". Deus primeiramente faz uma inspeção
desprezaram as advertências divinas. A luz (ver Gn 18:21) e depois pune de acordo com
acumulada de todas as eras brilha em nos- os atos. Esta obra é análoga à do juízo final,
sos dias. As pessoas que negligenciam as quando será feita uma cuidadosa investiga-
bênçãos e oportunidades de hoje trazem ção dos registros de todas as pessoas antes
sobre si mais culpa do que as de qualquer de serem determinadas as recompensas e
era anterior. A ira de Deus nas sete últi- punições (2Co 5:10).
mas pragas está reservada para os que toma- 5 I. Justificaste a tuas irmãs. Esta
rem uma decisão contra Cristo no tempo de frase deve ser entendida comparativamente.
mais esclarecimento, quando a mensagem Diante de Judá, Sodoma e Samaria pare-
do terceiro anjo se avolumar num alto cla- ciam inocentes, embora não fossem, é claro,
mor e toda a Terra for iluminada pela gló- absolvidas por causa disso. As pessoas fre-
ria de Deus (Ap 18:1-4). Os pecadores das quentemente justificam o próprio comporta-
eras anteriores sofrerão apenas a ira que mento imperfeito comparando-se com outras
virá após o milênio. que afirmam ser mais pecadoras. Tal atitude
49. Soberba. O profeta não menciona leva à ruína. Elas devem se comparar apenas
os crimes antinaturais comumente asso- com um padrão: o caráter perfeito de Cristo.
ciados ao nome de Sodoma. Parece ata- 53. Restaurarei a sorte. Literalmente,
car as causas em vez de os atos exteriores. "mudarei o cativeiro", que aqui, figurativa-
A prosperidade sempre se demonstra peri- mente, significa voltar ao estado anterior,
gosa para a virtude; e a "tranquilidade" ou uma vez que não houve nenhum cativeiro
"ociosidade" (ARC) leva à tentação e a todo para Sodoma. Este texto apresenta um pro -
tipo de pecado. Moisés advertiu previamente blema, já que Sodoma e suas filhas (as cida-
Israel contra esses perigos (Dt 6:10-12; cf. Jr des adjacentes) haviam perecido com seus
22:21; Os 13:6). Na enumeração dos peca- habitantes havia séculos, sem deixar descen-
dos , se inclui um negativo: "nunca ampa- dentes (Gn 19:25; Jd 7). Como, então, podia
rou o pobre e o necessitado". As pessoas ser efetuada uma restauração? Possivelmente,
geralmente se preocupam com pecados de Sodoma seja aqui usada simbolicamente para
comissão, mas é igualmente fácil perder o se referir aos povos vizinhos, como amonitas

692
EZEQUIEL 16:60

e moabitas, descendentes de Ló, o sobrevi- terra, o cumprimento foi adiado até a era
vente de Sodoma. O plano salvífico de Deus evangélica, quando a permanência da aliança
abarca todas as nações. Mas a linguagem foi assegurada , n ão m ais em base nacional,
aqui é altamente figurada, e o propósito da mas individual. Contudo, a permanência
comparação é "pô-los em ciúmes" (Rm 11:11). maior oferecida por ocasião do retorno dos
Judá é mencionada, na restauração, em ter- exilados nunca foi aceita. <e ~
ceiro lugar. A Bíblia apresenta duas alianças básicas:
54. Servindo-lhes de consolação. a eterna (que, mais tarde, se tornou conhe-
O fato de que essas irmãs , desprezadas por cida como a nova) e a antiga . O fato de não
Jerusalém, iriam partilhar da restauração se definir o termo "aliança" e de não se fazer
seria motivo adicional de humilhação. a distinção correta entre a antiga e a n ova
55. Quando. Ou, "e", já que o hebraico alia nça deu lugar a muitos mal-entendidos.
tem apen as a conjunção simples. Sodoma A aliança e terna é simplesmente a provisão
e Samaria são mencionadas antes, não do de Deus para a salvação da raça humana.
ponto de vista cronológico, com o se fossem Para propósitos práticos, a expressão é sinô-
voltar primeiro no caso de a aplicação ser lite- nima do termo "plano da redenção". Esta
ral (ver com. do v. 53), mas sim do ponto de aliança foi feita com Adão no Éden e, mais
vista do argumento de que a menção delas tarde, foi renovada com Abraão (ver PP, 370).
poderia fazer com que a arrogante Judá se E la representava a execução de um plano
arrependesse. por meio do qual o ser humano poderia ser
56. Como provérbio. L iteralmente, restaurado à posição p erd ida. O pecador
"como um conto", provavelmente no sentido precisava de perdão pa ra sua transgressão.
de reprovação ou provérbio. O perdão se tornou possível por meio da obra
57. Síria. Vários manuscritos e a Siríaca qu e o Filho de D eus realizou em Sua encar-
dizem "E dom". Os dois nomes têm grafia seme- nação, vida e morte. O caráter do p ecador
lhante no hebraico (ver com. de 2Sm 8:12). precisava ser novamente colocado em h armo-
Talvez a passagem se refira à alegria de Judá nia com a imagem divina. Para tanto foi pro-
diante do infortúnio da Síria ou de Edom . metido o poder divino, que, quando aceito
59. Invalidando a aliança. Israel que- pelo homem, expulsa o pecado e incorpora
brara a aliança feita no Sinai, na qual Deus à vida os traços justos de caráter.
ofereceu ao povo o privilégio de ser Sua "pro - Essa aliança, ou o plano da salvação, foi
priedade peculiar" (Êx 19:5). Eles devia m feita com Ad ão, mas se aplica igualmente
ser os depositários dos oráculos sagrados aos seres humanos de todas as eras. No NT,
e deviam propagar o conhecimento da lei a mesma aliança se tornou conhecida como
de Deus, primeiramente por meio de uma nova aliança, simplesmente porque sua vali-
demonstração da verdade em sua vida e, dação por meio do sacrifício de Cristo veio
então, através do testemunho ativo. Mas eles após a validação da antiga aliança ocorrida
falharam em ambos (ver p. 17-20). no Sinai.
60. Uma aliança eterna. Embora Israel A antiga aliança foi feita no Sinai. Por que
tivesse sido desleal e quebrado a aliança, sua essa aliança se tornou n ecessária se já exis-
infidelidade n ão pôde alterar a fidelidade de tia uma provisão adequada para a salvação?
De us. Ele estava disposto a entrar num novo A intenção divina nunca foi de que a antiga
relacionamento de aliança assim que eles se aliança tomasse o lugar da aliança e terna,
arrependessem. Infelizmente, por causa da nem que fosse um meio alternativo de salva-
contínua infidelidade do povo que restou na ção. Um exame do contexto histórico ajuda a

693
16:61 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

esclarecer o objetivo dela. Durante a escra- prestar uma obediência externa aos requisitos
vidão no Egito, os israelitas perderam muito divinos . Falharam as tentativas divinas para
do conhecimento de D eus e de Seus requi- mostrar a necessidade de um novo coração
sitos. A reeducação deles levaria tempo, pois e da graça para tornar tal obediência possí-
as verdades espirituais só são compreendi- vel. Salvo por exceções individuais, tal ati-
das gradualmente: só após a apreensão de tude continuou ao longo de todo o período do
uma verdade é que se torna possível a aqui- AT, apesar dos repetidos apelos dos profetas
sição de outra. Deus começou Sua instrução para que o povo entrasse em relacionamento
no Sinai, informando ao povo que o objetivo com Deus (com respeito à nova aliança, ver
de Seu plano era colocar a vida deles em Jr 31:31-34; Hb 8:8-13; PP, 370-3 73).
h armonia com Seu caráter. Contudo, o pro- 61. E te envergonharás. A nação de
pósito foi declarado objetivamente: "Agora, Judá seria humilhada e aprenderia por meio
pois, se diligentemente ouvirdes a Minha dos próprios infortúnios. Mas, fin almente,
voz e gu ardardes a Minha aliança, então, seria levada a compreender os propósitos
sereis a Minha propriedade peculiar dentre de Deus.
todos os povos; porque toda a terra é Minha; As mais velhas. O plural mostra que a
vós Me sereis reino de sacerdotes e nação referência é não apenas a Samaria e Sodoma,
santa" (Êx 19:5, 6) . Na época, os israelitas mas que estão incluídas todas as nações que
compreendiam pouco do que estava envol- aceitassem a nova aliança .
vido nisso. Concordaram com a declaração Tua aliança. A referência provavelmente
ampla dos objetivos e responderam : "Tudo seja à interpretação errônea de Judá sobre a
o que o SENHOR falou faremos" (Êx 19:8). aliança original de Deus, cujo alcance, con-
Era pla no de Deus partir desse ponto e ins- forme o plano do Senhor, devia se estender
truir o povo com respeito a como esses objeti- ao mundo todo, mas de cujos benefícios os
vos poderiam ser alcançados. Gradualmente, judeus excluíram todas as outras nações.
à medida que fossem capazes de compreen- 63. Para que te lembres. O perdão
der, Ele lhes desdobraria todos os detalhes da de Deus não apaga a recordação do passado
aliança eterna (ver Ellen G. White, Material pecaminoso. A vergonha que acompanha tal
Suplementar sobre Êx 19 :3-8). recordação é uma salvaguarda necessária
Infeli zmente, parece que os israelitas para a nova experiência. Isso também con- ..,. ~
nunca foram além da primeira lição em ter- serva a consciência da grandeza da salvação
mos de instrução espiritual. Captaram a ideia (ver PR, 78).
da necessidade de obediência; haviam apren- Quando Eu te houver perdoado. Do
dido essa filosofia no Egito. Portanto, bus- heb. belwpperi, da raiz hafar, que é usada
cavam o favor de Deus esforçando-se para tecnicamente no AT para "expiação".

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

8, 13-15- CC, 381 CPPE, 279; Ed, 209; 49, 50 - PP, 156; T4 , 96
32 - CC, 382 TI, 395; T2, 371 ; 62, 63- PJ, 161
49- OC, 466; CS, 629; TS, 232

694
EZEQUIEL 17:1

CAPÍTULO 17
1 A parábola das duas águias e da videira 11 mostra o juízo de Deus sobre
Jerusalém por se revoltar contra Babilônia e se aliar ao Egito.
22 Deus promete plantar o cedro do evangelho.

l Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Babilônia a Jerusalém, e tomou o seu rei e os seus
2 Filho do homem, propõe um enigma e usa príncipes, e os levou consigo para a Babilônia;
de uma parábola para com a casa de Israel; 13 tomou um da estirpe real e fez aliança com
3 e dize: Assim diz o SENHOR Deus: Uma ele; também tomou dele juramento, levou os po -
grande águia, de grandes asas, de comprida plu- derosos da terra,
magem, farta de penas de várias cores, veio ao 14 para que o reino ficasse humilhado e não
Líbano e levou a ponta de um cedro. se levantasse, mas, guardando a sua aliança, pu-
4 Arrancou a ponta mais alta dos seus ramos desse subsistir.
e a levou para uma terra de negociantes; na ci- 15 Mas ele se rebelou contra o rei da
dade de mercadores, a deixou. Babilônia, enviando os seus mensageiros ao
5 Tomou muda da terra e a plantou num Egito, para que se lhe mandassem cavalos e muita
campo fértil; tomou-a e pôs junto às muitas gente. Prosperará, escapará aquele que faz tais
águas, como salgueiro. coisas? Violará a aliança e escapará?
6 Ela cresceu e se tornou videira mui larga, 16 Tão certo como Eu vivo, diz o SENHOR
de pouca altura, virando para a águia os seus Deus, no lugar em que habita o rei que o fez
ramos, porque as suas raízes estavam debaixo reinar, cujo juramento desprezou e cuja alian-
dela; assim, se tornou em videira, e produzia ça violou, sim, junto dele, no meio da Babilônia
ramos, e lançava renovos . será morto.
7 Houve outra grande águia, de grandes asas 17 Faraó, nem com grande exército, nem com
e de muitas penas; e eis que a videira lançou numerosa companhia, o ajudará na guerra, levan-
para ela as suas raízes e estendeu para ela os tando tranqueiras e edificando baluartes, para
seus ramos, desde a cova do seu plantio, para destruir muitas vidas.
que a regasse. 18 Pois desprezou o juramento, violando a
8 Em boa terra, à borda de muitas águas, es- aliança feita com aperto de mão, e praticou todas
tava ela plantada, para produzir ramos, e dar fru- estas coisas; por isso, não escapará.
tos, e ser excelente videira. 19 Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Tão
9 Dize: Assim diz o SEN H OR Deus: Acaso, certo como Eu vivo, o Meu juramento quedes-
prosperará ela? Não lhe arrancará a águia as raí- prezou e a Minha aliança que violou, isto farei
zes e não cortará o seu fruto, para que se sequem recair sobre a sua cabeça.
todas as folhas de seus renovos? Não será neces- 20 Estenderei sobre ele a Minha rede, e fi-
sário nem poderoso braço nem muita gente para cará preso no Meu laço; levá-lo-ei à Babilônia e ... :;:;
a arrancar por suas raízes. ali entrarei em juízo com ele por causa da rebel-
lO Mas, ainda plantada, prosperará? Acaso, dia que praticou contra Mim.
tocando-lhe o vento oriental, de todo não se seca- 21 Todos os seus fugitivos, com todas as suas
rá? Desde a cova do seu plantio se secará. tropas, cairão à espada, e os que restarem serão
ll Então, veio a mim a palavra do SENHOR, espalhados a todos os ventos; e sabereis que Eu,
dizendo: o SENHOR, o disse.
12 Dize agora à casa rebelde: Não sabeis o que 22 Assim diz o SENHOR Deus: Também Eu
significam estas coisas? Dize: Eis que veio o rei da tomarei a ponta de um cedro e a plantarei; do

695
17:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

principal dos seus ramos cortarei o renovo toda sorte, e à sombra dos seus ramos se ani-
mais tenro e o plantarei sobre um monte alto e nharão aves de toda espécie.
sublime. 24 Saberão todas as árvores do campo que
23 No monte alto de Israel, o plantarei, e Eu, o SENHOR, abati a árvore alta, elevei a baixa,
produzirá ramos, dará frutos e se fará cedro sequei a árvore verde e fiz reverdecer a seca;
excelente. Debaixo dele, habitarão animais de Eu, o SENHOR, o disse e o fiz.

1. A palavra do SENHOR. Outra comu- tenha sido removido devido às tendências


nicação distinta, mas que pertence à mesma pró-Egito. Esperava-se que Zedequias, um
série de profecias que começou com a visão vassalo de Babilônia, permanecesse fiel a
dos cap. 8 a 11. Os v. 12 a 24 permitem fixar seu senhor.
a data da profecia como sendo o tempo em 6. Videira mui larga. Foi permitido ao
que Zedequias procurava o auxílio do Egito estado judaico, sob o governo de Zedequias,
contra Nabucodonosor. se tornar um reino frutífero e próspero,
2. Enigma. Do heb. chidhah, termo embora dependente. Zedequias havia jurado
usado também nos Salmos 49:4; e 78:2; reconhecer a Nabucodonosor como suserano
ambas as passagens unem as palavras para (2Cr 36:13). Nabucodonosor, sem dúvida,
"enigma" e "parábola", da mesma forma que esperava que Israel, sendo um reino flores-
este versículo de Ezequiel. cente, servisse como um tipo de para-choque
3. Uma grande águia. Literalmente, entre ele e a nação do Egito, que tinha ambi-
"a grande águia". Segundo o v. 12, o símbo- ções imperialistas.
lo representa o rei de Babilônia (cf. Jr 48:40; 7. Outra grande águia. O faraó Hofra,
49:22). também chamado Ápries (v. 15; cf. Jr 44:30).
Líbano. Poeticamente, o termo repre- Para ela. Embora tivesse jurado leal-
senta Judá. Talvez o fato de um dos palácios dade a Babilônia (2Cr 36:13; cf. Ez 17:14),
de Salomão se chamar "a Casa do Bosque do Zedequias buscou traiçoeiramente a ajuda
Líbano" (IRs 7:2; 10:17, 21) tenha sugerido do Egito. Jeremias se esforçou para dissuadir
este simbolismo. o rei de fazer essa aliança (]r 37:7).
4. A ponta mais alta dos seus ramos. 9. Acaso prosperará ela? Subentende-se
Do heb. tsammereth, palavra que ocorre uma resposta negativa. As propostas de
somente aqui, no v. 22 e em Ezequiel31:3, lO aliança com o Egito resultariam na total des-
e 14. A etimologia é incerta, mas se presume truição de Judá.
que signifique o topo da árvore. A referên- 10. Vento oriental. Um símbolo apro-
cia é a Joaquim, que N abucodonosor levou priado dos babilônios, que habitavam ao leste
cativo para Babilônia (2Rs 24:12). da Palestina. O vento leste ou oriental é notó-
De negociantes. Do heb. kena'an, rio por seu efeito destruidor sobre as plantas
geralmente transliterado como "Canaã", mas (Jó 27:21; Ez 19:12; Os 13:15; Jn 4: 8).
aqui usado em seu sentido secundário rela- 11. Então. Esta forma de expressão
cionado a comércio (ver com. de Ez 16:29). sugere um intervalo antes que fosse dada a
A "terra de negociantes" representa Babilônia explicação da parábola. Durante esse tempo,
(Ez 17:12). a parábola devia ser um enigma para o povo,
5. Muda da terra. Isto se refere aZede- despertando-lhe a curiosidade e fazendo com
quias, que Nabucodonosor tornou rei em que ficasse mais atento enquanto o profeta
lugar de Joaquim. É possível que Joaquim expusesse o significado da mesma. A verdade

696
EZEQUIEL 17:24

sempre encontra um campo mais frutífero Além disso, sendo o Senhor o árbitro da his-
numa mente inquiridora. tória, era Seu plano que os judeus nesse mo-
12. O que significam estas coisas. mento se submetessem ao jugo de Babilônia
O profeta dá uma interpretação formal da (Jr 27:12) .
~ .. paráb ola (v. 12-17). A "casa reb elde", sem 20. Estenderei [... ] Minha rede. Este
dúvida, incluía aqueles dentre os exilados versículo é quase idêntico, na primeira parte,
em Tel-Abibe que esperavam o sucesso da a Ezequiel 12:13 (ver com. ali).
aliança com o Egito e a resultante queda do 22. Também Eu tomarei. Uma promes-
poder de Babilônia. sa de restauração futura. O próprio Yahweh
Veio. Com respeito à interpretação, ver tomaria um renovo do cedro e o plantaria
com. dos v. 3-10. "sobre um monte alto e sublime" de Israel.
15. Cavalos. Da 18a dinastia em diante, A predição se refere ao Messias.
os carros passaram a ser o equipamento mili- Monte. Ver Ez 20 :40; cf. Is 2:2-4 ;
tar padrão dos exércitos egípcios (ver com. Mq 4:1-3.
de Êx 14:7; 1Rs 10:28, 29; cf. 2Cr 12:2, 3; 23. Aves de toda espécie. Representando
Is 31:1; 36:9). os vários habitantes da Terra (cf. Mt 13:32),
Escapará [... ]? A traição de Zedequias pessoas de "cada nação, e tribo, e língua, e
em violar o juramento de fidelidade, bem povo". Por meio de um remanescente, Deus
como suas outras grandes impiedades, não planejava realizar o propósito original no cha-
podiam ser passadas por alto (sobre a santi- mado de Israel. A instrução religiosa devia
dade de um juramento, ver Js 9; 2Sm 21:1 , 2). proceder de Sião, e o reino espiritual devia se
16. Será morto. Ver com. de Ez 12:13. estender pelo mundo. O fracasso do remanes-
17. Nem [...] o ajudará. Isto é, não fa rá cente de Israel tornou necessário o chamado
qualquer coisa vantajosa ou proveitosa para para a igreja cristã (ver 1Pe 2:9; cf. Dt 10:15).
ele. Segundo uma correção sugerida para o Seus membros, reunidos a partir de cada
texto, a frase teria o sentido de não conse- nação, tribo, língua e povo, deviam constituir
guir salvá-lo (ver BJ). a nova nação por meio da qual Deus alcança-
Levantando tranqueiras. Ou, "quando ria o mundo (Mt 21:33 -46).
levantarem tranqueiras", isto é, os caldeus 24. Todas as árvores. Isto é, as nações
(ver NTLH). O texto sugere que o faraó vizinhas. Elas testemunhariam a restaura-
levantaria tranqueiras e edificaria baluartes. ção da nação de Israel e reconheceriam que
18. Com aperto de mão. Isto é, como todo o poder vem Deus , que, de form a silen-
sinal de compromisso. ciosa e paciente, executa os propósitos de
19. Meu juramento. O Senhor designa Sua vontade. Deus designa uma tarefa para
o juramento e a aliança feitos para com Nabu- cada nação e para todo indivíduo. A todos é
codonosor como sendo Seus, sem dúvida por- permitido ocupar um lugar para cumprir o
que foram feitos em Seu nome (2Cr 36:1 3). propósito divino (ver Ed, 178; PR, 535, 536).

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

15-18 - PR, 451 22, 23 - PR, 599

697
18: l COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

CAPÍTULO 18
1 Deus reprova a parábola das uvas verdes. 5 Ele mostra como lida com um pai justo,
1O com o filho perverso de um pai justo, 14 com um filho justo de um pai perverso,
19 com um homem perverso que se arrepende e 24 com um homem justo que
se desvia. 25 E le defende Sua justiça 31 e exorta ao arrependimento.

1 Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: 14 Eis que, se ele gerar um filho que veja
2 Que tendes vós, vós que, acerca da terra de todos os pecados que seu pai fez, e, vendo-os,
Israel, proferis este provérbio, dizendo: Os pais não cometer coisas semelhantes,
comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é 15 não comer carne sacrificada nos altos, não
~ ,. que se embotaram? levantar os olhos para os ídolos da casa de Israel e
3 Tão certo como Eu vivo, diz o SENHOR não contaminar a mulher de seu próximo;
Deus, jamais direis este provérbio em Israel. 16 não oprimir a ninguém, não retiver o pe-
4 Eis que todas as almas são Minhas; como nhor, não roubar, der o seu pão ao faminto, cobrir
a alma do pai, também a alma do filho é Minha; ao nu com vestes;
a alma que pecar, essa morrerá. 17 desviar do pobre a mão, não receber usura
5 Sendo, pois, o homem justo e fazendo juízo e juros, fizer os Meus juízos e andar nos Meus
e justiça, estatutos, o tal não morrerá pela iniquidade de
6 não comendo carne sacrificada nos altos, nem seu pai ; certamente, viverá.
levantando os olhos para os ídolos da casa de Israel, 18 Quanto a seu pai, porque praticou extor-
nem contaminando a mulher do seu próximo, nem são, roubou os bens do próximo e fez o que não
se chegando à mulher na sua menstruação; era bom no meio de seu povo, eis que ele morre-
7 não oprimindo a ninguém, tornando ao de- rá por causa de sua iniquidade.
vedor a coisa penhorada, não roubando, dando o 19 Mas dizeis: Por que não leva o filho a ini-
seu pão ao faminto e cobrindo ao nu com vestes; quidade do pai? Porque o filho fez o que era reto
8 não dando o seu dinheiro à usura, não rece- e justo, e guardou todos os Meus estatutos, e os
bendo juros, desviando a sua mão da inju stiça e praticou, por isso, certamente, viverá .
fazendo verdadeiro juízo entre homem e homem ; 20 A alma que pecar, essa morrerá ; o fi lho
9 andando nos Meus estatutos, guardando os não leva rá a iniqu idade do pai, nem o pai, a ini-
Meus juízos e procedendo retamente, o tal justo, quidade do filho; a justiça do justo ficará sobre
certamente, viverá, diz o SENHOR Deus. ele, e a perversidade do perverso cairá sobre este.
10 Se ele gerar um filho ladrão, derramador 21 Mas, se o perverso se converter de todos os
de sangue, que fizer a seu irmão qualquer des- pecados que cometeu, e guardar todos os Meus
tas coisas estatutos, e fizer o que é reto e justo, certamen-
11 e não cumprir todos aqueles deveres, mas, te, viverá; não será morto.
antes, comer carne sacrificada nos altos, conta- 22 De todas as transgressões que cometeu
minar a mulher de seu próximo, não haverá lembrança contra ele; pela justiça que
12 oprimir ao pobre e necessitado, praticar praticou, viverá.
roubos, não tornar o penhor, levantar os olhos 23 Acaso, tenho Eu prazer na morte do per-
para os ídolos, cometer abominação, verso?- di z o SENHOR Deus ; não desejo Eu, antes,
13 emprestar com usura e receber juros, por- que ele se converta dos seus caminhos e viva?
ventura, viverá? Não viverá . Todas estas abomi- 24 Mas, desviando-se o justo da sua justiça
nações ele fez e será morto; o seu sangue será e cometendo iniquidade, fazendo segundo todas
sobre ele. as abominações que faz o perverso, acaso, viverá?

698
EZEQUIEL 18:2

De todos os atos de justiça que tiver praticado não 29 No entanto, di z a casa de Israe l: O cami-
se fará memóri a; na sua transgressão com que trans- nho do Senhor não é direito. Não são os Meu s
grediu e no seu pecado que cometeu, neles morrerá. caminhos direitos, ó casa de Israel? E não são os
25 No entanto, dizeis: O caminho do Senhor vossos caminhos tortuosos?
não é direito. Ouvi, agora, ó casa de Israel: Não 30 Portanto, Eu vos julga rei, a cada um se-
é o Meu caminho direito? Não são os vossos ca- gundo os seus caminhos, ó casa de Israel, di z o
minhos tortuosos? SEN HOR Deus. Convertei-vos e des viai-vos de
26 Desviando-se o justo da sua justiça e todas as vossas tra nsgressões; e a iniquidade não
cometendo iniquidade, morrerá por causa dela; vos servirá de tropeço.
na iniquidade que cometeu, morrerá. 31 Lançai de vós todas as vossas tra nsgres-
27 Mas, convertendo-se o perverso da perver- sões com que transgredistes e criai em vós cora-
sidade que cometeu e praticando o que é reto e ção novo e espírito novo; pois, por que morreríeis,
justo, conservará ele a sua alm a em vida. ó casa de Israel?
28 Pois se considera e se converte de todas 32 Porque não tenho prazer na morte de nin-
as transgressões que cometeu, certamente, vive- guém, diz o SENHOR Deus. Portanto, convertei-
@.,. rá; não será morto. vos e vivei.

L A palavra do SENHOR. Inicia-se uma mandamento, de que as iniquidades dos pais


nova seção, que trata da responsabilid ade são visitadas nos filhos (Êx 20 :5; 34:7; Dt
individual. Ezequiel havia repetidamente 5:9). Então, por que Ezequiel o condenou de
enfatizado a certeza dos juízos vindouros, maneira tão veemente? A declaração mencio-
esperando levar o povo ao arrependimen to. nada por Ezequi el e a da lei trata m de dois
M as este propósito salutar foi fru strado pela aspectos diferentes do problema. Os contem-
man eira como esses juízos foram interpreta - porâneos de Ezequiel in sistiam qu e estavam
dos . As pessoas se consideravam filhos ino- sofrendo por culpa de seus pais. A lei fa la
centes qu e sofriam pela iniquidade dos pais, que os pais tran smitem a depravação para os
e que, consequentemente, o arrependimento filhos. "É inevitável que os filhos sofram as
era desnecessário e inútil. Não estavam incli- consequências das más ações dos pais, m as
nadas a reconhecer a culpa pessoa l ou a res- não são castigados pela culpa deles, a não ser
ponsabilidade individual. que participem de seus pecados" (PP, 306).
2. Proferis este provérbio. O fato de O pecado depravou e degradou a natu-
a frase ser chamada de "provérbio" indica reza de Adão e Eva. Era impossível que os
que era popular. O tempo do verbo hebraico pais da raça hum a na transm itissem para a
mostra que as palavras eram repetid as com posteridade aquilo que eles próprios não
frequência. Jeremias se referiu ao mesmo possuíam (GC, 533). Portanto, nós , co mo
provérbio e o condenou (Jr 31:29, 30). As seus descendentes, sofremos o resultado da
uvas verd es que os pais comeram repre- transgressão de nossos antepassados , m as
sen tavam seus próprios pecados. O fato de não através de uma imputação a rbitrári a da
os dentes dos filhos se embotarem repre- culpa deles. Neste último caso, poderia ser
sentava o sofrim ento que os judeu s ac ha- defendida a ac usação de injusti ça. Mas , no
vam que viera sobre eles em consequência prim eiro caso, o elemento de injustiça é eli-
do pecado dos pais. Superficialmente pode min ado pela observação de que o único pro-
parecer que es te provérbio es teja em har- cedimento alternativo possível te ria sido a
moni a com o que é declarado no segundo aniquilação da fa mília humana no momento

699
18:4 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

do primeiro pecado. A prática do plano da penetraram no pensamento judaico e cristão.


salvação envolvia a necessidade de perpe- A palavra traduzida como "alma" (nefesh) não
tuar a vida dos primeiros pais, embora tal se refere a qualquer parte imortal do homem ,
perpetuação fosse permitir a operação da lei nem mesmo ao princípio que dá vida ao ser
da hereditariedade. Contudo, a situação era humano. É equivalente a "ser humano", "pes-
justa em vista de ter sido instituído o plano soa " ou a "· . eJesn1 se re fere ao ser
SI mesmo "N·f.
da salvação, pois este fazia provisão para hum ano como um indivíduo singular, dife-
a libertação total dos apetites pervertidos, rente de todos os outros. Quando essa identi -
degradação moral, doença e degeneraç ão dade peculiar é enfat izada, a Bíblia se refere
física, qu e são transmitidos como legado de à pessoa como uma "a lm a" (sobre nefesh, ver
pai para filho. Proporcionava também vitó- com. do Sl 16:10). Ezequiel está declarando:
ria, nesta vida, sobre tendências herdadas e "A pessoa que pecar, esta morrerá."
cultivadas para o mal. O efeito benéfico fina l 5. Juízo e justiça. Ver Mq 6:8 .
será não somente a salvação de incontáveis 6. Não comendo carne sacrificada
multidões, mas a imunidade eterna contra nos altos. Deus condenou a participação
qualqu er transgressão futura . Os compatrio- em festividades pagãs (Ez 16:16; 22 :9; cf.
tas de Ezequiel deixaram de compreender Dt 12:2).
essa verdade e acusavam falsamente a Deus Levantando os olhos. É provável que
de infligir-lhes a punição por um pecado em a expressão signifique o desejo de partici-
que não tinham responsabilidade. par da idolatria (ver Gn 19:26; Mt 5:28-30).
4. Todas as almas são Minhas. Elas Contaminando. Ver Êx 20: 14; Lv 20:10.
são de Deus por direito de criação. Todos os Nem se chegando. Ver Lv 18:19; 20:18.
seres huma nos são igualmente Suas criatu- 7. A coisa penhorada. Ver Êx 22:26;
ras, e Seu trato para com eles é sem precon- Dt 24:6, 13.
ceito ou parcialidade. Ele ama e deseja salvar Dando o seu pão. Uma virtude fre-
a todos , e o castigo só é apli cado quando quentemente estimul ada e exaltada (ve r ]ó
necessário. 31:16-22; Is 58 :5-7; Mt 25:34-46; Tg 1:27;
A alma que pecar. Embora Ezequiel 2: 15, 16).
estivesse fa lando primaria mente dos juí- 8. Usura. Juros, não só os exorbitantes,
zos prestes a cair, suas palavras têm apli ca- mas os de qualquer tipo. A lei mosaica proi-
ção mais ampla. Di zem respeito igualmente bia aos judeus cobrar juros de seus irm ãos
à segunda morte, irrevogável e definitiva "empobrecidos", mas permiti a que os cobras-
(Ap 20:14; cf. Mt 10:28). No universo restau- sem do estrangeiro (ver com. de Êx 22:25;
~ ~~- rado de Deus, todos os vestígios do pecado ver Dt 23:19, 20).
terão sido removidos. Não restará nenhuma Fazendo verdadeiro juízo. Ver Is 33: 15;
lembrança da maldição, como almas quei- Jr 7:5; Zc 7:9. Deus requ er absoluta justi-
mando eternamente num inferno. O triunfo ça, verdade e integridade de todos os Seus
de Deus sobre o mal será completo. A ideia filhos.
de que será concedida aos ímpios a vida 9. Certamente, viverá. Ezequiel, sem
eterna , ainda que em tormentos, é inteira- dúvida , pretendia que esta s palavras se apli-
mente contrá ria às Escrituras. Esta doutrin a cassem primariamente à prosperidade tem-
repousa sobre a falsa premissa de que a alma poral, mas elas se apli cam igualmente à
é uma entidade separada e indestrutível. Tal vida futura e imortal. A vida eterna é rece-
ideia, porém, é derivada, não da Bíblia, mas bida quando a pessoa aceita a Cristo. Jesus
dos falsos conceitos filosóficos que cedo disse: "Quem crê em Mim tem a vida eterna"

700
EZEQUIEL 18:22

(Jo 6:47; cf. lJo 5:11, 12). "Cristo tornou-Se Ezequiel discute essa objeção, mas repete a .. ~
uma mesma carne conosco, a fim de poder- lei da responsabilidade individu al. No pen-
mos nos tornar um espírito com Ele. É em samento judaico, o indivíduo era considera-
virtude dessa união que havemos de ressur- do parte de uma nação ou de uma família.
gir do sepulcro - não somente como mani- O novo ensino de Ezequiel era, na verdade ,
festação do poder de Cristo, mas porque, precursor de um dos conceitos bás icos da
mediante a fé, Sua vida se tornou nossa" nova a li ança. Sob a antiga aliança (ver com.
(OTN, 388). de Ez 16:60), as pessoas criam que a salva-
10. Ladrão. Os v. lO a l3 descrevem ção estava baseada num a ligação externa
o caso de um filho que, em vez de seguir o com o sistema central de culto. O sacerdo-
bom exemplo de seu piedoso pai, adota con- te era o intérprete da lei divina, e o indi-
duta diretamente oposta, abandona a virtude víduo, em vez de pesquisar as Escrituras
e passa a cometer crimes. por si m esmo, dep endia da interpretação
14. Não cometer coisas semelhan- dos líderes religiosos. Sob a nova aliança,
tes. Os v. 14 a 18 descrevem o caso de um é declarado explicitamente: "E não ensi-
filho que, chocado com os pecados do pai, é nará jama is cada um ao seu próximo, nem
influenciado a evitar a maldade que aquele cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao
praticava. Neste caso, o pai comeu "uvas ver- Senhor; porque todos Me conhecerão, desde
des" e os dentes do filho não se embotaram o menor deles até ao maior" (Hb 8: ll; c f.
(ver v. 2). Demonstra-se diretamente, assim, Jr 31:34). Todos teriam acesso direto a Deus.
que a parábola é falsa. Cada pessoa será jul- Não mais deveriam ir a Jerusalém adorar
gada de acordo com seu caráter. por meio de cerimônias externas, mas ado -
Não obstante, é verdade que o filho de rariam a Deus em espírito e em verdade
um homem justo pode ter certas vantagens , (Jo 4:21-24). Deus requer justiça e miseri -
e o filho de um pai ímpio tem certas des- córdia para com o próximo e humildade para
vantagens, no que diz respeito à formação com Ele (Mq 6:8).
do caráter. A responsabilidade da pessoa é 20. Alma. Ver com. do v. 4.
diretamente proporcional aos privilégios (ver 21. Se o perverso se converter.
Lc 12:48). Uma vez que o evangelho tem o Passa-se a considerar a mudança no cará-
poder para a vitória sobre tendências her- ter individual, primeiramente no caso de
dadas e cultivadas para o mal, o efeito de um hom em perverso que se arrepende e
uma hereditariedade desfavorável pode ser faz justiça (v. 21-23, 27, 28) e, então, no
cancelado, pelo menos no que diz respeito à caso de um justo que cai na perversidade
aquisição do caráter exigido por Deus. Uma (v. 24-26).
vez que todos têm o privilégio de receber o 22. Não haverá lembrança. Ezequiel
evangelho, ninguém poderá apresentar ao aqui se torna um pregador do evangelho. Seu
Juiz, no último dia, a desculpa subenten- tema é a justificação pela fé. Os p ecados
dida na parábola das "uvas verdes" e achar não são mais mencionados co ntra o peca-
que ela é válida. Quem se perder não terá dor, porque , por meio do arrependim ento
razão para acusar senão a si mesmo por ter e da confissão, foram completamente pe r-
sido excluído do Céu. doados. Todos eles foram colocados sobre
19. Por que não leva o filho [... ]? Jes us , que Se tornou o substituto e fiador do
A indagação se origina do fato de a parábola pecador. E o Senhor, por Sua vez, "lança a
aparentemente contradizer o ensino da lei, obediência de Seu Filho a crédito do peca -
a operação da natureza e a opinião popular. dor", e "a justiça de Cristo é aceita em lugar

701
18:23 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

do fracasso humano; e Deus recebe, perdoa no dia do juízo (PP, 357, 358 ; ver também
e justifica a pessoa arrependida e crente, GC, 483-485 ).
trata-a como se fosse justa, e ama-a tal qual 25. Direito. Do heb. talwn, "tes tar", mas
ama Seu Filho" (MEl, 367). Estas são as cujo significado, na form a verbal encontrada
maravilhos as provisões do plano da salvação. aqui, é "ser ap rovado", "estar em ordem",
A pessoa é aceita diante de Deus como se "estar direito". O povo ainda insistia que
nun ca houvesse pecado (ver CC, 67). Assim, Deus não ag ia de acordo com leis unifor-
te ndo -se e ntregado inteiramente a Deus, ela mes, e que Seus cam inhos eram marcados
não mais precisa ficar ansiosa quanto ao que pelo capricho. Em respos ta, o profeta reafir-
Cristo e o Pai pensam dela , mas quanto ao mou a equidade dos juízos divinos (v. 25-29).
que Deus pe nsa de Cristo, o substit uto (ver 30. Convertei-vos e desviai-vos. Os
ME2, 31-36) v. 30 a 32 constituem um apelo baseado nos
23. Tenho Eu prazer[ ... ]? Ver lTm 2:4; princípios da justiça de Deus para com os
2Pe 3:9. A ac usação de qu e o Senhor não é homens. Quando é dado o conselho "criai
justo e direito em Seu trato com as pessoas é em vós coração novo e espírito novo" (v. 31),
respondid a pela afirmação de que Deus não o profeta não quer dizer que o ser humano
tem prazer na morte do ímpio, mas deseja pode se salvar por seu próprio pod er, mas
que todos se co nvertam e vivam. Além que há uma parte que ele desempenh a na
disso , Ele proporcionou oportunidades a obra da salvação. Deus não pode fa zer nada
tod os. É com o mais forte apelo que Ele pela pessoa sem se u consentimento e coope-
ple iteia com todo pecador para se desliga r ração (ver OTN , 466). O significado do arre- <~ ~
do pecado a fim de qu e não seja destruído pendimento não é tão clara mente expresso
com ele no final. pela raiz heb. shuv, como pela grega meta-
24. Não se fará memória. No caso noia. A palav ra no português também não
el e o justo apos tatar, o livro memori al que transmite tudo o que es tá envolvido nes ta
registra todos os bons atos não é levado e m experiência espiritual. A ideia básica de shuv
con ta no juízo. Ele recebe a retribuição de é "voltar". De acordo com essa definição,
acordo com sua longa lista de pecados. Não os seres humanos volta m de seus pecados
so mente são computados os pecados dos (ver CC , 26). A pa lavra rnetanoia é co m-
qu ais ele não se arrepende u, mas ta mbém posta de du as palavras. A primeira , meta,
aqueles para os qu ais já havia recebido per- significa "depois", e a segunda, naus, signi-
dão . Qu ando se separa de Deus, a pessoa fica "mente". O significado res ultante é ter
rejeita o amor e perdão divinos e, conse- depois um a mente diferente.
quente me nte, fica "separada de Deus e na O pecado tem sua sede na mente. A pes-
mesma co ndição em que estava antes de ser soa precisa decid ir praticar o ato pecaminoso
perdoa da". Ela "desmentiu seu a rrependi- antes de a paixão domin ar a razão. A rai z
mento, e os pecados sobre ela es tão como do pecado é, ent ão, uma inclinação men-
se n ão se tivesse arrependido" (PJ, 251). tal que faz com que o ser humano escolha
Às vezes, é erroneamente afirm ado que, o mau caminho. A solução para o problema
qua ndo um peca do é perdoado, é im edia- é corrigir a disposição básica. É isso que o
tame nte apagado. Assim como, no cerimo- arrependimento tem o objetivo de realizar.
nial típico, o sa ngue "removia do penitente É preciso que ocorra uma mudança no pen-
o pecado", mas o deixava "no santuário até samento. Uma vez que Deus nunca coage a
ao Dia da Exp iação", os pecados do arrepe n- vontade, esse ato precisa ser voluntário, mas
dido "serão eliminados elos livros do Cé u" o Espírito Santo é concedido para auxiliar no

702
EZEQUIEL 19: l

processo. É completamente impossível que "Arrependei-vos, e cada um de vós seja bati-


o indivíduo, por si mesmo, rea li ze a tran s- zado" (At 2:38).
formação. M as, quando ele escolhe fazer Uma compreensão adequad a do verd a-
a mudança e em sua grande necessidade deiro significado do arrependimento em sua
clama a Deus, as faculdades da mente são relação com a confissão é essenci al à exp e-
imbuídas do poder divino, e a propensão da riência espiritual bem su cedida. A razão pela
mente é corrigida. qual muitos cristãos caem tão repetid amente
O verdadeiro arrependimento, então, é no mes mo erro é que nunca permitiram ver-
uma função da mente . Inclui um exame dadeiramente qu e o Espírito Santo mudasse
compl eto da situação para descobrir que seu pensamento básico com respeito àquele
fatores levaram à queda, e também um pecado; nunca consideraram seriamente
estudo quanto a como erros semelhantes seus pecados, para descobrir como, at ravés
podem ser evitados no futuro. O arrepen- da graça capacitadora de Deus, pod eria m
dimento é o processo pelo qual o pec ado é ter completa vitória sobre eles.
expulso da vida. Qu ando ocorre o arrependi- Não vos servirá de tropeço. Os israe-
mento pelo pecado, este pode ser confessado litas fizeram a acusação de que Deus e ra
e será perdoado. A confissão sem o arrepen- injusto e que causava a ruína deles. De us
dimento, porém, não tem sentido. Deus não declarou que a ruína foi causada pelo pecado,
pode perdoar pecados que ainda estão ati- escolhido voluntariamente pelo pecador (ver
vos no coração. Esta é a razão pela qual a T5 , 120). Talvez o pecador não reconheça
ênfase básic a da Bíblia é sobre o arrepen- hoje a justiça dos caminhos de Deus ; m as
dimento e não sobre a confissão. O ensino naquele terrível momento em qu e ele esti-
fundamental de Jesus era: "Arrependei-vos, ver diante do Jui z de toda a Terra, brotará de
porque está próximo o reino dos céus" (Mt seus lábios o reconhecimento de qu e os cami-
4:17; Me 1:15). O conselho de Pedro foi: nhos de Deus são justos (ver CC , 668, 669).

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

4, 20 - PE, 51; FEC, 197; 24 - CC, 483 31 - T2, 225


CC, 533; LS, 48; HR, 25 - T5, 631 31, 32- PR, 127
388; Tl, 39, 530 25, 26 - PJ, 251 32 - CC, 58
23 - PR, 127; T5, 631 30-32- T5, 631

CAPÍTULO 19
1 Uma lamentação pelos príncipes de Israel, através da parábola dos filhotes
de leão apanhados numa cova; 1O e por Jerusalém, através
da parábola de uma vinha devastada.

I E tu leva nta uma lamentação sobre os prín- os seus filhotes .


cipes de Israel 3 Criou um dos seus filhotinhos, o qual veio
2 e dize: Quem é tua mãe? Uma leoa entre a ser leãozinho, e aprendeu a apanhar a presa , e
leões, a qual , deitada entre os leõezinhos, criou devorou homens. <f ~

703
19:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

4 As nações ouviram falar dele, e foi ele apa- 10 Tua mãe, de sua natureza, era qual videi-
nhado na cova que elas fi zeram e levado com gan- ra plantada junto às águas; plantada à borda , ela
chos para a terra do Egito. frutificou e se encheu de ramos, por causa das
5 Vendo a leoa fru strada e perdida a sua es- muitas águas.
perança , tomou outro dos seus filhotes e o fez 11 Tinha ga lhos fortes para cetros de domina-
leãozinho. dores; elevou-se a sua estat ura entre os espessos
6 Este, andando entre os leões, veio a ser um ramos, e foi vista na sua altura com a multidão
leãozin ho, e aprendeu a apanhar a presa, e de- deles.
vorou homens. 12 Mas foi arrancada com furor e lançada
7 Aprendeu a fazer viúvas e a tornar deser- por terra, e o vento oriental secou-lhe o fr uto;
tas as cidades deles; ficaram estupefatos a terra quebraram-se e secaram os seus fortes ga lhos, e
e seus habitantes , ao ouvirem o seu rugido. o fogo os consumiu .
8 Então, se ajuntaram contra ele as gentes 13 Agora, está plantada no deserto, numa
das províncias em roda, estenderam sobre ele a terra seca e sedenta.
rede, e foi apanhado na cova que elas fizeram. 14 Dos galhos dos seus ramos saiu fogo que
9 Com gancho, meteram-no em jaula , e o le- consumiu o seu fruto, de maneira que já não há
varam ao rei da Babilônia, e fizeram-no entrar nela ga lho forte que sirva de cetro para domi-
nos lugares fortes, para que se não ouvisse mais nar. Esta é uma lamentação e ficará servindo
a sua voz nos montes de Israel. de lamentação.

1. Lamentação. Do heb. qinah, "cântico 4. Ouviram falar. Uma mudança da


fún ebre", "cântico de lamentação" ou "elegia" forma verbal hebraica permite a tradução
(ver vol. 3, p. 3). "soaram um alarme" (RSV).
Príncipes. Joac az e Joaqui m (ver com. Ganchos. Do heb. chachún, "espin hos"
dos v. 3 e 5). A LXX diz "príncipe", em har- ou "ganchos", como os que eram colocados
monia com o singular "tua" (v. 2). no nariz dos cativos ou dos anima is. A estes
2. Tua mãe. A mãe representa Jerusalém eram presas cordas com o propósito de guiar
(ver Gl 4:26) ou, talvez, toda a com uni- as vítimas (ver 2Rs 19:28; Is 37:29; Ez 38:4) .
dade n acional (sobre a figu ra do leão, ver Do Egito. Ver 2Rs 23:33, 34; 2Cr 36:4.
Gn 49:9 ; Nm 23:24; 24:9). Israel, personifi- 5. Outro dos seus filhotes. Identificado
cado como uma leoa, se deitou entre os leõe- pelos deta lhes do v. 9 como Joaq uim. O rei-
zinhos, isto é, os outros reinos do mundo, as nado intermediário de Jeoaquim (2Rs 23:34
nações gentias; assumiu seu lugar na famí- a 24:6) é passado por alto.
lia das nações . 6. Devorou homens. Ver com. do v. 3.
3. Um dos seus filhotinhos. Jeoacaz, 7. Viúvas. Do h eb. 'almenoth. Se este é
o filho de Josias , tamb ém conhecido como realmente o sign ificado pre tendido, a refe-
Salum (lCr 3:15; Jr 22:11; ver com. de rência seria ao ato de causar dano às viúvas,
2Rs 23:30, 32), que foi levado cativo para a quem o rei devia proteger. Os Targuns e a
o Egito (ver v. 4). versão grega de Teodócio traduzem a palavra
Devorou homens. Jeoacaz voltou como se fosse 'annenoth, "fortale zas" (NV I;
as costas às reformas de seu pai Josias "palácios", ARC e BJ).
(2Rs 23:1-25), e fez o que era mau p erante o 9. Ao rei da Babilônia. Joaqu im havia
Senhor (2Rs 23:32; sobre a figura de "devo- reinado cerca ele três meses quando Jerusalé m
rar homens", ver Ez 22:25, 27) . foi conquistada por Nabucodonosor, que o

704
EZEQUIEL 19:14

levou cativo para Babilônia e o colocou na 11. Cetros. Do heb. mattoh, uma forma
prisão (2Rs 24:8-17). Ele estava lá no tempo plural, mas a forma singular matteh ocorre
em que foi dada esta profecia. Anos mais nos v. 12 e 14. A LXX traz o singular no
tarde, foi libertado (2Rs 25:27-30). v. 11 também (ver NVI). Se o autor tinha em
10. De sua natureza. Do heb. bevamlza, mente o plural aqui, a referência seria aos
"no teu sangue" (ver ACF). Esta é uma frase príncipes da casa real; se tinha em mente o
obscura para a qual não se encontra signifi- singular, seria a Joaquim.
cado satisfatório. A tradução da ARA é uma 12. Arrancada. Isto se refere ao cati-
interpretação do texto. Alguns sugeriram a veiro e à deportação de Joaquim e de parte
interpretação "em tua vida", "em teu vigor", do povo (2Rs 24:10-16).
considerando a seiva da videira como sendo 13. Terra seca e sedenta. Isto é, Babilô-
o sangue. Outros sugeriram que a palavra nia. A figura é de uma videira removida de solo
no hebraico seria tidrneh, da raiz damah, rico e transplantada para solo seco e estéril.
"ser semelhante a". A tradução da frase 14. Saiu fogo. O ato de Zedequias se
~ "' seria, então: "A tua mãe era semelhante a revoltar contra Nabucodonosor fez com que
uma videira" (ver BJ). Esta é também a tra- aquele monarca entrasse com seu exército na
dução dos Targuns. A LXX, evidentemente Judeia, tomasse Jerusalém e levasse os judeus
seguindo um texto diferente, diz: "como uma cativos para Babilônia (2Rs 25: 1-17; ver com.
flor na romãzeira". Dois manuscritos hebrai- de Ez 17:11-21). Desta forma, foi posto um
cos dizem: "sua vinha" (ver NVI). fim à videira e a seus ramos.
Videira. É introduzida uma nova alego- Esta é uma lamentação. A assolação
ria, na qual Israel é comparado a uma flo- era somente parcial. A destruição completa
rescente videira. seria motivo para mais lamento.

CAPÍTULO 20
1 Deus Se recusa a ser consultado pelos anciãos de Israel. 5 Recapitula a história da
rebelião deles no Egito, 10 no deserto e 27 em sua terra. 33 Promete
reuni-los por meio do evangelho. 45 Mostra a destruição de
Jerusalém com a parábola de uma floresta.

1 No quinto mês do sétimo ano, aos dez dias 5 e dize-lhes: Assim diz o SENHOR Deus: No
do mês, vieram alguns dos anciãos de Israel para dia em que escolhi a Israel, levantando a mão,
consultar ao SENHOR; e assentaram-se diante jurei à descendência da casa de Jacó e Me dei
de mim. a conhecer a eles na terra do Egito; levantei-
2 Então, veio a mim a palavra do SENHOR, lhes a mão e jurei: Eu sou o SENHOR , vosso
dizendo: Deus.
3 Filho do homem, fala aos anciãos de Israel 6 Naquele dia, levantei-lhes a mão e jurei
e dize-lhes: Assim diz o SENHOR Deus: Acaso, tirá-los da terra do Egito para uma terra que lhes
viestes consultar-Me? Tão certo como Eu vivo, tinha previsto, a qual mana leite e mel, coroa
diz o SENHOR Deus, vós não Me consultareis. de todas as terras.
4 Julgá-los-ias tu, ó filho do homem, julgá-los- 7 Então, lhes disse: Cada um lance de si as
ias? Faze-lhes saber as abominações de seus pais abominações de que se agradam os se us olhos,

705
20: l COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

e não vos contamineis com os ídolos do Egito; Eu guardeis os seus juízos, nem vos contamineis com
sou o SENHOR , vosso Deus. os seus ídolos.
8 M as rebelaram-se contra Mim e não Me 19 Eu sou o SEN H OR, vosso De us; anda i
qui sera m ouvir; ninguém lançava de si as abo- nos Meus estatutos, e gua rdai os Meus juízos,
min ações de que se agradavam os seus olhos, e praticai-os ;
nem abandon ava os ídolos do Egito. Então, Eu 20 santificai os Me us sábados , pois servirão
di sse que derramaria sobre eles o Meu furor, de sinal entre Mim e vós , para que saibai s que
para cumprir a Minha ira contra eles, no meio Eu sou o SE N H OR , vosso Deus.
da terra do Egito. 21 Mas também os filhos se re belara m con-
9 O que fiz, poré m, foi por a mor do Meu tra Mim e não andaram nos Meus estatutos, nem
nome , pa ra que não fosse profanado diante das guardaram os Meus juízos, os qua is, cumprindo-
nações no meio das quais eles estava m, di ante os o homem, viverá por eles; antes, profana ram
da s quais Eu Me dei a conhecer a eles, pa ra os os Meus sá bados. Então, Eu di sse que derrama-
tirar da terra do Egito. ria sobre eles o Meu furor, para cumprir contra
lO T irei-os ela terra do Egito e os leve i para eles a Minh a ira no deserto.
o deserto. 22 Mas detive a mão e o fi z por amor elo Meu
11 Dei-lhes os Meus estatutos e lhes fi z nome, para que não fo sse profa nado di a nte das
conhecer os Me us juízos, os quais, cumprindo- nações perante as qu ais os fi z sair.
os o homem , viverá por eles. 23 Ta mbém levantei-lhes no deserto a mão
12 Ta mbé m lhes dei os Meus sá bados, para e jurei espalh á- los entre as nações e derramá-
servirem ele sina l entre M im e eles, para que sou- los pelas terras;
bessem que Eu sou o S EN HOR que os santifica. 24 porque não executara m os Meus juízos, re-
13 M as a casa de Israel se re belou contra jeitaram os Meus estatutos, profanaram os Me us
Mim no deserto, não andando nos M eus es- sábados, e os se us olhos se iam após os ídolos de
tat utos e rejeitando os Meus juízos, os quais, seus pais;
cum prindo-os o homem , viverá por eles; e pro- 25 pelo que também lh es dei es tatutos que
fanaram grandemente os Meus sábados. E ntão, não eram bons e juízos pelos quais não haviam
E u di sse que derramaria sobre e les o Meu furor de viver;
~ I> no deserto, para os consumir. 26 e permiti que eles se conta minassem com
14 O que fi z, porém, foi por amor do Meu seus don s sac rificiais, como quando queimava m
nome, para que não fosse profa nado dia nte das tudo o que abre a madre, para horrorizá-los, a fim
nações pera nte as quais os fiz sair. ele que soubessem que Eu sou o SEN HOR .
15 Demais, levantei-lhes no deserto a mão e 27 Porta nto, fa la à casa de Israel, ó filh o do
jurei não deixá-los entrar na terra que lhes tinh a homem , e di ze-lhes: Assim di z o SENHOR Deus:
dado, a qu al mana lei te e mel, coroa ele todas Ainda ni sto Me blasfemaram vossos pai s e trans-
as terras. grediram contra Mim.
16 Porque rejeitaram os Meus juízos, e não 28 Porque, have ndo-os Eu introduzido na terra
andara m nos Me us estatutos, e profa naram os sobre a qual Eu , leva ntando a mão, jurara dar-lha,
Meus sábados, pois o seu coração andava após onde quer que via m um outeiro alto e uma árvore
os seus ídolos. frondosa, aí ofereciam os seus sacrifícios, apresen-
17 Não obstante, os Meus olhos lhes p er- tava m suas ofertas provoca ntes, punham os seus
doa ram , e Eu não os destruí, nem os consumi suaves aromas e derramavam as suas libações.
de todo no deserto. 29 Eu lhes di sse: Qu e alto é este, aonde vós
18 Mas di sse Eu a seus filh os no deserto: ides? O seu nome tem sido Lugar Alto, até ao
Não andeis nos estatutos de vossos pais, nem dia de hoje.

706
EZEQUIEL 20:1

30 Portanto, dize à casa de Israel: Assim diz 40 Porque no Meu santo monte, no monte
o SENHOR Deus: Vós vos contaminais a vós mes- alto de Israel, di z o SENHOR Deus, a li toda a casa
mos, à maneira de vossos pais, e vos prostituís de Israel Me serv irá, toda, naquela terra ; ali Me
com as suas abominações? agradarei deles, ali requererei as vossas ofertas
31 Ao oferecerdes os vossos dons sacrificiais , e as primícias das vossas dádivas , com todas as
como quando queimais os vossos filhos, vós vos vossas coisas santas.
contaminais com todos os vossos ídolos, até ao 41 Agradar-Me-ei de vós como de aroma
dia de hoje. Porventura, Me consultaríeis, ó casa suave, quando E u vos tirar de ntre os povos e
de Israel? Tão certo como Eu vivo, di z o SENHOR vos congregar das terra s em que andais espa-
Deus, vós não Me consultareis. lhados; e serei santificado e m vós perante as
32 O que vos ocorre à mente de maneira ne- nações.
nhuma sucederá ; isto que di zeis: Seremos como 42 Sabereis que Eu sou o SENHOR, qua ndo
as nações, como as outras gerações da terra , ser- E u vos der entrada na terra de Israel, na te rra
vindo às árvores e às pedras. que, levantando a mão, jurei dar a vossos pais .
33 Tão certo como Eu vivo, diz o SENHOR 43 Ali, vos lembrareis dos vossos caminhos
De us, com mão poderosa, com braço estendido e de todos os vossos feitos com que vos conta mi -
e derramado furor, hei de reinar sobre vós; nas tes e tereis nojo de vós mesmos, por todas as
34 tirar-vos-ei dentre os povos e vos congre- vossas iniquidades que tendes cometido.
garei das terras nas quais andais espalhados , 44 Sabereis que Eu sou o SEN HOR , quan-
com mão fort e, com braço estendido e derrama- do Eu proceder para convosco por amor do M eu
do furor. nome, não segundo os vossos maus caminhos ,
35 Levar-vos-ei ao deserto dos povos e ali en- nem segundo os vossos feitos corruptos, ó casa
trarei em juízo convosco, face a face . de Israel, diz o SE NHOR Deus.
36 Como e ntrei em juízo com vossos pais, no 45 Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
deserto da terra do Egito, assim entrarei em juízo 46 Filho do homem , volve o rosto para o Sul
convosco, diz o SENHOR Deus. e derrama as tuas palavras contra ele; profetiza
37 Far-vos-ei passar debaixo do Meu cajado contra o bosque do campo do Sul
e vos sujeitarei à disciplina da aliança; 47 e dize ao bosque do Sul: Ouve a pala-
38 separarei dentre vós os rebeldes e os que vra do SENHOR: Assim di z o SENHOR De us: Eis
transgrediram contra Mim; da terra das suas mo- que acenderei em ti um fogo que consumirá em
radas Eu os farei sa ir, mas não entrarão na terra ti toda árvore verde e toda árvore seca ; não se
de Israel; e sabereis que Eu sou o SENHOR. apagará a c hama flamejante; an tes, com e la
39 Quanto a vós outros, vós , ó casa de Israel, se queimarão todos os rostos, desde o Sul até
i "' assim di z o SENHOR Deus: Ide; cada um si rva aos ao Norte.
seus ídolos, agora e mais tarde , pois que a Mim 48 E todos os homens ve rão que Eu, o
não Me quereis ouvir; mas não profaneis mais o SENHOR, o acendi; não se apaga rá.
Meu santo nome com as vossas dádivas e com 49 Então, disse eu : ah! SENHOR Deus! E les
os vossos ídolos. di zem de mim: Não é ele proferidor de parábolas?

1. Sétimo ano. Do cativeiro de Joaquim repetição da expressão "porventura tu os jul-


(ver com. de Ez 1:2), isto é, 591 / 590 a.C. (ver garias [... ]?" ou "porventura julgarás [... ]?"
p. 620). Esta nova data se aplica a Ezequiel (cf. Ez 20:4; 22:2; 23:36).
20:1 a 23:49 (ver Ez 24:1). A unidade da nova Para consultar. A natureza da consulta
série de mensagens é mostrada pela tripla não é revelada. Sem dúvida , eles desejavam

707
20:3 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

saber que mensagem o Senhor tinha para 11. Viverá por eles. Cf. Gl 3:12. Não
lhes dar na presente crise. se deve concluir, a partir de Ezequiel 20:11,
3. Vós não Me consultareis. D eus que tudo o que era requerido era uma obser-
nunca retém a luz do inquiridor honesto; vância externa, técnica e superficial de cer-
mas, se este se recusa a andar na luz reve- tos preceitos. Deus esperava que a obediência ... ;
lada, é presunção pedir mais luz. As pes- fosse motivada pelo amor e por uma aprecia-
soas frequentemente buscam mais luz na ção inteligente do caráter divino. Contudo,
esperança de evitar algum dever des agra- devido à falta de discernimento espiritual,
dável que Deus manda que realizem (ver Israel não conseguiu, a princípio, entrar nesse
2Ts 2:10, 11). relacionamento mais elevado. Porém, Deus
4. Faze-lhes saber. O profeta é orien- planejava guiar o povo para essa experiência
tado a contar novamente a história pas- o mais cedo possível. Nunc a foi Seu propó-
sada de Israel. Este capítulo se compara a sito que , ao longo de todo o período do AT,
Neemias 1, ao Salmo 78 e ao discurso de as pessoas tivessem concepção tão limitada
Estêvão, em Atos 7. do plano da salvação (ver com. de Ez 16:60).
5. Assim diz o SENHOR. Os v. 5 a 9 12. Também lhes dei os Meus sába-
são uma discussão sobre o período egípcio dos. Isto não significa que o sábado foi ins-
da história de Israel. tituído no Sinai, pois existia desde a criação
No dia em que escolhi. Ver Dt 4:37; 7:7. (Gn 2:1-3); mas foi ali ordenado novamente.
Levantando a mão. Este é o sinal de jura- A palavra "lembra-te", no quarto manda-
mento (ver Gn 14:22; Dt 32:40; Ap 10:5, 6). mento, aponta para a existência anterior do
A mesma expressão ocorre em Ezequiel20:6, sábado (ver Êx 16:22-28; PP, 258). O decá-
15, 23, 42. logo (Êx 20:8-11) apresenta os grandes fatos
E Me dei a conhecer. Ver Êx 4:29-31. da história da criação como base para o
6. Leite e mel. Ver com. de Êx 3:8. sábado. Deus criou "os céus e a terra, o mar
Coroa de todas as terras. Uma frase e tudo o que neles há" em seis dias literais
descritiva usada apenas por Ezequiel. (ver com. de Gn 1:5). No sétimo dia, Ele
Isaías chama Babilônia de "a joia dos rei- descansou e separou esse dia como tempo
nos" (Is 13:19). de descanso para a humanid ade (Me 2:27).
8. Rebelaram-se contra Mim. A his- A observância do sábado é, então, uma marca
tória não menciona diretamente essa revolta ou sinal de que aquele que honra esse dia
no Egito. Contudo, a propensão do povo para reconhece Yahweh como seu Deus pois
os costumes idólatras do Egito confirma isso esses fatos da criação se aplicam somente a
(ver Js 24:14; cf. PP, 259). Quando chegou a Ele. A observância do dia não repousa sobre
oportunidade para sair do Egito, muitos relu- qualquer divisão natural do tempo em ciclos
taram em fazê-lo (PP, 260). seman ais , mas sobre uma ordem expressa de
9. Por amor do Meu nome. Aqui é Deus, e sobre a crença na revelação divina.
dada a base para a maneira graciosa de Deus As pessoas podem arrazoar que os propósi-
agir. O povo não podia se lisonjea r de que tos salutares do sábado poderiam ser alcan-
alguma bondade própria os fizera merecer çados em qualquer outro dia. Contudo, Deus
o favor divino (ver Nm 14: ll-20; Dt 9:28; especificou um dia determinado e ordenou
Jr 14:7, 21). que fosse santificado e conservado livre de
10. Para o deserto. Os v. lO a 22 reca- empreendimentos mund anos e prazeres pes-
pitulam o segundo período da história de soais (Is 58:1 3). Ninguém pode se excluir
Israel, isto é, a vida no deserto. impunemente dessa obrigação.

708
EZEQUIEL 20:25

As profecias de Apocalipse 12 a 14 dei- tivesse sido guardado como Deus planejou,


xam claro que o sábado é o ponto especial- os pensamentos e as afeições do ser humano
mente controvertido no período que precede teriam sido levados ao Criador como objeto
a segunda vinda de Cristo (ver GC, 605). de reverência e adoração, e nunca teria
O remanescente de Deus será distinguido havido um idólatra ou ateu (ver PP, 336; para
pela observância dos mandamentos divinos mais exemplos da forma plural "sábados", ver
(Ap 12:17; 14:12), incluindo o mandamento Êx 31:13; Lv 23:38).
do sábado. Ao mesmo tempo, os poderes reli- 21. Os filhos se rebelaram. Os filhos
giosos apóstatas exaltarão um falso dia de seguiram o exemplo de seus pais. Há evi-
repouso e exigirão sua observância. Os seres dências históricas disso (ver Nm 15-17).
humanos serão chamados a decidir entre o Deus ameaçou destruir toda a congregação
dia de repouso do Senhor e o falso dia de (Nm 16:21-45), mas não o fez por amor de
repouso, o primeiro da semana. Seu nome.
Assim, a guarda do sábado se tornará 23. Espalhá-los. Esta ameaça deve ser
novamente um teste distintivo e se consti- entendida à luz das advertências de Levítico
tuirá num sinal (chamado selo, em Ap 7) dos 26:33; e Deuteronômio 4:27; e 28:64. O exí-
verdadeiros adoradores (ver GC, 640). lio predito não sobreveio àquela geração.
13. Mas[...] se rebelou contra Mim. Muitos séculos se passaram antes que a
Um exemplo histórico da rebelião de Israel penalidade fosse infligida em sua totali- <~~~ t
contra os mandamentos de Deus, no deserto, dade. Na época da profecia de Ezequiel, ela
é dado em Êxodo 32:1 a 6. Há casos especí- já havia se cumprido em parte e estava para
ficos sobre a violação do sábado (Êx 16:27; se cumprir completamente.
Nm 15:32). 25. Estatutos que não eram bons.
14. Por amor do Meu nome. Por Estes não são os "estatutos [... ] os quais, cum-
causa de Seu nome, Deus não destruiu prindo-os o homem, viverá por eles" (v. 11).
completamente o povo, mas simples- Não são parte da lei mosaica. Isto fica evi-
mente excluiu aquela geração da posse de dente pela referência, feita no v. 26, ao sacri-
Canaã (Nm 14:29-33). O motivo foi a ido- fício dos filhos a Moloque. Os estatutos que
latria durante as vagueações no deserto (ver o povo havia adotado, que não eram bons,
Am 5:25, 26; At 7:42, 43). vinham dos pagãos que os rodeavam. Mas,
18. A seus filhos. Os v. 18 a 26 recapi- como pode ser dito que Deus deu esses esta-
tulam a terceira parte da história de Israel: a tutos a eles? No pensamento bíblico, alguns
geração que cresceu no deserto sob a influên- atos são atribuídos a Deus, não porque Ele
cia da legislação e das instituições dadas no de fato os realiza, mas porque, em Sua oni-
Sinai. O povo foi claramente advertido a evi- potência e onisciência, Ele não os impede.
tar os pecados de seus pais. Os discursos de Uma compreensão deste princípio ajuda a
Deuteronômio são dirigidos a essa geração. explicar declarações aparentemente contra-
20. Santificai os Meus sábados. Ver ditórias, as quais parecem se opor ao ensino
com. do v. 12. O sábado foi dado como um bíblico de que o caráter de Deus é puro e
sinal de que "Eu sou o SENHOR que os san- santo (ver Is 63:17; 2Ts 2:11, 12).
tifica" (Ez 20:12). Aqui, ele é um sinal "para Há aqueles que tentam aplicar este
que saibais que Eu sou o SENHOR, vosso texto às cerimônias e ordenanças da lei
Deus". O sábado, por ocorrer regularmente mosaica, que não teriam sido requeridas
a cada sétimo dia, devia conservar Deus sem- se Israel tivesse guardado os mandamen -
pre na lembrança (ver PR, 182). Se o sábado tos de Deus com alegria (ver T5, 666, 667).

709
20:26 COME NTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

No en tanto, dificilmente se poderia 31. Vós não Me consultareis. Ver v. 3.


designar as provisões do código mosaico 32. Como as nações. Israel desejava ser
como "es tatutos que não era m bons", pois "como as nações" ao redor (ver 1Sm 8:5, 20).
eles já existiam q uando Ezequiel fez este O profeta desvenda as aspirações secretas dos
pronunciamento. Além disso, a lei ceri- que o consultam e diz categoricamente que
moni al foi dada pelo próprio Cristo, e era suas ambições não serão alcançadas. É possí-
dign a de seu divino autor. O próprio Paulo vel que enganassem a si mesmos com o pen-
declara que essa lei era glorio sa. A lu z mais samento de que se pudessem ser liberados
clara disponíve l não deve levar a despre - da responsabilidade espiritual como povo
za r a luz a nterior, dada em tipos e símbo- escolhido de Yahweh , escapariam das seve-
los (ver PP, 367, 368). ras punições que os profetas anunciavam .
Outros sugerem que os estatutos descri- Talvez acreditassem que, se eles estivessem
tos como n ão sendo "bons" se referem aos na mesma condição dos pagãos, tendo respon-
decretos permissivos do Céu pelos quais sabilidades menores, Yahweh os deixaria em
nações pagãs oprimiram sucessivamente o paz. Mas, na situação em que se encontra-
povo de Deus (ver com. de Dn 4:17). Isso vam, pensavam estar continuamente pertur-
ocorreu nas repetidas invasões que a Assíria bados com juízos por causa de sua relutância
fez a Judá (Is 8:7; 10:5, 6; cf. Is 5:25, 26; 9:11 , em aceitar a missão que lhes fora confiada por
12; Am 6: 14) e se repetia nas invasões de Deus. A resposta é que isso não aconteceria ,
Nabucodonosor (Is 47: 5, 6; cf. Is 42:24, 25; pois Israel se encontrava numa relação com
60:10, 15; Jr 1:11 -16; 4:18; 5:15-19; ver tam- Deus bem diferente daquela dos pagãos. Deus
bém SP1, 265, 266). lida com as pessoas segundo a luz e os pri-
26. Permiti que eles se contaminas- vilégios que receberam. Ele não retira esses <1 ~
sem. O origin al diz "os contaminei" (ver privilégios nem abandona faci lmente aque-
ARC) . A frase deve ser entendida em harmo- les para quem planejou um elevado destino.
nia com o v. 25. Deus, na verdade, não conta- O que Ele planeja e executa é para o bem dos
minou o povo; apenas permitiu que sofresse envolvidos, como eles próprios, por fim, vão
as consequências da própria conduta. Aqui, admitir. Deus continua a trabalhar com quais-
a ARA e outras versões já introduzem a ideia quer pessoas que se submetam a Ele, e cum-
da permissão divina. pre Seus propósitos, ainda que seja apenas
Queimavam. Ver com. de Ez 16:20. para com um remanescente. Este é o tema
27. Nisto Me blasfemaram. Os v. 27 a da profecia que vem a seguir.
29 recapitulam o quarto período da história 33. Mão poderosa. Esta é uma expres-
de Israel, o mais longo de todos, que começa são comum no Pentateuco para os poderosos
com a entrada em Canaã e se estende até os atos p elos quais Yahweh libertou os israe-
dias do profeta . litas do poder dos egípcios (Dt 4: 34; 5:15 ;
29. Lugar Alto. Do heb. bamah. Alguns 7:19; etc.; cf. Êx 6:1, 6). Deus realizaria um
sugerem um jogo de palavras no hebraico, novo êxodo.
já que a palavra "ides", ba'im, tem um som 34. Tirar-vos-ei. Os v. 34 e 35 se refe-
semelhante a bamah (sobre os lugares altos, rem ao novo plano de Deus. O ato de tirá-los
ver com . de Ez 6:3). do cativeiro não quer dizer que Ele os levaria
30. Vós vos contaminais. O profeta imediatamente para sua própria terra. Eles
se dirige a seus contemporâneos e os acusa deviam primeiro se separar do povo entre o
dos mesmos pecados que caracterizaram os qual habitavam. Não lhes seria permitido ser
antepassados. "como as nações" (v. 32).

710
EZEQUIEL 20:43

35. Deserto dos povos. É pouco prová- que preferissem seus ídolos seriam abando-
vel que a referência seja a qualquer deserto nados a seus próprios caminhos. Aqui, os que
literal, como o da Arábia ou Síria. A expres- restassem seriam restaurados a seu próprio
são "deserto dos povos" é vaga. Em con- país, servindo verdadeiramente a Deus.
traste, o deserto anterior é descrito como um Toda a casa de Israel. As gloriosas pro-
"ermo solitário povoado de uivos" (Dt 32:10), messas eram para todos, independentemente
morada de serpentes abrasadoras e escor- de afiliação tribal. Contudo, o chamado era
piões (Dt 8:15). Historicamente, o plano que individualizado e aplicado apenas àqueles
Ezequiel menciona aqui nunca se cumpriu, dispostos a aceitar a relação da nova aliança.
pelo menos não em grau significativo. A rege- Requererei as vossas ofertas. A lei
neração espiritual que Deus estava buscando ritual ainda estaria em vigor após a restau-
efetuar entre os cativos não se materializou. ração, e, portanto, a referência não é prima-
Se esses propósitos houvessem se concreti- riamente à era cristã. A restauração efetuada
zado, e se os exilados que retornaram sob o sob o comando de Zorobabel também não
comando de Zorobabel tivessem sido pessoas cumpriu esta profecia. É uma das promes-
espiritualmente reavivadas, a história sub- sas condicionais de glória futura que nunca
sequente de Israel teria sido bem diferente. se cumpriu porque Israel não abandonou seus
37. Passar debaixo do Meu cajado. pecados. Se as condições tivessem sido satis-
Uma figura que representa o pastor que conta feitas, o mundo inteiro poderia ter sido prepa-
e separa seu rebanho (Lv 27:32; Jr 33:13). rado para a vinda do Messias, e bem diferente
Como em Mateus 25:33, o pastor separa as teria sido o desfecho da história (ver p. 15 -17)!
ovelhas dos bodes. A terra do Israel restau- 43. Tereis nojo de vós mesmos. Este
rado deverá ser uma terra de justiça, e os é o sinal de que a pessoa está verdadeira-
rebeldes não entrarão nela. mente arrependida. Os que procuram des-
39. Cada um sirva. Ver Js 24:15. Se, culpar os próprios pecados ainda não deram
depois de advertidas, as pessoas ainda se o primeiro passo em direção ao verdadeiro
recusam a obedecer, não há nada mais que arrependimento. Jó é um exemplo de alguém
Deus possa fazer. A coerção é contrária ao que, durante certo tempo, procurou justificar
caráter divino. Portanto, Ele não as impede sua conduta. Somente quando uma revela-
de servir aos ídolos. A linguagem é seme- ção do caráter de Deus foi feita diante dele
lhante à de Apocalipse 22:11, que diz, lite- é que se tornou evidente o contraste entre
ralmente: "Que o injusto ainda faça injustiça, sua própria pecaminosidade e a pureza do
e que a pessoa imunda continue a se conta- Criador. Em sua agonia ele clamou: "Por
minar." E ainda, em Oseias 4:17, o profeta isso, me abomino e me arrependo no pó e
declara: "Efraim está entregue aos ídolos; na cinza" (]ó 42:6). Paulo sempre lamentou
é deixá-lo." Contudo, tais decretos não são sua conduta em perseguir os cristãos. Tempo
dados sem que haja tristeza. O profeta acres- mais tarde, ele exclamou: "Porque eu sou o
centa: "Como te deixaria, ó Efraim? Como menor dos apóstolos, que mesmo não sou
te entregaria, ó Israel? [... ] Meu coração está digno de ser chamado apóstolo, pois perse- -<~ ~
comovido dentro de Mim, as Minhas com- guia igreja de Deus" (lCo 15:9). A aversão
paixões, à uma, se acendem" (Os 11 :8). pelos próprios pecados é um dos antídotos
40. No Meu santo monte. Isto é, o mais eficientes contra uma posterior repeti-
monte Sião, também chamado o "monte alto de ção deles. A razão pela qual se recorre tão
Israel" (ver Ez 17:13; Sl2:6; Is 2:2-4; Mq 4:1-3). repetidamente aos mesmos erros é que não
De acordo com o v. 39 deste capítulo, aqueles se tem tristeza pelos pecados.

711
20:44 COMENTÁRIO BÍBLICO AOVENTISTA

44. Não segundo. A salvação é e sem- 47. Toda árvore verde. Isto é, pessoas
pre será uma dádiva imerecida. A conduta de todas as classes, toda a população. Se a
ímpia só merece a morte. Não há nenhuma distinção está baseada na moralidade (ver
quantidade de "obras" que o pecador possa Ez 21:4), deve-se lembrar que numa catás-
acumular para, no fim, torná-lo digno do trofe nacional sofrem todos os que fazem
Céu. Por outro lado, não há pecado tão parte da nação, bons ou maus. A calamidade
grande que não possa ser removido por sin- não representa necessariamente a perdição
cero arrependimento e reforma. Quando o eterna do indivíduo. As pessoas têm o privi-
justo receber sua recompensa, todos os peca- légio da salvação pessoal.
dos que tiver cometido sequer serão mencio- 48. Não se apagará. O fogo seria tão
nados (ver com. de Ez 18:22). feroz que ninguém poderia extingui-lo.
45. Veio a mim. Na Bíblia hebraica, Portanto, arderia até completar sua obra de
os v. 45 a 49 formam a abertura do cap. 21. destruição. Então se apagaria espontanea-
A ARA segue aqui a LXX, Vulgata, Siríaca mente. Esta mesma expressão, aplicada aos
e a versão de Lutero em sua divisão de capí- fogos do inferno (Me 9:43, 45), é considerada
tulos . As palavras "volve o rosto" (v. 46) pare- por alguns como se o fogo do inferno con-
cem ligar esta seção ao cap. 21, pois a mesma tinuasse por toda a eternidade. Outro texto
fras e ocorre em 21:2. mostra que tal interpretação é errônea, pois
46. Para o Sul. A palavra "sul" traduz o fogo em Jerusalém que foi aceso pelos cal-
três diferentes palavras hebraicas, sinônimas deus seria inextinguível (Jr 17:27), embora
neste versículo (a ARA usa "sul" duas vezes tenha se apagado logo que a obra de devas-
e uma vez a Iterna com o pronome "eIe ") . tação foi realizada.
A expressão designa a terra de Judá, que, 49. Não é ele proferidor de parábo-
embora estivesse quase a oeste de Babilônia, las? O povo desejava evitar a aplicação da
só podia ser alcançada se os babilônios che- profecia a si mesmo, rotulando-a como obs-
gassem pelo norte (ver com. de Jr 1:13). cura. Fingiam não compreendê-la.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

I0-20 - T9, 233 12-20 - MS, 123 33 - FEC, 449


li- PP, 372 13-24 - PP, 410 37 - Ed, 174; CBV, 404;
12- CS, 223; OTN, 288 ; 16, 19 - PR, 182 PR, 500
MCH, 259; PR, 182 20- OTN, 283; GC , 437; 49 - T8, 68
PR, 182; T7, 108, 121

CAPÍTULO 21
1 Ezequiel profetiza contra Jerusalém usando o suspiro como sinal. 8 A espada polida
e afiada, 18 contra Jerusalém, 25 contra o reino e 28 contra os amonitas.

l Veio a mim a palavra do SENHOR , di zendo: santuários e profetiza contra a terra de Israel.
2 Filho do homem, volve o rosto contra 3 Dize à terra de Israel: Assim diz o SENHOR:
Jerusalém, derram a as tuas palavras contra os Eis que sou contra ti, e tirarei a Minha espada da

712
EZEQUIEL 2 1: l

bai nh a, e elimin arei do meio de ti tanto o justo 17 Também Eu baterei as Minhas palm as
como o perve rso. uma na outra e desafoga re i o Me u furor; Eu, o
4 Porque hei de eliminar do meio de ti o justo SENHOR , é que falei.
e o perverso, a Minha espada sairá da bainha con- 18 Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
~ 11- tra todo vivente, desde o Sul até ao Norte . 19 Tu, pois, ó filho elo homem, propõe dois
5 Saberão todos os homens que Eu, o caminhos por onde venha a espada do rei da
SENHOR, tirei da bainha a Minha espada ; ja- Babilônia; ambos procederão da mesma ter ra;
mais voltará a ela. põe neles marcos indicadores, põe-nos na entra-
6 Tu, porém , ó filho do homem, suspira; à da do caminho pa ra a cidade.
vista deles, suspira de coração quebran tado e 20 Indica o ca minho para que a espada
com ama rgura. chegue à Rabá dos filhos de Amom , a Jucl á e a
7 Quando te perguntarem : Por que suspiras Jerusalém, a fortificada.
tu? Então, dirás: Por causa das novas. Quando 21 Porque o rei da Babilôni a para na enc ru-
elas vêm, todo coração desmaia, todas as mãos zilhada, na entrada elos dois ca minhos, para con-
se afrouxam, todo espírito se angustia, e todos os sultar os oráculos: sacode as flechas, interroga os
joelhos se desfazem em água ; eis que elas vêm e ídolos do lar, examina o fígado.
se c umprirão, diz o SEN HOR Deus. 22 Caiu-lhe o oráculo para a direita , sobre
8 Veio a mim a palavra do SENHO R, dizendo: Je ru salém , para dispor os aríetes, para abrir a
9 Filho do homem, profetiza e di ze : Assim di z boca com ordens de matar, para la nça r gritos de
o Senhor: A espada, a espada está afiada e polida; guerra, para colocar os aríetes cont ra as portas,
lO afiada para mata nça, polida para relu zir para levantar terraplenos , para edi fica r baluartes.
como relâmpago. Israel di z: Alegremo-nos! O cetro 23 Aos judeus, lhes parecerá isto oráculo e n-
do meu filho despreza qualquer outra madeira . ganador, poi s tê m em seu favor juramentos sole-
11 Mas De us responde: Deu -se a espada a nes; mas Deu s se lembrará da iniquidade deles,
polir, para ser manejada; ela está afiada e poli- para que sejam apreendidos.
da, para ser posta na mão do matador. 24 Portanto, assim di z o SEN HOR D e us:
12 Grita e geme, ó filho do homem , porque Vis to que Me fa zeis lembrar da vossa iniquida-
ela será contra o Meu povo, contra todos os prín- cle, descobrindo-se as vossas transgressões, apa -
cipes de Israel. Es tes, juntamente co m o M eu recendo os vossos pecados em todos os vossos
povo, estão entregues à espada; dá, pois, panca- atos, e visto que Me viestes à memória , sereis
das na tua coxa. apreendidos por causa di sso.
13 Pois haverá uma prova; e que haverá , se 25 E tu , ó profano e pe rverso, príncipe de
o próprio cetro que desprezou a todos não vier a Israel, cujo d ia virá no tempo do seu castigo fin a l;
subsistir? - di z o SEN HOR Deu s. 26 assim diz o SENHOR Deus: Tira o diadema
14 Tu , pois , ó filho do homem , profetiza e e remove a coroa; o que é já não será o mes mo;
bate com as palmas uma na outra; duplique a es- será exaltado o humilde e abatido o soberbo.
pada o seu golpe, triplique-o a espada da mata n- 27 Ruín a! Ruína! A ruínas a reduzirei, e e la
ça, da grande matança, que os rodeia; já não será, até que venha aquele a quem ela per-
15 para que desmaie o seu coração, e se mul- tence de direito; a ele a darei.
tiplique o seu tropeçar junto a todas as portas . 28 E tu, ó filho do homem, profetiza e di ze:
Faço reluzir a espada. Ah' Ela foi feita para ser Assim diz o SENHOR Deus acerca dos filhos de
raio e está afi ada para matar. Amom e acerca dos seus in sultos; di ze, p ois:
16 Ó espada, vira-te, com toda a força, para A espada, a espada está desembainh ada, poli -
a dire ita, vira-te para a esquerda, para onde quer da para a matança , para consumir, para reluzir
que o teu rosto se dirigir. como relâmpago;

7 13
21:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

29 para ser posta no pescoço dos profanos, 31 Derramarei sobre ti a Minha indignação,
dos perversos , cujo dia virá no tempo do castigo assoprarei contra ti o fogo do Meu furor e te en - ..,.;g
final, ao passo que te pregam visões falsas e te tregarei nas mãos de homens brutais, mestres
adivinham mentiras. de destruição.
30 Torna a tua espada à sua bainha. No lugar 32 Servirás de pasto ao fo go, o teu sangue
em que foste formado, na terra do teu nascimen- será derramado no meio da terra, já não serás
to, te julgarei . le mbrado; pois Eu, o SEN HOR, é que falei.

1. A palavra do SENHoR. Os v. 1 a 7 versículos constituem uma a mpliação da


reprodu zem, em linguagem simples, a enig- mensagem dos v. 1 a 6.
mática parábola de Ezequiel 20:45 a 59. 10. O cetro do meu filho. O hebraico
2. Contra Jerusalém. Em vez do tri- desta frase é obscuro. Diz, literalmente: "Ou
plo "sul" (Ez 20:46), aqui há as expressões nos regozijaremos, a vara (ou cetro) do meu
"]erusa lem
" ", '' santuanos
" . " e "terra de Israe l" . filho, desprezando toda árvore." A LXX diz:
3. Minha espada. Mostra-se que o "Mata , rejeita, despreza toda árvore". A refe-
"fogo" da parábola enigm ática (Ez 20:47) é rência pode ser às árvores verdes e secas, de
a espada do invasor. Ezequiel 20:47. O hebraico pode ser enten-
4. O justo. Ver com. de Ez 20:47. Nos dido da seguinte forma: "Ou nos regozijare-
juízos de caráter nacional, os inocentes fre - mos , a vara [isto é, do castigo (ver Pv 10:13)],
quentemente são envolvidos nos mesmos meu filho, desprezando toda árvore" (ver
sofrimentos temporais que os cu lpados . com. de Ez 20:47).
5. Jamais voltará. Isto é, até que 11. Matador. Isto é, o rei de Babilôni a
tenha completado sua missão. Depois ela (ver v. 19).
precisa n ecessariamente voltar à bainha. 12. Na tua coxa. Um sinal de extrema
A expressão "jamais voltará" precisa ser vergonha ou dor (ver Jr 31:19). O objetivo dos
tomada em seu sentido limitado . A mesma gestos era atrair a atenção e suscitar pergun -
ideia de duração restrita se encontra em tas (ver com. de Ez 4:1 ).
Ezequiel 20:48, em que se declara que o 13. Pois haverá uma prova. O hebraico
fogo dos juízos de Deus não se apagará (ver da passagem é obscuro. A RSV faz um a ten-
com. ali). Às vezes, expressões semelhantes tativa de tornar o texto inteligível: "Poi s não
são equivocadam e nte interpretadas como será um teste - o que isso poderia fazer se
se significassem que a punição n ão terá vocês desprezam a vara?"
fim. Em cada caso a duração precisa ser 14. Bate com as palmas uma na
determinada pelo contexto (ver com . de outra. Um gesto de forte emoção; aqui ,
Ez 30:13) . evidentemente, de horror (ver Ez 21:17;
6. De coração quebrantado. Ver cf. Nm 24:10).
Na 2:1, 10. Ordena-se ao profeta que faç a Triplique-o. O texto é obscuro; o signi-
uma vívida descrição aos ouvintes sobre quão ficado pode ser que o golpe da espada não
profundamente todos se comoveriam com a viria apenas uma ou duas vezes, mas três.
notícia da qu eda de Jerusalém . Que os rodeia. Isto é, impedindo qu e
7. Todo coração desmaia. Ver Lc 21:26. escapem.
8. A palavra do SENHOR. Os v. 8 a 15. A espada. No he braico, há a pal a-
17 podem ser intitul ados como "O cântico vra, 'ivchah, "ponta", que não ocorre na ARA.
da espada afiada e polida". No geral, estes A palavra ocorre apen as aqui . A lguns acham

714
EZEQUIEL 21:21

que 'ivchah pode ser uma grafia errada de Ídolos do lar. Do heb. temfim , est a-
tivchah, palavra que ocorre em I Samuel tuetas com forma humana (ver com. de
25:11; Salmo 44:22; e Jeremias 12:3, com o Gn 3l:l9). Não se sabe como eram usadas
significado de "carne" ou "matança". Nesse para adivinhação.
caso, a frase diria: "Designei um a espada Examina o fígado. Este modo de adi-
para a matança". vinhação, chamado hepatoscopia (ver com.
16. Para a direita [... ] para a esquer- de Dn 1:20), era comum entre os babilônios.
da. A ordem é dada à espada, como está evi- Foram descobertos fígados de ovelha feitos
dente no hebraico. de argila, marcados com linhas e inscrições,
17. Baterei as Minhas palmas uma evidentemente usados para ensinar as pes-
na outra. Por meio de uma figura que atri- soas a usar o método.
bui atos e sentimentos humanos a Deus, Embora nenhuma forma de adivinhação
declara-se aqui que Yahweh está fazendo o seja aprovada pela Bíblia, muitos cristãos ten-
que ordenou ao profeta (ver com. do v. 14). tam obter orientação divina por métodos não
Desafogarei o Meu furor. Ver com. aprovados por Deus, métodos que, em sua
de Ez 16:42. essência, são semelhantes aos antigos méto-
18. A palavra do SENHOR. A terceira dos de adivinhação. Há diferentes métodos
profecia do capítulo, mais específica do que dessa natureza. Alguns buscam a resposta
a anterior. de Deus atirando uma moeda para cima; ou
19. Dois caminhos. O rei de Babilônia escrevem as palavras "sim" e "não" em cada
é retratado como se estivesse na encruzi- lado de um cartão e, depois, aceitam como
lhada, indeciso quanto a se deve tomar a resposta a palavra que aparecer ao deixa r cair
estrada que levava a Jerusalém ou a que o cartão. Alguns abrem a Bíblia ao acaso e
levava à capital dos amonitas (v. 20). aceitam a mensagem do texto sobre o qual
Põe neles marcos indicadores. Lite- os olhos pousarem primeiro. Ainda outros
ralmente, "corta uma mão". Este marco colocam várias ideias em diferentes cartões,
indicador seria colocado várias centenas depois os sacodem e aceita m a resposta do
::; ~ de quilômetros a oeste de Babilônia, talvez cartão retirado ao acaso. Todos esses méto-
em Tadmor (ver com. de IRs 9:18), ou tal- dos segu em o mesmo padrão básico do aca so.
vez mais distante ainda, no vale do Orontes. É possível que Senhor, às vezes, tenh a dado
21. Para consultar os oráculos. Os orientações por meio de alguns desses méto-
pagãos recorriam à adivinhação quando dos, especialmente para os que não têm
importantes questões precisavam ser deci- muita luz sobre a Bíblia ou, possivelmente,
didas. São mencion adas aqui três formas em emergências. Porém, eles são métodos
específicas de adivinhação. arbitrários que deve m ser abandonados à
Sacode as flechas. O método babilô- medida que a pessoa cresce na graça e no
nico devia ser semelhante ao usado pelos conhecimento da verd ade.
árabes posteriormente. Várias flechas sem Se, em todas as decisões da vida, a pes-
ponta eram marcadas com mensagens apro- soa recebesse uma resposta direta de De us
pri adas e sacudidas juntas num a aljava ou por meio de algum sinal exterior, ta l pessoa
outro recipie nte; e um a era tirada; ou se se tornaria um a mera máquina. Ela se des-
girava o recipi ente e a flecha qu e caísse pri- pojari a de um direito fundamental para a
meiro era escolhida. Supunha-se que o que liberd ade huma na, isto é, o de tom ar suas
estava escrito na flech a indicava a vontade própri as decisões , faculd ade esta que lhe foi
dos deuses. concedida por D eus.

715
21:22 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

O lançar sortes se encontra nesta mesma a mitra do sumo sacerdote. Mitsnefeth vem
categoria e não é algo a que se deva recorrer. da raiz tsanaf, "enrolar" (no caso, com um
É dado o seguinte conselho: "Não tenho fé tecido), portanto, significa um turbante;
em lançar sortes. [... ] Lançar sortes para os aqui, a referência é aparentemente ao tur-
oficiais da igreja não está no plano de Deus" bante real, um sinal de rea leza.
(ME2, 328). Não será o mesmo. Haveria completa
22. Para a direita. Isto é, o oráculo mudança naquela situação.
que caiu sobre Jerusalém veio da mão direita 27. A ruínas a reduzirei. A passagem
do rei. diz, literalmente: "uma ruína, uma ruína,
23. Juramentos solenes. Em referên- uma ruína , Eu a farei". A tripla repetição
cia aos judeus, que haviam jurado fidelidade intensifica a ideia. O edito é concernente
aos babilônios (2Cr 36:13; Ez 17: 18, 19), mas ao trono da casa de Davi. "AJudá não seria •:8
violaram esses juramentos. Este parece ser o mais permitido ter um rei até que o próprio
significado mais simples do texto. Cristo estabelecesse o Seu reino" (PR, 451;
Deus Se lembrará. A palavra "Deus" foi cf. Ed, 179).
acrescentada, na ARA. Pode ser que o sujeito 28. Acerca dos filhos de Amom.
do verbo "lembrar" seja de fato Deus, e a "ini- Embora o rei de Babilônia escolhesse ata-
quidade" seja a pecaminosidade generalizada car Jerusalém em vez de Rabá (v. 20-22), os
do povo; mas pode ser também que o sujeito amonitas não escapariam da punição (ver
seja Nabucodonosor, que se lembrará da vio- Ez 25:1-7).
lação dos juramentos e punirá os israelitas 29. Visões. Do heb. chazah, termo usado
(2Cr 36:10, 13; Jr 52:3; Ez 17:15-19). para os pronunciamentos de um vidente ou
24. Aparecendo os vossos pecados. profeta; aqui , sem dúvida, dos adivinhos
Os pecados deles deveriam ter sido cobertos amonitas.
no ritual do Dia da Expiação (Lv 16). Uma 30. Torna a tua espada à sua bainha.
vez que Israel se recusou a reconhecer sua A ordem é dirigida aos amonitas (ver v. 28).
cu lpa, ficou descoberta e requeria punição. Os esforços militares deles seriam em vão.
Cada nova transgressão despertava na mente Em seu próprio país receberiam a punição
todo o registro da conduta pecaminosa do por seus malfeitos.
passado, e então o total cumulativo reque- 31. Brutais. Do heb. bo'arim, derivado
ria imediata retribuição. de be'ir, "a nimais", "gado" (ver Sl49:10; 92:6).
25. Perverso, príncipe. Zedequias. Estes "homens brutais" são destacados em
26. Diadema. Do heb. rnitsnefeth, tra- Ezequie l 25:4 e 10.
duzido como "diadema" apenas aqui. Em 32. Já não serás lembrado. Em con-
outras passagens (Êx 28:4, 37, 39; 29:6; traste co m a gloriosa promessa feit a a Israel
39:28, 31; Lv 8:9; 16:4), o termo descreve (v. 27).

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

3, 5, 7 - PR, 452 26, 27- Ed, 179 31- PR, 452


25-27- PR, 451 27 - T8, 86, 97

7 16
EZEQUIEL 22:1

CAPÍTULO 22
1 Uma lista dos pecados de Jerusalém. 13 Deus os fundirá como escória na fornalha.
23 A corrupção geral dos profetas, sacerdotes, príncipes e do povo.

1 Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: 13 Eis que bato as Minhas palmas com furor
2 Tu, pois, ó filho do homem, acaso, julgarás, contra a exploração que praticaste e por causa da
julgarás a cidade sanguinária? Faze-lhe conhecer, tua culpa de sangue, que há no meio de ti. Estará
pois, todas as suas abominações firme o teu coração?
3 e dize: Assim diz o SENHOR Deus: Ai da 14 Estarão fortes as tuas mãos, nos dias em
cidade que derrama sangue no meio de si, para que Eu vier a tratar contigo? Eu, o SENHOR, o
que venha o seu tempo, e que fa z ídolos contra disse e o farei. "' ~
si mesma, para se contaminar! 15 Espalhar-te-ei entre as nações, e te dis-
4 Pelo teu sangue, por ti mesma derrama- persarei em outras terras, e porei termo à tua
do, tu te fizeste culpada e pelos teus ídolos, por imundícia.
ti mesma fabricados , tu te contami naste e fizes- 16 Serás profanada em ti mesma, à vista das
te chegar o dia do teu julgamento e o término nações, e saberás que Eu sou o SENHOR.
de teus anos; por isso, Eu te fiz objeto de opró- 17 Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
brio das nações e de escárnio de todas as terras. 18 Filho do homem, a casa de Israel se tor-
5 As que estão perto de ti e as que estão nou para Mim em escória; todos eles são cobre,
longe escarnecerão de ti, ó infamada, cheia de estanho, ferro e chumbo no meio do forno ; em
inquietação. escória de prata se tornaram.
6 Eis que os príncipes de Israel, cada um se- 19 Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Pois
gundo o seu poder, nada mais intentam, senão que todos vós vos tornastes em escória, eis que
derramar sangue. vos ajuntarei no meio de Jerusalém.
7 No meio de ti , desprezam o pai e a mãe, 20 Como se ajuntam a prata, e o cobre, e o
praticam extorsões contra o estrangeiro e são in- ferro, e o chumbo, e o estanho no meio do forno,
justos para com o órfão e a viúva . para assoprar o fogo sobre eles, a fim de se fundi-
8 Desprezaste as Minhas coisas santas e pro- rem, assim vos ajuntarei na Minha ira e no Meu
fanaste os Meus sábados . furor, e ali vos deixarei, e fundirei.
9 Homens caluniadores se acham no meio 21 Congregar-vos-ei e assoprarei sobre vós
de ti, para derramarem sangue; no meio de ti, o fogo do Meu furor; e sereis fundidos no meio
comem carne sacrificada nos montes e come- de Jerusalém.
tem perversidade. 22 Como se funde a prata no meio do forno ,
10 No teu meio, descobrem a vergonha de assim sereis fundidos no meio dela; e sabereis que
seu pai e abusam da mulher no prazo da sua Eu, o SENHOR, derramei o Meu furor sobre vós.
menstruação. 23 Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
11 Um comete abominação com a mulher do 24 Filho do homem, dize-lhe: Tu és terra que
seu próximo, outro contamina torpemente a sua não está purificada e que não tem chuva no dia
nora, e outro humilha no meio de ti a sua irmã, da indignação.
filha de seu pai. 25 Conspiração dos seus profetas há no meio
12 No meio de ti, aceitam subornos para se dela; como um leão que ruge, que arrebata a
derramar sangue; usura e lucros tomaste, extor- presa, assim eles devoram as almas; tesouros e
quindo-o; exploraste o teu próximo com extorsão; coisas preciosas tomam, multiplicam as suas viú-
mas de Mim te esqueceste, diz o SENHOR Deus. vas no meio dela.

717
22:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

26 Os seus sacerdotes transgridem a Minha SENHOR tenha falado.


lei e profanam as Minhas coisas santas; entre 29 Contra o povo da terra praticam extor-
o santo e o profano, não fazem diferença, nem são, andam roubando, fazem violência ao afli-
discernem o imundo do limpo e dos Meus sába- to e ao necessitado e ao estrangeiro oprimem
dos escondem os olhos; e, assim, sou profanado sem razão .
no meio deles. 30 Busquei entre eles um homem que tapas-
27 Os seus príncipes no meio dela são como se o muro e se colocasse na brecha perante Mim ,
lobos que arrebatam a presa para derramarem o a favor desta terra, para que Eu não a destruísse;
sangue, para destruírem as almas e ganharem mas a ninguém achei.
lucro desonesto. 31 Por isso, Eu derramei sobre eles a Minha
28 Os seus profetas lhes encobrem isto com indignação, com o fogo do Meu furor os consu-
cal por visões fa lsas, predizendo mentiras e di- mi; fi z cair-lhes sobre a cabeça o castigo do seu
zendo: Assim di z o SENHOR Deus , sem que o procedimento, diz o SENHOR Deus .

I. Veio a mim. O cap. 22 pode ser divi- 6. Segundo o seu poder. Literalmente,
dido em três partes: os v. 1 a 16, que são uma "segundo o seu braço". Os príncipes de Judá
lista dos pecados de Jerusalém; os v. 17 a 22, desconsideravam a justiça e governavam
que apresentam uma parábola extraída do segundo seus caprichos.
refino de metais; os v. 23 a 31, que falam da Derramar sangue. A frase ocorre três
corrupção geral que permeia todas as clas- vezes (v. 6, 9, 12). Ela encabeça três enume-
ses sociais. rações dos pecados de Israel: na primeira,
2. Julgarás. Ver com. de Ez 20:1. são mencionados pecados de desumanidade -<1 ~
Cidade sanguinária. Isto é, "cidade e profanação (v. 6-8); na segunda, pecados
onde há derramamento de sangue" ou de idolatria, incesto e lascívia (v. 9-11 ); na
"cidade culpada de derramamento de san- terceira, pecados de avareza e cobiça (v. 12).
gue". Os assassinatos judiciais e o ofereci- 13. Bato as Minhas palmas. Aqui, um
mento de crianças em sacrifício a Moloque, gesto de indignação (ver Ez 6:11; 21:14, 17).
sem dúvida, estavam entre os crimes que Estará firme o teu coração? A per-
deram a Jerusalém este título. gunta subentende resposta negativa.
3. Para que venha o seu tempo. 15. Porei termo à tua imundícia.
O tempo de punição. A frase expressa o Embora isto não seja enfatizado aqui, as
resultado e não o propósito; ou, talvez, seja punições tinham um objetivo salutar.
uma figura de linguagem pela qual as con- 16. Serás profanada. Do heb. chalal,
sequências de um ato são apresentadas "profanar" (ver Ez 7:24). Versões antigas colo-
como sendo o propósito do ato . cam o verbo na primeira pessoa: "Serei pro-
4. Objeto[ ... ] de escárnio. Ver SI 44:13, fanado através de ti à vista das nações" (ver
14; 79:4. Ez 20:9; 36:20).
5. As que estão perto. A palavra 17. A palavra do S ENH OR. Os v. 17
hebraica traduzida por esta frase é feminina, a 22 são u ma parábola baseada no pro-
e o mesmo se aplica à palavra hebraica tra- cesso de derretimento da prata. A forna-
duzida por "as que estão longe". A referência lha é Jerusalém (v. 19). O povo é o metal
é, sem dúvida, às cidades próximas e dis- (v. 20) que demonstrou ser escória (v. 18).
tantes, já que a palavra "cidade" é feminina, Há dúvidas se a ideia de purificação está
no hebraico. presente nesta parábola. O ponto enfatizado

718
EZEQUIEL 22:28

é a ira divina que sopra sobre a escória inú- "E adorá-la-ão todos os que habitam sobre a
til e a derrete. Terra, aqueles cujos nomes não foram escritos
23. A palavra do SENHOR. Os v. 23 a 31 no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto
constituem a terceira seção do capítulo (ver desde a fundação do mundo" (Ap 13:8).
com. do v. 1). Apresentam outra enumeração Portanto, precisamos de um conhecimento
dos pecados de Israel, indicando que neles pleno das Escrituras para distinguir entre o
todas as classes sociais estavam envolvidas. falso e o verdadeiro (CC, 593, 594).
25. Profetas. A LXX diz "príncipes". 26. Transgridem a Minha lei. Era
A mudança de apenas uma letra no hebraico trabalho especial dos sacerdotes dar instru-
produz essa diferença. Os falsos profetas já ções sobre os requisitos divinos e observar e
haviam sido denunciados no cap. 13 . A obra ensinar a distinção entre o santo e o profano
deles era um contínuo estorvo à obra dos (Lv 10:10), bem como instruir o povo quanto
verdadeiros profetas. Não é de admirar, à adequada observância do sábado. Em tudo
em vista das declarações contraditórias de isto, no entanto, eles eram infiéis.
ambos os grupos, que o povo estivesse con- Escondem os olhos. Esta acusação
fuso e que achasse uma desculpa plausível encontra notável paralelo no contexto dos
para não obedecer às instruções divinas. últimos dias. As profecias do Apocalipse
A mesma confusão existe no mundo reli- (cap. 12- 14) sugerem que Deus requer uma
gioso hoje. Devido ao fato de haver diversas reforma em relação ao verdadeiro dia de des-
ramificações cristãs, e de que pode haver canso, o sábado do sétimo dia. Esta reforma
pessoas piedosas em diferentes segmentos deve preparar o mundo para a segunda vinda
religiosos, muitos concluem que, afinal, faz de Cristo. A mensagem tem sido proclamada.
pouca diferença em que se crê. A reação tem sido a mesma que a dos dias
O único antídoto seguro contra a influên- de Ezequiel: as pessoas escondem os olhos
cia dos falsos profetas é saber, por meio de da obrigação de observar o verdadeiro dia de
investigação pessoal, o que é a verdade. Não repouso; tapam os ouvidos frente às claras evi-
é seguro depender da pesquisa, das opiniões dências bíblicas e declaram: "Não penso assim."
ou da sabedoria de qualquer outra pessoa 27. Príncipes. Do heb. sarim, membros
(OP, 30; T5, 686; CC, 593, 594). da classe governante e chefes de famílias
Devido à previsão do aparecimento de importantes.
muitos falsos profetas nos últimos dias, Jesus 28. Com cal. Ver com. de Ez 13:10. Há
repetidamente advertiu contra os enganos vozes no mundo religioso para apoiar quase
sutis (ver Mt 24:4, 5, 11, 24). Ele menciona todo tipo de crença. ... ~
que esses profetas enganariam, "se possível, Alguns critérios ajudam a distinguir
os próprios eleitos" (Mt 24:24). Diz também entre o que é representado pela "cal" e o que
que recorreriam a "grandes sinais e prodí- é genuíno. Esses critérios devem ser usados
gios", um recurso quase inexistente no tempo para testar qualquer crença que supostamente
de Ezequiel. À medida que o grande dia do afirme basear-se na Bíblia. Servem também
Senhor se aproxima, Satanás tem intensifi- como um sistema de orientação para a pes-
cado os esforços na obra do engano. Cada vez quisa bíblica, prevendo falsas conclusões.
mais, à medida que os anjos celestiais vão 1. A Bíblia deve ser estudada com ora-
soltando os "ventos" da Terra, ele assumirá o ção. Somente o Espírito Santo pode desper-
controle do mundo. Sob a aparência de reli- tar a percepção da importância de temas
gião e por meio de milagres ele aumentará de fácil compreensão e impedir a pessoa de
o domínio sobre os habitantes do planeta. torcer as verdades de difícil compreensão

719
22:29 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

(ver GC, 599, 600). Além disso, as coisas es- 5. A Bíblia deve ser sua própria intérprete.
pirituais se discernem espiritualmente (ver Muitas vezes, o Espírito Santo não dá uma
1Co 2:14), de forma que quem não tem o Espí- interpretação imediata do símbolo empre-
rito de Deus não pode entender as coisas divi- gado, mas é de se esperar que o mesmo
nas. A prática correta da oração coloca a pessoa Espírito explique em outra parte a lingua-
em condições de receber a verdade celestial. gem obscura para que as pessoas compreen-
2. É preciso haver disposição para seguir a dam o significado. E, de fato, isso ocorre.
luz revelada (]o 7:17). As verdades de Deus Pode-se acrescentar que, quando não há
não são jogadas a esmo para serem pisadas. essa elucidação adicional, qualquer tenta-
Deus reserva a compreensão da verdade tiva de interpretar esses símbolos não passa
aos que estão dispostos a andar na luz que de conjectura .
lhes ilumina a mente. A recusa obstinada Em resumo, o procedimento adequado
de andar nesta luz fech a a porta para uma para se descobrir o que a Bíblia ensina é
compreensão mais plena da verdade. tomar tudo o que ela diz sobre o assunto em
3. O texto bíblico deve ser interpretado questão antes de tirar qualquer conclusão.
segundo o contexto geral de toda a Escritura. Atentar para o quadro completo envolvido
Corretamente entendida, a Bíblia não se con- impede conclusões apressadas e mesmo uma
tradiz. Se a conclusão de uma passagem fica interpretação antibíblica.
em contradição com outra passagem, essa 29. O povo da terra. A acusação passa
conclusão deve ser reestudada. Muitas vezes, ao povo comum.
um versículo ou passagem, tomado isolada- 30. Busquei[... ] um homem. Ver Jr 5:1.
mente, pode ter várias interpretações. Neste E se colocasse na brecha. Deus chama
caso, deve ser adotada a interpretação que pessoas para reparar a brecha na lei de Deus.
estiver em mais harmonia com toda a Bíblia. Muitos já responderam ; outros, porém, ainda
4. A Bíblia deve ser interpretada à luz de seu arrazoam do ponto de vista humano e não
próprio contexto. O estudante deve notar cuida- veem qualquer necessidade de reforma.
dosamente o contexto da passagem em consi- Acerca dos que empreendem essa tarefa,
deração a fim de descobrir do que o texto trata declara-se: "Os teus filhos edificarão as anti-
especificamente. Deve-se limitar a aplicação gas ruínas; levantarás os fundamentos de
aos limites estabelecidos pelo autor da passa- muitas gerações e serás chamado reparador
gem. Por exemplo, quando Paulo diz: "Todas as de brechas e restaurador de veredas para que
coisas me são lícitas" (lCo 6:12), suas palavras, o país se torne habitável" (Is 58:12).
tomadas isoladamente, poderiam ser interpre- 31. O fogo do Meu furor. Esta é obvia-
tadas como indicando que Paulo declara ser mente uma linguagem figurativa, na qual os
um libertino. No entanto, o contexto mostra vários juízos de Deus são retratados como
que ele está falando sobre ser ou não correto fogo. O fogo consome, e o efeito desses juí-
comer carnes sacrificadas a ídolos. Ninguém zos é o de consumir aqueles sobre quem eles
tem o direito de aplicar a frase "todas as coi- forem derramados . No fim dos tempos, os
sas" a qualquer coisa além daquilo que estava que rejeitam a misericórdia divina experi-
na mente do apóstolo ao fazer a declaração. mentarão o fogo literal (Ap 20:9).

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

8 - PR, 182 28- TM, 43; T l, 247 31- PR, 182

720
EZEQUIEL 23:1

CAPÍTULO 23
1 As prostituições de Oolá e de Oolibá. 22 Oolibá será destruída por
seus amantes. 36 O profeta reprova os adultérios de ambas
e 45 fala dos juízos que cairiam sobre elas.

1 Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: 13 Vi que se tinha contaminado; o caminho


2 Filho do homem , houve duas mulheres, fi- de ambas era o mesmo.
lhas de uma só mãe. 14 Aumentou as suas impudicícias, porque
3 Estas se prostituíram no Egito; prostituíram- viu homens pintados na parede, imagens dos cal-
se na sua mocidade; ali foram apertados os seus deus, pintados de vermelho:
peitos e apalpados os seios da sua virgindade. 15 de lombos cingidos e turbantes penden-
4 Os seus nomes eram : Oolá, a mais velha, e tes da cabeça, todos com apa rência de oficiais,
Oolibá, sua irmã; e fo ram Minhas e tiveram fi- semelhantes aos filhos da Babilônia, na Caldeia,
lhos e filhas; e, quanto ao seu nome, Samaria é em terra do seu nascimento.
Oolá, e Jerusalém é Oolibá. 16 Vendo-os, inflamou-se por eles e lhes man-
5 Prostituiu-se Oolá, quando era Minha; dou mensageiros à Caldeia.
inflamou-se pelos seus amantes, pelos assírios, 17 Então, vieram ter com ela os filhos da
seus vizinhos, Babilônia, para o leito dos amores, e a conta-
6 que se vestiam de azul, governadores e sá- minaram com as suas impudicícias ; ela, após
trapas, todos jovens de cobiçar, cavaleiros mon- contaminar-se com eles, enojada, os deixou .
tados a cavalo. 18 Assim, tendo ela posto a descoberto as suas
7 Assim, cometeu ela as suas devassidões devassidões e sua nudez, a Minha alma se alie-
com eles, que eram todos a fin a flor dos filhos da nou dela, como já se dera com respeito à sua irmã.
Assíria, e com todos aqueles pelos quais se infla- 19 Ela, todavia, multiplicou as suas impudi-
mava; com todos os seus ídolos se contaminou. cícias, lembrando-se dos dias da sua mocidade ,
8 As suas impudicícias, que trouxe do Egito, em que se prostituíra na terra do Egito.
não as deixou; porque com ela se deitaram na 20 Inflamou-se pelos seu s amantes, cujos
su a mocidade, e eles apalparam os seios da membros eram como o de jumento e cujo fluxo
sua virgindade e derramaram sobre ela a sua é como o fluxo de cavalos.
impudicícia. 21 Assim, trouxes te à memória a luxúria da
9 Por isso, a entreguei nas m ãos dos seus tua mocidade, quando os do Egito apalpavam os
amantes, nas mãos dos filhos da Assíria, pelos teus seios, os peitos da tua mocidade.
quais se inflamara . 22 Por isso, ó Oolibá, assi m diz o SENHOR
10 Estes descobriram as vergonhas dela, le- Deus: Eis que Eu suscitarei contra ti os teus
varam seus filh os e suas filh as; porém a ela ma- amantes, os quais, enojada, tu os deixaras, e os
taram à espada; e ela se tornou fa lada entre as trarei contra ti de todos os lados:
mulheres, e sobre ela executaram juízos. 23 os filhos da Babilônia e todos os caldeus
11 Vendo isto sua irmã Oolibá, corrompeu a de Pecode, de Soa, de Coa e todos os filh os da
sua paixão mais do que ela, e as suas devassidões Assíria com eles, jovens de cobiçar, governadores
foram maiores do que as de sua irmã. e sátrapas, príncipes e homens de renome, todos
12 Inflamou-se pelos filhos da Assíria, gover- montados a cavalo.
nadores e sátrapas, seus vizinhos, vestidos com 24 Virão contra ti do Norte, com carros e car-
primor, cavaleiros montados a cavalo, todos jo- retas e com multidão de povos; pôr-se-ão contra
vens de cobiçar. ti em redor, com paveses, e escudos, e capacetes;

72 1
23:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

e porei diante deles o juízo, e julgar-te -ão segun- até os seus filhos , que Me geraram , ofereceram
do os seus direitos . a eles para serem consumidos pelo fogo .
25 Porei contra ti o Meu zelo, e eles te trata- 38 Ainda isto M e fizeram: no mesmo dia
rão com furor ; cortar-te-ão o nariz e as orelhas , contaminaram o Meu santuário e profanaram
~ t·· e o que restar cairá à espada; levarão teus filhos os Meus sábados.
e tuas filh as, e quem ainda te restar será consu- 39 Pois, havendo sacrificado seus filhos aos
mido pelo fogo . ídolos , vieram, no mesmo dia, ao Meu santuário
26 Despojar-te-ão dos teus vestidos e toma- para o profanarem; e assim o fizeram no meio
rão as tuas joias de adorno. da Minha casa.
27 Assim, farei cessar em ti a tu a luxúria e a 40 E mais ainda: mandaram vir uns homens
tua prostituição, provenientes da terra do Egito; de longe; fora -lhes enviado um mensageiro, e eis
não levantarás os olhos para eles e já não te lem- que vieram ; por amor deles, te banh as te, coloris-
brarás do Egito. te os olhos e te ornaste de enfeites;
28 Porque assim diz o SENHOR Deus: Eis que 41 e te assentaste num suntuoso leito, dian-
Eu te entregarei nas mãos daqueles a quem aborre- te do qual se ac hava mesa preparada, sobre que
ces, nas mãos daqueles que, enojada, tu deixaste. puseste o Meu incenso e o Meu óleo.
29 Eles te tratarão com ódio, e levarão todo 42 Com ela se ouvia a voz de muita gente
o fruto do teu trabalho, e te deixarão nua e des- que fol gava; com homens de classe baixa foram
pida; descobrir-se-á a vergonha da tua prostitui- trazidos do deserto uns bêbados, que puseram
ção, a tua luxúria e as tuas devassidões. braceletes nas mãos delas e, na cabeça, coroas
30 Estas coisas se te farão, porque te prosti- formosas.
tuíste com os gentios e te contaminas te com os 43 Então, disse Eu da envelhecida em adulté-
seus ídolos. rios: continuará ela em suas prostituições?
31 Andaste no caminho de tua irmã; por isso, 44 E passaram a estar com ela, como quem
entregarei o seu copo na tua mão. frequenta a uma prostituta; assim , passa-
32 Assim diz o SENHOR Deus: Beberás o copo ram a frequentar a Oolá e a Oolibá, mulheres
de tua irmã, fundo e largo; servirás de riso e es- depravadas,
cárnio; pois nele cabe muito. 45 de maneira que homens justos as julga-
33 Encher-te-ás de embriaguez e de dor; o rão como se julgam as adúlteras e as sanguiná-
copo de tua irmã Samaria é copo de espanto e rias ; porque são adúlteras, e, nas suas mãos, há
de desolação. culpa de sangue.
34 Tu o beberás, e esgo tá-lo-ás, e lhe roerás 46 Pois assim di z o SENHOR Deus: Farei subir
os cacos, e te rasgarás os peitos, pois Eu o falei, contra elas grande multidão e as entregarei ao tu-
diz o SENHOR Deus. multo e ao saque.
35 Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Como 47 A multidão as apedrejará e as golpeará com
te esqueceste de Mim e Me viraste as costas, as suas espadas; a seus filhos e suas filh as mata-
também carregarás com a tua luxúria e as tuas rão e as suas casas queimarão.
devassidões. 48 Assim, farei cessar a luxúria da terra, para
36 Disse-me ainda o SENHOR: Filho do que se escarmentem todas as mu lheres e não
homem, julgarás tu a Oolá e a Oolibá? Declara- faç am segundo a luxú ria dela s.
lhes, pois, as suas abominações. 49 O castigo da vossa luxúria recairá sobre
37 Porque adulteraram, e nas suas mãos há vós, e levareis os pecados dos vossos ídolos; e sa-
culpa de sangue; com seus ídolos adulteraram , e bereis que Eu sou o SENHOR Deus.

722
EZEQUIEL 23:20

I. A palavra do SENHOR. O cap. 23 9. Por isso, a entreguei. Ver 2Rs 17:5,


apresenta uma extensa alegoria cujo propó- 6. A história de Samaria é brevemente reca-
sito primário é mostrar a pecaminosidade de pitulada, porque a nação não mais existia ,
Judá. A alegoria é semelhante à do cap. 16, e é usada como base de comparação para a
embora haja algumas diferenças. O tema descrição mais detalhada da loucura de Judá.
principal desta alegoria são as alianças polí- 11. Corrompeu [... ] mais do que ela.
ticas com nações estrangeiras. Além da aliança com a Assíria e o Egito, Judá
2. Uma só mãe. As duas cidades, buscou a ajuda dos babilônios (v. 16).
~ ~ Samaria e Jerusalém, tinham a mesma mãe, 12. Filhos da Assíria. São exemplos
o povo hebreu. Possuíam ancestrais comuns. disso a aliança de Acaz com Tiglate-Pile ser a
3. Na sua mocidade. Para o propósito fim de obter ajuda contra os siros e os israeli-
da parábola, elas são representadas como se tas (2 Rs 16:7-9), e a tentativa de Ezequias de
fossem distintas mesmo durante o período oferecer dinheiro a Senaqueribe para que se
de peregrinação no Egito. Foi na "mocidade" retirasse, enquanto, ao mesmo tempo, con-
que elas se afastaram de Deus. Nesse tempo, fiava no auxílio do Egito (2Rs 18:14, 21 ).
a nação de Israel ainda era considerada sol- 13. De ambas. Ambas as irmãs segui-
teira. O casamento com Yahweh ocorreu por ram a mesma conduta.
ocasião da aliança no Sinai (Êx 19). 14. Homens pintados na parede. Tais
4. Oolá. Do heb. 'Oholah, "tenda". Uma pinturas, em belas cores, eram típicas dos
pequena alteração no hebraico daria o signi- assírios. Os babilônios também decoravam
ficado "a tenda dela"; se este significado esti- paredes com figuras coloridas.
ver correto, o nome chamaria a atenção para 16. E lhes mandou mensageiros.
o fato de que Samaria instituiu seu próprio Talvez Manassés, enquanto es teve cativo
culto, em vez de permitir que o povo fosse em Babilônia (2Cr 33:11), tenha visto
ao templo (lRs 12:26-33). Se 'Oholah sim- naquela cidade uma possível rival da Assíria.
plesmente significa "tenda", a alusão seria A embaixada de Merodaque-Baladã, enviada
às tendas de prostituição que adornavam os a Ezequias (Is 39) sugere que Babilônia
altos idólatras. estava procurando em Judá um apoio contra
Oolibá. O heb. 'Oholihah pode ser uma a Assíria (ver com. de 2Rs 20:12). A ocasião
forma enfática da palavra 'Oholah e ter o precisa em que Judá enviou os mensageiros
mesmo significando de "tenda", ou pode, mencionados é desconhecida.
com uma ligeira modificação no hebraico, 17. Enojada, os deixou. Judá se enfa-
significar "minh a tenda [está] nela". Este dou da aliança com Babilônia e foi buscar a
último significado chamaria a atenção para o ajuda do Egito. Os v. 17 a 19 descrevem essa
fato de o santuário do Senhor estar em Judá. política vacilante (ver 2Rs 24; 25).
Foram Minhas. Ambas professavam 18. A Minha alma se alienou.
lealdade ao verdadeiro Deus. O Senhor Se cansou de Judá e Se afastou
5. Assírios. Sobre as alianças estrangei- dela com repugnância.
ras de Samaria, ver Os 7: 11 , 12 . 20. Amantes. Do heb. pilagshim, pala-
6. Cavaleiros. Os assírios eram famo- vra comumente usada para concubinas
sos por sua cavalaria. (Gn 22:24; 2Sm 3:7). A referência é aos prín-
8. Suas impudicícias, que trouxe do cipes egípcios de quem Judá buscou favor.
Egito. Provavelmente uma referên cia ao Jumento. Estes animais representam
evento que precipitou a queda de Samaria a intensidade da lascívia (ver Jr 2:24; 5:8 ;
(ver 2Rs 17:4; cf. Os 7:11). Os 8:9).

723
23 :23 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

23. Pecode. O nome de uma tribo ara- habitual, isto é, mandavam vir vez após vez
meia que vivia a leste do Tigre, perto da esses homens.
desembocadura do rio (ver Jr 50: 21). Coloriste os olhos. O s antigos usavam
De Soa, de Coa. Podem ser Sutú e antimônio em pó, que tem cor preta, para
Qutú, tribos que viviam a leste do Tigre . delinear e destacar a parte branca dos olhos
24. Do Norte. Do heb. hotsen, cujo a fim de a mulher parecer mais bela e sedu-
significado é desconhecido. A NVI o traduz tora (ver com. de 2Rs 9:30).
como "armas", a ARC como "carros". A tra- 41. Num suntuoso leito. Ou, "num
dução "do norte" segue a LXX. suntuoso divã ", u sado para o indivíduo se
Carretas. C omparar com Ez 26: 10. reclinar numa fes ta (ver com . de C t 3:7;
25. Cortar-te-ão o nariz. A mutila- Me 2:15).
ção de prisioneiros era praticada tanto por 42. Bêbados. Do h eb. sawva'im, cujo
assírios q uanto babilônios. De acordo com signific ado é incerto. A tradução "bêbados"
Diodoro Sículo (i.78), os egípcios puniam a resulta de ligeira mudança n a vocalização.
adúltera cortando fora seu nariz. O profeta p arece enfati zar a degradação
28. A quem aborreces. Ver v. 17. Os progressiva da cidade pros tituída: h omen s
v. 28 a 31 descrevem a punição de Jerusa- de classe b aixa e bêbados do deserto
lém m ediante a figura do castigo de u ma são abraçados por ela. A LXX omite esta
~ "' prostituta. palavra .
32. Beberás. Isto é, a taça da ira (ver 43. Continuará ela em suas prosti-
Is 51:17; Jr 25: 15). tuições? O hebraico deste versículo é obs-
34. E lhe roerás os cacos. Uma figura curo. A LXX o traduz da seguinte forma:
enfá tica que expressa o desespero dos judeus "Então, disse eu: Não com etem elas adul-
no dia do sofrimento. tério com estes? E cometeu ela devassidões
36. Julgarás [... ]? Ver Ez 20:4; 22: 2 . [segundo] a maneira de uma prostituta?"
Aqui se inicia uma nova seção. O profeta 45. Homens justos. É possível que
resume os pecados de Oolá e O olibá, mas os babilônios, por questão de contraste,
de um ponto de vista diferente dos v. 1 a 22 . sejam descritos desta forma, o que consti-
Ele m enciona três elementos característi- tui uma dura repreensão às ímpias irmãs.
cos: o culto a Moloque (v. 37), a profana- Por outro lado, a expressão pode ser apli-
ção do templo (v. 38) e a tran sgressão do cada de maneira geral, significando homens
sábado (v. 38). a quem foram confiados justos juízos .
39. No mesmo dia. O s judeus eram 47. Apedrejará. H á aqui uma mescla da
tão audaciosos na idolatria que, no mesmo alegoria com a realidade. O apedrej amento
dia em que queimavam os filhos a Moloque, era a punição legal para o adultério (Lv 20 :2 ,
no vale de Hinom, hipocritamente se apre- lO; Dt 22:22, 24), m as a destruição real de
sentavam com o adoradores do templo de Jerusalém seria pela espada.
Yahweh (ver Jr 7:9, 10). 48. Todas as mulheres. Isto é, todas
40. Mandaram vir uns homens. as nações, para quem Israel serviria como
O verbo hebraico sugere q ue o ato era advertência e como exemplo assustador.

724
EZEQUIEL 24: l

CAPÍTULO 24
1 Por meio da parábola de uma panela que cozinha algo, 6 é mostrada a irrevogável
condenação de Jerusalém. 15 A ausência de luto por parte de Ezequiel pela
morte da esposa 19 mostra que a calamidade dos judeus é uma
tristeza tão grande que não suscitará lamento.

Veio a mim a palavra do SENHOR, em o serás nunca purificada da tua imundícia, até que
nono ano, no décimo mês, aos dez dias do mês, Eu tenha satisfeito o Meu furor contra ti.
dizendo: 14 Eu, o SENHOR, o disse: será assim, e Eu o
2 Filho do homem, escreve o nome deste dia, farei; não tornarei atrás, não pouparei, nem Me ar-
deste mesmo dia; porque o rei da Babilônia se rependerei; segundo os teus caminhos e segundo
atira contra Jerusalém neste dia. os teus feitos , serás julgada, diz o SENHOR Deus.
3 Propõe uma parábola à casa rebelde e dize- 15 Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
lhe : Assim diz o SENHOR Deus: Põe ao lume a 16 Filho do homem, eis que, às súbitas, ti-
panela, põe-na, deita-lhe água dentro, rarei a delícia dos teus olhos, mas não lamenta-
4 ajunta nela pedaços de carne, todos os bons rás, nem chorarás, nem te correrão as lágrimas.
pedaços, as coxas e as espáduas; enche-a de ossos 17 Geme em silêncio, não faças lamentação
escolhidos. pelos mortos, prende o teu turbante, mete as tuas
5 Pega do melhor do rebanho e empilha lenha sandálias nos pés, não cubras os bigodes e não
debaixo dela; faze-a ferver bem, e cozam-se den- comas o pão que te mandam.
tro dela os ossos. 18 Falei ao povo pela manhã, e, à tarde, mor-
6 Portanto, assim diz o SENHOR D eus : Ai da reu minha mulher; na manhã seguinte, fiz segun-
cidade sanguinária, da panela cheia de ferrugem, do me havia sido mandado.
ferrugem que não foi tirada dela! Tira de dentro a 19 Então, me diss e o povo: Não nos farás
carne, pedaço por pedaço, sem escolha. saber o que significam estas coisas que estás
7 Porque a culpa de sangue está no meio dela; fazendo?
~ .,_ derramou-o sobre penha descalvada e não sobre 20 Eu lhes disse: Veio a mim a palavra do
a terra, para o cobrir com o pó; SENHOR, di zendo:
8 p ara fazer subir a indignação, para tomar 21 Dize à casa de Israel: Assim diz o SENHOR
vingança, Eu pus o seu sangue numa p enha des- Deus: Eis que Eu profanarei o Meu santuário,
calvada, para que não fosse coberto. objeto do vosso mais a lto orgulho, delícia dos
9 Portanto, assim diz o SENHOR Deus: vossos olhos e anelo de vossa alma; vossos filhos
Ai da cidade sanguinária! Também Eu farei pi- e vossas filhas, que deixastes, cairão à espada.
lha grande. 22 Fareis como Eu fiz: não cobrireis os bigo-
lO Amontoa muita lenha, acende o fogo, cozi- des, nem comereis o pão que vos mandam.
nha a carne, engrossa o caldo, e ardam os ossos. 23 Trareis à cabeça os vossos turbantes e as
li Então, porás a panela vazia sobre as bra- vossas sandálias, nos pés; não lamentareis, nem
sas, para que ela aqueça, o seu cobre se torne chorareis, mas definhar-vos-eis nas vossas iniqui-
candente, fund a-se a sua imundícia dentro dela, dades e gemereis uns com os outros.
e se consuma a sua ferrugem. 24 Assim vos servirá Ezequiel de sinal; segun-
12 Trabalho inútil! Não sai dela a sua muita do tudo o que ele fez, assim fareis. Quando isso
ferrugem, nem pelo fogo. acontecer, sabereis que Eu sou o SENHOR Deus.
13 Na tua imundícia está a luxúria; porque 25 Filho do homem, não sucederá que, no dia
Eu quis purificar-te, e não te purificaste, não em que Eu lhes tirar o objeto do seu orgulho, o

725
24:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

seu júbilo, a sua glória, a delícia dos seus olhos e 27 Nesse dia, abrir-se-á a tua boca para com
o anelo de sua alma e a seus filhos e suas filhas, aquele que escapar; falarás e já não ficarás mudo.
26 nesse dia, virá ter contigo algum que esca- Assim, lhes servirás de sinal, e saberão que Eu
par, para te dar a notícia pessoalmente? sou o SENHOR.

1. Nono ano. Do cativeiro de Joaquim 5. Empilha. Do heb. dur, "empilh ar em


(ver com. de Ez 1:2), isto é, 589/ 588 a.C. círculos".
Esta é a mesma data de 2 Reis 25:1; e de Lenha. O texto massorético diz "ossos",
Jeremias 39:1 , 2; 52:4 e 5. O dia foi poste- mas uma ligeira mudança na vocalização
riormente observado pelos judeus com um produz o significado de "toras de madeira"
jejum (Zc 8:19). (para lenha; cf. v. 10), embora os ossos,
Décimo mês. Janeiro de 588 a.C., tanto antes de extraída a gordura, possam ser
pelo cômputo do ano a partir da primavera usados como combustível.
quanto a partir do outono (ver p. 62 4). 6. Ferrugem. É assim que a LXX tra-
2. Escreve o nome. É ordenado ao pro- duz a palavra . A cidade em si, representada
feta anotar o dia exato em que deu a men- pela panela, está, por assim dizer, corroída
sagem, e o anunciar como o dia em que pela ferrugem.
Nabucodonosor começou o ataque a Jeru- Pedaço por pedaço. Os habitantes de
salém. Uma vez que Babilônia ficava a cerca Jerusalém seriam levados pela morte ou
de 800 km de Jerusalém e a mais de uma p elo cativeiro.
vez e meia essa distância pela estrada re- 7. Sobre a penha descalvada. Is so
gular, a notícia não poderia ter alcançado o indica que os crimes de violência pratica-
profeta por meios humanos. Portanto, pos- dos em Jerusalém (ver Ez 22:12, 13; 23:37;
teriormente, quando receberam informa- etc.) tinham sido abertos e escancarados
ções sobre o ataque a Jerusalém, os cativos (ver Gn 4:10; Jó 16:18; Is 26:21).
tiveram , ao se comparar as datas, prova con- 8. Seu sangue. Isto é, o sangue a ser
vincente de que as mensagens de Ezequiel derramado na destruição de Jerusalém.
eram de origem divina. A punição seria tão notória aos olhos do
3. Parábola. Do heb. rnashal (ver vol. 3, mundo como o havia sido o pecado.
p. 1061). Não é dito se Ezequiel apenas pro- 10. Cozinha. Do heb. tamam, literal-
feriu a parábola ou se, na verdade , encenou mente, "completar", "terminar". A tradução
o ato simbólico. "cozinha" é interpretativa, mas transmite
Põe ao lume a panela. Parece haver bem a ideia original.
:g ~ uma referência aos símbolos usados em Engrossa. Do heb. raqach. Uma forma
Ezequiel 11:3 a 7, embora com uma apli- verbal desta raiz é usada para designar a
cação diferente. mistura dos ingredientes do óleo da unç ão
4. Pedaços de carne. Os próprios (Êx 30:33, 35). Seu significado aqui é
judeus. As partes melhores provavel- incerto. A LXX assim traduz a frase como:
m ente simbolizam as classes mais altas. "para que o caldo possa diminuir".
No entanto, a menção das várias partes 11. Vazia. A cidade sem habit antes.
pode não ser uma referência a classes, O fogo deve arder até consumir a ferrugem.
mas somente uma forma de enfatizar que A própria cidade seria destruída.
todos, até os melhores, seriam envolvidos Os v. 11 a 14 falam da ineficácia dos esfor-
na ruína. ços anteriores em operar reforma e indicam

726
EZEQUIEL 24:27

qu e os juízos iminentes eram inevitáveis e grande conflito. Este princípio é demons -


completos. trado na h istória de Jó. Con tudo, qu a ndo
15. Veio a mim a palavra. Inicia-se o inimigo traz afliçõ es, Deus pode fa ze r
um a nova seção, não diretam e nte ligada à com que a tragédia se converta e m be m,
parábola dos v. 1 a 14. para a purificação do s que permanecem
16. Tirarei. Ezequiel foi informado de (ver OTN, 471).
que sua esposa, a quem ele amava, estava 17. Não faças lamentação. O s cos -
para morrer. Não é prec iso inferir, a partir tumeiros sinais de luto deviam ser evita-
da linguagem usada aqui , que a morte dela dos (ve r Js 7:6; 1Sm 4:12 ; 2Sm 15: 30, 32;
foi res ultado de uma ação direta da parte de Is 20:2; Mq 3:7).
Deus. Talvez a mulher já estivesse doente Pão que te mandam. Provável refe-
hav ia a lgum tempo , e Deus quis adverti-lo rência a um a refeição relacionada ao fun e-
de que ela morreria. Por um a figura de lin - ral (ver Dt 26: 14; Jr 16:7; Os 9:4).
guagem, com frequência se diz que Deus 18. Falei. Não se diz o que o profeta
faz aquilo que Ele permite ou não impede fa lou. Talvez ele tenha parti lh ado com os
que aconteça (ver com. de 2Cr 18:18). conc idad ãos a trágica notícia com resp eito
Sataná s é que é o autor do pecado, do sofri- à morte da esposa.
me nto e da morte (ver OTN , 24, 470, 471). 19. O que significam estas coisas.
Con tudo, Deus Se alegra em usar o mal Os estranhos atos de Ezequiel despertara m
perpetrado pelo inimigo para disso faz er o a es perada reação de curiosidade.
be m (ver Rm 8:28; OTN, 471 ). Aq ui a perda 21. Profanarei o Meu santuário.
da delícia dos olhos de Ezequi el foi usada O sa ntuário , a delícia dos olhos do povo, <~ ~
para impressionar a mente do povo com a devia ser profanado e destruído. Os p és
mensagem divina. profanos dos gen tios ad entrariam os sagra-
A experiência de Ezeq u iel mostra dos recintos, aonde nem mesmo os sacer-
que o dedicar-se ao serviço de Deus não dotes podiam ir.
significa imunidade contra sofrimento e Anelo de vossa alma. Vários manus -
infortúnio. Às vezes, parece qu e os men- critos hebraicos apoiam esta traduç ão .
sageiros de De us são m ais assaltados do 23. Definhar-vos-eis. Do heb. maqaq,
que outros n ão ativamente empenhados literalm en te, "decompor-se", "apodrecer".
na causa divi n a. Muitos desastres acome - 24. Ezequiel. Esta é a única ocasião,
tem os que se dedicam a Deus em algum além de Ezequ iel 1:3 , em qu e o profeta se
campo mission ário. Por vezes, morte repen- refere a si mesmo pelo nome. Outros pro-
tina ou penosa e nfermid ade sobrevém aos feta s tamb ém fizeram menção ao própri o
fiéis. Essas calamidades não devem ser con- nome (Is 20:3; Dn 8:27).
sid eradas como golpes do juízo divino. Elas 27. Nesse dia. Ezequiel é inform ado de
são result ado da obra de Sata nás . As ações que, quando recebesse a notícia da qu eda
do inimigo contra os fiéis e mesmo infiéis da cidade (ve r com . de Ez 33:2 1, 22), vol-
mostram a verd adeira natureza do mal no ta ri a a falar (ver Ez 3:26 , 27).

727
25: I COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

CAPÍTULO 25
1 A vingança de Deus contra os amonitas, por sua insolência em relação
aos judeus; 8 também sobre Moabe e Seir, 12 Edom e 15 os filisteus.

1 Veio a mim a palavra do SE NHOR, di zendo: lO dá-las-ei aos povos do Oriente em posses-
2 Filho do homem, volve o rosto contra os fi- são, como também os filhos de Amom, para que
lhos de Amom e profetiza contra eles. destes não haja memória entre as nações.
3 Dize aos filhos de Amom: Ouvi a palavra do 11 Também executarei juízos contra Moabe,
SENHOR Deus: Assim diz o SENHOR Deus: Visto e os moabitas saberão que Eu sou o SENHOR.
que tu disseste: Bem feito!, acerca do Meu san- 12 Assim diz o SE NHOR Deus: Visto que Edom
tuário, quando foi profanado; acerca da terra de se houve vingativamente para com a casa de Judá
Israel, quando foi assolada; e da casa de Judá , e se fez cu lpadíssimo, quando se vingou dela,
quando foi para o exílio, 13 assim diz o SENHOR Deus: Também es-
4 eis que te entregarei ao poder dos filhos do tenderei a mão contra Edom e eliminarei dele
Oriente, e estabelecerão em ti os seus acampa- homens e animais; torná-lo-ei deserto, e desde
mentos e porão em ti as suas moradas; eles come- Temã até Dedã cairão à espada.
rão os teus frutos e beberão o teu leite. 14 Exercerei a Minha vingança contra Edom,
5 Farei de Rabá uma estrebaria de camelos por intermédio do Meu povo de Israel ; este fará
e dos filhos de Amom, um curral de ovelhas; e em Edom segundo a Minha ira e segundo o Meu
sabereis que Eu sou o SENHOR. furor; e os edomitas conhecerão a Minha vingan-
6 Porque assim diz o SENHOR Deus: Visto ça, diz o SENHOR Deus.
como bateste as palmas, e pateaste, e, com toda a 15 Assim di z o SENHOR Deus: Visto que os
malícia de tua alma, te alegraste da terra de Israel, filisteus se houveram vingativamente e com des-
7 eis que estendi a mão contra ti e te darei prezo de alma executaram vingança, para destruí-
por despojo às nações; eliminar-te-ei dentre os rem com perpétua inimizade,
povos e te farei perecer dentre as terras. Acabarei 16 assim diz o SENHOR Deus: Eis que Eu
de todo contigo, e saberás que Eu sou o SENHOR. estendo a mão contra os filisteus, e eliminarei
8 Assim di z o SENHOR Deus: Visto como os queretitas, e farei perecer o resto da cos ta
dizem Moabe e Seir: Eis que a casa de Judá é do mar. .. ~
como todas as nações, 17 Tomarei deles grandes vinganças, com
9 eis que Eu abrirei o flanco de Moabe desde as furiosas repreensões; e saberão que Eu sou o
cidades, desde as suas cidades fronteiras, a glória SENHOR, quando Eu tiver exercido a Minha vin-
da terra, Bete-Jesimote, Baal-Meom e Quiriataim; gança contra eles.

1. Veio a mim. Começa assim uma vizinhas de Israel e a predizer o inevitável


nova série de profecias que tem a ver com destino das mesmas. O juízo havia começado
várias nações vizinhas. Ezequiel havia ter- pela casa de Deus (ver Ez 9:6; cf. lPe 4:17),
minado seu testemunho relativo à destruição mas então devia se estender para o resto
de Jerusalém e aos remanescentes da nação do mundo.
israelita. Ele não devia dizer mais nada com Deus não é Deus de uma nação apenas;
relação a isso, mas devia aguardar o cum- é o Deus do mundo todo. Não faz acepção
primento do juízo predito. No intervalo, de pessoas. Todos são Seus, sem distinção de
Deus lhe ordena dirigir a atenção às nações nacionalidade. Ele está tão ansioso por salvar

728
EZEQUIEL 25 :6

os habitantes de uma nação como os de salientar como Deus usari a Babilônia como
outra. Ao Se revelar como quem dirige supre- exec utora de Sua vontade ao leva r juízos
mamente os acontecimentos e como o árbitro sobre Seu povo, e o efeito disso poderia ser
das n ações, Deus pretendia atrair as pes- anulado se ele se demorasse sobre a derrota
soas a Si e solicitar a adoração das mesmas. final da própria Babilônia. Era mais apro-
Planejava que tal revelação de Sua onisciên- priado que os exilados para quem ele escre-
cia, capaz de predizer de maneira tão exata o veu bu scassem a paz do povo entre o qual
futuro delas , proporcionasse a base necessá- habitavam (ver Jr 29:7), em vez de exulta-
ria para a fé . É verdade que as ameaças pro- rem em sua futura queda. Além di sso, falar
nunciadas contra esses povos são severas e abertamente contra o país de seus captores
implacáveis, e parecem não misturadas com provavelmente custaria a vida de Ezequiel.
misericórdia. Contudo, deve-se lembrar que 2. Os filhos de Amom. Eram descen-
esses eram juízos nacionais, e que neles não dentes de Ló por meio de sua filha mais
estava necessariamente envolvida a salvação nova, e, assi m, parentes consanguíneos de
individual. O que acontece muitas vezes é Israel (Gn 19:38). Durante séc ulos hav ia m
que as calamidades nacionais levam as pes- mostrado hostilidade (Jz 3:1 3; 11:12-15, 32,
soas a buscar a Deus, de fo rma que aquilo 33; 1Sm 11:1 -11 ; 2S m 10:6-14; Am 1: 13-15).
que parece ser contra elas, na verdade, opera A religião deles era uma superstição degra-
para o seu bem. dante e cruel, que exigia sacrifícios hum a-
Deus mantém um preciso registro de con- nos. O culto amonita a Moloque era uma
tas das nações. Todas são testadas para ver contínua tentação para Israel (ver 1Rs 11:7).
se cumprirão ou n ão o papel que lhes foi 3. Bem feito! Do heb. he'ach, uma inter-
reservado pelo Céu. Quando a conta atinge jeição que aqui indica perversa alegria pela
o limite presc rito, elas sofrem a penalidade queda de Jerusalém.
que lhes cabe como nação. Foi isso que ocor- 4. Filhos do Oriente. Do heb. bene-
reu com Israel, que sofreu trágica destrui- qedhem.. O nome é aplicado a várias tribos
ção; mas, ao longo de todo o processo, Deus nômades que p ercorriam de um lado para
planejava operar a salvação de um pequeno outro o deserto a leste de Amom e Moabe (ver
remanescente (ver com. de Dn 4: 17). Gn 29:1; Jz 6:3, 33; 7:12; 8:10; 1Rs 4:30; Jó 1:3).
Além disso, numa época em que Israel Acampamentos. Do heb. tiroth, áreas
buscava o apoio militar de algumas dessas fechadas por muros de pedra e usadas para
n ações, era preciso mostrar-lhe qu ão vãs acampam entos (ve r Gn 25:16; Nm 3 1:10;
eram suas aspirações, poi s essas próprias SI 69:25). A LXX traduz a passagem da
n ações seriam derrotadas. seguinte forma: "E pernoitarão em ti com
Esta nova seção contém mensagens seus pertences, e armarão suas tendas em ti. " .. ~
para sete nações que estavam intimamente 5. Rabá. A capital dos amonitas (2S m
relacionadas com a sorte de Israel e Judá: 12:26; Ez 21:20), 37 km a leste do Jordão, fi-
Amom (Ez 25:1-7), Moabe (25:8 -11), Edom cava perto da nascente do Jaboque. Ptolomeu
(25: 12-14), Filístia (25 :15-17), Tiro (26: 1 a Fi ladelfo, mais tarde, fundou a cidade de F i-
28:19), Sidom (28:20 -23) e Egito (29:1 -32:32). ladélfia no lugar onde estava Rabá . Esta Fila-
Alguns ficam intrigados pelo fato de délfia não deve ser confundida com a cidade
Ezequiel não incluir nenhuma profecia do mesmo nome na Ásia Menor (Ap 1:11).
contra Babilônia. Outros profetas (ls 13; O nome moderno de Rabá é Ammân.
Jr 51:52, 53; Dn 2; 7) predisseram a queda 6. Bateste as palmas. Bater palmas
da cidade caldeia. A obra de Ezequiel era e patear (bater os pés) são gestos de forte

729
25:7 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

emoção (N m 24:10; Ez 21:14, 17; 22:13); aos deuses pagãos e capaz de livrá-los. Agora
aqu i estas ações são manifestações de ale- os infortúnios de Judá pareciam negar essa
gria malici osa. A causa do regozij o aparen- afirm ação. Os moabitas exultaram ante a
temente não era a perspec tiva de vantagem triste situação de seus vi zinhos ao oeste.
material, mas a malícia e a "mald ade con - 9. Abrirei o flanco de Moabe. Um a
tra Israel" (N VI). Eles deviam ter trem ido vez que Moabe estava situado num planalto
ao perceber que Rabá poderia ter sido esco- elevado e com acessos íngremes, não era fácil
lhid a, em vez de Jer usalém, como o alvo da que os inimigos chegassem até seu terri tó-
ca mpanha militar inicial (Ez 21: 19-22) . rio. Mas, se as cidades da fronteira caíssem,
7. Saberás que Eu sou o SENHOR. o resto do país logo sucumbi ri a.
Um fato que eles não estavam dispostos a Bete-Jesimote. C id ade hoje com o
reconhecer antes . Deus pretendia que um nome de Tell el-'Azeimeh, próxima a Khirbet
conhecimento de Seu poder os levasse a bus- Swei1neh , localizada quatro quilôme tros a
car a sa lvação. leste do ponto onde o Jordão desemboca no
8 . Moabe e Seir. Há outras profecias con- Mar Morto.
tra Moabe (Is 15; 16; Jr 48; Sf 2:8, 9). É pos- Baal-Meom. Cidade ce rca de 15 km a
sível que as du as nações sejam mencionadas leste do Mar Morto, próxim a a sua extremi -
juntas por causa da semelhança de seus peca- dade norte; hoje chamada Ma'fn.
dos . Elas são, mais tarde, tratadas separada- Quiriataim. Cidade cerca de 15 km
mente: Moabe (Ez 25:8-11 ) e Seir ou Edom a sudoeste de Baal-Meom ; hoje ch amada
(Ez 25:12-14), pois Seir é outro nome para el-Qereiât.
Edom. A LXX menciona apenas Moabe aqui . Tod as as cidades mencionadas p erten-
O s moabitas eram descend entes de Ló ciam à regi ão que Seom e Ogue tomara m
por meio de sua filh a mais velh a, e, por- dos moabitas séculos a ntes. Esse território
tanto, parentes consanguíneos de Israel, da foi, por sua vez, arrebatado dos amorre us
mesma form a que os amonitas (ver com. do pelos israelitas por ocasião de sua entrada
v. 2). Esses dois povos, intima mente associa- em Canaã , e foi por longo temp o ocupado
dos em sua história e no curso que segui am, por eles. Quando o pod er de Israel deca iu ,
recebem a a meaça de destino semelha nte. l\!Ioabe retomou a região. As cidades são
O povo de Moa be é repetid amente men- mencionadas aqui , talvez, por terem per-
cionado na hi stóri a bíblica (ver Nm 22; 24; tencido a Israel no passado.
25; Jz 3:1 2-3 1; 1Sm 14:47; 2Sm 8:2; 2Rs 3: 5; 10. Povos do Oriente. Ver com. do v. 4.
24:2; 2Cr 20). Por vezes, Israel foi domi- Os filhos de Amom. A divisão dos ver-
nado por Moabe, como du rante o reinado sículos obscurece o sentid o. A fras e dev ia ir
de Eglom (Jz 3:12-31), e, outras vezes, Moabe até o v. 11, como na NVI: "Os amon itas não
foi dominado por Israel , como dura nte o re i- serão lembrados entre as nações, e a Moabe
nado de Davi (2 Sm 8:2). trarei castigo."
A Pedra Moabita, encontrada nas ruínas de 12. Edom. Os edomitas eram os descen-
Dibom, em 1868, trata da opressão de Moabe dentes de Esaú, irmão mais velho de Jacó.
por Onri, rei de Israel, e da revolta de l\!Ioa- A hosti lidade en tre Israel e Edom remonta à
be durante o reinado de l\!Iesha (Mesa). época em qu e Esa ú vendeu o direito de pri-
Mesha atribui sua vitória sobre Israel a seu deus, mogenitura a Jacó (Gn 25:29 -34). Israel havia
Quemos (ver Nota Adicional a 2 Reis 3). sido especialm ente advertido: "Não aborre-
Como todas as nações. Os habitantes cerás o edomita" (Dt 23:7). Contudo, a ini-
de Judá afi rm aram que seu Deus era superior mizade persistiu.

73 0
EZEQUIEL 25:16

13. Temã. A exata locali zação desta Parece mais provável qu e esta porção da pro-
cidade é desconhecida; alguns propuseram fecia se cumpriria na execução dos pla nos
~ "' qu e se trata de uma cidade próxima a Petra, de Deus para o reino res taurado de IsraeL
ou de uma reg ião, ou de um outro nome para Esse novo Estado teria fi nalmente esmagado
Edom. As pessoas de Temã eram famosas por todos os seus inimigos (ver Ez 38; 39).
sua sabedoria (Jr 49:7; Ob 8, 9) . 15. Os filisteus. Com respeito à origem
Dedã. Esta tribo vivia nas vizinhanças deles, ver com. de Gn 10:14; 21: 32; Js 13:2;
do oásis el- Ola, no oeste da Arábi a. vol. 2, p. 10, 16, 17. Sobre outras profecias refe-
14. Por intermédio do Meu povo. rentes aos filisteus, ver com. de Is 14:29-32;
Esta frase sugere que a vinganç a divina ver também Jr 47; Am 1:6-8; Sf 2:4-7.
sobre Edom seria reali zada por meio dos 16. Os queretitas. Um a tribo que, pro-
israelitas . Algun s propuseram que esta pre- vavelmente, vivia na costa, ao sul dos filis-
dição se cumpriu na era dos macabeus , te us (ver com. de 1Sm 30:14; cf. Sf 2:5).
qu ando João Hirca no venceu os idumeus Farei perecer o resto. Os fili ste us
(Josefo , Antiguidades, xiii.9.1 ) e os obrigou desapareceriam, mas do povo de Israel deve-
a se submeter à circuncisão como sinal de ria sobreviver pelo menos um remanescente
que havi am sido absorvidos pelo povo judeu. (ver Is 1:9).

CAPÍTULO 26
1 Profecia contra Tiro por menosprezar Jerusalém. 7 O poder de Nahucodonosor
contra os tírios. 15 O lamento e espanto do mar pela queda desse povo.

1 No undécimo ano, no primeiro dia do m ês , cavalos, ca rros e cavaleiros e com a multidão ele
veio a mim a palav ra do SE NHOR , di ze ndo: mui tos povos.
2 Filho do homem , visto que T iro diss e no 8 As tuas filh as que estão no contine nte, ele
tocante a Jeru salém: Bem fe itol Está quebrada a as mata rá à espa da; levantará baluarte contra
porta dos povos; abriu-se para mim ; eu me tor- ti ; contra ti leva ntará terrapleno e u m te lhado
narei ri co, agora que ela está assolada, ele paveses .
3 ass im di z o SENHOR Deus: Eis que Eu estou 9 Di sporá os seu s aríe tes contra os teus
contra ti , ó Tiro, e fa rei subir contra ti m uitas n a- m uros e, com os seu s ferros, deitará aba ixo as
ções, como faz o mar subir as suas ondas. tuas torres.
4 E las destru irão os muros de T iro e deita- 10 Pela multidão ele seus cavalos, te cobr irá
rão aba ixo as suas torres; e E u varrerei o seu pó, ele pó; os teus muros tremerão com o estrondo
e farei dela pe nha descalvada. elos cavaleiros, das carretas e elos carros , quando
5 No me io do mar, virá a ser um enxugaclou- ele entrar p elas tuas portas, como pelas entradas
ro ele redes, porqu e Eu o anuncie i, d iz o SE NHOR el e uma cid ade em qu e se fez brec ha .
De us; e ela servirá de despojo para as nações . 11 Com as unhas el os seu s cava los, socará
6 Suas fi lhas que estão no continente serão todas as tuas ruas; ao teu povo matará à espada ,
mortas à espada; e saberão que Eu sou o SENHOR. e as tuas fort es colu nas ca irão por terra.
7 Porque ass im diz o SEN HOR Deus: Eis qu e 12 Roubarão as tuas riq uezas, saq uearão as
Eu trarei cont ra Tiro a Nabucoclonosor, rei el a tuas mercadorias, derribarão os teus muros e ar-
Bab il ônia , desde o Norte, o rei elos reis, com rasarão as tuas casas prec iosas ; as tu as pedras ,

731
26:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

as tuas madeiras e o teu pó lançarão no meio cidade, que fost e forte no mar, tu e os teus mo-
das águas. radores, que atemorizastes a todos os teus
13 Farei cessar o arruído das tuas cantigas, e visitantes!
já não se ouvirá o som das tuas harpas. 18 Agora, estremecerão as ilhas no dia da tua
14 Farei de ti uma penha descalvada; virás a queda; as ilhas, que estão no mar, turbar-se-ão
ser um enxugadouro de redes, jamais serás edifi- com tua saída.
cada, porque Eu, o SENHOR, o falei, diz o SENHOR 19 Porque assim diz o SENHOR Deus: Quando
~ ,.. Deus. Eu te fizer cidade assolada, como as cidades que
15 Assim diz o SENHOR Deus a Tiro: Não tre- não se habitam, quando Eu fizer vir sobre ti as
merão as te rras do mar com o estrondo ela tua ondas do mar e as muitas águas te cobrirem,
queda, quando gemerem os traspassados, quando 20 então, te farei descer com os que descem
se fizer espantosa matança no meio ele ti? à cova, ao povo antigo, e te farei habitar nas mais
16 Todos os príncipes do mar descerão dos baixas partes da terra, em lugares desertos an-
seus tronos, tirarão de si os seus mantos e despi- tigos, com os que descem à cova, para que não
rão as suas vestes bordadas; de tremores se ves ti- sejas habitada; e criarei coisas gloriosas na terra
rão, assentar-se-ão na terra e estremecerão a cada dos viventes.
momento; e, por tua causa, pasmarão. 21 Farei de ti um grande espanto, e já não
17 Levantarão lamentações sobre ti e te serás; quando te buscarem, jamais serás acha-
dirão: Como pereceste, ó bem povoada e afamada da, diz o SENHOR Deus.

1. Undécimo ano. Do cativeiro de Joa- outro no sul. Dali os tírios enviavam suas
quim (ver com. de Ez 1:2; ver p. 624). Este foi frotas de navios até a África Ocidental, no
o ano da queda de Jerusalém (587/586 a.C.), Atlântico e , possivelmente, até o que seria
caso ele coincida com os anos de reinado de hoje a Grã-Bretanha. Tiro fundou colônias
Zedequias (2Rs 25:2-4, 8, 9). O mês não é n a Espanha e no norte da África, algu-
dado. Alguns acham que a profecia foi dada mas das quais se torn aram famosas, como
após a queda da cidade (ver Ez 26:2), e de Cartago, Gades (hoje, Cádis) e Abdera. Tiro
fato poderia ter sido, se Ezequiel estivesse também foi famosa por seus artesãos. Seus
usando o cômputo de outono a outono; con- produtos manufaturados como trabalhos em
tudo, a referência à conquista da cidade pode cobre, produtos têxteis (especia lmente teci-
ter sido antecipatória. dos de púrpura) e artigos de vidro e cerâmica
As profecias contra Amom, Moabe, tinham fama mundial.
Edom e os filisteus foram comparativa- Os fenícios falavam um a língua semita.
mente curtas. A profecia contra Tiro ocupa A religião desempenhava papel importante na
três capítulos (Is 26-28), e a profecia con- vida deles. Seu principal deus era Melcarte
tra o Egito, a mais importante nação estfa.n- (às vezes, chamado Baal Melcarte), o deus
geira denunciada por Ezeq uiel, ocupa quatro patrono de Tiro. Este era o Baal adorado em
capítulos. Israel por influência de Jezabel. Também
2. Tiro. Esta era uma poderosa cidade adoravam Astarote e outras divindades com
comercial composta da "a ntiga Tiro", situada orgias corruptas (ver vol. 2, p. 21-23; sobre
no continente, e da "nova Tiro", construída a história da antiga Fenícia, ver com. de
sobre uma ilha rochosa, com 57 hecta- Gn 10:6, 15, 17, 18; vol. 2, p. 52-54).
res de área e que fic ava a 800 m da costa. Bem feito! Ver com . de Ez 25:3.
A nova Tiro tinha dois portos, um no norte e A alegria de Tiro pela queda de Jerusalém

732
EZEQUIEL 26:1 3

devia ser puramente egoísta. Nos dias de localizada na ilha. O cerco durou l3 anos.
Salomão, Jerusalém fora um grande centro Nabucodonosor destruiu completamente a
comercial não portuário, pelo qual fluíam cidade que ficava no continente, mas não
as mercadorias da Arábia e mesmo da Índia. conseguiu tomar a da ilha. Chegou-se a um
Jerus além, sem dúvida, se enriquecera pelo acordo pelo qual Tiro aceitou se submeter a
comércio com os fenícios. Mesmo em seu Babilônia.
declínio, por causa da importância de sua 8. Baluarte. Os v. 8 a 12 descrevem os
localização, Jerusalém era o centro de mui- métodos usuais de ataque a uma cidade loca-
tas transações comerciais que Tiro gostaria lizada no continente.
de monopolizar. 11. Colunas. Do heb. matsevoth. Pode
3. Muitas nações. Talvez aqui a refe- ser uma referência a duas famosas colunas
rência seja a Nabucodonosor e a "todos os descritas por Heródoto (ii.44), uma de ouro
reinos da Terra que estavam debaixo do seu e outra de esmeralda, que ficavam no tem-
poder", isto é, seus aliados (ver Jr 34: 1). Ou, plo de Melcarte, o Baal de Tiro.
talvez o profeta estivesse vendo séculos à 12. No meio das águas. Não há regis-
frente. Depois de Nabucodonosor ter des- tro da tentativa de Nabucodonosor de cons-
truído a cidade localizada no continente, truir um aterro desde o continente até a ilha,
sucessivas conquistas reduziram ainda mais mas isso foi feito com sucesso por Alexandre.
a orgulhosa cidade. Tiro se tornou parte do Mesmo assim, ele precisou usar sua marinha
império persa, embora conservasse a condi- para fazer com que a cidade se rendesse em
ção de independência parcial. Mais tarde, 332 a.C. (Diodoro Sículo, xvii.40-46).
foi governada pelos macedônios e, depois, 13. Tuas cantigas. O simbolismo e a
~ .. pelos romanos. linguagem de certas passagens dos profetas
4. Varrerei o seu pó. Um a figura que Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel reper-
expressa extensa destruição. Posteriormente, cutem no livro do Apocalipse. Guiado pelo
quando Alexandre sitiou a nova Tiro, cons- Espírito Santo, João empregou profusamente
truiu uma passagem do continente para a as mesmas imagens e figuras dos profetas
ilha com o uso de pedras e entulho da antiga anteriores a fim de apresentar as grandes
Tiro como material. cenas finais da hi stória da Terra em termos
5. Enxugadouro de redes. O lugar da que fossem familiares e significativos para
antiga Tiro ainda é usado pelos pescadores o leitor do AT. Assim, a destruição das cida-
para enxugar suas redes. des literais de Babilônia e Tiro proporcionou
6. Filhas. Provavelmente uma figura a João uma descrição vívida da destruição da
poética que se refere às cidades aliadas a Babilônia mística (ver também com. deIs 13;
Tiro que partilharam do destino dela. 14; 23:1; 47:1 ; Jr 25 :12 ; 50:1). O simbolismo
7. Desde o Norte. Isto indica a direção e a linguagem do livro do Apocalipse se tor-
de onde sairia a invasão (ver com. de Jr 1:14). nam mais claros e significativos quando estu-
O rei dos reis. Daniel aplica o mesmo dados à luz do que os profetas do passado
título a Nabucodonosor (Dn 2:37). Os reis escreveram sobre os acontecimentos de sua
persas adotavam este título (ver Ed 7:1 2), época (ver com. de Dt 18: 15). Vários aspectos
como se pode ver pelas inscrições. da punição da cidade literal de Tiro, apresen-
Com cavalos. As várias divisões do exér- tada em Ezequiel 26 a 28, são valiosos num
cito mencionadas são todas forças terrestres. estudo da punição à Babilônia mística, apre-
Não h á registro de uma força naval empre- sentada em Apocalipse 17 e 18. Notem-se
gada para facilitar a conquista da cidade particularmente os seguintes:

733
26:14 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

Ezequiel 26 a 28 Apocalipse 17 e 18
1. "Farei cessar o arr uído das tuas cantigas, e já não se I. "E voz de harpistas, de músicos, de tocadores de flautas
ouvirá o som das tuas ha rpas" (26: 13). e de clarin s jamais em ti se ouvirá" (18:22).

2. "Os príncipes do mar" (26:16). 2. "E todo piloto, e todo aquele que navega livreme nte , e
"Que fo ste forte no mar, tu e os teus moradores" (26:1 7). marinheiros, e quantos labutam no ma r" (18: 17).
"Eram os teus mercadores" (27:17). "Todos os que possuíam navios no mar" (18 :1 9).
"Todos os que pega m no remo, os marinheiros, e todos os "Os teus mercadores foram os grandes da terra" (I 8:23).
pilotos do mar" (27:29) .
3. "Levantarão lamentações sobre ti" (26: 17). 3. "E , sobre ela, ch oram e pranteiam os mercadores da
"Farão ouvir a sua voz sobre ti e gritarão amargamente" terra" (18: 11 ).
(27:30). "Ora , chorarão e se lamentarão sobre ela os reis da terra"
"Chorarão sobre ti , com amargura de alma, com amargura e (18:9; cf. v. 10, 15-19).
lamentação. Levantarão lamentações sobre ti no seu pranto,
lamentarão sobre ti" (27:3 1, 32).
"Os mercadores dentre os povos assobiam contra ti" (27:36).

4. "Como pereceste" (26 :17). 4. "Em uma só hora, foi devastada! " (18:19; cf. v. 10).

5. "Afamada cidade" (26: 17). 5. "A grande cidade que domina sobre os reis da terra"
(17: 18).

6. "Quando Eu fizer vir sobre ti as ondas do mar e as mui- 6. "Como grande pedra de moinho[ . ..] arrojou-a para den-
tas águas te cobrirem" (26 :19). tro do mar [... ] assim [... ] será arrojada Babi lônia" (18:21).
"No tempo em que foste quebrad a nos mares, nas profun-
dezas das ág uas" (27:34; cf. v. 26 , 27) .
7. "Já não serás; qu ando te buscarem, jamais serás achad a" 7. "E nunca jamais será achada" (1 8:2 1).
(26:21; cf. 27 36).
8. "Negocia com os povos" (27:3). 8. "Os mercadores [... ] que, por meio dela, se enriquece-
"Os mercadores dentre os povos" (27:36). ram" (18:15 ).
"Os teus mercadores foram os grandes da terra" (18:23).
9. "As tuas mercadori as" (27:2 7). 9. "S ua mercadoria" (18:11).
I O. "La nçarão pó sobre a cabeça e na cinza se revolve- 10. "Lança ra m pó sobre a cabeça" (18: 19).
rão" (27:30).
11. "Quem foi como Tiro [... ]?" (27:32). 11. "Que cidade se compara à grande cidade? " (18:1 8; cf.
v. 10, 19).

12. "Enriq ueceste os reis da terra" (27:33). 12. "O s reis da terra" (18:9).
"Os mercadores [... ]que, por meio dela, se enriqueceram"
(18: 15 )
13. "Por causa delas [tuas riquezas] se eleva o te u cora- 13. "A si mesma se glorificou e viveu em lu xúria" (18:7).
ção" (28:5). 'Tamanha riqueza" (18:1 7; cf. v. 14, 15 , 19).
14. "Eis que Eu trarei sobre ti os mais terríve is estrangei- 14. "Então, os ajuntaram no lugar que em h e bra ico se
ros dentre as nações" (28:7). chama Armagedom" (16:16).
"E julga e peleja com ju sti ça" (19:11 ; cf. 17: 14 ; 19:15, 19).
~,.. 15. "Eu , pois, fi z sa ir do meio de ti um fogo, que te consu- 15. "E a consumirão no fogo" (17: 16).
miu , e te reduzi a cinzas sobre a terra" (28: 18). "E será consumida no fogo" (18:8).
"A fumac eira do seu incêndio" (18:9).

14. Jamais serás edificada. Alguns cidade não pode ser identificado com segu-
questionam esta predição, uma vez que ainda rança. Por outro lado, é preciso compreender
há uma população de milhares de habitantes que mesmo que houvesse sido erigida uma
na atual península que antigamente constituía cidade no sítio da antiga Tiro continental, a
a ilha e a passagem para o continente. Outros profecia de Ezequiel não teria falhado. A pro-
creem que a profecia se aplica apenas à cidade fecia de Ezequiel foi contra a Tiro de seus dias,
que ficava no continente. Assinalam como evi- em sua antiga glória e cultura. Qualquer cons-
dência do cumprimento das palavras do pro- trução moderna de uma cidade naquele local
feta o estado de desolação existente ali, uma não seria uma renovação da antiga cultura e,
desolação tão completa que o sítio da antiga portanto, não invalidaria a palavra do profeta.

734
EZEQUIEL 26:21

Além disso, a expressão "nunca mais são representados como se estivessem reu-
(do heb. lo' [... ] 'od) simplesmente significa nidos ali. Às vezes, poeticamente, como em
"duração", e a extensão de tempo envolvida Isaías 14, quando chega alguém novo ao
é indefinida, devendo ser derivada do con- abismo, os habitantes desse lugar são des-
texto. Assim, José chorou ao pescoço de seu critos como se despertassem para saudá-
pai 'od (Gn 46:29), que ali é traduzida como lo ou dar-lhe as boas-vindas (ver com. de
"longo tempo". A ideia de perpetuidade inde- Is 14:9, lO). Tudo isto, evidentemente, é figu-
finida, embora não esteja necessariamente rativo. Ezequiel usa a mesma liguagem com
contida na palavra 'od, pode ser inferida de relação ao Egito (Ez 32:18-32).
outras referências ao destino de Tiro (ver 20. Criarei coisas gloriosas. A LXX
com. do v. 21; ver também o com. deIs 13:20). parece ter preservado uma versão melhor:
15. As terras do mar. Do heb. 'iyyim, "e não permanecerás". Tem-se entendido o sig-
que significa tanto áreas costeiras como nificado do hebraico como sendo o seguinte:
áreas do interior do continente. quando a poderosa Tiro, que então se alegrava
16. Príncipes do mar. Isto é, "príncipes com a calamidade de Judá, fosse contada entre
mercadores", que obtiveram riqueza e poder os mortos, Deus estabeleceria Seu povo.
por meio do comércio, e não soberanos de 21. Já não serás. Literalmente, "nada de ti".
fato (ver Is 23:8). A surpresa e dor deles são Jamais serás achada. Aqui o termo
descritas através da figura do luto oriental. heb. 'od (ver com. do v. 14) está associado à
17. Bem povoada. Literalmente, "povoa- palavra le'olam, que significa, literalmente,
da a partir dos mares". A LXX simplesmen- "por uma era". A duração de 'alam também
te diz: "Como estás destruída tu, do mar." deve ser determinada por seu contexto
18. Turbar-se-ão. Sem dúvida, porque (ver com. de Êx 21:6). A combinação de 'od
o comércio de Tiro contribuiu para a pros- e le'olam parece enfatizar a duração. Assim,
peridade delas. pode-se entender as palavras de Ezequiel
19. Fizer vir sobre ti as ondas do mar. como se significassem que a antiga cultura e
Nos v. 19 a 21, Tiro é descrita como se des- civilização de Tiro desapareceriam. Nunca
cesse ao abismo. Todos os que já morreram mais o antigo império seria reavivado.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

7- PR, 514

CAPÍTULO 27
1 As imensas riquezas de Tiro. 26 Sua grande e irrecuperável queda.

l Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: sou perfeita em formosura.


2 Tu, pois, ó filho do homem, levanta lamen- 4 No coração dos mares, estão os teus limites;
tação sobre Tiro; os que te edificaram aperfeiçoaram a tua formosura.
3 dize a Tiro, que habita nas entradas do mar 5 Fabricaram todos os teus conveses de ci-
e negocia com os povos em muitas terras do mar: prestes de Senir; trouxeram cedros do Líbano,
Assim diz o SENHOR Deus: Ó Tiro, tu dizes: Eu para te fazerem mastros.

735
27:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

6 Fizeram os teus remos de carvalhos de 19 Também Dã e Javã, de Uzal, pelas tuas mer-
Basã; os teus bancos, fizeram -nos de marfim en- cadorias, dava m em troca ferro trabalhado, cássia
gastado em pinho das ilhas dos quiteus. e cálamo, que assim entravam no teu comércio.
7 De linho fino bordado do Egito era a tua 20 Dedã negociava contigo com baixeiros
vela, para servir de estandarte; azul e púrpura para cavalgaduras.
das ilhas de Elisá eram o teu toldo. 21 A Arábia e todos os príncipes de Quedar
8 Os moradores de Sidom e de Arvade foram eram mercadores ao teu serviço; negociavam con-
os teus remeiros; os teus sábios, ó Tiro, que se tigo com cordeiros, carneiros e bodes ; nisto, ne-
achavam em ti, esses foram os teus pilotos. gociavam contigo.
9 Os anciãos de Gebal e os seus sábios foram 22 Os mercadores de Sabá e Raamá eram os
em ti os teus calafates; todos os navios do mar e teus mercadores; pelas tuas mercadorias, davam em
os marinheiros se acharam em ti, para trocar as troca os mais finos aromas, pedras preciosas e ouro.
tuas mercadorias. 23 Harã, Cane e Éden, mercadores de Sabá,
lO Os p ersas, os lídios e os de Pute se acha- Assíria e Quilmade negociavam contigo.
ram em teu exército e eram teus homens de 24 Estes eram teus mercadores em toda sorte
guerra; escudos e capacetes penduraram em ti; de mercadori as, em pano de púrpura e bordados,
manifestaram a tua glória . tapetes de várias cores e cordas trançadas e fortes.
ll Os filhos de Arvade e o teu exército esta- 25 Os navios de Társis eram as tuas carava-
vam sobre os teus muros em redor, e os gamaditas, nas para as tuas mercadorias ; e te enriqueces-
nas torres; penduravam os seus escudos nos teus te e ficaste mui famosa no coração dos m ares .
muros em redor; aperfeiçoavam a tua formosura. 26 Os teus remeiros te conduzira m sobre
12 Társis negociava contigo, por causa da gra ndes águas; o vento oriental te quebrou no
abundância de toda sorte de riquezas; troca- coração dos mares.
vam por tuas mercadorias prata, ferro, estanho 27 As tuas riquezas, as tuas mercadorias, os teus
e chumbo. bens, os teus marinheiros, os teus pilotos, os calafa-
13 Javã, Tuba! e Meseque eram os tel!S mer- tes, os que faziam os teus negócios e todos os teus
cadores; em troca das tuas mercadorias, davam soldados que estão em ti, juntamente com toda a
escravos e objetos de bronze. multidão do povo que está no meio de ti, se afun-
14 Os da casa de Togarma, em troca das tuas darão no coração dos mares no dia da tua ruína.
mercadorias, davam cavalos, ginetes e mulas. 28 Ao estrondo da gritaria dos teus pilotos,
15 Os filho s de Dedã eram os teus merca- tremerão as praias.
dores; muitas terras do mar eram o mercado das 29 Todos os que pegam no remo, os marinhei-
tuas manufaturas; em troca, traziam dentes de ros, e todos os pilotos do mar descerão de seus
marfim e madeira de ébano. navios e pararão em terra;
16 A Síria negociava contigo por causa da 30 farão ouvir a sua voz sobre ti e gritarão
multidão das tuas manufaturas; por tuas mer- amargamente; lançarão pó sobre a cabeça e na
cadorias, eles davam esmeralda, púrpura, obras cinza se revolverão;
bordadas, linho fino, coral e pedras preciosas . 31 far-se-ão calvos por tua causa, cingir-se-ão
17 Judá e a terra de Israel eram os teus mer- de pano de saco e chorarão sobre ti, com amargu-
cadores; pelas tuas mercadorias, trocavam o trigo ra de alma, com amargura e lamentação.
de Minite, confeitos, mel, azeite e bálsamo. 32 Levantarão lamentações sobre ti no seu pran-
18 Damasco negociava contigo, por causa to, lamentarão sobre ti, dizendo: Quem foi como Tiro,
da multidão das tuas manufaturas, por causa da como a que está reduzida ao silêncio no meio do mar?
abundância de toda sorte de riquezas, dando em 33 Quando as tuas mercadorias eram expor-
troca vinho de Helbom e lã de Saar. tadas pelos mares, fartaste a muitos povos; com

736
EZEQUIEL 27:8

a multidão da tua riqueza e do teu negócio, en- 35 Todos os moradores das terras dos mares
riqueceste os reis da terra . se espantam por tua causa; os seus reis tremem
34 No tempo em que foste quebrada nos sobremaneira e estão de rosto perturbado.
mares, nas profundezas das águas se afunda- 3~. Os mercadores dentre os povos assobiam
ram os teus negócios e toda a tua multidão, no contra ti; vens a ser objeto de espanto e jamais
meio de ti. subsistirás.

1. A palavra do SENHOR. A nova seção famosa por suas florestas de carvalho e por
dá sequência à profecia contra Tiro. seu gado (ver SI 22:12).
2. Lamentação sobre Tiro. Começa no Bancos. Ou, "convés" (NVI). Do heb. qe-
v. 3 um poema no ritmo qinah, o ritmo do canto resh, que geralmente significa "tábuas" (Êx 26: 15;
fúnebre (ver vol. 3, p. 3). O lamento retrata etc.); alguns pensam que o termo aqui se refira
Tiro sob a figura de um navio de luxo, total- à proa da embarcação.
mente equipado e com tripulação completa, Em pinho. Literalmente, "filha dos assí-
que viaja por toda parte e realiza um prós- rios" (ver ARC), cujo significado, no contexto,
pero comércio, mas que afinal se vê em águas é obscuro. Se as duas palavras hebraicas
tempestuosas e naufraga. Ocasionalmente, a forem unidas, a tradução fica: "em cipreste",
realidade aparece em meio à figura, o que é "com cipreste" ou "em pinho".
característico do estilo de Ezequiel. Dos quiteus. A referência é a Chipre,
Talvez a razão pela qual tanto espaço é mas, num sentido mais geral, às ilhas e às
dedicado a Tiro é que seu orgulho, sua ambi- regiões costeiras do Mediterrâneo (ver com.
ção, organização e conduta se assemelham de Dn 11:30).
aos do líder rebelde, Satanás. Em Ezequiel 7. Ilhas de Elisá. Ou, "regiões costei-
28:11 a 19, sob a figura do príncipe de Tiro, ras de Elisá" (ver com. de Ez 26: 15). Elisá
o profeta faz um lamento pelo anjo caído. é mencionado como um dos filhos de Javã
Mais tarde, o profeta João faz uso da profe- (Gn 10:4; 1Cr 1:7). Alguns têm identificado
cia de Ezequiel contra Tiro para proferir seu as ilhas de Elisá como sendo Chipre, outros
lamento pelo colapso da satânica organização como sendo a Sicília e a Sardenha.
religiosa de falsificação universal (Ap 18). Toldo. Literalmente, "cobertura" (ARC),
3. Entradas. A referência deve ser aos mas, provavelmente, a referência era ao toldo
dois principais portos de Tiro, o "egípcio", no estendido sobre o convés para proteger do
sul da ilha, e o "sidônio", no norte. sol escaldante.
4. Teus limites. Como a Tiro que se 8. Teus remeiros. Agora é descrita a
situava na ilha era cercada de água, sugeria tripulação do navio. As duas cidades men-
a figura de um navio no mar. cionadas como local de procedência destes
5. Conveses. Ou, "madeiramento" (NVI). marinheiros eram tributárias de Tiro. Sidom
O madeiramento para as laterais do navio. ficava cerca de 40 km a nordeste de Tiro, na
Senir. O nome amorreu, ugarítico e aca- costa da Fenícia; e Arvade, chamada Aradus
diano para o monte Hermom (ver Dt 6:9). pelos gregos, era uma ilha rochosa próxima
Cedros do Líbano. Sem dúvida, eram à costa, que ficava cerca de 160 km ao norte
valiosos por causa da altura , resistência e de Sidom.
durabilidade. Ó Tiro. A tradução "de Zemer" (RSV) ... ~
6. Basã. Uma fértil região de planície a baseia-se numa ligeira alteração do texto
leste do Mar da Galileia (ver com. de Js 12:4), hebraico e na comparação com Gênesis 10:18.

737
27:9 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

Zemer era uma cidade fenícia ao sul de 16. Síria. Vários manuscritos hebraicos,
Arvade. a versão de Áquila e a Siríaca trazem "Edom"
9. Gebal. É a antiga Biblos, a moderna (ver com. de Ez 16:57). A Síria é mencio-
]ebeil, que fica 65 km a nordeste de Sidom, nada, mais tarde, com o nome de "Damasco"
situada próxima ao rio Adônis, numa região (Ez 27:18).
mais elevada. Seu sítio ainda é rico em ruí- Esmeralda. Do heb. nofek, possivel-
nas fenícias. mente, a turquesa (cf. NVI, BJ). É difícil
10. Os persas. Tiro era em grande parte identificar com certeza muitas das pedras
dependente de mercenários para a formação preciosas m encion adas na Bíblia. Com o
de suas tropas. desenvolvimento da química, especialmente
Lídios. Ver com. de Gn 10:13. no ramo da cristalografia, tornou-se possível
Pute. Muitos egiptologistas creem que identificar algumas pedras preciosas antigas
esta região seja a mesma que os egípcios cha- analisando-se exemplares encontrados em
m avam de Punt, um território situado na descobertas arqueológicas. Os antigos clas-
África, às margens do Mar Vermelho. Os sificavam várias pedras diferentes da mesma
assiriologistas, contudo, geralmente identi- cor por um único nome, embora estas pos-
fic am Pute com uma divisão da Líbia. suíssem composição química diversa.
11. Os gamaditas. Este nome ocorre Pedras preciosas. Do heb. kadlwd, pos-
apenas aqui. Os gamaditas deviam ser os sivelmente, o rubi ou o jaspe vermelho.
habitantes de Kumidi, cidade fenícia mencio- 17. Minite. Uma cidade amonita que,
nada nas Cartas de Amarna. Gamade seria segundo se crê, ficava perto de Hesbom
um estado siro-fenício, ao norte. (Jz ll :33).
Penduravam os seus escudos. Ver Confeitos. Uma palavra encontrada
Ct 4:4. somente aqui. Se for um nome próprio, seu
12. Társis. Acredita-se que fosse a cidade significado já se perdeu. Os Targuns e a LXX
que os gregos chamavam de Tartessos, uma dizem "unguentos"; a Vulgata, "bálsamo".
colônia fenícia no sul da costa da Espanha. Uma palavra acádia semelhante, pannigu,
Mercadorias. Do heb. 'izvonim, "artigos descreve pratos feitos de farinha ou confeitos.
de comércio", "estabelecimentos comerciais". 18. Damasco. A antiga capital de um
13. Javã. Ver com. de Gn 10:2. importante reino sírio.
Tubal. Os tibarênios dos escritos clás- Vinho de Helbom. Este vinho é men-
sicos ou os tabaleanos mencionados em cionado nas inscrições de Nabucodonosor.
documentos cuneiformes assírios (ver com. A moderna Halbún fica cerca de 20 km a
de Gn 10:2). noroeste de Damasco. Ainda são cultivadas
Meseque. Os moschoi dos escritos clás- uvas nessa zona.
sicos, os mushku das inscrições assírias 19. Dã. Parece não haver explicação
(ver com. de Gn 10:2). satisfatória p ara a menção desta cidade
14. Togarma. Um nome para os armênios pequena e sem importância. O nome não
do norte, povo descendente de Jafé (ver com. está na LXX nem na NTLH.
de Gn 10: 3); referiam-se a si mesmos como Javã. Do heb. Yawan, que, provavel-
"a casa de Torgom". Comercializavam cavalos mente, devia ser Yayin , "vinho" (ver LXX;
e asnos e habitavam as rústicas regiões mon- NTLH).
tanhosas no lado sul do Cáucaso. De Uzal. No hebraico, a expressão é
15. Filhos de Dedã. Uma tribo árabe do me'uzzal ("o caminhante", ARC). Esta expres-
sul de Edom (ver com. de Gn 10:7; Ez 25:13). são só pode ser traduzida como "de Uzal" por

738
EZEQUIEL 27:29

meio de uma mudança na pontuação vocá- o fa to de ser mencionado aqui junto com
lica . Uzal é um lugar não iden tificado da outras cidades levou alguns eruditos a iden-
Aráb ia (ver Gn 10:27). tificá-lo com a moderna Qal'ât Sherqât, que
Cássia e cálamo. Ambos eram ingre- fica na margem ocidental do Tigre, cerca de
dientes do santo óleo usado para ungir os 80 km ao sul de Nínive.
sacerdotes (Êx 30:23, 24). Quilmade. Um local desconh ecido,
20. Baixeiros para cavalgaduras. Isto provavelmente situado não muito longe da
é, "mantos de sela" (NVI). cidade de Assur.
21. Arábia. A palavra é usada aqui no 24. Toda sorte de mercadorias. Do
sentido limitado como em outras partes da heb. maldulim, litera lmente, "coisas aperfei-
Bíblia (2Cr 9:14 ; Is 21:13; Jr 25:24), isto é, çoadas", o que talvez denote "lindas roupas"
referind o-se à área desértica do norte do país, (NVI) ou "roupas de luxo" (NTLH).
que é oc upada por tribos nômades. Fortes. Ou, "feitos de cedro" (ARC).
Quedar. O nome de uma das tribos 25. Navios de Társis. Ver com . de
nômades descendentes de Ism ael (Gn 25:13 ; lRs 10: 22 acerca deste termo. Provavelmente
~ "' cf. Is 60:7). designa navios que transportavam me tais
22. Sabá. Os descendentes de C uxe, o provenientes de Társis , cidade que fic ava na
filh o de Cam (ver Gn 10:7). Seu território Espanha.
ficava na parte sudoeste da Arábia e incluía 26. Os teus remeiros. A figura do
o Iêmem. Era a terra da rainha de Sabá, que navio é aqui retomada. A embarcação está
visitou Salomão, e se destacava já naquela em alto mar, açoitada pelo vento oriental,
época pelas especiarias e pelo ouro (lRs 10:1, um vento traiçoeiro e perigoso (ver SI 48:7).
2, lO; SI 72:10, 15; Is 60:6; Jr 6:20; ver com. O imponente navio é quebrado pela força
de Gn 10:7). do vendaval.
Raamá. Acredita-se que fosse uma tribo 27. Os teus marinheiros. São enu-
do sul da Arábia (ver com. de Gn 10:7). merados os vários tipos de homens do mar.
23. Harã. O profeta deixa a Arábia e Juntos , todos os que contribuíam para o
passa a falar da Mesopotâmia. H arã, onde poder, a glória e a riqueza de Tiro perece-
Abraão morou por um tempo (Gn 12:4), ram em um grande desastre. Todos foram
ficava na parte noroeste da Mesopotâmia, lançados no meio do mar quando o forte
junto ao rio Balikh, na encru zilhada de duas navio se quebrou.
grandes rotas de ca ravanas. 28. Praias. Ou, "os arrabaldes" (ARC).
Cane. Lugar de localização desconhe- A palavra assim traduzida geralmente signi-
cida, mas, provavelmente, próximo a H arã. fica a área aberta que cerca uma cidade
Éden. Uma região junto ao Eufrates, no (ver com . de Js 14:4). Aqui , a referência é
sul de H arã (ver 2Rs 19: 12; Is 37:12). aos arredores das cidades.
Sabá. Esta é a mesma Sabá mencionada 29. Todos os que pegam no remo.
anteriormente (v. 22). O nome deve estar fora O mundo mercantil chora a perda do impo-
de ordem aqui ; e não está na LXX. nente navio com todos os atos costumei-
Assíria. Ou, "Ass ur" (ARC , NVI). É o ros de luto, e compõe um hino fúnebre
termo comum que designa a Assíria, mas (v. 32-36).

739
28: l COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

CAPÍTULO 28
1 O juízo de Deus sobre o príncipe de Tiro por seu orgulho sacrílego. 11 Lamentação
por sua glória corrompida pelo pecado. 20 O juízo contra
Sidom. 24 A restauração de Israel.

1 Veio a mim a palavra do SENHOR, di ze ndo: o carbúnculo e a esmeralda; de ouro se te fi ze-


2 Filho do homem , dize ao príncipe de Tiro: ram os engastes e os ornamentos; no dia em que
Assim di z o SENHOR Deus: Visto que se e leva o foste criado, foram eles preparados.
teu coração, e di zes: Eu sou Deus , sobre a ca- 14 Tu eras querubim da guarda ungido, e te
deira de Deus me assento no coração dos mares, estabeleci; permaneci as no monte santo de Deus,
e não passa s de homem e não és Deus, ainda no brilho das pedras andavas.
que estimas o teu coração como se fora o cora- 15 Perfeito eras nos teus caminhos, desde o
ção de Deus - dia em que foste criado até que se achou iniqui-
3 sim, és mais sábio que Daniel, não há se- dade em ti.
gredo algum que se possa esconder de ti ; 16 Na multiplicação do te u comércio, se en-
4 pela tua sabedoria e pelo teu entendimento, cheu o teu interior de violência, e pecaste ; pelo
alca nçaste o teu poder e adquiriste ouro e prata que te lançarei , profanado, fora do monte de
nos te us tesouros ; Deus e te farei perecer, ó querubim da guarda,
5 p ela extensão da tua sabedoria no teu em meio ao brilho das pedras.
com ércio, aumentaste as tuas riquezas; e, por 17 Elevou-se o teu coração por causa da tua
causa delas, se eleva o teu coração -, formosura , corrompeste a tua sabedoria por causa
6 assim di z o SENHOR Deu s: Visto que es- do teu resplendor; lancei-te por terra, diante dos
timas o teu coração como se for a o coração de reis te pus, para que te contemplem .
Deus, 18 Pela multidão das tuas iniquidades, pela
7 eis que Eu trarei sobre ti os mais terríveis injustiça do teu comércio, profanaste os teus san-
estra ngeiros dentre as nações, os quais desem- tuários; Eu , pois, fi z sa ir do meio de ti um fo go,
bainharão a espada contra a formosura da tua sa- que te consumiu , e te redu zi a cinzas sobre a
bedoria e mancharão o teu resplendor. terra , aos olhos de todos os que te contemplam .
~ ,.. 8 Eles te farão descer à cova, e morre rás da 19 Todos os que te conhecem entre os povos
morte dos traspassados no coração dos mares. estão espantados de ti ; vens a ser objeto de es-
9 Dirás ainda diante daquele que te matar: panto e jamais subsistirás .
Eu sou Deus? Pois não passas de homem e não 20 Veio a mim a pa lavra do SENHOR, dizendo:
és Deus, no pode r do que te traspassa . 21 Filho do homem , volve o rosto contra
lO Da morte de incircunci sos morrerás, por Sidom, profetiza contra ela
intermédio de es trangeiros, porque Eu o falei, 22 e di ze : Assim di z o SENHOR Deus: Eis-Me
diz o SENHOR Deus. contra ti , ó Sidom , e serei glorificado no meio de
11 Veio a mim a palavra do SENHOR , di zendo: ti; saberão que Eu sou o SENHOR, quando nela
12 Filho do homem , levanta uma lamenta- executar juízos e nela Me sa ntificar.
ção contra o rei de Tiro e dize-lhe: Assim di z o 23 Pois enviarei contra e la a peste e o sa ngue
SENHOR Deus: Tu és o sinete da perfeição, cheio nas suas ruas , e os tras passados cairão no meio
de sabedoria e formosura. dela, pela espada contra e la, por todos os lados;
13 Estavas no Éden, jardim de Deus; de todas e saberão que Eu sou o SENHOR.
as pedras preciosas te cobrias: o sárdio, o topá zio, 24 Para a casa de Israel já não h averá espinh o
o diama nte, o berilo, o ôn ix, o jas pe , a safira, que a pique, ne m abrolho que ca use dor, entre

740
EZEQUIEL 28:12

todos os vizinhos que a tratam com desprezo; e na terra que dei a Meu servo, a Jacó.
saberão que Eu sou o SENHOR Deus. 26 Habitarão nela seguros , edificarão casas e
25 Assim diz o SENHOR Deus: Quando Eu plantarão vinhas; sim, habitarão seguros, quan-
congregar a casa de Israel dentre os povos entre do Eu executar juízos contra todos os que ostra-
os quais estão espalhados e Eu Me santificar tam com desprezo ao redor deles; e saberão que
entre eles, perante as nações, então, habitarão Eu sou o SENHOR, seu Deus.

I. A palavra do SENHOR. O cap. 28 7. Terríveis estrangeiros. Em outras


consiste de três seções. A primeira (v. l-lO) passagens, Ezequiel descreve o exército babi-
é uma profecia contra o príncipe de Tiro, lônico com esta fras e (30:10, ll; 3l:l2; 32: 12).
cuja queda é atribuída a seu intolerável orgu- 8. Morte. O termo no hebraico está no
lho e arrogância. A segunda seção (v. 11-19) plural intensivo, o que significa uma morte
é uma lamentação sobre o rei de Tiro, que, violenta.
justificadamente, acaba se transformando 9. Não passas de homem. Não há
numa digressão e passa a tratar do verdadeiro verbo no original acompanhando a palavra
governante de Tiro, isto é, Satanás. Os prin- "homem". O mais natural a ser acrescentado
cípios que governam esse desvio do assunto aqui seria o verbo ser (ver ARC, NVI).
são tratados nos comentários feitos naquela 10. Incircuncisos. Segundo Heródoto
seção. A terceira seção, que é a mais curta (ii. l04), os fenícios praticavam a circuncisão.
(v. 20-26), é uma profecia contra Sidom, a Como os judeus, eles considerariam os incir-
outra cidade principal da Fenícia. cuncisos com desdém.
2. Príncipe. Do heb. nagid, "um chefe", 12. Rei de Tiro. Os v. ll a 19, embora
"um líder". Segundo Josefo, o rei tírio na apresentados como um hino fúnebre ao rei
época do cerco de Nabucodonosor era Etbaal de Tiro, dificilmente podem ter sua aplica-
(Contra Ápion , i.21). Contudo, o profeta, ção limitada a esse príncipe. As figuras usa-
sem dúvida, está censurando a insolência e das vão além da referência local; e, mesmo
o orgulho desmesurado dos líderes de Tiro considerá-las como uma "extrema ironia", não
em geral. resolve os problemas criados por uma aplica-
Sobre a cadeira de Deus. Provavel- ção inteiramente local da passagem.
mente, uma referência à beleza natural e à As seguintes declarações parecem par-
~ li> posição estratégica de Tiro. Alguns veem na ticularmente difíceis de serem aplicadas a
frase uma referência ao templo de Baal Mel- qualquer literal "rei de Tiro": (l) "estavas no
carte situado em Tiro. Éden, jardim de Deus", v. 13; (2) "tu eras que-
3. Mais sábio que Daniel. Isto é uma rubim da guarda ungido [.. .]; permanecias
ironia. Daniel se distinguiu na corte babilô- no monte santo de Deus", v. 14; (3) "perfeito
nica como homem sábio e revelador de misté- eras nos teus caminhos, desde o dia em que
rios (Dn 1:20; 2:48; 4:18; S:ll-14; etc.). O rei foste criado até que se achou iniquidade em
de Tiro é comparado a ele, provavelmente, ti", v. 15; (4) "pelo que te lançarei, profanado,
por causa de sua satisfação própria e de seu fora do monte de Deus e te farei perecer,
senso de superioridade. Alguns acham que ó querubim da guarda", v. 16. Ao conside-
o Daniel aqui seja o herói de nome Dan'el rar o caráter e as atividades do rei literal de
mencionado nos tabletes de Ras Shamrah, Tiro em visão, Ezequiel viu mais longe, por
do séc. 14 a.C. (ver com. de Ez 14:14); mas revelação divina, e enxergou o ser invisível
isso é improvável. mais poderoso a quem o rei de Tiro servia.

74 1
28:13 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

Da mesma forma, foi permitido que Isaías O significado geral é claro. Lúcifer foi reves-
enxergasse além do rei literal de Babilônia tido de sabedoria, glória e beleza, acima de
(Is 14:4) e visse Satanás, cujo caráter e política todos os outros anjos.
eram reproduzidos por aquele rei (v. 12-16). 13. Éden. O termo deve aqui ser con-
Assim, parece mais simpl es consid erar sid erado em seu sentido mais a mplo, como
que a passagem se desvia um pouco da pro- o lugar da habitação de Deus (ver PP, 35). <e j
fecia sobre o príncipe de Tiro para apresen- O contexto reprodu zido é de qu ando Lúcifer
ta r a história daqu ele que era o verdad eiro ainda não havia caído. A criação da Terra e a
rei de Tiro: o próprio Satanás . Assim com- colocação de nossos primeiros pais no Éden
preendida, a passagem fornece a história da ocorreram após a queda dele (ver PP, 36;
origem, posição inicial e queda do anjo que, HR, 20; SP1, 23; PE, 146).
mais tarde, tornou-se conhecido como diabo Todas as pedras preciosas. As pedras
e Satanás. Se não fossem esta passage m e a mencionadas aqui se encontram também na
de Isaías 14:12 a 14, não haveria um relato lista de pedras preciosas que se encontravam
razoavelmente completo da origem, condi- no peitoral do sumo sacerdote (Êx 28:17-20;
ção original e causas da queda do príncipe 39:8-14); contudo, a ordem em que são men-
do mal. As referên cias do NT sobre esse ser cionadas não é a mesma. Na LXX, as duas
(Lc 4:5, 6; 10:18; Jo 8:44; 1]o 3:8; 2Pe 2:4; listas são idênticas. A enumeração dessas
Jd 6; Ap 12:7-9; etc.), embora plenamente várias joias enfatiza a exaltada posição do
consistentes com essas profecias antigas, não anjo mais honrado no Céu.
fornecem, por si próprias, a história completa. Engastes. Do heb. tuppim, singular tof,
Foi o Espírito Santo quem planejou e geralmente um pequeno tambor (ver vol. 3,
unificou as Escrituras, e foi Ele que provi- p. 15). Pode ser que tof se refira aqui à cavi-
denciou que fossem dadas informações sufi- dade em que uma pedra preciosa é embu-
cientes sobre todos os assuntos essenciais, tida, já que ocorre junto a uma lista de outras
inclusive a história de Satanás. Além disso, pedras.
foi Ele qu em determinou quando, como e Ornamentos. Do heb. neqovim, palavra
por meio de quem devia ser dada a revela- de significado incerto, definida por alguns
ção. A ocasião envolvida na passagem em como "minas". Outros acham que a palavra
questão era especialmente apropriada, uma se refira aos orifícios em que as pedras pre-
vez que o príncipe de Tiro havia imitado de ciosas são inseridas. Se este último signi-
maneira tão notável o exemplo de seu ver- ficado está correto, a passagem descreve o
dadeiro líder, o diabo. À lu z do grande con- suntuoso engaste dessas pedras preciosas.
flito, a nação de Tiro, juntamente com todas Foste criado. Por se tratar de um ser
as nações pagãs, era controlada pelos princí- criado, Lúcifer era distintam ente infer ior ao
pios desse grande líder rebelde, e a influên- Pai e ao Filho, em quem havia vida original,
cia dele na história dessas nações precisava não emprestada, não derivada. Contudo, foi
ser devidamente exposta (para mais informa- com o Filho que Lúcifer reivindicou igual-
ção sobre a origem e o destino de Satanás, dade. Quando Deus disse ao Filho: "Façamos
ver PP, 33-43; CC, 492-504). o homem à Nossa imagem", Satanás teve ciú-
Tu és o sinete da perfeição. A ACF tra- mes de Jesus (ver PE, 145). Desejava ser con-
du z a frase como: "Tu eras o selo da medida." sultado na formação do homem . Ao aspirar,
A palavra traduzida na ARA como "perfei- assim, ao pod er que era prerrogativa apenas
ção" ocorre somente aqui e em Ezequiel do Criador exercer, caiu de sua exaltada posi-
43:10, em que é traduzida como "modelo". ção e se tornou o diabo. É incorreto dizer que

742
EZEQUIEL 28:23

Deus criou o diabo. Deus criou um belo anjo, 17. Elevou-se. Sobre a causa da queda
santo e imaculado, mas esse anjo fez de si de Lúcifer, ver com. do v. 15.
mes mo um diabo. 18. Teus santuários. Muitos manu scr i-
14. Querubim da guarda ungido. tos hebraicos e algumas versões dizem "te u
A posição original de Satanás é ilustrada santuário". A óbvia referência é ao próp rio
pelos querubins que cobriam o propiciató- lugar santo do C éu, que foi contaminado pela
rio no templo hebraico. Lúcifer, o querubim entrad a do pecado.
cobridor, estava à luz da presença divina. Era E te reduzi a cinzas. A destruição de
o mais elevado de todos os seres criados, e o Satanás é ilustrad a com a figura da elimina-
primeiro em revelar ao universo os desígnios ção de Tiro e de seu rei pelo fogo. Na ver-
divinos (ver DTN, 758). dade, a aniquilação do instigador do mal será
Monte santo. O termo representa aqui pelo fogo que, no último dia, removerá todo
a sede do governo de Deus, o próprio Céu, vestígio de pecado e purificará a Terra para
que é figurativamente representado como futura habitação dos justos (Ap 20:14, 15;
um monte (ver com. de SI 48:2) . 21: 1).
Brilho das pedras. A presença de 19. Espantados. Precisa-se considerar
Deus é muitas vezes retratada como estando que isto é uma figura. Satanás vai sofrer por
rodeada de cores e de fogo (ver Ap 4:3). longo tempo no lago de fogo depois de todos .. ~
Quando o Senhor apareceu a Moisés, a Arão os outros pecadores já terem morri do (ver PE,
e aos anciãos, Seus pés foram mostrados 294, 295 ). Os justos, dentro da cidade, irão
sobre algo semelhante a um pavimento de testemunhar a ação do fogo renovador.
pedra de safi ra (Êx 24: lO). Esses vários deta- Jamais subsistirás. Esta declaração pro-
lhes são mencionados para enfatizar o con- porciona a certeza de que o pecado, uma vez
traste entre os privilégios originais de Lúcifer errad ic ado, nunca mais maculará o universo
e a sorte que lhe coube subsequentemente. de Deus (ver Na 1:9). Ao permitir qu e a rebe-
15. Até que se achou iniquidade. lião amadurecesse plenamente, Deus ga ran-
O pecado levou à expulsão de Satanás do tiu o futuro. O s habitantes do vas to universo
Céu (ver PP, 33-43; GC , 492-504). de Deus terão desenvolvido uma imunidade
16. Na multiplicação do teu comér- contra o mal que os tornará seguros con-
cio. A imagem é extraída do comércio de tra qualquer transgressão futura. Os res ulta-
Tiro, mas a figura do rei de Tiro não se perde. dos da apostasia contra o governo de Deus já
A obra de Lúcifer em dissemi nar a rebelião serão plena mente conhecidos. Todos estarão
no Céu é comparada ao comércio ganancioso convencidos da justiça, benevolência e sabe-
e, muitas vezes, deso nesto de Tiro. doria do caráter de Deus. Nunca o pecado
E te farei perecer. Este é sentido do perturbará a perfeita harmonia que vai per-
texto hebraico. Segundo algumas traduções mea r a Terra recriada por Deus.
que seguem a LXX, é o querubim cobridor 21. Sidom. Ver com. de Ez 27:8.
quem exp ulsa Lúcifer. A RSV, por exem- 22. Serei glorificado. Deus seria vin -
plo, diz: "E o querubim guardião te lançou dicado como Aquele que tem sob Seu con-
fora." A mudança é desnecessária e injusti- trole o destino das nações (ver Ed, 174-178;
ficada, e obscurece o fato de que Satanás ver com. de Dn 4: 17).
era o "querubim cobridor" (DTN, 758). Em 23. Pela espada. Depois do cerco de
Apoca lipse 12:7 a 9, Miguel (Cristo; ver com. Nabucodonosor e da vitória parcial sobre
de Dn 10:13) é descrito como o líder das for- T iro, Sidom se tornou a principal cidade-
ças que expulsam o a rquirrebelde do Céu. estado feníci a. Mais tarde , Cambises colocou

743
28:24 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

a cidade sob domínio persa (c. 526 a .C.). privilégios. As nações adjacentes reconhece-
Uma revolta em 351 a .C. levou à destrui- riam a supremacia de Yahweh.
ção da cidade. Mais tarde, Sidom se rendeu 26. Edificarão casas. Ver Is 65:9, 10;
a Alexandre e, posteriormente, foi dominada Jr 30:18; 32:41. Isto ilustra a condição ideal
por Rom a. que Deus planejou pa ra o Israel restaurado.
24. Espinho que a pique. Uma figura Se tivesse cumprido os planos divinos, o povo
provavelmente tomada de Números 33 :55 , de Deus teria habitado em segurança nas
aplicada ali aos cananeus em geral. casas que eles próprios construiriam e teri a
25. Eu Me santificar entre eles. De comido livremente das vinhas que eles pró-
acordo com o plano de Deus, essas nações prios plantariam , sem medo de jamais ser
que foram fonte de provocação a seus vizi- destruído de novo. Contudo, nem mesmo a
nhos, particularmente para os judeus , fica- severa disciplina do cativeiro conseguiu efe-
riam sem poder, e o povo de Deus , levado tuar a regeneração espiritual necessária para
de volta do cativeiro, desfrutaria seus antigos garantir o cumprimento da promessa divina.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

6- OTN, 763; GC , 494 331; PP, 35 T4, 422


6-8 - GC, 672 14, 15 - CPPE, 27 17-1 9 - FEC, 175, 332
7- PR, 515 , 522 16- DTN, 763 18, 19- GC, 504
12 - CPPE, 27; OTN, 758 16 -19 - GC, 672 19 - DTN , 763
12- 15 - GC, 494; FEC, 175, 17- GC, 494; PP, 35;

CAPÍTULO 29
1 O juízo sobre o faraó por trair Israel. 8 A desolação do Egito. 13 A restauração
após quarenta anos. 17 O Egito como a recompensa de
Nabucodonosor. 21 O Israel restaurado.

l No décimo ano, no décimo mês, aos doze tuas escamas; tirar-te -ei do meio dos teus rios,
dias do mês, veio a mim a palavra do SENHOR, juntamente com todos os peixes dos teu s rios que
dizendo: se apeguem às tu as escamas.
2 Filho do hom em, volve o rosto contra Faraó, 5 Lançar-te-ei para o deserto, a ti e a todo
rei do Egito, e profeti za contra ele e contra todo peixe dos teus rios; sobre o campo aberto cairás;
o Egito. não serás recolhido, nem sepultado; aos a nima is <1 ~
3 Fala e di ze: Assim di z o SENHOR D eus: da terra e às aves do céu te dei por pas to.
Eis-Me contra ti , ó Faraó, rei do Egito, crocodi- 6 E saberão todos os moradores do Egito que
lo enorme, que te deitas no meio dos seus rios Eu sou o SENI-IOR , pois se tornaram um bordão
e que di zes: O meu rio é meu , e eu o fiz para de cana para a casa de Israel.
mim mesmo. 7 Tomando-te eles pe la mão, tu te rachas te e
4 Mas E u pore i anzóis em te us queixos e lhes rasgaste o ombro; e, e ncostando-se e les a ti,
farei que os peixes dos teus rios se apeguem às tu te quebraste, fazendo tremer os lombos deles.

744
EZEQUIEL 29:4

8 Por isso, assim diz o SENHOR Deus: Eis os diminuirei, para que não dominem sobre
que trarei sobre ti a espada e eliminarei de ti as nações.
homem e an imal. 16 Já não terá a confiança da casa de Israel ,
9 A terra do Egito se tornará em desolação e confiança essa que Me traria à memória a iniqui-
deserto; e saberão que Eu sou o SENHOR. dade de Israel quando se voltava a ele à procura de
10 Visto que disseste: O rio é meu, e eu o fiz, socorro; antes, saberão que Eu sou o SENHOR Deus.
eis que eu estou contra ti e contra os teus rios; 17 No vigésimo sétimo ano, no mês primei-
tornarei a terra do Egito deserta, em completa ro, no prim eiro dia do mês, veio a mim a palavra
desolação, desde Migdol até Sevene, até às fron- do SENHOR , dizendo:
teiras da Etiópia. 18 Filho do homem , Nabucodonosor, rei da
ll Não passará por ela pé de homem, nem Babilônia, fez que o seu exército Me prestasse
pé de animal passará por ela, nem será habita- grande serviço contra Tiro; toda cabeça se tornou
da quarenta anos, calva, e de todo ombro saiu a pele, e não houve
12 porquanto tornarei a terra do Egito em de- paga de Tiro para ele, nem para o seu exército,
solação, no meio de terras desoladas; as suas cida- pelo serviço que prestou contra e la.
des no meio das cidades desertas se tornarão em 19 Portanto, assim diz o SEN HOR Deus:
desolação por quarenta anos; espa lharei os egíp- Eis que Eu darei a Nabucodonosor, rei da Babi-
cios entre as nações e os derramarei pel as terras. lônia, a terra do Egito; e le levará a sua multidão,
13 Mas assim diz o SENHOR Deus: Ao cabo e tomará o seu despojo, e roubará a sua presa , e
de quarenta anos, ajunta rei os egípcios dentre os isto será a paga para o seu exército.
povos para o meio dos quais foram espalhados . 20 Por paga do seu trabalho, com que serv iu
14 Restaurarei a sorte dos egípcios e os farei contra ela, lhe dei a terra do Egito, visto que tra-
voltar à terra de Patros, à terra de sua origem ; balharam por Mim , diz o SEN HOR Deus.
e serão ali um reino humilde. 21 Naquele dia, farei brotar o poder na casa
15 Tornar-se-á o mais humilde dos reinos e de Israel e te darei que fales livremente no meio
nunca mais se exaltará sobre as nações ; porque deles; e saberão que Eu sou o SENHOR.

1. No décimo ano. Do cativeiro de Joa- era Hofra, o Ápries dos gregos, o qual reinou
quim (ver com. de Ez 1: 2). A data do mês de 589 a 570 a.C. (vol. 2, p. 75, 76).
aqui dad a corresponde a janeiro de 587 a.C. Crocodilo. Do heb . tannim, "cha-
(ver p. 624). Talvez a profecia tenh a sido cais". Contudo, vários manu scritos hebrai-
dada pouco depois de os babilônios levan- cos dizem tannin, "um dragão". Esta última
tarem temporariamente o cerco a Jerusa- palavra sugere o crocodilo, animal caracte-
lém por ca usa da aproxima ção dos egípcios rístico do Egito.
enviados por Hofra (]r 37:5, 11). Jerem ias O meu rio. De acordo com Heródoto
havia profetizado o fracasso dessa tentativa (ii .l 70), Ápries se gabava de es tar tão bem
(37:6-10). A notícia desses acontecimen- estabelecido que nem mesmo um deus pode -
tos pode ter produzido nos exilados nova ria tirá-lo do poder. Os monumentos do
esperanç a de que Jerusalém ser ia livrada, Egito dão testemunho do orgulho dos faraós.
e talvez a profecia de Ezequiel contra o 4. Anzóis em teus queixos. Heródoto
Egito tenha sido dada por causa dessas (ii. 70) descreve como os egípcios apanha-
circunstâncias. vam os crocodilos do Nilo com anzóis e iscas.
3. Faraó. Sobre este título, ver com. Deus quebraria o orgulho desse jactancioso
de Gn 12:15. O faraó que estava no trono monarca.

745
29:5 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

Os peixes dos teus rios. Provavelmente, 14. Patros. Uma transliteração da form a
represe ntavam os exércitos egípcios ou os hebraica do egípcio Pa'-ta'-re.§y e do acadiano
ali ados do Egito. O faraó não pereceria sozi - Paturisi, a regi ão do alto Egito.
nho ; envolver ia outros na mesma ruína. 15. O mais humilde. Isto se cumpriu
5. Campo aberto. Lançados em campo historicamente. O Egito foi dominado por
aberto, eles seriam devorados pelas aves de nações estrangeiras pouco mais de m eio
rapina e por animais predadores. O Egito sécu lo depois dessa é poca, e embora tenha
seria destinado à pilhagem. sobrevivido a todos os dominadores estran-
6. Um bordão de cana. A figura é geiros, nunca mais voltou a ter a grandeza e
local. Canas ou juncos crescem abundan- o prestígio antigos.
temente nas margens do Nilo (ver Êx 2:3). 16. A confiança. O povo de Deus
Havia tempo que Deus advertia contra o con- havia pecado repetidamente ao olhar para
fiar na ajuda do Egito (Is 30:6, 7; 31:3; Jr o Egito em busca de ajuda (2Rs 17:4; 23:35;
2:36; cf. 2Rs 18:21; Is 36 :6) . A aliança de Is 30:2, 3; cf. Is 36:4, 6). Esta tentação seria
Zedequias com o Egito estava fadada ao fra- inteiramente removida.
casso (Jr 37:5-7). 17. No vigésimo sétimo ano. Do cati-
8. Trarei sobre ti a espada. Israel veiro de Joaquim (ver com. de Ez 1: 2); a data
havia sofrido por confiar no Egito contra do mês se dá e m abri l de 57 1 ou 570 a.C.
a ordem direta de Deus. O Egito também (ver p. 624). Esta é a data mais tardia e m
sofreria por sua malícia. Ezequiel. A mensagem dos v. 17 a 21 foi colo-
10. Migdol. O h eb. Migdhol é nome cada aqui a fim de que todas as profecias
próprio e descarta a tradução "torre" (ACF). sobre o Egito fossem agrupadas.
Vários locais no leste do Delta do Nilo pare- 18. Não houve paga. O cerco de Tiro,
cem ter tido este nome. Se esta Migdol é a que durou 13 a nos , terminou em 573 a.C.
mesma mencionada por Jeremias, provavel- Nabucodonosor não conseguiu conquistar a
me nte , a referência é à moderna Tell el-He-ir, cidade que ficava na ilha (ver com. de Ez 26:7).
ao sul de Pelúsio (ver Jr 44:1 ; 46:14). O cerco de Tiro é representado como um ser-
Sevene. Uma cid ade na fronteira do sul viço prestado a Deus, pelo qual Nabucodono-
do Egito, representada pela modern a As1.vân sor não havia sido devidamente recompensado.
(ou Assuã), que está situada próxima as ruí- 19. Nabucodonosor. Tabletes cune ifor-
nas da a ntiga. As duas cidades, Migdol e mes de Nabucodonosor falam de uma ca m-
Sevene, representam as ext re midades norte panha cont ra o Egito no 37o a no desse rei (ver
e sul d a terra . ]. B. Pritch ard , editor, Ancient Near Eastern
11. Quarenta anos. O es tado de desola- Texts, p. 308). O tabl e te está quebrado e, por
ção descrito nos v. 9 a 12 deve ser e nte ndido isso, não se tem o relato completo da cam-
comparativamente. A linguagem é ele um panha. Crê-se qu e este seja o evento ao qual
profeta poético que usa a figura da hipérbole. Ezequiel se refe re (para um a discussão dos
A históri a não registra um despovoamento aspectos históricos do problema, ver com. de
comp le to, e n ão se conh ece um período de Jr 46:13 ; ver também vol. 3, p. 31).
40 anos como o descrito aqui . 21. O poder. No he braico, "chifre", um
13. Ajuntarei os egípcios. Difere n- símbolo de pod e r (ver Dt 33 :1 7; SI 92:10).
temente de Tiro, de outras cidades-estados Quando Israel aprendesse a colocar a con-
cananeias e, posteriormente, de Babilôni a, fiança unicamente em Deus, e não em um po-
o Egito devia ter uma restauração . É difícil der terreno como o Egito, esse ch ifre que fora
dete rminar o evento histórico aq ui predito. cortado começaria a despontar novamente.

746
EZEQUIEL 30: l

E te darei que fales livremente. Pro- imposto a Ezequiel (mencionado em Ez 24:27),


vavelme nte, não uma referência ao silêncio mas à obra do profeta como ensinador do povo.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

3, 6 - PR, 454

CAPÍTULO 30
1 A desolação do Egito e de seus aliados. 20 O braço de
Babilônia será fortalecido para quebrar o egípcio.

1 Ve io a mim a pa lavra do S ENHOR, di ze ndo: terra; desembainharão a es pada co ntra o Egito e


2 Filho do homem , profetiza e di ze : Assim di z e ncherão de traspassados a terra .
o SENHOR D eus: G emei: Ah! Aque le dial 12 Secarei os rios e venderei a terra, e ntre-
3 Porque es tá perto o dia, sim , es tá perto o Dia ga ndo-a nas mãos dos m a us; por me io de es tra n-
do SEN HOR , di a nublado; será o tempo dos gentios. geiros, farei desolada a te rra e tud o o que ne la
4 A es pad a virá contra o Egito, e haverá gra n- houver; Eu , o SENHOR , é que fal ei.
de dor na E ti ópia, quando caírem os traspassados 13 Assim di z o SENHOR D e us: Ta mbém d es-
no Egito; o se u povo será levado para o cati veiro, truirei os ídolos e d arei ca bo das imagens e m
e se rão destr uíd os os seus fundam e ntos . Mênfi s; já não haverá príncipe na terra do Egito,
5 A E ti ópia, Pute e Lude e tod a a Arábia, os onde implantarei o terror.
de C ube e os outros a liados do Egito cairão jun - 14 Fa rei desolad a a Patros , porei fo go e m Zoã
tamente com e le à espada. e executarei juízo em Nô .
6 Assim di z o SENHOR: També m cairão os JS Derramare i o M e u furor sobre Sim ,
q ue sustê m o Egito, e será humilhado o orgulho for ta leza do Egito , e ex te rmin a rei a multidão
do seu poder; desde Migdol a té Sevene, cairão à d e Nô.
espada , di z o SENHOR D eu s. 16 Atea rei fogo no Egito; Sim terá gra nd e a n-
7 Serão desolados no m e io d as terras deser- gli stia , Nô será destr uída, e Mênfis terá ad ve rsá-
tas; e as suas cidades es ta rão no meio d as cida- rios em ple no di a.
d es d evas tad as. 17 Os jovens d e Áven e de Pi-Besete ca irão
8 Sabe rão que E u so u o SE NHOR, qu a ndo Eu à e spada, e es tas cidades cairão e m cative iro.
tive r posto fogo no Egito e se ac harem d es truí- 18 Em Tafnes, se esc urecerá o dia , qu a ndo
do s todos os que lhe prestavam a uxílio. E u quebrar a li os jugos do Egito e nela cessa r o
9 Naq ue le dia , sai rão men sageiros de dian- orgulho do se u pode r; u ma nuve m a cobrirá, e
te d e Mim e m navios, pa ra espa nt a re m a Etiópia suas filh as ca irão em cative iro.
desc uid ada; e sobre e la haverá a ngli stia, como no 19 Assim , exec utare i juízo no Egito, e sa be-
di a do Egito; pois eis que já vem. rão q ue Eu so u o SEN HOR.
10 Assim di z o SENHOR Deus : E u, poi s, farei 2 0 No und écimo a no, no m ês primeiro,
cessa r a pompa do Egito , por inte rm é dio de aos sete di as do mês, ve io a mim a palavra do
Nab ucodono so r, rei da Ba bilônia . SE NHOR, di ze nd o:
ll Ele e o se u povo co m ele, os mai s ter rí- 2 1 Filho do homem, E u qu ebrei o braço de
veis das nações, se rão levados para de struírem a Faraó, rei do Egito, e eis qu e não foi a tado, ne m

747
30:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

tratado com remédios, nem lhe porão ligaduras, os braços de Faraó, que , diante dele, gemerá
para tornar-se forte e pegar da espada. como geme o traspassado.
22 Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Eis 25 Levantarei os braços do rei da Babilônia,
que Eu estou contra Faraó, rei do Egito; quebrar- mas os braços de Faraó ca irão; e saberão que Eu
lhe-ei os braços, tanto o forte como o que já está sou o SENHOR , quando Eu puser a Minha espa-
qu ebrado, e lhe farei cair da mão a espada. da na mão do rei da Babilônia e ele a estender
23 Espa lharei os egípcios entre as nações e contra a terra do Egito.
os derramarei pelas terras . 26 Espa lharei os egípcios entre as nações e
24 Forta lecerei os braços do rei da Babilônia e os derramarei pelas terras; assim , saberão que
lhe porei na mão a Minha espada; mas quebrarei Eu sou o SENHOR .

1. A palavra do SENHOR. O cap. 30 estrangeiros que servia m no exército egípcio,


consiste de duas profecias distintas contra ou aos estrangeiros em gera l. A tradução "Ará-
o Egito: (1) os v. 1 a 9, que não são data- bi a" se baseia numa mudança de vocalização.
dos , e que, provavelmente pertenç am à pro- Cube. Este nome é desconhec ido geo-
fecia anterior (Ez 29: 17-21 ); e (2) os v. 20 a graficamente. Já foram fe itas várias con-
26, com data definida, e narrados cerca de jec turas quanto a sua ide ntidade e propostas
três meses depois da profecia de Ezequ iel várias mudanças no texto para torn á-lo um
29: 1 a 16, caso Ezequiel tenha começado o país conhecido . A LXX di z "persas e creten-
ano na prim avera, ou cerca de um ano e três ses", em lugar de "E tiópi a", e omite C ube.
meses depois, caso sua contagem seja a pa r- Provavelme nte o termo desc reva um dos
tir do outono. aliados do Egito.
2. Ah! Aquele dia! Ou, "Ai! Aquele dia!" Outros aliados do Egito. Literalmente,
(NVI). "filhos da terra da alian ça". A LXX diz: "aq ue-
3. O Dia do SENHOR. Ver com. de Is 2:12. les dos fi lhos da Minh a aliança". Se o texto
O tempo dos gentios. O u, "o tempo das da LXX está correto, a referência é, possivel-
nações". Deus mantém um registro de con- mente, aos judeus que haviam busc ado refú-
tas com as n ações. Ele deter mina quando gio no Egito após o assassinato de Geda li as
se enc he a medida da iniquidade delas (ver (Jr 42-44). Jerem ias lhes h avia dito que a
T5, 208, 524; T7, 141 ; T9, 13; ver com. de espada e a fo me das quais estavam tenta ndo
Dn 4:1 7). escapar os alcançaria lá (Jr 42:16-18).
4. O seu povo. D o he b. hamon, que 6. Os que sustêm o Egito. O s a li ados
também signifi ca "riqueza" (ver NVI) ou do Egito. Alguns acham que a referênci a aqui
"abundância", que seria o significado prefe- seja aos "fundamentos" mencionados no v. 4.
rencial aqui. Desde Migdol até Sevene. Ver com. de
5. Etiópia. Do heb. Kush. Os cuxitas Ez 29:10.
habitavam Núbia, que incluía parte do atual 7. Desolados. Ver Ez 29: 12.
Sudão (ver com. de Gn 10:6). 8. Saberão que Eu sou o SENHOR.
Pute. Ver com. de Ez 27:10. Esta frase é um refrão constante no liv ro de
Lude. Ver com. de Gn 10:1 3; Jr 46: 9; Ezequiel. É um a declaração do grande obje-
cf. Ez 27:10. tivo de Deus, ou seja, levar a toda a hum a-
Toda a Arábia. "Misto de gente" (]r 25:20) nidade um co nhecimento de Si mesmo que
traduz a mesma expressão hebraica. Prova- produ za salvação. Ele emprega vár ios me ios
velm ente a referência seja aos mercenários para declarar Seus conselhos à raça hum a na.

748
EZEQUIEL 30:18

Fala por intermédio da voz da consciência, monumentos foram escavados ali, e desco-
por meio de profetas inspirados e através briram-se diversas tumbas da 22" dinastia.
de providências e juízos divinos. Seu obje- Nô. Outro nome para Tebas, cidade na
tivo supremo é que o conhecimento de Seu margem oriental do Nilo, cerca de 500 km
nome permeie toda a Terra como as águas ao sul de Cairo (ver com. de Jr 46:25).
cobrem o mar (Hc 2:14). A mensagem ins- 15. Sim. Do heb. Sin. Não se conhece
pirada contra o Egito pode ser considerada nenhuma cidade egípcia com este nome,
como a tentativa de Deus de revelar Sua soli- mas pode ser que se trate de Pelúsio, ou de
citude pela vasta multidão de pessoas que alguma cidade que, provavelmente, ficasse
habitava aquele país (ver com. de Ez 6:7). ali perto. Pelúsio era uma cidade de fron-
9. Mensageiros. Pode se referir aos teira, solidamente fortificada, e corretamente
egípcios que fugiram e, ao chegarem à considerada como a chave para o Egito; por-
Etiópia, alarmaram a população dali com a tanto, é chamada no texto de sua "fortaleza".
notícia da queda do Egito, ou a um enviado Muitas batalhas importantes foram travadas
especial para advertir os etíopes. ali. Pelúsio também ficava perto do mar, e
Descuidada. Do heb. betach, alguém crê-se que seja Tell ei-Fam, situada a cerca
que está seguro, que não suspeita de nada. de 20 km do canal de Suez.
10. A pompa do Egito. Ou, "a riqueza 17. Áven. Corresponde à Om, de Gênesis
do Egito" (ver com. do v. 4, que usa a mesma 41:45 e 50 (de onde saiu a esposa de José),
palavra). à Bete-Semes (casa do sol), de Jeremias
Por intermédio de Nabucodonosor. 43:13, e à Heliópolis (cidade do sol) dos gre-
Ver com. de Ez 29:19. gos, assim chamada porque desde os mais
12. Rios. Do heb. ye'orim, que vem do remotos tempos havia sido a principal sede
egípcio posterior (fase da língua egípcia que do cu Ito egípcio ao Sol.
vai da 18a à 24" dinastia) inv, "o Nilo". Ye'orim Pi-Besete. Uma cidade situada no
é uma forma plural e pode ser usada para Delta do Nilo, cerca de 80 km a nordeste
descrever o Nilo com seus afluentes e sua de Mênfis, no sítio que hoje é denominado
rede de canais. Tell Basta. Era o centro do culto a Bastet,
13. Mênfis. Do heb. Nof, uma contra- deusa de cabeça de gato, adorada com orgias
ção do egípcio Mnnfr, que corresponde à (ver Heródoto, ii.66). Foi encontrado um
moderna Mênfis (ver com. de Jr 2:16). cemitério para gatos neste antigo sítio, do
Príncipe na terra. Literalmente, "um qual hoje existem apenas ruínas. A cidade
príncipe proveniente da terra". O termo é mais comumente conhecida pelo nome
heb. 'od, aqui traduzido como "já não", de- de Bubastis.
nota não necessariamente perpetuidade 18. Tafnes. Uma cidade cerca de 40 km
absoluta (ver com. de Ez 26:14). A expres- a sudoeste de Pelúsio (ver com. de Jr 2:16;
são poderia significar que por um longo tem- Ez 30:15). Esta é a cidade para a qual os
po não haveria príncipe na terra do Egito, ou judeus fugiram depois do assassinato de
então, aplicando-se um significado relativo à Gedalias. Como sinal da destruição dos
passagem, que não mais haveria um príncipe judeus remanescentes no Egito, foi ordenado
~ .. nativo que possuísse o poder dos antigos reis. a Jeremias que escondesse pedras na entrad a
14. Patros. Ver com. de Ez 29:14. da casa do faraó, em Tafnes, a fim de mar-
Zoã. Identificada com a moderna aldeia car o local onde Nabucodonosor estenderia
de Tsân el-Hagar, no braço Tanítico do Nilo seu baldaquino real (Jr 43:9-11). Escavações
(ver com. de Is 30:4). Muitos templos e no sítio, feitas por W. M. Flinders Petrie, em

749
30:20 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

1886, revel aram uma plataforma de ladri- mês se dá em abril de 587 ou 586 a.C. (ver
lhos que, segundo alguns, pode ser o local p. 624; cf. Ez 29 :1; ver p. 369).
onde Jeremias escondeu suas pedras. Tafnes 21. Faraó, rei do Egito. Hofra, ou
era chamada de Dafne pelos autores clás- Ápries (589-5 70 a.C .), um homem de gran-
sicos gregos e hoje é conhecida como Tell des empreendimentos e de gênio militar (ver
Defenneh. vol. 2, p. 75 , 76).
Escurecerá. Um símbolo profético 23. Espalharei os egípcios. Com res-
comum que descreve uma calamidade futura peito ao cumprimento histórico dos v. 23 e
(ver Is 13:10; Jl2:10, 31 ; 3:15 ; Am 8:9). 24, ver com. de Ezequiel29:19.
20. No undécimo ano. Do cativeiro 26. Saberão que Eu sou o SENHOR.
de Joaquim (ver com. de Ez 1:2). A data do Ver com. do v. 8.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

25- PR, 454

CAPÍTULO 31
1 A lição que o faraó devia tirar 3 da glória da Assíria 1O e de sua queda por
causa do orgulho. 18 O Egito passaria por destruição semelhante.

No und écimo ano, no terceiro mês, no 7 Assim , era ele form oso na sua grandeza e
primeiro dia do mês, veio a mim a palavra do na extensão dos seus ra mos, porque a sua raizes-
S EN HOR , di zendo: tava junto às muitas águas .
2 Filho do homem , dize a Fa raó, rei do Egito, 8 O s cedros no jardim de Deus não lhe e ra m
e à multidão do seu povo: A quem és semelha n- ri vais; os ciprestes não igualava m os seus ra mos,
te na tua gra ndeza? e os pl átanos não tinha m renovos como os se us;
3 Eis qu e a Ass íri a era um cedro no Líbano, nenhuma á rvore no jardim de Deus se asse me-
de lindos ra mos, de sombrosa folhagem , de gra n- 1hava a ele na sua form osura.
de estatura, cujo topo estava entre os ra mos 9 Formoso o fi z com a multidão dos se us
espessos. ramos ; todas as árvores do Éde n, que estava m
4 As :íg,uas o fi ze ram crescer. as font es das no jardim de Deus , tiveram inveja dele.
profundezas da terra o exalçaram e fi ze ram cor- lO Portanto, assim di z o SEN HOR Deus: Como
rer as torrentes no lugar em que estava pl antado, sobrema neira se elevou , e se levantou o seu topo
enviando ribeiros para toda s as árvores do campo. no meio dos espessos ramos, e o seu coração se
§l11> 5 Por isso, se elevou a su a estatura sobre todas exalçou na sua a ltura,
as árvores do ca mpo, e se multiplicaram os seus ll E u o entregarei nas mãos da mais podero-
ra mos, e se a longa ram as suas varas, por causa sa das nações, que lhe dará o tratame nto segun-
das muitas ág uas durante o seu crescimento. do merece a sua perversidade; lançá- lo-ei fora.
6 Todas as aves do céu se aninhava m nos seus 12 O s mais terríveis estra ngeiros das nações
ra mos, todos os animais do ca mpo geravam de- o cortara m e o deixaram ; caíram os seus ra mos
ba ixo da sua fronde, e todos os grandes povos se sobre os montes e por todos os va les; os seus re-
assentavam à sua sombra. novos foram qu ebrados por todas as correntes da

750
EZEQUIEL 3 1:14

terra; todos os povos da terra se retiraram da sua dele, e todas as á rvores do campo des falecera m
sombra e o deixaram . por ca usa dele.
13 Tod as as aves do céu h abita rão na sua 16 Ao som da sua queda, fi z tremer as na-
ruín a, e todos os animais do campo se acolhe- ções, quando o fiz passar para o além com os que
rão sob os seus ramos, descem à cova; todas as árvores do Éden, a fin a
14 para q ue todas as árvores junto às ág uas flor e o melhor do Líbano, todas as que foram
não se exaltem na sua estatura, nem levantem regadas pelas águas se consolava m nas profun-
o seu topo no meio dos ramos espessos, nem as dezas da terra .
que be bem as águas venham a confiar em si, por 17 Também estas , com ele, passarão para o
causa da sua altura; porque todos os orgu lhosos além, a juntar-se aos que foram traspassados à
estão e ntregues à morte e se abismarão às pro- espada ; sim , aos que foram seu braço e que es-
funde zas da terra, no meio dos fi lhos dos homens, tava m asse ntados à som bra no meio das nações .
com os que descem à cova. 18 A quem, pois, és semelh ante em glória e
15 Assim diz o SENHOR De us: No di a em em grandeza entre as árvores do Éden? Todavia ,
que ele passou para o além, fiz Eu que houvesse descerás com as árvores do Éden às profund e-
luto; por sua causa, cobri a profundeza da terra, zas da terra; no meio dos incircuncisos, jaze rás
retive as suas correntes, e as suas muitas ág uas com os que foram traspassados à espada ; este é
se de tiveram; cobri o Líbano de preto, por causa Faraó e toda a sua pompa , diz o SE N HOR Deus.

1. Undécimo ano. Do cativeiro de Um cedro. Para fi guras semelhantes,


Joaq uim (ver com. de Ez 1:2); a data do mês ver Is 10:34; 37:24; Ez 17:3; Dn 4:20-22 ;
se dá em junho de 587 ou 586 a.C. (ver Zc 11:1, 2.
p. 624). Esta profecia foi dada cerca de dois 4. As águas o fizeram crescer. A LXX
meses após a anterior (Ez 30:20). Com ale- diz: "As águas o nutriram." A referência é ao
goria profética e provocante paralelismo poé- Nilo ou ao Tigre, depend endo da interpre -
tico, o profeta descreve a queda da grande tação adotada (ver com. do v. 3).
naç ão do Egito. 6. As aves do céu. Ver Ez 17:23; Dn 4 :2 1. <1 ~
2. Faraó. Hofra, ou Ápries, que foi notó- 8. Jardim de Deus. A LXX diz: "o paraíso
rio por seu orgu lho (ver com. de Ez 29:3). de Deus". A figura parece extraída do jardim
3. Assíria. Do heb. 'Ashur. A mudança do Éden (ver Gn 2:8; Ez 31:9). Por meio de
de um a consoante hebraica e da pontuação uma hipérbole poética, o profeta descreve a
voc álica para 'ashwelza daria em resultado a suposta grandeza do Egito. Talvez o "jardim de
traduç ão: "Eu te assemelh arei." Portanto, a Deus" represente Israel como o povo escolhido.
frase ficaria assim : "Eis que Eu te asseme - 10. Como [... ] se elevou. Ver com. de
lh arei a um cedro do Líbano" (ver NTLH Ez 29:3.
e BJ ). Contudo, n ão se pod e ter certeza 11. Da mais poderosa das nações.
d e que essas mudanças são justificáveis . Ou, "do dominador das nações" (BJ ), isto é,
É possível compreender a alegoria mesmo Nabucodonosor (ver com. de Ez 29: 19).
sendo conservada a referência à Assíria. 12. E o deixaram. Ver Ez 29:5.
A história e a queda da Assíria seriam 13. Na sua ruína. Ver Ez 29:5.
então apresentadas como um exemplo d a 14. Não se exaltem. Esta é a lição a ser
história e d a derrocada do Egito. Com a extraída da parábol a. Que as outras árvores
mud a nç a no texto, a aplicação seria direta não confiem na própria força nem se envai -
ao Egito. deçam com a prosperidade.

7 51
31:15 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

15. Além. Do heb . she'ol, hades na LXX, 17. Traspassados à espada. Aqui a rea-
a morada figurativa dos mortos, representada lidade irrompe atravé s da figura.
como uma caverna subterrânea (ver com. de Seu braço. Seus auxiliares, aqueles que
Pv 15:11). o ajudavam em suas conquistas.
16. Além. Do heb. she'ol (ver com. do 18. Este é Faraó. Esta é a aplicação
v. 15). da alegoria.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

3-9 - PR, 363 10-16- PR, 365


8 - PP, 450 18 - PR, 366

CAPÍTULO 32
1 Um lamento sobre a queda do Egito. 11 A espada de Babilônia o destruirá.
17 Ele descerá à sepultura, junto com as nações incircuncisas.

No a no duodécimo, no duodécimo mês, 9 Afligirei o coração de muitos povos, quan-


no primeiro dia do mês, veio a mim a palavra do do se levar às nações, às terras que não conhe-
SEN H OR, di ze ndo: ceste, a notícia da tua destr uição.
2 Fi lho do homem, levanta um a lamentação lO Farei que muitos povos fiqu em pasmados
contra Faraó, rei do Egito, e di ze-lhe: Foste com- a teu respeito, e os seus reis tremam sobrema-
parado a um filho de leão entre as nações, mas neira, quando Eu brandir a Minha espada ante
não passas de um crocodilo nas águas; agitavas o seu rosto; estremecerão a cada momento, cada
as águas, turva ndo-as com os pés, sujando os rios. um pela sua vida, no dia da tua queda.
3 Assim di z o SE N HOR Deu s: Estenderei sobre ll Pois assim di z o SEN HO R Deus : A espada
ti a M inha rede no meio de muitos povos, que te do rei da Babilônia virá contra ti.
puxa rão para fora na Minha rede. 12 Farei cair a tua multidão com as espadas
4 Então, te deixa rei em terra; no campo aberto, dos valentes, que são todos os ma is terríveis dos
te lançarei e farei morar sobre ti todas as aves do povos ; eles destruirão a soberba do Egito, e toda
céu; e se fa rtarão de ti os anim ais de toda a terra. a sua pompa será destruída.
5 Porei as tuas carnes sobre os montes e en- 13 Farei perecer todos os seus anima is ao
cherei os vales da tua corpulência. longo de muitas águas; pé de homem não as tur-
6 Com o teu sangue que se derra ma, rega- bará, nem as turbarão unhas de animais.
rei a te rra até aos montes, e dele se encherão as 14 Então, farei assentar as suas águas; e fa rei cor-
correntes. rer os seus rios como o azeite, diz o S EN H O R Deus. <~ r
7 Quando Eu te extinguir, cobrirei os céus 15 Quando E u tornar a terra do Egito em
e farei enegrecer as suas estrelas; encobrirei o desol ação e a te rra for destituída de tudo que
sol com um a nu vem , e a lua não resplandece- a enchia, e quando Eu ferir a todos os que nela
rá a sua luz. habitam, então, saberão que Eu sou o S EN H O R.
8 Por tua ca usa, vestirei de preto todos os bri- 16 Esta é a lamentação que se fará, que farão
lh a ntes luminares do céu e trarei trevas sobre o as filhas das nações; sobre o Egito e toda sua
teu país , di z o SEN HOR Deus. pompa se lamentará, di z o SEN HOR Deus.

752
EZEQUIEL 32:2

17 Também no ano duodécimo, aos quinze com os que desceram à cova; no meio dos tras-
dias do primeiro mês, veio a mim a palavra do passados, foram postos.
SENHOR, dizendo: 26 Ali, estão Meseque e Tuba! com todo o
18 Filho do homem, pranteia sobre a multi- seu povo; ao redor deles, estão os seus sepulcros ;
dão do Egito, faze-a descer, a ela e as filhas das todos eles são incircuncisos e traspassados à es-
nações formosas , às profundezas da terra, junta- pada, porquanto causaram terror na terra dos
mente com os que descem à cova. viventes.
19 A quem sobrepujas tu em beleza? Desce 27 E não se acharão com os valentes de ou-
e deita-te com os incircuncisos . trora que, dentre os incircuncisos, caíram e des-
20 No meio daqueles que foram traspassa- ceram ao sepulcro com as suas próprias armas
dos à espada, eles cairão; à espada, ele está en- de guerra e com a espada debaixo da cabeça; a
tregue; arrastai o Egito e a toda a sua multidão. iniquidade deles está sobre os seus ossos, porque
21 Os mais poderosos dos valentes, junta- eram o terror dos heróis na terra dos viventes.
mente com os que o socorrem, lhe gritarão do 28 Também tu, Egito, serás quebrado no meio
além: Desceram e lá jazem eles, os incircunci- dos incircuncisos e jazerás com os que foram tras-
sos, traspassados à espada. passados à espada .
22 Ali, está a Assíria com todo o seu povo; 29 Ali, está Edom, os seus reis e todos os
em redor dela, todos os seus sepulcros; todos eles seus príncipes, que, apesa r do seu poder, foram
foram traspassados e caíram à espada. postos com os que foram traspassados à espada;
23 Os seus sepulcros foram postos nas extre- estes jazem com os incircuncisos e com os que
midades da cova, e todo o seu povo se encontra desceram à cova.
ao redor do seu sepulcro; todos foram traspassa- 30 Ali, estão os príncipes do Norte, todos
dos, e caíram à espada os que tinham causado eles, e todos os sidônios, que desceram com os
espanto na terra dos viventes. traspassados, envergonhados com o terror causa-
24 Ali, está Elão com todo o seu povo, em do pelo seu poder; e jazem incircuncisos com os
redor do seu sepulcro; todos eles foram traspas- que foram traspassados à espada e levam a sua
sados e caíram à espada; eles, os incircuncisos, vergonha com os que desceram à cova.
desceram às profundezas da terra, causaram ter- 31 Faraó os verá e se consolará com toda a
ror na terra dos viventes e levaram a sua vergo- sua multidão; sim, o próprio Faraó e todo o seu
nha com os que desceram à cova. exército, pelo que jazerá no meio dos traspassa-
25 No meio dos traspassados, lhe puseram dos à espada, diz o SENHOR Deus .
um leito entre todo o seu povo; ao redor dele, 32 Porque também Eu pus o Meu espanto
estão os seus sepulcros; todos eles são incircunci- na terra dos viventes; pelo que jazerá, no meio
sos, traspassados à espada, porque causaram ter- dos incircuncisos, com os traspassados à espa-
ror na terra dos viventes e levaram a sua vergonha da, Faraó e todo o seu povo, diz o SENHOR Deus.

1. Ano duodécimo. Do cativeiro Este capítulo encerra uma série de pro-


de Joaquim (ver com. de Ez 1:2), isto é , fecias contra o Egito. Nos v. 1 a 16 con-
585 a.C. A data seria a primave ra de 585 , tinua a denúncia contra o Egito por meio da
tanto pelo cômputo do ano a partir da pri- figura de um dragão. Os v. 17 a 32 são um
mavera quanto a partir do outono (ver canto de lamentação pela descida do Egito
p. 624). Nessa época, Jerusalém já havia ao she'ol.
sido destruída, pois sua queda ocorrera em 2. Foste comparado a um filho de
julho do ano anterior. leão. Ou, "tu te comparaste a um filho de leão".

753
32:3 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

Como o leão é o rei dos animais, assim o faraó após os v. 1 a 16, dificilmente seria outro
acreditava ser um grande líder mundial. mês além do 12°, o mesmo mencionado no
Crocodilo. Do heb. tannirn, mas v. l. Neste caso, esta mens agem teria che-
segundo vários manuscritos tannin, "dra- gado apenas duas semanas após a anterior.
gão", que pode ser uma referência ao croco- A LXX diz: "no duodécimo ano, no primeiro
~ ... dilo (ver com. de Ez 29:3). mês, aos quinze dias do mês". Isto colocaria
3. Estenderei sobre ti a Minha rede. a mensagem antes da precedente. Se ela foi
Ver Ez 29:4. proferida antes , provavelmente tenha sido
4. Todas as aves. Ver Ez 29: 5. colocada aqui por causa da semelhança de
6. Com o teu sangue que se derrama. conteúdo.
Uma vívida figura que representa extensiva 18. Profundezas da terra. Isto é, o
matança. she'ol (ver com. do v. 21), que era concebido
7. Cobrirei os céus. Um símbolo de como uma região nas profundezas da terra
destruição e luto. (ver com. de Ez 31 :15 ; para mais informa-
10. Tremam. O relato da trágica sorte ção sobre o she'ol como o reino figurativo dos
do Egito iria paralisar de medo os povos mortos, ver com. de Pv 15:11).
de outras terras, os quais temeriam que a 19. Os incircuncisos. A circunci-
espada que derrotou o Egito foss e brandida são era praticada no Egito mesmo antes de
contra eles . os hebreus irem para lá. Deitar-se com os
12. Os mais terríveis dos povos. incircuncisos seria considerado o ápice da
Ver Ez 30:11. Uma descriç ão apropriada indignidade .
do açoite babilônico que varreu nação após 21. Juntamente [...] lhe gritarão. As
nação. várias nações são representadas como se
13. Todos os seus animais. Isto é, o estivessem deitadas juntas no she'ol, e como
gado ao longo do Nilo. Talvez esses animais se estivessem, figurativamente , mantendo
representem, por figura poética, a inquieta uma conversa. Isaías também faz uso desta
atividade da vida egípcia. fig ura de linguagem (ver com. sobre "o rei de
14. Farei assentar as suas águas. Babilônia" em Is 14:4, 15-19).
O que significa, aqui, permitir que os sedi- Com os que o socorrem. O pronome
mentos se assentem para que as águas se tor- masculino hebraico é usado quando a refe-
nem claras. A LXX diz: "assim estarão em rência é ao rei; o feminino designa o reino
repouso suas águ as". O gado não mais agita- (como é o caso aqui).
ria a água com seus pés (ver v. 13). Em outras Além. Do heb. she'ol (ver com. de Ez 31:1 5).
palavras, cessaria a movimentada cena da 22. A Assíria. Uma nação antiga (ver
vida e da atividade egípcia. com. de Gn 10:11). A queda de Nínive, em
Como o azeite. Isto é, suavemente; sem 612 a.C ., ainda estava vívida na memória
ser perturbado por homens e animais. do povo.
16. Filhas das nações. No antigo 24. Elão. Nação que ocupava regiões
Oriente M édio, as mulheres eram contra- montanhosas a leste de Babilônia. Ela per-
tadas para realizar atos formais de luto (ver deu a independência para os assírios e foi ,
2Sm 1: 24; 2Cr 35:25; Jr 9:27; sobre es te mais tarde, dominada pelos babilônios (ver
costume tipicamente oriental, ver com. de com. de Jr 49:34).
Jr 9:1 7; Me 5:38). 26 . Meseque. O s Moschoi dos escritos
17. Aos quinze dias. O mês não é men- clássicos e os Mushl~u das in scrições assírias
cionado no hebraico, mas se esta seção vem (ver com. de Gn 10:2).

75 4
EZEQUIEL 32 :3 1

Tubal. Os tibarênios de H eródoto e os 30. Príncipes do Norte. Talvez a re fe-


tabaleanos das inscrições assírias (ver com. rência seja a chefes sírios.
de Gn 10:2). Sidônios. Nome usado para os fenícios
27. Não se acharam. A LXX e a Siríaca em geral. H á razoável conhecimento sobre
omitem a negativa, o que parece dar à pas- as origens étnicas dos fenícios e dos sidô-
sagem mais sentido. A LXX traduz o texto nios (ver com . de Gn 10:15, 18; ver també m
assim: "E eles jazem com os gigantes de vol. 2, p. 52-55 ).
outrora que caíra m." 31. E se consolará. O vão consolo
28. Serás quebrado. Ver v. 19. Ezequiel do faraó seria ver outras nações grandes
volta a se dirigir ao faraó, para lembrá-lo de e ricas prostradas no pó, da mesma form a
que ele deve se preparar para a mesma sorte que ele (sobre a humilh ação anterior do
que sobreviera a outras nações. orgu lho do Egito, ver com. de Êx 14:2 3-3 1;
29. Edom. Ver com . de Ez 25: 12. 15 :1-27).

CAPÍTULO 33
O dever do atalaia de advertir o povo. 7 Ezequiel é admoestado a cumprir seu dever.
1O Deus mostra Sua justiça para com os que se arrependem e os que se rebelam.
17 Ele defende Sua justiça. 21 Ezequiel recebe a notícia da tomada de
Jerusalém e profetiza a desolação da terra. 30 Os juízos de
Deus sobre os que zombam dos profetas.

1 Veio a mim a palavra do SEN HOR, dizendo: a palavra da Minha boca e lhe darás aviso da
2 Fi lho do homem, fal a aos filhos de teu Minha parte.
povo e dize-lhes: Quando Eu fizer vir a espa- 8 Se Eu disser ao perverso: Ó perve rso, cer-
da sobre a terra, e o povo da terra tomar um tamente, morrerás; e tu não fa lares, para avisar
home m dos seus limites, e o constituir por seu o perverso do seu cam inho, morrerá esse perver-
atalaia; so na sua iniquidade, mas o seu sangue Eu o de-
3 e, vendo ele que a espada ve m sobre a terra, mandarei de ti.
tocar a trombeta e avisar o povo; 9 Mas, se fa lares ao perverso, para o avisar do
4 se aquele que ouvir o som da trombeta não seu caminho, para que dele se converta, e ele não
se der por avisado, e vier a espada e o abater, o se converter do seu caminho, morrerá ele na sua
seu sangue será sobre a sua cabeça. iniquidade, mas tu livraste a tua a lma.
5 Ele ouviu o som da trombeta e não se deu lO Tu, pois, fi lho do homem , dize à casa de
por avisado; o seu sa ngue será sobre ele; mas o Israel: Assim falais vós: Visto que as nossas pre-
que se dá por avisado sa lvará a sua vida. varicações e os nossos pecados estão sobre nós,
6 Mas, se o atalaia vir que ve m a espada e e nós desfalecemos neles, como, pois, viveremos?
não tocar a trombeta, e não for av isado o povo; ll Dize-lhes : Tão certo como Eu vivo, di z
se a espada vier e abater uma vida dentre eles, o SENHOR Deus, não tenho prazer na morte do
este foi abatido na sua iniquidade, mas o seu perverso, mas em que o perverso se converta do
sangue demandarei do atalaia. seu caminho e viva. Conver tei-vos, convertei-vos
7 A ti, poi s, ó filho do homem, te constituí dos vossos maus caminhos; pois por que have is
por atalaia sobre a casa de Israel; tu, pois, ouvirás de morrer, ó casa de Israel?

75 5
33:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

12 Tu, pois , filho do homem , dize aos filhos 24 Filho do homem, os moradores destes lu-
do te u povo: A justiça do justo não o livrará no gares desertos da terra de Israel falam , di zendo:
dia da sua transgressão ; quanto à perversidade Abraão era um só; no entan to, possuiu esta terra ;
do perverso, não cairá por ela, no dia em que se ora, sendo nós muitos, certamente, esta terra nos
converter da sua perversidade; nem o justo pela foi dada em possessão.
justiça poderá viver no dia em que pecar. 25 Dize-lhes, portanto: Assim di z o SENHOR
13 Quando Eu disser ao justo que, certamen- Deus: Comeis a carne com sangue, levantais os
te, viverá, e e le, confiando na sua justiça, prati- olhos para os vossos ídolos e derramais sangue;
car iniquidade, não Me virão à me mória todas as porventura, haveis de possuir a terra?
suas justiças, m as na sua iniquidade, que prati- 26 Vós vos estribais sobre a vossa espada,
ca, ele morrerá. cometeis abominações, e conta mina cada um
14 Quando Eu também di sser ao perverso: a mulher do seu próximo; e possuireis a terra?
Certame nte, morrerás; se ele se conver ter do seu 27 Assim lhes dirás : Assim di z o SEN HO R
pecado, e fizer juízo e justiça, Deus: Tão certo como Eu vivo, os que estiverem
15 e restituir esse perverso o penhor, e pagar o em lugares desertos cairão à espada, e o qu e es-
furtado, e andar nos estatutos da vida, e não pra- tiver em campo aberto, o entregarei às feras, para
ticar iniquidade, certamente, viverá; não morrerá. que o devorem, e os que estiverem em fort alezas
16 De todos os seus pecados que cometeu e em cavernas morrerão de peste.
não se fará memória contra ele; juízo e justiça 28 Tornarei a terra em desolação e espanto, e
fez ; certamente, viverá. será humilhado o orgulho do seu pode r; os mon-
17 Todavia, os filhos do teu povo di zem: Não tes de Israel fica rão tão desolados , que ninguém
é reto o cam inho do Senhor; mas o próprio cami- passará por eles.
nho deles é que não é reto. 29 Então, saberão que Eu sou o SENHOR,
18 Desvia ndo-se o justo da sua justiça e pra- quando Eu torn ar a terra em desolação e espan-
ticando iniquidade, morrerá nela. to, por todas as abominações que cometeram.
19 E, convertendo-se o perverso da sua 30 Quanto a ti , ó filho do homem, os filhos do
perversidade e fazendo juízo e justiça, por isto te u povo falam de ti junto aos muros e nas portas
mesmo viverá. das casas ; fa la um com o outro, cada um a seu
20 Todavia, vós dizeis: Não é reto o cam inho irmão, dize ndo: Vinde, peço-vos, e ouvi qua l é a
do Senhor. Mas Eu vos julgarei, cada um segun- palavra que procede do SENHOR .
do os seus caminhos , ó casa de Israel. 31 Eles vêm a ti , como o povo costuma vir,
21 No ano duodécimo do nosso exílio, aos cinco e se assentam diante de ti como Meu povo, e
dias do décimo mês, veio a mim um que tinha esca- ouvem as tuas palavras, mas não as põem por
pado de Jerusalém, dizendo: Caiu a cidade. obra; poi s, com a boca, professam muito amor,
22 O ra, a mão do SENHOR estivera sobre mim mas o coração só a mbi ciona lucro .
pela tarde, antes que viesse o que tinha escapa- 32 Eis que tu és para eles como quem canta
do; abr ira-se -me a boca antes de, pela man hã, canções de amor, que tem voz suave e tange bem ;
vir ter comigo o tal homem ; e, uma vez aberta, porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem
~ ,.. já não fiquei em silêncio. por obra.
23 Então, veio a mim a palavra do SENHOR, 33 Mas, qua ndo vier isto e aí vem, então, sa-
di zendo: berão que houve no meio de les um profeta .

1. A palavra do SENHOR. A pro- circunstâncias relatadas nos v. 21 e 22,


fecia (v. 1-20) não é datada; mas, pelas parece razoável supor que foi dada na noite

756
EZEQUIEL 33:24

anterior à chegada do mensageiro que levou tenha seguido o de outono a outono. Também
a notícia da queda de Jerusalém. há incerteza quanto a se os anos do cativeiro
2. Filhos de teu povo. Inicia-se um a de Joaquim devem ser contados pelo côm-
nova fase do ministério de Ezequiel, e seu puto inclusivo (ver vol. 2, p. 121, 122), ou
encargo profético é renovado. pelo não inclusivo.
E o constituir por seu atalaia. Ver Se os anos de cativeiro forem computa-
Ez3:17; sobreafunçãodoatalaia, ver2Sm 18:24, dos pelo sistema não inclusivo, de prima-
25; 2Rs 9:17; Hc 2:1; sobre Ez 33:2-9, ver com. vera a primavera ou de outono a outono, o
de Ez 3:17-19. quinto dia do décimo mês pode ser datado de
3. Tocar a trombeta. Ver Os 5:8; janeiro de 585 a.C., cerca de seis meses após
Am 3:6. a queda da cidade, que ocorreu em julho de
10. Como, pois, viveremos? O estado 586. Mas se os anos forem contados pelo sis-
de espírito dos ouvintes de Ezequiel havia tema inclusivo, a chegada da má notíci a pre-
mudado. Antes, o profeta encontrara descrença cisa ser datada de janeiro de 586 a.C., o que
e escárnio (Ez 12:22). O povo tentou desculpar é demasiado cedo no caso de Jerusalém ter
sua transgressão afirmando que estava sendo caído em julho de 586 (sobre 586 como o ano ._g-:
punido, não por seus próprios pecados, mas da queda da cidade, ver vol. 2, p. 145-147;
pelos de seus pais (18:12). Diante do fato da quanto a 587, que é defendido por alguns,
destruição de Jerusalém, eles já não podiam vervol. 3, p. 81, 82).
contradizer as palavras do profeta. Em deses- 22. Abrira-se-me a boca. Ver com . de
pero, o que estavam dizendo, na verdade, era: Ez 24:27.
"Se tudo isso é punição por nossos pecados, 23. Então, veio a mim. Os v. 23 a 29
que esperança há para nós?" constituem uma nova seção da profecia que
11. Não tenho prazer. Ezequiel anima talvez tenha sido pronunciada imediatamente
seus concidadãos com a certeza de que Deus após a chegada do fugitivo , embora possa ter
não tem prazer na morte deles. O que Ele de- transcorrido um intervalo. Não são forneci-
seja é que se arrependam e vivam (2Pe 3:9). das as datas para as profecias que começam
Seu plano é que o castigo do cativeiro seja aqui e se estendem até o fin al do cap. 39. Os
salutar e produza arrependimento. Ele cap. 40 a 48 são datados de 12 anos após a
adverte que nenhum ato anterior de justi- queda de Jerusalém. É provável que as pro -
ça cobriria a transgressão presente (v. 12). fecias pertencentes a esta série tenham sido
Ao mesmo tempo, nenhuma iniquidade apresentadas de tempos em tempos durante
cometida no passado excluiria o pecador da esse período de 12 anos (ver p. 624).
graça presente. 24. Os moradores destes lugares
12. A justiça do justo. Os v. 12 a 20 desertos. Os pobres dentre o povo fora m
resumem brevemente o ensino do cap. 18 deixados na terra como vinheiros e lavrado-
sobre o assunto da responsabilidade indivi- res, e a eles se uniram judeus que fugiram de
dual (ver com. ali). países vizinhos (ver 2Rs 25:12, 22; Jr 52 :16).
21. No ano duodécimo. Isto é, do cati- Esta mensagem tem o objetivo de combater
veiro de Joaquim (ver com. de Ez 1:2). Não um ditado que era corrente entre esse grupo.
há certeza de qual sistema de cômputo foi Abraão era um só. Estas palavras
seguido por Ezequiel. Muitos estudiosos expressam as arrogantes declarações dos que
acreditam que ele tenha usado o cômputo haviam sido deixados n a terra pelos babi-
de primavera a primavera, como era corrente lônios. O que eles declaravam era que, se
em Babilônia, embora seja possível que ele Abraão, sendo um só, recebeu a posse da

757
33:25 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

terra , eles, sendo muitos, certamente pode- 26. Vós vos estribais sobre a vossa
riam reivindicá-la e tomar posse das proprie- espada. Eles se apoiavam em seus atos de
dades dos que foram exilados. Em resposta, violência. Assassinatos eram comuns (ve r
o profeta afirma que o fato de alguém ser Jr 49).
descendente de Abraão não representava 27. Em lugares desertos. São enume-
ne nhuma va ntagem, porque Deus estava radas aqui três pragas: a espada (dos babil ô-
interessado em qualificações de caráter; e nios ou de marginais saqueadores), as feras
o fato de eles serem muitos não tinha qu al- e a peste (ver enumerações semelhantes em
quer relevância para a questão. Ez 5:12; 14:12-21; cf. Lv 26:22, 25 ).
Muitos confiam em sua ligação com uma 29. Eu sou o SENHOR. Ver com. de
organização religiosa, em vez de buscar a san- Ez 6:7; 30: 8.
tidade de coração, que é unicamente o que 30. Os filhos. Os v. 30 a 33 se apli cam
capacita a perm anecer em pé no último dia. aos que estavam no exílio. Seu número havia
Depositam confiança em números e popula- aumentado com a chegada de novos cativos.
ridade. Em últim a análise, a verdadeira reli - O profeta é advertido a não se deixa r enga-
gião é um assunto pessoal, e cada um precisa nar pela deferência exterior do povo.
buscar a própria salvação com temor e tremor. De ti. Ou, "sobre ti ". As pessoas não esta-
A ligação com a igreja organi zada é o resultado vam se opondo a Ezequiel; estavam gos tando
natural e esperado de uma genuína experiên- de sua oratória. O profeta, provavelmente,
cia pessoal, mas isso, em si mesmo, não cons- nunca tivera ta ntos ouvintes, e que foss em
titui o funda mento da esperança de ninguém . aparentemente, tão promi ssores. Ele é adver-
25. Comeis a carne com sangue. Ver tido quanto ao fato de essas pessoas serem
Gn 9:4; cf. Lv 3:17; 7:26; 17:10-14; Dt 12:16. meros ouvintes da palavra, e não pratica n-
As pessoas deixadas na terra não mostra- tes (ver Mt 7:21-27; Tg 1:22-25).
vam qualqu er disposição para se afastar dos 32. Canções de amor. Literalmente,
pecados de seus pais. O povo vivia em aberta "canção de amores" ou "canção de enamora-
rebelião contra as ordens expressas de Deus dos". Eles se reuniam como se fossem ouvir
(ver Jr 42- 43). um concertista.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-33 - TM , 416 8- TM , 406 13-20- TM, 292


1-9-TS, 15 8, 9 - CC , 330; T3, 195 15 - CC, 44, 63; TS , 631
6, 7 - TM, 468; T3, 452; T7, 9- T2, 54 15, 16- CM, 87, 98, 100;
254; T9, 29 11 - PJ, 123; CM, 224; OTN, 556
6-9- TS, 687, 715 OTN, 582; GC , 535 , 627, 17- T5 , 631
7, 8- T7, 140; T8, 195 642; MDC , 151 ; PR, 105, 30 -32- Ed, 259
7-9 - AA, 360; GC, 460 ; 127, 326; PP, 628; T2, 31 - PJ, 411
OE, 14; TM, 292; 225, 295 31, 32 - MDC, 146
T4, 403 ; T9, 19 13-16 - T5 , 629

758
EZEQUIEL 34 : l

CAPÍTULO 34
1 Uma reprovação aos pastores. 7 O juízo de Deus contm eles. 11 Sua providência
em favor de Seu rebanho. 20 O reino do Messias.

l Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: buscarei as Minh as ovelhas ; livrá-las-ei de todos
2 Filho do homem, profetiza contra os pas- os lugares para onde foram es palhadas no dia de
tores de Israel; profetiza e di ze-lhes: Assim diz o nuvens e de escuridão.
SENHOR Deus: Ai dos pastores de Israel que se 13 Tirá-las -ei dos povos, e as congregarei
apasce ntam a si mesmos! Não apascentarão os dos diversos países, e as introdu zirei na s ua
pas tores as ovelhas? terra; apascen tá-las-ei nos montes de Israel,
3 Comeis a gordura, vestis-vos da lã e dego- junto às correntes e em todos os lugares ha bi -
lais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. tados da terra.
4 A frac a não fortalecestes, a doente não 14 Apa scentá-las-ei de bon s pastos, e nos
curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada altos montes de Israel será a sua pas tagem ; deitar-
não tornastes a trazer e a perdida não busca s- se-ão ali em boa pastagem e terão pastos bon s nos
tes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. montes de Israel.
5 Assim, se espalharam, por não haver pas tor, 15 Eu mesmo apascentarei as Minhas ovelhas
e se tornaram pasto para todas as feras do campo. e as farei repousar, diz o SENHOR Deus.
6 As Minhas ovelhas andam desgarradas por 16 A perdida buscarei, a desgarrada tornarei
todos os montes e por todo elevado outeiro; as a tra zer, a quebrada ligarei e a enferma fort a le-
Minhas ovelhas andam espalhadas por toda a terra , cerei; mas a gorda e a forte destruirei ; apascent<1-
sem haver quem as procure ou quem as busque. las-ei com justiça.
7 Portanto , ó pas tores, ouvi a palavra do 17 Quanto a vós outras, ó ovelhas Minhas,
SENHOR: assim di z o SENHOR Deus: Eis que julgarei entre
8 Tão certo como Eu vivo, di z o S ENHOR ovelhas e ovelhas, entre carneiros e bodes.
Deus, vis to que as Minhas ovelhas foram entre- 18 Acaso, não vos basta a boa pastage m?
gues à rapina e se tornaram pasto para todas as Haveis de pisar aos pés o resto do vosso pasto?
feras do campo, por não haver pastor, e que os E não vos basta o terdes bebido as águas c laras?
M eus pastores não procuram as Minhas ovelhas, Haveis de turvar o resto com os pés?
pois se apascentam a si mesmos e não apascen- 19 Qu anto às Minhas ovelhas, elas pastam o
ta m as Minhas ovelhas,- que haveis pi sado com os pés e bebem o que ha-
9 portanto, ó pastores, ouvi a pa lav ra do veis turvado com os pés.
SENHOR: 20 Por isso, assim lhes diz o SENHOR Deus:
lO Assim diz o SENHOR Deus: Eis que Eu Eis que Eu mesmo julgarei entre ovelhas gordas
estou contra os pastores e deles demandarei as e ovelhas magras .
Minhas ove lhas; porei termo no seu pastoreio, e 21 Visto que, com o lado e com o ombro, da is
não se apascentarão mais a si mesmos ; livrarei empurrões e, com os chifres, impelis as fracas
as Minhas ovelhas da sua boca, para que já não até as espalh ardes fora,
lh es sirvam de pasto. 22 Eu livrarei as Minh as ovelhas, para que
11 Porque assim di z o SE N HOR Deus: Eis que já não sirvam de rapina, e julgarei entre ovelhas
E u mesmo procurarei as Minhas ovelhas e as e ovelhas.
buscarei. 23 Suscitarei para elas um só pas tor, e ele as
12 Como o pastor busca o seu rebanho, no apascentará; o Meu servo Davi é que as apasce n-
dia em que encontra ovelhas dispersas, assim tará; ele lhes ser v irá de pas tor.

759
34: I COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

24 Eu , o SENHOR, lhes serei por Deus, e o 28 Já não servirão de rapina aos gentios, e
Meu servo Davi será príncipe no meio delas; Eu, as feras da terra nunca mais as com erão; e ha-
8 ~>- o SENHOR, o disse. bitarão seguram ente, e ninguém haverá que as
25 Farei com elas aliança de paz e acabarei espante.
com as bestas-feras da terra; seguras habitarão 29 Levantar-lhes-ei plantação memorável,
no deserto e dormirão nos bosques. e nunca mais serão consumidas pe la fome na
26 Delas e dos lugares ao redor do Meu ou- terra, nem mais levarão sobre si o opróbrio dos
tei ro, Eu farei bênção; farei descer a chuva a seu gentios.
tempo, serão chuvas de bênçãos. 30 Saberão, porém, que Eu, o SENHOR, seu
27 As árvores do campo darão o seu fruto, e Deus, estou com elas e que elas são o Meu povo,
a terra dará a sua novidade, e estarão seguras na a casa de Israel, diz o SENHOR De us.
sua terra; e saberão que Eu sou o SENHOR, quan- 31 Vós, pois, ó ove lhas minhas , ovelhas do
do Eu que brar as varas do seu jugo e as livrar das Meu pasto; homens sois, mas Eu sou o vosso
mãos dos que as escravizavam. Deus, di z o SENHOR Deus.

1. A palavra do SENHOR. Uma nova 5. Por não haver pastor. Os governan-


profecia na qual os pastores infiéis são cen- tes são censurados pelo desastre que sobre-
surados. Deus promete retirar desses pasto- viera a Israel. Seu mau exemplo havia feito
res o Seu rebanho e colocar "Davi" em lugar com que o povo se afastasse do caminho
deles como pastor (v. 23). A terra será restau- da justiça. Isso não significa, é claro, que
rada à plena produtividade. A mensagem do o povo estivesse livre de pecado. Ninguém
capítulo é semelhante à de Jeremias 23: I a 8. pode ser forçado a transgredir; o consenti-
2. Pastores. Do heb. ro'irn, que vem da mento da pessoa precisa ser obtido primei-
raiz ra'ah, "pastorear", "alimentar". O termo ramente. É por sua própria escolha que ela
é usado metaforicamente para designar os segue o mau exemplo de outros .
governantes ou líderes (ver 1Rs 22:17; Jr 2:8). 6. As Minhas ovelhas. O pronome
Apascentam a si mesmos. O pas- indica que Deus reivindicava o povo como
tor deve fazer aquilo que seu nome suben- pertencente a Ele.
tende. É provável que a acusação seja dirigida 8. Os Meus pastores. Foram nomea-
especificamente aos reis que governaram no dos para pastorear o rebanho de Deus e, por-
último período de Judá . tanto, eram responsáveis diante dEle.
3. Gordura. Do heb. heleb. Uma pon- 10. Contra os pastores. O primeiro ato
tuação vocálica ligeiramente diferente daria de juízo foi a remoção dos pastores egoístas.
a palavra halab, "leite". Este é o termo que se 11. Assim diz o SENHOR. As ricas pro-
encontra na tradução da LXX e da Vulgata messas dos v. 12 a 31 descrevem as condi-
(ver NVI e BJ). Qualquer dos dois significa- ções que poderiam ter preva lecido se Israel
dos se encaixa no contexto. Os governantes tivesse cumprido as condições de sua parte .
cobravam impostos exorbitantes. As profecias foram parcialmente cumpri-
4. A perdida. Ver Jr 50:6; c f. Mt 18:11- das na época do retorno do exílio. Mas,
14; Lc 15. Isto pode se comparar com a uma vez que os judeus deixaram de buscar
parábola da ovelha perdida (ver com. de uma verdadeira experiência espiritual, tanto
Lc 15:3-7). durante o exílio como subsequentemente,
Com rigor e dureza. Ver Êx 1:13, 14; o cumprimento da profecia foi restrito.
Lv 25:43. Posteriormente, quando rejeitou o Messias,

760
EZEQUIEL 34:31

a nação perdeu para sempre o direito de rei- Nem todos vão partilhar da restauração;
vindicar as bênçãos prometidas. Estas pro- mas só os que se arrependerem e se volta-
messas foram então transferidas para o novo rem para Deus, o pastor (ver Ez 34:20, 22;
Israel e devem se cumprir, em princípio, com cf. Mt 25:31-46).
esse povo. Os novos adeptos seriam espalha- 18. Pisar aos pés o resto. Os falsos
dos por todas as terras. Sua capital não mais pas tores são ac usados de esbanjamento e
seria a Jeru salém terrestre; em vez disso, desperdício. Aquilo que não usavam, eles
devia m aguardar a celesti al. Em sua aplica- estragavam para que ninguém mais pudesse
ção espiritual, esses versículos se cumpri- usar.
rão no novo céu e na nova Terra, mas teriam 23. Um só pastor. Em contraste, sem
encontrado cumprimento literal depois que dúvida, com os muitos governantes que rei-
os judeus voltassem do exílio babilônico, caso naram antes, e também com referência aos
tivessem cumprido as condições que Deus dois reinos de Israel, que deviam ser nova-
estabeleceu (ver p. 16-19). mente reunidos.
14. Pastos bons. Se tivessem sido alcan- Meu servo Davi. Os comentaristas têm
çadas as condições de arrependimento e aplicado esta predição ao Messias (Jr 23:5,
reavivamento espiritual, o Senhor teria res- 6; Lc 1:32). Uma vez que Israel nunca alcan-
taurado a Palestina à sua produtividade ori- çou as condições para que estas promessas
ginal, como uma "terra que mana leite e mel" pudessem se cumprir, a aplicação se justi-
(Êx 3:8, 17; Nm 13:27; etc.). Ele teria enviado fica. Jesus , vindo em carne e, mais tarde ,
$ ~>- a chuva na estação própria e abençoado Seu vindo em glória, passou a ser o cumprimento
povo no "cesto" e na "a massadeira", como desta predição.
havia prometido (Dt 28:1-14). Na época 25. Acabarei com as bestas-feras. Na
da entrada original em Canaã, o cumpri- época da entrada em Canaã, Deus prome-
mento foi impedido porque o povo falhara teu estabelecer as condições de tranquili-
em sua fidelidade a Deus. Neste contexto, dade aqui mencionadas (Lv 26:6). Foi dada
houve uma segunda oportunidade de herdar a Israel a oportunidade de assumir uma vez
as mesmas ricas promessas. Foi oferecido a mais seu papel como o centro do reino espi-
Israel um novo começo. Será que a nação ritual de Deus que devia abranger o mundo
estaria disposta a cumprir com sua parte? todo, e como tal lhe foram prometid as todas
16. A gorda e a forte destruirei. A gor- as vantagens temporais (ver Ez 34: 14; 26-30).
dura era um símbolo de prosperidade. A pros- 26. Chuvas de bênçãos. Ver Lv 26:4;
peridade, muitas vezes, leva ao esquecimento SI 68:9; l\111 3:10.
de Deus (Dt 32: 15). Os pastores infiéis 29. Plantação memorável. Ou, "lavou-
engordaram roubando o rebanho; alimenta- ra famosa" (BJ).
vam a si mesmos em vez de ao rebanho. Por 31. Ovelhas do Meu pasto. Esta é a
isso, deviam ser apascentados "com juízo" aplicação da fig ura. É uma grande demons-
(ARC). tração de graça quando o Deus do Céu con-
17. Entre ovelhas e ovelhas. Deus jul- descende em ter comunhão com pessoas
gará entre os vários membros do rebanho. que, como um rebanho, se extraviaram dEle.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

3,4-Ed,176 4-6 - T5, 346 12- PJ, 187; T5 , 80


4 - AA, 16; OTN, 478 11, 12- T7, 230 15, 16- T7, 230

761
35: l COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

16- DTN, 477; PP, 191 25 - PE, 18; Tl, 68 28- DTN, 477; PP, 191
18- PE, 37 25, 26 - T7, 230 29-31 - AA, lO
22 - PP, 191 26- AA, 9; DTN, 141, 142; 30, 31 - T7, 230
23, 25- DTN , 477 CBV,l03 31 - DTN, 479; OE, 181

CAPÍTULO 35
O juízo do monte Seir por seu ódio contra Israel.

1 Veio a mim a palavra do SENHOR, di zendo: tuas cidades jamais serão habitadas; assim sabe-
2 Filho do homem, volve o rosto contra o reis que Eu sou o SENHOR.
monte Seir e profetiza contra ele. 10 Visto que di zes : Os dois povos e as duas
3 Di ze -lhe: Assim di z o SENHOR Deus: Eis terras serão meus, e os possuirei, ainda que o
que Eu estou contra ti, ó monte Seir, e esten- SENHOR Se achava ali,
dere i a mão contra ti, e te farei desolação e li por isso, tão certo como Eu vivo, di z o
espanto. SENHOR Deus, procederei segundo a tua ira e
4 Farei desertas as tuas cidades, e tu serás de- segundo a tua inveja, com que, no teu ódio ,
solado; e sabercís que eu sou o SENHOR. os trataste; e serei conhecido deles, quando te
5 Pois guardas te inimi zade perpétua e aban- julga r.
~ 1'> danaste os filhos de Israel à violência da espa- 12 Saberás que Eu, o SENHOR, ouvi todas as
da, no tempo da calamidade e do castigo fin a l. blasfêmias que proferiste contra os montes de
6 Por isso, diz o SEN HOR Deus, tão certo como Israel, dizendo: Já estão desolados, a nós nos são
Eu vivo, Eu te fiz sangrar, e sangue te persegui- entregues por pasto.
rá; visto que não aborreceste o sangue, o sangue 13 Vós vos engrandecestes contra Mim com
te perseguirá. a vossa boca e multiplicastes as vossas palavras
7 Farei do monte Sei r extrema desolação e elimi- contra Mim; Eu o ouvi.
narei dele o que por ele passa e o que por ele volta. 14 Assim diz o SENHOR D eus: Ao alegrar-se
8 Encherei os seus montes dos seus tras- toda a terra , Eu te reduzirei à desolação.
passados ; nos teus outeiros, nos teus vales e em 15 Como te alegraste com a sorte da casa de
todas as tuas correntes, cairão os traspassados Israel, porque foi desolada, assim também farei
à espad a. a ti ; desolado serás, ó monte Sei r e todo o Edom,
9 Em perpétuas desolações, te porei, e as sim, todo; e saberão que Eu sou o SENHOH.

1. A palavra do SENHOR. É orde- tenha permitido isso porque Edom parece


nado ao profeta que apresente outra pro- ter tomado partido contra Israel no cerco
feci a contra Edom (Ez 25:I2-I4). Por que de Nabucodonosor a Jerusalém (ver com.
mais uma condenação no meio de promes- do v. 5). O profeta pred iz a completa remo-
sas de res tauração? O profeta nota os obs- ção desse obstáculo.
táculos para a reocupação da Palestina. 2. Seir. Do heb. Se'ir, que vem de um a
Os e domitas tinham invadido a parte do rai z que significa "ser cabeludo". Este era o
sul da Pales tina depois de Israel ter sido nome do cabeça de uma famíli a de hore us
levado cativo. Babilônia, provavelmente, que se ligou por matrimônio a Esaú, de qu em

762
EZEQUIE L 35: 15

descendem os edomitas (ver com. de Gn 36). de Jesus: "Todos os que la nçam m ão da


Ta mbém designa um a cadeia montanhosa a espada à espada perecerão" (M t 26:5 2).
leste da Arabá , que se estende desde o Mar 7. O que por ele passa. Ver Zc 7:14;
Morto, ao sul. Aqui o termo, poeticamente, 9:8, 10.
representa Edom (ver Gn 36:8, 9; Dt 2:1, 5; 8. Correntes. As característic as físic as
1Cr 4:42). aqui mencion adas desc revem a topografia
4 . Serás desolado. Alguns veem de Edom . <4 §
um cumprimento desta predição quando 9. Perpétuas desolações. Ao exultar
os n abateus expulsaram os edomitas do de form a selvagem pela destruição do rival,
Neguebe, no sul da Palestina (c. 126 a.C .). e ao pretender superioridade sobre Israel,
Contudo, uma vez que esta profecia está no Edom ficou, contudo, em desva ntagem. Para
meio de predições sobre a res tauração de Israel haveria uma restauração; para Edom ,
Israel, pode-se presumir qu e ela teria um apenas perpétuas desolações.
cumprimento singular ligado a essa restau- 10. As duas terras. Isto é, Judá e Israel.
ração (ver com. de Ez 25:14). O segundo pecado de Edom (v. 5) foi o de
5. Inimizade perpétua. Este ódio reivindicar pres unçosamente a herança de
vinha desde o tempo de Jacó e Esaú J udá e Israel.
(G n 27:41 ; cf. Gn 25:22, 23). Na época Ainda que o SENHOR Se achava ali.
do êxodo, Edom se rec uso u a dar pass a- Deus designou o território de Israel como a
ge m a Israel por dentro de se u território herança pec uliar de Seu povo. Embora Israel
(Nm 20: 14 -2 1). Depois do es tabelecimento estivesse momentaneamente ausente de se u
e m Canaã, os edomitas assistiram com território, Deus ainda tinha interesse na terra
inveja ao crescente poder de Israel. Edom e a preservava para o retorno dos exilados.
se unira a Amam e Moab e contra Judá, no s Quando o povo, mais tarde, perdeu seus pri-
dias de Jos afá (2C r 20:10 , 11 ; cf. Sl83:1-8; vilégios (ver p. 18), perdeu o direito à terra .
ver introdução ao SI 83). Pare ce que , Na verdade, a te rra perte ncia a Yahweh (ver
quando os babilônios tomaram Jerusalém , Lv 25 :23; O s 9:3; ]I 2:18) .
os edomitas os ajudara m , ocupa ndo os 11. Serei conhecido. O juízo sobre
portões e colocando-se n as es tradas que Edom serviria para convencer Israel de que
levava m ao campo, para impedir o escap e seu Deus não o havia aba ndonado.
de fugit ivos (Ob 11-14). No dia da ca la- 12. Blasfêmias. Ou , "insultos" (BJ),
midad e de Jer usalém , os edomitas de "insolências".
forma maldos a e vingativa excla m ara m: 15. Como te alegraste. Assim como
"Arrasai, arrasai-a, até aos fund amentos" Edom havia se regozijado com a queda de
(SI 137:7). Israel, outros se alegrariam co m a event ual
6. Eu te fiz sangrar. Ou, "te preparei derrocada de Edom .
para sangue" (A RC ). Isso lembra as palav ras Eu sou o SENHOR. Ver com. de Ez 30:8.

763
36:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

CAPÍTULO 36
1 A terra de Israel é consolada pela destruição das nações que se apropriaram dela
8 e pelas prometidas bênçãos de Deus. 16 Israel é rejeitado por causa do pecado,
21 mas a terra deserta será restaurada. 25 As bênçãos do reino do Messias.

l Tu, ó filho do homem, profetiza aos mon- lO Multiplicarei homens sobre vós, a toda a
tes de Israel e dize: Montes de Israel, ouvi a pa- casa de Israel, sim, toda ; as cidades serão habi -
lavra do SENHOR. tadas, e os lugares devastados serão edificados.
2 Assim diz o SENHOR Deus: Visto que ll Multiplicarei homens e animais sobre vós; ~ R
diz o inimigo contra vós outros: Bem feitol, e eles se multiplicarão e serão fecundos; fá-los-ei
também: Os eternos lugares altos são nossa habitar-vos como dantes e vos tratarei melhor do
herança, que outrora; e sabereis que Eu sou o SENHOR.
3 portanto, profetiza e dize: Assim diz o 12 Farei andar sobre vós hom ens, o Meu povo
SENHOR Deus: Visto que vos assolaram e pro- ele Israel ; eles vos possuirão, e sereis a sua heran-
curaram abocar-vos de todos os lados, para que ça e jamais os desfilhareis.
fôsseis possessão do resto das nações e andais em 13 Assim diz o SENHOR Deus: Visto que te
lábios paroleiros e na infâmia do povo, dizem: Tu és terra que devo ra os homens e és
4 portanto, ouvi, ó montes de Israel , a palavra terra que desfilha o seu povo,
do SENHOR Deus: Assim diz o SENHOR Deus aos 14 por isso, tu não devora rás m a is os ho-
montes e aos outeiros, às correntes e aos vales, mens, nem desfilharás mais o teu povo, diz o
aos lugares desertos e desolados e às cidades de- SENHOR Deus.
samparadas, que se tornaram rapina e escárnio 15 Não te permitirei jamais que ouças a igno-
para o resto das nações circunvizinhas. mínia dos gentios; não mais levarás sobre ti o
5 Portanto, assim diz o SENHOR Deus: opróbrio dos povos, nem mais farás tropeçar o
Certamente, no fogo do Meu zelo, falei contra teu povo, di z o SENHOR Deus.
o resto das nações e contra todo o Edom. Eles 16 Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
se apropriaram da Minha terra, com alegria de 17 Filho do homem, quando os da casa ele
todo o coração e com menosprezo de alma, para Israel habitava m na sua terra, eles a contamina-
despovoá-la e saqueá-la. ram com os seus caminhos e as suas ações; como
6 Portanto, profetiza sobre a terra de Israel e a imundícia ele uma mulher em sua menstruação,
dize aos montes e aos outeiros , às correntes e aos tal era o seu caminho perante Mim.
vales: Assim diz o SENHOR Deus: Eis que falei no 18 Derramei, pois, o Meu furor sobre eles, por
Meu zelo e no Meu furor, porque levastes sobre causa do sangue que derramara m sobre a terra e
vós o opróbrio das nações. por causa dos seus ídolos com que a contaminaram.
7 Portanto, assim diz o SENHOR Deus: 19 Espalhei-os entre as nações , e foram der-
Levantando Eu a mão, jurei que as nações que ramados pelas terras ; segundo os seus caminhos
estão ao redor de vós levem o seu opróbrio sobre e segundo os seus feitos, Eu os julguei .
si mesmas. 20 Em chegando às nações para onde foram,
8 Mas vós, ó montes de Israel, vós produzi- profanaram o Meu santo nome, pois deles se
reis os vossos ramos e dareis o vosso fruto para dizia: São estes o povo elo SENHOR, porém tive-
o Meu povo de Israel, o qual está prestes a vir. ram ele sair da terra dEle.
9 Porque eis que Eu estou convosco; voltar- 21 Mas ti ve compaixão do Meu santo nome,
TVIe-ei para vós outros , e sereis lavrados e qu e a casa de Israel profanou entre as nações
sem eados. para onde foi.

764
EZEQUIEL 36:3

22 Dize, portanto, à casa de Israel: Assim di z o 31 Então, vos lembrareis dos vossos maus ca-
SENHOR Deus: Não é por amor de vós que Eu faço minhos e dos vossos feitos que não foram bon s;
isto, ó casa de Israel, mas pelo Meu santo nome, tereis nojo de vós mesmos por causa das vossas
que profanastes entre as nações para onde fostes. iniquidades e das vossas abominações .
23 Vindicarei a santidade do Meu gra nde 32 Não é por amor de vós, fiqu e bem en-
nome, que foi profanado entre as nações, o qual tendido, que E u faço isto, di z o S EN HOR Deus.
profanastes no meio delas; as nações saberão que Envergonhai-vos e con fundi-vos por causa dos
Eu sou o S EN HOR , diz o SENHOR Deus, quan- vossos caminhos, ó casa de Israel.
do Eu vindicar a Minha santidade pera nte ela s. 33 Assim di z o SENHOR Deus: No dia em
24 Tomar-vos-ei de entre as nações, e vos que Eu vos purificar de todas as vossas iniquida-
congregarei de todos os países, e vos tra rei para des , então, farei que sejam habitadas as c idades
a vossa terra . e sejam edificados os luga res desertos.
25 Então, aspergirei água pura sobre vós, e 34 Lavrar-se-á a terra deserta, em vez de estar
ficareis purificados; de todas as vossas imundí- desolada aos olhos de todos os que passam.
cias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. 35 Dir-se-á: Esta terra desolada ficou como o
26 Dar-vos-ei coração novo e porei dentro jardim do Éden; as cidades desertas, desoladas e
de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de em ruínas estão fortificadas e habitadas .
pedra e vos darei coração de carne. 36 Então, as nações que tiverem restado ao
27 Porei dentro de vós o Meu Espírito e farei redor de vós saberão que Eu, o SENHOR, reed ifi -
que andeis nos Meus estatutos, guardeis os Meus quei as cidades destruídas e replantei o que esta-
juízos e os observeis. va abandonado. Eu, o SENHO R, o di sse e o fare i.
28 Habitareis na terra que Eu dei a vossos pais; 37 Assim diz o SENHOR Deus: Ainda nisto
vós sereis o Meu povo, e Eu serei o vosso Deus. permitirei que seja Eu solicitado pela casa de
29 Livrar-vos-ei de todas as vossas imundí- Israel: que lhe multiplique Eu os homens como
cias; farei vir o trigo, e o multiplica rei, e não tra- um rebanho.
rei fome sobre vós . 38 Como um rebanho de santos, o rebanho
30 Multiplicarei o fruto das árvores e a novi- de Jeru salém nas suas festas fixas , assim as ci-
dade do campo, para que jamais recebais o opró- dades desertas se encherão de rebanhos de ho-
brio da fome entre as nações . mens ; e saberão que Eu sou o SENHOR. <11 ~

1. Profetiza. O tema de Ezequiel e ntão com a repreens ão aos montes de Israel ,


muda; e m vez de fa lar do juízo sobre Israel e no cap . 6.
sobre as nações vizinhas, ele passa a encorajar 2. Eternos lugares altos. Do h eb .
seus compatriotas. Desde que Israel caíra, os bamath 'alam, expressão semelhante agib'ath
inimigos tivera m um período de júbilo e zom- 'alam, que é traduzid a como "montes eternos"
baria, mas isso n ão continuaria. Embora Israel (Gn 49:26) e "oute iros e te rnos" (Dt 33:1 5).
tivesse sido humilhado e então fosse punido A expressão é, sem dúvida , sinônima d e
por sua rebelião, Deus ainda reconhecia os "montes de Israel", u sad a no versículo a nte-
jude us como Seu povo. O aparente triunfo rior. A LXX di z "d esolação e terna", como se a
dos inimigos seria momentâneo. Embora aba- expressão no h ebra ico fosse shimemath 'alam.
tido e indefeso, Israel seria exaltado e estaria São nossa. Ver Ez 25: 3, 8, 15; 26:2;
numa condição mais gloriosa do que a ntes . 35:10.
Montes de Israel. Estas promessas 3 . Em lábios paroleiros. Ver Dt 28:37;
d e restauração devem ser comparadas 1Rs 9 :7; SI 44:14.

765
36:5 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

5. Fogo do Meu zelo. Ver Sf 3:8; cf. Sf se destinavam apenas a um Israel regene-
1:18. Deus atribui sentimentos humanos a rado (ver com. do v. 26).
Si mesmo para ser compreendido. 11. E vos tratarei melhor. Estas pro-
7. Levantando Eu a mão. Como sinal messas de bênçãos abundantes tiveram cum-
de um juramento (ver Ez 20:5). primento limitado por ocasião do retorno de
Levem o seu opróbrio. Israel teve de Israel do exílio. Deus tinha em mente muito
suportar a vergonha lançada contra si pelos mais do que aquilo que se cumpriu na histó-
pagãos (v. 6) . Então, os pagãos levariam sua ria pós-exílica de Israel (ver p. 13-17).
própria vergonha, embora não como vin- 14. Tu não devorarás mais os ho-
ga nça. A vergonha deles viria como resul- mens. Isto é, a terra em si, não o povo que
tado de seus próprios pecados. Deus não faz habitava nela (ver Nm 13:32). Alguns su-
acepção de pessoas. O pecado, onde quer gerem que os pagãos que viviam em torno
que se ache, recebe sua justa retribuição. da Palestina e que viram primeiramente os
Israel sofrera por seus pecados, e as nações cananeus e, depois, os israelitas serem de-
pagãs, por sua vez, sofreriam pelos delas. sarraigados, supersticiosamente atribuíam a
8. Produzireis os vossos ramos. sorte dessas nações a algo in erente à própria
A terra de Israel, representada por suas mon- terra. Essas pessoas não reconheciam qu e
tanhas, devia se preparar para o retorno dos a verdadeira causa disso era a mão de D eus
exilados. A grama devia brotar para alimento que guiava o destino das pessoas e das na-
dos animais , e as árvores deviam dar seus ções. Contudo, na idade áurea que o profeta
frutos para nutrir os novos habita ntes. Este estava antecipando, o povo habitaria segu-
é um modo enfático de representar a certeza ro ; nenhuma cr ític a desse tipo seria possí-
de que os exilados retornariam. vel novamente.
Prestes. A declaração deve ser entend ida 16. Palavra do SENHOR. Os v. 17 a 38
de forma relativa. Provavelmente ain da res- formam uma profecia separada, mas intima-
tavam cerca de 50 anos dos 70 preditos por mente ligada à primeira parte do capítulo.
Jeremias (Jr 25: 11). O profeta recapitula brevemente a históri a
9. Eu estou convosco. Ou, "Eu estou de Israel para mostrar que a restauração não
do lado de vocês" (NTLH ). Deus fora a ntes ocorreria devido a qualquer mérito dos israe-
representado como estando contra Israel litas, mas por amor ao nome de Deus.
(Ez 5:8; 13:8). Esta diferença não signi- 17. Eles a contaminaram. Ver Nm 35 :34.
fica que Deus havia mudado. Ele visitara Para a lei levítica , a mulher ficava imund a na
Israel com juízos por causa dos pecados do menstruação (ver Lv 15:19).
povo, e então concederia graça se eles se 20. Profanaram o Meu santo nome.
arrependessem. A conduta dos israelitas e suas resultan- ,. ~
10. Toda a casa de Israel. Deus pla- tes misérias desonraram Yahweh aos olhos
nejava o retorno do cativeiro tanto para dos pagãos, os quais naturalmente inferi-
Judá quanto para Israel. Novamente have- ram qu e, se aquilo era tudo o que o Deus
ria um reino unido e próspero, com vinhas de Israel podia fa zer por Seus devotos , Ele
repla nt ad as, casas reconstruídas e reba- não era melhor do que os deuses que eles
nhos renovados. Essa perspectiva gloriosa serviam. Os pagãos consideravam Yahweh
foi coloc ada como fonte de motivação para meramente como o Deus nacional dos israe-
que Israel aceitasse o oferecimento da litas (ver Nm 14: 16; Jr 14:9).
graça de Deus e, assim, experimentasse 21. Compaixão do Meu santo nome.
um reavivamento espiritual. As promessas Isto é, Ele agirá pela honra de Seu nom e.

766
EZEQUIEL 36:28

Restaurará Seu povo não meramente por amor Será que eles, afin al, renuncia ria m à jus-
a eles, mas por amor ao Seu próprio nome. tiça própria e aceitaria m as glorios as provi-
22. Não é por amor de vós. O Senhor sões da nova ali ança? C essari a m se us vãos
restauraria Seu povo (cf. Êx 32:12-14 ; esforços para es tabelecer a própria justi ça e
Nm 14: 13 -20). Os israelitas não devi am achar aceitariam a justiça ele D eus? A ofert a lh es
que fos sem, de alguma forma, os favoritos do foi feit a. A históri a registra que eles a rejei-
C éu. Deus havia escolhido a nação como o taram e se torn a ram aind a mais obstin ados
meio ele realizar Seu propósito para a salva- (ver p. 19, 20).
ção do mundo (ver p. 13 -17). Grandes pri- Há grande p erigo de qu e, em nossa
vilégios trazem pesadas responsabilid ades. época de lu z espiritual, as pessoas escolh am
23. Perante elas. Vári os manu scritos viver sob as condi ções da a ntiga ali a nça.
hebraicos e a Si ríac a di ze m "perante vós". Elas sabem que a obediência é um a evi-
A s du as opções fazem sentido. A opção dê ncia da salvação, mas podem produ zir
"p erante vós" salienta a im po rtante ve rdade um a ob ediência não santificada pel a graça .
ele qu e seri a necessário prim eiramente Deus Sem Cristo, estão tentando o imposs ível,
ser santificado aos olhos elo povo, por meio e, por isso, se desa nimam e excla m am:
elo arrepe ndim ento e ela reforma , antes ele "Desventurado homem que so u!" (Rm 7:24).
ser santificado aos olhos elos pagãos. Seu Se no momento do desesp ero encontra m a
nome havia sido "profanado entre as nações" Jes us , então Ele as capacita a fazer aquilo
p e la vida inconsistente de Seu professo qu e é "impossível à lei" (Rm 8:3). Com a
povo. A restauração el e Israel vindicari a Seu presença de Cristo no coração, "o preceito
nom e entre os pagão s. N essa ocasião, fica- da lei" se cumpre nelas (Rm 8:4).
ria cl aram ente demonstrado que Yahweh 27. Farei que andeis. Ver com. de Ez
n ão é como os fracos de uses elos pagãos , 11:20.
mas que é o Todo-Poderoso (ver Dt 28:58; 28. Sereis o Meu povo. Esta pro -
M l 1:11). messa dependia el a concreti zação el a pureza
25. Aspergirei água pura. A figura é, espiritu al descrita acim a. Se tivesse ocor-
sem dúvida, extraída das várias purificações rido o n ecessári o reaviva mento , os israe-
estipuladas na lei cerimoni al (ver Nm 8:7; litas te ri a m residido definitivam e nte em
19:9, 17, 18), nas quais a água era empregada . sua terra. Jeru sa lé m teria p erm a nec ido
26. Coração novo. Este versículo apre- para sempre . Dela teria saído a pomba da
senta o tema central elo ensin o de Ezequ iel. paz para levar ao mundo todo a influ ê ncia
As promessas de restauração estava m con- da verdadeira religião (ver DTN, 57 7; G C ,
dicionadas à renovaç ão espiritual e moral. 19) . As palavras "vós sereis o Meu povo, e
Desde o Sinai, D eus proc urou introdu- Eu serei o vosso D eus" (ver Ez 11:20 ; cf. Jr
zir os princípios el a nova aliança , m as o 7: 23; 11:4; 30:22) descreve m a relação de
povo se recusava a aceitá-l os (ver com . de aliança de Yahweh com Israe l. Esta re la-
Ez 16:60). Eles não compreendiam que, sem çã o incluía mais do que ind e pend ênc ia e
a graça divina e sem mudança de coração, prosperid ade nacional; compreendi a todo
não podia m prestar a obediê ncia aceitável. o plano de tornar Israel o núcleo espiri-
A constante preocupação do s profetas era a tual de um programa missionário mundi al.
de levar o povo a esta experiência m ais ele - A rejeição da aliança (ver Mt 21:43) res ul-
va da. No tex to em consideração, Ezequiel tou na remoção elo privilégio espi ritu al, mas
pleiteia fervorosam ente com os cativos , isso não implicava necessa riamente que os
mostrando-lhes a única base para o sucesso. jude us nunc a m ais estabeleceri a m um

767
36:29 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

es tado politicamente independente. Por 32. Não é por amor de vós. Ver com.
outro lado, o atual estado de Israel não é, do v. 22.
~ ~· de forma alguma, um cumprimento destas 35. Como o jardim do Éden. A Pales-
antigas predições, e também não o seria tina seria tão abençoada que se assemelha-
qualquer retorno em massa dos judeus à ria em excelência e prosperidade ao jardim
Palestina. Jesus declarou que a promessa do Éden. Esta promessa também depen-
da aliança foi dada a outro "povo", ou seja, dia de fidelidade e obediência. A apostasia
ao novo Israel (ver Mt 21:43). Através deste de Israel impediu seu cumprimento. Con-
povo, Deus está operando para evangelizar tudo, o fracasso humano não pode frus-
o mundo (ver Rm 2:28, 29; 9:6; Gl 3:29; trar o eterno propósito de Deus. "Ao Israel
ver p. 17-20). espiritual foram restaurados os privilégios
29. De todas as vossas imundícias. concedidos ao povo de Deus por ocasião
A graça divina é prometida para impedir a do seu livramento de Babilônia" (PR, 714).
recaída nos antigos caminhos. Esta expe - Os redimidos logo habitarão numa "nova
riênc ia requer uma renovação diária da con- Terra" (Ap 21:1), que será como o jardim
sagração, um recebimento diário de novos do Éden em beleza e fertilidade.
suprimentos de poder espiritual e a manu- 36. As nações que tiverem restado.
tenção de constante vigilância contra o Ezequiel descreve as condições que pode-
inimigo. riam ter existido. Era plano de Deus que,
30. Multiplicarei o fruto. Estas bên- pela restauração de Israel, fosse dada ao
çãos espirituais poderiam ter sido de Israel mundo uma demonstração da bondade e
na época da entrada em Canaã (Dt 28:3-6). benevolência do verdadeiro Deus, de forma
O pecado produziu seca e fome. Estas pro- que todas as nações pudessem ser atraí-
messas não se aplicam de maneira direta e das e receber a oportunidade de fazer parte
literal aos cristãos. Antigamente, Deus tra- de um novo sistema de governo espiritual.
balhava com uma nação geograficamente Infelizmente, os judeus que retornaram
isolada. A prosperidade dessa nação devia após o exílio criaram uma impressão intei-
ser uma lição objetiva para outras nações. ramente oposta. As outras nações, em vez
Na nova aliança, os cristãos estão espa- de atraídas, foram levadas a blasfemar do
lhados em todas as terras, e partilham das Deus a quem judeus obstinados afirmavam
calamidades que sobrevêm a seus respecti- adorar (ver p. 18, 19).
vos países. Contudo, Deus não Se esquece Na nova aliança, o quadro é um pouco
de Seu povo durante a calamidade. Ele fre- diferente. Em vez de ter uma nação isolada
quentemente intervém para oferecer prote- para demonstrar as vantagens de Seu plano,
ção e bênção. Deus chama pessoas individualmente a
31. Tereis nojo de vós mesmos. tornarem sua vida tão atrativa que outros
Ver com. de Ez 20:43. Quando os portões sejam levados a buscar o Deus a quem elas
celestes se abrirem para deixar entrar o adoram.
povo que guardou a verdade, haverá nova- 37. Que Eu seja solicitado. Anterior-
mente um sentimento de grande indigni- mente, Deus havia Se recusado a ouvir (ver
dade . Quando contemplarem as glórias Ez 14:3, 4; 20:3). No en tanto, chegaria o
que ultrap assam a imaginação humana, momento em que a "casa de Israel", humi-
os redimidos lançarão suas coroas aos pés lhada física e espiritualmente, perceberia
do Redentor e atribuirão a Ele toda a honra sua dependência de Deus e buscaria orien-
(ver PE, 289). tação e conselho divinos sem os quais lh e

768
EZEQUIEL 36 :38

seria impossível, como nação, compreen- de animais para sacrifício reunidos em


der o elevado destino que a agu ardava (ver Jerusalém nas grandes festas anuais.
p. 13-17). Saberão. Com respeito a este refrão
38. O rebanho de Jerusalém. A densa que ocorre com frequência em Ezequiel,
população profetizada para a Palestina ver com. de Ez 6:7. Ele ocorre quatro vezes
é comp a rada com os imensos rebanhos no cap. 36 (v. 11, 23 , 36 e 38).

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

25- PJ, 158 407; Ev, 290; FEC , 264; T7, 189; T9, 152
25, 26 - MJ , 71 MCH, 24, 261 ; MS , 40; 26, 27 - OTN, 174; MDC , 8
26- CPPE, 452 ; OTN, CC , 53; TM, 328, 369; 31 - PJ, 161

CAPÍTULO 37
1 Com o quadro da ressurreição de ossos secos, 11 revive a esperança de Israel.
15 A junção de dois pedaços de madeira 18 mostra a incorporação de
Israel a ]udá. 20 As promessas do reino do Messias.

1 Veio sobre mim a mão do SENHOR; Ele me 9 Então, Ele me disse : Profetiza ao espírito,
levou pelo Espírito do SENHOR e me deixo u no profetiza, ó filho do homem, e dize-lhe: Assim
m eio de um vale que estava cheio de ossos, diz o SENHOR Deus: Vem dos quatro ventos ,
2 e me fez andar ao redor deles; eram mui ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para
numerosos na superfície do vale e estavam que vivam.
sequíssimos. 1O Profetizei como Ele me ordenara, e o es-
3 Então, me perguntou: Filho do homem , pírito entrou neles, e viveram e se puseram em
acaso, poderão reviver estes ossos? Respondi: pé, um exército sobremodo numeroso.
SENHOR Deus, Tu o sabes. ll Então, me disse: Filho do homem , estes
4 Disse-me Ele: Profetiza a estes ossos e dize- ossos são toda a casa de Israel. Eis que dizem: Os
lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do SENHOR. nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa espe-
5 Assim di z o SENHOR Deus a estes ossos: rança; estamos de todo exterminados.
Eis que farei entrar o espírito em vós, e vivereis. 12 Portanto, profetiza e dize-lhes: Assim di z
6 Porei tendões sobre vós, farei crescer carne o SENHOR Deus: Eis que abrirei a vossa sepultu-
sobre vós, sobre vós estenderei pele e porei em ra, e vos farei sair dela, ó povo Meu, e vos trarei
vós o espírito, e vivereis. E sabereis que Eu sou à terra de Israel.
o SENHOR. l3 Sabereis que Eu sou o SENHOR, quando
7 Então, profetizei segundo me fora ordena- Eu abrir a vossa sepultura e vos fizer sair dela,
do; enquanto eu profetizava, houve um ruído, ó povo Meu.
um barulho de ossos que batiam contra ossos e 14 Porei em vós o Meu Espírito, e vivereis, e
se ajuntavam, cada osso ao seu osso. vos estabelecerei na vossa própria terra. Então,
8 Olhei, e eis que havia tendões sobre eles, e sabereis que Eu, o SENHOR, disse isto e o fi z,
cresceram as carnes, e se estendeu a pele sobre diz o SENHOR.
eles; mas não havia neles o espírito. 15 Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:

769
37 :1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

16 Tu, pois, ó filho do homem, toma um pe- montes de Israel , e um só rei será rei de todos
daço de madeira e escreve nele: Para Judá e para eles. Nunca mais serão duas nações; nunca mais
os filhos de Israel, seus companheiros; depois, para o futuro se dividirão em dois reinos.
toma outro pedaço de madeira e escreve nele: 23 Nunca mais se contaminarão com os seus
Para José, pedaço de madeira de Efraim, e para ídolos, nem com as suas abominações, nem com
toda a casa de Israel, seus companheiros. qualquer das suas transgressões; livrá-los-ei de
17 Ajunta-os um ao outro, faze deles um só pe- todas as suas apostasias em que pecaram e os
daço, para que se tornem apenas um na tua mão. purificarei. Assim, eles serão o Meu povo, e Eu <4 ~
18 Quando te falarem os filhos do teu povo, serei o seu Deus.
dizendo: Não nos revelarás o que significam estas 24 O Meu servo Davi reinará sobre eles; todos
coisas? eles terão um só pastor, andarão nos Meus juí-
19 Tu lhes dirás: Assim diz o SENHOR Deus: zos, guardarão os Meus estatutos e os observarão.
Eis que tomarei o pedaço de madeira de José, que 25 Habitarão na terra que dei a Meu servo
esteve na mão de Efraim, e das tribos de Israel, Jacó, na qual vossos pais habitaram; habitarão
suas companheiras, e o ajuntarei ao pedaço de nela, eles e seus filhos e os filhos de seus filhos,
J udá, e farei deles um só pedaço, e se tornarão para sempre; e Davi, Meu servo, será seu prín-
apenas um na Minha mão. cipe eternamente.
20 Os pedaços de madeira em que houveres 26 Farei com eles aliança de paz; será aliança
escrito estarão na tua mão, perante eles. perpétua. Estabelecê-los-ei, e os multiplicarei, e
21 Dize-lhes, pois: Assim diz o SENHOR Deus: porei o Meu santuário no meio deles, para sempre.
Eis que Eu tomarei os filhos de Israel de entre 27 O Meu tabernáculo estará com eles; Eu
as nações para onde eles foram, e os congrega- serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo.
rei de todas as partes, e os levarei para a sua pró- 28 As nações saberão que Eu sou o SENHOR
pria terra. que santifico a Israel, quando o Meu santuário
22 Farei deles uma só nação na terra, nos estiver para sempre no meio deles.

1. A mão do SENHOR. O cap. 37 con- ressuscitariam para tomar parte no novo reino.
siste de duas partes: a visão dos ossos secos Assim, não é necessário excluir inteiramente
(v. I -14) e um ato simbólico que prediz a fu- do simbolismo a ressurreição. O simbolismo,
tura união de Israel e Judá (v. 15-28). A visão em sua totalidade, pretendia descrever como
dos ossos secos devia ilu strar como Israel, os eventos teriam se desenrolado, tanto nesse
que se encontrava espalhado e sem esperan- período como posteriormente, caso os judeus
ça, seria reavivado e restaurado. tivessem cooperado com Deus e cumprido
Pode ser feita a pergunta: Até que ponto Seu plano para eles. No entanto, a increduli-
esta profecia se relaciona com a ressurreição dade e a desobediência frustraram o propósito
futura? Alguns defendem que essa aplicação divino. Diante disso, é preciso consultar o NT
estava fora da mente do profeta, e que o sim- para saber como esses eventos, que teriam se
bolismo se limita a uma restauração da vida cumprido literalmente no período pós-exílico,
nacional do povo. A maneira mais natural de se cumprirão na era cristã, com relação ao
aplicar a profecia é relativamente ao plano Israel espiritual (ver p. 21-23).
de Deus para o ressurgimento do povo israe- Vale. O termo heb. biq'ah. é também
lita. Isso seria finalmente seguido por uma encontrado em Ezequiel 3:22. Talvez a
ressurreição literal, quando os patriarcas, referência em ambas as passagens seja ao
juntamente com todos os santos de Deus, mesmo local.

770
EZEQUIEL 37:22

2. Sequíssimos. Isso indica que fazia como se fosse primariamente uma predição
muito tempo que já não tinham vida e enfa- da ressurreição final no término da era cristã.
tiza a impossibilidade de que revivessem. O plano divino original de uma restauração
3. Poderão reviver estes ossos? A per- que culminaria na ressurreição não foi alcan-
gunta sugere que isto era improvável, se não çado pelo Israel literal. Aquilo que Deus teria
impossível, pelo menos do ponto de vista efetuado pela nação de Israel será então cum-
humano. prido por meio do novo Israel. Sendo que as
Tu o sabes. Ver Ap 7:14. circunstâncias se alteraram, certos aspectos
4. Ouvi a palavra. Figurativamente, os da profecia mudaram. Os escritores do NT
ossos secos podiam ouvir. informam como essas profecias, que deviam
5. Espírito. Do heb. ruach, que repre- ter-se cumprido antes, serão finalmente apli-
senta a energia divina que anima os seres cadas (ver p. 21-25). Esses escritores descre-
vivos. Quando Deus soprou nas narinas do vem claramente o tempo e as circunstâncias
ser humano o fôlego de vida (Gn 2:7), não da ressurreição final (Jo 5:28, 29; lTs 4:16,
proporcionou simplesmente o oxigênio que 17; Ap 20:1-5; etc.).
encheu os pulmões de Adão, mas comuni- 16. Um pedaço de madeira. A profe-
cou vida, de modo que as formas inanima- cia dos v. 15 a 28 não é datada, mas, pro-
das se tornaram vivas. vavelmente, foi dada pouco depois da visão
6. Porei em vós o espírito. O processo dos v. 1 a 14. As duas estão intimamente
de revivificação corresponde aos dois pas- relacionadas. As divididas nações de Israel
sos mediante os quais o homem foi original- deviam ser reunidas e colocadas sob o rei-
mente criado (Gn 2:7). nado benigno de Davi.
9. Sobre estes mortos. Os ossos esta- 21. E os congregarei. O primeiro passo
vam espalhados pelo vale como se fossem de no cumprimento das promessas divinas seria
mortos após uma batalha. a restauração de Israel do cativeiro entre os
11. Toda a casa de Israel. O Espírito pagãos. Este remanescente devia consistir
Santo interpreta então a visão simbólica. daqueles que aproveitaram a disciplina do
A intenção primária era, sem dúvida, ilustrar exílio e se tornaram espiritualmente renova-
a restauração da nação, ou da "casa de Israel", dos. Uma vez que o reavivamento, que era um
cujas condições na época eram apropriada- pré-requisito, nunca foi alcançado, nem antes
mente simbolizadas por esses ossos secos. nem depois do retorno liderado por Zorobabel,
Estamos de todo exterminados. o cumprimento destas promessas foi poster-
Literalmente, "cortados" (ARC). gado. Deus fez por Israel tudo o que a desobe-
12. Abrirei a vossa sepultura. No v. 2, diência do povo Lhe permitiu fazer, mas eles
os ossos são representados como se estives- permaneceram rebeldes. Portanto, Ele acabou
12 ~>- sem "na superfície do vale". Aqui se fala deles rejeitando-o como um povo. O desenrolar da
como se estivessem na sepultura. A nova promessa divina aqui e nos versículos seguin-
figura talvez aponte para a promessa mais tes aplica-se ao que teria ocorrido se os propó-
ampla de que os que desceram ao sepulcro, na sitos de Deus tivessem se cumprido (ver p. 21).
esperança do reino de Deus, despertarão. Não 22. Um só rei. No v. 24, ele é descrito
há razão aparente pela qual esta gloriosa pers- como sendo "o Meu servo Davi". Contudo,
pectiva devesse ser negada aos piedosos de uma vez que estes planos não puderam se
Israel. Tal evento devia marcar a consumação cumprir de acordo com o intento original, o
apoteótica de toda a restauração. Por outro Messias é apresentado no NT como o que Se
lado, essa profecia não deve ser considerada sentaria no trono de Davi (Lc 1:32).

771
37:25 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

25. Para sempre. Forte ênfase é dada para sempre, como perpétuo sinal de especial
à permanência do novo estado. Aqui é dito favor de Deus a Seu povo escolhido" (PR, 46).
que a ocupação da terra e o reinado de Davi "Houvesse Israel, como nação, preservado
durariam para sempre. Segundo os v. 26 a 28, a aliança com o Céu, Jerusalém teria per-
o santuário devia estar "no meio deles, para manecido para sempre como eleita de Deus"
sempre" e a aliança de paz seria uma "aliança (GC, 19). Ezequiel descreve as condições que
perpétua". Estas expressões devem ser com- poderiam ter imperado (ver Lc 19:42).
paradas com as seguintes declarações concer- 26. E os multiplicarei. Isto teria ocor-
nentes ao propósito de Deus: "Tivesse Israel rido como resultado do aumento natural da
permanecido leal a Deus e este glorioso edifí- população e do influxo de pessoas decor-
cio [o templo de Salomão] teria permanecido rente de diligentes atividades missionárias.

CAPÍTULO 38
1 O exército 8 e a perversidade de Gogue. 14 O juízo de Deus contra ele.

l Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: far-te-ás como nuvem que cobre a terra, tu, e
2 Filho do homem, volve o rosto contra todas as tuas tropas, e muitos povos contigo.
Gogue, da terra de Magogue, príncipe de Rôs, lO Assim diz o SENHOR Deus: Naquele dia,
de Meseque e Tuba!; profetiza contra ele terás imaginações no teu coração e conceberás
3 e dize: Assim diz o SENHOR Deus: Eis que mau desígnio;
Eu sou contra ti, ó Gogue, príncipe de Rôs, de ll e dirás: Subirei contra a terra das aldeias
iê"' Meseque e Tuba!. sem muros, virei contra os que estão em repou-
4 Far-te-ei que te volvas, porei anzóis no teu so, que vivem seguros, que habitam, todos , sem
queixo e te levarei a ti e todo o teu exército, ca- muros e não têm ferrolhos nem portas ;
valos e cavaleiros, todos vestidos de armamento 12 isso a fim de tom ares o despojo , ar-
completo, grande multidão, com pavês e escudo, rebatares a presa e levan tares a mão contra
empunhando todos a espada; as terras desertas que se acham habit adas e
5 persas e etíopes e Pu te com eles, todos com contra o povo que se congregou dentre as na-
escudo e capacete; ções, o qual tem gado e bens e habita no meio
6 Gômer e todas as suas tropas ; a casa de da terra.
Togarma, do lado do Norte, e todas as suas tro- 13 Sabá e Dedã, e os mercadores de Társis, e
pas, muitos povos contigo. todos os seus governadores rapaces te dirão: Vens
7 Prepara-te, sim, dispõe-te, tu e toda a mul- tu para tomar o despojo? Ajuntaste o teu bando
tidão do teu povo que se reuniu a ti, e serve-lhe para arrebatar a presa, para levar a prata e o ouro,
de guarda. para tomar o gado e as possessões, para saquear
8 Depois de muitos dias , serás visitado; no grandes despojos?
fim dos anos, virás à terra que se recuperou da 14 Portanto, ó filho do homem, profetiza e
espada, ao povo que se congregou dentre muitos dize a Gogue: Assim diz o SENHOR Deus: Acaso,
povos sobre os montes de Israel, que sempre es- naquele dia, quando o Meu povo de Israel habi-
tavam desolados ; este povo foi tirado de entre os tar seguro, não o saberás tu ?
povos, e todos eles habitarão seguramente. 15 Virás, pois, do teu lugar, dos lados do
9 Então, subirás, virás como tempestade, Norte, tu e muitos povos contigo, montados

772
EZEQUIEL 38:1

todos a cavalo, grande multidão e poderoso 20 de tal sorte que os peixes do mar, e as
exército; aves do céu, e os animais do campo, e todos os
16 e subirás contra o Meu povo de Israel, répteis que se arrastam sobre a terra, e todos os
como nuvem, para cobrir a terra. Nos últimos homens que estão sobre a face da terra tremerão
dias, hei de trazer-te contra a Minha terra, para diante da Minha presença; os montes serão dei-
que as nações Me conheçam a Mim, quando tados abaixo, os precipícios se desfarão, e todos
Eu tiver vindicado a Minha santidade em ti, ó os muros desabarão por terra .
Gogue, perante elas. 21 Chamarei contra Gogue a espada em todos
17 Assim diz o SENHOR Deus: Não és tu aque- os Meus montes, diz o SENHOR Deus; a espada de
le de quem Eu disse nos dias antigos, por inter- cada um se voltará contra o seu próximo.
médio dos Meus servos, os profetas de Israel, os 22 Contenderei com ele por meio da peste e
quais, então, profetizaram, durante anos, que te do sangue; chuva inundante, grandes pedras de
faria vir contra eles? saraiva, fogo e enxofre farei cair sobre ele, sobre
18 Naquele dia, quando vier Gogue contra a as suas tropas e sobre os muitos povos que esti-
terra de Israel, diz o SENHOR Deus, a Minha in- verem com ele.
dignação será mui grande. 23 Assim, Eu Me engrandecerei, vindicarei
19 Pois, no Meu zelo, no brasume do Meu a Minha santidade e Me darei a conhecer aos
furor, disse que, naquele dia, será fortemente sa- olhos de muitas nações; e saberão que Eu sou
cudida a terra de Israel, o SENHOR.

1. A palavra do SENHoR. Os cap. 38 adequada entre o que é imediato e o que é


e 39 são uma profecia contínua. A passagem futuro ou escatológico.
toda tem sido objeto de especulação. Ao longo A resposta a este problema de diferencia-
do tempo, muitas interpretações já foram ção se encontra na formulação de um princí-
propostas. Para avaliá-las adequadamente é pio cujo método é exibido na própria Bíblia
necessário estar familiarizado com os propó- e também é substanciado no Espírito de
sitos, métodos e escopo básico da profecia. Profecia. Será visto que este princípio pro-
O problema é achar um meio de diferen- porciona um método pelo qual se pode dis-
ciar adequadamente entre o que tem aplica- tinguir com segurança o que o Espírito Santo
ção local e imediata e o que tem aplicação pretendia que fosse de importância imediata
R"' distante, talvez na era cristã ou no fim dos e o que também teria uma aplicação mais
tempos. Os estudiosos da Bíblia que apli- distante. O princípio pode ser declarado da
cam certas profecias do AT à era cristã fre- seguinte forma:
quentemente notam que, no meio delas, há As profecias com respeito à glória futura
referências de aplicação obviamente local e de Israel e de Jerusalém eram primariamente
imediata. Eles procuram explicar essa apa- condicionais e dependiam da manutenção da
rente mescla do imediato com o escatoló- aliança (ver Jr 18:7-10; PR, 704). Elas teriam
gico dizendo que o profeta, enquanto dava um cumprimento literal nos séculos subse-
uma mensagem para o povo de seus dias, quentes se Israel tivesse aceitado totalmente
ocasionalmente fazia incursões proféticas e os planos de Deus. O fracasso de Israel tor-
projetava suas profecias para o futuro dis- nou impossível o cumprimento dessas profe-
tante. Embora esta premissa pareça ofe- cias em seu propósito original. Contudo, isso
recer uma solução parcial ao problema, não implica necessariamente que essas pro-
não provê um critério para a diferenciação fecias não tenham um significado adicional.

773
38:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

Paulo fornece a resposta nestas palavras: exílio, caso eles tivessem atendido às condi-
"E não pensemos que a palavra de Deus ções apresentadas pelos profetas. Pelo fato de
haja falhado, porque nem todos os de Israel eles as haverem recusado persistentemente,
são, de fato, israelitas" (Rm 9:6). Portanto, a condição de prosperidade aqui retratada
essas promessas têm um grau de aplicação nunca se cumpriu. Consequentemente, não
ao Israel espiritual. Mas até que ponto? É a pôde haver o ataque combinado dos pagãos
própria Escritura que deve determinar isso. contra um povo que habitasse na prosperi-
Assim há, tanto no NT quanto nos escritos dade mencionada .
do Espírito de Profecia, numerosas referên- A profecia terá uma aplicação futura?
cias a escritores do AT que mostram como Com base no princípio aqui enunciado, tal
essas predições antigas, que deviam ter sido aplicação pode ser estabelecida com certeza
gloriosamente cumpridas para a descendên- apenas por uma revelação subsequente. No
cia do Israel literal, serão finalmente cumpri- NT, há apenas uma referência direta aos sím-
das para a descendência do Israel espiritual. bolos usados nesta profecia: Apocalipse 20:8.
D e imediato se pode ver, porém, que Nesta passagem, João diz como esta profe-
nem todos os detalhes da profecia original cia, que teria se cumprido literalm ente em
podem se cumprir de maneira precisa, já época anterior, terá certo grau de cumpri-
que as condições e o ambiente são muito mento na luta final contra Deus empreen-
diferentes. Na verdade, é regra segu ra de dida pelas hastes dos ímpios, chamadas de
exegese assumir apenas as aplicações espe- "Gogue e Magogue". O Espírito de Profecia
cificadas numa revelação subsequente e não fa z uma exposição direta deste capítulo.
atentar para as limitações que essa reve- Indiretamente, é claro, pode ser visto um
lação posterior impõe. O que passa disso paralelo entre esta luta e a luta final contra
se torn a mera especulaç ão e, assim, nunca o novo Israel de Deus, quando "as nações se <~ 8
deve servir de base para uma doutrina nem unirem na invalid ação da lei de Deus" (T5,
como premissa sobre a qual repouse uma 524) e os ímpios se unirem completamente
estrutura teológica. "a Satanás em sua luta contra Deus" (GC,
O molde distintamente local em que 656). "Como influenciava as nações pagãs
essas antigas profecias foram colocadas é para destruírem Israel, assim, num futuro
explicado com base no fato de Deus original- próximo, ele (Satanás) incitará as maléficas
mente pretender que essas predições se cum- potências terrestres para destruir o povo de
prissem num padrão indicado. Além disso, o Deus" (T9, 231; cf. TM, 465). Este conflito
que tem sido designado como incursões para milenar terminará, finalmente, com a des-
um futuro distante, que em grande parte truição de Satanás e suas hastes (denomi-
e stá dissociado da discussão geral, também nadas "Gogue e Magogue", em Ap 20:8), no
é visto como algo apresentado na moldura final do milênio. Por esta época, o conflito
dos propósitos divinos anteriores. Agora, terá atingido proporções globais e não poderá
contudo, sendo que esses propósitos ante- mais estar restrito à esfera indicada em
riores não se cumpriram, escritores inspira- Ezequiel 38 e 39, cuja referência é a um con-
dos de época posterior revelam como essas flito militar contra um estado judaico poli-
predições se cumprirão no contexto da igreja ticamente restaurado (ver T6, 18, 19, 39 5).
cristã (ver p. 12-25). Qualquer exposição que vá além dos limi-
À luz desse princípio pode ser observado tes do NT e da interpretação do Espírito de
que Ezequiel 38 e 39 teria se cumprido lite - Profecia carece de um "Assim diz o Senhor".
ralmente depois que os judeus retornaram do Não se deve presumir, naturalmente, que seja

774
EZEQUIEL 38:2

impossível haver um aumento de conheci- ver com. de lCr 1:5). Devido à ligeira seme-
mento sem revelações adicionais. Mas isto é lhança entre Giges e Gogue , alguns comen-
certo: sem uma confirmação divina especí- taristas tentaram igualar os dois . Um exame
fica existe grande probabilidade de erro nesse das evidências históricas mostra que Giges
tipo de exposição, especialmente no que diz não foi um rei de grande talento militar. Nos
respeito às profecias que ainda não se cum- registros deixados por Assurbanípal, Giges é
priram, como é evidenciado por toda a his- chamado de Guggu. Neles , é contada a his-
tória da interpretação profética. tória de como Guggu enviou embaixadores
2. Gogue. Este é o nome escolhido por a Assurbanípal em busc a de ajuda contra
Ezequiel para designar o líder das hostes os cimérios. Assurbanípal declara que, com
pagãs que atacariam o estado judaico res- a ajuda dos deus es assírios Assur e Ishtar,
ta urado após o retorno dos exilados (ver Guggu pôde vencer seus inimigos. Contudo,
v. 14-16). Esforços para identificá-lo com depois , numa guerra entre a Assíria e o Egito,
qualquer personagem histórico são infrutí- o traiçoeiro Guggu se uniu ao Egito. Guggu,
feros. A raiz da qual o nome é derivado é mais tarde , recebeu a retribuição por sua fal-
desconhecida. A palavra ocorre 14 vezes na sidade quando os cimérios invadiram o país
Bíblia, mas nenhuma das referências lança e o mataram. Esta é a história de Guggu.
qualquer luz sobre seu significado. Gogue No entanto, não há qualquer evidência que
ocorre como o nome de um dos filhos de comprove que Gogue é a forma hebraica de
Joel, da tribo de Rúben (lCr 5:4) . O termo é Guggu. A semelhança sonora parece ser a
usado em conexão com Magogue para simbo- única ligação, e essa evidência é sem valor se
lizar as nações ímpias, as quais Satanás reúne não houver outras provas que a confirmem.
após o milênio para atacar a Cristo e tentar Outra sugestão liga Gogue ao povo bár-
tomar a nova Jerusalém (Ap 20:8). As onze baro chamado gagaia, mencionado nos table-
ocorrências em Ezequiel (38:2, 3, 14, 16, 18; tes de Tell el-Amarna (ver vol. l, p. 260 ;
39:1 , 11 , 15) descrevem o líder de uma vasta cf. p. 95 , 96). Contudo, gagaia era um povo,
coalizão de nações pagãs. Gogue também é não uma pessoa, como é o caso do Gogue
o termo que ocorre em lugar de Agague , em de Ezequiel.
Números 24:7, no Pentateuco Samaritano e Na verdade não é necessário encontrar
na LXX. Em Ezequiel 39:11 e 15, é usada um Gogue nos registros históricos. Gogue
uma forma composta: "Hamom-Gogue" (ver é muito provavelmente um nome abstrato
NVI), a "multidão de Gogue" (ver ACF, ARC) pelo qual Ezequiel descreve o líder das hos-
ou "as forças de Gogue". O nome é aplicado tes pagãs que fazem um ataque final a Israel
ao vale no qu al serão enterradas as multidões após a restauração deste e numa ocasião
de Gogue. Nenhuma dessas referências bíbli- em que o povo de Deus está desfrutando a
cas lança qualquer luz sobre a identidade de prosperidade prometida sob a condição de
Gogue, e o único indicativo quanto a sua ori- obediência.
gem está em Ezequiel38:15: "Virás, pois, do Da terra de Magogue. O "Magogue"
teu lugar, dos lados do Norte." de Ezequiel era a terra de Gogue, e como
Nas fontes seculares anteriores a Ezequiel no caso de "Gogue", seu significado é
ou contemporâneas dele, não foi encontrado obscuro. O título foi , provavelmente, for- <~~ 2
nenhum personagem com o nome Gogue. mado pelo próprio Ezequiel, ao adicionar o
Foram encontrados vários nomes que se prefixo ma ao nome gog. "Magogue" ocorre
assemelham a ele; um deles é o de Giges , cinco vezes na Bíblia. O termo é usado duas
rei da Lídia (c. 600 a.C., ver vol. 2, p. 51; vezes em Ezequiel (aqui e em 39:6) como

775
38:2 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

a terra de Gogue; uma vez em Apocalipse Contudo, a LXX traduz ro'sh como um nome
20:8, com respeito às nações ímpias; e em próprio, e o mesmo faz a ARA com sua tra-
Gênesis 10:2 e 1 Crônicas 1:5, referindo-se dução "Rôs". Qualquer que seja a tradução
a um dos filhos de Jafé. Alguns identificam adotada, o ensino geral da profecia perma-
Gogue com Giges, rei da Lídia, e sugerem nece o mesmo. Caso se considere que ro'sh
que Magogue deve necessariamente ser a se aplique a uma nação, ainda há o problema
Lídia. Contudo, não há qualquer prova his- de se identificar essa nação.
tórica disso. A tribo bárbara chamada gagaia, Contudo, é questionável a tradução de
geralmente entendida como uma referência a ro'sh como um nome próprio, Rôs. A palavra
Magogue, é mencionada em uma carta do rei é muito comum no hebraico e ocorre cerca
de Babilônia (ver com. de Gn 10:2). de 600 vezes no AT. Seu significado básico
Esses dois nomes , Gogue e Magogue, é "cabeça" e, além de Ezequiel, a única ocor-
têm despertado muita especulação. A antiga rência da tradução de ro'sh como um nome
tradição judaica identificava Magogue próprio é em Gênesis 46:21, em que é o
com os citas (Josefo, Antiguidades, i.6.1). nome dado a um dos filhos de Benjamim.
O mesmo é sugerido por Gesenius em seu É claro que existe a possibilidade de que
léxico hebraico. a palavra, que ocorre mais de 600 vezes
Contudo, esta identificação de Magogue com a ideia básica de "cabeça", pudesse em
com os citas repousa em conjecturas. Assim uma ou duas passagens se tornar um nome
como Gogue, Magogue deve ser um nome próprio. Talvez a evidência mais forte apre-
abstrato, tendo sido evitada uma identidade sentada em favor da tradução "Rôs" seja o
próxima, como muitas vezes ocorre no caso testemunho da LXX. A versão grega foi feita
da profecia preditiva, para que a menção no 3° e 2o séculos a.C. e, por alguma razão,
dessa identidade na predição não frustrasse seus tradutores adotaram a versão Rõs. Não
o cumprimento da mesma. está claro se, na época, se conhecia alguma
Outras interpretações têm identificado terra chamada Rõs.
Magogue com várias nações e indivíduos. Há Há uma consideração sintática que tende
inúmeras lendas sobre Gogue e Magogue. a favorecer a tradução da palavra aqui como
Em muitas delas, a história diz respeito a um nome próprio. Se a palavra ro'sh foss e
um muro que impediria a entrada de Gogue usada como um adjetivo, normalmente
e M agogue. Esse muro teria sido locali- se esperaria que tivesse um artigo, já que
zado em muitos países, da Grécia à China, estaria modificando nesi, que no hebraico é
dependendo da origem da lenda. O rompi- definido, pelo fato de se encontrar no modo
mento do muro abriria caminho para que construto com um nome próprio, neste caso
as forças destruidoras de Gogue e Magogue "Meseque". Exemplos de tais construções,
fizessem sua obra. Em algumas das lendas, em que o adjetivo que modifica o subs-
esses eventos estariam ligados com a apa- tantivo é definido pela afixação do artigo,
rição do anticristo, ocasião em que Gogue são Jeremias 13:9: "a muita soberba de
e Magogue (os povos selvagens do norte do Jerusalém"; e Esdras 7:9: "a boa mão do seu
monte Cáucaso), outrora encerrados atrás de Deus". O adjetivo se encontra , em Ezequiel
portões por Alexandre o Grande, seriam sol- 38:2 , sem o artigo, o que oferece um pre-
tos (ver L. E. Froom, Prophetic Faith of Our texto para traduzi-lo como um nome pró-
Fathers, vol. 1, p. 555, 583, 584, 586, 662). prio, já que os nomes próprios não levam
Príncipe. Do heb. nesi' ro'sh. N esi' artigo. Mas as evidências não são conclu-
significa "príncipe" e ro'sh pode ser "chefe". sivas. Às vezes, um adjetivo desse tipo se

77 6
EZEQUIEL 38:2

encontra, ele próprio, no modo construto e, Feodor (Teodoro), o último governante da


portanto, não leva artigo no hebraico (ver, dinastia Rurik, em 1598. Após vários anos de
por exemplo, 2Sm 23:1; 2Cr 36:10). Uma turbulência, durante os quais diversos can-
exceção a essa regra também se encontra didatos governaram pela força, foi eleito um
em l Crônicas 27:5, em que ocorre a expres- novo czar, Michael Romanoff, cuja dinastia
são haklwhen ro'sh, "sacerdote-chefe" (BJ). continuou até a revolução de 1917 (ver J. B.
Ali, "sacerdote" traz o artigo, e o adjetivo Bury, A History of the Eastern Roman E mpire,
"chefe" está sem o artigo. Contudo, isso é 1912, p. 412; Bernard Pares, A History of
considerado por editores do texto hebraico Russia, 1944; Encyclopedia Britannica [ed.
como sendo um erro, porque o artigo natu- de 1974], verbete "Russia"). Assim, pode-se
ralmente pertence ao adjetivo. ver que qualquer semelhança sonora entre
R~ Um estudo de fontes seculares na busca "Rôs" e "Rússia" é, obviamente, mera coinci-
por um país de nome "Rôs" tem sido prati- dência . Parece não haver evidência de que o
camente infrutífero. Vários nomes com som nome tenha sido aplicado àquele país antes
similar a "Rôs" aparecem em inscrições assí- de cerca do 10° século d.C .
rias, mas não há certeza de que qualquer Meseque. O nome ocorre nove vezes
deles seja o "Rôs" bíblico. na Bíblia. Meseque é mencionado como
Desde o 10° século, vários exegetas já ten- um dos filhos de Jafé (Gn 10:2; 1Cr 1:5).
taram identificar "Rôs" com a Rússia. Segundo Como resultado de provável erro de escri-
Gesenius, os escritores bizantinos do 10° bas, Meseque é mencionado como um dos
século identificavam "Rôs" com hoi Rhos, um filhos de Sem (lCr 1:17), mas sem dúvida a
povo que habitava na parte norte do monte referência devia ser a Más, em harmonia com
Tauro e que, segundo ele, era, "sem dúvida, Gênesis 10:23. As outras seis ocorrências se
os russos" (ver o léxico hebraico de Gesenius). referem a Meseque como nação (sendo três
Ele também menciona um escritor árabe da em Ez 38 e 39; duas em Ez 27:13; 32:26; e
mesma época, lbn Fosslan, que diz que esse uma no SI 120:5). De acordo com a LXX,
povo habitava junto ao rio Rha (Volga). também devia estar "Meseque" em Isaías
Contudo, as evidências históricas mos- 66:19, em vez da frase "que atiram com o
tram que o termo "Rússia" não veio de "Rôs". arco". Nas cinco referências em Ezequiel,
Entre os eslavos que viviam no que hoje é bem como em Gênesis 10:2 e 1 Crônicas
a Rússia, estavam grupos de vilúngs cha- 1:5, Meseque ocorre junto a Tuba!, indicando
mados varangianos, que migraram do leste que a referência é aos descendentes de Jafé.
da Suécia. Embora haja diferentes pontos Ezequiel fala deles como mercadores que
de vista com respeito ao papel dos varan- negociam com Tiro, dando em troca "obje-
gianos, a opinião prevalecente entre os eru- tos de bronze" e escravos (Ez 27:13). Eles
ditos é que esses guerreiros-comerciantes também são descritos como inclinados para
e líderes militares que não eram de origem a "guerra" (SI 120:7).
eslava deram o nome "Rus" (do qual provém Historicamente, crê-se que Meseque
o nome "Rússia") ao território que governa- represente os rnoschoi dos escritores clássi-
vam. A tradição russa diz que Rurik, um cos gregos (ver Heródoto iii.94; vii.78) e os
varangiano, assumiu o título de "príncipe rnushhu das inscrições assírias (ver com. de
de Novgorod" (a principal cidade do norte Gn 10:2).
da Rússia naquela época), em cerca de 862 Alguns escritores, que veem a Rússia no
d.C. Seus descendentes governaram, mesmo som ro'sh, também veem Moscou no nome
durante a dominação mongol, até a morte de "Meseque", ou mushhu, e acreditam que a

777
38:4 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

cidade possa ter sido fundada por descen- é improdutivo tentar identificar apenas algu-
dentes dos mushleu. Contudo, segundo a mas delas.
Encyclopedia Britannica, edição de 1974, 4. Far-te-ei que te volvas. Deus não
Moscou só foi estabelecida no século 12, faria Gogue dar meia volta e ir embora da
por George Dolgoruki. Não se pode encon- Palestina, mas, ao contrário, faria deixar
trar vestígio de ligação entre os dois nomes. algum outro empreendimento e se dirigir
Tubal. Este nome ocorre oito vezes nas contra a terra santa. Isto é deixado claro pelo
Escrituras. Tuba! é alistado como um dos contexto aqui e em Ezequiel39:2 . A figura é
filhos de Jafé (Gn 10:2; 1Cr 1:5). O nome a de um animal indócil que teima em seguir
também ocorre em Isaías 66:19, em que a seu próprio caminho, mas que é dominado
LXX também inclui Meseque (ver a discus- por um poder superior. O poder é aqui repre-
são anterior sobre Meseque). Em Ezequiel, sentado como sendo do Senhor, já que fre-
ele é mencionado cinco vezes (27: 13; 32:26; quentemente na Bíblia se diz que Deus faz
38:2, 3; 39:1), e em todos os casos junto a aquilo que Ele permite que aconteça (ver
Meseque. O nome composto Tubalcaim com. de 2Cr 18:18; Ez 38:10).
ocorre duas vezes em Gênesis 4: 22 como o Anzóis no teu queixo. Ver Ez 29:4.
nome de um dos filhos de Lameque e Zilá. Todo o teu exército. A vasta coalizão
Historicamente, Tuba! tem sido identifi- de povos foi totalmente equipada contra
cado com os tibarênios (gr. Tibarenoi), men- Israel. Seus planos pareciam ter sido cuida-
cionados por Heródoto (iii.94), e com os tabal dosamente elaborados; os preparativos foram
das inscrições assírias (ver com. de Gn 10:2). feitos. Do ponto de vista militar, todas as
Os que defendem que ro'sh representa a vantagens pareciam estar com os qu e ataca-
Rússia tentam encontrar em Tuba! uma refe- vam. No entanto, se Yahweh estava contra
rência a Tobolsk, cidade russa. A única base Gogue, Israel não tinha nada a temer.
para se identificar os dois é a semelhança 5. Persas. Anteriormente, o profeta
R'" sonora, e essa base dificilmente é sustentá- havia convocado as nações que viviam, de
vel. Cidade de pouca importância, Tobolsk só maneira geral, no norte. O segundo grupo
foi fundada em 1587 pelos cossacos. de nações vivia no leste e no sul. Não é men-
O fato de outros povos terem ocupado cionada nenhuma nação que foss e vizinha
mais espaço na história do que os mencio- imediata de Israel. Somente as que viviam
nados em Ezequiel 38 sugere que o objetivo nas regiões mais remotas do mundo então
da profecia talvez não seja dar sua identi- conhecido são convocadas para esta batalha
dade exata. Israel devia apenas saber que (sobre as razões para isso, ver com. do v. 2,
um grande conglomerado de povos se opo- sobre "Tuba!"; para um esboço da história da
ria à sua futura ascensão à grandeza nacional Pérsia, ver vol. 3, p. 36 -49).
e espiritual. Era mais ou menos irrelevante Etíopes. Cuxe (do heb. Kush) foi um dos
definir quais nações desempenhariam papel filhos de Cam (Gn 10:6). Seus descendentes
de destaque na imensa confederação, já que se estabeleceram no sul do Egito, na região
quase todos os povos pagãos que se opu- que, mais tarde, seria a Núbia e que hoje
nham a Deus estariam inclu ídos . A seleção representa o extremo sul do Egito e o norte
e enumeração de certas nações , provavel- do Sudão (ver com. de Gn 10:6).
mente, era apenas um recurso poético. Da Pute. Ver com. de Ez 27:10.
mesma forma, em sua aplicação à época atual, 6. Gômer. Um dos fil hos de Jafé era
já que todas as nações se unirão a Satanás Comer (Gn 10:2; 1Cr 1:5); também este é o
em sua luta final contra o governo de Deus, nome da esposa de Oseias (Os 1:3). A ún ica

778
EZEQUIEL 38:13

outra ocorrência do nome é esta observação Sempre. Do heb. tamid, "continuamente"


sobre Gômer e todas as suas tropas. Essas (ver com. de Dn 8: 11). Os montes de Israel não
referências não lançam luz sobre qu e m estiveram sempre desolados, mas, durante o
seria esse povo que se uniria a Gog ue con- cativeiro, sim. Mesmo após o retorno do exí-
tra Israel. lio, a reabilitação seria um processo gradu al,
E m fontes seculares, são frequente- e a restauraç ão plena só viria após a destrui-
mente mencionados os gimirri, ou os ci mé- ção dos inimigos.
rios (ver Homero, Odisseia, xi.l4), que se 9. Como tempestade. Cf. Pv 1: 27;
acredita serem este povo chamado "Gômer Is 21:1 ; 28:2; Ez 13:1 1.
e sua s tropas". Eles eram um grupo de aria- Como nuvem. Alguns, ao aplicarem esta
nos bárbaros que desceram no 8° século a.C. profecia a eventos futuros , têm relacionado
da região que hoje constitui o sul da Rússia este simbolismo às modern as forças aéreas.
para a terra da Assíria e países vizinhos, cau- Isto não passa de conjectura. Não se pode
sando problemas e derramamento de sangue saber se Satanás empregará o poder aéreo em
(ver Heródoto, i.l5.16; para mais detalh es, seu ataque final após o milên io (Ap 20 :9; ver
ver com. de Gn 10: 2). com. de Ez 38: 1).
Togarma. Este foi o filho de Comer, 10. Conceberás mau desígnio. Ou ,
o neto de Jafé e o irmão de Asquenaz e "você maquinará um plano maligno" (NVI).
Rifate (G n 10:3; l C r 1:6) . O nome també m Os v. 4 a 16 apresenta m Deus como aqu ele
ocorre em Ezequiel 27:14, em que é dito que fa z Gogue ir con tra a terra de Israe l.
que Togarma comerciali zava cava los e mulos Aqui é observado que Deus fará isto no se n-
no mercado tírio. Historicamente, este povo tido de permitir a Gogu e executar os desíg-
tem sido identificado como sendo os tilga- nios de seu coração perverso.
rimmu das inscrições assírias (ve r com. de 11. Aldeias sem muros. Cf. Zc 2:4, 5.
Gn 10:3). Isto levaria Gogue a esperar uma vitóri a fácil.
7. Prepara-te. O profeta parece ironica- 12 . No meio da terra. Literalmente,
mente encorajar Gogue a fazer os preparati- "no umbigo da terra". A única outra passagem
vos pa ra a guerra e a reunir forças para que que usa esta figura de linguagem é Juízes
todos os inimigos de Deus pereçam juntos. 9:37, mas ali a expressão é aplicada presu-
O próprio Gogue seria o guarda desse exér- mivelmente a um a colina próxima a Siguém,
cito, para contro lar e dirigir o ataque. talvez por sua locali zação central em rel ação
8. Depois de muitos dias . Comparar ao Jordão e ao Med iterrâneo (ver ARC ; NVI).
com Gn 49:1; Nm 24:14; Dn 10:14; Mg 4:1; Aqui, a Palestina é represe ntada como se
ver com. de Is 2:2. Não se sa be a ex tensão estivesse no centro da Terra, talvez da mes ma
de tempo aqui compreendida. Muitos a nos forma que Jerusalém foi colocada "no meio
de cativeiro aind a es tavam pela frente, e um das nações e terras" (Ez 5:5).
~ ... período cons iderável estaria envolvido no res- 13. Sebá. O profeta acrescenta mais três
tabelecimento do estado judaico a fim de nomes a sua lista de nações. Estas três não
deixá-lo na condição aqui descrita. são mencion adas como se estivessem junto
Serás visitado. Do heb. paqad, que com o grupo das hostes de ataque, mas como
pode signifi car "reunir um exérc ito" (ver Is se perguntassem sobre o espólio que podia
13:4, NVI). Na forma encontrada aqui , paqad ser tomado; talvez esperassem qu e parte dele
també m pode significa r "convocar", ou "cha- lhes fosse vendido (sobre a identificação de
m ar às armas" (N VI) . Sebá, ver com. de Ez 27:22).
Muitos povos. Ou , "muitas nações". Dedã. Ver com. de Ez 25: 13.

779
38:16 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

Társis. Acreditava-se que fosse a colôn ia oposição do adversário. A narrativa de Gogue,


fenícia de Tartessos, na Espanha. Já se tentou neste capítulo, é uma descrição do tipo de
identificá-la com países vizinhos da Palestina, resistência que haveria no período pós-exílico
mas pela descrição da Bíblia ela ficava a certa por um Israel restaurado que, finalmente,
distância , do outro lado do mar. Os minerais cumprisse sua missão divina. Uma vez qu e -. ~
obtidos de Társis ainda são produzidos na a profecia era condicional e as condições não
Espanha. Tartessos parece se encaixar em foram preenchidas, as predições não se cum-
todos os detalhes relativos à cidade de Társis priram para o Israel literal. Contudo, não se
(ver com. de Gn 10:4). Os "mercadores de pode projetar todos os detalhes para o futuro ,
Társis" era m, possivelmente, os fenícios . esperando que se cumpram então. Só se pode
16. Quando Eu tiver vindicado a esperar, com certeza, que tenham uma apli-
Minha santidade. Os v. 14 a 16 repetem, em cação futura os aspectos reiterados posterior-
grande parte, o que já foi dito quanto à pacífica mente por autores inspirados (ver p. 23-25;
segurança de Israel e quanto ao fato de Deus ver com. do v. I).
permitir a poderosa confederação de Gogue ir 18. Será mui grande. Literalmente,
contra Seu povo. Na destruição de Gogue, o "subirá às minhas narinas" (ver ARC), uma
caráter de Deus seria plenamente vindicado; figura de linguagem que reflete a ira humana
da mesma forma, na destruição de Satanás (ver SI 18:8). Figuras deste tipo, que atribuem
e da vasta multidão de ímpios no fina l do milê- a Deu s características humanas, são cha -
nio, a sabedoria, justiça e bondade de Deus madas de antropomorfismos. Deus descreve
serão plenamente vindicadas. Dos lábios de Seus atos em termos com os quais as pessoas
tod as as criaturas, tanto as leais quanto as estão familiarizadas. Na verdade, Deus está
rebeldes, serão ouvidas estas palavras: "jus- muito acima da razão humana. "Porque os
tos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei Meus pensamentos não são os vossos pen-
das nações!" (Ap 15:3; cf. CC , 668 -671). samentos, nem os vossos caminhos, os Meus
17. De quem Eu disse. Não se conhece caminhos, di z o SENHOR" (Is 55:8).
uma profecia anterior que mencione o nome de 19. Será fortemente sacudida. Aqui
Gogue, nem é preciso se preocupar com a pos- está um aspecto para o qual os escritores
sibilidade de que tal profecia tenha existido e se do NT chamam a atenção. Eles falam das
perdido. Vista em seus aspectos mais amplos, terríveis convulsões da natureza que pre-
a batalha aqui descrita é apenas a culminação cederão a vinda do Fi lho do homem. Jes us
da luta milenar entre os poderes do mal e o menciona o "bramido do mar e das ondas" e
povo de Deus, e há frequente menção disso em "homens que desmaiarão de terror", não tanto
profecias anteriores. A mais antiga vem do jar- por causa de alguma ameaça militar à segu-
dim do Éden, na maldição pronunc iada sobre rança, mas porque toda a natureza parecerá
a serpente. Deus predisse que haveria guerra estar fora de seu curso (Lc 21:25, 26; GC,
constante entre a semente da mulher (a igreja) 636). João , o escritor do Apocalipse , dá uma
e Satanás. O triunfo final sobre o mal foi pre- descrição ainda mais vívida das tremendas
dito na frase: "Este [o descendente da mulher] convulsões que ocorrerão no mundo natura l
te ferirá a cabeça" (Gn 3:15). Outras referên- (Ap 16:18-20). Os home ns sempre depen-
cias ao conflito e ao posterior triunfo divino se deram da natureza. Nem uma vez, durante a
encontram nos salmos e em livros proféticos longa história da Terra, exceto em dois even-
(ver Sl2; llO; Is 26:20, 21; etc.) tos bíblicos (ver Js 10:12, 13; 2Rs 20 :8-ll),
Naturalmente, qualquer sucesso da parte o sol deixou de se mover em seu ciclo normal.
do povo de Deus encontra a mais violenta Todas as leis naturais têm funcionado com

780
EZEQUIEL 38:23

consistência regular. Os seres humanos tê m De acordo com o relato do AT, houve


confiado na permanência dessas operações, muitas ocasiões em que Deus trouxe livra-
esq uecendo-se dAquele em quem "tudo sub- mento a Seu povo faze ndo com que os inimi-
siste" (Cl1: 17). Escolheram, em Seu lugar, o gos lutassem uns contra os outros (ver ]z 7:22;
ídolo da ciência e, em realidade, "o deus deste 1Sm 14:20; 2Cr 20:22-24).
século" (2Co 4:4). O fato de que o mundo 22. Grandes pedras de saraiva. Isto
natural será fortemente sacudido será para encontra paralelo na sétima praga, quando
eles um terrível despertamento para a tragé- pedras de cerca d e um talento ampliarão
dia de que o deus que escolheram, "o príncipe a destruição em andamento (Ap 16:21).
da potestade do ar" (Ef 2:2) , não tem poder O "fogo" pode achar correspondente nos
sobre os elementos da natureza. Contudo, ele "relâmpagos" de Apocalipse 16:18. Com res-
reivindicava posição e poder de igualdade ao peito a estes, é feita a aplicação: "Relâmpagos
Filho de Deus (ver com. de Ez 28: 13 ) e afir- terríveis estalam dos céus, envolvendo a
mava que, se lhe fosse dada oportunidade , Terra num lençol de chamas" (GC, 638).
exerceria controle mais equitativo sobre o 23. Saberão. Assim como Gogue seria
mundo do que Cristo. Foi-lhe dada a opor- totalmente desbaratada , e as pessoas reco-
tunidade para tal demonstração. Agora, em nheceriam a superioridade do Deus do C éu,
meio a uma Terra cambaleante, todos veem da mesma forma , à medida que o conflito se
a falsidade e a arrogância de suas reivindi- aproxima de seu clímax, os elaborados estra-
cações e descobrem, demasiado tarde, que tagemas do enganador serão desmascarados ,
o tempo de graça se encerrou para sempre. e será revelada a debilidade e falsidade de
21. A espada de cada um. Isto também suas reivindicações. Demônios e homens vão
encontra paralelo durante o tempo da terrível reconhecer que há apenas um que é supremo,
desilusão, quando as multidões descobrirem e que seu modo de agir no grande conflito
que foram iludidas pelos líderes religiosos e , visava a promover o bem eterno de Seu povo
em sua ira, se voltarem contra os mesmos. e do universo em geral (ver GC, 671).
"As espadas que deveriam matar o povo de Este refrão é frequ ente no livro de
Deus são então empregadas para exterminar Ezequiel (ver com . de Ez 6:7). Ele ocorre
os seus inimigos. Por toda parte há contenda duas vezes aqui (38 :16, 23) e quatro vezes
e morticínio" (GC, 656). no cap. 39 (v. 6 , 7, 22 , 28).

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

22 - PP, 509

CAPÍTULO 39
1 O juízo de Deus sobre Gogue. 8 A vitória de Israel. 11 O sepultamento de Gogue no
vale das Forças de Gogue. 17 O banquete das aves. 23 Israel, depois de ser castigado
por seus pecados, será novamente restaurado com favor eterno.

l Tu, pois, ó filho do homem, profetiza ainda Eis que Eu sou contra ti, ó Gogue, príncipe de
contra Gogue e di ze : Assim di z o SENHOR Deus: Rôs, de Meseque e Tubal.

781
39: l COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

2 Fa r-te-e i que te volvas e te conduzirei, fa r- os enterradores o sepultem no va le el as Forças


te-ei subir dos lados do Norte e te trarei aos mon - ele Gogue .
tes de Israel. 16 Também o nome da cidade será o ela s
3 Tirarei o teu arco da tua mão esquerda e Forças. Assim, limparão a terra.
farei cair as tuas flechas da tua mão direita. 17 Tu, pois, ó filho do home m , assim di z o
4 Nos montes de Israel, cairás, tu, e todas as SENHOR Deus: Dize às aves de toda espécie e a
tuas tropas, e os povos que estão contigo; a toda todos os an imais do campo: Ajuntai-vos e vinde,
es pécie de aves de rapina e aos animais do campo ajuntai-vos ele toda parte para o Meu sacrifício, que
Eu te dare i, para que te devorem. Eu oferecerei por vós, sacrifício grande nos mon-
5 Cairás em campo aberto, porque Eu fal ei, tes de Israel; e comereis carne e bebereis sangue.
di z o SENHOR Deu s. 18 Comereis a carne elos poderosos e bebe-
6 Meterei fogo em Magog ue e nos que ha- reis o sangue elos príncipes da terra, elos carnei-
bitam seguros nas te rras do mar; e saberão que ros , dos cordeiros, dos bodes e elos novilhos, todos
Eu sou o SENHOR . engordados em Basã.
7 Farei conhecido o Meu santo nome no meio 19 Do Meu sacrifício, qu e oferecerei por vós,
do Meu povo de Israel e nunca mais deixarei pro- comereis a gordura até vos fartardes e bebereis o
fanar o Meu santo nome; e as nações saberão que sangue até vos embriagardes.
Eu sou o SENHOR, o Santo em Israel. 20 À Minha mesa, vós vos fartareis de cava-
8 Eis que vem e se cumprirá, di z o SENHOR los e de cavaleiros, de valentes e de todos os ho-
Deus ; este é o dia de que tenho falado. mens de guerra , di z o SENHOR Deu s.
9Os habitantes das cidades de Israel sairão e 21 Manifestarei a Minha glória entre as na-
queimarão, de todo, as armas, os escudos, os pa- ções, e todas as nações verão o Meu juízo, que
veses, os arcos, as flecha s, os bastões de mão e Eu ti ver executado, e a Minha mão, que sobre
as lanças ; farão fogo com tudo isto por sete anos . elas tiver desca rregado.
10 Não trarão lenha do campo, nem a corta- 22 Desse dia em diante, os da casa de Israel
rão dos bosques, mas com as armas acenderão saberão que Eu sou o SENHOR, seu D eus.
fogo; saquea rão aos que os saquearam e despoja- 23 Saberão as nações que os da casa de Israel,
rão aos que os despojaram, di z o SENHOR Deus. por causa da sua iniqu idade, foram levados para o
11 Naquele dia, da rei ali a Gogue um lugar de exílio, porque agiram perfidamente contra Mim ,
sepu ltura em Israel, o vale dos Viajantes , ao orien- e Eu escondi deles o rosto, e os entreguei nas
te do mar; espantar-se-ão os que por ele passa- mãos de seus adversários, e todos eles ca íram
rem. Nele, sepultarão a Gogue e a todas as suas à espada.
forças e Ihe chamarão o vale das Forças de Gogue. 24 Segundo a sua imundícia e as suas trans-
12 Ou rante sete meses, estará a casa de Israel gressões, assim Me houve co m eles e escondi
a sepultá-los, pa ra li mpar a terra . deles o rosto.
13 Sim, todo o povo da terra os sepultará; 25 Portanto, assim di z o SENHOR Deus:
ser-lhes-á memorável o di a em que E u for glori- Agora, tornarei a mudar a sorte de Jacó e Me
ficado, diz o SENHOR Deus . compadecerei de toda a casa de Israel ; terei zelo
14 Serão separados homens que, sem cessar, pelo Meu santo nome .
percorrerão a terra para sepultar os que entre os 26 Esquecerão a sua vergonha e toda a per-
transeuntes te nham ficado nela, para a limpar; fídia com que se rebelaram contra Mim, quando
depois de sete meses, iniciarão a busca. eles habitarem seguros na sua terra, sem have r
15 Ao percorrerem e les a terra , a qua l atra- quem os espa nte,
vessarão, em vendo algum deles o osso de 27 quando Eu tornar a tra zê-los de entre os
algum homem, porá ao lado um sinal, até que povos, e os houver ajuntado das terras de se us

782
EZEQUIEL 39:11

inimigos, e tiver vindicado neles a Minha sa nti- voltarem à sua terra, e que lá não deixa rei a ne-
dade perante muitas nações. nhum deles.
28 Saberão que Eu sou o SENHOR, seu Deu s, 29 Já não esconderei deles o rosto, pois der-
quando virem que Eu os fiz ir para o cativei - ramarei o Meu Espírito sobre a ca sa de Israel ,
ro entre as nações, e os tornei a ajuntar para diz o SENHOR Deus.

1. Profetiza ainda contra Gogue. vinda de Cristo e ao milênio. De acordo com o


Este capítulo continua o assunto do anterior, princípio exposto no com. de Ezequiel 38 :1, a
repetindo em parte o que já havia sido dito história teria seguido um rumo bem diferente
quanto a Gogue, mas acrescentando detalhes se Israel tivesse permitido que Deus cumprisse
adicionais quanto aos despojos (v. 9, 10), ao Seus desígnios para com a nação. No curso
modo do sepultamento (v. 11-16) e à extensão natural dos eventos, a nação restaurada e prós-
da matança (v. 17-20). Os v. 21 a 29 recapi- pera se tornaria alvo do ataque de nações pagãs
tulam as graciosas promessas de Deus com invejosas que se recusariam a aceitar a mensa-
respeito à restauração. gem de Israel sobre o verdadeiro Deus . Nessa
Gogue. Ver com. de Ez 38:2. guerra aqui descrita, Deus protegeria Seu povo
2. E te conduzirei. Do heb . shasha', dando-lhe uma vitória esmagadora. Esta des-
p alavra que ocorre somente aqui, e cujo crição profética de uma grande luta se cum-
significado se acredita ser "conduzir [como priri a, sem dúvida, tão literalmente quanto as
a uma crianç a que aprende a andar]". A tra- promessas de restauração nacional e de missão
dução da ARC se baseia na ideia de que mundial para os exilados de Israel que retor-
a raiz de shasha' seja shesh, "seis", o que é nassem. Pode-se fazer a pergunta: Por que,
questionável. Os Targuns dizem nasha', qu e então, essas coisas não se cumprirão no pre-
significa "conduzir para o erro", "enganar", sente, quando há novamente um estado israe-
"aproveitar-se de alguém". A LXX traz o termo lita na Palestina? A resposta é que, por causa
lwthodegeso, "te conduzirei [ou trarei] para da rejeição do M essias, os judeus foram rejei-
baixo". Essas diferenças correspondem à tados por Deus como nação. As promessas,
combinação de ideias em Ezequiel 38:4 e 16. desde a morte de Estêvão, pertencem ao Israel
3. Tirarei o teu arco. Os invasores são da nova aliança e se cumprirão em sentido espi-
representados como arqueiros. ritual (ver p. 21-23).
4. Aves [... ] animais. Abutres e chacais 11. Um lugar de sepultura. Gogue,
estavam sempre prontos para se banquetear que havia esperado ganhar domínio completo
com os corpos dos que morri am em bata lha sobre a terra de Israel, receberia do Senhor
(ver 1Sm 17:46; Ez 33:27). ali apenas um lugar para ser sepultado.
6. Fogo em Magogue. A terra de Gogue Espantar-se-ão. A frase devia di zer: ... ::
é Magogue (ver com. de Ez 38:2). O juízo cai "pararão os que por ele passa rem" (ACF).
ali também e se estende até as terras costei- O significado pode ser que os viajantes seri am
ras e às ilhas do mar. presos ao passarem por esse local notório e
7. As nações saberão. O nome de Deus seriam compelidos a considerar o juízo infli-
seri a vindic ado nesses juízos (ver com. de gido sobre os inimigos do povo de Deus; ou o
Ez 38 :16). significado pode ser que o vale ou desfiladeiro
9. Farão fogo com tudo isto por sete não teria saída em uma das extremidades.
anos. É claro que esta parte da profecia não terá Os que por ele passarem. Do heb.
um cumprimento literal em relação à segunda 'overim., "aqueles que passam por um

783
39:14 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

lugar", "viajantes". ~ão é possível locali zar paralelo com Apocalipse 19:17 e 18 , uma pas-
o vale com certeza. E dito que ele ficava ao sagem que indica quando e como este texto
oriente do mar, o qual , sem dúvida, é uma encontrará cumprimento parcial com referên-
referência ao Mar Morto. A localização pre- cia à era cristã. Com o uso dos mesmos sím-
cisa não é importante para a interpretação bolos João representa a imensa matança dos
da passagem . ímpios na segunda vinda de Cristo; só que esta
O vale das Forças de Gogue. Literal- será uma destruição tão completa que nin-
mente, "o vale da Multidão de Gogue" (ARC). guém será deixado para sepultar os mortos.
14. Homens que, sem cessar. Literal- 21. Minha glória entre as nações.
mente, "homens de continuação", homens Ezequiel prediz o curso que a história seguiria
nomeados para esta tarefa que deviam conti- se Israel, no cativeiro, tivesse aprendido com
nuar nela até que estivesse completa. A obra seu castigo (ver com. de Ez 38:1). A derrota
devia ser sistematicamente realizada. das multidões de Gogue não representa a ani-
Os que entre os transeuntes. Ou, "jun- quilação final de todo o pecado e a introdu-
tamente com os que passam" (ACF). A prepo- ção de um novo céu e de uma nova Terra. Em
sição heb. 'eth ("com") também pode ser sinal vez disso, descreve uma etapa intermediária.
do objeto direto; neste último caso a passa- O cenário seria tão estupendo que evocaria
gem diria: "percorrerão a terra para sepul- admiração universal, para que todas as aten-
tar os transeuntes, os que ficarem". A LXX ções fossem dirigidas a D eus e a Seus propó-
e a Siríaca não apresentam uma palavra que sitos para com os habitantes da Terra. Esta se
cotTesponda a "transeuntes", e simplesmente tornaria uma ocasião para grande expansão
dizem: "para sepultar os que ficarem". missionária por parte de Israel, o que culmi-
15. Porá ao lado um sinal. O sinal naria com a introdução do reino de Deus.
atrairia a atenção da equipe de sepultadores. 23. Saberão as nações. Elas não mais
16. O das Forças. O vocábulo, prova- afirmariam, como no passado, que os sofri-
velmente, deriva do heb . hamon, que signi- mentos de Israel eram decorrentes do fato de
fica "multidão". Deus não ter conseguido proteger Seu povo.
17. Às aves de toda espécie. Não se Veriam, em vez disso, a justiça e a coerên-
deve considerar que as representações dos cia dos propósitos divinos , e como resultado
v. 17 a 20 retratem eventos subsequentes aos seriam atraídas para o reino de Deus e pro-
mencionados anteriormente no capítulo. Elas curariam fazer parte dele.
simplesmente retratam os mesmos eventos 29. Derramarei o Meu Espírito. O rea-
com outra figura de linguagem. A nova figura vivamento de Israel teria sido acompanhado
serve para enfatizar a descrição da imensa por um grande derramamento do Espírito.
matança . Há outras representações dos juí- Este poder prometido teria capacitado os
zos divinos em termos de um sacrifício (ver judeus a evangelizar rapidamente o mundo e
Is 34:6; Jr 46:10). Esta seção tem um notável a se preparar para a vinda do Messias.

784
EZEQUIEL 40:1

CAPÍTULO 40
1 O tempo, a forma e o propósito da visão. 6 A descrição das portas leste, 20 norte,
24 sul, 32 leste e 35 norte. 39 Oito mesas. 44 As câmaras. 48 O vestíbulo do templo.

I No ano vigésimo quinto do nosso exílio, 11 Mediu mais a largura da entrada da porta,
no princípio do ano, no décimo dia do mês, ca- que era de dez côvados; a profundidade da entra-
torze anos após ter caído a cidade, nesse mesmo da: treze côvados.
dia, veio sobre mim a mão do SENHOR, e Ele me 12 O espaço em frente das câmaras era de um
~ ~ levou para lá. côvado, e de um côvado, o espaço do outro lado;
2 Em visões, Deus me levou à terra de Israel cada câmara tinha seis côvados em quadrado.
e me pôs sobre um monte muito alto; sobre este 13 Então, mediu a porta desde a extremidade
havia um como edifício de cidade, para o lado sul. do teto de uma câmara até à da outra: vinte e cinco
3 Ele me levou para lá, e eis um homem cuja côvados de largura; e uma porta defronte da outra.
aparência era como a do bronze; estava de pé na 14 Mediu a distância até aos pilares, sessen-
porta e tinha na mão um cordel de linho e uma ta côvados, e o átrio se estendia até aos pilares
cana de medir. em redor da porta.
4 Disse-me o homem: Filho do homem, vê 15 Desde a dianteira da porta da entrada até
com os próprios olhos, ouve com os próprios ouvi- à dianteira do vestíbulo da porta interior, havia
dos; e põe no coração tudo quanto eu te mostrar, cinquenta côvados.
porque para isso foste trazido para aqui; anuncia, 16 Havia também janelas com fasquias fixas
pois, à casa de Israel tudo quanto estás vendo. superpostas para as câmaras e para os pilares, e
5 Vi um muro exterior que rodeava toda a da mesma sorte, para os vestíbulos; as janelas es-
casa e, na mão do homem, uma cana de medir, tavam à roda pela parte de dentro, e nos pilares
de seis côvados, cada um dos quais media um havia palmeiras esculpidas.
côvado e quatro dedos. Ele mediu a largura do 17 Ele me levou ao átrio exterior; e eis que havia
edifício, uma cana; e a altura, uma cana. nele câmaras e um pavimento feito no átrio em redor;
6 Então, veio à porta que olhava para o orien- defronte deste pavimento havia trinta câmaras.
te e subiu pelos seus degraus; mediu o limiar da 18 O pavimento ao lado das portas era a par do
porta: uma cana de largura, e o outro limiar: uma comprimento das portas; era o pavimento inferior.
cana de largura. 19 Então, mediu a largura desde a dianteira
7 Cada câmara tinha uma cana de compri- da porta inferior até à dianteira do átrio interior,
do e uma cana de largura; o espaço entre uma e por fora: cem côvados do lado leste e do norte.
outra câmara era de cinco côvados; o limiar da 20 Quanto à porta que olhava para o norte,
porta, junto ao vestíbulo da porta interior, tinha no átrio exterior, ele mediu o seu comprimento
uma cana. e a sua largura.
8 Também mediu o vestíbulo da porta inte- 21 As suas câmaras, três de um lado e três
rior: uma cana. do outro, e os seus pilares, e os seus vestíbulos
9 Então, mediu o vestíbulo da porta, que eram da medida do primeiro vestíbulo; de cin-
tinha oito côvados; e os seus pilares: dois côvados; quenta côvados era o seu comprimento, e a lar-
o vestíbulo olha do interior da casa para a porta. gura, de vinte e cinco côvados.
10 A porta para o lado oriental possuía três 22 As suas janelas, e os seus vestíbulos , e
câmaras de cada lado, cuja medida era a mesma as suas palmeiras eram ela medida ela porta que
para cada uma; também os pilares deste lado e olhava para o oriente; subia-se para ela por sete
do outro mediam o mesmo. degraus, e o seu vestíbulo estava diante dela.

785
40:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

23 Essa porta do átrio interior estava defron- 35 Então, me levo u à porta do norte e a
te tanto da porta do norte como da do oriente; mediu ; tinha as mesmas dim e nsões .
e mediu , de porta a porta , cem côvados. 36 Tam bém as suas câmaras, e os se us pila res,
24 Então, ele me levou para o lado sul, e e is e os se us vestíbulos, e as suas janel as em redor;
qu e havia ali um a porta que olhava para o s ul ; o comprimento do vestíbulo era de cinqu e nta
e mediu os seus pilares e os se us vestíbu los, que côvados, e a la rg ura, de vinte e cinco côvado s.
tinham as mes m as dimensões . 37 Os se us pi lares olhavam pa ra o átrio ex-
25 Hav ia també m janelas em redor dos seus terior; tam bé m havia palmeiras nos seus pi la res,
ves tíbulos, como as outras janelas; cinque nta de um e de outro lado; e eram as suas subid as
côvados, o comprimento do vestíbulo, e a largu- de oito degra us.
ra, vinte e cinco côvados. 38 A sua câma ra e a sua e ntrada es tava m
26 D e sete degraus eram as suas subidas , e junto aos pi lares elos vestíbu los onde lavava m o
os se us ves tíbulos estavam di a nte deles; e tinh a holocausto.
palme iras esculpidas , uma de um lado e outra do 39 No ves tíbul o da porta hav ia du as mesas
outro, nos seus pil ares. de um lado e du as elo outro, para nelas se degolar
27 Também havia um a porta no á trio inte- o holocausto e a oferta pelo pecado e p e la c ulpa.
rior para o sul ; e mediu, de porta a po rt a, para o 40 Também do lado de fora da subida para a
sul, cem côvados. entrada da porta do norte hav ia duas mesas; e, no
28 Então, me levou ao átrio interior pela porta outro lado do vestíbu lo da porta, havia duas mesas.
do sul ; e mediu a porta do sul , que tinh a as m es- 41 Quatro mesas de um lado, e q uatro do
2 ~>· mas dim ensões . outro lado ; junto à porta, oito mesas, sobre as
29 As suas câ maras, e os seu s pilares, e os quais imolava m.
se us ves tíbulos eram segundo es tas medidas; e 42 As quatro mesas pa ra o holoca usto e ram
tinh am ta mbém ja nelas ao redor dos seus ves- de pedras lavradas; o comprimento era de um
tíbulos; o comprimento do ves tíbulo era de cin- côvado e m eio, a larg ura, de um côvado e meio,
quenta côvados , e a la rgura, de vinte e ci nco e a altura, de um côvado; sobre elas se punham
côvados. os instrume ntos com que imolava m o holoca us-
30 H avia vestíbu los em redor; o comprimen- to e os sacrifíc ios.
to era de vin te e cinco côvados, e a largura, de 43 Os ga nchos, de qua tro dedos de compri-
c inco côvados. mento, es tavam fixados por de ntro ao redor, e
31 Os se us vestíbulos olh ava m para o átrio sobre as mesas estava a carne da oblação.
exterior, e havia palmeiras nos seus pila res; e de 44 Fora da porta interior es tava m duas câ-
oito degra u s eram as suas subidas. maras dos cantores, no átrio de de ntro; um a, do
32 Depois, me levou ao átr io interi or, para o lado da porta do norte, e olhava pa ra o sul ; o utra ,
oriente, e mediu a porta, que tinha as mesmas do lado da porta elo sul , e olhava para o norte.
dim e nsões . 45 Ele me di sse: Es ta câ mara qu e olha para
33 Ta mbém as suas câmaras, e os seus pila- o sul é para os sacerdotes que têm a guarda do
res, e os seus vestíbulos, segundo estas medidas; templo.
havia também ja nelas em redor dos seus vestíbu - 4 6 Mas a câmara que olha para o norte é para
los ; o comprimento do vestíbulo era ele cinquen- os sace rdotes qu e têm a guarda elo altar; são es tes
ta côvados, e a largura , de vinte e cinco côvados. os filhos de Zadoque, os qua is, dentre os filhos
34 Os seus vestíbu los olhava m para o átrio de Lev i, se chega m ao S EN HOR pa ra O servire m.
ex terior; ta mbém h avia palmeiras nos seus pila- 47 E le m ed iu o á trio: comprime nto, cem
res , de um e ele outro lado; e eram as su as subi- côvados, la rgura, cem côvados, um quadrado; o
elas de oito degrau s. alta r estava diante do te mplo.

786
EZEQ UIEL 40: 1

48 Então, me levou ao vestíbulo do templo e 49 O comprimento do vestíbulo era de vinte


mediu cada pilar do vestíbulo, cinco côvados de côvados, e a largura, de onze; e era por degra us
um lado e ci nco do outro; e a largura da porta, que se subia. Havia colunas junto aos pilares,
três côvados de um lado e três do outro. uma de um lado e outra do outro.

1. Ano vtgestmo quinto. Evidente - A profecia apresenta vários problemas de


m ente, do cativeiro de Joaquim (ver com . interpretação. Já foram adotadas três linh as
de Ez 1: 2), se a escala de anos fo r a mesma principa is de exposição:
em todo o livro. O fato de o v. 1 se referir a 1. A posição literalista . Defende q ue
"nosso exílio" (da mesma forma que Ez 33:21) Ezequiel forneceu o esboço de um a nova
indica que Ezequiel foi levado cativo junto constituição para Israel, que deveria ser
com Joaquim . realmente posta em execução em alg um
No princípio do ano. Do heb . ro'sh momento posterior: imediatamente após o
hashanah , "cabeça do ano". Uma ve z que exílio ou m ais tarde. Segundo este ponto de
ro'sh é, às vezes, tradu zido como "primeiro", vista, a edi ficação de um templo, a institui-
alg u ns ac ha m que a expressão sig nifi- ção de um sistema de culto e a divisão da
qu e o "pri meiro mês" do ano, isto é, ni sã. terra teriam seguido de maneira precisa as
Se assim for, a data era abril de 573 ou abril especific ações fo rnecid as por Ezequiel.
de 572 a. C . (dependendo de Eze quiel ter 2. A posição f u turista. Encontra na visão
com putado o ano a pa rtir da prim avera ou do templo uma nova con stituição para ores-
do outono). Co ntudo , se Ezequiel se refe- taurado e unido reino de Israel. Contu do,
~ ... ria ao início do ano e es tava co mputando o embora aceite q ue em nível limitado essa
tempo de cativeiro pelo ano civil judaico, constituição p ud esse ter sido posta em exe-
que começava no sétimo mês (tisri) , a cução após o exílio , espera o cumprimen to
da ta foi o Di a da Expiação, em outubro exato e com pleto da visão numa idade áurea
de 573 (ver p. 624). É interessa nte notar ainda futura.
que es ta é a úni ca ocorrência n a Bíblia da 3. A posição alegórica . Nega qu alquer
frase ro'sh hashanah , nome que ainda hoj e é cumprimento litera l e defende um cumpri-
dado pelos jude us ao Ano N ovo, o di a 1o de mento simb ólico no temp o imediatamente
ti sri. No entan to, isso não signi fica que a subsequente ao exílio: na igreja cristã ou no
frase significava a m e sma coisa n aquela fim dos tempos.
época. O d ia me ncionado é o décim o, n ão Algun s comentários com respeito a essas
o primei ro. três posições:
Catorze anos. O 25° ano do cativeiro Contra a posição literalista se poderia dizer
de Joaquim pode corresponder ao 14° após que é inconcebível não haver nenhuma a lu -
a queda de Jerusalém, a fim de permitir as são à linguagem de Ezequiel nos livros hi stó-
três datas possíveis mencionadas no pará- ricos de Esdras e Neemi as ou nas profecias
grafo precedente (ver vol. 3, p. 81-83). de Ageu, todos relacionados a esse período.
O s cap. 40 a 48 constituem uma úni ca Embora esses livros descrevam o retorno dos
profecia, de ca ráter singular. Eles apresentam judeus e seu estabelecimento na terra, bem
a visão detalh ada de um novo templo, um como a reconstrução do templo, não fazem
novo plano surpreendente para a divisão da qualquer referência a esta profecia, nem mos-
terra e a visão de águas que comunicam vida tram qualquer desejo da pa rte dos construto-
e q ue brotam desse magnificente templo. res de se adequarem às instruções de Ezequiel.

787
40: I COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

Contra a pos1çao futurista se poderi a os construtores tinham ple na consciência de


dizer que, em vista das relações apresenta- que ainda não haviam sido pree nchidas as
das na Bíblia entre a antiga e a nova dispen- condições qu e permitiriam o cumprimento
sação, é impossível conceber-se qu e fossem das promessas. Também não há nesta sér ie
outra vez restaurados os sacrifícios anim ais de profecias qualquer insinuação de qu e os
por ordem divina e que eles foss em aceitos planos devessem entra r em execução im e-
por Deus. diatamente após o retorno dos exilados ao
Contra a posição alegóri ca se poderia seu próprio país. Sem dúvida , a profecia fo i
di zer que ela fornece uma justificativa ina- apresentada como um a meta futura qu e eles
dequada para os muitos detalhes da visão e deviam se esforçar para alcançar.
que não apresenta um modelo de interpreta- Se D eus sabia que tal te mplo nunca
ção significativo para justificar que seja dedi- seria construído, por que Se daria ao tra-
cada mais atenção ao assunto. balho de fornec er um modelo tão deta-
A posição mais simples é a que segue lhado à futura nação? A resposta é : Deus
os princípios delineados no comentário de não deixou de tentar nenhum método para
Ezequiel 38 :1. Segundo esses princípios, a levar os israelitas a aceitar o elevado des tino
visão do templo teria sido cumprida lite- que originalmente lhes foi planejado. Até
ralme nte se o povo tivesse sido fiel a seu então, a históri a deles havi a sido de repeti-
legado, m as como o povo falhou, a profe- dos fracassos. Desta vez, Deus lhes estava
cia não pôde ser cumprida em seu intento oferecendo um a nova oportunidade de reco-
original. Comparativamente, poucos judeus meço. O pass ado seria esquecido e nunca
retornaram, e estes ficaram muito aquém do mais seria apresentado contra eles. Israel
propósito que Deus tinha para eles. Alguns como naç ão, e se us habitantes, individual-
aspectos da profecia (ver Ez 47) terão cum- mente, fora m convidados a se apossar el a
primento com a igreja cristã, como é indicado gloriosa provisão.
por autores inspirados de época posterior. É razoável supor que, para convencer o
A visão do templo é uma profecia ilus- povo da certeza da promessa, Deus tenha
trativa, e devem ser aplicados a ela os prin- orientado o profeta a traçar uma planta exa ta
cípios delineados no com. de Ezequiel l: I O. do templo que devia ser o centro do culto da
Ezequi e l viu representações da realidade e nova nação. Deus poderia ter deixado a pro-
não a realidade em si, e o grau de identidade messa em termos gerais. Poderia simples-
entre as duas coisas é um problema que per- mente dizer ao povo que, no futuro, o templo
manece. Contudo, em qualquer grau em deles seria reconstruído, mas isso seria um
que as du as coisas variem, uma comparação anúncio vago. N ão haveria dúvidas quanto
com outras profecias relativas à restauração à seried ade das inte nções divinas se fos -
leva à crença de que o profe ta es tá descre- sem apresentados cuidadosamente todos os
vendo um a nação literal, com um templo e detalhes da construção e do ritual. Ao todo ,
uma capital literais. É difícil conceber como nove capítulos são dedicados ao templo e aos
os jude us, a quem esta profecia foi dirigida, seus serviços, bem como aos detalhes sobre
poderiam tê- la entendido de outra forma . a cidade e a nova divisão da terra.
O fato de os escritores bíblicos pós -exílicos Esta é a última visão importante de
não se referirem a esta profecia e o fato de Ezequiel (somente a visão sobre o Egito,
os construtores do templo aparentemente relatada em Ez 29: I7 -2I , foi dada depoi s),
não prestarem atenção ao pla no nela deli- e sua magnitude e gra ndeza constituem um
~ ;. nea do podem ser explicados supondo-se qu e clímax apropriado para a carreira elo profe ta.

788
A A
v

o
. : _ __ 70c

Pl a nta do Templo de Ezequie l

Nota: Es ta não é um a pla nta de talh ada da área do templo , ma s uma tentativa de se re produzir em di agrama as medidas
indicadas no texto bíbli co, em côvados (c) . Não foram feitos e sforços para se imitar certos detalhes estruturai s muitas
vezes e ncon trados em escavações , co mo a projeção da estrutura da porta para adiante da superfície do muro. /\ lguns
eruditos, devido à espessum dos muros antigos , sugeriram a colocação dos vestíbulos no sentido do comprim ento, e m vez
de no sentid o da largura, combinando, co nsequ ente me nte, as o utras dimensões de maneira diferente. Nos pontos em qu e
o texto não é detalhado ou não é clarame nte compree nsível, esta planta mostra as localizações gerais ou fa z um esboço da
localização . A legenda aba ixo identifi ca os setores .

A. M uro do átrio exterior - Ez 40:5 ; 42:16-20 O. Edifício- 41: 12- 15


13. Porta les te exterior - 40:6- 16 P, P. Câmaras para os sacerdotes- 40:44-46
C .Átrio exte ri or - 40 17, 20, 3 1, 34, 37; 42:1,3,7-9, 14 Q. Alta r - 40:4 7; 43 :1 3-1 8
D. Pavime nto - 40:1 7, 18 R. Átrio interior - 40: 28, 44 , 4 7
E, E, E, E, E, E. Trinta câmaras - 40:1 7 S, S, S . Área separada - 41:10 , 12-1 5
F. Estrutura da porta norte exterior - 40: 20 -23 T, T. Câ maras em três andares para os sacerdotes - 42:1 -14
G . Est rutura da porta sul exterior- 40:24-27 U, U. C ozinhas dos sacerdotes - 46 :1 9, 20
H. Estrutura da porta leste interior- 40:32 -3 4 V, V, V, V. Cozinhas para o povo - 46:2 1-24
I. Es tru tura da porta norte inte rior- 40:35-38 a, a, a . Sete degrau s para a porta exterior- 40:22 , 26
J. Es trutura da porta sul interi or - 40:2 8-3 1 b , b, b. Oito degrau s para a porta inte rior - 40: 3 1, 34, 37
K. Luga r santíss im o - 41:3 , 4 c, c. Mesas para imolar os sacrifícios - 40:39-43
L. Lu gar santo - 41 : I, 2, 3 d. Escada ri a do tem p lo - 40:49
M. Vestíbulo do te mpl o - 40 :48 e . Platafo rma - 41 :8, 9 , 11
N, N . Pilare s - 40 :49 f. Fileira ele câ maras late rais- 41: 5-9, l i
40:2 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

2. Um monte muito alto. O profeta foi Não era alto (três metros), e as pessoas qu e
colocado sobre um local elevado para que, de chegassem para adorar poderiam facilmente
um ponto privilegiado, pudesse exa minar os ver o templo em toda a sua beleza e glória,
detalhes da visão. relu zindo ac im a dos muros . -c ~
Um como edifício de cidade. O tem - 6. À porta que olhava para o oriente.
plo e seus átrios, cercados por muros , davam O s v. 6 a 16 descrevem a porta leste (p. 789,
a impressão de uma cidade murada (sobre a B), que era a porta prin cipal, uma vez que
dimensão, ver com. do v. 5). conduzia diretamente à entrada do templo.
3. Um homem. O ser não é identificado. Ela é minu ciosamente descr ita, já qu e as
Um cordel de linho. Seria usado para dimensões das portas exteriores dos lados
gra ndes medições (ver Ez 47: 3). norte e sul são idênticas (p. 789, F, G).
Uma cana de medir. Ve r Ap ll:l ; 21:15. Degraus. O nível da porta era mais ele-
Esta seria usada para medições menores (ver vado do que o do terreno que rodeava o com-
com. de Ez 40 :5). plexo do templo. Pressupõe-se que, co mo as
4. Anuncia [... ] tudo. O propósito portas norte e sul, ela possuísse sete degraus
de todos esses detalhe s era que os filho s (ver v. 22, 26; ver p. 789, a).
de Israel se familiari zassem com o glo- Limiar. A e ntrada da porta pelo lado
rioso plano de Deus para eles. A descri- de fora.
ção devia se r um poderoso es tímulo para Uma cana de largura. É a mesma lar-
que o povo c umpriss e as condições nec es- gura dos muros exteriores (v. 5), isto é, seis
sárias. Propo rcionava a certeza de que os côvados; a outra dimensão des ta entrada é
pensamentos de Deus para com eles era m lO côvados (v. 11).
de paz e n ão de mal (ver Jr 29: ll). A exibi- 7. Câmara. De acordo com o v. 10, hav ia
ção de uma planta completa mostrava qu e três destas em cada lado da passagem da
as intençõ es de De us eram sérias, e qu e porta central. As câm aras tinh a m cerca de
Ele far ia Sua parte se o povo fizes se a sua três metros de lado.
(ver p. 16, 17). Interior. Literalmente, "a partir da casa",
5. Um côvado e quatro dedos. isto é, "que dá para o lado de dentro". Este é
Considerando-se o côvado de 44,5 em, provavelm e nte o limi ar que fic ava na extre-
e acrescentando- se quatro dedos (l/6 do midade oposta da passagem qu e fazia parte
côvado), o côvado de Ezequiel teria 51 cen- da estrutura da porta, e qu e levava ao ves-
tímetros. Assim , a cana de medir teri a três tíbulo (v. 8).
metros de comprimento (ver vol. l , p. 143). 8. Vestíbulo. Ou, "pórtico" (NVI).
A largura do edifício. Isto é, a espes- Da porta. Muitos ma nu scritos e algu-
sura do muro que circund ava o átrio. O muro mas versões (como a NVI) omitem o trecho
está especificado pela letra A na planta do que começa aqui e continu a no v. 9: "inte-
templo (ver p. 789). Este desenho é uma rior: um a cana . Então, mediu o vestíbulo da
representação aproximada do edifício e dos porta". Os que aceitam o texto mais c urto
átrios (ver nota junto à legenda). afirmam que havia apenas um vestíbulo, ou
A altura e a largura do muro são aqui pórtico, nesta porta . O s que aceitam o texto
dadas como iguais. O comprimento não é mais longo afirm am que havia doi s vestíbu -
dado, mas parece ter sido de pouco mais de los . Portanto, os desen hos da estrutura da
25 0 metros (ver com. de Ez 42:16) em cada porta diferem nesse aspecto. H á incerteza
um de seus quatro lados. Esse muro cercava quanto a algun s detalh es arquitetônicos (ver
toda a estrutura do complexo do templo. nota junto à legenda , à p. 789).

790
EZE QUIEL 40:20

9. Oito côvados. Cerca de quatro de dez côvados; limiar interior, seis côvados;
m etros. H á diferenças de opini ão quanto a vestíbulo, oitos côvados; pilares da porta, dois
se esta era a medida do vestíbulo de les te a côvados, perfazendo um total de 50 côvados.
oeste ou de norte a sul. Outros modelos gue consideram a existên-
Pilares. Do heb. 'elirn, "colunas" ou "ba- cia de dois vestíbulos arranjam esses núme-
tentes" (NVI). ros de maneira diferente .
10. Câmaras. Ver com. do v. 7. 16. Janelas com fasquias. Literalmen-
11. Entrada. Isto é, o limiar externo. te, "janelas fechadas", o que, provavelmente,
A profundidade da entrada. Não se significa janelas com tre liças fi xas (ver
sabe ao certo o gue está sendo medido aqui. com. de 1Rs 6:4). A posição exata dessas ja-
Algun s creem gue esta é a medida da parte nelas não está clara.
da porta que era coberta por um teto; outros Palmeiras. Decorações semelhan-
supõem gue a referência é ao centro da pas- tes foram usadas nos relevos do templo de
sagem entre as câmaras laterais, gue, prova- Salomão (lRs 6:29, 32).
velmente, não era coberta. 17. Átrio exterior. O templo tinha dois
12. Espaço. Talvez uma cerca diante das átrios, um interior e um exterior (p. 789,
câmaras da guarda. Em frente a cada câmara R e C, respectivame nte).
da guarda devia haver uma ba rreira de um Um pavimento. O pavi mento (p. 789,
côvado na passagem, de form a que a senti- D) circundava o átrio exterior.
nela pudesse sair sem impedimento e ol har Trinta câmaras. O tamanho e a posição
para um lado e para o outro do corredor. dessas câmaras (p. 789, E, E, E) não é dado .
13. Desde a extremidade do teto. A partir do ponto de vista da simetria, pro-
Esta medida de 25 côvados (c . 12,5 m) é a vavelmente, havia dez em cada um dos três
larg ura da passagem da porta, no sentido lados não ocupados pelos edifícios do tem -
norte-sul. plo. Não é dito se foram construíd as em blo-
14. Até os pilares. Alguns preferem cos ou como unidades individuais.
seguir o texto da LXX: "E o espaço aberto 18. A par do comprimento. Este pavi-
do vestíbulo da porta, por fora, era de vinte mento devia ter a mesma largura que o com- ... ;;
côvados até às câmaras em redor da porta" primento das estruturas das portas, cerca de
(ver NTLH ; BJ). É possível gue tenha havido 50 côvados (Ez 40:15). Disto seria subtraída
uma co nfusão entre 'ularn (vestíbulo) e 'elim a espessura do muro exterior, de seis côva-
(pilares), mas é difícil ter havido uma troca dos (v. 5), deixando uma largura para o pavi-
de 20 por 60. Se o texto hebraico for seguido, mento de 44 côvados.
os pilares ou torres, teria m uma a ltura Pavimento inferior. Provavelmente,
impressiva. designado desta forma para distingui-lo do
15. Cinquenta côvados. Isto é, cerca át rio interior, que fic ava mais alto (Ez 41:8).
de 25 metros; o comprimento da estru tura 19. Cem côvados. Cerca de 60 met ros.
da porta era duas vezes sua largura (v. 13). A medição foi feita da entrada interior da
Um m étodo de recon strução que con si- es trutura da porta ex terior até a entrada
dera a existência de apenas um vestíbulo ou ex terior da estrutura da porta interior (ve r
pórtico (ver com. do v. 8) chega ao compri- v. 23, 27).
mento total el a seguinte forma: limiar exte- 20. Olhava para o norte. Os v. 20
rior, seis côvados; três câmaras da guarda a 22 descrevem a porta norte (p. 789, F),
com seis côvados cada, num total de 18 côva- gue era exatamente igual à porta oriental ou
dos; dois espaços de cinco côvados, nu m total leste (p. 789, B), já desc rita (v. 6-16), com a

791
40 :2 3 C O MENTÁRIO BÍ BLI C O ADVENTISTA

informação adicional de que havia sete de- estar na porta norte, na porta leste ou em
graus (p. 789, a) para se subir até ela (v. 22). todas as três portas.
23. Porta do átrio interior. Algué m 43. Ganchos. Do heb. shef attayim, cujo
qu e ficasse n o átrio exterior (v. 17), junto significado aqui é incerto. A palavra é encon-
à porta ex terior norte (p. 789, F) veria as trada apenas aqui e no Salmo 68:13, em que
po rtas in te riores norte e leste (I, H ), cada foi traduzida como "cercas dos apriscos" (AR A)
uma das qu ais em frente à sua porta exterior ou "redis" (ARC); mas que devia ser traduzida
nor te e leste, respectivamente, mas separa- como "pedras do fogão" (ver com . do Sl 68:l3),
das des tas por um espaço de cem côvados um significado que não faz sentido aq ui.
(cerca de 50 m). A LXX traduz shefattayim como "abas" (ver
24. Olhava para o sul. Os v. 24 a 27 NTLH). "Ganchos" é a tradução dos Targuns.
descrevem a porta sul (p. 789, G), que é idên- 44. Câmaras. O tamanho e a locali zação
tica às portas leste e norte, já desc ritas. exata destas câmaras não são especificados.
27. Porta no átrio interior. A locali- De acordo com a LXX, havi a apen as duas
zação da porta interior sul (p. 789, J) corres- câmaras , uma na porta norte, voltada para o
ponde à das portas norte e leste. sul, e outra na porta sul, voltada para o norte.
28. Porta do sul. As três portas do átrio Contudo, o hebraico indica que elas esta-
interior (p. 789, H , I , J) são essencialmente vam na lateral das portas norte e leste, e não
iguais às portas exteriores . Uma difere nça é é necessário corrigir "leste" e coloca r "sul "
que as primeiras tinham um la nce de oito se as câmaras estavam situadas em algum
degra us (p. 789, B), enquanto as últimas ponto nos ângulos que ficavam a meia di s-
tinha m um lance de sete degraus (p. 789, a). tância entre as portas norte e leste e as por-
32. Mediu a porta. O s v. 32 a 37 dão tas leste e sul.
um a descrição das portas leste e norte do O diagrama da p. 789 (P, P) mostra possí-
átrio interior, que eram, ambas, exatamente veis localizações para as câmaras que seri am
iguais à porta sul. coerentes com o que diz o texto hebraico.
38. Onde lavavam. O fato de esta pas- 46. Filhos de Zadoque. Sobre o sacer-
sagem estar próxima da desc ri ção da porta dócio zadoquita, ver com. de 2Sm 8:1 7.
norte (v. 35-37) levou alguns a concluir que a 47. Ele mediu o átrio. Este era o átrio
mobília aqui descrita pertencia àquela porta. do altar (p. 789, R), um quadrado de 100 côva-
O utros c reem que aqui começa uma nova dos (cerca de 50 m) no centro do átrio interior.
seção e que a porta que está sendo co nside- 48. Vestíbulo do templo. O s v. 48 e
rada é a leste (ver v. 40, 44; Ez 43: 17; 46:1, 2). 49 descrevem as dimensões do vestíbulo do
39. Mesas. Os v. 39 a 41 descrevem templo (p. 789, M).
as oito mesas sobre as qu ais eram imola- Pilar. Ou, "colun a", "batente" (ver com.
das as vítimas sacrificais. Quanto à possí- do v. 9). A medid a aqui é da espess ura das
vel loca lização dessas mesas, ver com . do duas projeções situadas em ambos os lados
v. 40 (p. 789, c, c). da entrada.
40. Porta do norte. Alguns comenta- Três côvados. C erca de doi s metros .
ristas consideram que a palavra traduzid a Possivelmente, este seja o comprimento das
como "do norte" significa "em direção ao projeções em ambos os lados da entrada.
norte" (BJ), e que, portanto, a referência é 49. Vinte côvados. Alguns consideram
à posição de quem subia pelo lado de fo ra que esta medida foi tomada na direção norte-
da porta les te em direção ao norte. Varia m sul do vestíbulo, e supõem que as câmaras
as opiniões quanto a se essas mesas deviam laterais (Ez 41:6, 7) se estendiam pela parte .c ~

792
EZEQUIEL 41:1

posterior do edifício assim como pelos lados. entrar no templo. O número é d ado na LXX
Outros restringem as câmaras laterais ao lado como sendo dez. O templo é ainda mais ele-
norte e sul e consideram que a m e dida de 20 vado que o átrio interior (ver p. 789, d).
côvados do vestíbulo seja na direção leste-oeste. Colunas junto aos pilares. Como o
Onze. A LXX diz "doze". templo de Salomão, este novo edifício devia
Degraus. Da mesma forma que ocor- ter um a coluna e m cada lado da escadaria
ria com os dois átrios, havia degraus para se (p. 789, N, N; ve r lRs 7:15-22).

CAPÍTULO 41
As medidas, partes, câmaras e ornamentos do templo.

l Então, me levo u ao templo e mediu os uma cana inteira, isto é, de seis côvados de altura.
pilares, seis côvados de largura de um lado e 9 A grossura da parede das câmaras latera is
seis de largura do outro, que era a largura do de fora era de cinco côvados; e a área aberta entre
tabernáculo. as câmaras laterais, qu e estavam junto ao templo
2 A largura da entrada: dez côvados; os lO e às células, tinha a largura de vinte côva-
lados da entrada: cinco côvados de um lado e dos por todo o redor do templo.
cinco do outro ; também mediu a profundida- li As entradas das câmaras laterais estavam
de da entrada: quare nta côvados, e a largura: voltadas para a área aberta: uma entrada para o
vinte côvados. norte e outra para o sul; a largura da área aberta
3 Penetrou e mediu o pilar da entrada: doi s era de cinco côvados em redor.
côvados, a altura da entrad a: seis côvados, e a lar- 12 O edifício que estava numa área separa-
gura da entrada: sete côvados. da, do lado ocidental, tinha a largura de setenta
4 Também mediu o seu comprimento: vinte côvados; a parede do edifício era de cinco côva-
côvados, e a largura : vinte côvados, diante do dos de largura em redor, e o seu comprimento,
templo, e me diss e: Este é o Santo dos Santos. de noventa côvados.
5 Então, mediu a parede do templo: seis 13 Assim, mediu o templo: cem côvados de
côvados, e a largura de cada câmara lateral: qua- comprimento, como também a área sepa rada,
tro côvados , por todo o redor do templo. o edifício e as suas pare des : cem côvados de
6 As câ maras laterais estava m em três anda- comprimento.
res, câmara sobre câmara, trinta em cada andar; e 14 A largura da fre nte oriental do templo e
havia reentrâncias na parede do templo ao re dor, da área separada, de uma e de outra parte : cem
para as câmaras laterais, para que as vigas se côvados.
apoiassem nelas e n ão fossem introduzid as na 15 Também mediu o comprimento do edifício,
pa rede do templo. qu e estava na área separada e por detrás do templo,
7 As câmaras laterais aumentavam em largura e as suas galerias de uma e de outra parte: cem cô-
de andar para andar, correspondendo às reentrân- vados. O templo propriamente dito, o Santíssimo
cia s do templo de andar em andar ao redor; daí ter e o vestíbulo do átrio eram apainelados .
o templo mais largura em cima. Assim, se subia do 16 As janelas, de fasqui as fixa s sup erpostas ,
and ar inferior para o superior pelo intermediário. estava m ao redor dos três luga res. Dentro, as pare-
8 E vi um pavimento elevado ao redor do tem- des estavam cobertas de m adeira em redor, e isto
plo ; eram os fund amentos das câmaras laterais de desde o chão até às janelas, que estava m cobertas .

793
41:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

I 7 No espaço em cima da porta, e até ao 22 O altar de madeira era de três côvados de


templo ele de ntro e de fora , e em toda a pare- altura , e o seu comprimento, de dois côvados; os
de em redor, por dentro e por fora , havia obras seus cantos, a sua base e as suas paredes era m
de escultura, de madeira; e o homem me disse: Esta é a mesa
18 querubin s e palm eiras, ele sorte que cada que está perante o SENHOR .
palmeira estava entre querubim e querubim , e 23 O templo e o Santíssimo, a mbos tin ham
~ ~ cada querubim tinha dois rostos, duas portas.
19 a saber, um rosto de homem olhava para 24 Havia duas folhas para as portas, du as Fo-
a palmeira ele um lado, e um rosto de leãozinho, lhas dobráveis; duas para cada porta.
para a palm eira elo outro lado; assim se fez pela 25 Nelas, isto é, nas portas do templo, foram
casa toda ao redor. feitos querubins e palm eiras, como estavam fei-
20 Desde o chão até ac ima da entrada es- tos nas pa redes, e hav ia um ba ld aq uino de ma-
tavam feitos os querubins e as palmeiras, como deira na frontaria do vestíbul o por fora.
também pela parede elo templo. 26 E havia janelas ele fasquias fixas superpos-
21 As ombreiras elo templ o eram quadradas, tas e palmeiras, em ambos os lados do vestíbul o,
e, no tocante à e ntrada elo Sa nto dos Santos, era como também nas câmaras laterais do te mplo e
esta ela mesma aparência . no baldaq uino.

1. Ao templo. O termo designa aqui o 4. Santo dos Santos. Um quadrado


luga r santo (p. 789, L; ver 1Rs 6: 17; 7:50). perfe ito de 20 côvados (p . 789, K) , da
Pilares. Ficava m nos dois lados da mesma medida que o do templo de Salomão
entra da e tinh am seis côvados (três metros) (l Rs 6:20).
de esp essura, como os muros (v. 5). 5. Parede do templo. A espessura aq ui
2. Lados da entrada. Esta é a medid a dada (três metros) é a mesma que a do muro
da porta até ao muro. do átrio exterior (Ez 40:5 ). Essa espessura
Quarenta côvados. Estas dimen sões está de acordo com as grandes proporções
são idênti cas às do lugar sa nto no templo da antiga arq uitetura oriental.
de Salomão (lRs 6:2, 20), exce to pelo fato 6. As câmaras laterais. Estas câm aras
de Ezeq ui el emp regar o côvado longo (ver tinham as mesmas medidas das do templo
com. de Ez 40:5). de Salomão. A largura de quatro côvados se
3. Penetrou. O anjo entra sozinho no refere às câmaras do piso térreo.
lugar sa ntíssimo (ver Hb 9:7). 7. Aumentavam. Fo ra m desc ritos
O pilar. Ou , "batente" da porta entre o lugar divers os detalhes dessas reentrâncias na
santo e o santíss imo, que mede aqui apenas parede e do aum ento das dimensõ es des -
dois côvados (um metro), em comparação com sas câmaras de a ndar para an dar (ve r co m.
os seis côvados na entrada do lugar sa nto (v. 1). de 1Rs 6:5, 6). Uma vez que h á di scor-
Entrada: seis côvados. Isto é, o vão da dância quan to a se havia 30 cômodos em
porta, o espaço entre os pilares. cada a nd ar o u 30 no s três andares, n ão
Largura da entrada. Segundo a LXX, a há indicação de reparti ções no diagrama
medida de sete côvados (3, 5 m) é a do com- (p. 789, f ).
primento da parede ele dois côvados desde 8. Pavimento elevado ao redor do
a porta até as paredes laterais . Duas dessas templo. Isto é, o alicerce mais alto sobre
paredes mais o vão ela porta, ele seis côvados, o qual repo usava o templo. Ao que parece,
daria a largura do cômodo. esta plataforma se este ndia 2,5 m para alé m

794
EZEQUIEL 41:26

da parede externa das câmaras (v. 9, 11 ), for- 15. O comprimento do edifício. Esta
mando um passeio do lado de fo ra das câma- é a medida externa do edifício O, incluind o
ras (p. 789, e). suas paredes de cinco côvados.
De altura. Do heb. 'atsilah, que signi- Galerias. O significado da palavra
fica "articulação". Seu significado aqui não hebraica assim traduzida é incerto. A tradu-
es tá claro. Provavelmente, é um termo ar- ção "galerias" é conjecturai.
quitetônico. O templo propriamente dito. O que
9. Da parede. A parede externa das vem a seguir é uma descrição do templo pro-
câ m aras la terais, que tem um côvado a priame nte dito, não do edifício qu e ficava
menos de espess ura do que as paredes atrás do templo.
pri n cipais do templo qu e sustent avam o 16. Cobertas de madeira em redor.
edifíci o. O texto hebraico aq ui é vago. Segundo a
E a área aberta. Ver com. do v. 8. LXX, esta é a descrição do apainelam e nto
Entre as câmaras. Isto é, as câma- do vestíb ul o (ver Ez 40:48 ) e dos luga res
ras descritas em Ezequiel 42:1 a 14. Havia san to e santíssimo.
uma área separada (p. 789, S) de 20 côvados 18. Querubins e palmeiras. Isto pode
(cerca de dez metros) que se estendia para ser compa rado com os entalhes artísticos do
além da plataforma nos três lados em que as templo de Salomão (lRs 6:29).
câ maras estavam localizadas . 20. Acima da entrada. O apainela-
11. Para a área aberta. Isto é, a pla- me nto aparentemente cobria toda a pa rede
taform a. interior (ver 1Rs 6:18).
12. O edifício. O propósito deste edifí- 21. As ombreiras. O hebraico deste ver-
cio (p. 789, O ) não é exposto. Talvez corres- síc ulo é obsc uro.
i:! ,.. ponda ao "átrio ao ocide nte" (ver 1Cr 26: 18; 22. O altar de madeira. Este parece
"Parbar", ARC). corresponder ao altar de incenso no taberná-
Numa área separada. Do heb. gizrah, culo (Êx 30:1-3) e ao altar de ouro no tem-
que vem da raizgazar, "cortar"; portanto, "um plo anterior (lRs 7:48), embora o fato de ele
espaço cortado". Este era o espaço (p. 789, S) ser também chamado de "mesa" tenha levado
na extremidade oeste do templo (p. 789, O), alguns a identificá-lo com a mesa dos pães da
entre o templo e o edifício e, provavelmente, proposição.
também o espaço entre o norte e o sul do 23. Duas portas. Uma estava na entra-
templo (ver com. do v. 10). da do lu ga r santo e a outra, na do santíss imo.
13. O templo. Esta é a medida do tem - 24. Duas folhas dobráveis. As portas
plo por fora (cerca ele 50 m), incluindo o ves- eram semelh antes às elo templo de Salomão
tíbulo (ver v. 1-5). (lRs 6:31 -3 5).
O edifício. A medida aqui é a mesma, 25. Um baldaquino. Do heb. 'av, um a
ela parede de trás elo templo até o exterior ela palavra qu e ocorre so mente aqui e em 1 Reis
pa rede oeste do ed ifício O (p. 789). 7:6 . Parece ser um ter mo arqui tetônico cujo
14. A largura. Es ta medid a é igual, significado já se perdeu.
in cluind o a largura total do templo e a área 26. Janelas de fasquias. Ou, janelas
separada e m ambos os lados (p. 789, S, S) . com treliças fixas (ve r com. de lRs 6:4).

795
42:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

CAPÍTULO 42
1 As câmaras para os sacerdotes e 13 seu uso. 19 As medidas do átrio exterior.

l Depois disto, me fez sair para o átrio ex- li e um passeio; tinham a fei ção das celas
terior, para o norte; e me levou às celas que es- que olhavam para o norte, e o mesmo comprimen-
tava m para o norte , opostas ao edi fício na área to, e a mesma largura, e ai nda as mesmas saídas ,
separada, ed ifício que olha para o norte, e o mesmo arranjo; como eram as suas entradas,
2 do comprimento de cem côvados, com por- 12 assim eram as das celas que olhavam para
tas que dava m para o norte; e a largura era de o sul , no princípio do ca minho, a saber, o cami-
cinquenta côvados. nho bem defronte do muro para o oriente, para
3 Em frente dos vinte côvados que perten- quem por elas entra.
ciam ao át rio interior, defront e do pavimento que 13 Então, o homem me disse : As câmaras
pertencia ao átrio ex terior, havi a galeria contra do norte e as câmaras do sul , que estão diante
galeria e m três andares. da área separada, são câmaras santas, em que os
4 Diante das câmaras havia um passeio de sacerdotes, que se chegam ao SENHOR, comerão
dez côvados de largura, do lado de dentro , e cem e onde depositarão as coisas santíssimas, isto é,
de comprimento; e as suas entradas eram para as ofertas de manjares e as pelo pec ado e pela
o lado norte. culpa; porque o lugar é santo.
5 As câmaras superiores eram mais estrei- 14 Quando os sacerdotes entrarem , não sai-
tas; porque as galerias tirava m mais espaço des- rão do santuário para o átrio exterior, mas porão
tas do que das de baixo e das do meio do edifício. ali as vestiduras com que ministraram, porqu e
6 Porque elas eram de três andares e não ti - elas são santas; usarão outras vestiduras e assim
nha m colunas como as colunas dos átrios; por se aproximarão do lugar destinado ao povo.
isso, as superiores eram mais estreitas do que as I 5 Acabando ele de medir o templo interior,
de baixo e as do meio. ele me fez sair pela porta que olha para o orie n-
7 O muro que estava por fora , defronte das câ- te; e mediu em redor.
maras, no caminho do átrio exterior, diante das 16 M ediu o lado oriental com a cana de
~ I> câmaras, tinha cinquenta côvados de comprimento. medir: quinhentas canas ao redor.
8 Pois o comprimento das câmaras, que esta- 17 Mediu o lado norte: quinh entas ca nas
vam no átrio exterior, era de cinquenta côvados; e ao redor.
eis que defronte do te mplo havia cem côvados. 18 Mediu também o lado sul: quinhentas canas.
9 Da parte de baixo destas câmaras, estava a 19 Voltou-se para o lado ocidental e mediu
entrada do lado do oriente, qu ando se entra nelas quinhentas canas.
pelo átrio exterior. 20 Mediu pelos quatro lados; havia um muro
10 Do muro do átrio para o oriente, dian- em redor, de quinhentas canas de comprimen-
te do edifício na área separada, havia também to e quinhentas de largura , para fazer se paração
celas entre o santo e o profano.

1. Átrio exterior. Ver com. de Ez 40:17. detalhes arquitetônicos. Por esta razão, não se
Os v. 1 a 14 descrevem as câmaras para os sa- tentou mostrar a forma exata do edifício no dia-
cerdotes (p. 789, T, T), ao norte e ao sul do tem- grama (ver, na p. 789, a nota junto à legenda) .
plo. O hebraico desta seção é muito obscuro; 2. Cem côvados. Cerca de 50 m e-
e, portanto, é difícil ter uma noção clara dos tros. Segundo a LXX, esta é a medida elo

796
EZEQUIEL 42:20

comprimento do edifício. O comprimento seja ao muro exterior de uma fileira mais


é igual ao do edifício do templo (Ez 41: 13). curta de câmaras (v. 8).
Aparentemente as câmaras estavam direta- 8. O comprimento das câmaras.
mente ao norte e ao sul do templo, e entre elas Alguns creem que esta seja a medida de uma
e o templo havia a área separada (p. 789, S). fileira mais curta de câmaras (26 m) que
3. Vinte côvados. Cerca de 10m. Esta ficava paralela à fi leira mais longa e que era
é a largura da área separada (p. 789, S) que separada dessa fileira mais longa pelo "pas- .. tJ
circundava o templo nos lados norte, oeste e seio" mencionado no v. 4. Isto não está no
sul (ver com. de Ez 41:12; sobre o átrio exte- diagrama (p. 789) porque a descrição não é
rior, ver com. do v. 1). suficientemente completa para esclarecer os
Defronte do pavimento. Em frente ao detalhes da planta.
pavimento (p. 789, D), que o texto diz per- I O. Para o oriente. A LXX diz: "para o
tencer ao átrio exterior, ao longo da parte sul" (cf. v. 12, 13). Os v. 10 a 12 parecem
interna do muro exterior (Ez 40: 17). descrever outro edifício de câmaras ao sul
Galeria. O significado da palavra do templo, idêntico ao que ficava ao norte.
hebraica assim traduzida é incerto. 13. Comerão. Os v. 13 e 14 descrevem
Em três andares. Do heb. bashelishim, as funções dessas câmaras . Segundo a lei
que também pode ser traduzido como "no levítica, os sacerdotes deviam comer certas
terceiro [andar]". Não está claro se a refe- porções dos sacrifícios no lugar santo (Lv
rência é aos três andares ou apenas ao 10:12, 13; Nm 18:9, 10).
último. 14. Porão ali as vestiduras. As câma-
4. Um passeio de dez côvados. A LXX ras santas serviam como vestiários para os
diz: "E em frente às câmaras havia um pas- sacerdotes.
seio de dez côvados [cerca de cinco metros] 15. O templo interior. O termo aqui
de largura, e seu comprimento chegava a se refere à área do templo, presumivelmente
100 côvados [cerca de 50 m]". Este texto é a tudo o que tinha sido medido até então.
apoiado pela Siríaca. Ezequiel volta à porta leste exterior, onde a
5. Eram mais estreitas. A razão é que inspeção do templo havia começado (Ez 40:6).
as ga lerias ocupavam parte do espaço. 16. Quinhentas canas. A LXX não traz
6. As colunas dos átrios. Não está claro a palavra "canas". É presumível que a refe-
a que colunas o texto se refere. A LXX não rência seja a côvados . Note-se que a palavra
traz a expressão "dos átrios". Alguns acham "canas" é acrescentada no v. 20, e que não
que as colunas se aplicam às 30 câmaras ocorre em Ezequiel 45:2. Além disso, a soma
(Ez 40: 17). das medidas das portas, dos átrios, etc., é de
7. O muro. A exata posição deste muro 500 côvados em cada direção.
não está clara. Alguns acham que a referência 20. Um muro. Ver com. de Ez 40:5.

797
43: 1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

CAPÍTULO 43
1 O retorno da glória de Deus para o templo. 7 O pecado de Israel impede a presença
de Deus. 1O O profeta exorta ao arrependimento e à observância da lei
do templo. 13 As medidas e 18 as ordenanças do altar.

Então, o homem me levou à porta , à po rta e o seu arranjo, as suas saíd as , as suas entradas
que olh a para o oriente. e todas as suas formas ; todos os se us estatutos ,
2 E e is que, do caminho do oriente, vinh a a todos os seus dispositivos e todas as suas le is;
glória do De us de Israel; a Sua voz era como o esc reve isto na sua presença para que observem
ruído de mui tas águas, e a terra resplandeceu por todas as suas instituições e todos os seus estatu-
causa da Sua glória . tos e os cumpram.
3 O aspec to da visão que ti ve era como o da 12 Esta é a lei do templo; sobre o c imo do
visão que eu tivera, quando vim destruir a cida- monte, todo o seu li mite ao redor será santíssi-
de; e era m as visões como a que tive junto ao rio mo; eis que esta é a lei do templo.
Quebar; e me prostrei, rosto em terra. 13 São estas as medidas do altar, em côva-
4 A glória do SENHOR entrou no te mpl o pela dos, sendo o côvado de côvado comum e quat ro -4 ~
porta que olha pa ra o oriente . dedos ; a base será de um côvado de altura e um
5 O Espírito me levantou e me levou ao átrio côvado de largura, e a sua borda, em todo o seu
interior; e eis que a glória do SENHOH enchia o contorno, de qu atro dedos ; esta é a base do altar.
templo. 14 Da base, na linha da terra , até à fi ada do
6 E ntão, ouvi uma voz que me foi dirigida do fundo, dois côvados, e de la rgura, um côvado; da
interior do templo, e o homem se pôs de pé junto fiada pequena até à fiad a gra nde , quatro côva-
a mim , e o SEN HOR me disse : dos , e a largura, um côvado .
7 Filho do homem , este é o lugar do M eu 15 A lareira, de quatro côvados de altura; el a
trono, e o luga r das plantas dos Meus pés, onde lareira para cim a se projetarão quatro chifres.
habitarei no meio dos filhos de Israel para sem- 16 A lareira terá doze côvados de comprimen-
pre; os da casa de Israel não contaminarão mai s to e doze de la rgura, quadrada nos quatro lados.
o Meu nome santo, nem eles nem os seus reis, 17 A fi ada terá catorze côvados de compri-
com as suas prostitu ições e com o cadáve r dos mento e catorze de largura, nos seus quatro lados;
seus reis , nos seus monumentos, a borda ao redor dela, de meio côvado; e a base
8 pondo o seu limiar junto ao Me u li- ao redor do altar se projetará um côvado; os seus
mi ar e a sua ombreira, junto à Minha ombrei- degraus olh arão para o oriente.
ra, e h ave ndo uma parede e ntre Mim e eles. 18 E o SE NHOH me disse: Filho do homem ,
Contaminaram o Meu santo nom e com as suas assim di z o SEN HOH Deus: São estas as deter-
abomin ações que faziam ; por isso, Eu os con- minações do altar, no dia em que o farã o, para
sumi na Minha ira. oferecerem sobre ele holocausto e para sobre ele
9 Agora, la ncem eles pa ra longe de Mim a aspergirem sangue.
sua prostituição e o cadáver dos seus re is, e ha- 19 Aos sacerdotes levitas , que são da descen-
bitare i no meio de les para sempre. dência de Zadoque, que se chegam a M im , di z o
lO Tu , pois , ó filho do homem , mostra à casa SENHOH Deus, para Me servi rem , da rás um no-
de Israel este te mplo, para que ela se e nvergonhe vilho para oferta pelo pecado.
das suas iniquidades ; e meça o mode lo. 20 Tomarás elo seu sa ngue e o porás sobre
11 Envergonhando-se eles de tudo quanto os quatro chi fres do altar, e nos quatro ca n-
prati caram , fa ze-lhes saber a planta desta casa tos da fiada, e na borda ao redor; ass im, farás a

798
EZEQUIEL 43:11

purificação e a expiação . em holocausto ao SEN HOH.


21 Então, tomarás o novilho da oferta pelo 25 Dura nte sete dias, prepara rás cada d ia
pecado, o qua l será queimado no luga r da casa um bode para oferta pelo pecado; ta mbém pre-
para isso designado, fora do santuário. para rão um novilho e, do reban ho, um carnei-
22 No segundo dia, oferecerás um bode sem ro se m defeito.
defeito, oferta pelo pecado; e purificarão o altar, 26 Por sete di as, expiarão o altar e o purifi-
como o purificara m com o novilho. carão; e, assim, o consagrarão.
23 Aca bando tu de o purifi car, oferecerás um 27 Te ndo eles cumprido estes dias, será que,
novilho sem defeito e, do rebanho, um carneiro ao oitavo dia, dali e m diante, prepararão os sa-
sem defe ito. cerdotes sobre o altar os vossos holocaustos e as
24 Oferecê-los-ás perante o SENHOH; os sa- vossas ofertas pacíficas; e Eu vos serei propício,
cerdotes deitarão sa l sobre eles e os oferecerão di z o S EN H OH Deus.

1. À porta. Ver com. de Ez 42:15. sido sepultado n a área do templo. Vá rios


2. Do caminho do oriente, vinha. deles foram sepultados perto dali, na colina
O profeta tinha visto a glória divina sair atra- a sudeste (ver 1Rs 2: 10; 11:43; 22 :50; etc.).
vés da porta leste ou oriental do antigo tem- A LXX diz: "Ou pelos assass in atos de se us
plo (Ez 10:18, 19; 11:1, 23). príncipes no meio deles", o que talvez reflita
Ruído de muitas águas. Ver Ap 1:15; o pensamen to que o profeta pretend e u
14:2; 19:6. transmitir.
3. Da visão que tive. Ver Ez 1:4-28; 8. Uma parede entre. Era ape n as
3: 12, 23; 10:15, 22. As várias revelações um a parede que separava o templo do palá-
da glória de Deus para o profeta tiveram cio . Não havia provisão para um át rio exte- ~ ~
características semelhantes. rio r, como na nova p la nta (Ez 40: 17, 20 ,
Vim destruir. As visões anteriores anun- 3 1,34,37).
ciavam a destruição de Jerusalém . 9. Lancem eles [... ] a sua prostitui-
5. Enchia o templo. Com respeito a ção. Este era um pré-requisito indi spensá-
evento semelhante relacionado aos santuá- vel para que Yahweh habitasse entre o povo.
rios anteriores, ver Êx 40:34, 35; 1Rs 8: lO, 11. 10. Mostra à casa. Quando vissem a
6. Ouvi. A voz era, sem dúvida, a de Deus. revelação do amor de Deus nos gloriosos pla-
Ela veio do templo, enquanto o "homem" ficou nos para o novo templo e para seu restabe-
junto ao profeta no átrio interior. lecimento como nação, os fi lhos de Israel
7. Este é o lugar do Meu trono. No deviam se envergonhar "das suas iniquida-
hebraico, não existem as pa lavras "este é", des", deixa ndo-as. Deus desejava que consi-
mas a posição enfática do termo trad uzido de rassem cuidadosa mente Seu plano, a fim
como "o lugar do" requer esta adição. de que isso se torn asse para eles um incen-
Com as suas prostituições. O templo tivo para abandonar os m aus caminhos e
a nterior havia sido contamin ado pela adora- ace itar as novas provisões.
ção a ídolos praticada dentro de seus recintos 11. E nvergonhando-se eles. Se os
(2 H.s 16:11-16; 21:4 -7). Alguns acham q ue a judeus mostrassem interess e nos planos e
referência aqui seja à prostituição literal (2 Rs evidenciassem mudança de coração, o pro -
23:7; cf. 1Rs 14:24; 15:12). feta não apenas devia revelar cada deta lhe
O cadáver de seus reis. Não há evi- do plano, mas escrevê-lo "na sua presenç a",
dência histórica de que algum rei tenha para que eles o guardasse m.

799
43:12 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

O tabernáculo e, mais tarde, o templo era feito de bronze e tinha 20 côvados de lado
foram a habitação de Deus entre o povo esco- e dez de altura (2Cr 4:1). No tabernáculo ,
lhido. A reconstrução do templo representava ele era feito de madeira de acácia, coberto de
a restituição de Seu propósito de atuar por bronze e tinha dimensões bem menores: cinco
meio de Israel para a salvação do mundo (ver côvados de lado e três de altura (Êx 27:1 ).
p. 13-17). Se Israel se envergonhasse da histó- Segundo o Mishnah, o altar do templo de
ria passada de transgressão a ponto de estar Herodes repousava sobre uma base de 32
disposto, como nação, a seguir em frente com o côvados de lado e era feito de pedra bruta.
propósito divino, tudo o que Ezequiel predisse O altar (p. 789, Q), que ficava diante do
certamente se cumpriria (ver com. de Ez 40:1). templo, no centro do átrio interior, tinha uma
12. Esta é a lei. A mesma fórmula foi escadaria (Ez 43: 17), diferentemente do antigo
usada na conclusão e no sobrescrito das (ver Êx 20:26). Esta ficava no lado leste, pro-
leis levíticas do código sacerdotal (ver L v vavelmente para que o sacerdote que fazia o
6:9, 14; 7:1, 37; 11:46; 12:7; 13:59; 14:54; sacrifício ficasse de costas para o sol nascente,
15:3 2). A referência parece ser a todas as a fim de que não pudesse haver qu alquer
instruções precedentes. sugestão de adoração ao Sol (sobre a aversão
13. As medidas do altar. Os v. 13 a 17 divina à adoração ao Sol, ver com. de Ez 8: 16).
dão a descrição do altar identificado no v. 18 18. As determinações do altar. Os
como o altar de holocaustos . Emprega-se o v. 18 a 27 descrevem as cerimônias a serem
mesmo côvado longo usado para a medição do realizadas em conexão com a consagração
edifício (ver com. de Ez 40:5). O altar repou- do altar. Elas não representam os regula-
sava sobre uma base de um côvado (cerca mentos gerais para a adoração sacrifica! que
de 50 em) de altura. Em cima da base havia deveriam ser observados posteriormente.
sucessivas saliências, sendo cada uma delas Os santuários anteriores também tiveram
um côvado menor. A última saliência, a lareira, cerimônias especiais de dedicação antes de
era um quadrado de 12 côvados (6,3 m) de o altar ser posto em uso (Êx 29: 1-46; Lv 8: ll-
lado e quatro côvados (cerca de dois metros) 33; 1Rs 8:63-66; 2Cr 7:4-10).
de altura. O material do qual ela era feita não 19. Descendência de Zadoque. Ver
é especificado. O altar no templo de Salomão com. de 2Sm 8:17.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

2- PE, 34, 285

CAPÍTULO 44
1 A porta leste reservada apenas para o príncipe. 4 A reprovação dos sacerdotes por
poluírem o santuário. 9 Os idólatras ficam incapacitados para o ofício do sacerdócio.
15 Os filhos de Zadoque são aceitos nesse ofício. 17 Ordenanças para os sacerdotes.

1 Então, o homem me fez voltar para o cami- 2 Disse-me o SENHOR: Esta porta permane-
nho da porta exterior do santuário , que olha para cerá fechada, não se abrirá; ninguém entrará por ~ ~
o oriente, a qual estava fechada. ela, porque o S E NHOR, De us de Israel, entrou por

800
EZEQUIEL 44 :1

ela; por isso, permanecerá fechada. l3 Não se chegarão a Mim, para M e serv i-
3 Quanto ao príncipe, ele se assentará ali por rem no sacerdócio, nem se chegarão a nenhuma
ser príncipe, para comer o pão diante do SENHOR; de todas as Minhas coisas sagradas, que são san-
pelo vestíbulo da porta entrará e por aí mesmo sairá. tíssimas, mas levarão sobre si a sua vergonha e as
4 Depois, o homem me levou pela porta suas abominações que cometeram.
do norte, diante da casa ; olhei, e eis que a gló- 14 Contudo, Eu os encarregarei da guarda
ria do SENHOR enchia a Casa do SENHOR; então, do templo, e de todo o serviço, e de tudo o que
caí rosto em terra. se fizer nele.
5 Disse-me o SENHOR: Filho do homem, nota 15 Mas os sacerdotes levitas, os filhos de
bem, e vê com os próprios olhos, e ouve com os Zadoque, que cumpriram as prescrições do Meu
próprios ouvidos tudo quanto Eu te disser de todas santuário, quando os filhos de Israel se extravia-
as determinações a respeito da Casa do SENHOR e ram de Mim , eles se chegarão a M im, para Me
de todas as leis dela; nota bem quem pode entrar servirem , e estarão dian te de Mim, para Me ofe-
no templo e quem deve ser excluído do santuário. recerem a gordura e o sangue, diz o SENHOR Deus.
6 Dize aos rebeldes, à casa de Israel: Assim 16 Eles entrarão no Meu santuário, e se che-
diz o SENHOR Deus: Bastem-vos todas as vossas garão à Minha mesa, para Me servirem, e cum-
abominações, ó casa de Israel! prirão as Mi nhas prescrições.
7 Porquanto introduzistes estrangeiros, in- 17 E será que, quando entrarem pelas por-
circuncisos de coração e incircuncisos de carne, tas do átrio interior, usarão vestes de linho; não
para estarem no Meu santuário, para o profana- se porá lã sobre eles, quando servirem nas por-
rem em Minha casa, quando ofereceis o Meu tas do átrio interior, dentro do templo.
pão, a gordura e o sangue ; violastes a M inha 18 Tiaras de linho lhes estarão sobre a cabe-
aliança com todas as vossas abominações. ça, e calções de linho sobre as coxas; não se cin-
8 Não cumpristes as prescrições a respeito girão a ponto de lhes vir suor.
das Minhas coisas sagradas; antes, constituístes 19 Saindo eles ao átrio exterior, ao povo,
em vosso lugar estrangeiros para exec utarem o despirão as vestes com que ministraram , pô-
serviço no Meu santuário. las-ão nas santas câmaras e u sarão outras
9 Assim diz o SENHOR Deus: Nenhum es- ves tes, para que, com as suas ves tes, não san-
trangeiro que se encontra no meio dos filhos de tifiquem o povo.
Israel, incircunciso de coração ou incircunciso 20 Não raparão a cabeça, nem deixarão crescer
de carne, entrará no Meu santuário. o cabelo; antes, como convém, tosquiarão a cabeça.
1O Os levitas, porém, que se apartaram para 21 Nenhum sacerdote beberá vinho quando
longe de Mim, quando Israel andava e rrado , que entrar no át rio interior.
andavam transviados, desviados de Mim, para 22 Não se casarão nem com viúva nem com
irem atrás dos seus ídolos, bem levarão sobre si repudiada, mas tomarão virgens da linhagem da
a sua iniquidade. casa de Israel ou viúva que o for de sacerdote .
11 Contudo, eles servirão no Meu santuário 23 A Meu povo ensinarão a distinguir entre
como guardas nas portas do templo e ministros o santo e o profano e o farão discernir entre o
dele; eles imolarão o holocaus to e o sacrifício imundo e o limpo.
para o povo e estarão perante este para lhe servir. 24 Quando houver contenda, eles assisti rão a
12 Porque lhe ministraram diante dos seus ela para a julgarem; pelo Meu direito julgarão; as
ídolos e serviram à casa de Israel de tropeço de Minhas leis e os Meus estatutos em todas as fes-
maldade; por isso, levantando a mão, jurei a res- tas fixas guardarão e santificarão os Meus sábados.
peito deles , diz o SENHOR Deus, que eles leva- 25 Não se aproximarão de nenhuma pessoa
rão sobre si a sua iniquidade. morta, porque se contaminariam; somente por

801
44:1 C OM ENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

~ i" pai , ou mãe, ou filho, ou filha, ou irmão, ou por 29 A oferta de manjares, e a ofert a pelo pe-
irmã que não tiver marido, se poderão contaminar. cado, e a pela culpa eles comerão; e toda coisa
26 Depois de ser ele purificado, contar-se- consagrada em Israel será deles .
lhe-ão sete dias. 30 O melhor de todos os primeiros fru tos de
27 No dia em que ele entrar no lugar santo, toda espécie e toda oferta serão dos sacerdotes;
no átrio interior, para ministrar no lugar san- ta mbém as primeiras das vossas massas dareis
to, apresentará a sua oferta pelo pecado , diz o ao sacerdote , para que faça repousar a bênção
S ENH OR Deus. sobre a vossa casa.
28 Os sacerdotes terão uma herança; Eu sou a 31 Não comerão os sacerdotes coisa alguma
sua herança. Não lhes dareis possessão em Israel; que de si mesma haja morrido ou tenha sido di -
Eu sou a sua possessão. lacerada de aves e de animais.

I. O homem me fez voltar. Isto é, do lhes era p ermitido oferecer sacrifícios


átrio interior (ver Ez 43:5). (Nm 15:14, 26, 29).
Porta exterior do santuário. A refe- 8. Não cumpriste as prescrições. Em
rência é à porta de entrada para todo o com- vez de cumprirem as prescrições do templo
plexo do santuário (ver p. 789, B). como haviam sido instruídos, os levitas con-
2. Entrou por ela. Ver Ez 43:4. Por trataram servos dentre os estrangeiros e per-
ter sido santificada pela presença divina, mitiram que estes entrassem no átrio do
esta porta não seria usada para o propósito templo, quer fossem adoradores de Deus ou
comum de entrada do povo. não (Js 9:27; Ed 8:20; cf. Nm 16:40; Zc 14:21).
3. Ao príncipe. Isto é, o governante 9. Nenhum estrangeiro. A precaução
civil do futuro reino. Os rabis atribuíam tinha o objetivo de impedir a profanação do
esta passagem ao Messias, mas Jesus Cristo templo posteriormente.
não podia ser o príncipe aqui mencionado. 10. Os levitas. Os v. 10 a 14 descrevem
O príncipe traria uma oferta pelo pecado os deveres oficiais dos levitas na nova eco-
em seu próprio favor (Ez 45:22), teria filhos nomia. Por causa da apostasia e da idolatria,
(Ez 46:1 6) e prestaria adoração oferecendo os levitas seriam rebaixados e perderiam seu
sacrifícios (Ez 46:2). exaltado privilégio de ministrar no altar.
Para comer o pão. Sem dúvida, uma 15. Filhos de Zadoque. Sobre o con-
referência a refeições sacrificais como as que texto histórico do sacerdócio zadoquita, ver
acompanhavam certas ofertas (ver Êx 18:12; com. de 2Sm 8: 17; cf. Ez 40:46.
Lv 7: 15; Dt 12:7, 18). 17. Vestes de linho. Ver Êx 28:40-43;
4. Pela porta do norte. Já que sua posi- 39 :27-29; Lv 6: 10.
ção é descrita como "diante da casa", isto é, 19. Despirão as vestes. O s sacerdo-
na frente dela, esta deve ter sido a porta inte- tes deviam usar as vestes sacerdotais ape-
rior norte (p. 789, I). nas quando empenhados no serviço do
Glória do SENHOR. Ver com. de Ez templo. Foram feito s edifícios especiais
43:2- 5. (p. 789, T, T) perto do templo para eles troca-
7. Estrangeiros. Os estrangeiros que rem a roupa antes e depois de ministrar no altar
viviam em Israel tinham permissão para (Ez 42:13, 14).
tomar parte na Páscoa e em outros ritos 20. Não raparão a cabeça. Ver Lv 21: 1-5;
religiosos caso se submetessem à circun- Dt 14:1. Era prática dos pagãos egípcios
cisão (Êx 12:48). E m certas circunstâncias rapar a cabeça. Esta foi , provavelmente,

802
EZEQUIEL 44:31

uma das razões pelas quais foi feita essa proi- falta[va] o conhecimento" (Os 4:6). Isto não
bição para os sacerdotes do Senhor. Eles não devia se repetir no novo sistema. O cristão
deviam deixar o cabelo comprido, como os recebe individualmente essas instruções
estrangeiros, mas deviam cortá-lo e mantê- por meio do estudo da Palavra e de pessoas
lo em ordem. Só lhes era permitido deixar o que ensinam a Palavra. Cada dia ele deve
cabelo crescer enquanto estavam sob o voto acrescentar conhecimento espiritual a seu
de nazireu (Nm 6:5; cf. Lv 10:6; 21:10). fundo de reserva e praticar a nova luz. Uma
21. Vinho. Ver Lv 10:9; Josefo, Antigui- mudança de coração sempre é acompanhada
dades, iii.12.2. por clara convicção do dever espiritual.
22. Viúva. De acordo com a lei levítíca, 24. Para a julgarem. Este havia sido
havia uma distinção entre o sumo sacerdote e o encargo anterior deles no antigo sistema
os sacerdotes comuns no que dizia respeito às (Dt 33:10).
leis de casamento e luto. O sacerdote comum 25. De nenhuma pessoa morta. Este
não podia se casar com mulher divorciada regulamento se assemelhava ao antigo (ver
~ ~ (Lv 21:7) mas, aparentemente, podia se casar Lv 21:1-3).
com viúva, enquanto o sumo sacerdote não 28. Uma herança. A ordem das ofer-
podia se casar com mulher divorciada nem tas também refletia a antiga lei. Havia cla-
com viúva, mas apenas com uma virgem de ras instruções acerca das ofertas de manjares
Israel (Lv 21:14). Nesta passagem, o casamento e das ofertas pelo pecado e pela culpa (ver
do sacerdote comum com uma viúva é vetado. Lv 2:3; 6:25, 29; 7:6, 7; sobre o campo con-
23. A Meu povo ensinarão. Os sacer- sagrado, ver Lv 27:21; sobre as primícias,
dotes deviam ser os ensinadores do povo para ver Êx 23:19; 34:26; Nm 18:13; Dt 18:3, 4;
que este conhecesse a verdade e se preser- acerca dos sacrifícios pacíficos especiais, ver
vasse da apostasia. A instrução é essencial Nm 15:19-21; 18:19). Os sacerdotes do novo
para o crescimento espiritual. Não pode templo tinham um local de residência na
haver verdadeiro crescimento a menos que "porção santa da terra" (Ez 45:1-5).
haja contínuo avanço no conhecimento. No 31. Que de si mesma haja morrido.
passado, Israel fora "destruído, porque lhe Ver Lv 17:15; 22:8; Dt 14:21.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

10 - Ev,512 23, 24 - T1, 195

CAPÍTULO 45
1 A porção da terra para o santuário, 6 para a cidade e
7 para o príncipe. 9 Ordenanças para o príncipe.

l Quando, pois, repartirdes a terra por sortes em ela será santa em toda a sua extensão ao redor.
herança, fareis uma oferta ao SENHOR, uma porção 2 Será o santuário de quinhentos côvados
santa da terra; o comprimento desta porção será de com mais quinhentos, em quadrado, e terá em
vinte e cinco mil côvados, e a largura, de dez mil; redor uma área aberta de cinquenta côvados.

803
45: I COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

3 Desta porção santa medirás vinte e cinco 14 A porção determinada de azeite será a dé-
mil côvados de comprimento e dez mil de lar- cima parte de um bato de cada coro; um coro,
gu ra; ali estará o santuário, o lugar santíssimo. como o ômer, tem dez batas.
4 Este será o lugar santo da terra; ele será para 15 De cada rebanho de duzentas cabeças , um
os sacerdotes, ministros do santuário, que dele se cordeiro tirado dos pastos ricos de Israel; tudo
aproximam para servir ao SENHOR, e lhes servi- para oferta de manjares, e para holocausto, e para
rá de lugar para casas; e, como lugar santo, per- sacrifício pacífico; para que façam expiação pelo
tencerá ao santuário. povo, diz o SENHOR Deus.
5 Os levitas, ministros da casa, terão vinte e 16 Todo o povo da terra fará contribuição,
cinco mil côvados de comprimento e dez mil de para esta oferta, ao príncipe em Israel.
largura, para possessão sua, para vinte câmaras. 17 Estarão a cargo do príncipe os holocaus-
6 Para a possessão da cidade, de largura da- tos, e as ofertas de manjares, e as libações , nas
reis cinco mil côvados e vinte e cinco mil de com - Festas da Lua Nova e nos sábados, em todas as
primento defronte da porção santa, o que será festas fixas da casa de Israel; ele mesmo proverá
para toda a casa de Israel. a oferta pelo pecado, e a oferta de manjares, e o
7 O príncipe , porém, terá a sua parte deste holocausto, e os sacrifícios pacíficos, para fazer
e do outro lado da santa porção e da possessão expiação pela casa de Israel.
da cidade, diante da santa porção e diante da 18 Assim diz o SENHOR Deus: No primeiro
possessão da cidade, ao lado ocidental e orien- mês, no primeiro dia do mês, tomarás um novi-
tal; e o comprimento corresponderá a uma das lho sem defeito e purificarás o santuário.
porções, desde o limite ocidental até ao limi- 19 O sacerdote tomará do sangue e porá dele
te oriental. nas ombreiras da casa, e nos quatro cantos da fiada
8 Esta terra será a sua possessão em Israel; do altar, e nas ombreiras da porta do átrio interior.
~ I> os Meus príncipes nunca mais oprimirão o Meu 20 Assim também farás no sétimo dia do mês,
povo; antes, distribuirão a terra à casa de Israel, por causa dos que pecam por ignorância e por
segundo as suas tribos. causa dos símplices; assim, expiareis o templo.
9 Assim diz o SEN HOR Deus: Basta, ó prín- 21 No primeiro mês, no dia catorze do mês, te-
cipes de Israel; afastai a violência e a opressão e reis a Páscoa, festa de sete dias; pão asmo se comerá.
praticai juízo e justiça: tirai as vossas desapropria- 22 O príncipe, no mesmo dia, por si e por
ções do Meu povo, diz o SENHOR Deus. todo o povo da terra, proverá um novilho para
lO Tereis balanças justas, efa justo e bato justo. oferta pelo pecado.
11 O efa e o bato serão da mesma capacida- 23 Nos sete dias da festa , preparará ele um
de, de maneira que o bato contenha a décima holocausto ao SENHOR, sete novilhos e sete car-
parte do ômer, e o efa, a décima parte do ômer; neiros sem defeito, cada dia durante os sete dias;
segundo o ômer, será a sua medida. e um bode cada dia como oferta pelo pecado.
12 O siclo será de vinte geras. Vinte siclos, 24 Também preparará uma oferta de man-
mais vinte e cinco siclos, mais quinze sidos serão jares: para cada novilho, um efa, e um efa para
iguais a uma mina para vós. cada carneiro, e um him de azei te para cada efa.
13 Esta será a oferta que haveis de fazer: de 25 No dia quinze do sétimo mês e durante os
trigo, a sexta parte de um efa de cada ômer, e sete dias da festa, fará o mesmo: a mesma ofer-
também de cevada, a sexta parte de um efa de ta pelo pecado, o mesmo holocausto, a mesma
cada ômer. oferta e a mesma porção de azeite.

804
EZEQUIEL 45:18

1. Repartirdes [... ]por sortes. O signi- 6. Toda a casa de Israel. Esta porção,
ficado parece ser o de repartir por quotas. que tinha o mesmo comprimento, mas só a
Na verdade, a cada tribo foi designada uma metade da largura das outras, devia prover
porção definida (Ez 48: l-29). ali mento para os que "trabalham na cidade"
Uma oferta. Do heb. terurnah, literal- (Ez 48: 18).
mente, "algo levantado", sendo "uma oferta", 7. O príncipe. A porção do príncipe
"um presente" ou "uma contribuição". incluía toda a terra a leste e a oeste da porção
Pequena parte desta "porç ão santa da terra" santa, presumivelm ente até o Mediterrâneo
devia ser ocupada pelo santuário, e o res- a oeste e até o Jordão e o Mar Morto a leste.
tante, dado aos sacerdotes e levitas. A teru- 9. Tirai as vossas desapropriações.
rnah ainda é descrita em Ezequiel48:8 a 22. Os v. 9 e lO são uma exortação aos prín-
Côvados. Esta palavra foi acrescentada. cipes para observarem a justiça em seu
A questão é se a referência é a "canas" (ver procedimento.
ARC) ou a "côvados". Se a referênci a for a 11. Sua medida. Ver Lv 19:35, 36; Dt
"canas", a área não poderia ser encaixada 25:13-15; Pv 16:11 ; Os 12:7; Am 8:5; Mq 6:10.
entre o Mediterrâneo e o Jordão. O com- O efa era usado para medida de secos, e o
primento seria de mais de 80 quilômetros. bato, para medida de líquidos. Aqui é dito
"Côvados" parece mais razoável e mais den- que eles têm a mesma capacidade e equiva-
tro da proporção dos quinhões das tribos. lem à décima parte do ômer. Em equivalen-
Dez mil. Isto seria cerca de cinco qui- tes modernos, um efa ou um bato seria cerca
lômetros . A área total, descrita nos v. l a 6, de 22litros (vervol. l, p. 145).
era de 25 mil côvados quadrados (l l km 2) . 12. O sido. Ver Êx 30:13.
Esta era composta de três porções: lO mil Mina. Uma transliteração do heb. rnaneh.
(Ez 48:13) ao norte para os levitas ; lO mil Em outras passagens, rnaneh é sempre tradu-
(Ez 48:10) no meio para os sacerdotes, no zido como "arrátel" (lRs 10:17; Ed 2:69; Ne
centro dos quais estava o santuário; e os 7:71, 72). Um maneh ou uma mina equiva-
restantes 5 mil (Ez 48: 15 ) para "o uso civil lia a 50 siclos (ver vol. l, p. 142 , 144, 145).
da cidade, para habitação e para arredores". O texto hebraico desta passagem é obscuro.
2. Terá em redor [... ] cinquenta 13. A oferta. Os v. 13 a 15 descrevem o
côvados. O templo estava situado num átrio imposto a ser pago, presumivelmente ao prín-
~ ... de 500 côvados quadrados (ver com. de Ez cipe (ver v. 16), que, por sua vez, forn eceria
40:5). Aqui uma faixa de terra de 50 côva- as ofertas sacrificais requeridas.
dos de largura (26 m) é deixada do lado de 17. Proverá. Do heb. 'asah, usado aqui
fora, ao redor do muro exterior, para ajudar no sentido de "fornecer" ou "prover". O prín-
a impedir sua profanação. cipe ficava responsável por fornecer as ofer-
Uma área aberta. Ver com. de Nm 35:2. tas para os vários sacrifícios das fest as.
3. Desta porção. Ver com. do v. l. 18. No primeiro mês. A partir do v. 18,
4. Para os sacerdotes. Este versículo des- até o v. 15 do cap. 46 , é desc rito o ritual
creve o domínio dos sacerdotes (ver Ez 48: l 0). sacrificai a ser seguido em ocasiões espe-
5. Os levitas. O espaço dos levitas fic ava ciais. H á algumas diferenças em relação à lei
ao norte em relação ao dos sacerdotes e devia mosaica. Não é mencionado o Pentecostes
ser do mesmo tamanho (ver Ez 48:13). nem o Dia da Expiação. Mas é especulação
Para vinte câmaras. A LXX diz: "cida- dizer que esses aspectos cerimoniais esta-
des nas quais habitar", o que faz mais sentido. riam totalmente ausentes do novo ritual.

805
45:19 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

2 5 mil côvados I I ·m

lt
o
""e
'B Porção para
os levitas
E
c

I~
PorçJo para o príncipe
lt
(a té a fronteira oeste)
Templo 250m!
Porção para D os sace rdotes
E 500 côvados
o
quadrados

I~
CIDADE
Terras de cu lti vo 4 ,5 mil Terras de cuhivo
para a cidade côvndos 2 pam u cidade

A "PORÇÃO SANTA''
Ver com. ele Ez 45:1-7; 48:8 -2 1

19. Tomará do sangue. Segundo a 21. Páscoa. Os regulamentos quanto à


lei mosaica, no Dia da Expiação, o san- observância da Páscoa eram semelhantes aos
gue das ofertas pelo pecado era aspergido da lei mosaica, mas com ofertas em maior
sobre o propiciatório e diante dele, den- número (Êx 12:6; Lv 23:5-8; Nm 28:16-25).
tro do véu (Lv 16:14, 15). De acordo com 25. Sétimo mês. A referência é à Festa
o novo ritual, no que diz respeito à ceri- dos Tabernáculos (Êx 23:16; 34:22; Lv 23:34;
mônia d e purificação, o san gue era posto Dt 16:13, 16). Alguns afirmam que a razão
"nas ombreiras da casa, e nos quatro can- pela qual a festa não é mencion ada aqui por
tos da fi ada do altar, e nas ombreiras da esse nome é que o costume de habitar em
porta do át rio interior". tendas seri a descontinuado. Os sacrifícios
20. Símplices. Do heb. petlú, "inexpe- são em número menor do que os requeridos
riente". na lei mosaica (Nm 29:12-38).

CAPÍTULO 46
1 Ordenanças para o príncipe em sua adoração e 9 para o povo. 16 U11ta ordem
quanto à herança do príncipe. 19 Os átrios para cozer e assar.

I Assim diz o SENHOR Deus: A porta do átrio in- os sacerdotes prepa rarão o holocausto dele e os
terior, que olha para o oriente, estará fechada duran- seus sacrifícios pacíficos, e ele adorará no limiar da
te os seis dias que são de trabalho; mas no sábado porta e sairá; mas a porta não se fechará até à tarde.
ela se abrirá e ta mbém no dia da Festa da Lua Nova. 3 O povo da terra adorará na e ntrada da
2 O príncipe entrará de fora pelo vestíbulo da mesma porta, nos sábados e nas Festas da Lua
porta e permanecerá junto da ombreira da porta; Nova, diante do SENHOR.

806
EZEQUIEL 46: I

4 O holocausto que o príncipe oferecer ao a terça parte de um him , para misturar com a flor
SENHOR serão, no dia ele sábado, seis cordeiros ele farinha. Isto é estatuto perpétuo e contínuo.
sem defeito e um carneiro sem defeito. 15 Assim prepararão o cordeiro, e a oferta de
5 A oferta de manjares será um efa para cada manjares, e o azeite, manhã após manhã, em ho-
carneiro; para cada cordeiro, a oferta ele manja- loca usto contínuo.
res será o que puder dar; e de azeite, um him 16 Assim diz o SENHOR Deus : Quando o prín-
para cada efa. cipe der um presente de sua herança a alguns ele
6 Mas , no dia da Festa ela Lua Nova, será um seus filhos, pertencerá a estes; será possessão
novilho sem defeito e seis cordeiros e um carnei- deles por herança.
ro; eles serão sem defeito. 17 Mas , dando ele um presente ela sua he-
7 Preparará por oferta de manjares um efa rança a algu m dos seus servos, será des te até ao
para cada novilho e um efa para cada carneiro, ano da liberdade; então, tornará para o príncipe,
mas, pelos cordeiros , segundo puder; e um him porque a seus filhos, somente a eles, pertence-
de azeite para cada efa. rá a herança.
8 Qua ndo entrar o príncipe, entrará pelo ves- 18 O príncipe não tomará nada ela heran ça do
tíbulo da porta e sairá pelo mesmo caminho. povo, não os esbulhará da sua possessão; da sua
9 Mas , quando vier o povo da terra perante o própria possessão deixará herança a seus filhos,
SENHOR , nas fest as fixas, aquele que entrar pela para que o Meu povo não seja retirado, cada um
porta do norte, para adorar, sairá pela porta do da sua possessão.
su l; e aquele que entrar pela porta do sul sairá 19 Depois disto, o homem me trou xe, pel a
pela porta do norte; não tornará pela porta por en trada que estava ao lado da porta, às câmaras
onde entrou, mas sairá pela porta oposta. santas elos sacerdotes, as quais olhavam para o
10 O príncipe entrará no meio deles, quando norte; e eis que ali havia um lugar nos fundos ex-
eles entrare m; em saindo eles, ele sairá. tremos que olham para o ocidente.
11 Nas solenidades e nas festas fixas, a ofer- 20 Ele me disse: Este é o lugar onde os sacer-
ta de manjares será um efa para cada novilho dotes cozerão a oferta pela culpa e a oferta pelo
e um para cada carneiro; mas, pelos cordei- pecado e onde cozerão a oferta ele manjares, para
ros, o que puder dar; e de azeite, um him para que não a tragam ao átrio exterior e assim san-
cada efa. tifiquem o povo.
12 Quando o príncipe preparar holocausto 21 Então, me levou para fora , para o átrio
ou sacrifícios pacíficos como oferta voluntária exterior, e me fez passar aos quatro cantos do
ao SE NHOR, então, lhe abrirão a porta que olha átrio; e eis que em cada canto do átrio havia
para o oriente, e fará ele o seu holocausto e os outro átrio.
seus sacrifícios pacíficos, como costuma fa ze r no 22 Nos quatro cantos do átrio havia átrios pe-
dia ele sábado; e sairá, e se fec hará a porta ele- quenos, menores, de quarenta côvados de com-
pois ele ele sair. primento e trinta de largura; estes quatro cantos
l3 Prepararás um cordeiro de um ano, sem tinham a mesma dimensão.
defeito, em holocausto ao SENHOR, cada dia; 23 Havia um muro ao redor dos átrios, ao redor
man hã após manhã, o prepararás. elos quatro, e havia lugares para cozer ao pé dos
14 Junta mente com ele, prepa rarás, manhã muros ao redor.
f2 "" após manhã, uma oferta de manjares para o 24 E me di sse: São estas as cozinhas , onde os
SENHOR, a sex ta parte de um efa e, de azei te, ministros do templo cozerão o sacrifício do povo.

807
46:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

1. A porta do átrio interior. Um a mas a sair pela porta do lado oposto ao qu e


santidade especial era atribuída à porta haviam entrado.
leste interior (p. 789, H; ver os regulamen- 10. No meio deles. O significado parece
tos concernentes à porta leste exterior, em ser que, nas festividades anuais, o príncipe
Ez 44:1-3). devi a se misturar com o povo, unindo-se a
2. Ombreira da porta. Este era, pro- este no culto.
vavelmente, o umbral que ficava na extremi- 11. Nas solenidades. As proporções são
dade interior, ou seja, na extremidade oeste as mesmas que as apresentadas nos v. 5 e 7
da estrutura da porta. Deste ponto, o prín- e em Ezequiel45:24.
cipe podia observar os sacerdotes prepara- 12. Como oferta voluntária. Com
rem a oferta, mas não tinha permissão para respeito às ofertas voluntárias especificadas
entrar no átrio interior ou para auxiliar no pela lei de Moisés, ver Levítico 7:16; 22:18,
oferecimento dos sacrifícios. 21, 23; 23:38.
3. Na entrada. As pessoas que estives - 13. Manhã após manhã. Há uma
sem presentes nos sábados e nas luas novas significativa mudança no holocausto diá-
deviam prestar adoração no átrio exterior, rio. Ezequiel menciona apenas o sacrifício
próximo à porta interior. Não podiam da manhã, ao passo que na lei mosaica o
entrar na estrutura da porta, como o prín- sacrifício era oferecido pela manhã e à tarde
cipe, mas eram obrigadas a ficar só na (Nm 28:3-8). Seja como for, a oferta devia
entrada. ser de um cordeiro, como antes. A oferta de
4. No dia de sábado. A oferta elo sábado manjares acompanhante devia ser ligeira-
que o príncipe aqui recebe a ordem de ofe- mente aumentada. -. ~
recer é bem maior do que a requerida na lei 16. Der um presente. Os v. 16 a 18
mosaica, que exigia apenas dois cordeiros de apresentam regulamentos quanto às terras
um ano (Nm 28:9). que pertenciam ao príncipe. Duas seções
5. Oferta de manjares. Ver com. de lhe seriam designadas, uma de cada lado da
Lv 2:1. santa porção (Ez 45:7, 8).
6. Festa da Lua Nova. Ver Nm 28:11- 17. Ano da liberdade. Sem dúvida, o
15. Há uma diminuição no número de ani- ano do jubileu (Lv 25:8-17).
mais requeridos. 19. Havia um lugar. Quanto à localiza-
7. Oferta de manjares. Ver com. de Ez ção geral das cozinhas descritas nos v. 19 e 20,
46:5; cf. Nm 28:11-15. Há um considerável ver p. 789, U, U. As dimensões não são dadas.
aumento nas exigências. . 21. Havia outro átrio. Ver p. 789, V,
9. Festas fixas. É prescrito aqui um V, V, V
arranjo singular para os que fossem às fes- 22. Pequenos. O significado da palavra
tas solenes, às quais deviam estar presen- hebraica assim traduzida é incerto. A LXX
tes todos os homens (Êx 23:17; 34:23; Dt diz "um átrio pequeno".
16:16). Provavelmente, para ajudar a manter 24. Ministros do templo. Presumivel-
a ordem e também para evitar que as pes- mente, os levitas.
soas tivessem que se virar, pois elas foram Cozerão o sacrifício. Isto é, como pre-
instruídas a entrar pela porta norte ou sul, paro para a refeição sacrifica!.

808
EZEQUIEL 47:1

CAPÍTULO 47
1 A visão das águas santas. 6 A virtude presente nas águas.
13 As fronteiras da terra. 22 Sua divisão por porções.

Depois disto, o homem me fe z voltar à en- 11 Mas os seus c harcos e os seus pântanos não
tra da do te mplo, e eis que saíam águas de debaixo serão fe itos saudáveis; serão deixados para o sal.
do limi ar do templo, para o orie nte; porque a fac e 12 Junto ao rio, às ribanc eiras, de um e de
da casa dava para o oriente, e as águas vinham de outro lado, nascerá toda sorte ele árvore qu e dá
baixo, do lado direito da casa, do lado sul do altar. fruto para se comer; não fen ecerá a sua folha ,
2 E le me levou pela porta do norte e me fez nem faltará o seu fruto; nos se us meses, produ-
dar um a volta por fora, até à porta exteri or, que zirá novos frutos, porque as suas águas saem do
olha para o oriente; e eis que corriam as águas sa ntuário; o seu fruto servirá ele a limento, e a sua
ao lado direito. folha, de re médio.
3 Saiu aquele homem para o oriente, tendo 13 Assim diz o SENHOR Deu s: Este será o limi-
na mão um cordel de medir; m ediu mil côvados te pelo qual repartireis a terra em herança , segun-
e me fe z passar pelas águas, águas que me dava m do as doze tribos ele Israel. José te rá duas pa rtes .
p elos tornozelos. 14 Vós a repartireis em hera nças iguais , ta nto
4 Medi u mais mil e me fe z passa r pelas águas, para um como pa ra outro; pois jurei, leva ntando a
águas que me davam pelos joelhos; mediu mais mão, dá-la a vossos pais; assim , que esta mesma
mil e me fez passar pelas águas, águas que me terra vos cairá a vós outros em hera nça.
dava m p elos lombos. 15 Este será o limite da terra: elo lado norte,
5 Medi u ainda outros mil, e era já um rio que desde o ma r Grande, ca minho ele H e tlom, até à
eu não podia atravessar, porque as águas tinham entrada ele Zedacle,
cresc ido , águas qu e se deviam passar a nado, rio 16 Hamate, Berota, Sibraim (que estão e ntre o
p elo qu al não se podia passar. limite ele Da masco e o ele Ha mate), a cidade Hazer-
6 E m e disse: Viste isto, filho do homem? H aticom (que está junto ao limi te de Haurã).
Então, m e levou e me torn ou a tra ze r à mar- 17 Assim, o limite será desde o mar até
gem do rio. Hazar-Enom , o limite ele Da masco, e, na dire-
7 Te ndo eu voltado, eis qu e à marge m do rio ção elo norte, está o limite de H a mate ; este será
havia grande abund â ncia de á rvores, de um e de o lado elo Norte .
outro lado. 18 O lado elo oriente, entre H aurã, e Da masco,
8 Então, me disse: Es tas águas saem para a e Gileade, e a terra de Israel, será o Jordão; desde
região ori enta l, e descem à campina , e entram no o limite elo norte até ao mar do or ie nte, m edi reis ;
ma r Morto, cujas águas ficarão sa udáveis. es te será o lado elo oriente .
9 Toda criatura vivente que vive em enxa mes 19 O lado elo sul será desd e Tamar a té às
viverá por onde que r qu e passe es te rio, e haverá águas de Meribá-Cacles, junto ao ribeiro elo Egito
muitíssimo peixe, e, ao nde chega rem estas ág uas, até ao mar Grande; es te será o lado elo sul.
tornarão saudáveis as do mar, e t udo viverá por 20 O lado do ocide nte será o m ar Grande,
onde quer q ue passe es te rio . desde o limite do sul até à entrada ele Ham a te;
lO Ju nto a ele se ac harão p escadores; desde este será o lado elo ocide nte.
En-Gecli até En-Eglaim haverá luga r para se es- 21 Repar tireis, pois, es ta terra e ntre vós, se-
tende re m redes; o seu p eixe, segundo as suas gundo as tribos ele Israel.
espécies , será como o peixe elo ma r Grande, em 22 Será, porém, que a sorteareis para vossa he-
multidão excessiva . rança e para a dos estrangeiros que mora m no meio

809
47:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA.

de vós, que gerarem filhos no meio de vós; e vos 23 E será qu e, na trib o em que morar o es-
serão como naturais entre os filhos de Israel; convos- tran geiro, ali lhe dareis a sua hera nça, di z o
co entrarão em herança, no meio das tribos de Israe l. SENHOR Deus.

1. Entrada do templo. Isto é, a porta pode ser ilustrado pel a mesm a figura (ver
do templo. T7, 171, 172).
Saíam águas. Deve-se ter em mente Se a corrente de águas se originasse mira-
aqui o qu e foi dito com respeito à interpre- culosamente e fosse aumentando, fica ria
tação da visão do templo (ver com. de Ez como evidência perpétua do poder de um
40: 1). A visão era uma profecia ilustrativa D eus sempre pres ente que atua em favor
que d esc reve um sistem a literal. As con- de Seu povo. Tal demonstração seria seme-
dições são apresentadas da maneira como lhante à presença d a coluna de fogo e de
poderia m ter ocorrido, e parece haver pou- nuvem que acompanhava os israelitas em
cos motivos pa ra se interpretar de outra suas vagueações pelo deserto (Êx 13:21 , 22)
forma a linguagem , a não ser de maneira e ao maravilhoso fornecimento de água potá-
literal. Ezequiel não discute se esta corrente vel (Êx 17:1-7; etc .).
de águas fluía miraculosamente ou se era 2. Porta do norte. Possivelm ente , por-
alim entada por várias fontes ou por outras que a porta leste interior era reservada para
correntes de água. Sua responsabilidade era o príncipe (Ez 46: 1-8) e a porta leste exterior
simplesmente descrever o que vi a . O signi - era fechada (E z 44:1, 2; sobre a porta exte-
ficado deve ter ficado razoavelm ente claro rior, ver com. de Ez 42:1 ).
para os isra elitas. A abundância de água , 3. Pelas águas. As medições descritas
como retratada aqui, era sinal de chuvas ade- nos v. 3 a 6 retratam vividamente o aumento
quadas e da consequente prosperidade. Ta is fenomenal das águas. Após 4 mil côva dos
bênçãos ainda foram enfatizadas pela men- (1,8 km) o pequeno veio d'ág ua havi a se
ção de árvores frutíferas e de abundante vida transformado num rio de tam anho con si-
nas águas (v. 7-12). derável, qu e já não podia ser atravessa do
Uma vez que es tas predições nun ca se a pé (v. 5).
cumpriram em seu propósito original, deve- 7. Grande abundância de árvores.
rão se cumprir, em certa medida, com o Israel Cf. Ap 22:2; ver com. de Ez 47:1.
espiritu al. É João, o escritor do Apoca lipse, 8. Campina. Do heb. 'amvah, que incluía
que toma as figuras destes capítulos e explica a depressão do rio Jorclão, o Mar Morto e o
que aspectos delas se cumprirão na nova vale que se estende elo Mar Morto até o golfo
Terra (ver, por exemplo, Ez 47: 12; cf. Ap 22:2). ele Áqaba . O mod erno term o Arabá designa
O s arranjos físicos também têm frequen- apenas o vale ao sul elo M a r Morto.
teme nte o objetivo de ensinar lições espiri- Mar Morto. O hebraico diz ape nas
tuais. Aqui a co rrente de águas, depois de "mar", mas a descrição dada aqui de ixa claro
começa r pequ e na, ia aumentando à medida que a referência é ao M a r Morto.
que fluía em direção ao deserto. Assim as 9. Viverá. Por causa ele seu elevado con -
bênçãos da ali ança , das quais os israelitas teúdo de minerais, nenhum peixe consegue
foram os primeiros receptores, deviam fluir, viver no Mar Morto. Sem dúvid a, essa já era
aum entando cada vez mais até que abar- a condição nos dias de Ezequiel.
cassem o mundo todo. O movimento do 10. En-Gedi. Literalmente , "fonte elo
advento, qu e surgiu no século 19, também cabrito". O loc al está situado no meio da costa

810
EZEQUIEL 47:19

oeste do Mar Morto (ver com. de 1Sm 24:1). provavelmente, ficava próximo à cidade hoje
O lugar é hoje chamado Tell ej-Jurn. conhecida como Trípoli. Alguns colocam o
En-Eglaim. O nome ocorre apenas aqui início da fronteira perto de Tiro.
e o local não foi identificado. Hetlom. Local mencionado somente
11. Sal. Certas áreas não seriam feitas aqui e em Ezequiel 48:1. Sua localização é
saudáveis, provavelmente para garantir um incerta.
estoque adequado do mineral. Zedade. Este local tem sido identificado
12. Árvore que dá fruto para se comer. com a moderna Tsadâd, que fica a cerca de
Em sua aplicação secundária, esta predição se 90 km de Hamate.
cumprirá na árvore da vida, que está no meio 16. Hamate. Uma mudança na ordem
do novo Éden de Deus (Ap 22:2). das palavras permite ler aqui, em harmonia
13. Doze tribos. Esperava-se que retor- com a LXX: "a entrada de Hamate, Zedade"
nassem do cativeiro alguns de cada uma das (ou, Lebo-Hamate; ver NVI). Pensa-se que
doze tribos. As promessas não estavam limi- "a entrada de Hamate", provavelmente, se
tadas a Judá e Benjamim, mas eram para refira à moderna Lebweh (que fica 11 O km a
todo o Israel. sudoeste de Hamate) ou ao vale de Orontes
Duas partes. Ver Gn 48:22; Js 17:14, 17. (ver Nm 34:8).
A porção de Levi estava incluída na "porção Berota. O sítio desta cidade não é conhe-
santa" (Ez 45:5, 6) e, assim, as duas porções cido, embora, provavelmente, seja o mesmo
para José (Efraim e Manassés) completavam de Berotai (2Sm 8:8), a moderna Bereitân,
as 12 porções. situada no vale que fica entre as montanhas
14. Tanto para um, como para outro. do Líbano e a cadeia do Antilíbano.
Literalmente, "cada um como seu irmão", Sibraim. Um ponto de fronteira cujo
uma frase que significa "igualmente". Eze- local exato é desconhecido.
quiel define com precisão só as fronteiras Hazer-Haticom. Literalmente, "a aldeia
norte e sul da terra. Alguns presumiram do meio". Tudo o que se sabe do local é o que
que as várias porções designadas para as tri- está escrito nesta passagem, isto é, que ficava
bos eram faixas de terra de largura mais ou no limite do distrito de Haurã.
menos igual, que cortavam o país de leste a Haurã. O nome designa o território que
oeste. Não há como comprovar isso. fica ao sul de Damasco, indo em direção a
Jurei, levantando a mão. Sobre pro- Gileade.
messa e juramento, ver Gn 12:7; 17:8; 26:3 ; 17. H azar-Enom. Possivelmente, a
28:13. moderna Qaryatein, que fica 32 km a sudeste
15. O limite da terra. Há muitas seme- de Zedade (ver com. do v. 15) e 117 km a nor-
lhanças entre estas fronteiras e as que men- deste de Damasco.
cionadas em Números 34:1 a 15. Ali, contudo, 18. O lado do oriente. É difícil tra-
a fronteira sul é citada primeiro, sem dúvida, çar esta fronteira com precisão. Ela devia
porque os israelitas estavam chegando desde incluir parte do território a leste do mar de
o Egito. Aqui a fronteira norte é dada primei- Quinerete ou mar da Galileia.
ramente, talvez porque o povo estaria vol- 19. Tamar. Este loc al não foi identifi-
tando para a Palestina saindo do norte. cado com precisão. Talvez ficasse perto da
Desde o mar Grande. A fronteira extremidade sul do Mar Morto.
começa no M editerrâneo, mas o ponto Meribá-Cades. Chamada Cades-
exato não é dado. A julgar por outras refe- Barneia (Nm 34:4) . Alguns a identificam com
rências geográficas mencionadas, o ponto, Jiin Qudeirât, 117 km a sudoeste de Hebrom ;

811
47:20 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

outros, comAin Qedeis, que fica 8,5 km mais sob a lei mosaica. Segundo a lei antiga, os
a sudeste. estrangeiros deviam ser tratados com bon-
Ribeiro. Uma comparação com Números dade (Êx 22:21; Lv 19:34 ; Dt 1:16 ; 24:14 ),
34:5 e Josué 15:4 e 47 mostra que a referên- tinham a permissão de oferecer sacrifícios
~ ~ cia é ao "ribeiro do Egito", identificado com (Lv 17:8) e de participar da Páscoa se fos-
o curso d 'água hoje denominado Wadi el- sem circuncidados (Êx 12:48), mas é duvi-
'Arish, que entra no Mediterrâneo cerca de doso que tivessem direitos de propriedade
80 km a sudoeste de ·Gaza. irrestritos. Neste contexto , os que se estabe-
20. O lado do ocidente. A fronteira lecessem permanentemente no país deviam
ocidental era o Mediterrâneo, como em receber herança na tribo em que habitavam.
Números 34:6. Era propósito de Deus que os estrangeiros se
22. Sorteareis. Ver com. de Ez 45:1. sentissem atraídos para Israel, que se estabe-
Para a dos estrangeiros. Foi dada lecessem entre os israelitas e que aceitassem
mais liberdade aos estrangeiros aqui do que a religião do Deus verdadeiro (ver p . 15, 16).

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-23 - T 7, 172 8- T7, 172


1- T7,171 8-12 -M, 13; T6, 227

CAPÍTULO 48
1, 23 As porções das doze tribos, 8 do santuário, 15 da cidade e dos
arredores e 21 do príncipe. 30 As dimensões e portas da cidade.

São es tes os nomes das tribos: desde a 8 Limitando-se com Judá, desde o lado orien-
parte extrem a do norte , via Hetlom , até à entra- tal até ao ocidental , será a região sagrada que ha-
da de H am ate, até Hazar-Enom , o limite norte veis de separar, de vinte e cinco mil côvados de
de Damasco até junto de H ama te e desde o lado largura e de comprimento, o mesmo que o das
oriental até ao ocidente, Dã terá uma porção. porções, desde o lado oriental até ao ocidental;
2 Limitando-se com Dã, desde o lado oriental o santuário estará no meio dela.
até ao ocidental, Aser, uma porção. 9 A região que haveis de separa r ao SENHOR
3 Limitando-se com Aser, desde o lado orien- será do comprimento de vinte e cinco mil côva-
tal até ao ocidenta l, Naftali, uma porção. dos e da largura de dez miL
4 Limitando-se com Naftali , desde o lado lO Esta região santa dos sacerdotes terá, ao
oriental até ao ocidental, Manassés, uma porção. norte, vinte e cinco mil côvados, ao ocidente, dez
5 Limita ndo-se com M anassés, desde o la- mil de largura , ao oriente, dez mil de largura e ao
do oriental até ao ocidental, Efraim, uma porção. sul, vinte e cinco mil de comprimento ; o santuá-
6 Limitando-se com Efraim, desde o lado orien- rio do SENHOR estará no meio dela.
tal até ao ocidental, Rúben, uma porção. ll Será para os sacerdotes santificados,
7 Limitando -se com Rúben, desde o lado para os filho s de Zadoque, que cumpriram o
oriental até ao ocidental , Judá, uma porção. seu dever e n ão andaram errados, quando os

812
EZEQUIEL 48: l

filhos de Israel se extraviaram, como fizeram os ocidente, paralelamente com as porções , será do
levitas . príncipe; a região sagrada e o santuário do tem-
12 Será região especial dentro da região sa- plo estarão no meio.
grada, lugar santíssimo, faz endo limites com a 22 Excetuando o que pertence aos levitas e
porção dos levitas . a cidade que está no meio daq uilo que perten-
13 Os levitas, segundo o limite dos sacerdo- ce ao príncipe, entre o território de Judá e o de
tes, terão vinte e cinco mil côvados de compri- Benjamim, será isso para o príncipe.
mento e dez mil de largura ; todo o comprimento 23 Quanto ao resto das tribos, desde o lado
será vinte e cinco mil, e a largura, dez mil. oriental até ao ocidental, Benjamim terá um a
14 Não venderão nada disto, nem trocarão, porção.
nem transferirão a outrem o melhor da terra, por- 24 Limitando-se com Benjamim , desde o lado
que é santo ao SENHOR. oriental até ao ocidental, Simeão, uma porção.
15 Mas os cinco mil côvados que ficaram da 25 Limitando-se com Simeão, desde o lado
largura diante dos vinte e cinco mil serão para o oriental até ao ocidental, Issacar, uma porção.
uso civil da cidade, para habitação e para arre- 26 Limitando-se com Issacar, desde o lado
~ .,. dores; a cidade estará no meio. oriental até ao ocidental, Zebulom, uma porção.
16 Serão estas as suas medidas: o lado norte, 27 Limitando-se com Zebulom, desde o lado
de quatro mil e quinhentos côvados, o lado sul, oriental até ao ocidental, Gade, uma porção.
de quatro mil e quinhentos, o lado oriental, de 28 Limitando-se com o território de Gade,
quatro mil e quinhentos, e o lado ocidental, de ao sul, o limite será desde Tamar até às águas
quatro mil e quinhentos . de Meribá-Cades, ao longo do ribeiro do Egito
17 Os arredores da cidade serão, ao norte, de até ao mar Grande.
duzentos e cinquenta côvados, ao sul, de duzen- 29 Esta é a terra que sorteareis em herança
tos e cinquenta côvados, ao oriente, de du- às tribos de Israel; e estas, as suas porções, diz
zentos e cinquenta e, ao ocidente, de duzentos o SENHOR Deus.
e cinquenta. 30 São estas as saídas da cidade: do lado
18 Quanto ao que ficou do resto do com- norte , que mede quatro mil e quinhentos
primento, paralelo à região sagrada , será de dez côvados ,
mil para o oriente e de dez mil para o ocidente 31 três portas : a porta de Rúben, a de Judá e
e corresponderá à região sagrada; e o seu produ- a de Levi, tomando as portas da cidade os nomes
to será para o sustento daqueles que trabalham das tribos de Israel;
na cidade. 32 do lado oriental, quatro mil e quinhentos
19 Lavrá-lo-ão os trabalhadores da cidade, côvados e três portas, a saber: a porta de José, a
provindos de todas as tribos de Israel. de Benjamim e a de Dã;
20 A região toda será de vinte e cinco mil 33 do lado sul, quatro mil e quinhentos côva-
côvados em quadrado, isto é, a região sagrada dos e três portas: a porta de Simeão, a de Issacar
juntamente com a possessão da cidade. e a de Zebulom;
21 O que restar será para o príncipe, deste e 34 do lado ocidental, quatro mil e quinhentos
do outro lado da região sagrada e da possessão da côvados e as suas três portas : a porta de Gade, a
cidade . Por isso, aquilo que se estende dos vinte de Aser e a de N aftali.
e cinco mil côvados em direção do oriente e tam- 35 Dezoito mil côvados em redor; e o nome da
bém dos vinte e cinco mil côvados em direção do cidade desde aquele dia será: O SENHOR Está Ali.

813
48:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

1. Nomes das tribos. Este capítulo des- teria a mesma extensão da "porção santa".
creve a distribuição da terra e termina com A leste e oeste, essa faixa de terra seria deli-
uma descrição do tamanho da cidade e de mitada pela porção santa de um lado, e do
seus portões. outro lado se estenderia, sem dúvida, até os
A distribuição da terra (v. 1-7) não segue limites da terra.
muito de perto a que foi feita sob a liderança 23. Resto das tribos. Os v. 23 a 29 des-
de Josué (Js 13-19). A idade ou a descendên- crevem as porções das cinco tribos restantes.
cia materna não parece ter sido o critério de 28. O limite. Ver com. de Ez 47:19.
orientação. A p arte central da terra devia 30. As saídas da cidade. Os v. 30 a 34
ser ocupada pela "porção santa" (Ez 45:1-7). repetem as dimensões da cidade de forma a
Ela seria delimitada lateralmente pelas duas descrever as três portas de cada lado . Cada
tribos, Judá e Benjamim, que permanece- porta teria o nom e de uma tribo. Uma das
ram fiéis mais tempo do que as outras dez. portas seria designada para Levi, o que signi-
Próximas a elas, deviam ser colocadas as tri- fica que somente uma porta ficaria para José.
bos de Rúben e Simeão (os dois filhos mais 35. Dezoito mil. A circunferência da
velhos). Dã seria colocada no extremo norte, cidade seria 18 mil côvados (9,3 km). Esta
onde parte da tribo havia vivido no passado. medida não incluiria os "arredores" mencio-
Parece que não haveria um padrão determi- nados no v. 17.
nado para a localização das demais tribos. A cidade da nova Terra, a nova Jerusalém,
8. Região sagrada. Esta era a "porção que João viu descer do Céu da parte de Deus
santa" (ver Ez 45:1-7; sobre Ez 48:8-14, ver o (Ap 21), mostra notáveis semelhanças com a
~ ..com. de Ez 45:1-7). cidade da visão de Ezequiel. Este descreve
15. Uso civil da cidade. O território a cidade que poderia ter sido; João, a que
dos sacerdotes e dos levitas mediria , cada será. A nação de Israel, como o povo de Deus
um, 10 mil côvados de norte a sul, o que dei- dividido em 12 tribos, aparece ao longo de
xava para a cidade 5 mil côvados de toda a toda a história bíblica. A nova Jerusalém,
"porção santa" ao sul da área dos sacerdotes. cujos habitantes são remidos de toda nação,
16. Suas medidas. A cidade deveria tribo, língua e povo, é apresentada com o
ocupar um quadrado de 4,5 mil côvados de nome das 12 tribos inscrito em suas portas.
lado que seria cercado por uma área aberta Segundo a figura bíblica, os remidos, não
de 250 côvados ao redor (v. 17), fazendo com importa a que etnia pertençam, são repre-
que a área total fosse um quadrado de 5 mil sentados como fazendo parte de uma das 12
côvados (2,6 km) de lado. Esta seria a lar- tribos (Rm 9-11; Gl 3:29).
gura exata do espaço que restava no lado sul O quadro de Israel na terra de Babilônia,
da porção santa. prestes a ser libertado e restaurado à sua pró-
18. Ao que ficou. As duas seções medi- pria terra, e a concomitante destruição de
riam, cada uma, 10 mil por 5 mil côvados. Babilônia, forma a imagem usada em grande
19. Todas as tribos. Os habitantes de parte do livro do Apocalipse. A figura é
Jerusalém, anteriormente, eram provenien- empregada para descrever o Israel de Deus em
tes das tribos de Judá e Benjamim. Na nova sua luta final contra os poderes do mal, que
cidade, que seria propriedade de todos, as 12 são denominados de Babilônia. Essa resulta
tribos teriam parte. na destruição de Babilônia e no glorioso livra-
21. Do príncipe. A faixa de terra que mento do povo de Deus (ver com. de Jr 50:1 ).
restava a leste e oeste da "porção santa" seria O SENHOR Está Ali. Com estas pala-
para o príncipe. Seu território, de norte a sul, vras apropriadas, pelas quais a nova cidade

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EZEQU IEL 48:35

é designada, o profeta Ezequiel encerra suas O d esafio agora é para a igreja. O novo
mensage ns proféticas. Coube a ele a tarefa Israel d e Deus es tá prestes a e ntrar numa
de anunciar a retirada da presença divina por terra muito mais gloriosa do que aq u e la
causa da corrupção moral de seu povo. Ele ofere cida à geração de Ezequiel. Mas essa
também teve o p rivilégio de anunciar o remé- e ntrada também se baseia em certos pré-
dio para o pecado e declarar, em vívidas figu- requisitos. Tem havido demora , e o povo d e
ras, a gloriosa perspectiva futura que poderia Deus p recisa cum prir as condições neces-
se cumprir se Israel aceitasse a solução divina sárias. Desta vez, contudo, não pode haver
tão graciosa mente oferecida (ver p. 13-19). um adi amento indefinido, pois a restaura-
Não é sabido se Ezequiel vive u para ver ção não mais será nacional , mas individua l.
a lg un s de se us compatrio tas retornarem Quando o mom ento c h ega r, D e u s ajun-
após o generoso decreto do rei persa. Se sou- tará, de todas as terras, aquele s que pes-
besse que seus escritos seriam preservados soa lmente se prepa raram. E les herdarão as
no cânon sagrado, ele teria extraído conforto ricas promessas e h abitarão na cidade pre-
d o fato de que algu ma geração futura pode- figurada na profecia d e Ezequiel e divina-
ria se beneficiar da mensagem que seus com- m en te d enominad a "O SENHOR Es tá A li "
panheiros de cativeiro h aviam desprezado. (Ap 21; 22) .

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