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Lição

1
24 a 30 de setembro
Rebelião em um Universo perfeito

VERSO PARA MEMORIZAR:


“Veja como você caiu do Céu, ó estrela da
manhã, filho da alva! Veja como você foi lançado
por terra, você que debilitava as nações!” (Is
14:12).Leituras da semana: 1Jo 4:8,16; 1Jo 4:7-
16; Ez 28:12-19; Is 14:12-15; Ap 12
Sábado, 24 de setembro Ano Bíblico: Mq 5-7
Muitos pensadores têm tentado explicar a
origem do mal. Alguns sugerem que ele sempre
tenha existido porque, em sua opinião, o bem só
pode ser apreciado em contraste com o mal. Outros
acreditam que o mundo tenha sido criado perfeito,
mas, de alguma forma, o mal surgiu. Por exemplo,
na mitologia grega, o mal teve início quando
Pandora, curiosa, abriu uma caixa lacrada da qual
saíram todos os males do mundo (esse mito, porém,
não explica a origem dos males supostamente
escondidos nessa caixa).
Por outro lado, a Bíblia ensina que nosso Deus
amoroso é todo-poderoso (1Cr 29:10,11) e perfeito
(Mt 5:48). Tudo o que Ele faz é, igualmente, perfeito
(Dt 32:4), o que inclui a forma como o Senhor criou
nosso mundo. Como, então, o mal e o pecado
surgiram em um mundo perfeito? De acordo
com Gênesis 3, a queda de Adão e Eva trouxe
pecado, mal e morte a este mundo.
Mas essa resposta levanta outra questão.
Mesmo antes da queda, o mal já existia,
manifestado pela “serpente”, que enganou Eva (Gn
3:1-5). Por isso, precisamos voltar, até mesmo para
um tempo anterior à queda, a fim de encontrar a
fonte e as origens do mal que domina nossa
existência e que, às vezes, pode torná-la bastante
miserável.
Comentários de Ellen G. White
Somos dependentes da Bíblia quanto a um
conhecimento da história primitiva de nosso
mundo, da criação do homem e de sua queda.
Sendo removida a Palavra de Deus, o que podemos
esperar senão ser deixados às fábulas e conjecturas,
e ao enfraquecimento do intelecto, que é o
resultado certo de se cultivarem erros?
Necessitamos da autêntica história da origem da
Terra, da queda de Lúcifer, e da chegada inesperada
do pecado ao mundo. Sem a Bíblia, seríamos
confundidos por teorias falsas. A mente estaria
sujeita à tirania da superstição e falsidade. Estando,
porém, de posse da autêntica história do princípio
do mundo, não precisamos nos embaraçar com
conjecturas humanas e teorias que não merecem
confiança (Mente, Caráter e Personalidade, v. 2, p.
742).
Satanás é um enganador. Ao pecar ele no Céu,
nem mesmo os anjos fiéis reconheceram
plenamente seu caráter. Essa é a razão pela qual
Deus não o destruiu imediatamente. Se o tivesse
feito, os santos anjos não teriam percebido o amor
e a justiça de Deus. Uma só dúvida quanto à
bondade de Deus teria sido como semente má, que
produziria o amargo fruto do pecado e da desgraça.
Por isso foi poupado o autor do mal, para
desenvolver plenamente seu caráter. Durante
longos séculos, Deus suportou a angústia de
contemplar a obra do mal. Preferiu dar a infinita
Dádiva do Gólgota a deixar alguém ser induzido
pelas falsas representações do maligno, pois o joio
não podia ser arrancado sem o risco de desarraigar
a preciosa semente. E não seremos nós tão
clementes com nossos semelhantes, como o Senhor
do Céu e da Terra é com Satanás? (Parábolas de
Jesus, p. 36).
“Ao levar Satanás o homem a pecar, tinha
esperanças de que a repugnância de Deus ao
pecado O separaria para sempre da humanidade e
quebraria o elo entre o Céu e a Terra. Quando o céu
se abriu em conexão com a voz de Deus dirigida a
Seu Filho, isso foi como um toque mortal para
Satanás. Temeu que Deus estivesse agora mais
disposto a unir o ser humano a Si mesmo e
conceder-lhe poder para vencer suas artimanhas. E
com esse propósito Cristo veio das cortes reais para
a Terra. Satanás estava bem ciente da posição de
honra que Cristo ocupava no Céu como Filho de
Deus, o amado do Pai. Ao deixar o Céu e vir a este
mundo como ser humano, isso o encheu de
apreensão por sua segurança. Ele não podia
compreender o mistério desse grande sacrifício em
benefício do ser humano decaído. Sabia que a
avaliação do Céu excedia em muito o prenúncio da
recompensa e o valor da espécie humana. O mais
valioso tesouro do mundo, ele sabia, não se
compara com o seu valor. Sendo que, por causa de
sua rebelião, havia perdido todas as riquezas e
puras glórias do Céu, estava determinado a ser
vingativo, levando a humanidade, tanto quanto
possível, a desvalorizar o Céu e a colocar as afeições
nos tesouros terrestres” (No Deserto da Tentação,
p. 36).
Domingo, 25 de setembro Ano Bíblico: Naum
Criação, uma expressão de amor
Em sua condição atual, a natureza carrega uma
mensagem ambígua que combina o bem e o mal. As
roseiras podem produzir rosas lindas e perfumadas,
mas também espinhos nocivos e dolorosos. Os seres
humanos, que em um momento demonstram
bondade, podem ser cruéis, odiosos e violentos no
momento seguinte. Não é à toa que, na parábola do
trigo e do joio, os servos perguntaram ao dono do
campo: “Patrão, o senhor não semeou boa semente
no seu campo? De onde, então, vem o joio?”. E o
proprietário respondeu: “Um inimigo fez isso” (Mt
13:27,28). Deus criou o Universo perfeito, mas um
inimigo o profanou com as misteriosas sementes do
pecado.
1. Leia 1João 4:8,16. O que a certeza de que “Deus
é amor” nos diz sobre a natureza de Suas
atividades criadoras?
O fato de que “Deus é amor” (1Jo 4:8,16)
transmite três implicações básicas. Primeiro, o
amor, por sua própria natureza, não pode existir
fechado em si mesmo; ele deve ser expresso. O
amor de Deus é compartilhado internamente entre
as três Pessoas da Divindade e externamente em
Seu relacionamento com todas as Suas criaturas.
Segundo, tudo o que Deus faz é uma expressão de
Seu amor incondicional e imutável. Isso inclui Suas
obras de criação, Suas ações redentivas e até as
manifestações de Seus juízos punitivos. “O amor de
Deus se expressa em Sua justiça não menos do que
em Sua misericórdia. A justiça é o fundamento de
Seu trono e o fruto de Seu amor” (Ellen G. White, O
Desejado de Todas as Nações, p.614). E, terceiro,
visto que Deus é amor e tudo o que Ele faz expressa
esse sentimento, Ele não pode ser o originador do
pecado, o qual se opõe diretamente ao próprio
caráter divino.
Deus precisava ter criado o Universo? Da
perspectiva de Sua soberania, pode-se dizer que
“não”, mas da perspectiva de Sua natureza
amorosa, Ele queria um Universo como meio de
expressar Seu amor. É incrível que o Senhor tenha
criado algumas formas de vida, como os humanos,
que não só são capazes de responder ao amor de
Deus, como também de compartilhar e expressar
amor a Deus e aos outros (Mc 12:30,31).
Olhe ao redor. Você vê reflexos do amor de
Deus, apesar dos estragos do pecado?
Comentários de Ellen G. White
As obras criadas por Deus testificam de Seu amor
e poder. Ele trouxe à existência o mundo,
juntamente com tudo que nele se contém. Deus
ama o belo; e, no mundo que Ele nos preparou, não
somente nos deu tudo que é necessário para nosso
conforto, como também encheu de beleza os céus e
a Terra. Vemos Seu amor e cuidado nos ricos
campos de outono, e Seu sorriso no festivo raio do
Sol. Sua mão fez os rochedos semelhantes a
castelos, e as montanhas altaneiras. As elevadas
árvores crescem à Sua ordem; Ele estende sobre a
Terra o aveludado tapete de relva, e pontilha-o de
botões e flores.
Por que revestiu Ele a terra e as árvores de um
verde vivo, em vez de o fazer com uma cor escura,
sombria? Não é para que possam ser mais
agradáveis à vista? E não se encherá nossa alma de
gratidão ao lermos as provas de Sua sabedoria e
amor nas maravilhas de Sua criação? (Exaltai-
O [MM 1992, 22 de fevereiro], p. 67).
Todo o mundo natural se destina a ser intérprete
das coisas de Deus. Para o casal Adão e Eva, em seu
lar edênico, a Natureza estava repleta do
conhecimento de Deus, cheia de instrução divina.
Para seus ouvidos atentos, ela ecoava a voz da
sabedoria. A sabedoria falava aos olhos e era
recebida no coração, pois eles mantinham
comunhão com Deus por meio das Suas obras
criadas. Logo que o santo casal transgrediu a lei do
Altíssimo, o brilho da face de Deus afastou-se da
face da natureza. Hoje, a natureza está arruinada e
contaminada pelo pecado. As lições práticas de
Deus, porém, não deixaram de existir. Mesmo hoje,
devidamente estudada e interpretada, ela fala do
seu Criador. […]
Em si mesma, a beleza da Natureza afasta a alma
do pecado e das atrações mundanas, e a leva à
pureza, à paz, e a Deus (Conselhos aos Pais,
Professores e Estudantes, p. 186).
O amor, como Cristo exemplificou, é
incomparável; seu valor está acima do ouro, da
prata e de pedras preciosas. O amor que Cristo
possuiu deve ser motivo de orações e de busca. O
cristão que o possui tem um caráter acima de todas
as fraquezas humanas.
A razão de haver no mundo tantos homens e
mulheres de coração duro é que a verdadeira
afeição tem sido considerada fraqueza, e tem sido
desaconselhada e reprimida. A melhor parte da
natureza das pessoas dessa classe foi pervertida e
atrofiada na infância, e a menos que os raios de luz
divina possam fundir sua frieza e coração duro e
egoísta, a felicidade dessas pessoas jaz sepultada
para sempre. Se quisermos ter coração terno, como
Jesus demonstrou quando esteve na Terra, e
santificada compaixão, como os anjos têm para com
os mortais pecadores, temos de cultivar o amor que
as crianças têm, que são a simplicidade em pessoa
(Mente, Caráter e Personalidade, v. 2, p. 606, 607).
Segunda, 26 de setembro Ano Bíblico: Habacuque
O livre-arbítrio, a base para o amor
2. Leia 1João 4:7-16. O que essa passagem nos diz
sobre o livre-arbítrio como uma condição para se
cultivar o amor?
Flores artificiais são lindas, mas não florescem
como as reais. Os robôs são pré-programados para
falar e realizar muitas tarefas, mas não têm vida,
nem emoções. A vida e o livre-arbítrio são
condições indispensáveis para receber, cultivar e
compartilhar amor. Assim, nosso amoroso Deus
criou anjos (incluindo Lúcifer) e seres humanos com
liberdade para fazer suas próprias escolhas,
incluindo a possibilidade de seguir um caminho
errado. Em outras palavras, Deus criou todo o
Universo como um ambiente perfeito e harmonioso
para Suas criaturas crescerem em amor e sabedoria.
Em 1João 4:7-16, o apóstolo ressalta que “Deus é
amor” e que manifestou Seu amor enviando Seu
Filho para morrer pelos nossos pecados. Como
resultado, devemos expressar gratidão amando uns
aos outros. Esse amor divino é a evidência mais
convincente de que Deus permanece em nós e nós
permanecemos Nele. Esse apelo para refletir o
amor de Deus só tem sentido se for dirigido a
criaturas que podem escolher cultivar esse amor ou,
ao contrário, escolher uma vida egocêntrica. No
entanto, a liberdade pode ser mal utilizada, um fato
demonstrado na rebelião de Lúcifer no Céu.
Mesmo reconhecendo a importância do livre-
arbítrio, alguns ainda se perguntam: Se Deus sabia
que Lúcifer se rebelaria, por que o criou? A criação
de Lúcifer não torna Deus responsável pela origem
do pecado?
Especular a esse respeito pode ser complicado,
pois depende de muitos fatores, incluindo o
significado da palavra “responsável”. A origem e a
natureza do pecado são mistérios que ninguém
pode explicar completamente.
Deus não ordenou a existência do pecado;
apenas permitiu sua existência e, na cruz, tomou
sobre Si a punição máxima pelo pecado, o que O
habilitou a erradicá-lo em definitivo. Nas dolorosas
reflexões sobre o mal, nunca devemos esquecer que
o próprio Deus pagou o preço mais alto pela
existência do pecado (Mt 5:43-48; Rm 5:6-11) e
sofreu em decorrência deste mais do que jamais
sofreremos.
O livre-arbítrio é sagrado, mas nossa maneira
de usá-lo traz consequências poderosas. Que
decisões importantes você precisa tomar usando
esse dom? Quais serão os resultados?
Comentários de Ellen G. White
Todos são livres para escolher qual poder os
dominará. Ninguém caiu tão fundo nem é tão mau
que não possa encontrar libertação em Cristo. Em
vez de uma oração, o endemoninhado só conseguiu
proferir as palavras de Satanás; mas o mudo apelo
do coração foi ouvido. Nenhum grito de uma pessoa
em necessidade, embora deixe de ser expresso em
palavras, ficará desatendido. Os que consentirem
em entrar com o Deus do Céu em uma aliança não
serão deixados entregues ao poder de Satanás nem
às fraquezas da própria natureza. São convidados
pelo Salvador: “Que […] se apoderem da Minha
força e façam paz Comigo; sim, que façam paz
Comigo” (Is 27:5). Os espíritos das trevas
combaterão pela pessoa que está sob o domínio
deles, mas anjos de Deus lutarão por ela com um
poder que prevalecerá. […] O Senhor declara: “Será
que se pode tirar o despojo dos guerreiros, ou será
que os prisioneiros podem ser resgatados do poder
dos violentos? Assim, porém, diz o Senhor: ‘Sim,
prisioneiros serão tirados de guerreiros, e despojo
será retomado dos violentos; brigarei com os que
brigam com você, e seus filhos, Eu os salvarei’” (Is
49:24-26, NVI; O Desejado de Todas as Nações, p.
197).
Enquanto éramos ainda destituídos de amor e do
que nos fizesse amáveis no caráter, “odiados e
odiando-nos uns aos outros” (Tt 3:3), nosso Pai
celestial teve misericórdia de nós. “Quando se
manifestou a bondade de Deus, nosso Salvador, e o
Seu amor por todos, Ele nos salvou, não por obras
de justiça praticadas por nós, mas segundo a Sua
misericórdia” (v. 4, 5). Uma vez recebido, Seu amor
torna-nos semelhantemente bondosos e ternos,
não somente para os que nos agradam, mas
também para com os mais faltosos e errantes
pecadores.
Os filhos de Deus são os que partilham de Sua
natureza. Não é a posição terrena nem o
nascimento, tampouco a nacionalidade ou os
privilégios religiosos o que prova que somos
membros da família de Deus; é o amor, um amor
que envolve toda a humanidade. Até mesmo os
pecadores cujo coração não se ache inteiramente
fechado ao Espírito de Deus corresponderão à
bondade; embora devolvam ódio por ódio, darão
também amor por amor. É, porém, unicamente o
Espírito de Deus que dá amor em troca de ódio. Ser
bondoso para o ingrato e o mau, fazer o bem sem
esperar retribuição, é a insígnia da realeza celeste, o
sinal certo pelo qual os filhos do Altíssimo revelam
sua elevada condição (O Maior Discurso de Cristo, p.
53, 54).
A habilidade do ser humano, seu discernimento,
seu poder para executar, tudo procede de Deus.
Tudo deveria ser devotado ao serviço de Deus. Os
princípios da Bíblia devem controlar os servos do
Senhor. Seus obreiros devem sempre fazer justiça e
juízo, guardando firmemente o caminho do Senhor.
“Busquem em primeiro lugar o Reino de Deus e a
sua justiça” (Mt 6:33; Olhando Para o Alto [MM
1983, 1º de março], p. 68).
Terça, 27 de setembro Ano Bíblico: Sofonias
Ingratidão misteriosa
3. Leia Ezequiel 28:12-19. O que podemos aprender
desta passagem sobre a misteriosa origem do mal?
Grande parte do livro de Ezequiel foi escrita em
linguagem simbólico-apocalíptica. Em muitos casos,
entidades específicas (pessoas, animais, objetos) e
eventos locais são usados para representar e
descrever realidades cósmicas e/ou históricas mais
abrangentes. Em Ezequiel 28:1-10, o Senhor falou
do rei de Tiro (antiga e próspera cidade portuária
fenícia) como um governante rico e orgulhoso que
era apenas um “homem”, mas que afirmava ser um
deus que se assentava sobre a cadeira de um deus.
Em Ezequiel 28:12-19, essa realidade histórica se
tornou uma analogia para descrever a queda de
Lúcifer nas cortes celestiais. Assim, o rei de Tiro, um
ser humano que vivia “no coração dos mares”,
passou a representar “um querubim [...] que foi
ungido” e vivia “no Éden, jardim de Deus”, e “no
monte santo” (Ez 28:2,8,13,14).
Uma declaração crucial no relato se encontra
em Ezequiel 28:15: “Você era perfeito nos seus
caminhos, desde o dia em que foi criado até que se
achou iniquidade em você”. A perfeição de Lúcifer
incluía o potencial para o mal, e isso porque, como
ser moral, ele possuía livre-arbítrio, o que faz parte
da essência da perfeição.
Lúcifer foi criado perfeito, e isso incluía sua
capacidade de escolher livremente. No entanto, ao
abusar dessa perfeição pelo mau uso de seu livre-
arbítrio, corrompeu-se por se considerar mais
importante do que de fato era.
Não mais satisfeito com a forma como Deus o
criou e o honrou, Lúcifer perdeu sua gratidão para
com o Criador e desejou receber mais
reconhecimento do que merecia. Como isso pôde
acontecer com um ser angelical perfeito, que vivia
em um universo perfeito, como já mencionado, é
um mistério.
“O pecado é algo misterioso e inexplicável. Não
havia razão para sua existência; tentar explicá-lo é
procurar uma razão para ele, e isso seria justificá-lo.
O pecado apareceu num Universo perfeito, algo que
se revelou inescusável” (Ellen G. White, A Verdade
Sobre os Anjos, p. 30).
Paulo disse que devemos dar graças “em tudo”
(1Ts 5:18). Como essas palavras podem nos ajudar
a superar a ingratidão e autopiedade,
especialmente em tempos difíceis?
Comentários de Ellen G. White
É impossível explicar a origem do pecado
apontando a razão de sua existência. Contudo,
podemos compreender o suficiente com respeito ao
surgimento e ao fim do pecado, para que a justiça e
a benevolência de Deus em Sua relação com o mal
fiquem plenamente evidentes. Deus não é
responsável, de maneira nenhuma, pela origem do
pecado. Nada é mais claramente ensinado nas
Escrituras do que isso. Ele nunca privou ninguém de
Sua graça nem houve alguma deficiência em Seu
governo que motivasse a rebelião. O pecado é um
intruso, cuja presença não tem justificativa. É algo
misterioso, inexplicável. Justificá-lo equivale a
defendê-lo. Se fosse possível encontrar uma razão
para ele, um motivo para sua existência, deixaria de
ser pecado. Nossa única definição de pecado é a
que se encontra na Palavra de Deus: “O pecado é a
transgressão da lei” (1Jo 3:4); é a manifestação de
um princípio em guerra com a grande lei do amor,
que é o fundamento do governo divino (O Grande
Conflito, p. 412).
O pecado originou-se na busca dos próprios
interesses. Lúcifer, o querubim cobridor, desejou
ser o primeiro no Céu. Procurou dominar os seres
celestiais, afastá-los de seu Criador, e ele próprio
receber deles as homenagens. […] Assim enganou
os anjos. Assim enganou as pessoas. Levou-as a
duvidar da palavra de Deus, e a desconfiar de Sua
bondade. […] Assim arrastou os seres humanos a se
unirem a ele em rebelião contra Deus, e as trevas da
miséria baixaram sobre o mundo.
Surgiu o pecado em um universo perfeito. […] A
razão de seu começo ou desenvolvimento nunca foi
explicada, nem nunca o pode ser, nem mesmo no
último grande dia em que o juízo se assentará e
forem abertos os livros. […] Naquele dia ficará
evidente a todos que não há, e nunca houve,
nenhuma causa para o pecado. Na final condenação
de Satanás e seus anjos e de todos os homens que
se houverem finalmente identificado com ele como
transgressores da lei de Deus, toda boca ficará
fechada. Quando a multidão de revoltosos, desde o
primeiro e grande rebelde até o último transgressor,
for interrogada quanto ao motivo de haver
transgredido a lei de Deus, ficará muda. Não haverá
resposta a dar, razão nenhuma a indicar (Para
Conhecê-Lo [MM 1965, 9 de janeiro], p. 15).
Abra o coração ao Seu amor e deixe que este
flua para os outros. Lembre-se de que todos têm
provações duras de suportar, tentações difíceis de
resistir, e está em suas mãos fazer alguma coisa
para aliviar esses fardos. Expresse gratidão pelas
bênçãos que você possui; mostre reconhecimento
pela atenção que você recebe. Mantenha o coração
cheio das preciosas promessas de Deus a fim de que
você possa tirar desse tesouro palavras que sejam
um conforto e vigor para outros. Isso o circundará
de uma atmosfera que será benéfica e
enobrecedora. Seja a sua aspiração beneficiar
aqueles que o rodeiam, e você encontrará sempre
ocasião de ser útil, tanto aos membros de sua
própria família quanto aos outros (A Ciência do Bom
Viver, p. 158).
Quarta, 28 de setembro Ano Bíblico: Ageu
O preço do orgulho
Nas Escrituras há dois grandes temas ou
assuntos predominantes que competem entre si.
Um é o tema de Salém, Monte Sião, Jerusalém e a
Nova Jerusalém, que representa o reino de Deus. O
outro é o tema de Babel e Babilônia, que representa
o domínio falsificado de Satanás.
Por exemplo, Abrão (que passou a ser chamado
Abraão) foi convidado a sair de Ur dos Caldeus para
ir à terra de Canaã (Gn 11:31,32, Gn 12:1-9). Os
judeus, no fim de seu exílio, deixaram a Babilônia e
retornaram a Jerusalém (Ed 2). E, no Apocalipse, o
povo de Deus é chamado para sair da Babilônia do
tempo do fim (Ap 18:4) para habitar com Ele,
finalmente, no Monte Sião e na Nova Jerusalém (Ap
14:1; Ap 21:1-3,10).
4. Leia Isaías 14:12-15. Quais consequências de
longo alcance o orgulho de Lúcifer, enquanto
estava no Céu, trouxe ao Universo e à Terra?
Na Bíblia, a cidade de Babilônia representa um
poder em oposição direta a Deus e ao Seu reino; e o
rei de Babilônia (com alusão especial a
Nabucodonosor) é símbolo de orgulho e arrogância.
Deus havia revelado a Nabucodonosor que
Babilônia era apenas a cabeça de ouro da estátua
de impérios sucessivos (Dn 2:37,38). Desafiando a
revelação divina, ele fez uma estátua toda de ouro,
simbolizando que seu reino duraria para sempre, e
exigiu que todos a adorassem (Dn 3). Como no caso
do rei de Tiro (Ez 28:12-19), o rei de Babilônia
também se tornou um símbolo de Lúcifer.
Isaías 14:3-11 descreveu a queda do arrogante e
opressor rei de Babilônia e, em seguida, se deslocou
do reino histórico para as cortes celestiais e
apontou que um espírito semelhante, orgulhoso e
altivo, havia gerado a queda de Lúcifer (Is 14:12-15).
Ele planejava exaltar seu trono acima de todas as
hostes celestiais e tornar-se “semelhante ao
Altíssimo” (Is 14:14). Esse foi o início de uma
situação nova e hostil em que o amor e a
cooperação altruístas de Deus seriam desafiados
pelo egoísmo e competição de Lúcifer. O inimigo
não teve medo de acusar Deus daquilo que ele
mesmo era e de espalhar mentiras para os anjos. Aí
estão as origens misteriosas do mal no Universo.
Por que é tão fácil orgulhar-se e vangloriar-se
em razão de posições ou conquistas, ou de ambos?
Manter a cruz diante de nós nos previne de cair em
tal armadilha?
Comentários de Ellen G. White
Essa obra de oposição à lei de Deus teve seu
início nas cortes do Céu, com Lúcifer, o querubim
cobridor. Satanás resolveu que seria o primeiro nos
concílios do Céu, igual a Deus. Começou sua obra de
rebelião com os anjos sob seu comando,
procurando difundir entre eles o espírito de
descontentamento. E atuou de modo tão enganoso
que muitos dos anjos foram ganhos para seu lado,
antes que seus propósitos fossem conhecidos
plenamente. Mesmo os anjos leais não puderam
discernir plenamente seu caráter, nem ver o rumo
para o qual levava sua obra. Havendo Satanás tido
êxito em ganhar muitos anjos para seu lado, levou a
Deus a sua causa, afirmando que era desejo dos
anjos que ele ocupasse a posição mantida por
Cristo.
O mal continuou a agir até que o espírito de
descontentamento maturou em ativa revolta. Então
houve guerra no Céu, e Satanás, com todos os que
com ele simpatizavam, foi expulso. Satanás
guerreou pelo domínio do Céu, e perdeu a batalha.
Não poderia Deus por mais tempo confiar-lhe honra
e supremacia, e estas, com a parte que ele havia
ocupado no governo do Céu, foram-lhe tiradas
(Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 222).
Orgulho, amor-próprio, egoísmo, ódio, inveja e
ciúme obscureceram o poder perceptivo; e a
verdade, que o tornaria sábios para salvação,
perdeu seu poder de encantar e controlar a mente.
Não permita que seu ressentimento resulte em
maldade. Não consinta que a ferida supure,
rompendo-se em palavras envenenadas, que
venham a deixar mancha na mente dos ouvintes.
Não admita que persista em seu espírito e no dele
pensamentos de amargura. Vá até seu irmão e, com
humildade e sinceridade, discuta com ele o assunto.
[…]
Todo o Céu tem interesse na conversa entre o
ofendido e o ofensor. […] O santo óleo do amor faz
cessar a dor provocada pela injustiça. O Espírito de
Deus torna a unir os corações e há nos Céus música
pelo restabelecimento da união (Mente, Caráter e
Personalidade, v. 2, p. 529).
O mesmo mal que levou Pedro à queda e excluiu
da comunhão com Deus o fariseu se torna hoje a
ruína de milhares. Nada é tão ofensivo a Deus nem
tão perigoso para o espírito humano como o
orgulho e a presunção. De todos os pecados, esse é
o que menos esperança incute e o mais
irremediável.
A queda de Pedro não foi repentina, mas
gradual. A confiança em si mesmo o induziu à
crença de que estava salvo, e desceu passo a passo
o caminho descendente até negar Seu Mestre
(Parábolas de Jesus, p. 85).
Quinta, 29 de setembro Ano Bíblico: Zc 1-4
A disseminação da descrença
5. Leia Apocalipse 12. O que o capítulo ensina
sobre a disseminação da rebelião do Céu para a
Terra?
Aqueda de Lúcifer não foi um simples choque de
ideias conflitantes. Apocalipse 12 nos diz que uma
grande guerra eclodiu no Céu entre Lúcifer e seus
anjos de um lado e Cristo e Seus anjos do outro.
Lúcifer é chamado de “o grande dragão”, a “antiga
serpente”, “diabo e Satanás” e “acusador de nossos
irmãos” (Ap 12:9,10). Cristo é referido como
“Miguel” (Ap 12:7), que significa “quem é como
Deus”.
Com base na alusão ao “Arcanjo Miguel” (Jd 1:9),
alguns intérpretes acreditam que se trate apenas de
um ser angelical. Mas, no livro de Daniel, cada visão
principal culmina com Cristo e Seu reino eterno,
como a pedra cortada sem o auxílio de mãos (Dn
2:34,45), o Filho do Homem (Dn 7:13), o Príncipe do
exército e Príncipe dos príncipes (Dn 8:11,25), e
Miguel, ogrande Príncipe (Dn 12:1). Assim, como o
Anjo do Senhor é o próprio Senhor (Êx 3:1-6; At
7:30-33, etc.), Miguel deve ser a mesma Pessoa
Divina, ou seja, o próprio Cristo.
Apocalipse 12 apresenta uma visão geral dessa
controvérsia em andamento, que (1) começou no
Céu com a rebelião de Lúcifer e um terço dos anjos
celestiais, (2) culminou com a vitória decisiva de
Cristo na cruz e (3) ainda continua contra o povo
remanescente de Deus no fim dos tempos.
Ellen G. White explicou que, “em Sua grande
misericórdia, Deus suportou Satanás por muito
tempo. Ele não foi imediatamente expulso de sua
posição elevada ao alimentar o espírito de
descontentamento, nem mesmo quando começou a
apresentar suas falsas alegações diante dos anjos
fiéis. Permaneceu ainda por muito tempo no Céu.
Várias vezes lhe foi oferecido o perdão, sob a
condição de que se arrependesse e se submetesse”
(O Grande Conflito, p. 414, 415).
Não sabemos quanto tempo durou essa guerra
nos domínios celestiais. Independentemente de sua
intensidade e duração, o aspecto mais importante
dessa luta foi que Satanás e seus anjos “não
conseguiram sair vitoriosos e não havia mais lugar
para eles no Céu” (Ap 12:8; Lc 10:18). O problema
foi que eles vieram para a Terra.
É real essa batalha na Terra? Qual é a nossa
única esperança de vencer o inimigo?
Comentários de Ellen G. White
Depois que Satanás e os que caíram com ele
foram expulsos do Céu, e tendo ele compreendido
que havia perdido para sempre toda a sua pureza e
glória, arrependeu-se e desejou ser reintegrado no
Céu. Estava disposto a ocupar seu próprio lugar, ou
qualquer posição que lhe fosse designada. Mas não;
o Céu não devia ser colocado em risco. Todo o Céu
poderia vir a ser maculado se ele fosse recebido de
volta; pois o pecado originou-se com ele, e dentro
dele estavam as sementes da rebelião. Tanto ele
quanto seus seguidores choraram e imploraram
para ser de novo recebidos no favor de Deus. No
entanto, o pecado deles – seu ódio, inveja e ciúme –
tinha sido tão grande que Deus não podia apagá-lo.
Tinha que permanecer registrado a fim de receber
sua punição final.
Quando Satanás se tornou inteiramente
consciente de que não havia possibilidade de ser de
novo acolhido ao favor de Deus, sua malícia e seu
ódio começaram a se manifestar. Ele consultou seus
anjos e foi estabelecido um plano para ainda agir
contra o governo de Deus. Quando Adão e Eva
foram colocados no belo jardim, Satanás estava
assentando planos para destruí-los. […] Ficou
decidido que Satanás assumiria uma outra forma e
manifestaria interesse pelo homem. Ele devia fazer
insinuações contra a fidelidade de Deus e criar
dúvida quanto à exatidão do que Deus havia dito. A
seguir, ele devia despertar neles a curiosidade e
levá-los a descobrir os impenetráveis planos de
Deus – precisamente o pecado de que Satanás se
havia feito culpado (Primeiros Escritos, p. 143, 144).
Quando a pessoa se rende inteiramente a Cristo,
um novo poder toma posse do coração. Ocorre uma
mudança que a pessoa não pode absolutamente
fazer por si mesma. Uma obra sobrenatural introduz
um elemento sobrenatural na natureza humana.
Aquele que se rende a Cristo se torna Sua fortaleza,
mantida por Ele em um mundo revoltoso, e Seu
desejo é que nenhuma autoridade seja conhecida
nela, exceto a Dele. Uma pessoa assim guardada
pelos seres celestiais está protegida contra os
ataques de Satanás. Contudo, a menos que nos
entreguemos ao domínio de Cristo, seremos
governados pelo maligno. Inevitavelmente temos de
estar sob o domínio de um ou de outro dos dois
grandes poderes em conflito pela supremacia do
mundo.
Não é necessário que escolhamos
deliberadamente o lado do reino das trevas para
cair sob seu poder. Basta negligenciarmos fazer
aliança com o reino da luz. Se não colaborarmos
com os instrumentos celestiais, Satanás tomará
posse do coração e dele fará sua habitação. A única
defesa contra o mal é Cristo habitar no coração
mediante a fé em Sua justiça. A menos que nos
unamos completamente a Deus, nunca poderemos
resistir aos efeitos não santificados do egoísmo, da
autossatisfação e da tentação para pecar. Podemos
deixar muitos maus hábitos e momentaneamente
nos separar de Satanás, mas sem uma ligação vital
com Deus pela entrega de nós mesmos a Ele,
momento a momento, seremos vencidos (O
Desejado de Todas as Nações, p. 252, 253).
Sexta, 30 de setembro Ano Bíblico: Zc 5-8
Estudo adicional
Textos de Ellen G. White: Patriarcas e Profetas,
p. 9-19 (“A origem do mal”); O Grande Conflito, p.
412-421 (“A origem do mal”).
“Não havia [...] esperança de redenção para
estes que haviam testemunhado e compartilhado
da glória inexprimível do Céu, tinham visto a terrível
majestade de Deus e, em face de toda essa glória,
ainda se rebelaram contra Ele. Não haveria novas e
maravilhosas revelações do exaltado poder de Deus
que os pudessem impressionar tão profundamente
como aquelas que já haviam testemunhado. Se
foram capazes de se rebelar justamente na
presença de inexprimível glória, não poderiam ser
colocados em nenhuma condição mais favorável
para ser provados. Não havia reserva de poder, nem
grandes alturas ou profundezas da glória infinita,
para sobrepujar suas apreensivas dúvidas e
murmurantes rebeliões. Sua culpa e castigo
deveriam ser proporcionais aos seus exaltados
privilégios” (Ellen G. White, No Deserto da
Tentação, p. 25, 26).
“Deus e Cristo sabiam da apostasia de Satanás e
da queda do ser humano mediante o poder
enganador [...]. Deus não determinou a existência
do pecado, mas previu-a e tomou providências para
enfrentar a terrível situação. Seu amor pelo mundo
era tão grande que decidiu entregar ‘Seu Filho
unigênito, para que todo o que Nele crê não pereça,
mas tenha a vida eterna’” (Jo 3:16; Ellen G. White, O
Desejado de Todas as Nações, p. 11).
Perguntas para consideração
1. Como responder à acusação de que Deus é
responsável pela origem do mal?
2. Por que a cruz é central na compreensão da
origem do mal e de sua erradicação?
3. Considerando que Satanás está consciente das
consequências de sua rebelião, por que ele persiste
em sua luta contra Deus?
4. Leia Mateus 5:43-48. Como refletir esse
padrão de amor na família e na igreja?
5. “O diabo anda em derredor, como leão que
ruge, procurando alguém para devorar” (1Pe 5:8;
leia também Ef 6:10-20). Como prevalecer contra as
“ciladas do diabo”?
Respostas e atividades da semana: 1. Tudo o
que Deus fez foi por amor. Ele é amor. Por isso, não
pode ter originado o mal. 2. Cultivar e expressar
amor só faz sentido se for uma decisão
livre. 3. Lúcifer, embora perfeito, tinha o potencial
para fazer o que era errado, pois, como ser moral,
possuía livre-arbítrio. 4. O inimigo acusou Deus,
espalhou suas mentiras para outros anjos e isso
desencadeou a descrença e, consequentemente, o
grande conflito. 5. A batalha continua entre Satanás
e o povo remanescente de Deus no fim dos tempos.
Comentários de Ellen G. White
Minha Consagração Hoje [MM 1953, 1989], 9
de novembro, p. 317 (“Por Cristo há vitória”).
Por Cristo há vitória
9 de Novembro
Graças a Deus, que nos dá a vitória por nosso
Senhor Jesus Cristo. 1 Coríntios 15:57.
Cristo tem o poder do Pai para dar Sua graça
divina e força ao homem, tornando-nos possível a
vitória por meio do Seu nome. ...
Todos estão pessoalmente expostos às tentações
que Cristo venceu, mas a força é provida para todos
no poderoso nome do grande Conquistador. Todos
devem, por si mesmos, vencer individualmente. —
No Deserto da Tentação, 75-77.
Ele conhece toda provação e tristeza da infância
e da adolescência. Teve uma vez exatamente a
vossa idade. As tentações e provações que vos
assaltam também O assaltaram. Mas Ele nunca foi
vencido pela tentação. Sua vida não continha coisa
alguma que não fosse pura e nobre. Ele é o vosso
auxiliar, vosso Redentor. — The Youth’s
Instructor, 22 de Agosto de 1901.
Seu coração de divino amor e simpatia é atraído
acima de tudo para aquele que se acha mais
desesperadoramente enredado nos laços do
inimigo. Com o próprio sangue assinou Ele a carta
de emancipação da raça humana.
Jesus não deseja que fiquem desprotegidos ante
às tentações de Satanás os que por tal preço foram
adquiridos. Não deseja que sejamos vencidos e
venhamos a perecer. Aquele que fechou a boca aos
leões na cova, e andou com Seus fiéis por entre as
chamas da fornalha, está igualmente disposto a
trabalhar em nosso favor, a subjugar todo mal em
nossa natureza. Hoje, está Ele ao altar da
misericórdia, apresentando perante Deus as
súplicas dos que Lhe desejam o auxílio. Não repele
nenhuma criatura chorosa e arrependida. ...
Aqueles que se volvem para Ele em busca de
refúgio, Jesus ergue acima das acusações e da
contenda das línguas. Nem homem nem anjo mau
algum podem comprometê-los. Cristo os liga a Sua
própria natureza divino-humana. — A Ciência do
Bom Viver, 90.
Textos de Ellen G. White: Patriarcas e Profetas, p.
9-19 (“A origem do mal”);
Capítulo 1
Por que foi permitido o pecado?
“Deus é amor”. 1 João 4:8. Sua natureza, Sua lei,
são amor. Assim sempre foi; assim sempre será. “O
Alto e o Sublime, que habita na eternidade” (Isaías
57:15), “cujos caminhos são eternos” (Habacuque
3:6), não muda. NEle “não há mudança nem sombra
de variação”. Tiago 1:17.
Toda manifestação de poder criador é uma
expressão de amor infinito. A soberania de Deus
compreende a plenitude de bênçãos a todos os
seres criados.
Diz o salmista: “Forte é a Tua mão, e elevada a
Tua destra.Justiça e juízo são a base de Teu
trono;Misericórdia e verdade vão adiante do Teu
rosto.Bem-aventurado o povo que conhece o som
festivo:Andará, ó Senhor, na luz da Tua face.Em Teu
nome se alegrará todo o dia, e na Tua justiça se
exaltará.Pois Tu és a glória da sua força. [...]Porque
o Senhor é a nossa defesa, e o santo de Israel o
nosso Rei”. Salmos 89:13-18.
A história do grande conflito entre o bem e o
mal, desde o tempo em que a princípio se iniciou no
Céu até o final da rebelião e extirpação total do
pecado, é também uma demonstração do imutável
amor de Deus.
O Soberano do Universo não estava só em Sua
obra de beneficência. Tinha um companheiro — um
cooperador que poderia apreciar Seus propósitos, e
participar de Sua alegria ao dar felicidade aos seres
criados. “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava
com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no
princípio com Deus”. João 1:1, 2. Cristo, o Verbo, o
Unigênito de Deus, era um com o eterno Pai — um
em natureza, caráter, propósito — o único ser que
poderia penetrar em todos os conselhos e
propósitos de Deus. “O Seu nome será: Maravilhoso
Conselheiro, Deus forte, Pai da eternidade, Príncipe
da paz”. Isaías 9:6. Suas “saídas são desde os
tempos antigos, desde os dias da eternidade”.
Miquéias 5:2. E o Filho de Deus declara a respeito
de Si mesmo: “O Senhor Me possuiu no princípio de
Seus caminhos, e antes de Suas obras mais antigas.
[...] Quando compunha os fundamentos da Terra,
então Eu estava com Ele e era Seu aluno; e era cada
dia as Suas delícias, folgando perante Ele em todo o
tempo”. Provérbios 8:22-30.
O Pai operou por Seu Filho na criação de todos
os seres celestiais. “NEle foram criadas todas as
coisas, [...] sejam tronos, sejam dominações, sejam
principados, sejam potestades: tudo foi criado por
Ele e para Ele”. Colossences 1:16. Os anjos são
ministros de Deus, radiantes pela luz que sempre
flui de Sua presença, e rápidos no vôo para
executarem Sua vontade. Mas o Filho, o Ungido de
Deus, “a expressa imagem de Sua pessoa” (Hebreus
1:3), o “resplendor da Sua glória” (Isaías 66:11),
“sustentando todas as coisas pela palavra do Seu
poder” (Hebreus 1:3), tem a supremacia sobre
todos eles. “Um trono de glória, posto bem alto
desde o princípio” (Hebreus 1:3, 8), foi o lugar de
Seu santuário; “cetro de eqüidade” é o cetro de Seu
reino. Jeremias 17:12. “Glória e majestade estão
ante a Sua face, força e formosura no Seu
santuário”. Salmos 96:6. “Misericórdia e verdade”
vão adiante do Seu rosto. Salmos 89:14.
Sendo a lei do amor o fundamento do governo
de Deus, a felicidade de todos os seres inteligentes
depende da perfeita harmonia, com seus grandes
princípios de justiça. Deus deseja de todas as Suas
criaturas o serviço de amor, serviço que brote de
uma apreciação de Seu caráter. Ele não tem prazer
na obediência forçada; e a todos concede vontade
livre, para que Lhe possam prestar serviço
voluntário.
Enquanto todos os seres criados reconheceram a
lealdade pelo amor, houve perfeita harmonia por
todo o Universo de Deus. Era a alegria da hoste
celestial cumprir o propósito do Criador.
Deleitavam-se em refletir a Sua glória, e patentear o
Seu louvor. E enquanto foi supremo o amor para
com Deus, o amor de uns para com outros foi cheio
de confiança e abnegado. Nenhuma nota
discordante havia para deslustrar as harmonias
celestiais. Sobreveio, porém, uma mudança neste
estado de felicidade. Houve um ser que perverteu a
liberdade que Deus concedera a Suas criaturas. O
pecado originou-se com aquele que, abaixo de
Cristo, fora o mais honrado por Deus, e o mais
elevado em poder e glória entre os habitantes do
Céu. Lúcifer, “filho da alva”, era o primeiro dos
querubins cobridores, santo, incontaminado.
Permanecia na presença do grande Criador, e os
incessantes raios de glória que cercavam o eterno
Deus, repousavam sobre ele. “Assim diz o Senhor
Jeová: Tu és o aferidor da medida, cheio de
sabedoria e perfeito em formosura. Estavas no
Éden, jardim de Deus; toda a pedra preciosa era a
tua cobertura. [...] Tu eras querubim ungido para
proteger, e te estabeleci; no monte santo de Deus
estavas, no meio das pedras afogueadas andavas.
Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em
que foste criado, até que se achou iniqüidade em
ti”. Ezequiel 28:12-15.
Pouco a pouco Lúcifer veio a condescender com
o desejo de exaltação própria. Dizem as Escrituras:
“Elevou-se o teu coração por causa da tua
formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa
do teu resplendor”. Ezequiel 28:17. “Tu dizias no teu
coração: [...] acima das estrelas de Deus exaltarei o
meu trono. [...] Serei semelhante ao Altíssimo”.
Isaías 14:13, 14. Se bem que toda a sua glória
proviesse de Deus, este poderoso anjo veio a
considerá-la como pertencente a si próprio. Não
contente com sua posição, embora fosse mais
honrado do que a hoste celestial, arriscou-se a
cobiçar a homenagem devida unicamente ao
Criador. Em vez de procurar fazer com que Deus
fosse o alvo supremo das afeições e fidelidade de
todos os seres criados, consistiu o seu esforço em
obter para si o serviço e lealdade deles. E,
cobiçando a glória que o infinito Pai conferira a Seu
Filho, este príncipe dos anjos aspirou ao poder que
era a prerrogativa de Cristo apenas.
Quebrantou-se então a perfeita harmonia do
Céu. A disposição de Lúcifer para servir a si em vez
de ao Criador, suscitou um sentimento de
apreensão ao ser observada por aqueles que
consideravam dever a glória de Deus ser suprema.
No conselho celestial os anjos insistiam com Lúcifer.
O Filho de Deus apresentou perante ele a grandeza,
a bondade e a justiça do Criador, e a natureza
imutável, sagrada de Sua lei. O próprio Deus
estabelecera a ordem do Céu; e, desviando-se dela,
Lúcifer desonraria ao seu Criador, e traria a ruína
sobre si. Mas a advertência, feita com amor e
misericórdia infinitos, apenas despertou espírito de
resistência. Lúcifer consentiu que prevalecessem
seus sentimentos de inveja para com Cristo, e se
tornou mais decidido.
Disputar a supremacia do Filho de Deus,
desafiando assim a sabedoria e o amor do Criador,
tornara-se o propósito desse príncipe dos anjos.
Para tal objetivo estava ele a ponto de aplicar as
energias daquela mente superior, que, abaixo da de
Cristo, era a primeira dentre os exércitos de Deus.
Mas Aquele que queria livres as vontades de todas
as Suas criaturas, a ninguém deixou desprevenido
quanto ao sofisma desconcertante por meio do qual
a rebelião procuraria justificar-se. Antes que se
iniciasse a grande luta, todos deveriam ter uma
apresentação clara a respeito da vontade dAquele
cuja sabedoria e bondade eram a fonte de toda a
sua alegria.
O Rei do Universo convocou os exércitos
celestiais perante Ele, para, em sua presença,
apresentar a verdadeira posição de Seu Filho, e
mostrar a relação que Este mantinha para com
todos os seres criados. O Filho de Deus partilhava
do trono do Pai, e a glória do Ser eterno, existente
por Si mesmo, rodeava a ambos. Em redor do trono
reuniam-se os santos anjos, em uma multidão vasta,
inumerável — “milhões de milhões, e milhares de
milhares” (Apocalipse 5:11), estando os mais
exaltados anjos, como ministros e súditos, a
regozijar-se na luz que, da presença da Divindade,
caía sobre eles. Perante os habitantes do Céu,
reunidos, o Rei declarou que ninguém, a não ser
Cristo, o Unigênito de Deus, poderia penetrar
inteiramente em Seus propósitos, e a Ele foi
confiado executar os poderosos conselhos de Sua
vontade. O Filho de Deus executara a vontade do
Pai na criação de todos os exércitos do Céu; e a Ele,
bem como a Deus, eram devidas as homenagens e
fidelidade daqueles. Cristo ia ainda exercer o poder
divino na criação da Terra e de seus habitantes. Em
tudo isto, porém, não procuraria poder ou exaltação
para Si mesmo, contrários ao plano de Deus, mas
exaltaria a glória do Pai, e executaria Seus
propósitos de beneficência e amor.
Os anjos alegremente reconheceram a
supremacia de Cristo, e, prostrando-se diante dEle,
extravasaram seu amor e adoração. Lúcifer curvou-
se com eles; mas em seu coração havia um conflito
estranho, violento. A verdade, a justiça e a lealdade
estavam a lutar contra a inveja e o ciúme. A
influência dos santos anjos pareceu por algum
tempo levá-lo com eles. Ao ascenderem os cânticos
de louvores, em melodiosos acordes, avolumados
por milhares de alegres vozes, o espírito do mal
pareceu subjugado; indizível amor fazia fremir todo
o seu ser; em concerto com os adoradores
destituídos de pecado, expandia-se-lhe a alma em
amor para com o Pai e o Filho. De novo, porém,
achou-se repleto de orgulho por sua própria glória.
Voltou-lhe o desejo de supremacia, e uma vez mais
condescendeu com a inveja de Cristo. As altas
honras conferidas a Lúcifer não eram apreciadas
como um dom especial de Deus, e, portanto, não
provocavam gratidão para com o seu Criador. Ele se
gloriava em seu brilho e exaltação, e almejava ser
igual a Deus. Era amado e reverenciado pelo
exército celestial, anjos se deleitavam em executar
suas ordens, e estava ele revestido de sabedoria e
glória mais do que todos eles. Contudo, o Filho de
Deus era mais exaltado do que ele, sendo um em
poder e autoridade com o Pai. Partilhava dos
conselhos do Pai, enquanto Lúcifer não penetrava
assim nos propósitos de Deus. “Por que”,
perguntava este poderoso anjo, “deveria Cristo ter a
primazia? Por que é Ele mais honrado do que
Lúcifer?”
Deixando seu lugar na presença imediata do Pai,
Lúcifer saiu a difundir o espírito de
descontentamento entre os anjos. Ele agia em
misterioso segredo, e durante algum tempo
escondeu seu propósito real sob uma aparência de
reverência para com Deus. Começou a insinuar
dúvidas com respeito às leis que governavam os
seres celestiais, dando a entender que, conquanto
pudessem as leis ser necessárias para os habitantes
dos mundos, não necessitavam de tais restrições os
anjos, mais elevados por natureza, pois que sua
sabedoria era um guia suficiente. Não eram eles
seres que pudessem acarretar desonra a Deus;
todos os seus pensamentos eram santos; não havia
para eles maior possibilidade de errar do que para o
próprio Deus. A exaltação do Filho de Deus à
igualdade com o Pai, foi representada como sendo
uma injustiça a Lúcifer, o qual, pretendia-se, tinha
também direito à reverência e à honra. Se este
príncipe dos anjos pudesse tão-somente alcançar a
sua verdadeira e elevada posição, grande bem
resultaria para todo o exército do Céu; pois era seu
objetivo conseguir liberdade para todos. Agora,
porém, mesmo a liberdade que eles até ali haviam
desfrutado, tinha chegado a seu fim; pois lhes havia
sido designado um Governador absoluto, e todos
deveriam prestar homenagem à Sua autoridade.
Tais foram os erros sutis que por meio dos ardis de
Lúcifer estavam a propagar-se rapidamente nos
lugares celestiais.
Não tinha havido mudança alguma na posição ou
autoridade de Cristo. A inveja e falsa representação
de Lúcifer, bem como sua pretensão à igualdade
com Cristo, tornaram necessária uma declaração a
respeito da verdadeira posição do Filho de Deus;
mas esta havia sido a mesma desde o princípio.
Muitos dos anjos, contudo, ficaram cegos pelos
enganos de Lúcifer.
Tirando vantagem da amável e leal confiança
nele depositada pelos seres santos que estavam sob
suas ordens, com tal arte infiltrara em suas mentes
a sua própria desconfiança e descontentamento que
sua participação não foi percebida. Lúcifer havia
apresentado os propósitos de Deus sob uma luz
falsa, interpretando-os mal e torcendo-os, de modo
a incitar a dissensão e descontentamento.
Astuciosamente levou os ouvintes a dar expressão
aos seus sentimentos; então eram tais expressões
repetidas por ele quando isto servisse aos seus
intuitos, como prova de que os anjos não estavam
completamente de acordo com o governo de Deus.
Ao mesmo tempo em que, de sua parte, pretendia
uma perfeita fidelidade para com Deus, insistia que
modificações na ordem e leis do Céu eram
necessárias para a estabilidade do governo divino.
Assim, enquanto trabalhava para provocar oposição
à lei de Deus, e infiltrar seu próprio
descontentamento na mente dos anjos sob seu
mando, ostensivamente estava ele procurando
remover o descontentamento e reconciliar anjos
desafetos com a ordem do Céu. Ao mesmo tempo
em que secretamente fomentava a discórdia e a
rebelião, com uma astúcia consumada fazia parecer
como se fosse seu único intuito promover a
lealdade, e preservar a harmonia e a paz.
O espírito de descontentamento que assim se
acendera, estava a fazer sua obra funesta.
Conquanto não houvesse uma insurreição
declarada, a divisão de sentimentos
imperceptivelmente crescia entre os anjos. Alguns
havia que olhavam com favor para as insinuações de
Lúcifer contra o governo de Deus. Posto que
tivessem estado até ali em perfeita harmonia com a
ordem que Deus estabelecera, achavam-se agora
descontentes e infelizes, porque não podiam
penetrar Seus conselhos insondáveis; não estavam
satisfeitos com Seu propósito de exaltar a Cristo.
Estes se encontravam prontos para apoiar a
exigência de Lúcifer para ter autoridade igual à do
Filho de Deus. Entretanto, anjos que eram fiéis e
verdadeiros sustentavam a sabedoria e justiça do
decreto divino, e se esforçavam por reconciliar este
ser desafeto com a vontade de Deus. Cristo era o
Filho de Deus; tinha sido um com Ele antes que os
anjos fossem chamados à existência. Sempre
estivera Ele à destra do Pai; Sua supremacia, tão
cheia de bênção a todos os que vinham sob Seu
domínio benigno, não havia até então sido posta em
dúvida. A harmonia do Céu nunca fora
interrompida; por que deveria agora haver
discórdia? Os anjos fiéis apenas podiam ver
conseqüências terríveis para esta dissensão, e com
rogos ansiosos aconselhavam os que estavam
desafetos a renunciarem seu intuito e se mostrarem
leais para com Deus, pela fidelidade ao Seu
governo.
Com grande misericórdia, de acordo com o Seu
caráter divino, Deus suportou longamente a Lúcifer.
O espírito de descontentamento e desafeição
nunca antes havia sido conhecido no Céu. Era um
elemento novo, estranho, misterioso, inexplicável.
O próprio Lúcifer não estivera a princípio ciente da
natureza verdadeira de seus sentimentos; durante
algum tempo receou exprimir a ação e imaginações
de sua mente; todavia não as repeliu. Não via para
onde se deixava levar. Entretanto, esforços que
somente o amor e a sabedoria infinitos poderiam
imaginar, foram feitos para convencê-lo de seu erro.
Provou-se que sua desafeição era sem causa, e fez-
se-lhe ver qual seria o resultado de persistir em
revolta. Lúcifer estava convencido de que não tinha
razão. Viu que “justo é o Senhor em todos os Seus
caminhos, e santo em todas as Suas obras” (Salmos
145:17); que os estatutos divinos são justos, e que,
como tais, ele os deveria reconhecer perante todo o
Céu. Houvesse ele feito isto, e poderia ter salvo a si
mesmo e a muitos anjos. Ele não tinha naquele
tempo repelido totalmente sua lealdade a Deus.
Embora tivesse deixado sua posição como querubim
cobridor, se contudo estivesse ele disposto a voltar
para Deus, reconhecendo a sabedoria do Criador, e
satisfeito por preencher o lugar a ele designado no
grande plano de Deus, teria sido reintegrado em
suas funções. Chegado era o tempo para um
decisão final; deveria render-se completamente à
soberania divina, ou colocar-se em franca rebelião.
Quase chegou à decisão de voltar; mas o orgulho o
impediu disto. Era sacrifício demasiado grande, para
quem fora tão altamente honrado, confessar que
estivera em erro, que suas imaginações eram
errôneas, e render-se à autoridade que ele
procurara demonstrar ser injusta.
Um compassivo Criador, sentindo terna piedade
por Lúcifer e seus seguidores, procurava fazê-los
retroceder do abismo de ruína em que estavam
prestes a imergir. Sua misericórdia, porém, foi mal-
interpretada. Lúcifer apontou a longanimidade de
Deus como uma prova de sua superioridade, como
indicação de que o Rei do Universo ainda
concordaria com suas imposições. Se os anjos
permanecessem firmes com ele, declarou, poderiam
ainda ganhar tudo que desejassem.
Persistentemente defendeu sua conduta, e
entregou-se amplamente ao grande conflito contra
seu Criador. Assim foi que Lúcifer, “o portador de
luz”, aquele que participava da glória de Deus, que
servia junto ao Seu trono, tornou-se, pela
transgressão, Satanás, o “adversário” de Deus e dos
seres santos, e destruidor daqueles a quem o Céu
confiou a sua guia e guarda.
Rejeitando com desdém os argumentos e rogos
dos anjos fiéis, acusou-os de serem escravos
iludidos. A preferência mostrada para com Cristo
declarou ele ser um ato de injustiça tanto para si
como para todo o exército celestial, e anunciou que
não mais se sujeitaria a esta usurpação dos direitos,
seus e deles. Nunca mais reconheceria a supremacia
de Cristo. Resolvera reclamar a honra que deveria
ter sido conferida a ele, e tomar o comando de
todos os que se tornassem seus seguidores; e
prometeu àqueles que entrassem para as suas
fileiras um governo novo e melhor, sob o qual todos
desfrutariam liberdade. Grande número de anjos
deram a entender seu propósito de o aceitar como
seu chefe. Lisonjeado pelo apoio com que suas
insinuações eram recebidas, esperou conquistar
todos os anjos para o seu lado, tornar-se igual ao
próprio Deus, e ser obedecido por todo o exército
celestial.
Os anjos fiéis ainda instavam com ele e com os
que com ele simpatizavam, para que se
submetessem a Deus; apresentavam-lhes o
resultado inevitável caso se recusassem a isso:
Aquele que os criara poderia subverter seu poder, e
castigar de maneira notável sua revoltosa ousadia.
Nenhum anjo poderia com êxito opor-se à lei de
Deus, que é tão sagrada como Ele próprio.
Advertiram todos a que fechassem os ouvidos ao
raciocínio enganador de Lúcifer, e insistiram com
este e seus seguidores para buscarem a presença de
Deus sem demora, e confessarem o erro de pôr em
dúvida Sua sabedoria e autoridade.
Muitos estiveram dispostos a dar atenção a este
conselho, arrepender-se de sua desafeição, e
procurar de novo ser recebidos no favor do Pai e de
Seu Filho. Lúcifer, porém, tinha pronto outro
engano. O grande rebelde declarou então que os
anjos que com ele se uniram tinham ido muito
longe para voltarem; que ele conhecia a lei divina, e
sabia que Deus não perdoaria. Declarou que todos
os que se sujeitassem à autoridade do Céu seriam
despojados de sua honra, rebaixados de sua
posição. Quanto a si, estava decidido a nunca mais
reconhecer a autoridade de Cristo. A única maneira
de agir que restava a ele e seus seguidores, dizia,
consistia em vindicar sua liberdade, e adquirir pela
força os direitos que não lhes haviam sido de boa
vontade concedidos.
Tanto quanto dizia respeito ao próprio Satanás,
era verdade que ele havia ido agora demasiado
longe para que pudesse voltar. Mas não era assim
com os que tinham sido iludidos pelos seus
enganos. Para estes, os conselhos e rogos dos anjos
fiéis abriram uma porta de esperança; e, se
houvessem eles atendido a advertência, poderiam
ter sido arrancados da cilada de Satanás. Mas ao
orgulho, ao amor para com seu chefe, e ao desejo
de uma liberdade sem restrições permitiu-se terem
o domínio, e as instâncias do amor e misericórdia
divinos foram finalmente rejeitadas.
Deus permitiu que Satanás levasse avante sua
obra até que o espírito de desafeto amadurecesse
em ativa revolta. Era necessário que seus planos se
desenvolvessem completamente a fim de que todos
pudessem ver sua verdadeira natureza e tendência.
Lúcifer, sendo o querubim ungido, fora altamente
exaltado; era grandemente amado pelos seres
celestiais, e forte era sua influência sobre eles. O
governo de Deus incluía não somente os habitantes
do Céu, mas de todos os mundos que Ele havia
criado; e Lúcifer concluiu que, se ele pôde levar
consigo os anjos do Céu à rebelião, poderia também
levar todos os mundos. Tinha ele artificiosamente
apresentado a questão sob o seu ponto de vista,
empregando sofisma e fraude, a fim de conseguir
seus objetivos. Seu poder para enganar era muito
grande. Disfarçando-se sob a capa da falsidade,
alcançara uma vantagem. Todos os seus atos eram
de tal maneira revestidos de mistério, que era difícil
descobrir aos anjos a verdadeira natureza de sua
obra. Antes que se desenvolvesse completamente,
não poderia mostrar-se a coisa ruim que era; sua
desafeição não seria vista como sendo rebelião.
Mesmo os anjos fiéis não podiam discernir-lhe
completamente o caráter, ou ver para onde sua
obra estava a levar.
Lúcifer havia a princípio dirigido suas tentações
de tal maneira que ele próprio não pareceu achar-se
comprometido. Os anjos que ele não pôde trazer
completamente para o seu lado, acusou-os de
indiferença aos interesses dos seres celestiais. Da
mesma obra que ele próprio estava a fazer, acusou
os anjos fiéis. Consistia sua astúcia em perturbar
com argumentos sutis, referentes aos propósitos de
Deus. Tudo que era simples ele envolvia em
mistério, e por meio de artificiosa perversão lançava
a dúvida sobre as mais claras declarações de Jeová.
E sua elevada posição, tão intimamente ligada com
o governo divino, dava maior força a suas
representações.
Deus apenas podia empregar meios que fossem
coerentes com a verdade e justiça. Satanás podia
usar o que Deus não podia — a lisonja e o engano.
Procurara falsificar a Palavra de Deus, e de maneira
errônea figurara Seu plano de governo,
pretendendo que Deus não era justo ao impor leis
aos anjos; que, exigindo submissão e obediência de
Suas criaturas, estava simplesmente a procurar a
exaltação de Si mesmo. Era, portanto, necessário
demonstrar perante os habitantes do Céu, e de
todos os mundos, que o governo de Deus é justo,
que Sua lei é perfeita. Satanás fizera com que
parecesse estar ele procurando promover o bem do
Universo. O verdadeiro caráter do usurpador e seu
objetivo real devem ser compreendidos por todos.
Ele deve ter tempo para manifestar-se pelas suas
obras iníquas.
A discórdia que sua conduta determinara no Céu,
Satanás lançara sobre o governo de Deus. Todo o
mal declarou ele ser o resultado da administração
divina. Alegava que era seu objetivo aperfeiçoar os
estatutos de Jeová. Por isso permitiu Deus que ele
demonstrasse a natureza de suas pretensões, a fim
de mostrar o efeito de suas propostas mudanças na
lei divina. A sua própria obra o deve condenar.
Satanás pretendera desde o princípio que não
estava em rebelião. O Universo todo deve ver o
enganador desmascarado.
Mesmo quando foi expulso do Céu, a Sabedoria
infinita não destruiu Satanás. Visto que unicamente
o serviço de amor pode ser aceito por Deus, a
fidelidade de Suas criaturas deve repousar em uma
convicção de Sua justiça e benevolência. Os
habitantes do Céu, e dos mundos, não estando
preparados para compreender a natureza ou
conseqüência do pecado, não poderiam ter visto
então a justiça de Deus na destruição de Satanás.
Houvesse ele sido imediatamente destruído, e
alguns teriam servido a Deus pelo temor em vez de
o fazer pelo amor. A influência do enganador não
teria sido completamente destruída, tampouco o
espírito de rebelião teria sido totalmente
desarraigado. Para o bem do Universo todo, através
dos intérminos séculos, ele deveria desenvolver
mais completamente seus princípios, a fim de que
suas acusações contra o governo divino pudessem
ser vistas sob sua verdadeira luz, por todos os seres
criados, e a justiça e a misericórdia de Deus, bem
como a imutabilidade de Sua lei, pudessem para
sempre ser postas fora de toda a questão.
A rebelião de Satanás deveria ser uma lição para
o Universo, durante todas as eras vindouras —
perpétuo testemunho da natureza do pecado e de
seus terríveis resultados. A atuação do governo de
Satanás, seus efeitos tanto sobre os homens como
sobre os anjos, mostrariam qual seria o fruto de se
pôr de parte a autoridade divina. Testificariam que,
ligado à existência do governo de Deus, está o bem-
estar de todas as criaturas que Ele fez. Assim, a
história desta terrível experiência com a rebelião
seria uma salvaguarda perpétua para todos os seres
santos, para impedir que fossem enganados quanto
à natureza da transgressão, para salvá-los de
cometer pecado, e de sofrerem sua pena.
Aquele que governa no Céu é O que vê o fim
desde o princípio — o Ser perante o qual os
mistérios do passado e do futuro estão igualmente
expostos, e que, para além da miséria, trevas e
ruína que o pecado acarretou, contempla o
cumprimento de Seus propósitos de amor e
bênçãos. Se bem que “nuvens e obscuridade estão
ao redor dEle, justiça e juízo são a base de Seu
trono”. Salmos 97:2. E isto os habitantes do
Universo, tanto fiéis como infiéis, compreenderão
um dia. “Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque
todos os Seus caminhos juízo são; Deus é a verdade,
e não há nEle injustiça: justo e reto é”.
Deuteronômio 32:4.

O Grande Conflito, p. 412-421 (“A origem do


mal”).
Capítulo 29
Por que existe o sofrimento
Para muitos espíritos, a origem do pecado e a
razão de sua existência são causa de grande
perplexidade. Vêem a obra do mal, com seus
terríveis resultados de miséria e desolação, e põem
em dúvida como tudo isso possa existir sob o
reinado de um Ser que é infinito em sabedoria,
poder e amor. Eis um mistério, para o qual não
encontram explicação. E, em sua incerteza e dúvida,
tornam-se cegos para verdades plenamente
reveladas na Palavra de Deus, e essenciais à
salvação. Existem os que, em suas pesquisas
concernentes à existência do pecado, se esforçam
por esquadrinhar aquilo que Deus nunca revelou;
por isso não encontram solução para suas
dificuldades; e os que mostram tal disposição para a
dúvida e astúcia, aproveitam-se disto como
desculpa para rejeitar as palavras das Sagradas
Escrituras. Outros, entretanto, deixam de ter uma
compreensão satisfatória a respeito do grande
problema do mal, devido a terem a tradição e a
interpretação errônea obscurecido o ensino da
Bíblia relativo ao caráter de Deus, à natureza de Seu
governo, e aos princípios que regem Seu trato com
o pecado.
É impossível explicar a origem do pecado de
maneira a dar a razão de sua existência. Todavia,
bastante se pode compreender em relação à
origem, bem como à disposição final do pecado,
para que se faça amplamente manifesta a justiça e
benevolência de Deus em todo o Seu trato com o
mal. Nada é mais claramente ensinado nas
Escrituras do que o fato de não haver sido Deus de
maneira alguma responsável pela manifestação do
pecado; e de não ter havido qualquer retirada
arbitrária da graça divina, nem deficiência no
governo divino, para que dessem motivo ao
irrompimento da rebelião. O pecado é um intruso,
por cuja presença nenhuma razão se pode dar. É
misterioso, inexplicável; desculpá-lo corresponde a
defendê-lo. Se para ele se pudesse encontrar
desculpa, ou mostrar-se causa para a sua existência,
deixaria de ser pecado. Nossa única definição de
pecado é a que é dada na Palavra de Deus; é:
“quebrantamento da lei”; é o efeito de um princípio
em conflito com a grande lei do amor, que é o
fundamento do governo divino.
Antes da manifestação do mal, havia paz e
alegria por todo o Universo. Tudo estava em
perfeita harmonia com a vontade do Criador. O
amor a Deus era supremo; imparcial, o amor de uns
para com outros. Cristo, o Verbo, o Unigênito de
Deus, era um com o eterno Pai — um na natureza,
no caráter e no propósito — e o único Ser em todo
o Universo que poderia entrar nos conselhos e
propósitos de Deus. Por Cristo, o Pai efetuou a
criação de todos os seres celestiais. “NEle foram
criadas todas as coisas que há nos céus ... sejam
tronos, sejam dominações, sejam principados,
sejam potestades” (Colossenses 1:16); e tanto para
com Cristo, como para com o Pai, todo o Céu
mantinha lealdade.
Sendo a lei do amor o fundamento do governo
de Deus, a felicidade de todos os seres criados
dependia de sua perfeita harmonia com seus
grandes princípios de justiça. Deus deseja de todas
as Suas criaturas serviço de amor — homenagem
que brote de uma apreciação inteligente de Seu
caráter. Ele não tem prazer em uma submissão
forçada, e a todos confere vontade livre, para que
possam prestar-Lhe serviço voluntário.
Houve, porém, um ser que preferiu perverter
esta liberdade. O pecado originou-se com aquele
que, abaixo de Cristo, fora o mais honrado por
Deus, e o mais elevado em poder e glória entre os
habitantes do Céu. Antes de sua queda, Lúcifer foi o
primeiro dos querubins cobridores santo e
incontaminado. “Assim diz o Senhor Jeová: Tu és o
aferidor da medida, cheio de sabedoria e perfeito
em formosura. Estavas no Éden, jardim de Deus;
toda a pedra preciosa era a tua cobertura.” “Tu eras
querubim ungido para proteger, e te estabeleci; no
monte santo de Deus estavas, no meio das pedras
afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus
caminhos, desde o dia em que foste criado, até que
se achou iniqüidade em ti.” Ezequiel 28:12-15.
Lúcifer poderia ter permanecido no favor de
Deus, ser amado e honrado por toda a hoste
angélica, exercendo suas nobres faculdades, a fim
de abençoar outros e glorificar o seu Criador. Mas,
diz o profeta: “Elevou-se o teu coração por causa da
tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por
causa do teu resplendor.” Ezequiel 28:17. Pouco a
pouco Lúcifer veio a condescender com o desejo de
exaltação própria. “Estimas o teu coração como se
fora o coração de Deus.” “E tu dizias: ... Acima das
estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte
da congregação me assentarei. ... Subirei acima das
mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.”
Ezequiel 28:6; Isaías 14:13, 14. Em vez de procurar
fazer com que Deus fosse supremo nas afeições e
lealdade de Suas criaturas, era o esforço de Lúcifer
conquistar para si o seu serviço e homenagem. E,
cobiçando a honra que o infinito Pai conferira a Seu
Filho, este príncipe dos anjos aspirou ao poder cujo
uso era prerrogativa de Cristo, unicamente.
O Céu todo se regozijava com refletir a glória do
Criador e celebrar o Seu louvor. E, enquanto Deus
assim fora honrado, tudo era paz e alegria. Uma
nota dissonante, porém, deslustrava agora as
harmonias celestiais. O serviço e exaltação em prol
do eu, contrários ao plano do Criador, despertavam
prenúncios de males nas mentes para as quais a
glória de Deus era suprema. Os concílios celestiais
instavam com Lúcifer. O Filho de Deus lhe
apresentava a grandeza, a bondade e a justiça do
Criador, e a natureza sagrada e imutável de Sua lei.
Deus mesmo havia estabelecido a ordem do Céu; e,
afastando-se dela, Lúcifer desonraria a seu Criador,
trazendo sobre si a ruína. Mas a advertência, feita
com amor e misericórdia infinitos, unicamente
suscitou espírito de resistência. Lúcifer permitiu que
prevalecesse a inveja para com Cristo, e mais
decidido se tornou.
O orgulho de sua própria glória alimentava o
desejo de supremacia. As elevadas honras
conferidas a Lúcifer não eram apreciadas como um
dom de Deus, e não despertavam gratidão para com
o Criador. Ele se gloriava em seu resplendor e
exaltação, e aspirava a ser igual a Deus. Era amado e
reverenciado pela hoste celestial. Anjos deleitavam-
se em executar suas ordens, e, mais que todos eles,
estava revestido de sabedoria e glória. Todavia, o
Filho de Deus era o reconhecido Soberano do Céu,
igual ao Pai em poder e autoridade. Em todos os
conselhos de Deus, Cristo tomava parte, enquanto a
Lúcifer não era assim permitido entrar em
conhecimento dos propósitos divinos. “Por que”,
perguntava o poderoso anjo, “deveria Cristo ter a
supremacia? Por que é Ele desta maneira mais
honrado do que Lúcifer?”
Deixando seu lugar na presença imediata de
Deus, saiu a difundir o espírito de
descontentamento entre os anjos. Operando em
misterioso segredo, e escondendo durante algum
tempo o seu intuito real sob o disfarce de
reverência a Deus, esforçou-se por suscitar o
desgosto em relação às leis que governavam os
seres celestiais, insinuando que elas impunham uma
restrição desnecessária. Visto serem de natureza
santa, insistia em que os anjos obedecessem aos
ditames de sua própria vontade. Procurou
arregimentar as simpatias em seu favor, propalando
que Deus o tratara injustamente ao conferir honra
suprema a Cristo. Alegava que, anelando maior
poder e honra, não pretendia a exaltação própria,
mas procurava conseguir liberdade para todos os
habitantes do Céu, a fim de por este meio poderem
alcançar condição mais elevada de existência.
Deus, em Sua grande misericórdia, suportou
longamente a Satanás. Este não foi imediatamente
degradado de sua posição elevada, quando a
princípio condescendeu com o espírito de
descontentamento, nem mesmo quando começou a
apresentar suas falsas pretensões diante dos anjos
fiéis. Muito tempo foi ele conservado no Céu.
Reiteradas vezes lhe foi oferecido o perdão, sob a
condição de que se arrependesse e submetesse.
Esforços que apenas o amor e a sabedoria infinitos
poderiam conceber, foram feitos a fim de convencê-
lo de seu erro. O espírito de dissabor nunca dantes
fora conhecido no Céu. O próprio Lúcifer não via a
princípio para onde estava a encaminhar-se; não
compreendia a verdadeira natureza de seus
sentimentos. Mas, sendo-lhe demonstrado que seu
descontentamento era sem causa, convenceu-se
Lúcifer de que estava em erro, de que as
reivindicações divinas eram justas, e de que as
deveria reconhecer como tais perante todo o Céu.
Houvesse ele feito isto, e poderia haver salvo a si
mesmo e a muitos anjos. Por esse tempo não havia
ainda renunciado completamente a sua fidelidade
para com Deus. Posto que houvesse perdido a
posição de querubim cobridor, teria sido
reintegrado em seu mister, caso houvesse desejado
voltar a Deus, reconhecendo a sabedoria do Criador,
e estivesse satisfeito por preencher o lugar a ele
designado no grande plano de Deus. Mas o orgulho
o impediu de submeter-se. Persistentemente
defendeu seu próprio caminho, sustentando que
não havia necessidade de arrependimento, e
entregou-se por completo ao grande conflito contra
seu Criador.
Todas as faculdades de sua mente superior
foram então aplicadas à obra do engano, a fim de
conseguir a simpatia dos anjos que tinham estado
sob suas ordens. Mesmo o fato de que Cristo o
advertira e aconselhara, foi pervertido de maneira a
servir a seus desígnios traidores. Àqueles, cuja
afetuosa confiança mais intimamente os ligava a
ele, Satanás simulou haver sido julgado mal, que sua
posição não fora respeitada, e que se queria
cercear-lhe a liberdade. Da falsa interpretação das
palavras de Cristo, passou à prevaricação e à
falsidade direta, acusando o Filho de Deus de
intentar humilhá-lo perante os habitantes do Céu.
Procurou também criar uma falsa situação entre ele
próprio e os anjos fiéis. A todos quantos não pôde
subverter e levar completamente para seu lado,
acusou-os de indiferença aos interesses dos seres
celestiais. A mesma obra que ele próprio estava a
fazer, atribuiu-a aos que permaneciam fiéis a Deus.
E com o fim de sustentar sua acusação de injustiça
por parte de Deus para com ele, recorreu à falsa
interpretação das palavras e atos do Criador. Era
sua tática tornar perplexos os anjos pelos capciosos
argumentos relativos aos propósitos divinos. Tudo
que era simples ele envolvia em mistério, e
mediante artificiosa perversão lançava dúvida às
mais compreensíveis declarações de Jeová. Seu
elevado cargo, em tão íntimo contato com a
administração divina, emprestava maior força às
suas alegações, e muitos eram induzidos a unir-se-
lhe em rebelião contra a autoridade do Céu.
Deus, em Sua sabedoria, permitiu que Satanás
levasse avante sua obra, até que o espírito de
dissabor amadurecesse em ativa revolta. Era
necessário que seus planos se desenvolvessem
completamente, para que sua verdadeira natureza e
tendência pudessem ser vistas por todos. Como
querubim ungido, Lúcifer fora altamente exaltado;
grandemente amado pelos seres celestiais, era forte
sua influência sobre eles. O governo de Deus incluía
não somente os habitantes do Céu, mas de todos os
mundos que Ele havia criado; e Satanás pensou que
se ele pôde levar consigo os anjos do Céu à rebelião,
poderia também levar os outros mundos.
Ardilosamente apresentara o lado da questão que
lhe dizia respeito, empregando sofismas e fraude a
fim de atingir seus objetivos. Seu poder para
enganar era muito grande; e, disfarçando-se sob o
manto da falsidade, obtivera vantagem. Mesmo os
anjos fiéis não lhe podiam discernir perfeitamente o
caráter, ou ver para onde levava a sua obra.
Satanás fora altamente honrado, sendo todos os
seus atos de tal maneira revestidos de mistério, que
difícil era desvendar aos anjos a verdadeira natureza
de sua obra. Antes que se desenvolvesse
completamente, o pecado não pareceria o mal que
em realidade era. Até ali não ocorrera ele no
Universo de Deus, e os seres santos não tinham
qualquer concepção de sua natureza e malignidade.
Não podiam discernir as terríveis conseqüências que
resultariam de se pôr de parte a lei divina. Satanás a
princípio ocultara sua obra sob uma profissão
capciosa de lealdade a Deus. Alegava estar
procurando promover a honra de Deus, a
estabilidade de Seu governo, e o bem de todos os
habitantes do Céu. Ao mesmo tempo em que
incutia o descontentamento no espírito dos anjos a
ele subordinados, dava astutamente a impressão de
que estava procurando remover o dissabor. Quando
insistia em que se fizessem mudanças na ordem e
nas leis do governo de Deus, era sob o pretexto de
serem elas necessárias a fim de preservar a
harmonia no Céu.
Em Seu trato com o pecado, apenas podia Deus
empregar a justiça e a verdade. Satanás podia fazer
uso daquilo que Deus não usaria: lisonja e engano.
Procurara falsificar a Palavra de Deus, e
representara falsamente Seu plano de governo
perante os anjos, alegando que Deus não era justo
ao estabelecer leis e regras aos habitantes do Céu;
que, exigindo de Suas criaturas submissão e
obediência, estava meramente procurando a
exaltação de Si próprio. Portanto deveria ser
demonstrado perante os habitantes do Céu, bem
como de todos os mundos, que o governo de Deus é
justo, e perfeita a Sua lei. Satanás fizera parecer que
estava procurando promover o bem do Universo. O
verdadeiro caráter do usurpador e seu objetivo real
deveriam ser por todos compreendidos.
A discórdia que o seu próprio procedimento
determinara no Céu, imputou-a Satanás à lei e ao
governo de Deus. Todo o mal, declarou ele ser
resultante da administração divina. Alegou ser seu
próprio objetivo melhorar os estatutos de Jeová.
Conseguintemente, necessário era que
demonstrasse a natureza de suas pretensões,
provando o efeito de suas propostas mudanças na
lei divina. A sua própria obra deveria condená-lo.
Satanás pretendeu desde o princípio que não estava
em rebelião. Todo o Universo deveria ver o
enganador desmascarado.
Mesmo quando foi decidido que ele não mais
poderia permanecer no Céu, a Sabedoria infinita
não destruiu a Satanás. Visto que apenas o serviço
por amor pode ser aceito por Deus, a submissão de
Suas criaturas deve repousar em uma convicção
sobre a Sua justiça e benevolência. Os habitantes do
Céu e de outros mundos, não estando preparados
para compreender a natureza ou conseqüências do
pecado, não poderiam ter visto então a justiça e
misericórdia de Deus com a destruição de Satanás.
Houvesse ele sido imediatamente excluído da
existência, e teriam servido a Deus antes por temor
do que por amor. A influência do enganador não
teria sido destruída por completo, tampouco o
espírito de rebelião se teria desarraigado
totalmente. Devia-se permitir que o mal chegasse a
amadurecer. Para o bem do Universo inteiro,
através dos séculos sem fim, devia Satanás
desenvolver mais completamente seus princípios,
para que suas acusações contra o governo divino
pudessem ser vistas sob sua verdadeira luz por
todos os seres criados, e para sempre pudessem ser
postas acima de qualquer dúvida a justiça e
misericórdia de Deus e a imutabilidade de Sua lei.
A rebelião de Satanás deveria ser uma lição para
todo o Universo por todos os séculos vindouros, um
testemunho perpétuo da natureza e terríveis
resultados do pecado. A conseqüência do governo
de Satanás — seus efeitos tanto sobre os homens
como sobre os anjos — mostraria qual o fruto de
rejeitar a autoridade divina. Testificaria que, da
existência do governo de Deus e de Sua lei,
dependem o bem-estar de todas as criaturas que
Ele fez. Destarte, a história desta terrível
experiência de rebelião deveria ser perpétua
salvaguarda a todos os santos seres, impedindo-os
de serem enganados quanto à natureza da
transgressão, livrando-os de cometer pecado e
sofrer o seu castigo.
Até ao final da controvérsia no Céu, o grande
usurpador continuou a justificar-se. Quando foi
anunciado que, juntamente com todos os que com
ele simpatizavam, deveria ser expulso das
habitações de bem-aventurança, o chefe rebelde
confessou então ousadamente seu desdém pela lei
do Criador. Reiterou sua pretensão de que os anjos
não necessitam ser dirigidos, mas que deveriam ser
deixados a seguir sua própria vontade, que sempre
os conduziria corretamente. Denunciou os estatutos
divinos como restrição à sua liberdade, declarando
ser de seu intento conseguir a abolição da lei; que,
livres desta restrição, as hostes do Céu poderiam
entrar em condições de existência mais elevada,
mais gloriosa.
Concordemente, Satanás e sua hoste lançaram a
culpa de sua rebelião inteiramente sobre Cristo,
declarando que se eles não houvessem sido
acusados, não se teriam rebelado. Assim,
obstinados e arrogantes em sua deslealdade,
procurando em vão subverter o governo de Deus,
ao mesmo tempo que, blasfemando, pretendiam
ser vítimas inocentes do poder opressivo, o arqui-
rebelde e seus seguidores foram afinal banidos do
Céu.
O mesmo espírito que produziu a rebelião no
Céu, ainda inspira a rebelião na Terra. Satanás tem
continuado, com os homens, o mesmo estratagema
que adotou em relação aos anjos. Seu espírito ora
reina nos filhos da desobediência. Semelhantes a
ele, procuram romper com as restrições da lei de
Deus, prometendo liberdade aos homens por meio
da transgressão dos preceitos da mesma. A
reprovação do pecado suscita ainda o espírito de
ódio e resistência. Quando a consciência é advertida
pelas mensagens divinas, Satanás leva os homens a
justificar-se e a procurar a simpatia de outros em
seu caminho de pecado. Em vez de corrigirem seus
erros, indignam-se contra aquele que reprova, como
se fora ele a causa única da dificuldade. Desde os
dias do justo Abel até ao nosso tempo, este é o
espírito que tem sido manifestado para com os que
ousam condenar o pecado.
Pela mesma representação falsa do caráter
divino, por ele dada no Céu, fazendo com que Deus
fosse considerado severo e tirano, Satanás induziu o
homem a pecar. E, logrando ser bem-sucedido
nisto, declarou que as injustas restrições de Deus
haviam motivado a queda do homem, assim como
determinaram a sua própria rebelião.
Mas o próprio Eterno proclama o Seu caráter:
“Jeová, o Senhor, Deus misericordioso e piedoso,
tardio em iras e grande em beneficência e verdade,
que guarda a beneficência em milhares; que perdoa
a iniqüidade, e a transgressão, e o pecado; que ao
culpado não tem por inocente.” Êxodo 34:6, 7.
Banindo Satanás do Céu, declarou Deus a Sua
justiça e manteve a honra de Seu trono. Quando,
porém, o homem pecou, cedendo aos enganos
desse espírito apóstata, Deus ofereceu uma prova
de Seu amor, entregando o unigênito Filho para
morrer pela raça decaída. Na expiação revela-se o
caráter de Deus. O poderoso argumento da cruz
demonstra ao Universo todo que o caminho do
pecado, escolhido por Lúcifer, de maneira alguma
era atribuível ao governo de Deus.
Na luta entre Cristo e Satanás, durante o
ministério terrestre do Salvador, foi desmascarado o
caráter do grande enganador. Nada poderia tão
eficazmente ter desarraigado de Satanás as afeições
dos anjos celestiais e de todo o Universo fiel, como
o fez a sua guerra cruel ao Redentor do mundo. A
ousada blasfêmia de sua pretensão de que Cristo
lhe rendesse homenagem, seu pretensioso
atrevimento ao levá-Lo ao cume da montanha e ao
pináculo do templo, o mau intuito que se denuncia
ao insistir com Ele para que Se lançasse da
vertiginosa altura, a malignidade vigilante que O
assaltava de um lugar a outro, inspirando o coração
de sacerdotes e povo a rejeitarem Seu amor, e o
brado final: “Crucifica-O, crucifica-O” — tudo isto
despertou o assombro e a indignação do Universo.
Foi Satanás que promoveu a rejeição de Cristo
por parte do mundo. O príncipe do mal exerceu
todo o seu poder e engano a fim de destruir Jesus;
pois viu que a misericórdia e amor do Salvador, Sua
compaixão e terna brandura estavam
representando ao mundo o caráter de Deus.
Satanás contestava tudo a que o Filho do homem
visava, empregando os homens como seus agentes
a fim de encher de sofrimento e tristeza a vida do
Salvador. O sofisma e falsidade pelos quais
procurara estorvar a obra de Jesus, o ódio
manifesto por meio dos filhos da desobediência,
suas cruéis acusações contra Aquele cuja vida era de
bondade sem precedentes, tudo proveio de um
sentimento de vingança profundamente arraigado.
Os fogos da inveja e maldade, ódio e vingança, que
se achavam contidos, irromperam no Calvário
contra o Filho de Deus, ao mesmo tempo que o Céu
todo contemplava a cena em silencioso horror.
Ao ser consumado o grande sacrifício, Cristo
ascendeu aos Céus, recusando a adoração dos anjos
antes que apresentasse o pedido: “Aqueles que Me
deste quero que, onde Eu estiver, também eles
estejam.” João 17:24. Então, com amor e poder
inexprimíveis, veio a resposta, do trono do Pai: “E
todos os anjos de Deus O adorem.” Hebreus 1:6.
Mancha alguma repousava sobre Jesus. Terminara a
Sua humilhação, completara-se o Seu sacrifício,
fora-Lhe dado um nome que é acima de todo nome.
Apresentava-se agora sem escusa a culpa de
Satanás. Ele revelara seu verdadeiro caráter como
mentiroso e assassino. Viu-se que o mesmíssimo
espírito com que governara os filhos dos homens,
que estiveram sob seu poder, teria ele manifestado
se lhe tivesse sido permitido dominar os habitantes
do Céu. Pretendera que a transgressão da lei de
Deus traria liberdade e exaltação; viu-se, porém,
que resultava em degradação e cativeiro.
As mentirosas acusações de Satanás contra o
caráter e governo divinos apareceram sob sua
verdadeira luz. Acusou a Deus de procurar
simplesmente a exaltação de Si mesmo, exigindo
submissão e obediência de Suas criaturas, e
declarou que, enquanto o Criador reclamava
abnegação de todos os outros, Ele próprio não a
praticava e não fazia sacrifício algum. Viu-se agora
que para a salvação de uma raça caída e pecadora,
o Governador do Universo fizera o máximo sacrifício
que o amor poderia efetuar; pois “Deus estava em
Cristo, reconciliando consigo o mundo.” 2 Coríntios
5:19. Viu-se também que, enquanto Lúcifer abrira a
porta para o pecado, pelo seu desejo de honras e
supremacia, Cristo, a fim de destruir o pecado, Se
humilhara e Se fizera obediente até à morte.
Deus manifestara Sua repulsa aos princípios da
rebelião. O Céu todo viu a Sua justiça revelada,
tanto na condenação de Satanás como na redenção
do homem. Lúcifer declarara que se a lei de Deus
fosse imutável, e seu castigo não pudesse ser
abrandado, todos os transgressores deveriam ser
para sempre privados do favor do Criador. Alegara
que a raça pecadora se colocara para além da
redenção e, conseguintemente, era sua legítima
presa. A morte de Cristo, porém, era um argumento
em prol do homem, argumento que se não poderia
refutar. A pena da lei recaiu sobre Aquele que era
igual a Deus, ficando livre o homem para aceitar a
justiça de Cristo, e, por uma vida de
arrependimento e humilhação, triunfar, como o
Filho de Deus, sobre o poder de Satanás. Assim,
Deus é justo, e justificador de todos os que crêem
em Jesus.
Mas não foi meramente para efetuar a redenção
do homem que Cristo veio à Terra e aqui sofreu e
morreu. Veio para “engrandecer a lei” e “torná-la
gloriosa.” Não somente para que os habitantes
deste mundo pudessem considerar a lei como esta
deveria ser considerada, mas para demonstrar a
todos os mundos do Universo que a lei de Deus é
imutável. Pudessem seus requisitos ser postos de
lado, e o Filho de Deus não necessitaria então haver
dado Sua vida para expiar a transgressão da mesma.
A morte de Cristo prova ser ela imutável. E o
sacrifício a que o amor infinito induziu o Pai e o
Filho, a fim de que os pecadores pudessem ser
salvos, demonstra ao Universo todo (e nada menos
que este plano de expiação teria bastado para fazer)
que a justiça e a misericórdia são o fundamento da
lei e do governo de Deus.
Na execução final do juízo ver-se-á que nenhuma
causa existe para o pecado. Quando o Juiz de toda a
Terra perguntar a Satanás: “Por que te rebelaste
contra Mim, e Me roubaste os súditos de Meu
reino?”, o originador do mal não poderá apresentar
resposta alguma. Toda boca se fechará e todas as
hostes rebeldes estarão mudas.
A cruz do Calvário, ao mesmo tempo em que
declara ser imutável a lei, proclama ao Universo que
o salário do pecado é a morte. No brado agonizante
do Salvador — “Está consumado” — soou a
sentença de morte de Satanás. Decidiu-se então o
grande conflito que durante tanto tempo estivera
em andamento e confirmou-se a extirpação do mal.
O Filho de Deus transpôs os umbrais do túmulo, a
fim de que “pela morte aniquilasse o que tinha o
império da morte, isto é, o diabo.” Hebreus 2:14. O
desejo de exaltação própria por parte de Lúcifer,
levara-o a dizer: “Acima das estrelas de Deus
exaltarei o meu trono, ... serei semelhante ao
Altíssimo.” Declara Deus: “E te tornei em cinza
sobre a terra, ... e nunca mais serás para sempre.”
Isaías 14:13, 14; Ezequiel 28:18, 19. Quando vier
aquele dia “ardendo como forno, ... todos os
soberbos, e todos os que cometem impiedade,
serão como palha; e o dia que está para vir, os
abrasará, diz o Senhor dos exércitos, de sorte que
lhes não deixará nem raiz nem ramo.” Malaquias
4:1.
O Universo todo terá sido testemunha da
natureza e resultados do pecado. E seu completo
extermínio, que no princípio teria acarretado o
temor dos anjos, desonrando a Deus, reivindicará
agora o Seu amor e estabelecerá a Sua honra
perante a totalidade dos seres que se deleitam em
fazer a Sua vontade, e em cujo coração está a lei
divina. Jamais o mal se manifestará de novo. Diz a
Palavra de Deus: “Não se levantará por duas vezes a
angústia.” Naum 1:9. A lei de Deus, que Satanás
acusara de jugo de servidão, será honrada como a
lei da liberdade. Uma criação experimentada e
provada nunca mais se desviará da fidelidade para
com Aquele cujo caráter foi perante eles
amplamente manifesto como expressão de amor
insondável e infinita sabedoria.
RESUMO DA LIÇÃO 1
Rebelião em um Universo perfeito

TEXTOS-CHAVES: Is 14:12-15; Ez 28:11-19


ESBOÇO
Deus é amor. A partir desse amor, Ele criou um
Universo cheio de harmonia, paz, alegria e mais
amor. Ele preencheu o espaço do Universo com
seres criados para crescer em felicidade, serviço e
amor. No entanto, essa ordem perfeita foi
perturbada por uma rebelião ilógica no Céu contra o
Criador, que foi acusado de exigir obediência
estrita. Além disso, os altos padrões do Criador
foram interpretados como petições de um tirano. A
lei do amor foi apresentada erroneamente como
uma restrição à liberdade. O resultado foi a guerra
no Céu (Ap 12:7).
O que antes era inacreditável tornou-se uma
trágica realidade. A criatura sábia e bela, o
querubim da guarda ungido (hebraico: kerub
mimshakh hasokek; Ez 28:14), chamado “Lúcifer,
filho da alva” (hebraico: helel ben shakhar; Is 14:12)
– traduzido também como “o resplandecente”, “a
estrela da manhã” ou “o filho da manhã” –,
levantou-se contra o Criador eterno, santo,
afetuoso e amoroso e apresentou acusações
injustificáveis para se exaltar. O egocentrismo, a
sedução, as mentiras, o engano e o egoísmo de
Lúcifer dividiram os anjos e destruíram a perfeita
paz do Céu.
Deus, em Sua infinita sabedoria, reagiu
respeitando a escolha de Lúcifer, permitindo assim
que todos os seres inteligentes entendessem a
natureza destrutiva do mal, que à primeira vista
poderia parecer atrativo. Por fim, um ser criado
atacou seu Criador, e a desordem nasceu. Aquele
que deveria ter protegido o governo de Deus e Sua
lei estava subvertendo seus princípios de respeito e
amor de maneira tão astuta que até os anjos
ficaram confusos em sua lealdade a Deus. O Criador,
ao aceitar a escolha individual, demonstrou que
respeitava a liberdade pessoal, mas não podia
tolerar a destruição da vida e de seus valores e
princípios de bondade.
COMENTÁRIO
O mistério da origem do mal
A origem do mal é cercada por um dos maiores
enigmas. De um lado está “o mistério da
iniquidade” em ação (2Ts 2:7), e do outro lado está
“o mistério da piedade” (1Tm 3:16), trazendo uma
solução para o problema do mal. O orgulho de
Lúcifer foi derrotado pela humildade do Senhor
Jesus Cristo na forma de carne humana (Fp 2:6-11).
Por causa de Seu poder moral e amor altruísta, Ele
obteve vitória sobre Satanás, apesar de ter Se
tornado fisicamente mais fraco.
O mal é irracional e cheio de desordem. Assim, é
impossível encontrar uma explicação lógica para sua
existência. Não há razão para ele. Isaías 14 descreve
as circunstâncias da queda de Satanás (não sua
causa), ou seja, o orgulho, e Ezequiel simplesmente
afirma que o querubim ungido era
perfeito/irrepreensível desde sua criação até que
“se achou iniquidade” nele (Ez 28:15). Ao se
desconectar de Deus, Satanás rompeu seu
relacionamento com Ele e, consequentemente, se
separou da única Fonte da vida, o que resulta em
morte. Todas as criaturas, incluindo anjos no Céu e
humanos na Terra, foram feitas em total
dependência de Deus. Somente mantendo esse
relacionamento de amor e cultivando a presença
divina é eliminado o risco de desobediência e
rebelião, e a vida abundante é assegurada. O
caminho a seguir é conhecer a Deus e Seu caráter,
nutrir uma apreciação por Sua bondade e promover
uma atitude de gratidão.
Não havia motivo para rebelião no Universo
perfeito governado pelo amor. Não havia nenhum
defeito que tornasse necessário o aprimoramento
do estilo de governo divino. Podemos descrever as
circunstâncias, quando e o que aconteceu, mas
nunca conseguiremos encontrar uma justificativa
para a rebelião, porque não existia justificativa para
ela. Deus permitiu o mal porque não escolheu criar
seres autômatos ou robôs, mas seres com livre-
arbítrio para que pudessem amar livremente.
Nenhum dualismo do bem e do mal
Não cremos que o Universo seja governado por
dois deuses rivais: por um lado, o Deus vivo, que é o
Deus do bem; e, por outro lado, Lúcifer, o deus do
mal. Esse dualismo é estranho à revelação bíblica e
incompatível com seu ensino. As Escrituras atestam
que Deus criou um ser excepcionalmente glorioso e
sábio (“Você era o modelo da perfeição, cheio de
sabedoria e perfeito em formosura” [Ez 28:12]) que
mais tarde se rebelou contra Deus. Assim, Lúcifer, a
criação irrepreensível de Deus, se tornou Satanás. O
apóstolo João descreve o adversário nos seguintes
termos: “a antiga serpente, que se chama diabo e
Satanás, o sedutor de todo o mundo” (Ap 12:9).
Pensamento incrível e chocante! Aquele que estava
na presença do próprio Deus, que estava no Éden
celestial, no santuário celestial, essa mesma pessoa
se rebelou contra o Deus amoroso. Suas ações
impressionantes contra seu Criador parecem irreais:
a criação ousou se opor ao seu Rei e Comandante-
Chefe.
Então, algo misterioso aconteceu. Aquele que
tinha sido criado perfeito, dotado de muitos
talentos, que ocupava a posição mais elevada no
Céu depois de Cristo, voltou-se contra seu Criador.
O profeta Ezequiel declarou: “Você era perfeito nos
seus caminhos, desde o dia em que foi criado, até
que se achou iniquidade em você” (Ez 28:15). Que
paradoxo! O querubim da guarda, em vez de
proteger a ordem estabelecida por Deus, derrubou
Sua lei. Lembre-se de que, na Bíblia, encontramos
querubins em Ezequiel 1 e Ez 10 (quatro seres
viventes são querubins; veja Ez 10:4,5; Ez 11:22,23).
No tabernáculo, os querubins guardiões estavam no
lugar santíssimo, acima do propiciatório, sob o qual
estava localizado o decálogo (Êx 25:18-22). Os
querubins simbolizavam a proteção da ordem e da
lei de Deus. Lúcifer, porém, usou mal sua posição
privilegiada para lutar contra a autoridade divina.
Atividades de Lúcifer
Ezequiel 28:15 afirma que no querubim ungido
se achou “iniquidade” (NAA) ou “maldade” (NVI). O
termo hebraico é ‘avelah, que significa “injustiça”
ou “impiedade”. Aquele que era perfeito e que
deveria guardar a integridade da lei de Deus para
assegurar o governo do Céu estava acusando Deus
de não ser bom e correto, ou seja, de ser injusto.
Acusações muito injustas! O termo “comércio” (Ez
28:16) em hebraico é rekulah e deriva da raiz rakal,
que significa “ir por aí” ou “ir de um a outro”, seja
para (1) comércio ou (2) fofoca/calúnia. O contexto
torna evidente que, nesse caso, o termo não se
refere a comércio ou negócios porque esse seria o
único lugar na Bíblia hebraica em que o comércio
seria algo pecaminoso, e isso não faz sentido.
Portanto, a palavra sugere que o querubim guardião
estava circulando e fofocando sobre Deus,
acusando-O de injustiça, maldizendo Seu caráter e
espalhando mentiras. Lúcifer semeou desconfiança
e incredulidade e desviou outros de acreditar no
Deus amoroso e de segui-Lo. Isaías descreve os
motivos de Lúcifer com base no orgulho. Sua
arrogância foi tão grande que ele quis ser igual a
Deus, sentar-se no trono de Deus, tornar-se rei e
elevar-se à posição de divindade (Is 14:13). Que
arrogância inacreditável!
O profeta Isaías descreve a queda de Lúcifer do
Céu no tempo passado (Is 14:12). Ezequiel afirma
que ele foi lançado “em desgraça para longe do
monte de Deus” e expulso (Ez 28:16, NVI). Então
Ezequiel revela o que aconteceu no coração de
Lúcifer, ou seja, como ele pecou em sua mente por
cultivar o orgulho. Observe cuidadosamente a
natureza de suas cinco grandes declarações do
“eu”: (1) “Subirei ao Céu”; (2) “Exaltarei o meu
trono”; (3) “me assentarei no monte da
congregação”; (4) “Subirei acima das mais altas
nuvens”; e (5) “serei semelhante ao Altíssimo” (Is
14:13,14). Essa autoexaltação no coração de Lúcifer
é confirmada em Ezequiel 28:17: “Você ficou
orgulhoso por causa da sua formosura; corrompeu a
sua sabedoria por causa do seu resplendor”.
Finalmente, após essa autoglorificação, sua
completa destruição foi apresentada no tempo
futuro: “Mas você descerá ao mundo dos mortos,
no mais profundo do abismo” (Is 14:15). O profeta
Ezequiel confirma que o Senhor exterminará Lúcifer,
que se tornou Satanás, o adversário. Sua
aniquilação é tão certa que Ezequiel usou o tempo
profético perfeito para expressar essa certeza:
“você se tornou objeto de espanto e deixará de
existir para sempre” (Ez 28:18,19).
Somente a dependência de Deus traz vitória
Lembre-se: Satanás não pode ser derrotado por
argumentos ou poder, mas apenas por Alguém
“mais fraco” do que ele. Essa é a razão da
encarnação. No livro do Apocalipse, o dragão e
diferentes bestas foram derrotados pelo Cordeiro, o
que é totalmente inédito no mundo natural. Mas a
força moral do amor e da verdade de Cristo
conquistou o mundo e foi vitoriosa sobre Satanás e
seus poderes. Jesus, que nasceu como um ser
humano frágil, derrotou Satanás por Sua pureza,
obediência e entrega total ao Pai. Sua vida altruísta
e sem pecado, Seu sofrimento em nosso favor e Sua
morte vitoriosa na cruz condenaram e destruíram
Satanás. Agora é apenas uma questão de tempo até
que Satanás seja executado e o grande conflito
termine.
APLICAÇÃO PARA VIDA
Reflita sobre as seguintes perguntas e comente
com a classe:
1. Sobre a origem do mal: Por que um Deus
amoroso e cuidadoso permitiu a existência do mal?
Deus é responsável pelo surgimento do mal?
Explique. Por que o Senhor decidiu em Sua infinita
sabedoria não destruir Lúcifer de imediato quando
pensamentos malignos se originaram no coração
dele? Ou por que não o destruiu logo depois que ele
começou a trabalhar em segredo contra o governo
divino, impedindo assim que a rebelião se
espalhasse amplamente?
2. Em relação à descrição do que aconteceu no
Céu: Em quais outros termos você pode descrever o
orgulho e as ações de Lúcifer? Quem sofreu mais
nessa situação de rebelião? Deus poderia ter
reagido a Satanás de forma diferente para garantir
uma solução duradoura contra a existência do mal?
Justifique sua resposta. Como Satanás foi
derrotado?
3. Sobre vencer o orgulho: a história de Lúcifer é
um sério aviso para não cairmos em atividades e
comportamentos errados. Se o orgulho é tão
enganoso, como podemos ficar em guarda para não
cair em sua armadilha mortal, nem ser enganados
por sua “glória” e sucesso? Explique como a inveja,
o egoísmo e o orgulho andam de mãos dadas na
destruição de relacionamentos significativos.
4. Sobre mudar o comportamento de alguém:
Como você pode ajudar pessoas orgulhosas – que
não ouvem a razão, que são possuídas por
autoexaltação e egoísmo e veem apenas a si
mesmas e seus próprios interesses – a se
humilharem? Como você pode ser um pacificador
ou um agente de reconciliação para transformar
uma atmosfera venenosa ao seu redor e trazer
resolução em meio a tensões, invejas, mal-
entendidos e acusações?
O movimento da comunhão
PARA REFLETIR
“Venham a Mim todos vocês que estão cansados
e sobrecarregados, e Eu os aliviarei. Tomem sobre
vocês o Meu jugo e aprendam de Mim, porque sou
manso e humilde de coração; e vocês acharão
descanso para a sua alma” (Mateus 11:28,29).

O convite para ir a Jesus é feito a dois grupos de


pessoas: para os que se envolveram de modo tão
intenso com as coisas desta vida que estão cansados
e sobrecarregados e para aqueles cujo pecado se
tornou um grande fardo de opressão.
Esse convite começa com o ato de ir a Jesus e
termina com a experiência de descansar Nele, mas
no meio da caminhada há o verbo aprender:
“aprendam de Mim” (v. 29). “Temos de entrar para
a escola de Cristo, para Dele aprender mansidão e
humildade. Redenção é o processo pelo qual a
pessoa é preparada para o Céu. Esse preparo
implica conhecer a Cristo” (Ellen G. White, O
Desejado de Todas as Nações, p. 259).
A comunhão diária com Jesus é a melhor
maneira de aprender Dele, de caminhar com Ele e
receber luz neste mundo escuro. “Aquele que com
fé simples mantém comunhão com Deus obterá
raios de luz que o fortalecerão e o susterão no
conflito com Satanás” (Ellen G. White, The Youth’s
Instructor, 3 de novembro de 1898).
O maior desafio do cristão é ficar aos pés de
Cristo para aprender com Ele, pois só seremos
fortes na comunhão com Deus. Charles Spurgeon,
grande pregador britânico do século 19, escreveu:
“Se formos fracos em nossa comunhão com Deus,
seremos fracos em tudo”. Parafraseando suas
palavras, podemos dizer: “Se formos fortes em
nossa comunhão com Deus, seremos fortes em
tudo”.
Cristo nos convida para ir a Ele e iniciar um
movimento vibrante e diário de comunhão. Só
assim acharemos descanso nesta vida e,
principalmente, na eternidade.

ABRINDO O CORAÇÃO
1. O que mais lhe deixa cansado e
sobrecarregado atualmente?
2. O que significa “aprender de Cristo” e
“descansar Nele”?
3. Algo o impede de aceitar o convite para a
comunhão diária com Cristo?
TRABALHANDO JUNTOS
Nesta semana, pratique a devoção pessoal
diariamente, através do estudo da Bíblia e da Lição
da Escola Sabatina. Apresente o relato dessa
experiência na próxima reunião.
INFORMATIVO MUNDIAL DAS MISSÕES
INFORMATIVO 1
Encontrando esperança
Christie - Nova Zelândia
Christie cresceu em uma família sem nenhuma
crença religiosa na Ásia. Quando adolescente, ela se
perguntou: “Qual é o sentido da vida?” Ela pensou
que se uma pessoa tivesse apenas uma vida para
viver, então a melhor maneira de viver era comer,
beber e ser feliz. Mas tal vida parecia sem sentido
para ela.
Em um verão, Christie teve aulas de inglês. O
professor era dos Estados Unidos e tinha doutorado
em teologia. No início da primeira lição, ele se
apresentou compartilhando um milagre sobre como
Deus havia poupado sua vida em um acidente de
carro. Seu carro havia sido gravemente danificado
no acidente, mas ele sentiu como se tivesse sido
coberto por um copo enorme, permitindo que ele
escapasse ileso do acidente. Christie ficou
impressionada com a história do milagre e
compartilhou-a com seus pais imediatamente após
a aula.
Uma década se passou, e Christie pensou
novamente em Deus quando foi para o Canadá de
férias. Havia uma igreja perto de seu hotel na cidade
de Vancouver. Ela viu um homem parado no portão
da igreja, segurando uma placa que dizia: “Volte
para casa”. Mais tarde naquele dia, ela passou pela
igreja novamente e viu o mesmo homem ainda
segurando a placa que dizia: “Volte para casa”. O
vento soprava forte naquele dia, e ela se perguntou
por que o homem estava disposto a enfrentar o
tempo para segurar a placa. A imagem do homem
segurando a placa permaneceu em sua mente por
meses. Ela decidiu que deveria haver algo especial
nas crenças cristãs.
Voltando para casa, Christie se matriculou em
estudos de pós-graduação. Ela ficou surpresa
quando um professor deu de presente um livro
devocional para ela e outros alunos. Ela ficou
impressionada com o livro, porque ele respondia a
algumas de suas perguntas sobre o sentido da vida.
Ela escreveu um e-mail para o professor para
agradecer pelo livro e disse que queria saber mais
sobre Jesus. O professor a apresentou a outra
professora que liderava um grupo semanal de
adoração à noite em sua casa. Christie se sentiu
amada e aceita pelo grupo de adoração e começou
a ler a Bíblia diariamente. Depois de um tempo, ela
entregou seu coração a Deus.
Christie visitou várias igrejas e eventos da igreja,
mas sentiu que algo não estava certo em seu
relacionamento com Deus.
Dois anos se passaram e Christie descobriu o
Hope Channel na televisão durante uma viagem à
Nova Zelândia. Ao voltar para casa, ela pesquisou
on-line e encontrou o programa Hope Sabbath
School (programa da Escola Sabatina da Esperança)
no YouTube.
Ela começou a assistir à Hope Sabbath School e
não conseguia parar. Assistir à Hope Sabbath School
tornou-se o momento mais feliz de seu dia. Em
apenas alguns meses, ela assistiu a três anos da
Hope Sabbath School – todos os episódios on-line
que estavam disponíveis na época. Os participantes
da classe tornaram a Bíblia fácil para ela entender, e
ela adorava seus sorrisos.
Ao assistir, ela atingiu uma imagem mais clara de
Deus. Ela percebeu que Deus é cheio de
misericórdia, ansioso para chamar as pessoas de
volta a Ele para salvá-las e sempre disposto a
perdoar. Pela primeira vez, ela se sentiu completa
em seu relacionamento com Deus. Ela decidiu se
unir à Igreja Adventista do Sétimo Dia e ser batizada
por imersão.
“Graças a Deus por ter trazido a Hope Sabbath
School para minha vida para que minha
espiritualidade pudesse crescer”, diz ela. “Agora
estou disposta a dar toda a minha vida a Jesus e
desejo viver uma vida que glorifique a Deus. Esse é
o verdadeiro sentido da vida.”
Obrigado por sua oferta do décimo terceiro
sábado em 2016, que ajudou o Hope Channel a se
tornar um canal aberto que cobre toda a Nova
Zelândia. Por causa do amplo alcance do Hope
Channel, Christie pôde assistir no mesmo canal
quando visitou a Nova Zelândia por alguns dias em
2016 – o mesmo ano em que sua cobertura foi
aberta em todo o país. Sua oferta do décimo
terceiro sábado deste trimestre ajudará a expandir a
TV Hope Channel e a Rádio FM Hope para Papua-
Nova Guiné.
Por Andrew McChesney
Dicas
• Baixe as fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.
• Baixe publicações e fatos rápidos sobre a missão
da Divisão do Pacífico Sul: bit.ly/spd-2022.
• Esta história de missão é baseada em um relato
em primeira pessoa que apareceu na Adventist
Record da Divisão do Pacífico Sul.
• Esta história de missão ilustra os seguintes
componentes do plano estratégico “Eu Vou” da
Igreja Adventista do Sétimo Dia: Objetivo da
Missão nº 2, “Fortalecer e diversificar o alcance
adventista nas grandes cidades, ao redor da
Janela 10/40, entre os grupos de pessoas não
alcançadas e de menor alcance, e as pessoas de
religiões não-cristãs”; Objetivo de Crescimento
Espiritual nº 5, “Discipular indivíduos e famílias
em vidas cheias do Espírito”; Objetivo de
Crescimento Espiritual nº 6, “Aumentar a
adesão, a retenção, a recuperação e a
participação de crianças, jovens e jovens
adultos”; e Objetivo de Crescimento Espiritual nº
7, “Ajudar jovens e jovens adultos a colocar Deus
em primeiro lugar e exemplificar uma
cosmovisão bíblica”. Para obter mais
informações, acesse o site: IWillGo2020.org.

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