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Salmo 133

INTRODUÇÃO

ELUCIDAÇÃO
Devemos lembrar que o Salmo é um salmo de
romagem. Um salmo que se cantava quando os
filhos de Deus estavam subindo para Jerusalém
para adorar no templo. Pelo menos três vezes
por ano, todos os filhos de Deus tinham que se
apresentar na presença do Senhor nas três
grandes festas.

I. A UNIÃO ENTRE OS IRMÃOS GERA


DESENVOLVIMENTO – SL 133:1
O Salmo 133 fala sobre esta comunhão, esta
unidade. O Salmista exclama, “Oh! Como é
bom e agradável viverem unidos os irmãos!”

Este verso no original hebraico pode ser


traduzido assim: “Veja! Como é bom e amável
que os irmãos sentem-se juntos”.

A ideia do texto hebraico é de transmitir uma


unidade concreta. Todos se sentam um do lado
do outro, ao mesmo tempo. Esta ideia torna-se
clara com o uso da palavra junto ou ao mesmo
tempo. O verso 1 é um provérbio sapiencial e
retrata a beleza e a unidade entre os irmãos.

Esta unidade não era natural para os israelitas.


A história de Israel mostrava muitos conflitos
entre as tribos. Por muitos anos Davi reinou
apenas sobre uma parte das tribos, no sul do
país. E depois de Salomão, Israel se dividiu de
novo entre o norte e o sul, as 10 tribos contra
Judá e Benjamim.

O Salmista não procura basear a comunhão e


unidade dos irmãos na bondade natural deles,
ou na habilidade política deles.

O salmista explica essa comunhão com os


versos seguintes, usando dois elementos
interessantes: o óleo da unção e o orvalho da
região do monte Hermom.

2. A UNIÃO ENTRE OS IRMÃOS GERA CURA (É


TERAPÉUTICA) – SL 133:2
A. É como o óleo precioso.
Este é o óleo ou azeite da santa unção, e era
“um perfume composto segundo a arte do
perfumista”. Era produzido dos seguintes
produtos:
1. Mirra : Goma, resina odorífica, medicinal,
produzida pelo Bálsamo ( líquido aromático);
2. Canela aromática: Árvore de casca odorífica,
usada como especiaria;
3. Cálamo: Planta que exalava um doce cheiro
(Ct 4.14), vinha de terras longínquas (Jr 6.20),
da Arábia ou da Índia (Ez 27.19);
4. Cássia. Casca aromática semelhante à
canela, empregada em medicina, vinha da
Arábia ou da Índia (Ez 27.19);
5. Azeite de Oliva. Óleo extraído de azeitonas
ou de outras frutas ou das gorduras de certos
animais.

b. Sobre a barba.
Na cultura judaica, a barba era símbolo de
beleza, dignidade e virilidade.
c. Arão
“Aquele que traz luz”. Irmão mais velho de
Moisés e Miriã (Nm 26.59). Foi o primeiro
sumo sacerdote da nação de Israel. Descendia
da tribo de Levi (Êx 6.16-20). De onde vem,
então, a comunhão dos irmãos? Não é uma
surpresa, então, que a primeira coisa que passa
na cabeça do Salmista para ilustrar a
comunhão é a figura do Sumo Sacerdote.

O Sumo Sacerdote representava o povo de


Israel no culto de adoração a Deus. A unidade e
a comunhão dos irmãos, então, está no fato de
que juntos eles estão subindo para Jerusalém
para se unir em adoração ao Único Deus. Esta
comunhão e unidade na verdadeira adoração
do verdadeiro Deus sempre unia o povo de
Deus. Mesmo nas épocas quando Israel estava
politicamente dividido, todos os verdadeiros
israelitas sempre continuavam unidos no
verdadeiro culto em Jerusalém.

O Salmista faz uma comparação


especificamente entre a comunhão agradável,
e o óleo de unção sobre a cabeça do Sumo
Sacerdote. Todo Sumo Sacerdote tinha que ser
ungido por este óleo. Quando o Sumo
Sacerdote era ungido, o óleo era derramado da
sua cabeça até a borda de suas vestes.

A palavra “gola” pode ser “borda” ao redor do


pescoço, ou a borda em baixo das vestes: a
bainha. Podemos imaginar o óleo precioso e
perfumado derramando da cabeça de Arão até
a borda das suas vestes. Com esta unção, Deus
estava declarando que este homem estava
sendo santificado para o serviço do Senhor. O
Sumo Sacerdote tinha que dedicar todo
momento de todo dia da sua vida inteira ao
serviço do Senhor. Ele vivia respirando o ar do
templo. Ele estava completamente dedicado e
separado para o serviço de adoração.

No seu turbante estava escrito, “Santidade ao


Senhor”. Ele carregava sobre os seus ombros
duas pedras preciosas, com os nomes das doze
tribos. Também carregava um peitoral com
doze pedras preciosas, cada pedra escrita com
o nome de uma das tribos de Israel. Assim,
enquanto o Sumo Sacerdote estava oferecendo
sacrifícios e dirigindo o culto de adoração no
templo, ele sempre carregava perto do seu
coração o povo de Deus.

Deus mandou ungir o Sumo Sacerdote com


óleo precioso desde a cabeça até aos pés. Isto
santifica o Sumo Sacerdote para se dedicar à
adoração do Senhor.
Da mesma forma, diz o Salmista, é a comunhão
dos santos. Deus concede a nós em sua graça o
amor fraternal. Do norte até o sul, todos os
fieis estão se reunindo para cultuar a Deus. E o
amor fraternal é um óleo santo e precioso e
perfumado que santifica o povo de Deus, para
capacitá-los a se dedicarem à adoração de
Deus.

Este amor fraternal é tão precioso, tão


importante que sem ele Deus nem aceita o
culto do Seu povo. A Bíblia diz, (Mt. 5:23) “Se,
pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te
lembrares de que teu irmão tem alguma coisa
contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai
primeiro reconciliar-te com teu irmão, e então,
voltando, faze a tua oferta.”

Se era assim na época das sombras e tipos,


quanto mais depois do único sacrifício de
Cristo! Se o povo de Deus tinha que adorá-lO
num espírito de amor fraternal no Antigo
Testamento, quanto mais no Novo
Testamento?

Nós conhecemos a Cristo. Sabemos que Ele


morreu para nos reconciliar com Deus, e uns
com os outros. Não é por acaso que o próprio
Jesus falou: “Nisto conhecerão todos que sois
meus discípulos. Se tiverdes amor uns aos
outros” (João 13:35). Não é por acaso que
Paulo em Gálatas 5 enfatiza que o primeiro
fruto do Espírito Santo é amor.

Por natureza vivíamos odiando uns aos outros,


e sendo odiados. Cristo morreu para reconciliar
o pecador miserável com o Deus Santo. Cristo
morreu para também nos reconciliar uns aos
outros.
Nossa unidade, nossa comunhão, nosso amor
fraternal é fruto da obra de Jesus em nós. Ele
derramou o amor de Deus em nossos corações,
para nos consagrar no serviço de adoração a
Deus.

APLICAÇÃO

Isto tem conseqüências. Se você estiver aqui,


com algum ressentimento em seu coração —
se você estiver aqui, com alguma mágoa, com
alguma coisa contra seu irmão ou contra os
seus irmãos — este sentimento nega a obra de
Cristo. Quando nós não conseguimos viver
juntos em alegre comunhão fraternal, estamos
dizendo que Jesus é um fracasso e sua morte
não foi em nada proveitoso.

E mais: se nós não estamos vivendo em amor


fraternal, não temos condições de entrar na
presença de Deus para cultuá-lo. A Bíblia diz
que se não conseguimos amar o nosso irmão,
que podemos ver, não conseguiremos amar a
Deus, que não temos visto. É impossível amar a
Deus se não estamos amando o nosso irmão.

Vemos, então que o amor fraternal nos


consagra para termos condições de adorar a
Deus.

3. A UNIÃO ENTRE OS IRMÃOS GERA VIDA – SL


133:3

Mas tem mais. O Salmista continua no verso


três, para explicar que o amor fraternal
também vivifica e anima a Igreja.
Hermom era uma monte muito importante no
norte de Israel. Quase sempre estava coberto
com neve. Israel era um país que depende
muito de chuva e de orvalho. Não tem muitos
rios e outras fontes de água. Literalmente,
dependia dos céus para ter água suficiente
para viver.

Num país tão seco e tão dependente da água


que vem do céu, o orvalho de Hermom
representa uma bênção enorme. Ao redor de
Hermom, a terra podia ser frutífera e a grama e
plantas podiam brotar graças ao orvalho
pesado. Na terra de Israel, quando tiver chuva
ou orvalho, isto pode de repente mudar um
lugar seco e deserto em um lugar cheio de
flores e plantas.

O Salmista usa esta ilustração para nos ensinar


como o amor fraternal traz vida para o povo de
Deus. Traz refrigério! Traz ânimo! Imagine que
estamos em Jerusalém. Ao redor tem os
montes de Sião. É verão, e tudo é seco. Não
tem muita verdura. Mas, depois de um dia
quente, anoitece. E começa um vento do
norte, que traz o ar frio e o orvalho refrescante
do monte Hermom. Que alívio, depois de um
dia quente e seco. E, de manhã, vemos logo as
conseqüências do orvalho: ao redor da cidade,
a terra já esta brotando com verdura.

É assim, diz o Salmista. É assim o amor


fraternal. É refrigério num lugar seco. É vida
num lugar morto.

APLICAÇÃO

Não é assim ainda hoje? Onde podemos achar


verdadeiro amor, se não aqui no meio dos
nossos irmãos? Os relacionamentos secos e
rasos do mundo não trazem satisfação. Procure
amor no mundo, e você ficará repetidamente
decepcionado. Num mundo cheio de ódio e
egoísmo, achamos refrigério na comunhão dos
santos. Na comunhão dos santos, achamos
amor sacrificial.

Vivemos num mundo que corre atrás de


relacionamentos que matam a alma. Todas as
experiências e tentativas do coração não
regenerado de achar amor acabam em tristeza
e decepção. Mas aqui, na comunidade do
Espírito Santo, achamos um amor não fingido.
Achamos um amor que vivifica.

Na última frase do Salmo, vemos mais uma vez


como o Salmista é um verdadeiro filho de
Deus. Ele deixa claro mais uma vez que tudo
procede primariamente de Deus: “Ali, ordena o
Senhor a sua bênção e a vida para sempre”.
O amor fraternal é precioso somente quando
ligado à verdadeira adoração de Deus. (v2). Da
mesma forma, o amor fraternal anima e vivifica
o povo de Deus somente quando praticado
conforme a ordenança de Deus.

Durante a história de Israel, havia muitos


lugares onde as pessoas tentavam cultuar a
Deus. Pensem de Jereboão, que inventou um
culto do seu jeito, nos lugares que ele bem
queria.

O Salmista chama a nossa atenção a Sião. É


outro nome para Jerusalém. “Ali, ordena o
Senhor a sua bênção.” Isto é, a fonte do nosso
amor fraternal: quando estamos unidos em
verdadeira adoração no lugar onde Deus tem
ordenado!
No Antigo Testamento, isto era Jerusalém. Por
que? Porque em Jerusalém estava o templo. E
no templo estava a arca. No Santo dos Santos,
estava a presença de Deus no meio do Seu
povo.

Hoje, não há mais templo em Jerusalém. E


mesmo se houvesse, Deus não estaria lá. O
templo de Deus hoje é a Igreja. Deus habita no
meio de nós. Nós somos o templo do Espírito
Santo.

Onde a verdadeira igreja está reunida,


cultuando em espírito e em verdade, ali
podemos dizer, “ordena o Senhor a sua bênção
e a vida para sempre”. Não tem bênção, não
tem vida, quando nós estamos cultuando a
Deus do nosso jeito, no lugar que mais nos
agrada. Deus nos chama a nos juntar com a
verdadeira igreja de Cristo para adorá-lO. Não
tem vida, não tem bênção em nenhum outro
lugar. Não tem bênção quando ficarmos em
casa por preguiça. Não tem vida quando
negligenciamos o culto verdadeiro para correr
atrás de adoração conforme a imaginação do
homem.

Mas quando estamos reunidos na assembléia


dos santos, quando estamos adorando a Deus
em espírito e verdade, podemos ter certeza
que ali Deus ordena Sua bênção.

E a vida para sempre.

Não é interessante que o Salmista termina o


Salmo do mesmo jeito que o Credo termina?
Todo domingo citamos o credo, e terminamos:
“e a vida eterna. Amém.”

Estas palavras já estão nos lábios do nosso


irmão Davi. Milhares de anos atrás, ele já sabia
que a comunhão fraternal, a comunhão dos
santos não é algo temporário. Não é algo raso.
Não é algo provisório.

É eterno! Continua para sempre! O amor


fraternal que estamos experimentando agora,
vai crescer, madurecer, e se desenvolver. Vai
brotar e frutificar. E vai continuar fazendo isto
para sempre! Não tem fim! Hoje celebramos
numa pequena mesa. Mas está chegando o dia
quando estaremos festejando e celebrando a
glória de Deus em Cristo com uma multidão
que ninguém enumera. Está chegando o dia
quando iremos experimentar a plenitude da
comunhão dos santos, na presença do nosso
amado Salvador.

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