Plataforma Linguagens Enem - Competência 05 - Habilidade 16
Questão 01 (Enem 2014 – 1ª Aplicação – Prova
amarela – Q126)
Camelôs
Abençoado seja o camelô dos brinquedos de tostão:
O que vende balõezinhos de cor
O macaquinho que trepa no coqueiro
O cachorrinho que bate com o rabo
Os homenzinhos que jogam boxe
A perereca verde que de repente dá um pulo que
engraçado
E as canetinhas-tinteiro que jamais escreverão
coisa alguma.
Alegria das calçadas
Uns falam pelos cotovelos:
― "O cavalheiro chega em casa e diz: Meu filho,
vai buscar um pedaço de banana para eu
acender o charuto.
Naturalmente o menino pensará: Papai está malu...”
Outros, coitados, têm a língua atada.
Todos porém sabem mexer nos cordéis como o
tino ingênuo de demiurgos de inutilidades.
E ensinam no tumulto das ruas os mitos
heroicos da meninice...
E dão aos homens que passam preocupados ou
tristes uma lição de infância.
BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.
Uma das diretrizes do Modernismo foi a per-
cepção de elementos do cotidiano como matéria de
inspiração poética, O poema de Manuel Bandeira
exemplifica essa tendência e alcança expressivida-
de porque
A realiza um inventário dos elementos lúdicos tradi-
cionais da criança brasileira.
B promove uma reflexão sobre a realidade de po-
breza dos centros urbanos.
C traduz em linguagem lírica o mosaico de elemen-
tos de significação corriqueira.
D introduz a interlocução como mecanismo de
construção de uma poética nova.
E constata a condição melancólica dos homens dis-
tantes da simplicidade infantil.
Correção: Tipo de erro:
Habilidade Não Instalada
Acerto Desatenção ao Enunciado
Erro Texto Não Compreendido
Questão 02 (Enem 2014 – 1ª Aplicação – Prova
amarela – Q127)
Talvez pareça excessivo o escrúpulo do Cotrim,
a quem não souber que ele possuía um caráter fe-
rozmente honrado. Eu mesmo fui injusto com ele du-
rante os anos que se seguiram ao inventário de meu
pai. Reconheço que era um modelo. Arguíam-no de
avareza, e cuido que tinham razão; mas a avareza é
apenas a exageração de uma virtude, e as virtudes
devem ser como os orçamentos: melhor é o saldo
que o déficit. Como era muito seco de maneiras, ti-
nha inimigos que chegavam a acusá-lo de bárbaro.
O único fato alegado neste particular era o de man-
dar com frequência escravos ao calabouço, donde
eles desciam a escorrer sangue; mas, além de que
ele só mandava os perversos e os fujões, ocorre
que, tendo longamente contrabandeado em escra-
vos, habituara-se de certo modo ao trato um pouco
mais duro que esse gênero de negócio requeria, e
não se pode honestamente atribuir à índole original
de um homem o que é puro efeito de relações so-
ciais. A prova de que o Cotrim tinha sentimentos pios
encontrava-se no seu amor aos filhos, e na dor que
padeceu quando morreu Sara, dali a alguns meses;
prova irrefutável, acho eu, e não única. Era tesourei-
ro de uma confraria, e irmão de várias irmandades, e
até irmão remido de uma destas, o que não se coa-
duna muito com a reputação da avareza; verdade é
que o benefício não caíra no chão: a irmandade (de
que ele fora juiz) mandara-lhe tirar o retrato a óleo.
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
1992.
Obra que inaugura o Realismo na literatura
brasileira, Memórias póstumas de Brás Cubas con-
densa uma expressividade que caracterizaria o es-
tilo machadiano: a ironia. Descrevendo a moral de
seu cunhado, Cotrim, o narrador-personagem Brás
Cubas refina a percepção irônica ao
A acusar o cunhado de ser avarento para confes-
sar-se injustiçado na divisão da herança paterna.
B atribuir a “efeito de relações sociais” a natura-
lidade com que Cotrim prendia e torturava os
escravos.
C considerar os “sentimentos pios” demonstrados
pelo personagem quando da perda da filha Sara.
D menosprezar Cotrim por ser tesoureiro de uma
confraria e membro remido de várias irmandades.
Interpretação E insinuar que o cunhado era um homem vaidoso e
Cansaço egocêntrico, contemplado com um retrato a óleo.
Correção: Tipo de erro:
Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro Texto Não Compreendido
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Questão 03 (Enem 2015 – 1ª Aplicação – Prova Questão 04 (Enem 2015 – 1ª Aplicação – Prova
amarela – Q120) amarela – Q123)
da sua memória À garrafa
mil Contigo adquiro a astúcia
e de conter e de conter-me.
mui Teu estreito gargalo
tos é uma lição de angústia.
out Por translúcida pões
ros o dentro fora e o fora dentro
ros para que a forma se cumpra
tos e o espaço ressoe.
sol Até que, farta da constante
tos prisão da forma, saltes
pou da mão para o chão
coa e te estilhaces, suicida,
pou numa explosão
coa de diamantes.
pag PAES, J. P. Prosas seguidas de odes mínimas. São Paulo:
amo Cia. das Letras, 1992.
meu A reflexão acerca do fazer poético é um dos
ANTUNES, A. 2 ou + corpos no mesmo espaço. São Paulo: Perspectiva, 1998. mais marcantes atributos da produção literária con-
Trabalhando com recursos formais inspirados temporânea, que, no poema de José Paulo Paes, se
no Concretismo, o poema atinge uma expressivida- expressa por um(a)
de que se caracteriza pela A reconhecimento, pelo eu lírico, de suas limitações
A interrupção da fluência verbal, para testar os limi- no processo criativo, manifesto na expressão
tes da lógica racional. “Por translúcida pões".
B reestruturação formal da palavra, para provocar o B subserviência aos princípios do rigor formal e dos
estranhamento no leitor. cuidados com a precisão metafórica, como se ob-
serva em "prisão da forma".
C dispersão das unidades verbais, para questionar
o sentido das lembranças. C visão progressivamente pessimista, em face da
impossibilidade da criação poética, conforme ex-
D fragmentação da palavra, para representar o es-
pressa o verso "e te estilhaces, suicida".
treitamento das lembranças.
D processo de contenção, amadurecimento e trans-
E renovação das formas tradicionais, para propor
formação da palavra, representado pelos versos
uma nova vanguarda poética.
"numa explosão / de diamantes".
E necessidade premente de libertação da prisão re-
Correção: Tipo de erro:
Habilidade Não Instalada Interpretação presentada pela poesia, simbolicamente compa-
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço rada à "garrafa" a ser "estilhaçada".
Erro Texto Não Compreendido

Correção: Tipo de erro:

Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro Texto Não Compreendido
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Questão 05 (Enem 2016 – 1ª Aplicação – Prova Questão 06 (Enem 2016 – 1ª Aplicação – Prova
amarela – Q103) amarela – Q104)
Soneto VII Antiode
Onde estou? Este sítio desconheço: Poesia, não será esse
Quem fez tão diferente aquele prado? o sentido em que
Tudo outra natureza tem tomado; ainda te escrevo:
E em contemplá-lo tímido esmoreço.
flor! (Te escrevo:
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço flor! Não uma
De estar a ela um dia reclinado: flor, nem aquela
Ali em vale um monte está mudado: flor-virtude – em
Quanto pode dos anos o progresso! disfarçados urinóis).

Árvores aqui vi tão florescentes, Flor é a palavra

Que faziam perpétua a primavera: flor; verso inscrito
Nem troncos vejo agora decadentes. no verso, como as
manhãs no tempo.
Eu me engano: a região esta não era;
Mas que venho a estranhar, se estão presentes Flor é o salto
Meus males, com que tudo degenera" da ave para o voo:
COSTA, C. M. Poemas. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. o salto fora do sono
Acesso em: 7 jul. 2012. quando seu tecido
No soneto de Cláudio Manuel da Costa, a con- se rompe; é uma explosão
templação da paisagem permite ao eu lírico uma re- posta a funcionar,
flexão em que transparece uma como uma máquina,
A angústia provocada pela sensação de solidão. uma jarra de flores.
B resignação diante das mudanças do meio MELO NETO, J. C. Psicologia da composição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
ambiente. 1997 (fragmento).
C dúvida existencial em face do espaço A poesia é marcada pela recriação do objeto por
desconhecido. meio da linguagem, sem necessariamente explicá-
D intenção de recriar o passado por meio da -lo. Nesse fragmento de João Cabral de Melo Neto,
paisagem. poeta da geração de 1945, o sujeito lírico propõe a
E empatia entre os sofrimentos do eu e a agonia recriação poética de
da terra. A uma palavra, a partir de imagens com as quais
ela pode ser comparada, a fim de assumir novos
Correção: Tipo de erro: significados.
Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
B um urinol, em referência às artes visuais ligadas
Erro Texto Não Compreendido às vanguardas do início do século XX.
C uma ave, que compõe, com seus movimentos,
uma imagem historicamente ligada à palavra
poética.
D uma máquina, levando em consideração a rele-
vância do discurso técnico-científico pós-Revolu-
ção Industrial.
E um tecido, visto que sua composição depende de
elementos intrínsecos ao eu lírico.

Correção: Tipo de erro:

Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro Texto Não Compreendido
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Questão 07 (Enem 2016 – 1ª Aplicação – Prova Questão 08 (Enem 2017 – 1ª Aplicação – Prova
amarela – Q107) amarela – Q11)
Galinha cega O mundo revivido
O dono correu atrás de sua branquinha, agar- Sobre esta casa e as árvores que o tempo
rou-a, lhe examinou os olhos. Estavam direitinhos, esqueceu de levar. Sobre o curral
graças a Deus, e muito pretos. Soltou-a no terreiro de pedra e paz e de outras vacas tristes
e lhe atirou mais milho. A galinha continuou a bicar chorando a lua e a noite sem bezerros.
o chão desorientada. Atirou ainda mais, com paciên-
cia, até que ela se fartasse. Mas não conseguiu com Sobre a parede larga deste açude
o gasto de milho, de que as outras se aproveitaram, onde outras cobras verdes se arrastavam,
atinar com a origem daquela desorientação. Que é e pondo o sol nos seus olhos parados
que seria aquilo, meu Deus do céu? Se fosse efeito
iam colhendo sua safra de sapos.
de uma pedrada na cabeça e se soubesse quem ha-
via mandado a pedra, algum moleque da vizinhança, Sob as constelações do sul que a noite
aí… Nem por sombra imaginou que era a cegueira armava e desarmava: as Três Marias,
irremediável que principiava. o Cruzeiro distante e o Sete-Estrelo.
Também a galinha, coitada, não compreendia
nada, absolutamente nada daquilo. Por que não vi- Sobre este mundo revivido em vão,
nham mais os dias luminosos em que procurava a a lembrança de primos, de cavalos,
sombra das pitangueiras? Sentia ainda o calor do de silêncio perdido para sempre.
sol, mas tudo quase sempre tão escuro. Quase que DOBAL, H. A província deserta. Rio de Janeiro: Artenova, 1974.
já não sabia onde é que estava a luz, onde é que
estava a sombra. No processo de reconstituição do tempo vivido,
GUIMARAENS, J. A. Contos e novelas.
o eu lírico projeta um conjunto de imagens cujo liris-
Rio de Janeiro: Imago, 1976 (fragmento).
mo se fundamenta no
A inventário das memórias evocadas afetivamente.
Ao apresentar uma cena em que um menino
B reflexo da saudade no desejo de voltar à infância.
atira milho às galinhas e observa com atenção uma
C sentimento de inadequação com o presente
delas, o narrador explora um recurso que conduz a
vivido.
uma expressividade fundamentada na
D ressentimento com as perdas materiais e
A captura de elementos da vida rural, de feições
humanas.
peculiares.
E lapso no fluxo temporal dos eventos trazidos à
B caracterização de um quintal de sítio, espaço de
cena.
descobertas.
C confusão intencional da marcação do tempo, cen-
Correção: Tipo de erro:
trado na infância. Habilidade Não Instalada Interpretação
D apropriação de diferentes pontos de vista, incor- Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
porados afetivamente. Erro Texto Não Compreendido

E fragmentação do conflito gerador, distendido

como apoio à emotividade.

Correção: Tipo de erro:

Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro Texto Não Compreendido
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Questão 09 (Enem 2017 – 1ª Aplicação – Prova O processo de construção do texto formata uma
amarela – Q13) mensagem por ele dimensionada, uma vez que
Garcia tinha-se chegado ao cadáver, levantara o A configura o estreitamento da linguagem poética.
lenço e contemplara por alguns instantes as feições B reflete as lacunas da lucidez em desconstrução.
defuntas. Depois, como se a morte espiritualizasse C projeta a persistência das emoções reprimidas.
tudo, inclinou-se e beijou-a na testa. Foi nesse mo- D repercute a consciência da agonia antecipada.
mento que Fortunato chegou à porta. Estacou as- E revela a fragmentação das relações humanas.
sombrado; não podia ser o beijo da amizade, podia
ser o epílogo de um livro adúltero [...].
Correção: Tipo de erro:
Entretanto, Garcia inclinou-se ainda para beijar Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto
outra vez o cadáver, mas então não pôde mais. O Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro
beijo rebentou em soluços, e os olhos não puderam Texto Não Compreendido

conter as lágrimas, que vieram em borbotões, lágri-

mas de amor calado, e irremediável desespero. For-
tunato, à porta, onde ficara, saboreou tranquilo essa Questão 11 (Enem 2018 – 1ª Aplicação – Prova
explosão de dor moral que foi longa, muito longa, azul – Q30)
deliciosamente longa. Eu sobrevivi do nada, do nada
ASSIS, M. A causa secreta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br.
Eu não existia
Acesso em: 9 out. 2015.
Não tinha uma existência
No fragmento, o narrador adota um ponto de Não tinha uma matéria
vista que acompanha a perspectiva de Fortunato. O Comecei existir com quinhentos milhões
que singulariza esse procedimento narrativo é o re- e quinhentos mil anos
gistro do(a)
Logo de uma vez, já velha
A indignação face à suspeita do adultério da esposa.
Eu não nasci criança, nasci já velha
B tristeza compartilhada pela perda da mulher
Depois é que eu virei criança
amada.
E agora continuei velha
C espanto diante da demonstração de afeto de
Garcia. Me transformei novamente numa velha
D prazer da personagem em relação ao sofrimento Voltei ao que eu era, uma velha
alheio. PATROCÍNIO, S. In: MOSÉ, V. (Org.). Reino dos bichos e dos animais é meu
nome. Rio de Janeiro: Azougue, 2009.
E superação do ciúme pela comoção decorrente da
morte. Nesse poema de Stela do Patrocínio, a singula-
ridade da expressão lírica manifesta-se na
Correção: Tipo de erro: A representação da infância, redimensionada no
Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto resgate da memória.
Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro Texto Não Compreendido B associação de imagens desconexas, articuladas
por uma fala delirante.
C expressão autobiográfica, fundada no relato de
experiências de alteridade.
Questão 10 (Enem 2018 – 1ª Aplicação – Prova
azul – Q15) D incorporação de elementos fantásticos, explicita-
da por versos incoerentes.
Dia 20/10
E transgressão à razão, ecoada na desconstrução
É preciso não beber mais. Não é preciso sentir
de referências temporais.
vontade de beber e não beber: é preciso não sentir
vontade de beber. É preciso não dar de comer aos
Correção: Tipo de erro:
urubus. É preciso fechar para balanço e reabrir. É Habilidade Não Instalada Interpretação
preciso não dar de comer aos urubus. Nem esperan- Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
ças aos urubus. É preciso sacudir a poeira. É preciso Erro Texto Não Compreendido
poder beber sem se oferecer em holocausto. É pre-
ciso. É preciso não morrer por enquanto. É preciso
sobreviver para verificar. Não pensar mais na solidão
de Rogério, e deixá-lo. É preciso não dar de comer
aos urubus. É preciso enquanto é tempo não morrer
na via pública.
TORQUATO NETO. In: MENDONÇA, J. (Org.) Poesia (im)popular brasileira.
São Bernardo do Campo: Lamparina Luminosa, 2012.
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Questão 12 (Enem 2019 – 1ª Aplicação – Prova
amarela – Q10)
Uma ouriça
Se o de longe esboça lhe chegar perto,
se fecha (convexo integral de esfera),
se eriça (bélica e multiespinhenta):
e, esfera e espinho, se ouriça à espera.
Mas não passiva (como ouriço na loca);
nem só defensiva (como se eriça o gato);
sim agressiva (como jamais o ouriço),
do agressivo capaz de bote, de salto
(não do salto para trás, como o gato):
daquele capaz de salto para o assalto.
Se o de longe lhe chega em (de longe),
de esfera aos espinhos, ela se desouriça.
Reconverte: o metal hermético e armado
na carne de antes (côncava e propícia),
e as molas felinas (para o assalto),
nas molas em espiral (para o abraço).
MELO NETO, J. C. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
Com apuro formal, o poema tece um conjunto
semântico que metaforiza a atitude feminina de
A tenacidade transformada em brandura.
B obstinação traduzida em isolamento.
C inércia provocada pelo desejo platônico.
D irreverência cultivada de forma cautelosa.
E desconfiança consumada pela intolerância.
Correção: Tipo de erro:
Habilidade Não Instalada
Acerto Desatenção ao Enunciado
Erro Texto Não Compreendido
Questão 13 (Enem 2019 – 1ª Aplicação – Prova
amarela – Q14)
Os subúrbios do Rio de Janeiro foram a primei-
ra coisa a aparecer no mundo, antes mesmo dos
vulcões e dos cachalotes, antes de Portugal inva-
dir, antes do Getúlio Vargas mandar construir casas
populares. O bairro do Queím, onde nasci e cresci,
é um deles. Aconchegado entre o Engenho Novo e
Andaraí, foi feito daquela argila primordial, que se
aglutinou em diversos formatos: cães soltos, mos-
cas e morros, uma estação de trem, amendoeiras e
barracos e sobrados, botecos e arsenais de guerra,
armarinhos e bancas de jogo do bicho e um terreno
enorme reservado para o cemitério. Mas tudo ainda
estava vazio: faltava gente.
Não demorou. As ruas juntaram tanta poeira que
o homem não teve escolha a não ser passar a exis-
tir, para varrê-las. À tardinha, sentar na varanda das
casas e reclamar da pobreza, falar mal dos outros e
olhar para as calçadas encardidas de sol, os ônibus
da volta do trabalho sujando tudo de novo.
HERINGER, V. O amor dos homens avulsos. São Paulo: Cia. das Letras, 2016.
Traçando a gênese simbólica de sua cidade, o
narrador imprime ao texto um sentido estético funda-
mentado na
A excentricidade dos bairros cariocas de sua
infância.
B perspectiva caricata da paisagem de traços
deteriorados.
C importância dos fatos relacionados à história dos
subúrbios.
D diversidade dos tipos humanos identificados por
seus hábitos.
E experiência do cotidiano marcado pelas necessi-
dades e urgências.
Correção: Tipo de erro:
Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro Texto Não Compreendido
Questão 14 (Enem 2019 – 1ª Aplicação – Prova
amarela – Q25)
Ela nasceu lesma, vivia no meio das lesmas,
mas não estava satisfeita com sua condição. Não
passamos de criaturas desprezadas, queixava-se. Só
somos conhecidas por nossa lentidão. O rastro que
deixaremos na História será tão desprezível quanto a
gosma que marca nossa passagem pelos pavimentos.
A esta frustração correspondia um sonho: a les-
ma queria ser como aquele parente distante, o es-
cargot. O simples nome já a deixava fascinada: um
termo francês, elegante, sofisticado, um termo que
Interpretação
Cansaço as pessoas pronunciavam com respeito e até com
admiração. Mas, lembravam as outras lesmas, os
escargots são comidos, enquanto nós pelo menos
temos chance de sobreviver. Este argumento não
convencia a insatisfeita lesma, ao contrário: prefe-
riria exatamente terminar sua vida desta maneira,
numa mesa de toalha adamascada, entre talheres
de prata e cálices de cristal. Assim como o mar é o
único túmulo digno de um almirante batavo, respon-
dia, a travessa de porcelana é a única lápide digna
dos meus sonhos.
SCLIAR, M. Sonho de lesma. In: ABREU, C. F. et al.
A prosa do mundo. São Paulo: Global, 2009.
Incorporando o devaneio da personagem, o narra-
dor compõe uma alegoria que representa o anseio de
A rejeitar metas de superação de desafios.
B restaurar o estado de felicidade pregressa.
C materializar expectativas de natureza utópica.
D rivalizar com indivíduos de condição privilegiada.
E valorizar as experiências hedonistas do presente.
Correção: Tipo de erro:
Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro Texto Não Compreendido
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Questão 15 (Enem 2019 – 1ª Aplicação – Prova amarela – Q43)
A viagem
Que coisas devo levar
nesta viagem em que partes?
As cartas de navegação só servem
a quem fica.
Com que mapas desvendar
um continente
que falta?
Estrangeira do teu corpo
tão comum
quantas línguas aprender
para calar-me?
Também quem fica
procura
um oriente.
Também
a quem fica
cabe uma paisagem nova
e a travessia insone do desconhecido
e a alegria difícil da descoberta.
O que levas do que fica,
o que, do que levas, retiro?
MARQUES, A. M. In: SANT’ANNA, A. (Org.). Rua Aribau. Porto Alegre: Tag, 2018.

A viagem e a ausência remetem a um repertório poético tradicional. No poema, a voz lírica dialoga com
essa tradição, repercutindo a
A saudade como experiência de apatia.
B presença da fragmentação da identidade.
C negação do desejo como expressão de culpa.
D persistência da memória na valorização do passado.
E Revelação de rumos projetada pela vivência da solidão.

Correção: Tipo de erro:

Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro Texto Não Compreendido

Gabarito: Questão 1 – C | Questão 2 – B | Questão 3 – D | Questão 4 – D | Questão 5 – E | Questão 6 – A | Questão 7 – D | Questão 8 – A

Questão 9 – D | Questão 10 – D | Questão 11 – E | Questão 12 – A | Questão 13 – B | Questão 14 – C | Questão 15 – E