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V
MUDANÇA CLIMÁTICA E
UNIDADE
SEUS IMPACTOS SOBRE A
NATUREZA E A SOCIEDADE
Objetivos de Aprendizagem
■■ Considerar os elementos causadores e os efeitos causados pela
mudança climática global.
■■ Analisar a influência das mudanças climáticas sobre as produções
agrícolas.
■■ Refletir sobre os desafios que o aquecimento global impõe a atual
sociedade.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ O papel da camada de ozônio na dinâmica climática
■■ O efeito estufa
■■ Mudança climática: El Niño e La Niña
■■ Mudança climática e a produção agrícola
■■ Mudança climática: aquecimento ou resfriamento
■■ Mudança climática: desafios e perspectivas para a sociedade
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INTRODUÇÃO
diferentes fontes. Uma delas, defendida por muitos pesquisadores, é que o aque-
cimento e resfriamento global fazem parte de ciclo natural. Essa questão é tão
importante que vamos considerá-la mais detalhadamente ao longo desta unidade.
Uma alteração climática também pode ser resultado da variação da ativi-
dade solar, pois é justamente a energia provinda do Sol que controla a dinâmica
climática. Por fim, a atividade humana também tem sido elencada como respon-
sável pelo contínuo aquecimento do planeta.
Será que os efeitos do aumento médio da temperatura mundial são trágicos?
O derretimento das geleiras e o consequente aumento dos níveis dos oceanos
é o tema mais debatido e difundido pelos meios noticiosos. Significaria dizer
que muitas populações litorâneas teriam de ser deslocadas mais para o interior
dos continentes, milhares de quilômetros de terras submersas deixariam de ser
utilizadas para os mais diferentes fins. Se isso, de fato acontecer, algumas das
mais importantes cidades do mundo teriam a sua existência ameaçada. O Rio
de Janeiro, no Brasil, e Nova Iorque, nos EUA, por exemplo, poderiam perder
grande parte de seus territórios.
A produção de alimentos também pode ser fortemente impactada pelo
aumento da média mundial da temperatura. Se as zonas de ocorrência das cul-
turas forem alteradas, as áreas em que, hoje, se produz trigo serão propícias à
outra cultura e não mais para o trigo, por exemplo. O trigo terá de ser deslo-
cado para uma região com características adequadas a sua produção. Isso é o
que pode ocorrer com todos os cultivos, ou seja, um impacto forte na produ-
ção de alimentos.
Introdução
152 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O PAPEL DA CAMADA DE OZÔNIO NA DINÂMICA
CLIMÁTICA
A camada de ozônio (O3) é uma camada de gás que protege os seres vivos de
raios solares ultravioleta nocivos. Essa camada atua como filtro, permitindo a
existência da biosfera. Ela se concentra a uma altitude que pode variar de 35 a
55 km. Devido à alta retenção de energia proveniente do Sol, as temperaturas
dessa camada giram em torno dos 80 a 90°C (CONTI, 1998).
Qual é a atual condi-
ção da camada de ozônio?
Pesquisas realizadas por
britânicos e americanos, os
pioneiros em estudar essa
camada, e, mais tarde, toda a
comunidade científica, ates-
taram que, além de fatores
naturais, as atividades huma-
nas a impactam de modo
negativo. As afirmações a
seguir são esclarecedoras:
Figura 61: A proteção oferecida pela camada de ozônio aos seres vivos
é fundamental para a sua sobrevivência
Essa zona benéfica, [...], está ameaçada de destruição. O alerta foi dado
no início da década de 70 [...]. Os principais responsáveis pelo dano
seriam os gases clorofluor-carbono (CFC) e o fréon, usados na fabrica-
ção de sprays e sistemas de refrigeração. Sendo muito leves, esses gases
ascendem até a estratosfera, onde, através de um complexo processo,
vão romper as moléculas do ozônio, destruindo-as. Dessa forma vai se
formando um “buraco” na camada de ozônio, que tende a ampliar-se
a cada ano.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
absorvido pela própria cana-de-açúcar durante a fotossíntese. É calculado que o
etanol reduz em 89% a emissão de gases do efeito estufa se comparado à gasolina.
Além disso, ele lança menos gases poluentes em comparação com os combus-
tíveis derivados do petróleo, o que o torna um dos mais viáveis ecologicamente
(NOVA CANA..., 2015, online).
Outros gases poluentes também são expelidos na atmosfera em resultado
da atividade industrial de países desenvolvidos e de países em desenvolvimento.
A história nos conta que, principalmente a partir do século XVII, com a cha-
mada Revolução Industrial, a poluição do ar aumentou significativamente, com
a queima principalmente do carvão mineral. Desde então, em um grau maior
de tecnologia, os grandes centros urbanos ainda são os grandes poluidores do
ambiente. Sua parcela na emissão de gases que destroem a camada de ozônio é alta.
Para tentar frear o ritmo de poluição e a emissão de gases poluentes, em 1997,
as principais nações (169 países), com grande parque industrial, se reuniram na
cidade de Kyoto, no Japão. O documento oriundo dessa reunião (o Protocolo de
Kyoto) estabelecia um cronograma em que os países se comprometeram a dimi-
nuir a emissão gases em mais de 5%.
Para atender os princípios do Protocolo de Kyoto, muitos países estão empe-
nhados em modificar seus sistemas de produção de energia sem modificar a
qualidade do abastecimento de combustíveis, com menores emissões de gases
poluentes. Os grandes centros industriais estão utilizando novas tecnologias e
também grandes filtros em suas chaminés com o objetivo de lançar cada vez
menos material particulado na atmosfera.
O fim do século passado (XX) e o nosso (XXI) têm como característica peculiar
uma maior preocupação com a conservação dos meios naturais. O Protocolo de
Kyoto é um exemplo disso. Mas o processo que levou a assinatura desse docu-
mento é mais antigo. Por exemplo, em 1988, foi criado o IPCC (sigla em inglês)
para o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática. Esta é uma insti-
tuição ligada a ONU (Organização das Nações Unidas), que tem como objetivo
aumentar e divulgar o conhecimento sobre mudanças climáticas. As principais
pesquisas realizadas por cientistas renomados do mundo sobre o aquecimento
global são reunidas em relatórios, nominalmente conhecidos como relatórios do
IPCC sobre mudanças climáticas. Esses estudos, geralmente, apontam as causas,
os efeitos e os riscos para a humanidade e para o meio ambiente, decorrentes do
aquecimento global. Os relatórios também são responsáveis por sugerir soluções
para que o aumento da temperatura do planeta não seja catastrófico.
Em 1992, foi realizada a Eco ou Rio 92, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil.
Questões sobre o aquecimento global e as mudanças climáticas foram ampla-
mente discutidas. Nessa ocasião, foram elaboradas convenções sobre o clima
com a finalidade de diminuir as concentrações de gases que intensificam o efeito
estufa na atmosfera.
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de que aceitá-lo seria ruim para a sua economia. Mesmo assim, o Protocolo de
Kyoto entrou em funcionamento em 2005, com um primeiro compromisso de
diminuição de gases poluentes até 2012. A partir daí, a validade do protocolo
foi estendida para uma segunda fase que se encerra em 2020 (PROTOCOLO
DE KYOTO..., 2015, online).
O EFEITO ESTUFA
Outro gás responsável pelo efeito estufa é o gás metano. Ele também é pro-
duzido no estômago dos ruminantes, por bactérias que exercem função di-
gestiva. O Brasil está entre os maiores produtores de carne do mundo, por
isso, a quantidade de gás metano produzido em território nacional é consi-
derável.
Fonte: os autores.
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Mas será que podemos afirmar que o efeito estufa está se intensificando? Para
conseguir entender o assunto, observe a explicação a seguir sobre a concentra-
ção de gases CO2 na atmosfera:
Desde 150 mil anos atrás, os níveis de CO2 mantiveram-se em cerca
de 275 partes por milhão por volume (ppmv). Entretanto, com o incre-
mento de combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão) promovido pela
industrialização e o aumento da frota de veículos nas crescentes áreas
urbanizadas do mundo, em pouco mais de um século, as concentrações
de CO2 alcançaram o valor de 354 ppmv na década de 1990 [...], lan-
çando-se anualmente para a atmosfera, no final do século XX, cerca de
7 bilhões de toneladas de dióxido de carbono.
É importante ter em mente que o efeito estufa faz parte de um processo natural,
em que gases da troposfera, como o vapor d݇gua, dentre outros, participam em
conservar calor a partir da perda de energia da superfície terrestre. No entanto,
com o aumento de concentração de gases, como o CO2 na atmosfera, promo-
vido pelas atividades do homem moderno, o efeito estufa propiciou o que é hoje
chamado de aquecimento global.
O Efeito Estufa
158 UNIDADE V
O El Niño faz parte de um ciclo natural que ocorre nas águas do Oceano Pacífico.
Trata-se de um aquecimento anormal de suas águas superficiais, com influên-
cia sentida em escala global, afetando os regimes de chuva em regiões tropicais
e em latitudes médias (CPTEC/INPE..., 2015, online).
A referência a esse nome faz alusão ao período do ano em que, geralmente,
são sentidos os seus efeitos. Esse período é o que antecede o Natal, data em que
a cristandade comemora o nascimento de Cristo, 25 de dezembro, e El Niño foi
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um nome escolhido em homenagem a Cristo.
Esse fenômeno já era conhecido pelos pescadores na costa do Peru, época
em a oferta de pescados diminuía muito. O El Niño também é responsável pelo
enfraquecimento dos ventos alísios (com sentido leste-oeste) na região equato-
rial, provocando anomalias no padrão de temperaturas, chuvas e secas em todo
o mundo. Observe a seguir a dinâmica dos elementos atmosféricos em diferen-
tes períodos em anos de El Niño e La Niña.
quente
quente
quente
seco
chuvoso chuvoso chuvoso
e quente seco
e quente
seco e quente
quente
quente chuvoso
chuvoso
seco
seco e
quente
seco chuvoso
quente quente
seco seco e
frio chuvoso
chuvoso
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Conforme já assinalado, não só pela dinâmica climática, mas também pela influ-
ência oceânica, que se forma o El Niño. Mendonça e Danni-Oliveira (2007, p.
189 – 190) afirmam:
O fato do El Niño ser mais conhecido popularmente como um fenômeno
climático decorre da forte influência das condições oceânicas no clima,
donde se fala da interação oceano-atmosfera e, particularmente nesse
caso, de ENOS, que corresponde à abreviação El Niño/Oscilação Sul.
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Norte [...] Nessa região, o El Niño provoca reduções de chuva de mo-
deradas a fortes, nos setores norte e leste da Amazônia. Uma das conse-
quências desse efeito é o aumento significativo dos incêndios florestais
(MENDONÇA; DANNI OLIVEIRA, 2007, p. 194).
frio
frio
seco e
quente
frio
chuvoso
seco seco e seco e
frio chuvoso
frio
frio e frio
chuvoso
chuvoso
frio e
chuvoso
frio quente e seco
chuvoso
chuvoso
frio
quente
seco
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chuvoso
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bal, seria migração de culturas. Se uma cultura específica não conseguir mais se
desenvolver em determinada região do país, ela deve ser praticada na região em
que, antes, não era possível.
Outra saída é utilizar a ciência por meio da manipulação genética que é
capaz de produzir variedades de plantas mais resistentes a escassez de água e de
temperaturas mais altas.
Por exemplo, a Embrapa anunciou, em 2014, a criação de uma variedade
transgênica da soja mais tolerante à seca. Variedades de milho mais resistentes à
falta de água também estão sendo desenvolvidos. Não só esse fato, mas também
o tempo de cultivo tem sido reduzido e a produtividade tem sido aumentada.
Variedades de feijão e arroz também estão sendo desenvolvidas e multiplicadas
por inúmeras empresas ao redor do mundo. A mesma ideia vale para a pecuária,
raças mais adaptadas ao calor e
tolerantes à seca (condições mais
abruptas) podem ser implanta-
das. Se o produtor desejar fugir
dessa situação, o investimento
em fertilizantes e irrigação será
inevitável.
Já que os efeitos da mudança
climática são anunciados, os
países poderão tomar medidas
desde agora. Enquanto alguns
países não definem uma ação Figura 69: O melhoramento genético permite que culturas alcancem
novas regiões
MILHÕES
ÉON ERA PERÍODO ÉPOCA ACONTECIMENTOS
DE ANOS
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campos
Paleógino Eoceno 54 - Primeiros Roedores e Baleias
Mesozoica
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Mudanças Climáticas
Fica evidente que, atualmente, existe uma certa divisão entre os pesquisadores
que debatem sobre o aquecimento global, demonstrando que, no último século,
o planeta teve a sua temperatura da superfície das águas dos oceanos aumentada
em decorrência da atividade humana (com emissões de gases intensificadores do
efeito estufa). No entanto muitos cientistas acreditam na corrente de pensamentos
contrário, na qual o ciclo natural climático nos levará a um nova idade do gelo.
Outro motivo para um possível resfriamento estaria relacionado com um
ciclo, também natural, mas do Sol, sendo esse o responsável pelos períodos gla-
ciais e interglaciais (CONTI, 1998). Portanto, essas hipóteses nos passam a ideia
de algo que ainda não foi compreendido em sua totalidade pela comunidade
científica, se haverá um aquecimento ou um resfriamento do planeta nos pró-
ximos séculos.
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Figura 72: Efeitos das chuvas excessivas e da impermeabilização acentuada do solo
Visto que as pessoas encontram-se sediadas no meio urbano, são nos grandes
centros que também as mudanças climáticas serão mais sentidas. As grandes
cidades afetam de modo negativo os recursos naturais, tanto pela excessiva utiliza-
ção dos elementos naturais, para a sustentação da população que ali se encontra,
como pela disposição de resíduos, além das atividades industriais desenvolvidas.
Quando ocorre escassez de água periódica, são as grandes cidades que têm
seu problema de abastecimento de água mais afetado. Estamos acompanhando
o drama da maior metrópole do Brasil, São Paulo e sua região metropolitana, em
que há falta de água nas torneiras em boa parte da população, é visível o trans-
torno que isso causa para importantes setores da sociedade, tais como hospitais,
escolas e indústrias.
Por outro lado, quando as precipitações são excessivas, devido à impermea-
bilidade de extensas faixas de terra em uma cidade grande, propicia a formação
de grandes enchentes, que pode colocar a vida de muitos em risco, assim como
grandes perdas de bens materiais de seus moradores. Em encostas, nas quais é
comum a ocupação irregular por parte de moradores pobres em grandes cida-
des, os perigos enfrentados são relacionados aos deslizamentos de terras.
Para que ocorram mudanças do cenário trágico estimado pelos pesquisa-
dores, exige-se ação mais eficaz por parte de gestores e da população em geral
Outra importante mudança de concepção que precisa ser incorporada pela socie-
dade é na maneira em que os recursos florestais são tratados. Segundo Foley
(2005), nos últimos 300 anos, cerca de 10 milhões de Km2 de florestas foram
derrubadas para o exercício de outras atividades. Nas regiões tropicais, como é
o caso da floresta Amazônica no Brasil, a retirada da cobertura florestal poderá
causar alterações no balanço hídrico, tornando o clima mais seco e quente. É
exatamente isso que alguns estudos começam a defender sobre a falta de água na
região sudeste brasileiro. Dizem que esse fenômeno tende a se intensificar, ano
a ano, em decorrência do desmatamento da floresta amazônica.
Conforme aponta o IPAM (2015, online):
[...] quando ocorrem mudanças no uso do solo, ou seja, uma floresta é
derrubada e queimada, dando lugar ao estabelecimento de pastagem,
agricultura ou outra forma de uso da terra, ocorre a liberação de uma
grande quantidade de carbono na forma de CO2 para a atmosfera con-
tribuindo, assim, para o aquecimento global.
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litorânea Sul dos EUA, especialmente em
Figura 73: Furacão Katrina, 2005
Nova Orleans e arredores, afetando mais de
1 milhão de pessoas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por usar uma linguagem simples, José Marengo, em sua obra intitulada “Mudanças cli-
máticas globais e seus efeitos sobre a biodiversidade: caracterização do clima atual e
definição das alterações climáticas para o território brasileiro ao longo do século XXI“
consegue descrever, através de análises de dados e resultados de modelos numéricos
avançados, o estado atual e passado do clima e sua projeção para o final do século XXI.
Na região amazônica, o aumento das temperaturas, a intensificação da desertificação no
semiárido do Nordeste e o avanço do mar na costa brasileira em função do derretimento
das geleiras são eventos extremos que podem afetar as populações. As intensas chu-
vas e temperaturas mais frequentes nas grandes metrópoles do país, assim como uma
maior incidência de transmissão de doenças infecciosas são algumas das projeções,
considerando o aumento atual dos níveis de gases de efeito estufa e que são abordados
de forma clara e direta.
O aquecimento global poderá ser responsável pela difusão maior de doenças conta-
giosas, aumentando a incidência de casos de peste bubônica, que já matou milhões de
pessoas ao longo da história e exterminou um terço da população da Europa no século
XIV, de doenças tropicais, como a malária, a dengue e a desinteria. Seja por causa da pio-
ra nas condições de saúde, devido à disseminação dessas enfermidades, ou por causa da
diminuição do suprimento de água, os países da África subssaariana, da Ásia e da Amé-
rica do Sul, são os mais vulneráveis às consequências do aquecimento da Terra. Muitas
das principais moléstias que atingem os países pobres, das já citadas, malária e diarreia,
passando pela subnutrição, são extremamente sensíveis às condições climáticas.
Além disso, a ocorrência de eventos extremos, como secas, enchentes, ondas de calor e
de frio, furações e tempestades, têm afetado diferentes partes do planeta e produzido
enormes perdas econômicas e de vidas.
A informação de mudanças de temperatura e precipitação em nível anual e sazonal para
cada fatia de tempo é apresentada nesta obra em forma de mapas continentais, e em
forma de diagramas de dispersão para algumas regiões geográficas e ecológicas do Bra-
sil. As informações apresentadas fornecem uma visão geral da amplitude das mudanças
de clima projetadas para o Brasil. Os pesquisadores podem utilizar estas informações
para os estudos de impactos.
Fonte: adaptado de Marengo (2006).
174
4. O conceito mudança climática tem relação com a alteração das condições cli-
máticas durante períodos relativamente longos. Na verdade, o clima de nosso
planeta nunca foi estável. Os motivos disso ainda são pesquisados, mas o que
se sabe é que as temperaturas médias do planeta aumentaram e caíram durante
milhões de anos. Atualmente, cogita-se que a atividade humana seja responsá-
vel pelo aquecimento do planeta. Baseado nisso, marque a alternativa correta:
a. ( ) O El Niño faz parte de um ciclo natural que ocorre nas águas do oceano Pa-
cífico. Trata-se de um aquecimento anormal das águas superficiais. No entanto,
devido a grande distância do local de ocorrência desse fenômeno, não há regis-
tro de sua influência no território brasileiro.
b. ( ) Em anos de El Niño, o padrão de chuvas e temperaturas não se alteram na
maior parte do mundo, exceto nas faixas de terras banhadas pelo oceano Pací-
fico.
c. ( ) A mudança climática será responsável pela escassez de água, secas e inunda-
ções em muitas regiões do planeta nas próximas décadas. No entanto, felizmen-
te, a agricultura não sentirá o efeito negativo dessas alterações.
d. ( ) A manipulação genética é capaz de produzir variedades de plantas mais
resistentes a escassez de água e a temperaturas mais altas.
e. ( ) A alteração climática pode ser intensificada pela alta da taxa de urbanização
e pelo crescimento populacional. Felizmente, o padrão de consumo e produção
existente nos principais países está caindo devido à mudança de pensamento
dos governos e a conscientização da população mundial em relação e esse pro-
blema.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Ao final deste livro, caro(a) aluno(a), desejamos que você tenha encontrado nele
conteúdos e informações úteis que possa ajudá-lo em sua futura prática docente.
Estudamos, na unidade I, sobre o desenvolvimento da climatologia no Brasil, bem
como os principais conceitos abordados por ela. Também foi abordada a estrutura
vertical da atmosfera e quais são as escalas de estudos em climatologia.
Na unidade II, estudamos a relação existente entre o clima e os demais elementos
da natureza. Essa interação é importante para compreender como ocorre o ciclo da
água e como as massas de ar se movimentam. Analisamos, também, o vasto poten-
cial energético oferecido pelo clima, na geração de energia por meio de hidrelétri-
cas, usinas eólicas e de painéis solares.
Estudamos, na unidade III, a relação existente entre o clima e o meio urbano. Con-
sideramos o histórico da climatologia urbana. Aprendemos que uma cidade pode
desenvolver ligações com a atmosfera a ponto de gerar um clima próprio em algu-
mas áreas de uma cidade e, também, ficou evidente como a poluição de um centro
urbano afeta o clima.
Discutimos, na unidade IV, o potencial agrícola das regiões climáticas do Brasil. Além
disso, foram apresentados os condicionantes climáticos que podem prejudicar a
produção e mostramos como o zoneamento agroclimático pode ser utilizado no
planejamento territorial.
Na última unidade, apresentamos o desafio em que a atual sociedade se encontra:
precisamos nos preparar melhor para enfrentar e até minimizar os efeitos negativos
oriundos das mudanças climáticas.
Esperamos que os termos e conceitos apresentados sejam parte do seu trabalho
no futuro e que este livro possa ajudá-lo em suas pesquisas. Mas nunca pare de
estudar. Professores conscientes estão em contínua evolução, então, seja uma peça
fundamental para o progresso da educação. Desejo profundamente que o sucesso
faça parte de sua jornada pela Geografia.
179
REFERÊNCIAS
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Produção Agrícola. Piracicaba: Potafós, 1987.
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sidade: caracterização do clima atual e definição das alterações climáticas para o
território brasileiro ao logo do século XXI. Brasília: MMA, 2006.
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2006. 191 f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Geografia) – Faculdade
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São Paulo e achegas para um programa de trabalho. São Paulo: IGEOG/USP. Série
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model and field observations. Journal of climatology, v. 1, n. 3, p. 237-254, 1981.
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doeducacao.com/geografia/a-distribuicao-agua-no-mundo.htm. Acesso em: 29 set.
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PROTOCOLO DE KYOTO. Protocolo de Kyoto. Disponível em: <http://protocolo-de-
-kyoto.info/>. Acesso em: 20 out. 2015.
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REFERÊNCIAS
UNIDADE I
1. O tempo é o estado médio da atmosfera em uma dada porção de tempo e em
determinado lugar. Já o clima refere-se às mesmas características da atmosfera
monitoradas e medidas por um longo período de tempo. Enquanto que tempo
se refere aos estudos dos elementos atmosféricos dentro de um período de tem-
po de poucos dias ou poucas semanas, o estudo climático envolve um espaço de
tempo com período mínimo de análises de 30 anos.
2. Temperatura: a transferência de calor entre moléculas conforme o aumento de
sua atividade.
Radiação: é definida como energia recebida pela Terra na forma de ondas eletro-
magnéticas provenientes do sol.
4. b.
186
GABARITO
UNIDADE II
1. As principais massas de ar que atuam no Brasil são 5.
A Massa Equatorial Atlântica (Ea) é caracterizada por ser quente e úmida. Atua
nos Estados do Nordeste brasileiro.
Massa Equatorial Continental (Ec) também é caracterizada por ser quente e úmi-
da. Atua em praticamente todo o Norte, Centro-Oeste e Sudeste brasileiro.
A Massa Tropical Atlântica (Ta) também é quente e úmida e atua nos Estados das
regiões Sudeste e Sul.
A Massa Tropical Continental (Tc) é caracterizada por ser quente e seca e atua nas
divisas do território brasileiro com o Paraguai e Argentina.
A Massa Polar Atlântica (Pa), fria e úmida atua principalmente nos Estados do
Sul e Sudeste do Brasil. É responsável pelo frio e pelas baixas temperaturas no
inverno nestas regiões.
4. c.
187
GABARITO
UNIDADE III
1. As áreas são influenciadas por sua localização. As cidades brasileiras, em sua
maior parte, são chamadas de “tropicais” por se localizarem na região intertro-
pical. Assim, quanto mais próximo do Equador, maior a quantidade de radiação
solar recebida durante todo o ano. À medida que nos afastamos das baixas la-
titudes, essa quantidade de radiação solar incidente é reduzida. Portanto, as ci-
dades mais próximas da linha do Equador tendem a receber maior radiação, por
isso, podem ser mais quentes que outras. Na região Sul do Brasil, por exemplo,
a quantidade de radiação é menor, tornando o clima das cidades mais ameno.
2. O espaço urbano é mais quente que o rural devido a uma série de aspectos que
envolvem o uso do solo diferenciado entre esses dois meios, as construções do
meio urbano e a paisagem dominada por plantações no meio rural são exem-
plos de que o acúmulo de calor será diferenciado. Além disso, até as caracterís-
ticas dos materiais de construção utilizados podem determinar uma diferencia-
ção das temperaturas.
4. e.
188
GABARITO
UNIDADE IV
1. O balanço hídrico é estimado a partir de componentes de entrada e saída de
água do solo. Essa técnica consiste em contabilizar a água no solo, em um pro-
cesso em que a água da chuva representa a entrada da água no sistema e a eva-
potranspiração e a infiltração, a saída, considerando-se uma determinada capa-
cidade de armazenamento ou retenção de água no solo.
4. O vento excessivo pode causar danos físicos às culturas. Ele também intensifica a
transpiração das plantas causando um ressecamento maior, além de possibilitar
a disseminação de ervas daninhas pelas áreas.
6. a.
189
GABARITO
UNIDADE V
1. A camada de ozônio (O3) é uma camada de gás que protege os seres vivos de
raios solares ultravioleta nocivos. Essa camada atua como filtro, permitindo a
existência da biosfera. Ela se concentra a uma altitude que pode variar de 35 a
55 km. Devido à alta retenção de energia proveniente do Sol, as temperaturas
dessa camada giram em torno dos 80 a 90°C.
3. Existe uma certa divisão entre os pesquisadores que debatem sobre o aqueci-
mento global como resultado da atividade humana, (com emissões de gases
intensificadores do efeito estufa) e aqueles que acreditam que o ciclo natural cli-
mático no levará a um nova idade do gelo. Além disso, outra possibilidade para
um possível resfriamento estaria relacionado com ciclos naturais do Sol, dessa
forma, a comunidade científica ainda não entrou em um consenso se haverá um
aquecimento ou um resfriamento do planeta nos próximos séculos.
4. d.