Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
AUTORES:
Felipe Pereira Cunha | Gabriel Torres
IMAGENS:
© pixabay.com
© pinterest.com
© FreeImagens.com
© Autores
CAPA:
Humberto Nunes
PROJETO GRÁFICO E
DIAGRAMAÇÃO:
Vânia Möller | Cristiano Marques
DIREITOS RESERVADOS:
© Felipe Pereira
COMPETÊNCIA 6
Competência 6 |3
SIGNIFICADO “O signo linguístico une não uma coisa a uma palavra, mas
um conceito (uma concepção) a uma imagem acústica.
Esta ‘imagem’ não é só o som material, coisa puramente
física, mas a impressão (empreinte) psíquica desse som,
a representação que dele nos dá o testemunho de nossos
SIGNO
sentidos; tal imagem é sensorial e, se chegamos a chamá-
la ‘material’, é somente nesse sentido, e por oposição ao
SIGNIFICANTE REFERENTE outro termo associado, o conceito, mais abstrato.”
Triângulo semiótico, Peirce (1827)
Curso de Linguística Geral, Ferdinand de Saussure
4|
natural e escolhendo nossa própria maneira social, por meio de nossas opiniões, por meio
de nos representar e de existir por meio dessa de nossas roupas, por meio de nossas relações
representação. Como se nos simbolizássemos por interpessoais, enfim, por meio de tudo aquilo que
meio de nossas ações, por meio de nossa função é humano e que só é humano porque é simbólico.
Competência 6 |5
permita simbolizar a realidade. Por fim, conhe- que vivemos, nem a classe social da qual fazemos
cer exige uma postura mental ativa diante do que parte, tampouco as relações que estabelecemos,
se vê na vida, para que assim se lance, sobre o mas algo mais. Nossa individualidade – entendi-
mundo, uma maneira de entendê-lo, que sempre da como a essência da cada um de nós – reside
é simbólica (pois é subordinada à língua), e por- no modo como organizamos a realidade por meio
tanto nunca é objetiva, mas sempre é legítima. da cognição, considerando a atividade cognitiva
Perceber que a realidade é organizada de ma- como a estruturação de um saber sobre o mundo,
neira cognitiva é aceitar a variabilidade das ma- acreditando que o saber só se contrói por meio
neiras de pensar sobre a existência. Afinal, todos do pensar, que só se elabora por meio da fala, da
nós podemos ter acesso à mesma realidade, que escrita e da leitura. Isto é, a elaboração do pen-
se apresenta, muita vezes, indiferente às nossas samento passa pelo manuseio bem-sucedido da
escolhas. No entanto, apesar de vermos o mesmo língua e da linguagem, tanto para compreensão
mundo, nunca pensaremos o mesmo sobre o mes- quanto para a criação do saber. Assim, se somos o
mo mundo em que estamos. E é exatamente isso que pensamos, e se só pensamos porque falamos,
que faz cada um de nós seres únicos. O que nos é de se considerar que nossa subjetividade se ori-
torna pessoas inéditas não é somente o lugar em gine apenas na (e por causa da) língua.
“Todos os caracteres da língua: a sua natureza imaterial, o seu funcionamento simbólico, a sua organização
estruturada, o fato de que tem um conteúdo, já são suficientes para tornar suspeita essa compreensão (da
língua) como um ‘instrumento’, o que tende a dissociar do homem a propriedade da linguagem.
É na linguagem e pela linguagem que o homem se constitui como sujeito,
porque só a língua fundamenta o conceito de ‘eu’ na realidade,
na sua realidade que é a do ser eu.”
Da Subjetividade na Linguagem,
Èmile Benveniste
6|
Há que se considerar que as mensagens nos vêm específico por meio dos sistemas simbólicos,
não somente pelas palavras e pela língua, mas que induzem a uma organização cognitiva da
também pelas cores, pelas formas, pelas texturas, realidade. Vejamos alguns exemplos em que se
pelos movimentos, pela composição das imagens, constrõem compreensões absolutamente opostas
enfim, pelas mais variadas linguagens. Por isso, sobre o mesmo evento da vida social, e isso só
podemos influenciar e ser influenciados por meio é possível no momento em que as diferentes
dessa “politransmissão” de significados. Nosso linguagens (palavras, imagens, movimentos)
“eu” contrasta com os outros “eus” do mundo, entram em funcionamento, expressando formas
na medida em que ocorrem os choques entre os específicas de se entender uma realidade social.
sujeitos, entre o “eu” e o “tu”, entre o “locutor” e
o “interlocutor”, entre o que “fala” e entre o que
A palavra “sujeito” deriva da forma latina
“escuta”, entre o que “seleciona a imagem” e o “subjectus”, que também dá origem à
que “vê a imagem”. “subjetividade” e “subjaz”. Ou seja, “sujeito”
está intimamente ligado àquilo que está
A supremacia das propagandas hoje em dia “abaixo”(sub-), àquilo que não se vê, àquilo que
não se explica. A nossa subjetividade (que nos
apenas vem comprovar o poder que as linguagens compõe como sujeitos) é formada por algo que
podem exercer sobre o pensamento coletivo. O está submerso em nós mesmos, com que só
temos raros e curtos contatos e que nos faz ser
que se quer dizer aqui é que é possível levar muitas exatamente quem somos.
pessoas a compreender a realidade de um modo
Competência 6 |7