Na produção audiovisual mexicana “O Jeremias”, narra-se a história de uma
criança superdotada, a qual está sempre a procura de novos aprendizados. Em consonância,
quando sua família adquire conhecimento de sua condição, dedica-se para oferecer ao protagonista Jeremias a melhor educação, a exemplo do investimento em um computador que favorece substancialmente seu estudo. Nesse sentido, a narrativa, ao destacar a importância do âmbito digital no ensino, reflete quanto à atual conexão entre esses aspectos e sua seguinte complementaridade frente à atividade pedagógica. Dessa maneira, a educação a distância, particularidade que interliga obrigatoriamente os fatores discutidos, merece uma maior valorização nacional, para que, assim como na trama, possa fomentar a eficácia da formação educacional. Contudo, o desigual acesso ao benefício e a ausência de incentivo financeiro satisfatório no setor, por comprometerem essa novidade, devem ser analisados e combatidos. Diante desse cenário, cabe pontuar a discrepante distribuição de renda presente no Brasil, conjuntura que promove realidades divergentes sobre as múltiplas famílias territoriais, a exemplo da disponibilidade de um serviço digital, o qual não é universal. Tal situação é ratificada vide que o insatisfatório valor dos salários inabilita a população mais vulnerável para a compra de aparelhos eletrônicos e para a realização de assinatura da internet, de modo que vertentes básicas como alimentação, higiene e habitação são priorizadas e demandam a integralidade do patrimônio. Paralelamente, o panorama reitera a noção do filósofo Pierre Levy, a qual destaca que toda nova tecnologia promove seus próprios excluídos, como o advento do mundo digital que, embora facilite o contato com diversas informações aos cidadãos, contribuindo para a pedagogia, não possui seu acesso democratizado. Com efeito, tem-se o descaso frente ao ensino básico virtual, o que acentua as desigualdades e limita as perspectivas de oportunidades para indivíduos específicos. Outrossim, é pertinente discutir quando a carência de incentivo financeiro governamental ante a área tecnológica das escolas públicas, situação que prejudica a capacitação profissional de professores, a educação informática sobre os alunos e a disponibilização gratuita de computadores aos habitantes. Em face disso, a atividade pedagógica mediante o mecanismo da EAD torna-se inviável e a difusão do conhecimento é impactada, uma vez considerado o protagonismo da internet na contemporaneidade. Determinada inépcia do Poder Federal perante as necessidades escolares opõe-se a sua responsabilidade constitucional, definida pela Carta Magna, a qual, através do artigo 205, institucionaliza o dever do estado em garantir a educação, incentivando-a. Consequentemente, tal gestão displicente desencadeia o sucateamento do sistema educacional abrangente e anula a efetividade dos direitos legais da população. Portanto, é indubitável a existência de uma precária logística na administração do ensino a distância no país, quadro que deve ser urgentemente revertido. À vista disso, compete ao Ministério da Educação, entidade federal possibilitador da autonomia cognitiva dos sujeitos, promover infraestrutura tecnológica colegial de qualidade, qualificação continuada dos professores atuantes e disponibilização de aulas semanais de informática, por meio da ampliação do direcionamento de verbas para o setor. Por conseguinte, essa ação deve ser perpetrada fitando a universalização do acesso à EAD e a garantia das prerrogativas pedagógicas dos brasileiros. Espera-se, assim, que semelhante a Jeremias, os cidadãos possam usufruir de uma aprendizagem ilimitada e dinâmica.