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Na obra literária “Flores para Algernon”, tem-se o retrato da transição

psicocognitiva de Charlie, cidadão com deficiência mental, para um nível cada vez maior de
“QI”. Em consonância, ao longo da trama, o personagem começa a interagir de forma mais
abrangente e autônoma com outras pessoas, de forma a compartilhar hábitos com essas, a
exemplo do consumo de bebida alcoólica, a qual é extremamente valorizada socialmente e
aceita por Charlie, apesar de o prejudicar física e psicologicamente. Nessa perspectiva, a
narrativa, ao discorrer sobre o culto ao álcool na população e a seguinte banalização desse
usufruto demasiado, reflete características da sociedade brasileira que está,
preocupantemente, conectada a essa realidade. Dessa maneira, a conjuntura em questão, que
possui contribuição direta da cultura territorial, ao promover a sintetização de uma nação
protagonizada pelo alcoolismo, deve ser combatida.
Diante desse cenário, é profícuo destacar que há nacionalmente o histórico cultural
de difusão romantizada da ingestão dessa droga lícita. Determinada consideração é ratificada,
dado a alta comercialização dos produtos alcoólicos em dia de comemoração tradicional, como
os feriados, e em festividades privadas, como aniversários e formaturas, caracterizados por um
consumo excessivo dessas mercadorias pela maioria dos habitantes de modo naturalizado.
Paralelamente, o sociólogo francês Pierre Bordieu, ao discorrer quanto ao “estruturalismo
construtivista”, relaciona-se ao óbice discutido, vide que a lógica do intelectual se define pela
influência das estruturas sociais ante o subconsciente individual, determinando certas ações,
como o uso de bebidas por pressão coletiva. Contudo, o pensador também pontua a
responsabilidade do cidadão na construção dessas estruturas, demonstrando sua capacidade
de reversão de instabilidade, a exemplo da quebra do ciclo do consumo do álcool. Com efeito,
haja vista a negligência sobre a ótica sociológica, tem-se a validação do quadro caótico e a
promoção de potenciais dependentes da substância.
Outrossim, a utilização recorrente das bebidas alcoólicas, ao promover o consumo
como hábito diário, pode promover a dependência química sobre esses produtos. Em face
disso, a situação problemática torna-se uma questão de saúde pública, posto que o cidadão é
submetido ao vício e privado de sua autonomia psíquica, necessitando, assim, de tratamento
especializado e contínuo. Análogo ao panorama, está a série estadunidense “This is us”, na
qual a narrativa de um dos episódios se constrói pela descoberta do personagem Jack quanto a
sua condição de alcoólatra, fator que o fragiliza emocionalmente e impacta toda sua família,
visto suas atitudes sobre o efeito do álcool, explicitando a urgência de ajuda profissional.
Nesse sentido, a produção audiovisual e a realidade territorial, ao convergirem, demonstram a
seriedade do abuso dessas substâncias e a consequente precarização do coletivo, vide a
potencialidade de acidentes e o fomento a atitudes agressivas, reiterando a importância de
combatê-lo.
Portanto, é indubitável que o usufruto demasiado de bebidas gera múltiplos efeitos
negativos frente à população e deve ser evitado. À vista disso, compete ao Ministério da
Educação, órgão público promotor do conhecimento libertário, politizar a população diante
dos prejuízos do álcool, mediante campanhas digitais, com o fito de difundir uma ingestão
mais consciente e responsável. Ademais, cabe ao Ministério da Saúde, possibilitador do bem-
estar geral, criar instituições salutares estritamente focadas em atender a comunidade
alcoólatra, por meio de verbas que instaurem municipalmente grupos de apoio e acesso a
profissionais de saúde gratuitamente, visando recuperar a salubridade plena dessa e ampara-
lá. Desse modo, perpetuar-se-á uma sociedade autônoma ante a bebida alcoólica em oposição
a “Flores para Algernon”.

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