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São Paulo
2015
1
BÁRBARA MACHADO MAZZETTI
São Paulo
2015
2
Eu estou onde está meu corpo
Meu corpo, onde estão os meus pés
Meus pés, onde está o chão
Ou então
Onde a cabeça
Com seu pensar em vão
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Resumo
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Sumário
Introdução ............................................................................................................................ 6
Revendo conceitos .............................................................................................................. 9
2.1. Lazer: tempo, conteúdos e espaços. ..................................................................................... 9
2.2. Relações entre Arte e Educação informal e não formal. .................................................. 12
2.3. Consciência Corporal e o método da eutonia. ................................................................... 14
A pesquisa: Os encontros “Fritura Livre” na Praça Victor Civita .................................. 21
3.1. Fritando: Os encontros de música corporal........................................................................ 21
3.2. A Praça Victor Civita: Criação e usos criativos. ................................................................. 23
3.3. A ocupação do espaço público através de atividades artístico-educativas: A cidade, o
lazer e as vivências corporais coletivas. ..................................................................................... 24
3.4. Metodologia ............................................................................................................................. 26
3.5. Questionários e entrevistas................................................................................................... 28
Resultados obtidos............................................................................................................ 34
4.1. Como ocorrem os encontros “Fritura Livre”: Descrição do dia 24 de Maio. .................. 34
4.2. Como o encontro é sentido: análise de percepções dos participantes.......................... 41
4.3. A Associação Amigos da Praça Victor Civita e o Fritura Livre. ....................................... 53
4.4. Fritura Livre: lazer, arte, consciência corporal e ludicidade. ............................................ 56
Considerações Finais ........................................................................................................ 59
Referências Bibliográficas ................................................................................................ 64
APENDICES ........................................................................................................................ 67
Apêndice 1. Questionários aplicados aos participantes – respondidos por email ............... 68
Apêndice 2. Questionários aplicados aos participantes – respondidos presencialmente .. 85
Apêndice 3. Questionário aplicado ao facilitador do Fritura Livre ........................................ 106
Apêndice 4. Questionário da Associação dos Amigos da Praça Victor Civita.................... 111
Apêndice 5. Quadro de respostas do público entrevistado ................................................... 116
5
Introdução
Por meio da realização de um estudo de caso, a presente pesquisa
buscou analisar particularidades dos encontros de música corporal “Fritura Livre”,
que ocorrem mensalmente na Praça Victor Civita, localizada no bairro de Pinheiros
em São Paulo, além de compreender percepções de seus organizadores e
participantes, visando também explorar a relação do espaço público com o
desenvolvimento da atividade. As atividades de “Fritura Livre” são encontros abertos
de música corporal, onde os sons produzidos por estímulos ao corpo configuram
práticas integradas de percussão corporal e música vocal. Suas vivências são
abertas e realizadas de forma livre, inclusiva e comunitária, não se exigindo
experiência musical e ou pré-requisito, a não ser pela disponibilidade de estar em
contato direto com o outro. Desta forma, buscou-se compreender, por meio de uma
pesquisa descritivo-qualitativa e através da observação participante, particularidades
destes encontros e relações interpessoais, e percepções que podem surgir a partir
desta vivência corporal, social e artística.
Está claro que o corpo sustenta a mente e que a saúde física tem impacto
direto sobre o bem-estar mental. Assim, pode-se entender que o corpo humano é
base para qualquer existência, onde o raciocínio, a sociabilização, a capacidade
criativa e demais facetas humanas podem estar ligados potencialmente ao corpo,
uma vez que todas as ações partem dele. Torne-se possível entender também que o
processo criativo, corporal e psicológico, representa um grande impulso para que se
possa avançar como indivíduo, ao poder atingir novas etapas e perspectivas ao
longo de seu desenvolvimento, partindo da dimensão dos estados corporais, da
mente e do espírito. E o inverso por sua vez também é uma realidade. Dentro da
dimensão conceitual, o estado corporal de “estar presente”, é resultado de uma
percepção e consciência sobre o próprio corpo de forma apurada, representando
assim formas de estar atento ao corpo, alerta aos estímulos, acordado e focado nos
movimentos corporais e no meio em que se está inserido. Dentro dessa perspectiva
corporal de existência e evolução, Dascal (2008) conceitua o “saber do corpo” como
a busca da compreensão da unidade mente-corpo que inclui a dimensão existencial
e enfatiza a vivência como situação original e significativa. Nesta mesma linha de
pensamento, que exalta a relação da percepção e consciência corporal como
condição de existência e presença no espaço-tempo, o professor e coreógrafo
6
Klauss Vianna, em seu livro “A Dança” acaba por resumir sua filosofia de ensino e
arte ao dizer que “A vida é síntese do corpo e o corpo é síntese da vida.” (VIANNA,
2005, p.103)
8
Revendo conceitos
9
equipamentos como os objetos que organizam o espaço em função de determinada
atividade. Dessa forma, os equipamentos podem ser específicos ou não-específicos.
O autor Requixa (1980) define os equipamentos não –específicos como aqueles que
não são construídos de forma original para esta finalidade, mas eventualmente
cumprem este papel, a exemplos do lar, ruas e escolas. Já os equipamentos
específicos do lazer são conceituados por Marcellino (2006) como aqueles que são
construídos com a finalidade de atender diretamente aos conteúdos culturais do
lazer definidos por Dumazedier (1980), sendo eles o conteúdo artístico, intelectual,
manual, social e físico.
10
A animação cultural também tem uma grande relação com a arte, onde seu
papel poder ser principalmente democratizar o acesso da arte erudita a todos ao
mesmo tempo que pode clarear o entendimento de arte como experiência, onde a
experiência estética é o grande valor das obras-de-arte, aquilo que devem ocasionar
(MELO, 2007) ampliando o potencial da arte, por meio da animação, para o
cotidiano de todas as pessoas e/ou comunidade, assim como destaca ainda o
mesmo autor
11
2.2. Relações entre Arte e Educação informal e não formal.
[...] acho fértil essa imagem da arte como algo que não pode se
evitar. Como dejeto. A arte como dejeto que sai do corpo, que
precisa sair do corpo: mas... Não era do espírito que
estávamos acostumados a ver a arte sair? ”(CCSP, 2013, p.49)
A arte pode ser compreendida hoje como experiência estética, uma vez que
tem um potencial transformador por meio da experiência vivida e se configura como
estética por meio do estudo das formas artísticas. Dentro deste entendimento e
frente ao contexto contemporâneo, a arte é uma forma de reverter o processo de
empobrecimento da experiência humana. Assim, ao contrário do que por muito
tempo se conceituava como arte, sendo mera expressão, Camargo (2009) contrapõe
este pensamento de expressão em prol da experiência transformadora:
12
Por meio da arte, estes conhecimentos sensíveis que propiciam novos
entendimentos sobre o mundo refletem a subversão de formas, através de formas. A
arte como uma perspectiva e visão do mundo que se expressa e se projeta
configurando a experiência para quem produz e para quem recebe, sendo ela
dança, teatro, música, literatura, pintura ou as demais segmentações da arte,
configuram, como um todo, uma manifestação humana, carregada de valores,
costumes, vivências, inquietações. Podemos, assim, compreender a arte e as
manifestações artísticas como elementos que colaboram para a construção de uma
cultura ou identidade cultural, entendendo cultura pela definição de Milton Santos
(2000):
13
[...] a informal como aquela que os indivíduos aprendem
durante seu processo de socialização - na família, bairro, clube,
amigos etc., carregada de valores e culturas próprias, de
pertencimento e sentimentos herdados: e a educação não-
formal é aquela que se aprende "no mundo da vida", via os
processos de compartilhamento de experiências,
principalmente em espaços e ações coletivos
cotidianas.(GOHN, 2006)
14
Essa doutrina desenha um corpo sujeito ao mecanicismo, logo,
decomponível e incapaz de produzir “saberes”; faz da mente a
única fonte de conhecimento e vida ativa. (DASCAL, 2008,
p.42)
15
E onde os espaços corporais são:
16
o fluxo energético entre estes espaços, uma boa relação de equilibro do individuo
consigo, com outras pessoas e com o meio, pode ser aprimorada, alterando sua
forma de receber e projetar informações e ações, conciliando ambos e criando uma
unidade consciente, onde:
Dessa forma, o autor Vianna (2005) coloca que estar em harmonia com o
próprio corpo, por meio da observação e da percepção dos movimentos mais
elementares, é criar um código com o próprio corpo, iniciando um processo de
sensibilização de partes mortas até alcançar a liberação das articulações. A reação
do corpo aos novos e diferentes estímulos possibilita acordar o corpo, rompendo
com uma domesticação social, assim como discute o autor:
17
Resumindo em compreensão e expansão, o movimento
humano tanto é reflexo do interior do homem quanto tradução
do mundo exterior. Tudo que acontece no universo acontece
comigo e com cada célula do meu corpo. A espiral crescente, o
universo, tem um ponto de partida em cada um de nós, e é do
nosso interior, da nossa concepção de tempo e espaço, que
estabelecemos uma troca com o exterior, uma relação com a
vida. (VIANNA, 2005, p.103)
18
do bonito ou do feio, somos o que somos; talvez seja esse o
estado de pura consciência. (DASCAL, 2008, p.76)
19
pedra”, ressaltando como as relações e ações de respeito coletivo, consciência
corporal, manifestações artísticas autênticas, trocas harmônicas e de equilíbrio se
tornam ainda mais preciosas e necessárias no meio urbano e entre seus habitantes.
20
A pesquisa: Os encontros “Fritura Livre” na Praça Victor Civita
21
corpo configuravam os encontros. O “fritar” era experimentar o seu corpo e a relação
com o corpo do outro. O respeito ao próximo era base do processo de exploração do
corporal, da exploração do coletivo.
Assim, o Núcleo Fritos, criado em 2003, surge em São Paulo como um grupo
de estudos que se organizava para encontros de música corporal de frequência
semanal. Após uma segmentação do grupo, em que Fernando Barba, atual diretor
do Barbatuques, deixa em 2008 o grupo, que ainda sim seguiu sem o seu criador. O
projeto cresce e, em 2012, o grupo de estudos ganha novos integrantes que
buscavam praticar mais do que uma vez por semana e que começaram a fomentar
encontros abertos em parques de São Paulo. Neste contexto surgem, em janeiro de
2013, os encontros do Fritura Livre, coordenados por Zuza Gonçalves e Ronaldo
dos Santos.
O espaço da Praça Victor Civita foi escolhido por alguns motivos chave, tal
como a localização, próximo ao Metrô Pinheiros, também pela estrutura da praça,
com água, sanitários e, principalmente, por seu piso de madeira suspenso, que
colabora com a sonoridade dos pés. Outros elementos que colaboram são a
privacidade sonora, por não ser um lugar que contenha muito movimento nas
proximidades, as árvores presentes no espaço que criam um ambiente mais
acolhedor e a estrutura da arquibancada, que possibilita que mesmo em dias de
chuva se possa realizar a atividade, ainda que de forma adaptada.
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As informações acima citadas foram obtidas por meio da entrevista realizada
com Ronaldo dos Santos, no dia 5 de Abri de 2015, através da pesquisa online feita
por email.
23
A Associação Amigos da Praça Victor Civita, que funciona regularmente em
horário comercial e com sede no Prédio do Incinerador, foi criada em 2011 e é
responsável pela gestão compartilhada do espaço, por meio da Parceria Público-
Privada, cuidando desde os recursos e serviços básicos para sua manutenção,
programação de atrações e atividades, captação e relacionamento com parceiros e
prestação de contas aos associados que contribuem financeiramente com a AAPVC.
sempre reafirmando o compromisso com o espaço público da Praça, com o meio
ambiente e com os cidadãos da Cidade, a meta da Associação Amigos da Praça
Victor Civita é cada vez abrir mais espaço para as novas linguagens e
manifestações artísticas, contribuindo assim para a diversidade das opções culturais
e de lazer que São Paulo oferece.
24
compatibilização com os aspectos cruciais da vida
contemporânea e, principalmente, para os lazeres. (GIRALDI,
2009, p.60)
3.4. Metodologia
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1: Conhecer particularidades dos encontros de música corporal “Fritura Livre” em
São Paulo.
E as seguintes hipóteses:
Hipótese 2: O espaço da Praça Victor Civita e sua forma de gestão contribuem para
o desenvolvimento de atividades sócio artísticas.
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A aplicação dos questionários semiestruturados abertos foi realizada de duas
formas. A primeira foi feita presencialmente, no dia 15 de Março, onde 20 pessoas
responderam a primeira versão feita do questionário de participantes.
Posteriormente, foi feita a aplicação dos questionário por meio digital, onde os
participantes do “Fritura Livre” tiveram acesso ao questionário disponibilizado no
grupo do “Fritura Livre” na rede social Facebook e puderam respondê-lo e enviá-lo
assinado até a data limite estipulada, em 1° de Junho de 2015 . Os questionários
aos organizadores e gestores da AAPVC – Associação Amigos da Praça Victor
Civita também foram enviados por email respondidos e assinados até a mesma data
definida. As perguntas elaboradas buscaram não influenciar nas respostas dos
entrevistados.
QUESTIONÁRIO 1:
4 - O que, a seu ver, o espaço da Praça Victor Civita contribui para a atividade?
5 - Quais são as suas sensações com esta atividade? E em relação ao seu corpo?
5 – Como o espaço da Praça Victor Civita contribui para a atividade? Quais são as
relações com a administração do espaço?
31
QUESTIONÁRIO 3:
32
11 – O que os encontros de música corporal “Fritura Livre” representam para a
AAPVC*?
33
Resultados obtidos
38
diferentes níveis de voz e canto, enquanto um grande coral, como no inicio da
atividade. Zuza começa a alternar propostas de improvisação individual para
repetição do coletivo, passando uma mensagem final, criada especialmente naquela
edição do Fritura e naquele momento, através do verso cantado: “quando a festa
está acabando, o coração começa a doer”. Todos cantam juntos, usando um recurso
da percussão corporal de bater no peio, porém, neste momento, este ato contém
uma simbologia muito grande, pois em certo momento, ao ir abaixando o volume do
trecho cantado, só resta o som de bater no peito, da percussão corporal, do coletivo,
representando o ritmo do coração. Um sentimento de amor e vida que une a todos
naquele momento transborda em um comemorar coletivo, assim como a foto abaixo
demostra.
O encontro segue com a habitual foto final do grupo naquele encontro, de três
formas diferentes, que depois são compartilhadas virtualmente. Uma sorrindo, uma
40
fazendo caretas e uma fazendo um movimento de percussão corporal que cada um
escolher. Posteriormente a formação para a foto se desmancha e todos vão se
abraçando, um a um, agradecendo, sorrindo, se conhecendo “formalmente”. A meta
é todos se abraçarem como forma de fechar individualmente, por meio do abraço, o
contato coletivo. Em seguida, o piquenique coletivo é feito, também de forma livre,
onde alguns trazem comidinhas e todos podem comer, compartilhando, ao
conversar, mais sensações sobre a Fritura e se conhecendo melhor. O Fritura Livre
tem duração média de 3:30min, sendo das 12:30min às 16:00min mais ou menos,
contando com todas as etapas do encontro.
Dessa maneira, a amostra total que foi analisada nesta pesquisa é baseada
nos vinte questionários aplicados inicialmente, que se manteve útil a pesquisa como
forma de identificar o perfil do público mais a fundo e absorver criticamente as
respostas iniciais fornecidas, e nos oito questionários respondidos online,
analisando-os como a versão mais atual do questionário proposto, em conjunto com
perguntas que se mantiveram iguais ou semelhantes em ambas as versões dos
questionários aplicados.
42
A seguir, tabela com informações sobre sexo, idade, bairro que reside e nível
de escolaridade dos entrevistados, a fim de traçar um perfil básico dos participantes
do Fritura Livre.
43
VIII), e os que foram respondidos presencialmente, no dia 15/03, com numeração
comum (de 1 a 20). No quadro geral de respostas, os questionários identificados em
amarelo representam aqueles em que a resposta dada foi utilizada como citação
neste trabalho.
“O fato de ser um espaço aberto e amplo, com árvores e pássaros, contribui para a
sensação de liberdade e de interação com a natureza. Além disso, a estrutura em
madeira contribui para a sensação de aconchego (nos sentimos à vontade para
sentar e deitar), torna a acústica mais apropriada e serve bem à produção de som
com os pés.” (Questionário I)
45
muitas outras. O conhecimento sobre as potencialidades do próprio corpo, o contato
de respeito e cumplicidade ao outro, a sensação do corpo desperto, de estar inteiro,
são algumas dos sentimentos que foram externados por meio dos questionários.
Apenas eles podem realmente dizer por si o que sentem e sentiram, dessa forma,
alguns relatos foram selecionados para que, nas palavras de cada entrevistado,
possa ser expresso as sensações vividas:
“Sinto que posso deixá-lo fluir, posso permitir fazer o ele que quer e o que ele sente
que precisa fazer. A música feita através do corpo liberta a alma!” (Questionário II)
“Minhas sensações são diversas. Sinto amor, como já disse muito, sinto vontade,
sinto energia vibrando em todas as células do meu corpo. Me sinto muito diferente
do comum. No meu corpo, além de me auxiliar na coordenação motora, também me
mantém ativa fisicamente, trazendo benefícios inclusive à minha saúde.”
(Questionário VII)
“Há uma sensação muito boa de relaxamento, mas ao mesmo tempo, de vitalidade.
Sinto que, ao longo da atividade, o corpo vai se soltando e as inibições vão sendo
deixadas de lado.” (Questionário I)
46
em um lugar público onde qualquer um pode chegar e participar. E o mais
interessante são as pessoas que não sabem do evento e estão na praça por
“coincidência” e ficam com vontade de participar e agregam de forma maravilhosa, é
incrível ver como as pessoas conseguem se expressar na Fritura.” (Questionário
VIII)
A vivência obtida no encontro “Fritura Livre” foi tida como um fator que
interfere posteriormente na vida das pessoas, seja pelos conhecimentos e técnicas
musicais e corporais obtidas, ou por meio da interação com o coletivo, pela
formação de novas amizades, de estar aberto sem julgamentos, ou, conforme
alguns, pela “energia permanecer reverberando no corpo”, fazendo com que a
resposta seja “Sim. O Fritura contribui para que eu me mantenha aberta às
possibilidades da música improvisada, bem como às possibilidades da interação
música-corpo. Além disso, como estudante de licenciatura em música, é interessante
observar a dinâmica entre os facilitadores e o grupo. (Questionário I). No caso desta
entrevistada, destaca-se ainda mais o sentido educativo dos aprendizados obtidos
com a atividade. A atividade, por depender essencialmente do corpo para ocorrer,
acaba também por inferir uma nova relação de percepção, escuta e experimentação
do individuo com o seu corpo, assim como é relatado pela entrevistada ao dizer que
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“Sim, a experiência vivida aqui me deixa consciente do meu corpo (postura,
respiração, estado de presença) (Questionário 1).
“Sim. Pela forma como a atividade é conduzida, as pessoas interagem de uma forma
mais próxima – tocamos umas às outras, olhamos nos olhos. Acredito que isto
contribua muito com o desenvolvimento de nossa empatia, de nossa aceitação às
diferenças e isto é algo que reverbera para muito além da atividade em si.”
(Questionário I)
“Sim. Pois, ela nos ensina a ouvir, interagir e estar junto do outro, sem fazer com
que você perca a sua individualidade.” (Questionário III)
“Acredito que essa atividade faz com que qualquer pessoa vivencie algo que não
está habituada no seu dia a dia, é um momento que ela esquece do seu cotidiano e
vivência algo sem julgamento, sem certo ou errado. Assim sendo, a pessoa começa
a refletir sobre tudo o que se passa em sua volta, podendo assim querer transformar
o meio em que vive buscando coisas melhores para seu convívio diário.”
(Questionário V)
“Sim, nos deixa mais humanos, mais olho no olho e nos desinibe” (Questionário VI)
“Claro! A relação das pessoas com as pessoas, com a cidade, com a música, tem
sido cada vez mais superficial. Esse encontro permite que conheçamos pessoas,
nos relacionemos e sintamos algo profundo por elas. O coletivo é totalmente
envolvido na Fritura. A formação do indivíduo começa a partir da relação com o
coletivo e o meio em que é inserido. Ou seja, a partir da Fritura, as pessoas
conseguem aprender e ver o melhor de si mesmas.” (Questionário VII)
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Fechando a análise dos questionários, a última pergunta foi a respeito do
reconhecimento da atividade do “Fritura Livre” como algo educativo, de lazer ou
artístico, onde era permitido assinalar mais de uma opção. Foi possível, então,
identificar que apenas 18 dos 28 entrevistados consideram o encontro de música
corporal Fritura Livre como uma atividade que pertence ás três esferas: educativa,
de lazer e artística, enquanto os outros 10 candidatos consideram a atividade como
apenas educativa e artística, ou apenas artística e de lazer ou somente artística,
sendo o lazer uma das alternativas menos consideradas e assinaladas pelos
participantes entrevistados nesta pesquisa, assim como o gráfico abaixo demonstra:
30
25
20
Série1
15
10
É interessante observar que, para alguns, o lazer poderia, dessa forma, não
ser uma definição principal ou adequada para tal vivência, indicando, assim, uma
possível necessidade de disseminar e aprofundar estudos e compreensões de lazer
em vivências e atividades como esta, assim como busca esta pesquisa, visando
compreender o entendimento de lazer por parte dos participantes do Fritura Livre ou
de outras atividades e possibilitar, ao mesmo tempo, uma nova relação de
conhecimento e consciência sobre a esfera do lazer presente nas atividades
realizadas.
49
4.3. A criação, organização e condução dos encontros de música corporal.
A forma como a Praça Victor Civita contribui para a atividade é descrita por
Ronaldo indicando inicialmente a estrutura da praça que, que colabora em vários
aspectos: o piso é de maneira e suspenso, o que colabora com a sonoridade dos
pés. Apesar de alguma interferência sonora externa como de carros e aviões, há
certa privacidade no espaço por não ser um lugar de muito movimento. Na Praça há
51
árvores por perto e isso cria um ambiente mais acolhedor e em dias de chuva, há a
possibilidade de refugiar o grupo na arquibancada coberta, onde é possível seguir
com a atividade mesmo que de forma adaptada, além de ter água e sanitários. Além
disso, a Praça está localizada perto do metrô, o que facilita o acesso de pessoas de
todas as regiões da cidade. Quanto à relação da atividade com a Associação
Amigos da Praça Victor Civita, Ronaldo reafirma que o Fritura Livre não é uma
atividade que participa da programação oficial da Praça, mas sempre o encontro é
marcado, há uma verificação da data escolhida em relação a programação, para que
não haja conflito de horário e de espaço entre atrações da programação e a
atividade.
52
trazer auto-conhecimento na medida em que torna possível reconhecer os próprios
limites e potencialidades.
54
eventos, porque possivelmente quem não conhece o espaço poderia ter receio em
visitá-lo, devido ao titulo “praça”.
56
“Para pensarmos a arte como forma de lazer está estabelecido
aqui, portanto, um primeiro desafio: reverter essa compreensão
de que se trata de algo para poucos, concepção que ainda hoje
é mais forte do que a princípio poderíamos conceber. A arte
não é superior, é ordinária, sendo necessário, portanto,
desmontar as hierarquias construídas a seu redor. ”(MELO,
2007,p. 73)
58
Considerações Finais
59
Dascal (2008), Vianna (2005) e Merleau-Ponty (1994), entre outros que contribuíram
e possibilitaram reflexões sobre o uso do espaço urbano, politicas públicas de lazer
e na fundamentação da metodologia utilizada ao longo da pesquisa.
60
que os participantes e organizadores avaliam positivamente atividades associadas
ao “Fritura Livre”.
61
Vale ressaltar, também, que na edição de Novembro de 2015, que ocorreu no
domingo, dia 15, o encontro foi realizado no vão livre do MASP, como forma de
celebrar junto a outras pessoas desconhecidas o novo uso de lazer que o espaço
público da Avenida Paulista ganhou aos domingos e, ao mesmo tempo, apresentar e
introduzir a proposta de música corporal para as diversas pessoas que ali circulam.
Esta iniciativa foi tomada pelo próprio grupo organizador do “Fritura Livre” e o
desenvolvimento da atividade sucedeu de uma forma muito agradável e harmoniosa,
como em todos os encontros. Porém, esta ação marca claramente a facilidade com
que esta atividade pode ser levada para diversos espaços públicos ao redor da
cidade, seja em parques, praças, ruas de lazer, bibliotecas, centros culturais,
escolas e entre outros. Apesar desta edição de Novembro no MASP ter sido um
movimento organizado somente pelo grupo, sem dúvidas seria de grande valia se,
em um futuro próximo, pudessem ser estabelecidas parcerias oficiais com os órgãos
de lazer, arte, cultura e juventude da Cidade e até do Estado de São Paulo, algo que
provavelmente promoveria novos estudos a respeito do tema e de sua aplicação
prática.
63
Referências Bibliográficas
64
MARCELLINO, N. C. Estudos do lazer: uma introdução. 4. ed. Campinas, SP:
Autores Associados, 2006.
MELO, V.A. Arte e lazer: Desafios para Romper o Abismo. In: MARCELLINO,
N.C. (Org.) Lazer e cultura. Campinas, SP: Átomo Alínea, 2007, p. 65-87.
MELO, V. A. de; ALVES JUNIOR, E. de. Introdução ao lazer. Barueri, SP: Manole,
2003.
SANTOS, Milton. “Da cultura à indústria cultural”. São Paulo: Folha de São Paulo,
19 de março de 2000.
65
VIANNA, K. A Dança / Klauss Vianna ; Marco Antonio de Carvalho. – 6. Ed. – São
Paulo: Summus, 2005.
66
APENDICES
67
Apêndice 1. Questionários aplicados aos participantes – respondidos por
email
68
QUESTIONÁRIO I
EACH - USP
Potencialidades Corporais em Processos Artísticos no Lazer: Explorando
percepções sobre o encontro de percussão corporal “Fritura Livre”.
Através de amigos que conheci nas oficinas que o Zuza ministrou no Sesc Vila
Mariana.
Representa um espaço para se permitir um fazer musical livre, em que o corpo (voz
inclusive) é explorado nas suas múltiplas possibilidades musicais.
4 - No que, a seu ver, o espaço da Praça Victor Civita contribui para a atividade?
O fato de ser um espaço aberto e amplo, com árvores e pássaros, contribui para a
sensação de liberdade e de interação com a natureza. Além disso, a estrutura em
madeira contribui para a sensação de aconchego (nos sentimos à vontade para
sentar e deitar), torna a acústica mais apropriada e serve bem à produção de som
com os pés.
5 - Quais são as suas sensações com esta atividade? E em relação ao seu corpo?
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Há uma sensação muito boa de relaxamento, mas ao mesmo tempo, de vitalidade.
Sinto que, ao longo da atividade, o corpo vai se soltando e as inibições vão sendo
deixadas de lado.
Sim. Acho que a atividade contribui para uma maior aceitação dos erros, para um
contato mais próximo com outras pessoas e para que se dê uma atenção maior ao
“estar presente”.
Sim. Pela forma como a atividade é conduzida, as pessoas interagem de uma forma
mais próxima – tocamos umas às outras, olhamos nos olhos. Acredito que isto
contribua muito com o desenvolvimento de nossa empatia, de nossa aceitação às
diferenças e isto é algo que reverbera para muito além da atividade em si.
70
QUESTIONÁRIO II
EACH - USP
4 - O que, a seu ver, o espaço da Praça Victor Civita contribui para a atividade?
5 - Quais são as suas sensações com esta atividade? E em relação ao seu corpo?
Sinto que posso deixá-lo fluir, posso permitir fazer o ele que quer e o que ele sente
que precisa fazer. A música feita através do corpo liberta a alma!
71
Integração. Criar relações sem limites, com diversos tipos de pessoas de diversos
grupos diferentes que se unem em um espaço comum para criar outras relações.
Que posso me permitir fazer que meu corpo sente. Que a música pode libertar o
que todas as convenções que viemos aprendendo desde que chegamos a este
mundo nos impõem.
Sim. Descobrimos a música de uma forma diferente. Como uma energia presente
em todos os lugares e em todas as pessoas.
Sim. Como citei na questão 7, ela pode sim, mostrar que nem todos os limites que
acreditamos ser saudáveis, realmente o são. Que fazer coisas que parecem
‘estranhas’ aos olhos da maioria pode nos fazer melhor do que a gente imagina, pois
neste caso, só fazemos o que a energia do corpo, das conexões com os presentes
nos leva a sentir.
Nesta atividade aprendemos a respeitar o que o outro sente, respeitar o que aos
nossos olhos também parece estranho, mas que é simplesmente a manifestação de
uma paz e uma felicidade que nos ocupa naquele momento.
10 - Você considera atividade como (permitido assinalar mais que uma alternativa):
72
QUESTIONÁRIO III
EACH - USP
Potencialidades Corporais em Processos Artísticos no Lazer: Explorando
percepções sobre o encontro de percussão corporal “Fritura Livre”.
4 - O que, a seu ver, o espaço da Praça Victor Civita contribui para a atividade?
Por ser uma praça toda de madeira e com muitas àrvores, eu a considero
acolhedora.
5 - Quais são as suas sensações com esta atividade? E em relação ao seu corpo?
É uma atividade que só tem esta força, justamente por ser feito em grupo e num
espaço público e gratuito. Pois, todos se sentem parte e podem fazer parte.
73
Como musicoterapeuta e professora de música, aprendi uma nova forma de
improvisar e criar música no coletivo. E aprendi que o ser humano é um ser com
muitos potenciais e com uma necessidade de estar junto partilhando.
Sim. Como já citei, por ser professora de música, eu tento recriar esta atmosfera nas
minhas aulas. E como pessoa, eu percebi que a música no meu corpo está presente
todos os dias.
Sim. Pois, ela nos ensina a ouvir, interagir e estar junto do outro, sem fazer com que
você perca a sua individualidade.
10 - Você considera atividade como (permitido assinalar mais que uma alternativa):
74
QUESTIONÁRIO IV
EACH - USP
Potencialidades Corporais em Processos Artísticos no Lazer: Explorando
percepções sobre o encontro de percussão corporal “Fritura Livre”.
Minha filha Laura é aluna do Zuza, faz parte do Vozes ao Cubo e trabalha na
FUNSAI.
4 - O que, a seu ver, o espaço da Praça Victor Civita contribui para a atividade?
5 - Quais são as suas sensações com esta atividade? E em relação ao seu corpo?
O grupo está cada vez maior e o fato de ser gratuito acho que contribui para
aumentar cada vez mais o número de participantes.
75
7 - Você obteve aprendizados com esta atividade? Se sim, quais?
Aprendizado acho que não, mas a troca de energia, a alegria são coisas boas.
Sim. Se todos pudessem vivenciar essa atividade, haveria menos gente estressada.
10 - Você considera atividade como (permitido assinalar mais que uma alternativa):
76
QUESTIONÁRIO V
EACH - USP
Potencialidades Corporais em Processos Artísticos no Lazer: Explorando
percepções sobre o encontro de percussão corporal “Fritura Livre”.
Formação: Superior Incompleto Bairro e Zona que reside: Vila Mariana Z/S
Em uma oficina que fazia com o Zuza, algumas pessoas que estavam fazendo a
mesma oficina e já frequentavam a Fritura Livre me convidaram.
Integração, comunidade.
4 - O que, a seu ver, o espaço da Praça Victor Civita contribui para a atividade?
Paz, tranquilidade, união. Quanto ao corpo depende do dia, as vezes fico relaxado,
as vezes fico um pouco cansado.
77
Não teria uma atividade como essa sem ser em grupo, e ser em espaço público não
restringe quem queira participar.
De alguma forma sim, é algo que quero levar, compartilhar para qualquer lugar que
for.
Acredito que essa atividade faz com que qualquer pessoa vivencie algo que não
está habituada no seu dia a dia, é um momento que ela esquece do seu cotidiano e
vivência algo sem julgamento, sem certo ou errado. Assim sendo, a pessoa começa
a refletir sobre tudo o que se passa em sua volta, podendo assim querer transformar
o meio em que vive buscando coisas melhores para seu convívio diário.
78
QUESTIONÁRIO VI
EACH - USP
Potencialidades Corporais em Processos Artísticos no Lazer: Explorando
percepções sobre o encontro de percussão corporal “Fritura Livre”.
Através da Família
Terapêutica
4 - O que, a seu ver, o espaço da Praça Victor Civita contribui para a atividade?
5 - Quais são as suas sensações com esta atividade? E em relação ao seu corpo?
Em grupo pois ter aquela sensação da união de vários sons formarem uma musica e
por ser em um lugar publico sempre estar em contato com outras pessoas
desconhecias e em função disso sempre haverem coisas novas.
79
8 - A vivência obtida no encontro “Fritura Livre” interfere posteriormente na sua vida?
Se sim, como?
Sim, nos deixa mais humanos, mais olho no olho e nos desinibe
10 - Você considera atividade como (permitido assinalar mais que uma alternativa):
80
QUESTIONÁRIO VII
EACH - USP
Potencialidades Corporais em PrN ocessos Artísticos no Lazer: Explorando
percepções sobre o encontro de percussão corporal “Fritura Livre”.
4 - O que, a seu ver, o espaço da Praça Victor Civita contribui para a atividade?
O lugar é incrível, um espaço lindo. Em dia de sol, embeleza nossa música, em dia
de chuva, compõe nosso cenário musical e também nos protege.
5 - Quais são as suas sensações com esta atividade? E em relação ao seu corpo?
Minhas sensações são diversas. Sinto amor, como já disse muito, sinto vontade,
sinto energia vibrando em todas as células do meu corpo. Me sinto muito diferente
do comum. No meu corpo, além de me auxiliar na coordenação motora, também me
mantém ativa fisicamente, trazendo benefícios inclusive à minha saúde.
10 - Você considera atividade como (permitido assinalar mais que uma alternativa):
82
QUESTIONÁRIO VIII
EACH - USP
Potencialidades Corporais em Processos Artísticos no Lazer: Explorando
percepções sobre o encontro de percussão corporal “Fritura Livre”.
Além dos encontros serem relacionados a música e percussão corporal, coisas que
eu adoro praticar, as pessoas que frequenta são incríveis e fazem do encontro o que
ele realmente é.
4 - O que, a seu ver, o espaço da Praça Victor Civita contribui para a atividade?
As vezes penso que a Praça foi feita para a Fritura Livre, é incrível como ela
conversa com o encontro. É um lugar calmo, repleto de natureza e sustentabilidade
83
algo que conversamos na Fritura de como conseguir trazer essas reflexões para a
nossa rotina e das próximos também.
5 - Quais são as suas sensações com esta atividade? E em relação ao seu corpo?
De suma importância é a coletividade que faz do encontro ser o que ele é. Ainda
mais em um lugar público onde qualquer um pode chegar e participar. E o mais
interessante são as pessoas que não sabem do evento e estão na praça por
“coincidência” e ficam com vontade de participar e agregam de forma maravilhosa, é
incrível ver como as pessoas conseguem se expressar na Fritura.
Sim, posso dizer que as minhas habilidades em percussão corporal evoluíram muito
desde que comecei a frequentar. E não posso esquecer do aprenzidado espirutal e
humanitário que obtive.
Sim e muito. Tudo que aprendo no encontro tento colocar em minha vida. Algo que
eu aprendi e levo pra tudo e para todos é aprender a olhar, de verdade, o próximo.
10 - Você considera atividade como (permitido assinalar mais que uma alternativa):
84
Apêndice 2. Questionários aplicados aos participantes – respondidos
presencialmente
85
86
Nota: Imagem de questionário pouco legível devido às respostas feitas com caneta laranja.
87
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Nota: Imagem de questionário pouco legível devido às respostas feitas com caneta laranja.
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100
101
102
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105
Apêndice 3. Questionário aplicado ao facilitador do Fritura Livre
106
EACH - USP
Zuza Gonçalves pode contar melhor a história do início da Fritura Livre, mas em
2012 novos integrantes do grupo de estudos queriam praticar mais do que uma vez
por semana e começaram a fomentar encontros em parques de São Paulo e daí os
encontros tornaram-se oficiais quando Zuza e eu começamos a coordenar juntos as
atividades de improvisação nesses encontros a partir da experiência que trazíamos
da coordenação do grupo de estudos e do projeto Música do Círculo que temos
juntos.
Mesmo com a preocupação estética, buscamos propostas não tão complexas para
poder incluir quem participa do encontro pela primeira vez ou que tenham pouca
experiência musical.
Outro aspecto é que não há interrupção entre uma criação e outra, as propostas
seguem em trasnformação e dentro de um fluxo contínuo até o fim. Mas os
participantes podem entrar e sair da roda a qualquer momento, de acordo com sua
disponibilidade e resistênca para seguir ou não.
Os encontros acontecem uma vez por mês na praça Victor Civita em Pinheiros (SP)
e, embora não tenham um tempo controlado, costumam durar cerca de duas horas
ininterruptas com posterior convite a um piquenique colaborativo.
5 – Como o espaço da Praça Victor Civita contribui para a atividade? Quais são as
relações com a administração do espaço?
Nossa atividade não é uma programação oficial da praça, mas sempre que vamos
marcar o encontro verificamos se vai haver alguma programação deles para adaptar
nosso horário e o Zuza liga para falar com a administração avisando dos nossos
planos. (O Zuza pode falar melhor sobre isso também).
De certa forma sim, sensibilizando para uma ação no mundo mais colaborativa,
amorosa e em conexão com os aspectos subjetivos das relações humanas.
Penso que a atividade tem potencial de criar um estado emocional que sensibiliza os
participantes para a possibilidade da convivência pacífica e incentiva as pessoas a
buscarem no dia-a-dia um estado de conexão semelhante nos demais grupos em
que estão inseridas.
Além disso, acredito que essa vivência estimula a conexão com o próprio corpo, o
que pode trazer auto-conhecimento na medida em que torna possível reconhecer
seus limites e potencialidades.
109
Entendo que as pessoas se relacionam com o mundo a partir do corpo e seus
sentidos e que é através dele que podem se expressar. Quanto mais sensível o
corpo estiver para as relações com o outro e com o ambiente, maiores os
aprendizados de cada um quanto a suas potencialidades e limites. Dessa
experiência afloram questões que passam por aspectos físicos, emocionais e
mentais, abrindo espaço para um auto-conhecimento mais integral.
Quanto mais cada pessoa se apropria do próprio corpo, maior também sua
possibilidade de expressão e consequentemente sua ação no mundo. Penso que o
caminho para o conhecimento de fora passa pelo conhecimento de si, tanto quanto a
conexão como mundo passa pela conexão consigo mesmo.
110
Apêndice 4. Questionário da Associação dos Amigos da Praça Victor Civita
111
EACH - USP
A AAPVC foi fundada em 2011, por solicitação do Sr. Roberto Civita, idealizador do
espaço, para transferência da gestão da Praça Victor Civita do Instituto Abril para a
AAPVC, para que o espaço pudesse tomar um rumo de espaço cultural. Em 2011,
faziam parte da AAPVC as empresas ABRIL, CCR, CLARO, EVEN, GERDAU, ITAU,
SABESP E VERDESCOLA.
A Associação é mantida por aportes anuais das empresas parceiras, valores que
são para a infraestrutura da Praça e folha de pagamento dos funcionários, sendo a
programação trazida por parceiros ou até mesmo pelos artistas, interessados pelo
espaço e a divulgação do evento, pois a AAPVC não dispõe de verba para
programação.
Com rumo que a economia brasileira tomou, as empresas optaram por investir a
verba de marketing internamente, em capacitação de funcionários, programas
internos e até mesmo na criação de institutos internos. Sendo assim, optamos pela
certificação de OSCIP, a que concedida no final de fevereiro de 2015.
112
Tendo em 2015, a saída das empresas Gerdau e CCR como patrocinadoras e a
opção da Abril em aportar a Praça com permuta em mídia, hoje a AAPVC tem como
único patrocinador financeiro a Sabesp.
Já temos um projeto orçado para a reforma do primeiro andar, espaço que mesmo
com a infraestrutura limitada (uma tomada de 220 W somente), é disputadíssimo
para uso em exposições.
Pretendemos inscrever o projeto em lei ainda este ano, para que em 2016 a sala
Multiuso possa ser inaugurada.
113
A Praça Victor Civita não se enquadra nas legislações de praças e nem de parques,
sendo um espaço com regulamento próprio (Portaria nº 139/SPPI/GAB/2008). Tanto
os gestores, a equipe administrativa e técnica, quanto o público visitante,
consideram o espaço um centro cultural, por isso estamos tentando viabilizar junto a
Subprefeitura de Pinheiros, a divulgação do espaço como Centro Cultural Victor
Civita, o que com certeza seria mais adequado pelo trabalho realizado no espaço e
principalmente, aumentaria o número de frequentadores nos eventos, uma vez que
quem não conhece o espaço, fica com receio em dar uma oportunidade de visita-la
pelo titulo “praça”.
Temos dois projetos que estão em andamentos já há três anos consecutivos, sendo
o Cine na Praça, com sessões de cinema ao ar livre, todas as noites das quintas-
feiras, trazendo uma média de 250 pessoas por sessão, e o Esporte na Praça, com
aulas de ioga, pilates e ginastica funcional ao ar livre, de segunda a segunda.
São projetos diferenciados, criados especialmente para a Praça e que deram certo.
Fora esses projetos, temos os eventos aos finais de semana, em sua maioria,
projetos musicais. Que além dos artistas que aparecem pela visibilidade do nome
nos veículos de divulgação que atendem a Praça, temos os grandes projetos como o
Guri na Praça, que mensalmente traz uma apresentação para o espaço, a Semana
Ticket de Arte e Cultura, que no seu terceiro ano já reservou o palco da Praça para
este ano, a Virada Sustentável, também com agenda bloqueada para este ano,
trazendo de agosto a dezembro atividades infantis para o espaço.
Por enquanto o Fritura Livre não tem vinculo com a AAPVC, simplesmente pelo
motivo dos encontros não serem agendados com pelo menos 35 dias de
antecedência, prazo que precisamos para informar a Subprefeitura sobre o uso do
espaço.
114
A Praça contribui com a infraestrutura existente, uma vez que não existe vinculo
contratual entre o responsável pelos encontros e a AAPVC, é oferecido o que se
oferece ao público em geral.
115
Apêndice 5. Quadro de respostas do público entrevistado
116
Quadro de respostas do público entrevistado – Continua até a página 121.
Entrevistados / Questão 1 2 3 4 5
1) Como você soube do Pelo Zuza Colega da ETEC Por indicação do Divulgação pelo Facebook. Amigos e professores de
"Fritura Livre" ? de Artes (Canto) Pedro Consorte. música/canto.
2) O que lhe motivou e/ou A oportunidade Amor pela O encontro com Primeiramente a vontade de A união a fim de fazer arte. A arte
motiva a vir aos encontros? de fazer música música, as pessoas, a explorar os sons do corpo. possível para todos, não elitizada.
com o corpo em percussão música
movimento e corporal e
coletivamente. experiência em
edições
anteriores.
3) O que esta atividade Um momento Amor, universo Comunhão Um tipo de ritual; conexão Ideologia, Política, Compartilhamento
representa para você? de encontro em vibração. espiritual através do som. de olhares da arte.
com amigos, de
sentir prazer, de
convivência.
4) O que, a seu ver, o espaço Um ambiente Os tablados e A natureza ao Boa localização, amplitude do Para a efetivação de um evento, com
da Praça Victor Civita tranquilo. ambiente redor da praça espaço. boa localização, de fácil acesso.
contribui para a atividade? relativamente Ambiente que promove tranquilidade,
silencioso. afasta da correria urbana.
5) Quais são as suas Sensação de Difícil resumir. De relaxamento Acolhimento, liberdade, paz, Me conecto com meu corpo, relaxo e
sensações com esta inteireza. Corpo Meu corpo se serenidade. fico atenta, em estado de colaboração
atividade? E em relação ao desperto. torna um com o e afeto. Tranquiliza e energiza.
seu corpo? de outros, o
ritmo me move,
assim como o
amor.
6) Qual é, a seu ver, a Na atividade em Constitutiva. A atividade Simplismente não pode ser A contribuição de cada um com o que
umportância de esta grupo as Sem o grupo ganha corpo por realizada individualmente... melhor sabe, o compartilhar, enxergar
atividade ser realizada em pessoas não não seria a ser em grupo, e aceitar o outro.
grupo? ficam inibidas e mesma coisa. independente
podem se da quantidade.
expressar Ser em grupo é
livremente. fundamental
para a
realização dela.
7) Você obteve aprendizados Aprendi fazer Sim. Não é algo Sim. Sim, aprendi que é possível me Se doar para outros, desconhecidos.
com esta atividade? Se sim, percussão racionalmente Aprendizados abrir e cooperar com pessoas Conhecimento musical, reverberação
quais? corporal, a descritível. ligados a que nunca vi na vida. em meu corpo.
improvisação Aprendemos a música, a escuta
com a voz. sentir a fruição e a sensibilidade
do universo. em relação aos
sons
produzidos.
8) A vivência obtida no Sim, a Sim. Mudando Sim. Interfere Nas técnicass do corpo e da voz, Sim, como atividade política, artística
encontro "Fritura Livre" experiência paradigmas, no bem estar e nas interações com o outro. e educacional.
interfere posteriormente na vivida aqui me tornando a na saúde do
sua vida? Se sim, como? deixa consciente bondade, uma corpo.
do corpo qualidade
(postura, humana e
respiração, tornando
estado de utopias
presença) possíveis.
9) Você considera que este Sim, porque Sim, pelo o que Sim, por conta Para mim é evidente. A Sim, por meio da relação, da
tipo de atividade de lazer promove a foi dito acima. da união, percepção de que a cooperação afetividade, trabalho pela coletividade
contém um potencial integração, colaboração e social é possível muda qualquer e pela contribuição.
transformador na formação sintonia por vivência em um.
do indivíduo e também no meio de coletivo que
coletivo? Se sim, por quê? expressão esta atividade
artistíca dos propõe.
indivíduos.
10) Você considera esta Educativa (X) Educativa (X) Educativa ( ) Educativa ( ) Lazer (X) Artística Educativa (X) Lazer (X) Artística (X)
atividade como: Educativa ( ) Lazer (X) Lazer ( ) Lazer ( ) (X)
Lazer ( ) Artística ( ) Artística (X) Artística (X) Artística (X)
117
6 7 8 9 10
Estava assistindo a Estava no local por acaso e Tava passando e resolvi Amigos convidaram Internet
apresentação da orquestra e acabei ficando para ver o participar.
no final me fizeram o que iria acontecer.
convite.
A energia passada, a Antes do encontro iria ter Fazer amizades e aprender as Conhecer algo novo O estudo de percussão corporal e
sinceridade em cada gesto e uma apresentação de técnicas. música vocal
os sorrisos. orquestra.
Renovação Um núcleo de paz, boas Um fator importante na vida Comunhão Improviso, didática, conexão, pessoas
energias e positivas social.
sintonias. Conexão, alegria
e respeito mútuo.
A energia positiva do local e É de fácil acesso, o lugar já Um lugar silecioso e bonito Abertura, verde, piso Sendo um espaço aberto e grande,
a leveza favorecem muito. tem boas energias e uma viabiliza a atividade
boa área verde.
Comecei a reconhecer Leveza, harmonia. Cura, Leveza, prazer Paz, leveza, energia Conexão, autoconhecimento
melhor o meu corpo, dos
sons que sou capaz de fazer.
A troca de experiências, de Ela simplismente não pode Integração Sinergia, um contagia o outro Integração, sociabilização
energias e a relação ser realizada sozinha. A
saúdavel entre diferentes conexão de pessoas é a
pessoas. chave para esta atividade
acontecer.
Sim, inexplicáveis, mas o Sim. O universo trata de Somos seres comunitários Autoconhecimento, calma
principal: "tudo tem unir pessoas que buscam a
harmonia". paz e boas energias. Raça,
credo ou cor não importam
nada, o que realmente
importa vem de "dentro".
Sim reconhecimento de Sim, de certa forma Sim, fica a sensação de amizade Ainda não sei. 1° vez Sim, integraação, didática, relações
mim mesma e o poder da aumentou minha confiança pessoais.
música, o Fritura Llivre é no meu próximo, seja ela
poesia para a alma. quem for e onde esteja.
Sim, com certeza. Juntos Sim. A conexão com Sim, a união é muito positiva Sim, nos faz sorrir, Ela ultrapassa a relação de lazer. Lazer
somos melhores que pessoas traz saúde para a transformação positiva criativo, ponto de encontro.
sozinhos, nos mente e o corpo e alma.
complementamos. Junto com a música esse
potencial é quintuplicado.
Educativa (X) Lazer (X) Educativa (X) Lazer (X) Educativa ( ) Lazer ( ) Artística Educativa (X) Lazer (X) Artística Educativa (X) Lazer ( ) Artística (X)
Artística (X) Artística (X) (X) (X)
118
11 12 13 14 15
Indicação de um amigo. Através do projeto Convite de uma amiga que Zuza, Ronaldo e amigos Um amigo me apresentou
socio educativo frequenta.
"Quixote"
Desenvolvimento artistico, encontro Compartilhamento de É uma experiência incrível, faz A comunhão e o sentimento de Gosto pela música,
com pessoas legais e queridas. energia positiva bem pro peito e é um companherismo, que trazemos coletividade, união
excelente exercício musical. com a música.
Alegria, descontração, Respiração Não só uma maneira de se Paixão União complexa e íntegra de
desenvolvimento, lazer. sentir, mas uma prática e um pessoas
estudo de música, ritmo,
dança, arte.
Possibilidade de encontro, lugar O contato direto com a Cria uma aura incrível. A natureza A praça com piso suspenso,
agradável, fácil acesso. natureza estimula a no meio da realidade que
sinergia vivemos, nos faz sair da
rotina no mesmo espaço
diário.
O ritmo fica reverberando... Leveza; Relaxamento; Felicidade, empolgação, Companherismo, igualdade e Leveza, gratidão, amor,
Limpeza Energética; serenidade, harmonia. musicabilidade liberdade
Importância da doação;
Troca
Oportunidade do resgate da relação Estimula o Consciência do que somos Comunhão Traz o sentimento de grupo,
de comunidade, respeito, escuta, cooperativismo e o capazes, coletivamente, e o resgata isso nas pessoas.
empatia. altruismo exercício da convivência.
O som e o silência são polaridades Aguçamento da Sim, consegui perceber que Sim, viver em sociedade e com Sim! Calma, tolerância,
do mesmo elemento. sensibilidade auditiva; quase tudo (ou tudo) que o levar isso a ela. aceitação.
Melhora no trato com homem faz é dança.
o outro
Acredito que sim (apesar de ser a 2° Na prática que eu me Sim, me torno uma pessoa Sim, me deixa mais acolhedor Sim, a energia permaneceu
vez), porque me possibilita uma lembro, no momento mais inteligente, para a vida e o próximo. reverberando em meu corpo.
noção ritmica e musical melhorou meu emocionalmente livre,
interessante. aprendizado de inglês, consciente.
ouço melhor.
Sim! Porque precisamos ter atenção, Sim, por mostrar a Sim. Passa uma série de Sim, aprendemos a viver Sim, resgata os sentimentos
escuta e respeito para funcionar o importância de estar emoções que causam grandes melhor. de coletividade e respeito
encontro. Qualidades que levadas em sintonia com o reflexões.
para o cotidiano fazem toda a outro.
diferença
Educativa (X) Lazer (X) Artística (X) Educativa (X) Lazer (X) Educativa (X) Lazer (X) Educativa (X) Lazer (X) Artística Educativa (X) Lazer ( )
Artística (X) Artística (X) (X) Artística (X)
119
16 17 18 19 20
Conheço os facilitadores Através do Zuza ( um dos Minha namorada Por uma amiga que já Amigo de infância
idealizadores do evento) frequentava
A energia passada positiva A boa vibração, as pessoas, o Curiosity A vivência que ela falava que Mostrar algo diferente
que todos compartilham, local, a atividade. proporcionava para minha amiga
novos amigos, antigos francesa
amigos.
Estar em contato com a Sonoridade, natureza Espace and wood, wood = sound A mistura de um espaço Chão de madeira,
netureza. conceituado, praça mas com acústica
uma arquitetura inovada, faz
com que nossas experiências
sempre se renovem.
Sempre consigo encontrar Liberdade de expressão sem There are lot of things. Good Sensação de conexão, entre Vitalidade
paz e mais tranquilidade. julgamentos sensation when the harmony corpo e alma, conexão com o
arrive, but few frustations too, outro, liberdade, pureza,
because things it's too simple for a renovação.
musicide (?)
A interação entre pessoas, as A sociabilização, a inclusão do Cohesim and the acceptation of the A importância da interação Laço social fortifica
trocas. ser num grupo/atividade others com o próximo, já que
vivenciamos um constante
individualismo
Sim, a ser mais concentrada, Melhoria da coordenação Sim, aprendizados Eu não sei, noções de
cooperação, calma. motora e vocal (ainda humanitário, aceitação, ritmo talvez e
aprendendo) coletividade improvisação
Sim, pois é uma filosofia de Integração com o coletivo It was my first time Interfere, faz com que eu me Na vontade de cantar
vida. abra para o próximo e seja
ceita sem julgamentos.
Sim, porque mostra algo que A integração do individuo no Yes, if people don't have a scrt (?) Acredito que sim, contribui Sim, a sensibilidade e
não se encontra dia a dia. grupo e a oportunidade de se of tradition witch is colletiv, maybe para a transformação de um percepção do outro com
manifestar na sociedade como Fritura Livre can make people more indivíduo melhor os outros sentidos.
cidadão transformador. open to the others. Exercício de alteridade.
Educativa (X) Lazer (X) Educativa (X) Lazer (X) Artística Educativa (X) Lazer (X) Artística ( ) Educativa (X) Lazer (X) Educativa ( ) Lazer ( )
Artística (X) (X) Artística (X) Artística (X)
120
I II III
Através de amigos que conheci nas oficinas que o Zuza Através de indicações de amigos do SESC V. Mariana. Conheço desde o começo do ano, depois que
ministrou no Sesc Vila Mariana. participei de um Retiro de Música Circular com os
organizadores do Fritura.
Saber que encontrarei pessoas abertas às possibilidades da A experiência musical que difere do que estamos acostumados, O encontro com a música, com as pessoas e
construção coletiva feita na hora e que a música será feita de o que proporciona um estado de espírito diferente do habitual. comigo mesma.
uma forma orgânica e sem qualquer tipo de cobrança por O fato de poder sentir a música sem normas, preconceitos e
algum tipo de “acerto”. padrões.
Representa um espaço para se permitir um fazer musical livre, Uma atividade terapêutica. Representa um momento de paz, alegria,
em que o corpo (voz inclusive) é explorado nas suas múltiplas desapego, totalidade.
possibilidades musicais.
O fato de ser um espaço aberto e amplo, com árvores e O espaço amplo, com a presença da natureza, afastado de Por ser uma praça toda de madeira e com muitas
pássaros, contribui para a sensação de liberdade e de movimentações urbanas nos proporciona um ambiente onde àrvores, eu a considero acolhedora.
interação com a natureza. Além disso, a estrutura em madeira podemos estar em conexão conosco.
contribui para a sensação de aconchego (nos sentimos à
vontade para sentar e deitar), torna a acústica mais apropriada
e serve bem à produção de som com os pés.
Há uma sensação muito boa de relaxamento, mas ao mesmo Sinto que posso deixá-lo fluir, posso permitir fazer o ele que Me sinto mais leve, mais disposta, mais relaxada.
tempo, de vitalidade. Sinto que, ao longo da atividade, o corpo quer e o que ele sente que precisa fazer. A música feita através
vai se soltando e as inibições vão sendo deixadas de lado. do corpo liberta a alma!
Acredito que a importância consiste em oferecer a pessoas de Integração. Criar relações sem limites, com diversos tipos de É uma atividade que só tem esta força, justamente
todas as idades e contextos sociais a possibilidade de pessoas de diversos grupos diferentes que se unem em um por ser feito em grupo e num espaço público e
interação, de acolhimento e de contato com o fazer musical espaço comum para criar outras relações. gratuito. Pois, todos se sentem parte e podem
coletivo. fazer parte.
Sim. Acho que a atividade contribui para uma maior aceitação Que posso me permitir fazer que meu corpo sente. Que a Como musicoterapeuta e professora de música,
dos erros, para um contato mais próximo com outras pessoas música pode libertar o que todas as convenções que viemos aprendi uma nova forma de improvisar e criar
e para que se dê uma atenção maior ao “estar presente”. aprendendo desde que chegamos a este mundo nos impõem. música no coletivo. E aprendi que o ser humano é
um ser com muitos potenciais e com uma
necessidade de estar junto partilhando.
Sim. O Fritura contribui para que eu me mantenha aberta às Sim. Descobrimos a música de uma forma diferente. Como uma Sim. Como já citei, por ser professora de música, eu
possibilidades da música improvisada, bem como às energia presente em todos os lugares e em todas as pessoas. tento recriar esta atmosfera nas minhas aulas. E
possibilidades da interação música-corpo. Além disso, como como pessoa, eu percebi que a música no meu
estudante de licenciatura em música, é interessante observar a corpo está presente todos os dias.
dinâmica entre os facilitadores e o grupo.
Sim. Pela forma como a atividade é conduzida, as pessoas Sim. Como citei na questão 7, ela pode sim, mostrar que nem Sim. Pois, ela nos ensina a ouvir, interagir e estar
interagem de uma forma mais próxima – tocamos umas às todos os limites que acreditamos ser saudáveis, realmente o junto do outro, sem fazer com que você perca a
outras, olhamos nos olhos. Acredito que isto contribua muito são. Que fazer coisas que parecem ‘estranhas’ aos olhos da sua individualidade.
com o desenvolvimento de nossa empatia, de nossa aceitação maioria pode nos fazer melhor do que a gente imagina, pois
às diferenças e isto é algo que reverbera para muito além da neste caso, só fazemos o que a energia do corpo, das conexões
atividade em si. com os presentes nos leva a sentir.
Nesta atividade aprendemos a respeitar o que o outro sente,
respeitar o que aos nossos olhos também parece estranho, mas
que é simplesmente a manifestação de uma paz e uma
felicidade que nos ocupa naquele momento.
Educativa (x) Lazer (x) Artística (x) Educativa (x) Lazer (x) Artística (x) Educativa (X) Lazer ( X ) Artística ( X )
121
IV V VI VII VIII
Minha filha Laura é aluna Em uma oficina que fazia com o Zuza, Através da Família Sou aluna dos condutores dos encontros, Zuza e Conheci o Zuza e o Ronaldo, que são os organizador
do Zuza, faz parte do algumas pessoas que estavam fazendo a Ronaldo. Um dia, aceitei o convite e desde lá do evento, no Espaço Quixote- Funsai onde eles são
Vozes ao Cubo e trabalha mesma oficina e já frequentavam a Fritura estou apaixonada. professores e eu era aluna. Assim que a Fritura ia
na FUNSAI. Livre me convidaram. começar a acontecer eles convidaram todos do esp
para participar e foi assim que conheci.
A energia. O contato com Um encontro com música coletiva e A integração com o O amor pela música, pelo improviso, pelas Além dos encontros serem relacionados a música e
pessoas. improvisação, foi o que me motivou, depois próximo pessoas que vão ao encontro, que irão e que percussão corporal, coisas que eu adoro praticar, as
de conhecer a energia que emana durante é foram. pessoas que frequenta são incríveis e fazem do
algo mágico isso é um complemento a mais. encontro o que ele realmente é.
Um encontro com outras Integração, comunidade. Terapêutica Representa liberdade, expressão. Representa Representa pra mim o meu momento de me distan
energias. amor. do mundo, da vida cotidiana corrida, e poder relaxa
pensar, dar tempo ao tempo e compartilhar alegria
amor, carinho e todos os possíveis adjetivos bons co
pessoas maravilhosas.
É um espaço importante, Um lugar tranquilo, acolhedor bem propício A acústica com o chão O lugar é incrível, um espaço lindo. Em dia de sol, As vezes penso que a Praça foi feita para a Fritura L
apesar do forte cheiro de para a atividade. de madeira e o silencio embeleza nossa música, em dia de chuva, compõe é incrível como ela conversa com o encontro. É um
esgoto por conta da da praça sem ruídos nosso cenário musical e também nos protege. calmo, repleto de natureza e sustentabilidade algo
SABESP que fica bem ao externos conversamos na Fritura de como conseguir trazer e
lado da praça. reflexões para a nossa rotina e das próximos també
É gratificante tanto para Paz, tranquilidade, união. Quanto ao corpo Sensação de paz e Minhas sensações são diversas. Sinto amor, como Assim que o encontro acaba, o meu corpo agradece
a cabeça como para o depende do dia, as vezes fico relaxado, as harmonia, com meu já disse muito, sinto vontade, sinto energia Tenho as sensações de gratidão e amor transbordan
corpo. vezes fico um pouco cansado. corpo me sinto livre e vibrando em todas as células do meu corpo. Me
relaxado. sinto muito diferente do comum. No meu corpo,
além de me auxiliar na coordenação motora,
também me mantém ativa fisicamente, trazendo
benefícios inclusive à minha saúde.
O grupo está cada vez Não teria uma atividade como essa sem ser Em grupo pois ter É importante para todos verem que é uma De suma importância é a coletividade que faz do
maior e o fato de ser em grupo, e ser em espaço público não aquela sensação da atividade PÚBLICA. Qualquer um pode participar, encontro ser o que ele é. Ainda mais em um lugar
gratuito acho que restringe quem queira participar. união de vários sons independentemente de sua classe social, etnia, público onde qualquer um pode chegar e participar
contribui para aumentar formarem uma musica e sabedoria musical, etc… É para que todos sintam mais interessante são as pessoas que não sabem do
cada vez mais o número por ser em um lugar essa energia da música revigorando suas almas e evento e estão na praça por “coincidência” e ficam
de participantes. publico sempre estar sentimentos. vontade de participar e agregam de forma maravilh
em contato com outras é incrível ver como as pessoas conseguem se expre
pessoas desconhecias e na Fritura.
em função disso sempre
haverem coisas novas.
Aprendizado acho que Claro, Diversas dinâmicas para conduzir Sim, conhecer melhor Além de todo o aprendizado musical e de Sim, posso dizer que as minhas habilidades em
não, mas a troca de atividades em grupo, formas de interação e meu corpo e minha voz. improviso (no qual a Fritura Livre foi de percussão corporal evoluíram muito desde que com
energia, a alegria são socialização por meio da música. fundamental importância), aprendi a me conectar a frequentar. E não posso esquecer do aprenzidado
coisas boas. com pessoas que nunca passaram por mim em espirutal e humanitário que obtive.
toda a minha vida, e mesmo assim, também sentir
amor por elas.
Acho que nos torna mais De alguma forma sim, é algo que quero Sim, formei amizades Com certeza, na relação com as pessoas, no Sim e muito. Tudo que aprendo no encontro tento
leves. levar, compartilhar para qualquer lugar que descobrimento do meu “eu”, no aprendizado da colocar em minha vida. Algo que eu aprendi e levo
for. música, na minha saúde física e mental… São tudo e para todos é aprender a olhar, de verdade, o
diversas as formas com que a Fritura interfere na próximo.
minha vida, e sempre positivamente!
Sim. Se todos pudessem Acredito que essa atividade faz com que Sim, nos deixa mais Claro! A relação das pessoas com as pessoas, com Sim, é em evento onde aprendemos coletividade,
vivenciar essa atividade, qualquer pessoa vivencie algo que não está humanos, mais olho no a cidade, com a música, tem sido cada vez mais pensar no próximo e no universo em que vivemos.
haveria menos gente habituada no seu dia a dia, é um momento olho e nos desinibe superficial. Esse encontro permite que está faltando em nosso mundo contemporâneo.
estressada. que ela esquece do seu cotidiano e vivência conheçamos pessoas, nos relacionemos e
algo sem julgamento, sem certo ou errado. sintamos algo profundo por elas. O coletivo é
Assim sendo, a pessoa começa a refletir totalmente envolvido na Fritura. A formação do
sobre tudo o que se passa em sua volta, indivíduo começa a partir da relação com o
podendo assim querer transformar o meio coletivo e o meio em que é inserido. Ou seja, a
em que vive buscando coisas melhores para partir da Fritura, as pessoas conseguem aprender
seu convívio diário. e ver o melhor de si mesmas.
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