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A mediatização na vida de Fernanda Machado

No dia 23 de dezembro de 1967, Fernanda casa com Joaquim no Algarve.


Após isto, deu-se a mudança para Vila Franca de Xira. Uma viagem no carro de
Joaquim, que durou bastante mais que as de hoje em dia, devido à ainda pobre rede
de estradas e à escassez de vias rápidas.
Esta mudança deveu-se ao cargo de Joaquim, pois era marinheiro nas forças armadas.
Com o passar dos anos, Fernanda foi mantendo contacto com as suas raízes através da
escrita de cartas, porém com uma menor frequência, devido à analfabetização dos
pais. Com isto, o meio de comunicação mais utilizado era o telefone, mais
especificamente os telefones do CTT. A viagem de carro continuava a ser uma
alternativa para matar saudades, mas bastante esporadicamente.
Durante as suas visitas a casa, o automóvel era o transporte mais utilizado. Em
casa, tanto no Algarve como em Vila Franca sempre contou com a companhia de um
pequeno rádio. Através desse mesmo rádio era onde acompanhava as notícias e ouvia
música, chegando a citar os discos pedidos, mas refere que nunca terá recorrido a
estes.
Outro fator que se mostrou importante para a disseminação das notícias foi a
comunicação entre vizinhos. Fernanda refere que esse mesmo convívio entre vizinhos
e amigos numa localidade relativamente pequena era de grande utilidade para debater
assuntos atuais.
No que toca a televisão, Fernanda assinala a pobreza do conteúdo televisivo durante
o período que vigorava o Estado Novo, pois foi nesta altura que obteve a sua
primeira televisão. Fernanda recorda que apenas foi possível com muito trabalho e
muito esforço, pois, caso contrário, tal não seria possível. Quando criança,
Fernanda chegou a acompanhar a evolução desta recente tecnologia, porém era num
sítio relativamente longe de sua casa e teria de pagar 25 tostões para usufruir
deste serviço.
Os jornais estavam mais presentes na vida do seu marido, que comprava todos os dias
no seu trabalho, de modo a discutir e debater as notícias do dia com os seus
amigos.
Com o 25 de abril, os conteúdos televisivos tiveram uma mudança drástica, dando
logar a notícias, informações do estrangeiro, algo impensável durante o período
ditatorial. Fernanda destaca o fenómeno que foi a novela brasileira “Gabriela,
Cravo e Canela”, uma marca na mudança na programação da televisão portuguesa.
Ao longo de todos estes anos, algo que sempre a acompanhou como auxilio à sua
memória, sempre com tendência a deteriorar-se, foi uma máquina fotográfica. Este
pequeno e rudimentar instrumento à época foi indispensável para Fernanda guardar
para sempre memórias de uma vida.

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