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Livro integral com

todas as informações
preservadas e
paginação original.

Boa leitura a todas e


todos!

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Pr ef áci o s............................................................................................. 7

Cap ít u l o 1
j u d eu , u m p o vo s o f r i d o .................................................................... 15

Cap ít u l o 2
Ren asce Is r ae l ..................................................................................... 41

Cap ít u l o 3
Deu s lu t a p o r Is r a e l ........................................................................... 61

Cap ít u l o 4
G o g u e e seu s al i ad o s ....................................................................... 7 7

Cap ít u l o 5
M o t i v o s da i n v asão ............................................................................ 91

Cap ít u l o 6
O f im da Rú s s i a ................................................................................. 111

Cap ít u l o 7
O n o v o i m p ér i o r o m a n o ..................................................................121

Cap ít u l o 8
Rem o ven d o as d ú v i d a s .................................................................... 133

Cap ít u l o 9
O a n t i c r i s t o ....................................................................................... 141

Cap ít u l o 10
D esf ech o f i n a l .................................................................................. 155

N o t as b i b l i o g r áf i cas......................................................................... 163
Pr e f á c i o 1

Tive a satisfação de ler os o rig in ais d o livr o Isr a el


G o g u e e o a n t i cr i st o , de au t o r ia d o jo rn alist a A b r aão
de A lm eid a, q u e nos ap resenta de form a sin g u lar o que
co n sid eram o s um d os grand es, senão o m aio r m ist ério
da h ist ó ria da hum anid ad e: a so b revivên cia d o p o vo ju ­
deu. Co m o e p o r que p ôd e um p o vo so b reviver at ravés
de m ilên ios, sem pre ín t eg r o , com a m esm a fé, com os
m esm os co st u m es e t rad içõ es, co n t r a t an t o in f o r t ú n io
e ad versid ad e?
A b r aão pesq uisou m u it o , p en et ran d o nos cam in h os
de fon t es h ist ó ricas inacessíveis à m aio ria d os leit o res, e
fez af lo r ar fat os su rp reen d en t es esco n d id o s na caudalo-
sa t o r ren t e dos séculos e m ilênios da h ist ória desse p o vo ,
ú n ico na sua p ecu liarid ad e. O escr it o r sou b e estear- se
na Bíb lia Sagrada, fo n t e p r i m a i n t er - p a r i s, cujas páginas
au rif u lg en t es inform am com a fo rça da verd ad e in co n ­
testável o su rg im en t o d o p o vo heb reu e sua cam in hada
at ravés d os sécu los com as suas vit ó r ias, d erro t as, lutas,
e seus so f r im en t o s, mas co n servan d o o si n a l q u e o d is­
t in g u e de t o d o s os o u t r o s p ovos. Tud o isso fará co m ­
8 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

p reen d er o que é o ju d eu , e cada jud eu d e p e r si sentir-


se- á h o n rad o de sua co n d ição de p er t en cer ao p o vo de
Deus.
O au t o r não se p reocu p a com d ivag ações ou co n ­
ceit o s f ilo só f ico s — co m o Ph iio n , jud eu alex an d rin o ,
que afirm ava q u e a m aio r p erfeição que se at in g e é o
êx tase d o p ro fet a, no qual a luz da co n sciên cia in d ivid u ­
al se m anifesta subm ersa “ na co n sciên cia d ivin a". Sen d o
o êxt a se um elem en t o n o vo n o d esen vo lvim en t o da
psiq ue hum ana, A b r aão de A lm eid a, co m o cren t e em
nosso Sen h o r e Salvad o r Jesus Cr ist o , en t en d e m ais que
Ph iio n qual o verd ad eiro êxt a se que en vo lve aqueles
que recebem a prom essa d o Pai.
A b r aão de A lm eid a, p o r t an t o , não d iscu t e d ogm as,
mas p ro cu ra m ostrar, e o faz com rara facilid ad e, o pa­
pel que a nação jud aica d esem p enha no co n t ex t o de
t o d o s os aco n t ecim en t o s que en volvem a Igreja d o Se­
n h o r jesus Cr ist o — a co lu n a e firm eza da verdade.
Isr a el , G o g u e e o a n t i cr i st o ex p õe co m o o p o vo
jud eu su rg iu na esteira d o sécu lo , in teg rand o- os e intei-
rando- os co m o g u ard ad or dos o rácu lo s d ivin o s, e co m o
esse p o vo p ôd e ven cer to d as as vicissit u d es — su p or­
t an d o so f r im en t o s, angústias, d est erro s e ex t erm ín io s
inex oráveis. Esclarece ainda p o n t o s escat o ló g ico s ob s­
cu ro s para m u it os leit o res, m esm o os m ais cu lt o s.
A nação israelita será en vo lvid a nos ú lt im o s aco n t e­
cim en t os. Go g u e e o an t icr ist o d esem p en h arão seus
papéis, p o rém serão d er ro t ad o s, e Israel alcançará o
d esi d er a t u m d et erm in ad o p o r seu Deus — o g lo rio so
Deus de A b r aão , Isaque e Jacó ; o Deus e Pai de nosso
Sen h o r Jesu s Cr ist o , o Deus de t o d a a graça; o Deus que
é o cr iad o r d o Un iver so , que é a causa in t rín seca e
eficien t e de to d as as coisas criad as, visíveis e invisíveis.
PREFÁ C IO S 9

Co m o d issem os, A b r aão p esq uisou e analisou. H is­


t ó r ia não se forrageia. Cita- se. N in g u ém p od e ser aço i­
t ad o p elo f at o de se f u n d am en t ar ex clu sivam en te em
fatos h ist ó rico s, p ois t o d o s os co n h eced o res de h ist ó ­
ria, ou historiadores, dependem de inform ações das fontes
h ist óricas, e ju stam en te neste p ar t icu lar co n sist e o peso
e o valo r d este livro .
A lém da p art e est rit am en t e esp irit u al — q u e é a
p rin cip al — esta o b ra é um ex celent e r ep o sit ó r io h ist ó ­
rico , o n d e Israel é ap resen tad o no lu g ar de d estaq ue
que a h ist ó ria lhe co n f eriu e o n d e a fig u ra vér t ice de
t o d o s os aco n t ecim en t o s h um anos — nosso Sen h o r
Jesu s Cr ist o — p erm anece cin t ilan t e no b r ilh o que ilu ­
m ina o co ração daqueles que crêem n o seu nom e.
Isr a el , G o g u e e o a n t i cr i st o deve ser lid o p o r tod as
as pessoas de bom g o st o e, esp ecialm en te, pelo p o vo de
Deus, que en co n t rará, sem d ú vid a, m otivação m aio r para
a sua vid a esp irit u al, co n seg u in d o ao m esm o t em p o
co n h ecer t an t o s fat os sob re a vid a desse p o vo so f r id o
mas ven ced o r, que é a nação israelita, a qual na verd ad e
é am ada p elos crist ão s verd ad eiros — os evang élicos.
São estes os que oram pelo p o vo israelita e o d efend em ,
sab end o que o cu m p rim en t o das p ro fecias relativas à
p o sição da Igreja n o m u n d o está in t im am en t e r elacio ­
nad o com o que su ced er a Israel, o p o vo de Deus.
Po d eríam o s d izer m u it o m ais sob re este livr o , p o ­
rém julg am os d esn ecessário, p o rq u e a p r ó p ria o b ra fala
m elhor.

Jo ã o Per eir a d e A n d r a d e e Silva


[D e sau d o sa m em ó ria]
10 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

Pr e f á c i o 2

A o assum ir a d iret o ria ex ecutiva da Casa Pub licad ora


das Assem b léias de Deus, t racei co m o um a das m inhas
p rin cip ais m etas a ed ição de livro s, p o r acred it ar no
papel p rep o n d eran t e da boa lit erat u r a para a form ação
in t elect u al e ed ificação crist ã da Igreja. N a ép oca, Isr a el
G o g u e e o a n t i cr i st o estava esg ot ad o, d ep ois de duas
ed ições vendidas.
Co n h ecia já o valo r desta o b ra de A b r aão de A lm ei­
da, e p o r isso resolvi co n t in u ar a im prim i- la. E não nos
enganam os, p ois dezenas de m ilhares de ex em plares têm
sid o d ist r ib u íd o s em t o d o o Brasil.
A causa da ex t rao rd in ária aceit ação deste livr o [e de
o u t r o s d o m esm o au t o r ] está no seu est ilo clar o e na
segurança b íb lica com que analisa os g rand es tem as d o
m o m en t o. Lo u vam o s a Deus p o r este au t o r b rasileiro e
p o r esta o b ra, que está ed itad a tam b ém em o u t r o s pa­
íses.
En f im , um m arco. Um m arco nos p rog ram as de
e d it o r a ç ã o d a C PA D , na h is t ó r ia d o s e s c r it o r e s
p en t eco st ais de nossa p át ria, na ab ord agem de tem as
atuais e escat o ló g ico s.
Co m o lan çam en t o de m ais esta ed ição — que está
m elhorad a e acrescid a de n o vo s fat os e in fo rm açõ es —
esp eram os co r r esp o n d er aos anseios d o g rand e núm e­
ro de leitores b rasileiro s,ao m esm o t em p o em que cu m ­
p rim en t am o s o au t o r pela sua b rilh an t e carreira co m o
escr it o r evang élico.

C u st ó d i o Ra n g el Pi r es
PREFÁ C IO S 11

Pr e f á c i o 3

Desde o seu lan çam en t o , em 1977, t en h o receb id o


g rand e n ú m ero de m anifestações de leit o res, alguns
en vian d o d o cu m en t o s que co m p ro vam m inhas afirm a­
ções, o u t r o s sim p lesm ent e fatando d o d esp ert am en t o
q ue lhes rep resentaram os tem as sem pre atuais de Isr a ­
e l G o g u e e o a n t i cr i st o .
O interesse p o r este livro t ran scen d eu as f ro n t eiras
d o Brasil. Ele foi ed it ad o em Po rt u g al e co lo cad o à d is­
p o sição de m ilhares de leit o res na Eu ro p a, na Á f r ic a e
na Á sia, em fina im pressão com 252 páginas, e foi t r a­
d u z id o para a lín gua espanhola e ed it ad o nos EU A . A o
t o d o , cerca de 2 4 0 m il ex em plares d ist r ib u íd o s em t o ­
d os os co n t in en t es!
O m o t ivo princip al de tão calorosa acolhid a está no
tem a Isr a el, sem pre ap aix onante para quem estuda as p ro­
fecias bíblicas. A volta dos jud eus para a sua antiga t erra
d ep ois de quase d ois mil anos de d est erro e de padeci-
m entos sem conta; a sua ex traordinária sobrevivência com o
Est ad o e seu in crível d esen volvim en t o em t o d o s os cam ­
pos da ciência e da p ro d u ção — a d esp eito de tantas
guerras sofrid as e de constan tes e crescentes pressões e
am eaças internacionais — são fatos que t o d o crist ão deve
co n sid erar à luz da infalível profecia bíblica.
jesus se referia a esse p o vo q u an d o disse: "Em ver­
dade vo s d ig o que não passará esta g eração sem que
to d as essas coisas aco n t eçam " [ M t 2 4 .3 4 ].
A h ist ó ria não reg istra caso sem elhante ao d o ju ­
deu. Ele p erm anece d ist in t o o n d e q u er q u e viva. Deze­
nas de o u t ras nações nesse m esm o p er ío d o têm su rg i­
d o e m an t id o suas caract eríst icas p ró p rias d u r an t e al­
gum t em p o, mas log o perderam - se inteiram en te na gran­
de massa da hum anid ad e. O p o vo ju d eu , t o d avia, co n ­
12 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

serva h o je, na Á sia, na Eu ro p a, na A m ér ica ou em q ual­


q u er o u t r a p art e d o m u n d o a m esm a d ist in ção que
possuía há t r ês m il anos. Resistiu a t o d o s os p od eres da
p erseg u ição e a t o d as as in flu ên cias que o com p eliram
ao cald eam en t o com o u t r as nações, mas p erm aneceu
fiel à sua lin hag em , co m o d escen d en t e de A b r aão .
Q u an d o Fr ed erico o Gr an d e ped iu um a p ro va da
ex istência de Deus ao seu cap elão, este resp ond eu p ro n ­
t am ent e: " O p o vo ju d eu , m ajestad e!"
Nesse p o vo t ão p ecu liar cum p rem - se h o je p r o f eci­
as b íb licas de m ais de t r ês m il an o s, m u itas d elas refe­
ren t es ao recen t e r en ascim en t o de Israel, às g u erras
árabe- israelenses e ao papel q u e esse n o v o país d esem ­
p en h aria en t r e as n ações nesse lim iar d o sécu lo X X I.
Po r isso são de g ran d e at u alid ad e as p alavras de Jesu s
em Lu cas 21.29- 31:

Olhai para figueira e para todas as árvores. Quando


já começam a brotar, vós sabeis por vós mesmos, vendo-
as, que perto está já o verão. Assim também vós, quando
virdes acontecer essas coisas, sabei que o Reino de Deus
está perto.

Israel é h oje a fig ueira que está b ro t an d o . Plan t ad o


na região m ais cob içad a d o m u n d o , no cru z am en t o de
t r ês co n t in en t es, e ju n t o às vastíssim as reservas p et r o lí­
feras d o O r ien t e M éd io , o Est ad o de Israel tem sid o o
alvo das at en çõ es e d os interesses de t o d o s os p ovos.
A t é m esm o grandes potências e poderosas nações, com o
EU A , Ch in a e a Rússia — têm g irad o em t o r n o desse
p eq u en o país.
Israel é co m o o reló g io d ivin o , a m o st r ar a t o d o s
nós q u ão ad ian tad os estam os na co r r id a d o t em p o , e os
PREFÁ C IO S 13

m ilagres t est em u n h ad o s p o r aq uele país são um sinal


de que o nosso Deus há de se m an ifest ar aos o lh o s das
nações q u an d o o co rrerem as grand es invasões da Pales­
t in a, p red itas nas p rofecias.
Desde 1977, q u an d o esta ob ra foi lançada, até os dias
atuais, m u it os aco n t ecim en t o s en vo lven d o a Rússia e
seus ex - satélites, a Pérsia, o Iraq u e e Israel vêm co n f ir ­
m ar nossas p revisões nas ed ições an t erio res d este livro.
É claro que não t en h o n enhum a p retensão de esgo­
tar, nestas páginas, tem a tão p ro fu n d o e ab rangente com o
o de Israel nas p rofecias, nem t en h o a in t en ção de
d o g m at iz ar acerca das co n clu sõ es a que cheguei. É m eu
p ro p ó sit o m ostrar, na acessível linguagem jo rn alíst ica
que sem pre uso, um a análise de Ezequiel 38 e 39 e
t raz er lig eiros co m en t ário s sob re o an t icr ist o — os si­
nais visíveis que prenunciam a sua m anifestação ao m undo
e a ap licação e sig n ificação d o m ist erio so n ú m ero 6 6 6
— , d an d o ao leit o r m o t ivo s para um a vid a m ais con sa­
grada ao Sen h o r, em vista da p rox im id ad e de sua g lo r i­
osa vin da.
É m eu sin cero desejo que o Sen h o r co n t in u e ab en­
ço an d o esta ob ra. Se, d ep ois de lidas estas páginas, o
leit o r sentir- se in d u z id o p elo Esp ír it o San t o a viver mais
ab un d an tem en te o evang elho de Cr ist o , então recom en ­
d e este livr o aos seus m elhores am igos. Se assim aco n t e­
cer, esta m ensagem t erá cu m p r id o seu n o b re o b jet ivo , e
o au t o r sentir- se- á p lenam ente recom p ensad o.

A b r a ã o d e A lm eid a
E vos espalharei entre as nações e desembainharei
a espada atrás de vós; [...] e as vossas cidades
serão desertas. O Senhor te fará cair diante dos
teus inimigos (Lv 26.33; Dt 28.25).

alcula- se q u e, no in ício da era cr is­


tã, a p o p u lação d o vast o im p ério
ro m an o era de cerca de 2 5 0 m i­
lhões, d os quais q u at ro m ilhões e
m eio de jud eus. Desse t o t al de ju ­
d eus, m ais que a m etade vivia fora
d o s lim ites da Palestina.
Jerusalém , cen tro espiritual de t o ­
dos os judeus da diáspora rom ana,
abarrotava- se de peregrinos que ali
com pareciam anualm ente, às cente­
nas de m ilhares, p o r ocasião das festi-
16 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

vidades da Páscoa e d o Pentecoste — p ontos altos d o


culto judaico. O evangelista Lucas testifica desse fato quando
descreve a descida d o Esp írit o Santo no dia de Pentecoste:
E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões
religiosos, de todas nações que estão debaixo do céu.
Partos e medos, elamitas e os que habitam na
Mesopotâmia, e Judéia, e Capadócia, e Ponto, e Ásia, e
Frigia, e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene,e
forasteiros romanos (tanto judeus como prosélitosj, e
cretenses, e árabes [At 2.5,9-11].
Nu m a atm osfera carregada de religiosidade e,p o r que
não dizer, inflam ada de um nacionalism o ardente e d o en ­
t io , Jesus foi preso, julgado e crucificad o. Particularm ente
porque suas doutrinas, baseadas no am or ao próx im o, cheias
de sentim ento espiritual e vazias de cu n h o político- nacio-
nalista, decep cionavam e enfureciam os judeus. E foi assim,
num m om ento de in co n t id o ó d io a Cr ist o e à sua mensa­
gem , que eles responderam a Pilat o s:"0 seu sangue caia
sobre nós e sobre nossos f ilh o s" [ M t 27.25].
Co n scien t es ou não, os israelitas rejeitavam o M es­
sias t ão ansiosam ente esp erad o e atraíam sob re si e seus
f ilh o s as co n seq ü ên cias t er r íveis de t ão t rág ica escolh a,
co m o disse o Sen h o r a M o isés:
Eu lhes suscitarei um profeta do meio de seus ir­
mãos, semelhante a ti; porei as minhas palavras na sua
boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar. Eu
mesmo pedirei contas de todo aquele que não ouvir as
minhas palavras, que ele falar em meu nome (Dt 18.18,19,
EC, Edição Contemporânea],
M as os ideais judaicos de independência política não
m orreram com o advento d o cristianism o nem com a
conversão de m ilhares de israelitas à nova fé. O s p artid os
JU D EU , U M PO V O SO FRID O 17

político- religiosos contin uavam sua tram a secreta e m ulti­


plicavam os atentados violentos contra os seus dom inadores,
t o rn an d o im possível qualq uer solução pacífica a p art ir de
m aio de 6 6 d .C.,q u an d o as autorid ades rom anas reagiram
pelas arm as na tentativa de sufocar a rebelião organizada
que pretendia assum ir o co n t ro le de t o d o o país.
A cam panha para esm agar a revolta foi organizada
p elo p r ó p r io im p erad o r N er o , d ep ois que os rebeld es
an iq u ilaram as g u arn içõ es rom anas d o m ar M o r t o e de
A n t ô n ia. Vár ias e sangrentas batalhas travaram - se nas
cid ad es da Galiléia, com elevad o n ú m ero de baixas em
am bos os lados, mas p revalecend o sem pre a férrea Rom a.
Dessa ép oca e de Vesp asian o , diz Su et ô n io :
Excluído não somente da intimidade do imperador,
mas ainda da saudação pública, retirou- se para uma cida-
dezinha isolada, até o instante em que — apesar de es­
condido e temeroso de sua sorte — lhe foram oferecer
um governo com um exército. Era uma antiga e sólida
crença, difundida por todo o Oriente, predita pelos des­
tinos, de que homens saídos da Judéia naquela época se
tornariam os senhores do mundo. Este oráculo, que ia
ser verdadeiro para um general romano, como os acon­
tecimentos o demonstraram mais tarde, tornaram- no os
judeus para si próprios e se revoltaram.
M ais ad ian te, p rosseg ue o h ist o r iad o r ro m an o d o
p rim eiro século:
Como se fosse necessário, para reprimir esta suble-
vação, de um general valente, a quem se pudesse confiar
sem perigo tal empresa, Vespasiano teve a preferência
sobre todos os demais, como um chefe competentíssimo
e experimentado e do qual nada havia a temer, em virtu­
de da obscuridade da sua família e do seu nome. Nestas
condições, reforçou as suas tropas com duas legiões, oito
18 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

esquadrões e dez cortes, incluindo o nome de seu filho


no rol dos lugar- tenentes.
Desde que assentou o pé na sua província, atraiu
sobre si a atenção das províncias vizinhas. Restabeleceu
prontamente a disciplina e ofereceu um combate, e, em
seguida, outro, com tanta energia que, ao sitiar um forte,
foi ferido no joelho por uma pedrada e aparou, no seu
escudo, numerosas flechadas.1
A clam ad o im p erad o r ro m an o ap ós o su icíd io de
N er o (e d ep ois que t r ês im p erad o res, um ap ós o u t r o ,
p erd eram o t r o n o e a vid a], d eix ou Vesp asiano o ú lt im o
at o da g u erra d o s jud eu s ao seu f ilh o Tit o . Est e, na
páscoa d o ano 7 0 , o rd en o u o in ício d o cer co de Jeru sa­
lém , d et erm in an d o a co n st r u ção de um a m uralha de
estacas ao r ed o r da cid ad e, de sete q u ilô m et ro s de co m ­
p rim en t o , levantada em apenas t rês dias, a fim de im pe­
d ir a fuga d os sitiad os e forçá- los à rend ição. Cu m p r i­
am- se as palavras de Jesus:
Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos
te cercarão de trincheiras, e te sitiarão e te estreitarão de
todas as bandas, e te derribarão, a ti e a teus filhos que
dentro de ti estiverem (Lc 19.43,44].
Con vém salientar aqui, en tretant o, que a população
israelita da Palestina na época dessa guerra era bem maior,
segundo testem unho de Flávio Josefo, que registrou em
detalhes as terríveis conseqüências da rebelião judaica.
O s sit ian t es em p reg ar am a cr u cif icação em larg a
escala, p en d u r an d o n o m ad eir o t o d o s os ju d eu s cap ­
t u r ad o s, at é q u e um a vast a f lo r est a d e cru z es se er­
gu esse ao r ed o r d e Jer u salém e n ão h o u vesse m ais
ár vo r e alg u m a nas red o n d ez as. D ep o is, um b o at o es-
p alh o u - se en t r e as leg iõ es, seg u n d o o q u al o s f u g it i­
vo s f am in t o s en g o liam p eças d e o u r o p ara recu p erá-
JU D EU , U M PO V O SO FRID O 19

Ias p o st er io r m en t e caso co n seg u issem escap ar, e isso


o r ig in o u um a n o va m o d alid ad e d e ex t er m ín io : a
g o lp es d e esp ad a a so ld ad esca f u r io sa ab r ia o ven t r e
d e suas vít im as ain d a em vid a, à p r o cu r a d o s su p o s­
t o s valo r es.
O t er r ível sít io de Jeru salém d u r o u cin co m eses de
so f r im en t o s in d escrit íveis. N esse p er ío d o , seiscen t o s
m il cad áveres foram lan çad os para fora d o s m u ro s da
cid ad e. A p este e a fom e encarregavam - se de d iz im ar
cen t en as de pessoas d iariam en t e, e m u itas se p u n ham
a cam in h o da sep u lt u ra an t es m esm o de cheg ad a a sua
h o ra. Q u an d o a cid ad e caiu , co n t o u - se cerca de um
m ilh ão e cem m il m o r t o s, e apenas p o r um a das suas
p o r t as foram r et irad o s 115 m il cad áveres. Dos 9 7 m il
so b r eviven t es, a m aio r p art e foi levada para Ro m a,
m u it o s foram p resen t ead o s às p ro vín cias d o im p ério
para q u e m orressem co m o g lad iad o res nas arenas, em
esp et ácu lo s p ú b lico s, e m ilhares de o u t r o s seg u iram
para t r ab alh o s f o r çad o s n o Eg it o .
Co m relação à cid ad e e ao g ran d e t em p lo de
H er o d es, a p red ição de Jesu s não p o d eria ser m ais m i­
n u ciosa: os alicerces d o s ed if ício s foram rem o vid o s,
in clu sive os d o t em p lo , e t o d a a sua área f ico u nivelada.
N ão f ico u ali "p ed r a so b re p ed r a" (Lc 19.44].

A k ib a e Ba r K o b a
De 132 a 135, os ju d eu s t en t aram de n o vo sacu d ir de
sob re si o pesado ju g o rom ano. O s fan át ico s p o lít ico s
da inflex ível resistência jud aica, sob a lid erança d o rab i­
no A k ib a, organizaram - se em h eró icas legiões e en f ren ­
taram com sucesso forças in co m p aravelm en t e m ais nu­
m erosas. A crise avolum ou- se at é ao p o n t o de im p ed ir
q u alq u er aco r d o en t re os rebeld es o cu p an t es e as au t o ­
rid ad es rom anas.
20 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

En t ão , de n o vo a t eim osia d os israelitas os leva à


beira de um ex t erm ín io total. O general rom ano Severius,
num a f u lm in an t e o p eração de lim peza, d evast ou a t er ra
e d eix ou em situ ação p recária os n o vo s ex ércit o s o r g a­
nizados p elo fam oso g u erreiro Bar Ko b a,a quem A k ib a
ap resentara co m o o Messias. Cerca de 5 8 0 m il h om ens
caíram som en t e nas batalhas, e o u t r o s m ilhares p erece­
ram de inanição na cid ad e f o rt if icad a de Betar, en q u an t o
resist iam valen t em en t e à im placável d est ru ição levada a
efeit o p elos sold ad os rom anos.
Em d eco r rên cia de m ais essa t rág ica revo lt a n acio ­
nalista, n o vam en t e os m ercad os de escravos ab arro t a­
ram- se de jud eus, jeru saiém foi reco n st ru íd a co m o um a
cid ad e t ip icam en t e pagã. A d r ian o p ro ib iu a p rát ica d o
ju d aísm o, sob pena de m o rt e. A k ib a foi cap t u rad o e
esfolad o vivo e, ao m o rrer, ex clam ou: "O u v i , Israel, o
Sen h o r é n osso Deus, o Sen h o r é o ú n ico !" O s rom an os
m udaram o n om e da ju d éia para Síria Filist éia, de o n d e
se d erivo u a m o d ern a palavra "Palest in a".
D esp at riad o s, h u m ilh ad o s, d im in u íd o s e m arg in ali­
zados, os rem an escen t es ju d eu s d ed icaram - se ao co ­
m ércio e t r o car am suas am b içõ es p o lít icas pelas co n ­
q u ist as d o esp ír it o , t r an sf er in d o o cen t r o da sua cu l­
t u r a da Ju d éia para a Bab ilô n ia, o n d e os co m en t ár io s e
as in t er p r et açõ es da Bíb lia form aram m ais t ard e o fa­
m o so Talm ude.

O h o r r o r d as cr u z ad as

Viven d o em paz e dedicadas ao livre co m ércio , as


com unidades israelitas em várias partes d o m u nd o che­
garam a ser prósperas. Porém , no ano 681, na cid ade de
Toled o,a Igreja Rom ana com eço u a im por- Ihes restrições.
JU D EU , U M PO V O SO FRID O 21

A su p erst ição e o baix o nível esp irit u al a que desceu o


crist ian ism o n om inal d u ran t e a Id ad e M éd ia ocup aram -
se de fazer o resto.
N o ano 1096, foi organizada em Clerm o n t , França, a
prim eira guerra da cruz con t ra os m aom etanos ocupantes
dos lugares santos da Palestina. O s cruzados com andados
pelo m ercenário francês Gu ilh erm e abateram- se sobre as
com unidades judaicas da Renânia, de Treveris, de Espira e
de Wo rm s,aIém de o u t ro s lugares. A s hordas sanguinárias
arrastaram hom ens, m ulheres e crianças aos tem plos cat ó­
licos para serem batizados à força, mas a m aioria preferiu
pagar com a vida sua fidelidade aos m ilenares p rincípios
d o judaísm o. Raciocinavam os irm ãos peregrinos que, an­
tes de ex term in ar os sarracenos no O r ien t e, precisavam
elim inar no Ocid en t e os descendentes daqueles que cru ci­
ficaram o Filh o de Deus.
O h ist o r iad o r Jo sep h - Fran ço is M ich au d co n t a o
seg u in t e acerca de um g ru p o desses p ereg rin o s reu n i­
d os às m argens d o Ren o e d o M o sela, que t in h am p o r
chefes o padre Vo lk m ar e o co n d e Em ico n :

Esses dois chefes admiraram- se de que se ia fazer


guerra aos muçulmanos, que tinham sob sua lei o túmulo
de Jesus Cristo, enquanto se deixava em paz um povo
que tinha crucificado o seu Deus.
Para inflamar as paixões, eles tiveram o cuidado de
fazer falar o céu e de apoiar sua opinião em visões mila­
grosas. O povo, para quem os judeus eram por toda
parte objeto de horror e de ódio, já se mostrava muito
propenso a persegui- los. Emicon e Volkmar deram o si­
nal e o exemplo. À sua voz, uma multidão furiosa espa-
Ihou- se pelas cidades vizinhas do Reno e do Mosela;
massacrou impiedosamente a todos os judeus que en­
controu em sua passagem.
22 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

No seu desespero, um grande número dessas víti­


mas preferiu suicidar- se, antes de receber a morte das
mãos dos inimigos. Muitos encerraram- se em suas ca­
sas e morreram no meio de chamas que eles mesmos
haviam ateado; alguns amarravam grandes pedras às
vestes e precipitavam- se com seus haveres no Reno e
no Mosela. As mães sufocavam seus filhos ao seio, di­
zendo que preferiam mandá- los ao seio de Abraão a vê-
los entregues ao furor dos cristãos. As mulheres, os
velhos, solicitavam a piedade para ajudá- los a morrer.
Todos esses infelizes imploravam a morte, como os
outros homens pediam a vida.2

Pe s t e n e g r a e In q u i s i ç ã o

En t re os anos de 1350, irrom p eu devastad ora a m o r t e


n eg r a , um a peste viru len t a que m atou um t er ço de t o d a
a p o p u lação da Eu ro p a. M ais um a vez a su p erst ição , o
co m p lex o anti- sem ita e a ig n o rân cia encarregaram - se
de lan çar t o d a a culp a da desgraça sob re os judeus.
Ap esar de o papa Clem ente V I inocentar os judeus,
afirm ando que eles m orriam da peste t ant o quanto os cris­
tãos, o fanatism o falou mais alto que a razão e a ruína veio
com o uma tempestade: em mais de 3 5 0 cidades européias
os infelizes israelitas foram m ortos à pauladas, afogados,
queim ados vivos, enforcados e estrangulados.
In fam an t e, sob t o d o s os p o n t o s de vist a, foi o mar­
t ír io d os jud eu s na Esp anha e em Po rt u g al, d u ran t e a
vig ên cia da In q u isição . Só em Toled o, em p oucas sem a­
nas, foram q u eim ad os vivo s 2 .4 0 0 h om ens, acusad os
d e in f id elid ad e ao cat o licism o . O s q u e se d iz iam
ar r ep en d id o s da sua falsa co n ver são alcan çavam a
"m iser icó r d ia"d e serem est ran g u lad os antes de at irad o s
às cham as "p u r if icad o r as".
JU D EU , U M PO V O SO FRID O 23

Im p lan t ad o em Po rt u g al em 1536, esse n efasto t r i ­


bunal agiu co n t r a os jud eu s com tam anha cru eld ad e
que p ro vo co u um p r o t est o d o papa Pau lo II, além de
fazer com que o Co n cilio de Tren t o se ocup asse da
sanha b árb ara d o s in q u isid o res lusos.
M as o ó d io ao s ju d eu s n ão co m eço u co m a
In q u isição nem era um a car act er íst ica ex clusiva dos
in q u isid o res, p o is, em anad o d o s p od eres eclesiástico s,
ele t ran sb ord ava nas massas fanatizadas, resultand o sem ­
pre em san g ren t os m o r t icín io s. Eis um ex em plo:

Vinte anos antes da instalação da Inquisição em


Portugal, D. Manuel, fugindo de terrível peste, dirigiu- se
no início de 1516 a Beja, em visita a sua mãe, D. Beatriz. Em
Lisboa, onde a peste chegava a matar 230 pessoas por
dia, levantavam- se preces públicas, organizavam- se pro­
cissões e penitências, implorando em gritos a clemência
divina. Foi então que a 15 de abril desse mesmo ano
ocorreu o conhecido episódio na igreja de S. Domingos,
que deu origem à feroz matança dos cristãos- novos. Onde
os cristãos- velhos queriam ver um milagre — um raio de
luz filtrado pelos vitrais incidira sobre um crucifixo,
aureolando- o de luminosidade...
Um cristão- novo que estava entre os presentes dei­
xou escapar imprudentes frases de incredulidade. A mul­
tidão, indignada, logo saltou sobre o blasfemo, arrastan­
do- o pelo adro, assassinando- o e queimando- lhe o cadá­
ver. Foi o rastilho! Iniciou- se a caça aos recém- convertidos.
"Heresia! Heresia!" clamava- se. E o povo arrastado pela
exaltação percorria as ruas, praticando cenas horríveis. O
motim tornava- se em revolução popular.
As marinhagens de muitos navios estrangeiros, fun­
deados no rio, vieram associar- se à plebe amotinada. Se­
guiu- se um longo drama da anarquia.
24 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

Os cristãos- novos que perambulavam despreveni­


dos pelas ruas foram mortos ou mal feridos, arrastados,
às vezes semivivos, para as fogueiras que rapidamente
se tinham armado, tanto no Rossio como nas ribeiras
do Tejo. Alagaram- se de sangue as ruas. Queimaram- se
casas. Os cadáveres amontoavam- se em pilhas. As ater­
rorizadas vítimas nem mesmo escapavam nos templos
aonde se acolhiam na derradeira esperança de se salva­
rem. Houve saques, violações de mulheres...3
O anti- sem itism o, tod avia, não desapareceu com as
cruzadas nem com a Inquisição, mas co n t in u o u atuante
em m uitas partes d o m undo. N o s países d o Leste Eu r o ­
peu, os ap óstolos da "ú lt im a fé verd ad eira" fizeram inveja
aos inquisidores espanhóis e portugueses.
As mais cruéis carnificinas, os despedaçamentos e
mutilações, o rasgar dos membros, a queima de pessoas
vivas, tudo enfim foi feito em nome da religião; as hordas
fanatizadas parece que conheciam uma só fórmula: o ba­
tismo, ou a morte...
Existem relatos e crônicas dessa época para a leitura
dos quais são precisos bons nervos. É natural que a maioria
dos judeus recusasse o batismo, com poucas exceções. Como
o afirma um de seus historiadores, os judeus não queriam
tornar- se cristãos, mas permanecer fiéis ao seu Deus e a sua
nobilíssima tradição histórica, ainda que uma tal fidelidade
trouxesse consigo o extermínio de seus filhos, a violação e
a morte de suas mulheres. Em grandes massas e aos milha­
res, enfrentaram a morte do martírio.Tudo isso sucedeu no
curto espaço entre abril e novembro de 1648. O número
de judeus assassinados superou duzentos mil.4
Referind o- se a esse so m b rio aco n t ecim en t o , o sábio
jud eu de Vo lín ia, Nat an ben M o sh e Han nover, que se
salvou fu g in d o para Am st erd ã, p u b lico u em 1653, em
Veneza, um relato, em h eb raico, in form an d o ao m und o
JU D EU , U M PO V O SO FRID O 25

co m o m orriam os judeus na Po lô n ia,à m ão dos cossacos


e ucranianos:
Arrancavam- lhes a pele, e a carne jogavam aos
cães; cortavam- lhes as mãos e o pés, e deixavam à
morte os corpos assim mutilados; rasgavam as crian­
ças pelas pernas; assavam os bebês e obrigavam as
mães a engolir a carne dos seus rebentos; abriam ven­
tres de mulheres grávidas e com o feto que arranca­
vam batiam no rosto das vítimas; a muitas punham
gatos vivos nos ventres abertos, costuravam o corpo
com o gato dentro, cortando das mulheres os braços,
para que não pudessem arrancar o animal, nem dar
cabo de sua existência.5

Gu eto s e p o g ro n s

A at u al lu t a d esesp erad a d o s ju d eu s pela co n ser ­


vação d o seu t e r r it ó r i o n ão p o d e ser co m p r een d id a
sem o p an o de f u n d o da H ist ó r ia. O s su cesso s nas
g u err as co m os ár ab es, a in vasão d o Líb an o em p er­
seg u ição aos in im ig o s p alest in o s e o iso lam en t o cada
vez m aio r d e seu país n o co n t ex t o das n açõ es têm
suas raízes n o s m u it o s so f r im en t o s da D iásp o ra, na
q u ai os g u et o s t o rn aram - se o p r in cip al sím b o lo da
o d io sa e h u m ilh an t e seg reg ação racial e relig io sa de
q u e f o ram vít im as. M as os g u et o s n ão se t o r n ar am
ap en as o sím b o lo da p er ver sid ad e h u m an a, p o is m u i­
t o s d eles se t r an sf o r m ar am lit er alm en t e em ver d ad ei­
ras sep u lt u r as d e n u m ero síssim as co m u n id ad es,co m o
o d e Var só via, p o r ex em p lo.
Um a das p ro fecias acerca da restauração nacional
d o s ju d eu s, diz: “A ssim diz o Sen h o r Jeo vá: Eis que eu
ab rirei as vossas sep u lt u ras, e vos farei sair das vossas
sep u lt u ras, ó p o vo m eu, e vos t rarei à t er ra de Israel. E
26 ISRA EL, G O G UE E O A N T 1 C RIST O

sabereis q u e eu sou o Sen h o r, q u an d o eu ab r ir as vossas


sep u lt u ras e vos fizer sair das vossas sep u lt u ras, ó p o vo
m eu " [Ez 37.12,13].
N en h u m a o u t r a fig u ra d o s m o d ern o s g u e t o s, de
o n d e m u it os jud eu s têm saíd o para a sua p át ria, p o d eria
ser m ais adequada d o que um a sep u lt u ra. Em sen t id o
e st r it o ,"g u et o " d efin e um b airro ju d eu , um a área d eli­
m itada p o r lei para ser habitada so m en t e p o r jud eus. O
n om e d eriva da f u n d ição , ou G u e t t o , em Veneza, o n d e
os jud eu s dali foram segreg ad os em 1517. A id éia, en t r e­
t an t o , de segregação d os ju d eu s, im p lícit a na p rim eira
legislação da Ig reja Rom an a, m onta aos Co n cílio s de
Lat rão de 1179 e 1215, q u e p ro ib iram jud eu s e crist ão s de
viverem ju n t o s.
N a Espanha, os judeus viviam , desde o século X III, em
jud erias p rovid as de m uros e p o rt õ es de p roteção. N o
século X V , os frades na Itália com eçaram a pressionar no
sent id o de um a segregação efetiva dos judeus. Em 1555,o
papa Paulo IV ord en o u que os jud eus nos Estad os papais
deviam viver em q u art eirõ es separados, o que foi im edi­
atam ente levado a efeito em Rom a e tornou- se regra p o r
t od a a Itália, no d eco r rer da geração seguinte.
O nom e "g u et o " era agora universalm ente aplicado.
A in st it u ição torn ou - se com um tam bém na Alem an h a,
em Praga e em algum as cidades polonesas. Era uma cid a­
de d en t ro de um a cid ade, d esfru t an d o de cer t o grau de
au t on om ia e de vig orosa vid a espirit ual e intelectual. Era,
p o rém , insalubre, superp ovoad a [vist o que sua área não
podia ex pandir- se] e sujeita freq ü en t em en t e a incêndios.
A lém d o mais, o sistem a de g u et o era, com freq üência,
acom p anhad o pelo batism o f o rçad o , o uso da insígnia de
jud eu , serm ões de con versão , restrições p rofissionais etc.
N a It ália, o g u et o , ab o lid o no p er ío d o da Revo lu ção
Francesa, foi rein t ro d u z id o lo calm en t e no sécu lo X IX e
JU D EU , U M PO V O SO FRID O 27

t eve fim q u an d o Rom a uniu- se ao Rein o da Itália em


1870. Em o u t r o s países, a sit u ação foi sem elh ante. Um a
das caract eríst icas d o s n o vo s n ú cleo s na Eu ro p a O c i ­
d en t al, a p ar t ir d o sécu lo X V I, foi não serem su b m et i­
d os ao sistem a de guetos.
A lei m uçulm ana o rig in al não estip u lava áreas de
resid ência não m uçulm anas. A d eg rad ação veio no sé­
cu lo X V III, q u an d o os jud eu s foram o b rig ad o s a afas-
tar- se das viz inhanças das m esq uitas e ficaram rest rit o s
aos lim ites de suas casas; com o d eclín io eco n ô m ico , os
q u ar t eir õ es ju d eu s viraram favelas. N o leste m u çulm a­
n o [p o r ex em p lo, a Pérsia], o fan at ism o x iita, fazendo- se
sen t ir de d en t r o para fora, im p ôs a f orm ação de quar­
t eir õ es jud eu s sep arad os, fech ad os à n o it e e n o sa b a t h .
Foram est en d id o s, t am b ém , ao Iêm en e ao M ar r o co s.
M u it o s g u et os m arro q u in o s ainda h o je são hab itad os.
O s g u et os est ab elecid o s p elos nazistas na Eu ro p a
O r ien t al [1939- 1942] não foram f o rm ad o s em carát er
p erm an en t e, co m o b airros de jud eu s; eram p art e d o
p lano de ex t erm ín io d o s jud eu s e visaram co n cen t rar,
iso lar e en f r aq u ecer esp irit u alm en t e os seus o cu p an t es,
antes da an iq u ilação.
En t re 1939 e 1942, os judeus da Polônia, da Alem an h a,
da Checoslováq uia e de ou tras regiões foram transferidos
principalm ente para as áreas deVarsóvia e de Lublin. Gu et o s
foram instituídos aí e em ou tros lugares,com o Lod z ,M in sk ,
Vilm a, Cracó via, Bialystok , Lvov, Riga, Sosnowiec. A popula­
ção d o g ueto d eVarsóvia chegou a 4 4 5 mil habitantes; no
gueto de Lodz, havia duzentos mil.
Tais guetos, já superpovoados de início, foram co n t i­
dos com firm eza em seus lim ites originais. Eram t o d o s,em
últim a análise, fechados, e a saída [ex ceto com perm issão]
era punida com a m orte. O co n t ro le estava em m ãos da
Gest ap o e das SS, que nom eavam conselhos de judeus
28 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

para levar a cabo as suas ordens, através de um a força


policial judia. O s conselhos organizavam escolas e p ro m o­
viam o bem- estar, m antinham cort es de justiça e eram
ob rig ados a f o rn ecer mão- de- obra para os alemães.
À m edida q u e os p lan o s nazistas se evid en ciavam ,
t an t o os co n selh o s q u an t o a p o lícia ju d aica passaram
p ro g ressivam en t e para as m ãos d o s co lab o r acio n ist as,
q u e form avam um g ru p o p r ivileg iad o . O g u et o p o s­
suía cen t r o s in d u st r iais, q u e t rab alh avam para a A l e ­
m anha a salário s n om inais.
O s nazistas levaram os g u et os sistem aticam en te à
in an ição, e q u alq u er assistência p ossível som en t e pod ia
ser fin anciada às ex pensas d os p r ó p r io s jud eus. A des­
p eit o de ind ig ência e de d esm oraliz ação, os jud eu s m an­
t in h am um a at ivid ad e cu lt u r al intensa, escolas e au x ílio
m ú t u o. Dessa resist ência m oral nasceram as revo ltas de
1 9 4 3 .0 ex t erm ín io m et ó d ico d os g u et os co m eço u com
a sucessiva rem oção de g ru p o s para an iq u ilam en t o , em
1941. O g u et o de Varsó via foi liq u id ad o em 1943, e os
restantes p o r vo lt a de 1944.6
A p ó s a vit ó ria israelense con t ra os ex ércitos invasores
na Gu er r a da Independência, em 1948, centenas de m ilha­
res de judeus foram ex pulsos em massa dos países árabes.
Eles deix aram suas "sep u lt u ras" [os guetos] sem nada p o­
derem levar consig o, cu m p rin d o literalm ente a profecia de
Jerem ias 31.8: "Eis que os trarei da terra d o N o r t e, e os
congregarei das ex trem idades da terra; e, com eles, os ce­
gos, os aleijados, as m ulheres grávidas e as de p arto junta­
m ente; em grande congregação, voltarão para aqui".

O que é um p o g ro m

N ão é m inha intenção t o r n ar dem asiadam ente ex ten­


so este trab alho, mas não posso p rivar o leit o r da descri­
ção de um dos inúm eros pogrons de que tem sido vítim a
j U D EU , U M PO V O SO FRID O 29

o povo israelita. Este pogrom o co rreu em 1903, na cidade


russa de Kishinev.
Segund o o relato da com issão de pesquisa da O r g an i­
zação Sionista de Londres, os dirigentes d o pogrom utiliza­
ram o início da noit e de d o m ing o para organizar de um
m odo racional e sistem ático o massacre. Esses dirigentes
m uniram de arm as e uniform es os arruaceiros7os op erári­
os, pessoas da classe média e m esm o os sem inaristas da
Igreja Or t o d o x a, e os policiais.
En t re as arm as distribuídas aos que haviam de p artici­
par d o massacre, estavam o m achado, peças de ferro e
maças [arm a de ferro com uma ex trem idade esférica p rovi­
da de pontas aguçadas], capazes de q u eb rar todas as por­
tas e t o d o s os arm ários, m esm o blindados.
Durante a noite, os agentes d o pogrom m arcaram com
giz branco todas as casas e lojas dos judeus, e organizaram
um serviço perm anente de inform ação e de ligação entre
esses agentes p o r m eio de ciclistas recrutados entre os
estudantes, os sem inaristas e os funcionários. A organiza­
ção não se lim itou à cidade, pois foram enviados em issári­
os às aldeias mais próx im as a fim de convidarem cam pone­
ses para que se juntassem à pilhagem e ao massacre dos
judeus. Po r volta das três horas da m adrugada os prepara­
t ivos foram consid erados suficientes para que o sinal da
nova fase d o pogrom fosse dado.
É claro que os h ist o riad o res d o p o g ro m não t ive­
ram co n d içõ es de d escrever p orm en oriz ad am en te o que
aco n t eceu a seguir, em m eio a um a o rg ia de b estialidade
ab om in ável, um a sede b árb ara de sangue e um a devassi­
dão d iab ólica.
Todo o dia de segunda- feira, desde as três horas da
madrugada até às oito horas da noite, as hordas bárbaras
entregavam- se a esta orgia em meio às ruínas que eles
acumulavam. Enquanto acossavam, massacravam, viola­
vam, martirizavam os judeus de Kishinev, onde 49 pesso-
ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

as foram assassinadas em meio a torturas e violações das


mais abomináveis. Representantes de todas as camadas
da população tomaram parte nesta fúria selvagem: solda­
dos, policiais, funcionários, padres, crianças, mulheres, cam­
poneses, operários e vagabundos.
Desde o início da noite, todas as casas judias de Kishinev
ressoaram com gritos medonhos de assassinos e gritos
dilacerantes das infelizes vítimas. Em toda a parte e ao mesmo
tempo, bandos de dez a vinte pessoas, às vezes de oitenta a
cem, conduziram- se segundo o mesmo sistema. Como na
véspera, as lojas foram atacadas e pilhadas; aquilo que não
podia ser levado era embebido com gasolina e incendiado.
Os bandos penetraram em seguida, urrando, nas casas
dos judeus, exigindo dinheiro e jóias. Se os judeus não os
entregassem, rapidamente eram massacrados. Quando não
tinham mais nada para entregar, ou quando os assassinos
tinham outros caprichos, simplesmente massacravam os ho­
mens. Depois violavam as mulheres sob os olhos dos sobre­
viventes, maridos e filhos, e às vezes as mulheres eram vio­
ladas sucessivamente por vários bandidos. Arrancavam os
braços e as pernas de criancinhas. Algumas crianças foram
arrastadas aos andares superiores e jogadas nas ruas.
O pânico mais terrível reinava entre os judeus, que
procuravam em vão abrigo em um porão, em um pátio,
sobre os telhados, e corriam de casa em casa e de rua em
rua. Reinou durante a noite inteira um terror indescritível,
por mortes e destruições sistemáticas.
De manhã cedo, uma comissão de quarenta judeus se
dirigiu ao governador a fim de implorar o seu socorro. O
governador respondeu que nada poderia fazer porque não
havia ainda recebido instruções de São Petersburgo. Mas,
ao mesmo tempo, o governador transmitiu a todas as
estações de telégrafo a interdição estrita de aceitar tele­
gramas de São Petersburgo...
JU D EU , U M PO V O SO FRID O 31

O massacre prosseguiu o dia todo, sem esmorecer. Os


bandos alçavam, como bandeiras, lenços e trapos molhados
no sangue das vítimas judias. As torturas inventadas pelos
assassinos são indescritíveis, mas são todas confirmadas por
testemunhas oculares, por médicos cristãos e por alguns
indivíduos cristãos que tentaram, mas em vão, opor- se à
fúria de violências ou salvar algumas vítimas judias.
As hordas de assassinos ainda acharam tempo para
realizar o assalto e a pilhagem de sinagogas com uma
cólera toda especial. Em uma das sinagogas, diante da
Arca Sagrada, na qual se encontravam os rolos santos
da Torá, estava um bedel animado de uma coragem exem­
plar. Com seu talit [xale de orações] e seus filactérios,
aguardou o assalto dos assassinos, pronto para prote­
ger com seu corpo os rolos sagrados. Foi assassinado
da maneira mais abominável. Depois arrancaram os ro­
los da Torá da Arca Sagrada, retalharam os pergami­
nhos em pedacinhos que as crianças cristãs ofereciam
em seguida, por alguns kopeques [moedas russas], como
"lembranças de Kishinev"; profanaram o que restou dos
rolos e submeteram os prédios das sinagogas a uma
pilhagem sistemática.7
O s h ist oriad ores d o p o g rom afirm aram que a desen­
freada lo u cu ra bárbara dos assassinos p r o vo co u entre os
jud eus num erosos casos de lo u cu ra, p ois não tinham
para on d e f u g ir nem a quem recorrer. O desam paro das
vít im as era t ot al. O s band idos não perm itiam que os
jud eus gravem ente ferid os fossem levados a um m édico
ou ao hosp ital, e os bond es ou os carros recusavam - se a
t ran sp o rt ar passageiros judeus.
En t r e as raras ex ceções que se verificaram en t re as
au t o rid ad es de Kish in ev f ico u registrad a a t en t at iva d o
p ref eit o da cid ad e, A lex an d r e Sch m id t ,q u e t en t o u fazer
32 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

com q u e o g o ver n ad o r agisse de algum m o d o em d efe­


sa d os ju d eu s, mas t u d o foi em vão. Toda a p o p u lação ,
em suas d iferen t es cam adas sociais, d os m ais p o b res aos
mais r ico s, in clu sive m ulheres, crianças, padres e sem ina­
ristas, t o d o s p art icip aram d o m assacre e t om aram p art e
nos ex cessos sob as suas form as m ais cruéis.
O s p ratican tes d o p og rom de Kish in ev pilharam e
dem oliram mais de o itocen tas casas e lojas, m ataram , com
req uin tes de crueld ad e, 4 9 jud eus e feriram gravem ente
mais de um a centena, entre os quais m u itos o u t ro s vie­
ram a m o rr er em conseq üência de seus ferim entos. Un s
t rin t a foram espancad os até a m utilação, e t o d o s os o u ­
t ro s jud eus foram gravem ente ferid os em sua con d ição
física. Cerca de m il fam ílias foram tocad as pela m orte.

O H o lo c a u s t o

Co n st r u íd o em 1933, o cam po de co n cen t ração de


Dach au ,Alem an h a, foi a prisão de dezenas de m ilhares de
jud eu s d u ran t e a Segund a Gr an d e Gu er r a. Em 1966, o
g o vern o alem ão in st alou no local um m o st ru ário d os
h o r ro res ali p rat icad o s e t o r n o u o b r ig at ó ria a visita de
coleg iais de nível m éd io, para q u e não esqueçam a que
p o n t o ch eg ou o d esvario nazista.
En t r e os d ois f o rn o s crem at ó rio s há um a estátua de
bronze rep resen tan d o um p r isio n eir o de Dachau: um
hom em esq u elét ico , faces encaveirad as, roupas esfarra­
padas, cabeça raspada. Um a legend a, co lo cad a ao pé da
estát ua, é um an g u st ian t e g r it o de alerta à raça hum ana.
Diz a in scrição:
À memória das vítimas de todos os campos de con­
centração; como expiação dos crimes cometidos nesses
campos; para advertência à humanidade e instrução a todos
os visitantes; pela paz das classes e das raças; para salvar a
honra da nossa Nação, e pela comunidade dos povos.
JU D EU , U M PO V O SO FRID O 33

Nesse local so m b r io m o rreram hom ens e m ulheres,


d ep ois de su p o rt arem as m ais variad as form as de t o r t u ­
ra estudadas m in uciosam ente pelos carrascos. Havia nesse
cam p o o local d os fu z ilam en t os, a barraca das ex p eriên ­
cias m édicas [o n d e novas d rogas eram testadas em co ­
baias hum anas!], a barraca das p u n içõ es especiais com
su p lício s e agonias, a forca e a câm ara de gás.
A cer ca d o cen t r o de ex t erm ín io dos jud eus de Buna
A u sch w it z , escreveu Lo rd B. Russel:
Depois que as vítimas tinham desembarcado nas pla­
taformas eram reunidas num só lugar onde tinham de
tirar a roupa e os calçados; às mulheres cortavam- se os
cabelos, e em seguida todo o grupo, homens, mulheres e
crianças eram obrigados a caminhar nus pela estrada ao
encontro das câmaras de gás. Chegados aí, eram impeli­
dos para dentro das câmaras com os braços levantados
para que coubesse o maior número de pessoas. As crian­
ças eram amontoadas em cima das cabeças dos outros.
Algumas vezes as crianças eram mortas antes...
Um homem da SS era especialista em matar crian­
ças; tomava- as pelas pernas e lhes rachava a cabeça con­
tra a parede. A execução pelo gás durava 15 minutos, e,
quando se supunha que todos estavam mortos, abriam-
se as portas; o grupo de trabalho forçado, composto de
judeus, retirava os cadáveres e arrumava a câmara para a
próxima fornada.8
E q u e falar de Birk enau e Gleiw it z ? N o p rim eiro , as
en orm es filas de co n d en ad o s cam in havam para d en t ro
d o f o r n o cr em at ó r io , não sem antes serem aspergid as
de gasolin a para se con su m irem m ais depressa. N o se­
g u n d o cam p o, um a esteira t ran sp o rt ad o ra, guardada p o r
sold ad os at en t o s e cães t rein ad o s, levava os co n d en a­
d o s d iret am en t e à f orn alh a, vivos! Eles eram at irad o s
sob re a veloz esteira p o r o u t r o s jud eu s d o t rab alh o
34 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

f o r çad o , os q uais, p o r sua vez, d ep ois de ex austos, se­


guiam o m esm o t r ág ico d est in o de seus irm ãos!
N ão é fácil ler esses relat o s, nem acr ed it ar na ver a­
cid ad e deles. Co m o p o d e alg u ém ser t ão cr u el, t ão
in sen sível à d o r alh eia? M as q u er o t raz er m ais um t es­
t em u n h o in su sp eit o .Trat a- se de um a t est em u n h a o cu ­
lar alem ã de co m o foi a ex ecu ção em m assa feita em
D u b n o , em 5 de o u t u b r o de 1942:
Meu capataz e eu fomos diretamente às valas. Ouvi
tiros de fuzil em rápida sucessão por detrás dos mon­
tes de terra. As pessoas que deviam descer dos cami­
nhões — homens, mulheres e crianças de todas as ida­
des — eram obrigadas a despir- se por ordem de um
indivíduo das SS, que empunhava um chicote. Tinham
que deixar as roupas em lugares determinados para cada
peça do vestuário. Vi um montão de sapatos, cerca de
oitocentos a mil pares, e grandes pilhas de costumes e
roupas de baixo.
Sem gritar ou chorar, despiam-se todos; reuniam- se
em grupos de família, beijavam-se uns aos outros, despedi­
am-se e aguardavam um sinal de outro homem das SS, que
se achava junto à vala e que também empunhava um chico­
te. Durante os 15 minutos que permaneci nas proximidades
da vala,não ouvi uma queixa ou pedido de misericórdia...
Uma senhora idosa,de cabelos brancos como a neve,
segurava nos braços uma criança de um ano; cantarolava
para ela e fazia- lhe cócegas. A criança ria, satisfeita. Os
pais contemplavam aquele quadro com os olhos cheios
de lágrimas. O pai segurava a mão de um menino de dez
anos e falava- lhe carinhosamente; o menino esforçava- se
por reprimir as lágrimas. O pai apontou para o céu e
afagou- lhe a cabeça, parecendo explicar- lhe alguma coisa.
Nesse momento, o homem das SS que se achava
junto à vala bradou qualquer coisa para o companheiro.
JU D EU , U M PO V O SO FRID O 35

Este contou cerca de vinte pessoas, ordenando- lhes que


fossem para detrás do grande monte de terra... Recor-
do- me perfeitamente de uma jovem, esbelta e de cabelos
pretos, que, ao passar por mim, apontou para si mesma e
disse: "Vinte e três anos de idade".
Dirigi- me para o outro lado do monte de terra e
deparei com uma imensa vala. Estava socada de gente,
jazendo uns sobre os outros de modo que só se lhes
viam as cabeças. Escorria sangue de quase todas elas.
Algumas das pessoas ainda se moviam; outras ergui­
am os braços e viravam a cabeça como para mostrar
que ainda estavam vivas. Duas terças partes da vala já
estavam tomadas. Calculei que continha cerca de mil
pessoas. Olhei para o homem que atirava. Era um ele­
mento das SS. Achava- se sentado à beira da vala, em
sua extremidade, e balançava as pernas.Tinha um fuzil-
metralhadora sobre os joelhos e fumava um cigarro.
As pessoas, completamente nuas, desciam alguns
degraus e subiam por sobre as cabeças das que já lá
estavam nos lugares para os quais o homem das SS
ordenava. Deitavam- se junto aos mortos ou feridos;
alguns acariciavam os que ainda estavam vivos e mur­
muravam- lhes qualquer coisa. Ouvi, depois, uma série
de tiros. Olhei para a vala; vi corpos contorcerem- se e
algumas cabeças já imobilizadas sobre os corpos que
se encontravam debaixo. O sangue escorria- lhes do
pescoço.
Aproximava- se o grupo seguinte. Desceram todos
para a vala e alinharam- se diante das vítimas que os ante­
cederam. Foram também fuzilados.9
Em t o d o s os cam p os de co n cen t r ação , a m atança
era t ão intensa que os nazistas só não co n seg u iram
levar a cab o a sua so lu ção final d o p rob lem a ju d aico
p o rq u e p erd eram a guerra!
36 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

A m a q u in a r ia d a m o r t e
A q u i estão alguns d os p rin cip ais crim es co m et id o s
pelos nazistas desde 1933:
• O s p r i m e i r o s a t o s d e v io l ên ci a co n t r a o s a d v e r ­
sá r i o s p o l ít i co s. Prisões ar b it rár ias e p reven tivas nos
p rim eiro s cam p os de co n cen t r ação ilegais, co n h ecid o s
co m o W i l d e K o n z e n t r a t i o sl a g e r , o n ú m ero de presos
em ju lh o de 1933 som ava 26.789.
• O p u t sch d e Ro h m . Prisão e m o rt e sum ária de
Ern est e Ro h m , chefe d o estad o- m aior das t ro p as de
ch o q u e d o Par t id o N acio n al So cialist a, e de vário s o f ici­
ais dessa org aniz ação param ilitar, ju st ificad as p o st erio r ­
m ente co m o m edida d o Ex ecu t ivo em carát er de em er­
gência nacional.
• C a m p o s d e co n cen t r a çã o . Prisõ es q u e, a p ar t ir
de ju n h o de 1933, passaram a su b st it u ir os p rim eiro s
cam p o s de co n cen t r ação . Dach au , Lu b lin - M aid an ek ,
A u sch w it z , en t re m u it o s, serviram de cen t ro s de ex ter­
m ín io e de ex p lo ração b ru t al de t r ab alh o m anual. N o
co m eço de 1945, o t o t al de p resos, de várias n acio n ali­
dades, superava seiscent os mil.
• A N o i t e d o s C r i st a i s [ K i r sa l l n a ch t j . Po g ro m or­
ganizado co n t r a os ju d eu s na n o it e de 9 de n o vem b ro
de 1938: vin t e m il jud eu s foram p resos, 36 assassinados
e 101 sinagogas destruíd as.
• Eu t a n á sia . Prog ram a in st it u íd o para assassinar os
"n ão p r o d u t ivo s". Co m o ex em p lo, os d o en t es m entais.
Câm aras de gás para este fim foram instalad as em
Gr af en eck e So n n est ein , en t re o u t r as localid ades.
• G r u p o s o p er a ci o n a i s n a Po l ô n i a e u n i d a d es d e
a u t o p r o t e çã o da Et n i a A l em ã . Co m an d o s m ilitares des­
tacad os para liq u id ar d irig en t es e in t elect u ais p olon eses
e jud eus. Cálcu lo s co n servad o res co lo cam o n ú m ero de
JU D EU , U M PO V O SO FRID O 37

m o rt o s p o r essas unid ad es, polon eses e jud eus na g ran ­


de m aioria, en t re sessenta e o it en t a m il.
• A p o l íci a d e seg u r a n ça e o s g r u p o s o p er a ci o n a i s
d o se r v i ç o d e seg u r a n ça n a Ca m p a n h a So v i ét i ca . Q u a­
t r o g ru p o s form ad o s p o r m em b ros da Gest ap o , Brig a­
da Cr im in al e d o Ser viço de Seg u ran ça, em 1941, para
so lu cio n ar o p rob lem a jud eu e cu m p r ir o rd en s ex ecu t i­
vas d u r an t e o at aq ue à Un ião So viét ica. Um relat ó rio
p relim in ar co lo ca o n ú m ero de vít im as em 5 6 0 m il, em
ab ril de 1942.
• C r i m e s n a zi st a s d u r a n t e a l u t a co n t r a a r e si st ê n ­
cia. Perseg u ição desum ana co n t r a o m o vim en t o de re­
sistência, in clu in d o o assassinato de m ulheres e crianças.
Um r elat ó r io p relim in ar nazista reg istra a d est ru ição de
150 aldeias e 1.987 fazendas na Un ião So viét ica, em d e­
zem bro de 1942. En t r e o it en t a e n o ven t a p o r cen t o d os
m o rt o s eram judeus.
• " A so l u çã o fin a l d o p r o b l em a j u d eu " . Plano apre­
sentado p o r Reinhard Heid rich em 1942 para ex term in ar
t o d o s os judeus na Europa. Só em Au sch w it z mais de dois
m ilhões de judeus foram assassinados nas câm aras de gás.
• C r i m es co m e t i d o s co n t r a o s p r i si o n e i r o s d e g u e r ­
ra. M ilh ar es de p risio n eiro s so viét ico s e jud eu s, os o u ­
t r o s acusad os de at ivid ad es co m u n ist as, foram ex ecut a­
d o s p o u co d ep ois de cap t u rad o s, p o r o rd em d o A l t o
Co m an d o M ilit ar .
• O u t r o s cr i m es. M ilh ar es de civis foram ex ecut a­
d o s d u ran t e a g u erra p elo ex ércit o alem ão, sem serem
en q u ad rad os na lista d os crim es enu m erad os. Poloneses
e so viét ico s, su b m et id o s a t rab alh o s f o rçad o s na A l e ­
m anha, foram assassinados p o r causa de pequenas in f r a­
çõ es, e m u it o s desses o p er ár io s est ran g eir o s foram
m o r t o s para im p ed ir que fossem lib ert ad o s p elos ex ér­
cit o s aliados.
38 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

"N ã o s a b ía m o s o q u e f a z ía m o s "

Boa parte da culpa pelo sofrim en t o d o p o vo judeu


pesa sobre os om b ros da Igreja Rom ana, co m o vim os, e
até da Igreja Protestante, em virt u d e de algum as declara­
ções im pensadas de M ar t in h o Lutero. Talvez p o r essa ra­
zão, ou p o r m edo, o p rotestantism o alem ão p ouco fez
para im pedir o ex term ín io de judeus, com m uitas e h o n ro ­
sas ex ceções, co m o foi o caso bem con h ecid o da fam ília
holandesa Ten Bo o n ,q u e tão alto preço pagou p o r ab rigar
os judeus e ajudá- los a escapar das garras dos nazistas.
M as, além da A lem an h a, q u e se p en it en cio u ap ós a
Segund a Gr an d e Gu er r a p elo que havia f eit o aos ju ­
d eus, a Igreja Rom ana confessou- se tam b ém culpada
d ian t e de in co n t est áveis relatos h ist ó rico s a pesar- lhe na
co n sciên cia e, quem sabe, num m o m en t o de p ro f u n d a
reflex ão e de co n vicção d o cu id ad o de Deus pela des­
cen d ên cia de A b r aão , ao restaurar- lhe a p átria e um
n om e respeit ável no co n cer t o das nações.
N o dia 7 de setem b ro de 1966, o Vat ican o co n f irm o u
a ex istência e a au ten t icid ad e de um a o ração com p osta
p o r jo ão X X III p o u co s dias antes de sua m orte. N ela o
papa pede a Deus p erd ão p o r t o d o s os so f rim en t o s que
a Igreja Cat ó lica fez que os jud eus padecessem .
A ex istência dessa o ração , q u e seg u n d o as in t en ­
ções d o au t o r d everia ser recitad a em to d as as igrejas,
fora recen t em en t e an u nciad a no d eco r r er de um a co n ­
f erên cia em Ch icag o p elo m o n sen h o r Jo h n S. Q u in n ,
um d o s p erit o s d o Co n cilio . Eis o t ex t o da o ração de
Jo ão X X III, ag ora publicada:
Estamos hoje conscientes de que, no decorrer de
muitos séculos, nossos olhos se achavam tão cegos que
já não éramos capazes de ainda ver a beleza de teu povo
eleito nem de reconhecer na face os traços de nossos
irmãos privilegiados. Compreendemos que o sinal de Caim
JU D EU , U M PO V O SO FRID O 39

esteja inscrito em nossa fronte. No curso dos séculos


estava nosso irmão deitado ensangüentado e em prantos
por causa de nossa falta, porque havíamos esquecido teu
amor. Perdoa- nos a maldição que injustamente tínhamos
atribuído ao teu nome de judeu. Perdoa- nos o te haver­
mos uma segunda vez crucificado neles em sua carne,
porque não sabíamos o que fazíamos.10

Um rastro d e san g u e

Resum in do t u d o o que falam os até aqui, dam os agora


um a breve cronolog ia das perseguições p o r que passou o
p ovo jud eu, desde o p rim eiro século d.C. até nossos dias.

• 49: Cláu d io ex pulsa os jud eu s de Rom a [ A t 18.2].


• 115: ex p ulsão d os jud eu s da ilha de Ch ip re.
• 6 4 0 ,7 2 1 ,8 7 3 : os jud eu s d o im p ério b iz an t in o são
f o rçad o s a se co n ver t er ao crist ian ism o .
• 1009: os cruz ad os alem ães ex t erm in am d iversas
com u n id ad es judaicas.
• 1099: a co m u n id ad e israelita de Jeru salém é vít im a
de m atanças p o r p art e d o s cruzados.
• 1146,1391: os ju d eu s esp anhóis são f o rçad o s a se
co n ver t er ao crist ian ism o .
• 1290: ex p ulsos da In g lat erra.
® 1306: ex p ulsos da França.
® 1355: p o p u lação m assacra 12 m il ju d eu s em Toled o,
Esp anha.
• 1349- 60: ex p ulsos da Hu n g ria.
• 1420: aniq uilad a a co m u n id ad e jud aica de Tolosa.
• 1421: ex p ulsos da Á u st r ia.
• 1492: ex p ulsos da Á u st r ia.
• 1492:180 m il jud eu s ex p ulsos da Espanha.
• 1495: ex p ulsos da Lituânia.
ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

• 1497: ex p ulsão d os jud eu s da Sicília e Sardenha.


• 1502: t o d o s os jud eu s de Ro d es são f o rçad o s a se
co n ver t er ao cat o licism o , sob am eaça de ex pulsão
ou de escravat ura.
• 1516: m assacre de m ilhares de jud eu s em Lisb oa,
Po rt u g al.
• 1541: ex p ulsos d o rein o de Náp o les.
• 1648,1656: d u z en t os m il jud eu s são assassinados
nas m at an ças p er p et r ad as p o r C h m i e l n i c k i ,
na Polôn ia.
• 1727,1747: ex p ulsos da Rússia.
• 1838: a co m u n id ad e jud aica de M esh ed , Pérsia, é
forçad a a converter- se ao Islã.
• 1882- 90: 7 5 0 m il jud eu s russos são o b rig ad o s a
viver num a área lim itada, d and o orig em aos guetos.
• 1939- 45: seis m ilhões de jud eu s são m o r t o s p elos
*

nazistas alem ães e seus cúm p lices.


• 1941: a co m u n id ad e israelita de Bagdá é atacada
p elo p o p u lach o t u r b u len t o : 180 jud eu s p erd em a
vid a.
• 1948 até hoje: p erseg u ição co n t r a as com u n id ad es
jud aicas nos países árabes e ex p ulsões em massa.
E os plantarei na sua terra, e não serão mais
arrancados da sua terra que lhes dei, diz o Senhor,
teu Deus (Am 9.15).

escreven d o a sangrenta h ist ó ­


ria d os f ilh o s de A b r aão at ra­
vés d os sécu los, alguém disse
que ela é m ais co n h ecid a pelas
crô n icas de seus m assacres. A
Bíb lia t rat a, de m aneira in co n ­
f u n d ível, das an g ú st ias desse
p o vo en t re as nações: “ E vos
espalharei en t re as nações e de-
sem b ainharei a espada at rás de
vó s; e a vossa t er r a será assola­
da, e as vossas cid ad es serão
desertas. E, q u an t o aos que de
42 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

vó s ficarem , eu m eterei tal p avo r no seu co ração , nas


terras dos seus inim igos, que o sonid o dum a folha m ovida
os p erseg u irá [...] e não p od ereis p arar d ian t e d os vo s­
sos in im ig o s" [Lv 26.3 3,3 6,3 7].
M ais adiante, cont in ua a Palavra de Deus: " O Sen h o r
te fará cair diante dos teus inim igos [...] O f r u t o da tua
terra e t o d o o teu trab alho o com erá um p o vo que nunca
conheceste; e tu serás op rim id o e queb rantad o t od os os
dias. E serás p o r pasm o, p o r d itad o e p o r fábula entre
t o d o s os povos a que o Sen h o r te levará"[D t 28.25,33,37].
É im p ression an te co m o tais p red içõ es tenh am sid o
t ão rig o ro sam en t e cu m p rid as. M as assim co m o , fin d an ­
d o a n o it e, su rg e a m anhã de um n o vo dia, a au rora
raiaria tam b ém para o p o vo ju d eu , p o rq u e tam b ém o
Sen h o r p ro m et eu : " E, dem ais d ist o tam b ém , estan d o
eles na t er ra d os seus in im ig os, não os rejeitarei, nem
m e enfad arei d eles, para consum i- los..." [Lv 2 6 .4 4 ],

H er lz , so n h a d o r e v is io n á r io

E para m u it o s, a vo lt a de Israel, co m o um a nação


livre e so b eran a,t em sig n if icad o , m ais d o que o co m eço
de um n o vo d ia, o in ício de um a nova vid a. "Q u em
desejaria p o ssu ir um a t er r a t ão est r an h a?" p erg u n t a
M ey er Levin , que responde:

Um povo de temperamento extremo, a amá-la im­


petuosamente. E a história de Israel é a história de um
povo e de um lugar, unidos, separados, sempre e sempre.
[...] Nenhum drama de amantes separados e reunidos
novamente é mais romântico que a história desta gente
e sua terra natal. Os amantes passam pela prova de guer­
ra, peste e exílio, sofrem a sedução de exagerada opulên­
cia e prazer e ainda assim permanecem fiéis em seu an­
seio um pelo outro, incessantes, tentando efetuar a reu­
nião que finalmente aconteceu.11
REN A SC E ISRA EL 43

M as não se pode ignorar, na história m oderna de Isra­


el, a figura im poluta d eTeo d o r o HerzI, idealista, son had or
e vision ário, que tão bem t raço u os planos para a redação
política de seu povo. Nascid o em 2 de m aio de 1860, em
Budapeste, estudou Direito em Vien a e dedicou- se ao jor­
nalism o e à literatura, ex ercendo as funções de corresp on ­
dente, em Paris, da N eu e Freie Presse, de Vien a, de cuja
página literária foi red ator d u rante tod a a sua vida.
Estadista nato, em bora sem Estad o e sem p ovo organi­
zado, HerzI penetrou fun d o no problem a judaico e buscou
avidam ente a sua solução. Em seu livro O Est a d o ju d eu ,
registra:

A questão judaica existe. É um pedaço da idade média


desgarrado em nosso tempo, e da qual com a melhor von­
tade do mundo, os povos civilizados não se poderiam de­
sembaraçar. [...] A questão judaica existe por toda parte
onde os judeus vivem, por menor que seja o seu número. E
acerca da Palestina: é a nossa pátria histórica. Esse nome por
si só seria um toque de reunir poderosamente empolgante
para o nosso povo.12

Po r ocasião da trasladação dos restos m ortais de HerzI,


de Vien a para Israel, em 1949, a poeta Bracha Kopstein
escreveu estas palavras:

Acorda, ao menos por uma hora,


e mostra- nos o teu sábio sorriso,
e nós te mostraremos a tua profecia...
Esfrega os teus olhos do teu sono letárgico
e verás: titãs judaicos estão perto de ti,
com espadas desembainhadas contra o céu!
A teus pés jazem flores frescas,
de terra livre arrancadas.
Jorra para ti — em carne e ossos —
44 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

o teu sublime sonho realizado.


Acorda, ó profeta, ao menos por uma hora
e verás: os que compareceram a esta solenidade:
a Bandeira Azul e Branca desfraldada!
A língua hebraica viva em nossas bocas!
A alegria imperando em nossos corações!
A Vitória e toda nossa fé!
Nossos titãs, novos e destemidos líderes,
diplomatas, parlamentares,
judeus de todas as camadas,
e nossas criancinhas, loiras e moreninhas.
Acorda ao menos por uma hora, e verás:
no grandioso dia da sua História,
o teu Povo está presente!

O s o sso s seco s

Co n scien t em en t e ou n ão ,Teo d o ro Herz I t eve m u it o


a ver com a p ro fecia de Ezeq uiel 37. Nesse cap ít u lo .
Deus m ostra co m o Israel, ao final d o s t em p o s, seria
n o vam en t e reco lo cad o em sua p r ó p r ia t erra. A n t es,
p o rém , de nos d et erm o s na análise desse cap ít u lo , veja­
m os o q u e o u t r o s p ro fet as registraram :

Levantará um estandarte para as nações, ajuntará os


desterrados de Israel e os dispersos de Judá recolherá
desde os quatro confins da terra [Is 11.12, ARA, Almeida
Revista e Atualizada].
Ouvi a palavra do Senhor, ó nações, e anunciai nas
terras longínquas do mar,e dizei: Aquele que espalhou a
Israel o congregará e o guardará, como o pastor, ao seu
rebanho [|r 31.10, ARA],
Mudarei a sorte do meu povo de Israel; reedificarão
as cidades assoladas, e nelas habitarão, plantarão vinhas e
REN A SC E ISRA EL 45

beberão o seu vinho, farão pomares e lhes comerão o


fruto [Am 9.14, ARA].

N o cap ít u lo 37 de Ez eq u iel, o vale sig nifica o m un­


d o , os ossos ind icam o p o vo de Israel e as sep u lt u ras
ap on tam para as nações atuais. Diz o t ex t o :

Veio sobre mim a mão do Senhor; ele me levou pelo


Espírito do Senhor e me deixou no meio de um vale que
estava cheio de ossos, e me fez andar ao redor deles;
eram mui numerosos na superfície do vale e estavam
sequíssimos. Então me perguntou: Filho do homem, aca­
so poderão reviver estes ossos? Respondi: Senhor Deus,
tu o sabes. Disse- me ele: Profetiza a estes ossos, e dize-
Ihes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor. Assim diz o
Senhor Deus a estes ossos: Eis que farei entrar o espírito
em vós, e vivereis [vv. 1-5, ARA].

N o ver sícu lo 11, t em o s a ép o ca p ara o cu m p r i­


m en t o dessa p r o f ecia: "En t ã o , m e d isse: Filh o d o h o ­
m em , estes o sso s são t o d a a casa de Isr ael; eis q u e
dizem : O s n o sso s osso s se secaram , e p ereceu a nossa
esp eran ça; n ó s est am o s c o r t ad o s". O t em p o desse
lam en t o , e d o r eco n h ecim en t o p o r p ar t e d o s ju d eu s
da sua t r ist e e d esesp erad o r a co n d ição , t eve in ício a
p ar t ir de 1871, q u an d o um a g ran d e o n d a de p o g r o n s
ex t er m in o u dezenas de m ilh ares d eles em cen t en as
d e m u n icíp io s da Rússia. O s m assacres co n t in u ar am
r o t in eir o s at é 1921.
A o r d em d o s e v e n t o s." En t ã o , profetizei segundo
me fora ord en ad o; enq uanto eu profetizava, houve um
r u íd o ..."[v.7 ,A RA ] . A s n otícias acerca da organização de
um m o vim en t o capaz de co n d u z ir os jud eus de vo lt a à
sua antiga pátria, levadas a tod as as com unidades israelitas
d o m u nd o, soaram co m o uma clarid ad e de esperança.
46 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

Prossegue Ezequiel: "... um b aru lh o de ossos que


batiam co n t r a ossos e se aju n t avam , cada osso ao seu
o sso ".A q u i t em o s o m o vim en t o [o u r eb o liço ] d os os­
sos, ou seja, a p rep aração e a viagem à Terra Santa d os
p rim eiro s co lo n o s israelitas, que tiveram de en f r en t ar
grand es d ificuld ad es.
O aju n t am en t o d os "o sso s" vem o co r r en d o co m o
segue. Em 1917,an o da Proclam ação Balfu o r, havia 25 m il
ju d eu s na Palestina. Esse n ú m ero au m en t o u para 83 m il
em 1922 e para t rez en t o s m il em 1935, an o em que
H it ler se f o rt alecia na A lem an h a e não escond ia o seu
anti- sem itism o.
Em 1937, a p o p u lação israelita da Palestina já era de
4 3 0 m il. Dois an os d ep ois a In g lat erra p ro ib iu a entrad a
d o s jud eu s na Terra Santa, deix ando- os, dessa form a, à
m ercê d o s nazistas. Em 1945, havia q u in h en t o s m il, e
t r ês anos m ais tard e, q u an d o Israel p ro clam o u sua ind e­
pend ência,© n úm ero chegava a o it o cen t o s m il. Em 1956,
já eram 1,9 m ilhão [q u an d o o co r r eu a segunda g u erra
árabe- israelense]; em 1967,2,8 m ilhões. Em 1973,3,3; em
1983, m ais de q u at ro m ilh ões, e no final de 1998, cerca
de seis m ilhões.
"O lh e i, e eis q u e havia t en d õ es sob re eles, e cresce­
ram as carn es, e se estend eu a pele sob re eles; mas não
havia neles o esp ír it o " [v. 8, A RA ] , O s "t en d õ es" [o u
n e r v o s ] in d ic am alian ças p o l ít i c a s , m i l it a r e s , o
ren ascim en t o da lín gua h eb raica e a recu p eração eco ­
nôm ica, p rin cip alm en te através d os k ib u t zim . K i b u t z v e m
da m esm a raiz d o verb o h eb raico "co n g r eg ar ", usado
p o r jerem ias n o versícu lo 10 d o cap ít u lo 31 de seu livro .
A s "car n es" ind icam as est ru t u ras p o lít icas que d e­
ram form a à nação em 1948, da m esm a m aneira co m o o
reb o co dá form a à parede.
A "p e le " in d ica p ro t eção e acab am en t o . Em 1948,
faltava a Israel um ex ér cit o o rg an iz ad o . H o je, as f o rças
REN A SC E ISRA EL 47

arm ad as israelenses est ão en t re as m ais bem t rein ad as


e eq u ip ad as d o m u n d o . Basta d iz er q u e na guerra- re-
Iâm p ago de 1967 havia q u aren t a so ld ad o s árab es para
cada so ld ad o israelen se, e Israel ven ceu ! É evid en t e
q u e as p alavras d ivin as de A m ó s 9.15 se cu m p riram :
"Plant á- los- ei na sua t er r a, e, dessa t er r a q u e lhes d ei, já
não serão ar ran cad o s, diz o Sen h o r, t eu D eu s" [ A RA ] .
Em b o ra t o d o s esses ossos estejam u n id o s, com t en ­
d õ es, carn es e p ele, falta- lhes aind a a vid a esp ir it u al,
p ro m et id a n o ver sícu lo 14: "Po r ei em vó s o m eu Esp í­
r it o , e vivereis, e vo s est ab elecerei na vossa p r ó p r ia
t er r a. En t ão , sab ereis q u e eu , o Sen h o r , disse ist o e o
fiz, diz o Se n h o r "[A RA ].
N o t e q u e a palavra "Es p ír it o " aq ui, com inicial m ai­
úscula, refere- se ao Esp ír it o San t o , co n f o rm e Jo el 2.28,29
e A t o s 2.17,18. O p o vo de Israel so m en t e será ch eio d o
Esp ír it o San t o q u an d o se co n ver t er a Jesu s no final d o
"d ia da vin g an ça d o n osso D eu s" [Is 61.2], ou seja, da
Gr an d e Trib u lação , d o "t em p o da angústia para Jacó "
et c., que cu lm in ará com a batalha d o A r m ag ed o m no
final d o rein ad o d o an t icrist o . [Veja estas passagens:
Jerem ias 3 0 .7 ; Jo ão 3.3 6; A p o calip se 3.10; 7.14; 11.18.]
O p ro fet a Oséias ind ica esse t em p o g lo r io so , q u an ­
d o t o d o o Israel será salvo: "V in d e, e t o r n em o s para o
Sen h or, p o rq u e ele d esp ed açou e nos sarará, fez a ferida
e a ligará. Dep ois de d o is dias nos dará a vid a; ao t er cei­
ro dia, nos ressuscitará, e viverem os d ian t e d ele" [6.1,2].
O s d o is dias co rresp o n d em aos d o is p er ío d o s m en­
cio n ad o s em Isaías 61.2: o "an o aceit ável d o Se n h o r "—
ou "o dia que fez o Sen h o r ", de Salm os 118.24 — e o "d ia
da vin g an ça d o n osso D eu s", ou seja, o vin d o u r o p er ío ­
d o de t rib u lação . Israel só será levan tad o ao t er ceir o dia,
no M ilên io , e en t ão viverá d ian t e d o Senhor.
N o t e q u e, no q u e diz resp eit o a Israel, cada "d ia " é
m arcad o p o r d o is even t o s: um n o in ício e o u t r o no
f im . A s s i m , o p r i m e i r o d ia c o m e ç o u c o m o
48 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

d esp ed açam en t o da n ação, n o n ascim en t o da Ig reja, e


t er m in ar á com a cu r a d o d esp ed açam en t o , q u e está
o co r r en d o em n o sso s dias e assinala o t em p o d o arre-
b at am en t o da Ig reja.
O seg u n d o d ia, o dia da ira, co m eça co m a ferid a
de Israel, no in ício d o p er ío d o de t r ib u lação , e t erm in a
co m a cu ra da f erid a, n o fin al da t r ib u lação , q u an d o
Jesu s vir á em so co r r o d o rem an escen t e israelit a, que
se co n ver t er á. En t ão a n ação ressu scit ará esp ir it u al­
m en t e no t er ceir o dia, o M ilên io , e viver á d ian t e d EIe,
de Cr ist o .

A Pr o c l a m a ç ã o B a l f u o r
O ret o rn o dos judeus à sua t erra com eçou precaria­
m ente no século X IX , em conseqüência dos h orrorosos
pogrons praticados livrem ente contra esse povo nos guetos
de centenas de cidades européias e principalm ente na Rússia.
Cada g ru p o de im igração era con h ecid o co m o aliyah , pa­
lavra que significa "su b id a", ex traída da ex pressão bíblica
"su b in d o para Jerusalém ".
Em 2 de n o vem b ro de 1917, a In g lat erra inclina- se a
f avo r d o sio n ism o , at ravés da d eclaração d o m in ist ro
d os N eg ó cio s Ex t erio res d o Go ver n o Br it ân ico , Balfuor,
su b m etid a ao Gab in et e de M in ist r o s d aq uele país e p o r
ele ap rovad a. Esse fam oso d o cu m en t o , responsável p o r
tant as reviravo lt as p o lít icas em t o d o o m u n d o e p r in ci­
p alm ente n o O r ien t e M éd io , foi rem et id o ao Lo rd e
Ro t sch ild . Dizia ele:

O governo de Sua Majestade encara favoravelmente o


estabelecimento de um Lar Nacional para o povo judeu, na
Palestina, e empregará todos os seus esforços para facilitar
a realização desse objetivo, estando claramente entendido
que não se falará nada que possa acarretar prejuízo aos
direitos civis e religiosos das comunidades não judias da
REN A SC E ISRA EL 49

Palestina, bem como aos direitos e ao status político de que


os judeus possam gozar em qualquer outro país.
Agradecer- vos- ei levar esta declaração ao conheci­
mento da Federação Sionista.13

A n im a d o s p o r essa p r o m essa, o m o v im en t o
im ig r at ó r io au m en t o u co n sid eravelm en t e, em cu m p ri­
m en t o à p ro fecia bíb lica:

E removerei o cativeiro do meu povo Israel, e


reedificarão as cidades assoladas, e nelas habitarão, e
plantarão vinhas, e beberão o seu vinho, e farão po­
mares, e lhes comerão o fruto. E os plantarei na sua
terra, e não serão mais arrancados da sua terra que
lhes dei, diz o Senhor, teu Deus. E vos tomarei dentre
as nações, e vos congregarei de todos os países, e vos
trarei para a vossa terra. E dirão: Esta terra assolada
ficou como jardim do Éden; e as cidades solitárias, e
assoladas, e destruídas estão fortalecidas e habitadas
[Am 9.14,15; Ez 36.24,35].

O cast ig o e o f u b i l e i i
Sirvo- m e, em p art e, d os cálcu lo s f eit o s p o r A lex
Wach t el, m ission ário nazareno em Jeru salém , o qual ex a­
m in ou o lo n g o ex ílio d os jud eu s à luz d o an o b íb lico
d o ju b ileu. Seg u n d o o m and am en to d ivin o , o israelita
que tivesse p erd id o a sua p ro p ried ad e e tivesse sido
feit o escravo, receb eria n o vam en t e a lib erd ad e e a res­
t au ração da sua t er ra após 4 9 an os, no jub ileu.
Desde o ano 7 0 d .C. até o an o recen t e de 1948,
q u an d o Israel torn o u - se de n o vo um Est ad o in d ep en ­
d en t e, h o u ve um in t er valo de 1878 anos. Israel o b t eve a
posse de t o d a a t erra apenas em 1957, e som en t e em
1981 o país passou a co n t ar com um a p o p u lação judaica
su f icien t em en t e num erosa para sentir- se seg uro co n t ra
50 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

as nações viz inhas hostis. O p er ío d o de t em p o en t re 7 0


e 1981 é de 1911 an os7 co m eçan d o com a d est ru ição e
d isp ersão, e t erm in an d o com a vo lt a e a segurança.
Co m o som os um p o vo d ir ig id o pela Bíb lia, um p re­
ced en t e b íb lico seria de g rand e ajuda. D en t ro d o cat ivei­
ro b ab ilô n ico de setenta anos, há um p erío d o mais acen­
t u ad o d o ex ílio , q u e vai da d est ru ição de Jeru salém p o r
N ab u co d o n o so r ,em 587 a.C.,at é o regresso d o p rim ei­
ro g ru p o de ju d eu s, em 538 a.C. Esse p er ío d o é de 4 9
an os, q u e tam b ém foi o t em p o gasto na restau ração de
Jeru salém [Dn 9.25], Divid ind o- se 1911 p o r 4 9 , en co n t r a­
m os o n ú m ero 39.
É in t er essan t e n o t ar q u e o n ú m er o m áx im o de
aço it es q u e um h o m em cu lp ad o p o d ia r eceb er era de
q u ar en t a [D t 2 5 .3 J. N o t em p o de Jesu s, en t r et an t o ,
esse n ú m er o havia sid o r ed u z id o p ara 3 9 a fim de
evit ar q u e as au t o r id ad es, p o r er r o d e cálcu lo , q u e­
b rassem a lei.
Se levarm os em co n t a que o ex ílio para os jud eus é
sem pre con sid erad o na Bíblia co m o um cast igo, então
para cada ano que o jud eu sofria em Bab ilônia, os jud eus
haveriam de sofrer, d ep ois da d est ru ição de Jerusalém
pelos rom anos, um castig o de 39 anos. Esse lon g o ex ílio
rep let o de so f rim en t o s revela q uão p ro fu n d a era a t r ist e­
za de Deus pelo fat o de Israel haver rejeitad o seu Filh o e
o levado à m orte!
Wach t el con clu i:

No período de 1911 anos, vemos o número máximo


de anos de escravidão e de separação da terra — multipli­
cado pelo máximo número de golpes que alguém poderia
receber num castigo. Apropriadamente, os dois ensinos se
acham no Antigo Testamento, e por isso falam com auto­
ridade tanto para os cristãos como para os judeus.14
REN A SC E ISRA EL 51

Há o u t r o s cálcu lo s interessan tes relacion ad os com


o m o d ern o Est ad o de Israel, f eit o s esp ecialm en te p o r
A d am Clark e n o in ício d o sécu lo X IX e basead os no
t ex t o de Daniel 8.8,14, que af ir m a:"O b o d e se en g ran ­
d eceu sob rem an eira; est an d o , p o rém , na sua m aio r for­
ça, aq uele g rand e ch if re foi q u eb rad o , e subiram no seu
lu g ar q u at ro tam b ém n ot áveis, para os q u at ro ven t o s
d o céu. Ele m e disse: A t é duas m il e trezentas tard es e
m anhãs, e o san t u ário será p u r if icad o " [EC].
O im p ério g reg o ,sen d o o p rim eiro a u n ir t r ês co n ­
t in en t es, estendeu- se p elo Sul da Eu ro p a, pela p art e o ci­
d en tal da Á sia e p elo N o r d est e da Á f r ica. M as estan d o
na sua m aio r f o rça, isto é, q u an d o A lex an d r e estava no
ap ogeu d o seu p o d er io , "aq u ele g rand e ch if re foi q u e­
b r ad o ", ou seja, A lex an d r e o Gr an d e m o rre rep en t in a­
m ent e em 323 a.C., com a idade de 33 anos.
En t r e os versícu lo s 8 e 14 de Daniel está d escrit a a
p erseg u ição d os jud eu s p o r A n t ío c o Ep ifan es n o sécu­
lo seg u n d o an t es de Cr ist o . N a seg un d a p art e d o
ver sícu lo 17, en t r et an t o , Gab r iel diz a Daniel: "En t en d e,
f ilh o d o h om em , p o rq u e esta visão se realizará no fim
d o t em p o " [EC], Clark e en t en d e que essa passagem se
refere não som en t e a A n t ío c o , mas tam b ém aos aco n t e­
cim en t o s "d o fim d o m u n d o ".
O p rim eiro cu m p rim en t o da p ro fecia o co r r eu 1.150
dias depois que o altar de Deus foi rem ovid o p o r A n t ío co .
Cada p ar de t ard e e m anhã co rresp o n d e, nessa in t erp re­
t ação ^ um dia. [Ver nota na Bíblia d e Est u d o Pen t eco st a í.)
A d am Clark e, en t en d en d o tam bém que as 2 .3 0 0 tar­
des e m anhãs p oderiam referir- se a 2 .3 0 0 anos, con form e
sugere Ezequiel 4 .6 , com ent a que se d atarm os os anos
desde o cu m p rim en t o da visão d o bode [invasão da Á sia
p o r Alex an d re] em 334 a.C., co n t an d o 2 .3 0 0 anos a
p ar t ir dessa data, chegaríam os ao ano 1966 d .C., q uand o
52 ISRAEL, G O G UE E O ANTICRISTO

o santu ário seria p u rificad o m ediante a vo lt a dos jud eus


à p arte antiga de Jerusalém e à área d o tem p lo.
Co n sid er an d o que o an o 1 a.C. é o an o de Rom a
753, e o ano 1 d .C. é o an o de Rom a 75 5, o m it im o s
assim o an o zero, ou 7 5 4 de Rom a, que deve ser in t er­
p o st o en t re 1 a.C. e 1 d .C. Esse an o , acrescen t ad o a 1966,
nos d aria 1967, an o em que de f at o Israel o b t eve a sua
m aio r vit ó r ia nas gu erras co n t r a os árabes, passando a
o cu p ar os lugares m ais sagrad os de Jeru salém .

Is r a e l p r o c l a m a a i n d e p e n d ê n c i a

A p esar de t o d o s os so f rim en t o s p o r q u e passou o


p o vo israelita en t re as nações, m u itos jud eu s d isco rd a­
ram da criação d o Est ad o de Israel, en t re eles o fam oso
físico A lb e r t Ein st ein . Em 1938, ele ex p ressou seus t e­
m ores d ian t e d o crescim en t o d o n acion alism o jud aico.

Eu queria muito mais ver um acordo de paz com os


árabes na base de uma vida em comum em paz do que a
criação de um Estado judeu. Fora considerações práticas,
meu conhecimento da natureza essencial do judaísmo
resiste à idéia de um Estado judeu, com fronteiras, exér­
cito e uma certa quantidade de poder temporal, não
importa quão modesto.
Estou temeroso dos danos internos que o judaísmo
sofrerá, especialmente os provenientes do desenvolvimen­
to de um estreito nacionalismo dentro do Estado judeu. Já
não somos mais os judeus do período macabeu! O retor­
no a uma nação no sentido político da palavra seria equi­
valente a voltar as costas à espiritualização de nossa co­
munidade, a qual devemos ao gênio de nossos profetas.15

Ein st ein não p o d eria p erceb er, co m o t an t o s o u t r o s


jud eu s tam b ém não p erceb eram e ainda não p erceb em ,
que o ren ascim en t o de Israel co m o um país, lon g e de
RENASCE ISRAEL 53

ser um "v o lt ar as costas à esp irit u aliz ação ", é ex atam en­
t e um avan ço d o p o vo isr ae lit a r u m o à f u t u r a
esp irit ualiz ação, pois o seu ren ascim en t o p o lít ico p rece­
de o seu ren ascim en t o esp irit u al.
Esse asp ect o esp irit ual d o p o vo israelita não p od eria
estar ausente na Declaração da In d ep en d ência, lida à na­
ção no dia 14 de m aio de 1948, no m esm o dia em que os
b rit ân ico s deix avam o país e as nações árabes iniciavam a
prim eira guerra oficial não declarada ao n o vo Estad o:

Aqui se forjou sua personalidade espiritual, religiosa


e nacional. Aqui tem vivido como povo livre e soberano.
Aqui tem legado ao mundo o eterno Livro dos livros.

M ais ad ian t e, afirm a o h ist ó r ico d o cu m en t o :

Exortamos os habitantes árabes do Estado de Israel


— ainda em meio à agressão sangrenta que se leva a
cabo contra nós desde alguns meses — a manter a paz e
a participar na construção do Estado, sobre a base dos
plenos direitos civis e de uma representação adequada
em todas as suas instituições provisórias e permanentes.
Oferecemos a paz e a amizade a todos os países
vizinhos e a seus povos, e os convidamos a cooperar
com o povo judeu independente em seu país, na base da
ajuda mútua. O Estado de Israel está disposto a colabo­
rar no esforço comum para o progresso do Médio Ori­
ente em sua totalidade.
Chamamos o povo judeu de toda a diáspora a con-
gregar- se em torno da população do Estado, e a ajudá- lo
em suas tarefas de imigração e construção, e em sua
grande empresa pela materialização de suas aspirações
milenárias de redenção de Israel.
Com a fé no Todo- poderoso, firmamos de nosso
próprio punho e letra esta declaração, na sessão do Con­
54 ISRAEL, G O G UE E O ANTICRISTO

selho Provisório do Estado, sobre o solo da Pátria, na


cidade de Tel- Aviv. Este dia, véspera de sábado, é 5 de
lyar de 5708 [14 de maio de 1948]. Seguem- se 38 assina­
turas, encabeçadas pela do primeiro presidente, David
Ben Gurion.16

O p e r a ç ã o T ap ete M á g ic o

Um a das m ais ex t rao rd in árias o p eraçõ es de im ig ra­


ção d os t em p os m o d ern os realizou- se em 1948. Foi d en o ­
m inada Tapete M ág ico , e t r an sp o r t o u dezenas de m ilha­
res de jud eus para Israel, t o d o s p roced ent es d o Iêm en,
p eq ueno país situ ad o na ex trem id ad e sul da A r áb ia, ju n ­
t o ao m ar Verm elh o .
A h ist ória desse p o vo é fascinante. Acred ita- se que
m uitos deles tenham im ig rad o para o Iêm en nos dias d o
rei Salom ão, e fontes fidedignas con firm am a co n t in u id a­
de deles naquele país desde os p rim eiros séculos d o cris­
tianism o.
Du ran t e t o d o esse lon g o t em p o , nunca viram um
au t o m ó vel, um trem de ferro , um avião, a luz elétrica ou
q u alq u er in ven t o m o d ern o. Toda a sua cu lt u ra consistia
em saber de co r o A n t ig o Testam ento. Tam bém haviam
cop iad o a Bíblia à m ão, de Gên esis a M alaq u ias, da m es­
ma m aneira co m o faziam os escribas d os dias de Jesus.
Q u an d o com etiam q u alq u er erro , p o r m en o r que fosse,
t o d o o m an u scrit o era inutiliz ad o, e a tarefa recom eçada.
A cópia t inh a de ser ab solut am en te perfeita.
En q u an t o viveram no Iêm en, esses israelitas sofreram
t o d o o t ip o de opressão. Po r estarem sem pre sujeitos às
m udanças da p o lít ica local, em algum as épocas a situação
desses jud eus foi com p arada à dos escravos. Em 1846,
p o r ex em p lo, eles foram o b rig ad os a lim p ar os esgotos
da cid ade de Sana, en q u an t o em 1921 um d ecret o deter­
RENASCE ISRAEL 55

m inava a conversão dos órfãos judeus ao islam ism o. Co m o


se isto não bastasse, não podiam vest ir roupas finas nem
usar m eias; era- Ihes p ro ib id o p o ssu ir arm as e estu d ar a
Torá fora da sinagoga. Era um verd ad eiro m ilagre que
conseguissem g anhar a vid a co m o ou rives, tecelões, fer­
reiros, m arceneiros e m ascates.
Nessas co n d içõ es de p ob rez a geral e de rep et id as
h u m ilh açõ es, não é de ad m ir ar q u e os m o vim en t o s
m essiân icos flo rescessem , sen d o rep rim id o s d u r am en ­
t e p elo s g o v e r n a n t e s da ép o ca; c o n t u d o , os
p seu d om essias co n t in u ar am a en t u siasm ar a p o p u la­
ção at é o sécu lo X IX .
O s p rim eiro s im ig ran t es d o Iêm en q u e ch eg aram a
Israel p areciam seres vin d o s de o u t r o m u n d o . Em lu ­
g ar n en h u m , d u r an t e t o d o o ex ílio d o p o vo ju d eu , as
an t ig as t r ad içõ es haviam sid o p reservad as t ão f ielm en ­
t e co m o en t re eles. Desde q u e os p r im eir o s n ú cleo s se
est ab eleceram n o Iêm en , na ép oca d o Seg u n d o Tem ­
p lo , ali viveram vir t u alm en t e iso lad o s de q u alq u er in ­
f lu ên cia cu lt u r al ex t ern a. Im p ren sad o s en t re os co n ­
q u ist ad o res o t o m an o s e a p o p u lação árab e d o Iêm en ,
foram ex clu íd o s p o r leis d iscr im in at ó r ias da so cied ad e
m u çu lm an a d o m in an t e.

Porém, embora perseguidos pelo mundo exterior,


dentro de suas comunidades mantinham com extraordi­
nária pureza todos os ensinamentos e os hábitos trans­
mitidos de pai para filho,desde os dias em que o Sinédrio
tinha sua sede em Jerusalém.17

A o t o m ar co n h ecim en t o da criação d o Est ad o de


Israel, em 1948, os d irig en t es iem enit as organiz aram um
g rand e êx o d o da A r áb ia para a Palestina.
56 ISRAEL, G OG UE E O ANTICRISTO

O primeiro- ministro de Israel, David Ben- Gurion,


pediu auxílio ao governo americano, o qual enviou avi­
ões comerciais ao porto de Áden, de onde, controlados
pelos ingleses, levaram os judeus iemenitas à sua antiga
pátria. O único meio possível para chegarem ao porto de
Áden era a pé, e assim fizeram. Alguns deles caminharam
1.500 quilômetros através de desertos e montanhas. Em
certas ocasiões, andaram debaixo de temperaturas
escaldantes, noutras, sob temperaturas frígidas, muito
abaixo de zero.
O governo de Israel enviou pessoal e equipa­
mento para filmar este grande êxodo. [...] Ouviam- se
as crianças gritar por água, umas tropeçando, outras
caindo, mas podiam- se ouvir também os rabis que,
em tom vibrante e estranho, diziam: "Dai mais um
passo, filhinhos! Nós vamos a caminho da pátria para
encontrar o Messias". Dificilmente eles punham um
pé à frente do outro, mas, mesmo tropeçando, pros­
seguiam.18

A o ch eg arem a Á d e n e verem aq u elas en o r m es


" a v e s " e n v i a d a s p e lo g o v e r n o i s r a e le n s e p ar a
t r an sp o r t á- lo s à sua an t ig a t er r a, os ju d eu s iem en it as
se recu saram a en t r ar nelas. En t ão seus rab is leram a
p r o f ecia d e Isaías acerca d o f u t u r o r et o r n o d o s f ilh o s
d e Isr ael, no cap ít u lo 6 0 , ver sícu lo 8 , q u e d iz :"Q u em
são estes q u e vêm vo an d o co m o n u ven s e co m o p o m ­
bas, às suas jan elas?"
D ep o is de ex p licarem q u e Deus os m and aria b us­
car e levar à pátria em asas de águias, os jud eus iem enitas
su b iram r eso lu t am en t e para os aviõ es, sem q u alq u er
receio . Em 4 5 0 vô o s, a o p er ação Tap ete M ág ico t r an s­
p o r t o u cerca de set en t a m il israelit as, e m u it o s d eles,
ao ch eg ar a Israel, beijaram o solo e p er g u n t aram :"On d e
está o M essias?"
RENASCE ISRAEL 57

O d e s e r t o f lo r e sc e

Foi em circu nstân cias as mais adversas que várias co ­


m unid ades judaicas se instalaram na Terra Santa, p rin ci­
p alm ente a p art ir d o final da Prim eira Gu er r a M u n d ial,
realizando, a duras penas, o so n h o d eTeo d o r o Herz I, um
dos mais destacados pais da m od erna nação de Israel.
A t ravés de congressos sionistas internacionais, os israelitas
d iscut iram e lançaram as bases de sua f u t u ra pátria, m ui­
t o em b ora a In g laterra adotasse um a p o lít ica egoísta e
im ediatista e fechasse os o lh o s aos seus com p rom issos
assum idos em 1917, ab an d onand o as p op u lações judaicas
da Palestina à sua p ró p ria sorte.
A lém das d if icu ld ad es de o rd em p o lít ica, os im i­
g ran t es ju d eu s, f u g in d o d o s r o t in eir o s m assacres na
Eu r o p a, t iveram de ven cer t r em en d o s o b st ácu lo s na
Palest in a. Su b ju g ad a d u r an t e sécu lo s p o r p o vo s est ra­
n h o s, a Terra Santa se foi t o r n an d o p o u co a p o u co em
um en o rm e d eser t o , a p o n t o de d eix ar p erp lex o s os
viajan t es q u e a visit avam .
O s t u r co s fizeram recair sob re cada ár vo re um im ­
p o st o , e os b ed u ín o s, que od iavam q u alq u er t ip o de
t r ib u t o , cortaram - nas um a a um a. E à m edid a q u e a
veg etação d esaparecia, as chu vas escasseavam e a d eso ­
lação avançava, ch eg an d o m esm o aos lugares antes bem
arb o riz ad o s e o n d e o u t r o r a erguiam - se f lo rescen t es ci­
dades. Era o cu m p rim en t o da Palavra de Deus, em Levít ico
2 6 .3 3 :"... e a vossa t err a será assolada, e as vossas cid a­
des serão d esert as".
Foi ex atam ente na co n d ição de t erra assolada e de
cidades desertas que os p rim eiros jud eus en co n t raram a
Palestina.Todavia, t rab alh an d o d iu t u rn am en t e nas co n d i­
ções mais desfavoráveis possíveis, os novos colonizad ores
plantaram dezenas de m ilhões de árvores e drenaram ex­
t ensos pântanos através de um arrojad o program a de
58 ISRAEL, G O G UE E O ANTICRISTO

recup eração d o solo, em que p arte d o rio Jo rd ão foi


desviada, até que o d esert o com eçasse a florescer.
O crescim en t o d os d esert o s tem p reo cu p ad o t an t o
n o s ú lt im o s an o s q u e a O N U c r i o u a p alavr a
d eser t i f i ca çã o esp ecialm en te para o fen ô m en o , e tem
o rg an iz ad o co n f erên cias em várias p artes d o m u n d o ,
esp ecialm en te na Á f r ic a, on d e o p rob lem a é m ais grave
e req u er p ro vid ên cias u rg en tes.
N o m eio de tant a p reocup ação in tern acio n al, Israel
prova que nem t u d o está p erd id o na luta co n t r a o fan­
tasm a da d esertificação. Desde que chegaram os p rim ei­
ros co lo n o s israelitas aos d esertos da Palestina, parece
que nada tem sido mais im p o rt an t e para Israel d o que
t ran sfo rm ar d esertos em florestas, pom ares e jardins. Flo ­
res e f r u t o s são ab undantes no Neg u eb e e no restante
d o país, a p o n t o de esses p ro d u t o s se t o rn arem im por­
tant es itens de ex p ortação e gerad ores de divisas.
M as, p o r q u e a im prensa em geral enfatiza t an t o as
t er r íveis con seq ü ên cias da ex pansão d os d esert o s d o
m u n d o e dá t ão p ouca at en ção ao m ilagre da ag r icu lt u ­
ra no d esert o de Israel? A resposta é que as boas n o t í­
cias não vend em t an t o q u an t o as m ás, nem a ciência é
mais in teressan te d o que a p o lít ica, esp ecialm en te em se
t r at an d o da p o lít ica d o O r ien t e M éd io e da t en d ên cia
an ti- sionista d os m eios de co m u n icação .
Seg u n d o o p ro f esso r A r ie h Issar, d ir et o r d o In st it u ­
t o de Pesquisa d o D esert o [IPD ], um a das t rag éd ias bá­
sicas d o d eser t o , at u alm en t e, é que a q u est ão é sócio-
p o lít ica."N in g u ém sabe m elh o r d isso d o que o israelen ­
se. En q u an t o as árvores de p istacho crescem no Neg u eb e
à base de d o is co p o s d 'ág ua p o r an o, e os k i b u t zi m
usam água cu jo lim it e de salinidade é q u at ro vezes m ai­
o r d o que era co n sid erad o o lim it e há vin t e an os, a
im prensa p refere concentrar- se nas sutilezas p o lít icas".
RENASCE ISRAEL 59

O IPD, que tem sid o um d os cam pi da Un iversid ad e


Ben Gu r io n d o N eg u eb e, está localiz ad o em N ah al Zin ,
ao lad o d o k i b u t z Sde Bok er, e o cu p a grand es p réd io s
m o d ern o s. M as m u it o m ais im p o rt an t e d o q u e a bela
ar q u it et u ra são os p ro jet o s de pesq uisa d esen vo lvid o s
no in st it u t o ."O s cien t ist as d o d eser t o não vivem num a
t o r r e de m arfim , nem o q u erem ", afirm a Issar. E acres­
centa: " O in st it u t o tem p o r t rás de si um a filo so f ia
definid a. N ão se p o d e r eco n st r u ir o d esert o p o r co n ­
t r o le rem o t o . N ão se p o d e viver lon g e d o d esert o se
ex iste interesse de se t r ab alh ar com ele. É p reciso ser
p art e d ele, é p reciso viver n ele".
M u it o s dos pesquisadores d o in st it u t o mudaram- se
d o N o r t e e d o cen t ro d o país para Berseba, e t o d o s eles
sabem o que devem fazer: t ransform ar o d eserto em terre­
n o ad equado à ag ricu ltu ra, à indústria, à habitação e recre­
ação. Af irm am os pesquisadores d o IPD que há três m anei­
ras de enfrentar o deserto. A prim eira delas, geralm ente
adotada pelos Estados Un id o s, é a tendência de im p o r o
hom em ao deserto. A segunda m aneira é a dos beduínos,
que vivem das sobras d o deserto. A terceira m aneira é a
d o israelense, que se t o rn a parte d o d eserto, acentuand o o
seu eq u ilíb rio ecológ ico e cuid and o em não perturbá- lo.
O u t r a o b ser vação in t er essan t e q u e se p o d e fazer
em relação aos d eser t o s da Palest in a é q u e, p elo m e­
n o s n aq u ela p ar t e d o m u n d o , a d eser t if icação não
p o d e ser at r ib u íd a ao clim a, p o is est e n ão so f r eu n e­
n h u m a m u d an ça clim át ica eco lo g icam en t e sig n if icat i­
va n o s ú lt im o s dez m il an os. N ão h aven d o o u t r a ex ­
p licação raz oável p ara o p r o b lem a, resta a p r o f ecia de
M o isés em Levít ico 2 6 .3 3 : "Esp alh ar- vo s- ei p o r en t r e
as n açõ es, e d esem b ain h arei a espada at rás d e vó s. A
vossa t er r a será asso lad a, e as vossas cid ad es f icar ão
d eser t as" [EC ].
60 ISRAEL, G O G UE E O ANTICRISTO

Em virt u d e da grande necessidade de p o u p ar água,


Israel in ven t o u e ad o t o u um sistem a de irrig ação à base
de b o rrif o ou respingo, o que lhe p erm ite ser o p ion eiro
n o uso da água salobra. Esta é fornecid a d iretam ente à
raiz da planta, lim itan d o assim o grau de salinidade d o
solo.
Há, no d esert o d o Neg u eve, grandes d ep ósit os n atu ­
rais de água salob ra, que estão entre cin q ü en t a e cem
m etros de p ro fu n d id ad e e são renovad os pelas nuvens.
Po r isso, m uitas fazendas usam essa água na irrig ação, às
vezes m ediante sofisticad o sistem a com p u t ad o riz ad o ,q u e
co n t ro la a q uantidade de água com referência a variáveis
co m o tem p erat u ra, ven t o e secura d o solo.
Esse sistem a de irrig ação à base de água salobra tem
p erm it id o ricas safras de tom at es, beterrabas, t r ig o , m e­
lões, p ep in os e m elancias.
A rest au ração d o s d esert o s de Israel é claríssim o
cu m p rim en t o de m uitas p rofecias, co m o estas: "En t ão
farei q u e [...] sejam ed ificad o s os lugares d esertos. La-
vrar- se- á a t err a d esert a, em vez de est ar desolada aos
o lh o s de t o d o s os que passam . Dir- se- á: Esta t er r a d eso­
lada f ico u co m o o jard im d o Éd en "(Ez 36.33- 35,A RA ] ,
Esta ú ltim a frase p ro f ét ica tem sid o rep etid a em nossos
dias p o r t an t o s q u an t o s visitam aq uele país.
Realm en t e, as cid ad es antigas foram r eco n st ru íd as e
habitadas, e a t r ist e paisagem d esért ica foi su b st it u íd a
p elo verd e alegre da natureza. Ho je, flores colh id as no
N eg u eb e são cong elad as e ex p ort ad as para as grand es
cid ad es d o m u n d o , e f ru t as israelenses alcançam as m e­
lhores co t açõ es no m ercad o in t ern acio n al.
POR ÍSRA á
Naquele tempo, os egípcios serão como mulheres, e
tremerão, e temerão por causa do movimento da
mão do Senhor dos Exércitos, porque ela se há de
mover contra eles. E a terra de Judá será um
espanto para o Egito (Is 19.16,17).

m b ora a O N U tenha d et erm in ad o


a p art ilh a da Palestina em d ois Es­
tad o s — Israel e Jo rd ân ia — os ju ­
deus tiveram de g aran t ir o seu d i­
reito de propried ad e da terra às suas
p ró p rias custas. A g uerra co m eço u
no dia da p artid a d o s b rit ân ico s, 14
de m aio de 1948, e m ais um a vez o
p eq u en o "D av i" t eve de defrontar-
se com o "g ig an t e Go íias". Po u co s
62 ISRAEL, G O G ÜE E O ANTICRISTO

acred itavam q u e o n o vo Est ad o d urasse duas sem anas.


Co m o p o d eriam set ecen t o s m il ju d eu s, mal arm ad os,
p ro t eg er cid ad es d esg u arn ecid as co n t r a m ais de t r in t a
m ilh ões de ferozes in im ig o s eq u ip ad o s com o m ais
m o d er n o m aterial b élico ?
Co n t a M ey er Levin que os com an d an t es árabes já
escolhiam as casas de Tel- Aviv q u e p retend iam ocupar.
À s t ro p as foram p ro m et id o s os d esp ojos da guerra:
m ulheres e p r o d u t o d o saque.

Nada disso aconteceu. Logo tornou- se evidente que


na realidade os kibutzim (fazendas coletivas] estavam muito
bem colocados, pois formavam uma cadeia de fortins na
periferia de Israel. Os acampamentos da fronteiras dividi­
ram- se para uma ação final. As crianças foram enviadas
ao interior do país. Os colonos cavaram redutos subter­
râneos [...]
Uma história clássica de defesa é a de Negba, no
caminho egípcio, no Negueve. O novo kibutz não passa­
va de uma fileira de cabanas à volta de uma torre para
água feita de concreto armado, em pleno deserto [...] Foi
construída uma completa fortaleza subterrânea, com
cozinha, casamatas e um hospital; assessorado por um
médico e quatro enfermeiras. Totalmente cercados pelo
inimigo, abastecidos apenas pelos "Piper Cubs", todos os
edifícios da superfície arrasados, os defensores de Negba
resistiram durante meses e saíram vitoriosos.
Seis mil bombas caíram sobre Negba em um único
dia, antes do ataque, na madrugada de 2 de junho, quan­
do apareceram sete tanques egípcios, seguidos por sete
carros blindados e dois mil homens. Um par de"Spitfires"
tripulados por árabes roncavam sobre suas cabeças; um
deles foi abatido a tiros de fuzil.
Esperando que os tanques chegassem a uma distân­
cia de 200 jardas, os colonos acionaram sua única bazuca.
DEUS LUTA POR ISRAEL 63

O primeiro tiro pôs um tanque fora de combate. Dois


tiros se perderam. Os dois tiros restantes atingiram um
tanque cada. Um outro tanque, a cinco jardas dos defen­
sores, atingidos por granadas de mão explodiu. Dois ou­
tros bateram em minas. O último fugiu. Chegou então a
infantaria, e a batalha durou cinco horas.
As perdas foram pesadas, mas Negba agüentou fir­
me. Os colonos saíam à noite arrastando- se para regar
suas mudas. Sua resistência ultrapassou os limites da bra­
vura. Isto foi explicado na frase de guerra "ein brayra"
que significa "não há escolha". Os judeus não tinham
para onde bater em retirada.19

Ba r r il d e p ó lv o r a

Bat id o s ver g o n h o sam en t e em t o d as as f r en t es de


b at alh a p elo m in ú scu lo m as h er ó ico p o vo isr aelit a,
os p aíses árab es co n so lavam - se u ns ao s o u t r o s d iz en ­
d o q u e h aviam p er d id o a b at alh a, m as não a g u erra.
Est a, r ealm en t e, t ran sf eriu - se d o s cam p o s da Palest in a
p ara as t r ib u n as das o rg an iz açõ es in t er n acio n ais, de
o n d e a n o va n ação ju d aica foi alvo das m aio res in t r i­
gas e am eaças p o r p ar t e d o s seus in im ig o s f er id o s e
h u m ilh ad o s.
A cr ed it an d o na feroz am eaça de seus irm ãos de san­
gue, m u itos árabes resid entes em Israel, ao iniciar- se o
co n f lit o de 1948, ab an d onaram o país para q u e os ju ­
d eus fossem var r id o s e ex t erm in ad os. Po rém , co m o tal
não o co r r eu , esses d eslocad os foram m an t id os fora de
Israel para fins de p rop agand a p o lít ica.
Co n f in ad o s num a área designada pelas N açõ es U n i­
das, os refugiad os foram alim entad os d iu t u rn am en t e p o r
um a ard ilosa cam panha anti- sem ítica e ex p lo rad o s ao
m áx im o p elos in im ig os d o Est ad o jud eu. Nasser, o co-
64 ISRAEL, GO G UE E O ANTICRISTO

ronel egíp cio q u e se rend eu em 1948 no m esm o local


o n d e Go l ias caiu d iant e de Davi, apoderou- se d o gover­
no d o Eg i t o e t en t o u u n ir o seu p o vo pelo ó d io aos
jud eus, co m o fizera H it ler na Alem an h a. Ele inst igou
seus irm ãos r ef ugiad os, e desses cam pos g r u p o s assassi­
nos t r einad os, cham ad os f e d a y r r í, f oram enviad os ao
t er r i t ó r i o de Israel para d est r u i r e matar.
En q u an t o se m u lt ip l icavam os at en t ad o s à so b e­
rania d o n o vo Est ad o e à vid a de seus cid ad ão s, ag r a­
vava- se a g u er r a f ria. A s p o t ên cias m u n d iais, ex t r em a­
m en t e d ep en d en t es d o s r ecu r so s p et r o l íf er o s da
M eso p o t âm i a, deix aram - se en vo l ver cada vez m ais n o
p r o b lem a p alest in o , su g er i n d o so l u çõ es para a paz e
ao m esm o t em p o p r o cu r an d o co n so l i d ar sua i n f l u ên ­
cia na r eg ião , at r avés d e vast o f o r n eci m en t o de m o ­
d er n o s eq u ip am en t o s m ilit ar es.
Dessa m aneir a, a si t u ação na Terra San t a t r an sf o r ­
m ou- se n um p er i g o so b ar r i! de p ó lvo r a.
Em 1956, t o d o o ó d io árabe, alim ent ad o dia a dia
desde 1948, t r an sb o r d o u . Nasser apoderou- se d o canal
de Suez e am eaçou Israel. Já p o r diversas vezes grit ara
ele que haveria de vin g ar sua d er r o t a de 1948, em p ur­
r and o os j ud eu s at é o mar. M as o p rim eiro- m inist ro
Ben - Gu r io n resolveu at acar p r im eir o , num a rápida e
f ulm inan t e cam panha. E os israelenses, com and ad os p o r
M o sh e Dayan, lim param o Sinai, localizand o e d est r u in ­
d o as bases inim igas, o n d e en co n t r ar am vast os d ep ósi­
t o s de arm as russas.

Seis dias gloriosos


A s d err ot as de 1948 e 1956 não bast aram para que
os p o vos árabes aceit assem a realidade inegável da ex is­
t ência de Israel co m o nação e de sua f irm e d et er m in a­
ção de m an t er a ind ep end ência d o país m esm o às cus­
tas de en or m es sacrif ícios.
DEUS LUTA POR ISRAEL 65

A r m ad o s pelas grandes pot ências e est im ulados p o r


seus g over nos b elicosos, os árabes, lid erad os pelo d it a­
d o r eg íp cio Gam ai A b d el Nasser, planejaram e t en t a­
ram , em j u n h o de 1967, a d est r u ição d o Est ad o j udaico.
Foram seis dias de m ed o e apreensão em t o d o o m u n­
d o , de t er r ível surpresa e h um ilhação para os invasores
e de grandes e inesquecíveis glórias para a j ovem nação
israelense.
Em 26 de m aio de 1967, Nasser assust ou o m u nd o
co m uma ar ro g an t e ameaça: "N o s so o b j et ivo básico é
d est r u ir Israel". Falava na qualidade de com an d an t e su­
p rem o das num erosas e bem arm adas f orças árabes. M as
os seus am b iciosos int en t os, p erf eit am ent e prat icáveis
d o p o n t o de vist a da lógica hum ana, não f oram alcança­
dos. O s soldad os j ud eus, co n st it u i n d o talvez o mais efi­
cient e ex ér cit o d o m u n d o , enf rent aram h eroicam en t e
o s i n i m i g o s , d e s t r o ç a r am p o r c o m p l e t o o seu
m o d er níssim o eq uip am en t o b élico e am pliaram , para
quase q u at r o vezes, o t er r i t ó r i o de seu país.
O s prejuízos sof r id o s pelos árabes, em preciosas vi­
das hum anas e em car íssim o ar m am en t o , f oram deveras
im pressionant es. N o s seis dias de g u er ra, m o rrer am dez
mil egíp cios, 15 mil j ord an ian os e m ilhares de sírios,
iraq uianos e com b at en t es de o u t r o s países. So m en t e o
Eg i t o perd eu q u at r o cen t o s aviões, seiscent os t anq ues e
m ilhares de peças de art ilh aria, m unições, arm as leves e
veículos, su p eran d o o val o r de um bilhão e m eio de
dólares! Em t od a a g u er ra apenas set ecent os soldados
j ud eus perd eram a vida.

Com o a maioria das guerras, a de junho de 1967 foi


conseqüência de estimativas mal feitas por vários dos
implicados. Se houve alguma responsabilidade pelas gran­
des perdas infligidas aos árabes, ela é inteiramente dos
soviéticos. Foram os soviéticos que incitaram os árabes a
movimentos perigosos.20
66 ISRAEL, G O G UE E O ANTICRISTO

Co m o result ad o de mais esse co n f r o n t o b élico, Je­


rusalém passou in t eir am en t e para o d o m ín i o israelita
no dia 8 de j un h o. A sua r eunif icação pôs t er m o a um a
série de rest rições im postas pelas aut oridades jordanianas
aos crist ãos, co m o :

1. p r o ib in d o a aq uisição de t er r as na cid ad e o u em
seus ar red ores;
2. o b r ig an d o os m em b ros da Irm an d ad e d o San t o
Sep u lcr o a se t o rn ar em cidadãos jord anianos, sen­
d o eles gregos desde o sex t o século;
3. ex igind o dos crist ãos a guarda dos dias de r ep o u­
so semanal dos m u çulm anos;
4 . ab o lin d o as isenções de im p o st os a q u e t inh am
d ir eit o as in st it u içõ es crist ãs.

So b o d o m ín i o isr aelen se, Jer u sal ém t o r n o u - se


um a cid ad e ab er t a, o n d e há lib er d ad e d e c u l t o p ar a
t o d as as r eli g i õ es, e o n d e o p r o g r esso est á p r esen t e
em t o d o s os set o r es d e sua vid a. A cad a an o , um
n ú m er o cad a vez m ai o r d e t u r i st as visit am a cid ad e.
Sua p o p u l ação f ix a, q u e era d e 165 m il em 1948 e de
ap enas 261 m il em 1967, su b i u p ar a p er t o de q u i ­
n h en t o s m il em 1999, co n sid er an d o - se t o d a a área
da Gr an d e Jer u salém .
O em p en h o d o g o ver n o em p r o t eg er os lugares
sagrad os de Jeru salém p o d e ser n o t ad o em um a lei
ap rovad a em 27 de j u n h o de 1967, seg u n d o a qual os
sant os lugares seriam p r o t eg id o s co n t r a q u al q u er v i o ­
lação, assim co m o co n t r a q u al q u er i n t en t o d e d i f i cu l ­
t ar aos m em b r o s das d iversas r eligiões a lib erd ad e de
acesso aos lugares q u e lhes são sagrados ou pelos quais
sent em ven er ação. A p r o f an ação d o s sant os lugares
seria p u n id a co m at é set e an o s de prisão.
DEUS LUTA POR ISRAEL 67

Tant o ant es co m o d u ran t e a Gu er r a d o s Seis Dias, a


ent ão Un i ão Soviét ica em penhou- se vig or osam ent e pela
vit ó r ia árabe. A o s inim igos de Israel ela f or neceu arm as
e m u nições em ab und ância, o r i en t o u o seu uso e final­
m ent e em p urrou- os para o desastre. M as a Un i ão So vi ­
ét ica não esperava a d er rocad a de seus aliados e p r o t e­
gidos, e t eve de su p o r t ar ver g o n h o sam en t e essa d u r a
realidade. M o r al e p sicolog icam ent e, ela t am b ém sof reu
o revés da guerra.

" Pr o i b i d o p ar a j u d e u s "
Em d eco r r ên cia da gigant esca cam panha em p r een ­
dida pelos aliados d o s países árabes após a d er r o t a des­
t es em 1967, com o fim de o b r ig ar os jud eus a um
r ecu o em suas f r on t eiras de segurança, o j ornalist a nor­
t e- am ericano Er i c Ho f f er p u b lico u o seguint e ar t ig o no
Lo s A n g e l e s Tim es:

Os judeus são um povo singular: coisas permitidas


a outras nações são proibidas aos judeus. Out ras nações
expulsam milhares de pessoas e ninguém fala de um pro­
blema de refugiados. A Rússia o fez; a Polônia e a
Checosiováquia também; a Turquia expulsou um milhão
de franceses; a Indonésia mandou embora não se sabe
exatamente quantos chineses. E ninguém disse uma pala­
vra sobre refugiados.
Mas no caso de Israel, os árabes deslocados torna-
ram- se eternos refugiados.Todo o mundo insiste em que
Israel deve trazer de volta cada árabe. Ar nold Toynbee
considera o deslocamento dos árabes uma atrocidade
maior do que as que foram cometidas pelos nazistas.
Out ras nações, quando vitoriosas no campo de ba­
talha, ditam os termos da paz. Mas quando Israel vence,
deve clamar pela paz. Todo mundo espera que os judeus
sejam os únicos verdadeiros cristãos deste mundo.
68 ISRAEL, G OG UE E O ANTICRISTO

Out ras nações, quando derrotadas, sobrevivem e se


recuperam. Mas se Israel tivesse sido derrotada, teria sido
destruída. Se Nasser tivesse vencido em junho do ano
passado [1967], ele teria varrido Israel do mapa e nin­
guém teria levantado um dedo para salvar os judeus.
Nenhum compromisso dos judeus com qualquer gover­
no, incluindo- se o dos Estados Unidos, valeu o papel em
que foi escrito.
Há uma grita geral em t odo o mundo contra o
ultraje quando pessoas são mortas no Viet nã ou quando
dois negros são executados na Rodésia.Mas quando Hitler
assassinou os judeus ninguém protestou. Os suecos, que
estão prontos a romper relações com os Estados Unidos
por aquilo que é feito no Vietnã, não se mexeram quan­
do Hit ler assassinava judeus. Mandaram para Hit ler mi­
nério de ferro da melhor qualidade, além de rolamentos,
e abasteceram seus trens de tropas que se dirigiam para
o Noroeste.
Os judeus estão sozinhos no mundo. Se Israel so­
breviver será exclusivamente por causa dos esforços ju­
deus. E dos recursos judeus [,..]21

Pela su a e l o q ü ê n c i a , a o p i n i ã o d e Er i c H o f f e r d i s p e n ­
sa c o m e n t á r i o s e ex p r essa u m a r eal i d ad e q u e já n ão
p o d e s e r n eg ad a. Isr ael p r eci sa v i v e r ! M a s ac e r c a d esse
i s o l a m e n t o d e Isr ael , e s c r e v e u u m j o r n a l i s t a j u d e u :

N o cu r t o período de nossa história nacional, nós


nos acostum am os à idéia de que estamos mais ou me­
nos isolados dent ro da família das nações.
Tão logo a cort ina se ergueu, os ingleses' nos t ra­
íram, por uma questão de t radição; depois, foram os
russos que passaram para o out ro lado do cor red or;
os franceses nos jogaram um embargo nas costas as­
sim que sentiram uma inebriante aragem de pet róleo
brut o; e os alemães esfriaram consideravelm ente, tão
DEUS LUTA PO R ISRAEL 69

logo com preenderam as vantagens inerentes à derrota


militar. Quem mais?
U Thant nos odiou até a medula dos nossos ossos
desde o princípio, por causa de nossas pequenas dimen­
sões, e quanto aos nossos amigos norte- americanos, o
ardor deles arrefece assim que as eleições presidenciais
se encerram. [...] E agora só nos restam os judeus do
mundo.22

A s s o m b r o e m ilag r e

A s espet aculares vit ó rias d o s jud eus t êm sido um


assom b r o para o m u nd o. Co m o p od e uma pequena
nação, habit ada p o r m enos de t rês m ilhões de pessoas,
levar à b ancar rot a nada m enos que 14 países aliados,
com um a p o p u lação su p er io r a cem m ilhões?
Nen h u m a respost a, fora da Bíblia Sagrada, p o d e sa­
t isfazer p lenam ent e a razão hum ana. A Palavra de Deus
fala com uma clareza m eridiana dos últ im os sucessos
israelenses no O r i en t e M éd io :

E os plantarei na sua terra, e não serão mais arranca­


dos da sua terra que lhes dei, diz o Senhor, teu Deus
[Am 9.15],
Naquele tempo, os egípcios serão com o mulheres, e
tremerão, e temerão por causa do movimento da mão
do S e n h o r dos Ex ércitos, porque ela se há de mover
contra eles. E a terra de Judá será um espanto para o
Egito; t odo aquele a quem isso se anunciar se assombra­
rá, por causa do propósito do S e n h o r dos Ex ércitos, do
que determinou contra eles [Is 19.16,17].

Nesses dois t ex t os, a Palavra de Deus afirm a que os


j udeus seriam plant ados na sua t er ra, de on d e não seriam
mais arrancados, e que os egípcios seriam co m o m ulhe­
res diant e de Israel. Q u ão à risca essas palavras t êm sido
70 ISRAEL, G O G UE E O ANTICRISTO

cum pridas! O m edo dos soldados egípcios diant e do


ex ércit o israelense t em sido t ão grande que, muitas vezes,
os judeus não encont raram a m ínim a resistência.
An t es da Gu er r a dos Seis Dias, em 1967, o ot im ism o
dos árabes era evident e e se manifestava nos discursos de
seus chef es.Nasser,discursando a 29 de maio daquele ano,
p o r t an t o uma semana antes do início d o conf lit o, af irm ou
solenemente:

O povo árabe tem que lutar. Esperamos o dia propício


para estar plenamente preparados. Agora nos sentimos
bastante fortes e, se entrarmos na batalha contra Israel,
Deus nos ajudará e haveremos de triunfar. Com esta certeza
decidimos dar os passos atuais.23

"Atingimos o estágio crucial da guerra", alardeava a


rádio do Cairo. A rádio de Am ã advertiu os israelenses:
"É melhor fugir agora, enquanto não chegamos. Vocês
sabem como os árabes exercem a sua vingança. Vocês
serão todos mortos; portanto, é melhor abandonar o
país agora, enquanto ainda há tempo".24

Nad a disso o co r r eu . A l u f Sh lo m o Go r en , p rincipal


capelão d o ex ércit o israelit a, redigiu um a prece para os
soldad os judeus recit arem ant es dos com b at es, baseada
em passagens bíblicas:

Ouve, ó Israel, hoje vos achegais à peleja contra os


vossos inimigos; que se não amoleça o vosso coração;
não temais nem tremais, nem vos aterrorizeis diante de­
les; pois o Senhor vosso Deus é quem vai convosco, a
pelejar contra os que pelejam contra mim. Pega do escu­
do e da rodela, e levanta- te em minha ajuda. Porque eis
que teus inimigos se alvoroçam, e os que te aborrecem
levantaram a cabeça. Astutam ente formam conselho con­
tra o teu povo, e conspiram contra os teus protegidos.
DEUS LUTA POR ISRAEL 71

O s judeus f oram vit o r io so s e m uit os volt ar am d o


cam p o de bat alha co n ver t i d o s e relat and o os m ilagres
q u e t inham vist o com os p r ó p r i o s olhos. Um j ornal
crist ão de Jerusalém p u b licou alguns desses m ilagres,
salient and o que, de m aneira est ranha e in ex p licável,cen ­
t enas de t anq ues e canhões inim igos nem seq u er ch e­
garam a en t r ar em ação; m uit os aviões de com b at e egíp­
cios não est avam prep arados, apesar d o alert a t ot al; o
rad ar não f un cion ava d evid am en t e e, p o r vezes, o alar­
me d os at aques aéreos só era o u vid o q u an d o as f or t ale­
zas voad or as de Israel já haviam at in g id o os seus o b j et i­
vos e regressavam ilesas às suas bases.
M u i t o s soldados cont aram que, em situações difíceis,
q uando já não havia nenhum a possibilidade de sobrevi­
vên cia,"u m varão de branco apareceu p o r alguns segun­
dos ent re as fileiras, e os egípcios, t om ad os de repent ino
assom bro, fugiram em debandada".
Alg u n s pára- quedistas que part iram com a missão de
desalojar o inim igo de uma posição estratégica chegaram
ao local com o turistas, porque os egípcios fugiram sem
disparar um só tiro!

Em Sharm- el- Sheik, dois pára- quedistas israelenses de­


pararam- se com um enorme tanque egípcio do qual so­
bressaíam as cabeças de dois soldados. "Po r que será que
eles não nos matam?" pensei. "O u será uma emboscada?
Mas por que fazer uma emboscada, se nos vêem perfeita­
mente?" O meu companheiro e eu nos movíamos vagaro­
samente, cuidadosamente, em direção ao tanque — mas os
dois soldados que o tripulavam não se mexiam; pareciam
rígidos."O que será? Que aconteceu?"
Contamos 18 soldados egípcios dentro daquele tan­
que, e todos estavam vivos e com saúde — e todos eles
levantaram as suas armas em rendição! O tanque estava
cheio de armas, canhões carregados e prontos a semear a
morte e a destruição. Perguntamos aos soldados por que
72 ISRAEL, G OG UE E O ANTICRISTO

é que não disparavam. "Não podemos ex plicar", res­


ponderam eles. "Qu an d o vimos os soldados israelitas,
as nossas mãos ficaram paralisadas — não pudemos
m over os dedos — e um medo terrível se apossou de
nós. E é só".25

O jo vem ju d eu A b r a h a m El i ez er , c r i s t ã o e v a n g é l i ­
c o , q u e s e r v i u n essa g u e r r a , t e s t i f i c a :

Ant es da Guerra dos Seis Dias, um homem idoso


andava pelas ruas de Jerusalém predizendo exatamente o
que se iria passar e o dia em que o conflito principiaria.
Ele declarou que o Deus de Israel está vivo e que prome­
teu estar com o seu povo durante a batalha. A profecia
cumpriu- se literalmente. Deus lutou por Israel na Guerra
dos Seis Dias, pois de outra forma nunca poderíamos
vencer, tal a desproporção dos exércitos em cena.
Depois da guerra, alguns dos meus companheiros
disseram- me que as nossas forças haviam avançado com
tanta rapidez, em determinada zona, que tomaram um
campo de aviação egípcio na península do Sinai, antes de
os aliados árabes telefonarem para o campo oferecendo
aviões de combate argelinos. O nosso oficial respondeu
em egípcio, permitindo a aterragem dos aviões. Todos
eles foram imediatamente capturados.
O mais interessante — continua Abraham Eliezer
— ocorreu na campanha do Sinai com os militares egíp­
cios feitos prisioneiros. Perguntamos a um veterano de
guerra egípcio por que motivo desistiram eles com tanta
facilidade. Respondeu- nos que tanto ele com o seus com ­
panheiros tinham visto anjos ao lado dos israelitas. Ver­
dadeiramente Deus interveio em defesa da minúscula
nação israelense.

A r esp eit o d o s in ú m er o s ap ar ecim en t o s d e o b j et o s


v o a d o r e s n ão i d e n t i f i c a d o s [ ó v n i s ] , p o r o c a s i ã o d as ba-
DEUS LUTA POR ISRAEL 73

t alhas en t r e judeus e árabes na Palest ina, não deix a de


int eressar a af irm ação de Ro b er t Barry, chef e da divisão
de d ivu lg ação e d i r et o r d o escr i t ó r i o sob re ó vn is, num
p ro g ram a de r ád io de Yoe, Pensilvânia, EU A , sob o
t í t u l o ' A in ven cib ilid ad e de Israel e dos ó vn is":

Deus e seus óvnis, dirigidos por anjos pilotos, aju­


daram Israel na vitória sobre os árabes nas quatro guer­
ras de 1947,1956,1967 e 1973.

De f at o, a im prensa d i vu l g o u que, d u r an t e as guer­


ras árabe- israelenses, grand e n ú m er o desses est ran h o s
o b j et o s f oram o b ser vad o s no ar, p r o vo can d o o p ân ico
en t r e as t r o p as árabes. Bar r y co n t a q u e mil so ld ad o s
eg íp cio s se en t reg aram a cem o p o si t o r es p o r q u e se
viram r od ead os p o r m ilhares de israelenses e p o r dez
t anq ues.
O s m ilagres realm ent e acont eceram no O r i en t e M é ­
d io , em razão da presença ali do p o vo de Israel. M esm o
não aceit an d o a in f o rm ação de que os óvn is realm ent e
ex ist am e sejam p ilot ad os p o r anjos, t em os de r eco n h e­
cer que h ouve, de f at o, a o co r r ên cia de coisas esp ant o­
sas em f avo r d os israelitas, facilit ando- lhes as vit ó r ias
em t o d o s os cam pos de batalha.
O f ort alecim ent o e f lorescim ent o de Israel é hoje uma
realidade incont est ável e assinala, com o o relógio de Deus,
a prox im idade da vinda de jesus.

D eu s g u er r eo u p o r Isr ael
E na guerra do Yom Kip u r [Dia do Perdão] não acon­
t eceu diferente. M esm o atacados de surpresa, os judeus
assumiram o cont role com p let o da situação, e quase se
apoderaram do Egit o, não fosse o cessar fogo decret ado
às pressas pelas Nações Unidas, p o r insistência do p r ó p r io
Eg it o e de seus aliados.
74 ISRAEL, G OG UE E O ANTICRISTO

Seg u nd o cálculos d o In st it u t o Est r at ég ico In t er n a­


cional, sediado em Lon d r es, egíp cios e sírios perderam
nessa guerra o t ot al de 22 mil hom ens, t en d o o Eg it o 15
mil m o r t o s e 4 5 mil f eridos, e a Síria, sete mil m o r t o s e
21 mil f eridos. Israel t eve 2.812 m o r t o s e 7 .5 0 0 f eridos.
A m esm a f ont e dá con t a de que os sírios em p rega­
ram ent re n o vecen t os e 1.200 t anq ues e cerca de 45 mil
hom ens co n t r a um dest acam en t o israelense de apenas
4 .5 0 0 h om ens e 180 t anq ues no Go l ã! N a f r en t e egíp ­
cia, a Linha Barlev t inha seiscent os h om ens ap oiad os
p o r um a brigada m ot orizad a e cerca de 2 4 0 t anques.
A s perdas em t anq ues f oram , para os lados: o i t o cen t o s
israelenses, 6 5 0 egípcios e seiscent os sírios. E em aviões:
106 israelenses, 185 sírios e 2 3 0 egípcios.
O u t r a f ont e in f or m o u que, nessa gu er ra, o Eg it o
lançou set ecent os mil h om ens na bat alha, assessorados
p o r 2 .5 0 0 t anq ues, 6 5 0 aviões e 150 bat erias de mísseis
ant iaéreos. E, apesar de t o d o esse gigant esco ap ar at o
m ilit ar, foram d u r am en t e bat idos.
Levando em cont a t od o o esforço bélico dos árabes e
mais o f at or surpresa, muita gente afirm ou que só um mila­
gre poderia salvar Israel. E o milagre aconteceu. O surpreen­
dente resultado dessa e de out ras guerras entre árabes e
israelenses não pode ser atribuído som ente ao treinam ent o
rigoroso dos batalhões e à eficiência das armas de Israel.

A ex p an são t e r r i t o r i a l
A in st alação de vár ias co lô n ias j ud aicas n os t e r r i ­
t ó r i o s o cu p ad o s p o r Isr ael, nas ú lt im as g u er r as, vem
t r az en d o co m p licaçõ es i n t er n acio n ais cer t am en t e já
previst as p elo g o ver n o israelense, p ois está sen d o co n ­
sid erad a um a af r o n t a aos p lan os de paz na r eg ião só
p o d er ser “ d i scu t i d a" ap ós o r ecu o d o Est ad o j u d eu
às suas linhas d em ar cat ó r i as de 1948.
Israel d ef en d e a n ecessid ad e de f r o n t ei r as seguras
para seu país e suas ú lt im as m u d an ças p o lít icas vi e­
DEUS LUTA POR ISRAEL 75

ram r ef o r çar ainda mais essa posição. A t r ai ço ad o várias


vezes p o r seus viz in h o s, ab an d o n ad o p o r seus aliad os
e m ais de um a vez d eix ad o à sua p r ó p r i a so r t e p elo s
o r g an i sm o s in t er n acio n ais, o país h eb r eu sabe dos
r isco s q u e co r r e e p o r isso m esm o age seg u n d o o
seu p r ó p r i o cr i t ér i o de seg urança.
M as ex ist e o u t r o asp ect o d o p r o b lem a p alest in o ,
q uase sem p r e d esco n h eci d o e n eg lig en ci ad o pelas
g r an d es p o t ên cias: a escat o lo g ia bíblica. Em realid ad e,
a Bíb lia n ão é co m p u lsad a p elos p o l ít i co s em b usca
d e um a r esp ost a aos m i st ér i o s q u e en vo lvem a d es­
cen d ên cia de A b r aão . Co m o j u st i f i car a so b r evivên cia
desse p o vo p er seg u id o d u r an t e t an t o s sécu l o s e o
seu r et o r n o à Terra San t a, senão pela ação d e um
Deu s et er n o ?
E, p ara t o r n ar em f at o h ist ó r i co o q u e p r o m et eu ,
Deu s se serve at é m esm o d o s in im i g o s d o seu p o vo ,
co m o aco n t eceu ap ós a Seg u n d a Gr an d e Gu er r a. A
Un i ão So vi ét i ca, t r ad i cio n al o p r esso ra de t r ês m ilhões
d e j u d eu s r ad icad o s em seu t e r r i t ó r i o , m o vi m en t o u -
se d i p lo m at i cam en t e pela cr iação d o Est ad o j u d eu na
Palest in a, e esse Est ad o nasceu num só dia, 29 de
n o vem b r o de 1947, p o r d elib er ação da Assem b léia
Ger al da O N U , p resid id a p elo ch an celer b r asi lei r o
O sval d o A r an h a. Cu m p r ia- se Isaías 6 6 .8 :"Po d e, acaso,
n ascer um a t er r a num só d i a ?" [ A RA ] .
Co m o é sab id o , a i n t en ção russa na o casião era a
d e est ab elecer n o O r i e n t e M é d i o um a base de i n f l u ­
ência via Israel, mas foi f r u st rad a. En t ão volt ou - se para
os ár ab es, ar m ou - os e os em p u r r o u p ara sucessivas
g u er r as co n t r a os j u d eu s, r esu lt an d o na am p liação
t er r i t o r i al d est es em p rej u íz o daq ueles. O p o vo j u ­
d eu , am ad o p o r Deu s p o r causa das p r o m essas, n u n ­
ca m ais será ar r an cad o da sua t er r a.
M as a colonização israelita dos t er r it ó r i o s t om ad o s
aos árabes não deve ser encarada apenas d o p o n t o de
76 ISRAEL, G OG UE E O ANTICRISTO

v i s t a d a s e g u r a n ç a d o p aís j u d a i c o , p o i s t e m r aíz es na
p r o f e c i a b íb l i ca. A t e r r a d ad a p o r D eu s ao s f i l h o s d e
ísr aei n u n c a f o i p o r est es o c u p a d a em t o d a a su a p l e n i ­
t u d e . El a é ai n d a m ai s ex t en sa d o q u e a at u al ár ea s o b o
d o m ín i o i sr ael en se, c o n f o r m e D e u t e r o n ô m i o 1.7.
A Pal av r a d e D eu s n ão f al h a!
Então, subirás, virás como uma tempestade,
far-te-ás como uma nuvem para cobrir a terra, tu e
todas as tuas tropas, e muitos povos contigo (Ez 38.9).

m dos grandes p arad ox os d o século


X X f oi, sem d ú vid a, a at it u d e da
Rússia de em penhar- se,com o nen hu ­
ma o u t r a nação, em f avo r d o s in t e­
resses d o p o vo de Israel.
Lo g o após o t ér m in o da Seg u n ­
da Gr an d e Gu er r a, d eleg ad o s da
ent ão Un i ão Soviét ica, num a febril
at ividad e, co nven ceram o m aio r n ú ­
m ero possível de países a vot arem a
f avor da criação d o Est ad o j ud eu na
Palestina. Gr aças em grande p art e ao
78 ISRAEL, G O G UE E O ANTICRISTO

ap o io da Rússia, Israel nasceu co m o país em 29 de n o ­


vem b r o de 1947 p o r d elib er ação da O N U , m ediant e a
vot ação a f avo r d e 33 a 13. Presidia a Assem b léia Ger al o
ch an celer brasileiro Osval d o Ar an h a.
A cr iação d o Est ad o de Israel cu m p r i u um a p r o ­
fecia de Isaías, q u e d i z :"Q u em jam ais o u viu t al co isa?
Q u em viu co isas sem elh an t es? Poder- se- ia fazer nas­
cer um a t er r a em um só d ia? N ascer i a um a n ação de
um a só vez ? M as Sião est eve de p ar t o e já deu à luz
seus f i l h o s" [Is 66.8].
O est r an h o co m p o r t am en t o d o s co m u n ist as em
f avo r d o s j u d eu s n ão p o d er ia passar d esp er ceb id o .
Vár i as co n j ect u r as vier am à t o n a e m u it as p er g u n t as
f o ram f eit as em t o d o o m u n d o so b r e o q u e est ar ia
p r et en d en d o a su p er p o t ên ci a ver m elh a.
A s suspeit as eram p er f eit am en t e p r o ced en t es, um a
vez q u e os j u d eu s, p o r sua secu lar t r ad i ção r elig iosa,
sem p re f or am co n sid er ad o s, d en t r o e f ora da " c o r t i ­
na d e f er r o ", in i m i g o s d eclar ad o s d o regim e at eíst a
de M o sco u . Nessas co n d içõ es, eles f oram alvo d o ó d io
co m u n i st a, m u it as vezes ex t r avasad o em san g r en t o s
m assacres.
Fiéis à sua an t ig a f é, as co m u n id ad es isr aelit as da
Un i ão So vi ét i ca co n st it u íam sér io en t r ave ao p r o g r a­
ma de com u niz ação d o país, razão pela qual V. St ep anov,
t r ad u t o r de M ar x e um d o s m ais d est acad o s líd er es
r evo l u ci o n ár i o s, assim d et er m i n o u as d iret r iz es a se­
rem seg u id as p elo g o ver n o , t ão l o g o a r evo lu ção
b o lch evist a assu m iu as r éd eas d o p o d er na Rússia:

Precisamos lutar contra o padre, seja ele denominado


pastor, abade, rabino, m ullhah ou papa. De certa época em
diante esta batalha deve se transformar em luta contra
Deus, seja ele denominado jeová, jesus, Buda, ou Alá.26
GOG UE E SEUS ALIADOS 79

Q u e p r et en d i a a Rú ssia co m u n i st a ao f avo r ecer


os j u d eu s? Q u e secr et o o b j et i vo t er ia a su p er p o t ên ­
cia at eíst a, cu j o s p lan o s n ão er am nada m en o s q u e
d o m i n ar t o d o o m u n d o ?
Seg u n d o M o s h e Sn é — um d o s sio n i st as f u n d a­
d o r es d o Est ad o de Israel — , a p o l ít i ca ex t er n a so vi ­
ét i ca, ao f inal da Seg u n d a Gr an d e Gu e r r a , est ava
lo n g e d e si g n i f i car um a t o l er ân ci a p ara co m o p o vo
j u d eu .

Naquela época [1948], em que a União Soviética


proporcionou ao jovem Estado de Israel, cercado de
inimigos, t odo seu apoio polít ico e moral, inclusive até
o fornecim ent o de armas e encaminhamento de aliyá
[via Checoslováquia e Polônia] — perpetrou- se o t er rí­
vel assassínio de escritores judeus soviéticos e caiu o
machado sobre a vida cultural da coletividade judaica
na URSS [...]
O apoio à criação do Estado de Israel e sua posteri­
or defesa contra os invasores harmonizavam- se inteira­
mente com os propósitos políticos da URSS, com vistas
à primeira abertura de sua posição no Mediterrâneo como
grande potência.
Não obst ant e, ao mesmo t em po, Stalin, Béria e
seus comparsas temiam que o apoio ao Est ado de Is­
rael pudesse ser interpretado pelos judeus russos com o
sinal verde à intensificação e ao cultivo da simpatia ou
de quaisquer laços com o novo Est ado judeu e com o
povo judeu espalhado pelo m undo, num instante em
que a guerra fria ainda se encontrava no auge, o que
fazia com que qualquer cont at o de um cidadão sovié­
t ico com o estrangeiro o tornasse suspeito desde o
início com o t raidor, espião ou agente do inim igo.27
80 ISRAEL, G O G UE E O ANTICRISTO

O m a l o g r o d a p o l ít i c a r u s s a

O t est em u n h o insusp eit o de M o sh é Sné — em vir­


t u d e de suas at ividades p ró- com u nist as e t ent at ivas de
ap rox im ação co m o Kr em lin •— m ost r a que o co m p o r ­
t am en t o da URSS, na época, co r r esp on d ia a mais uma
t ent at iva visan d o aos seus p r ó p r io s interesses nacionais,
uma vez que o so n h o da ex pansão russa r u m o ao Le­
vant e, q ue vem desde a época czarist a, sem pre foi f r u s­
t r ad o pelas pot ências ocid ent ais, n ot ad am en t e pela Gr ã-
Bret anha.
O int eresse russo na Palest ina foi ag uçad o no início
d o sécu lo X X com a d esco b er t a d os vast os lençóis pe­
t rolíf er os e das facilidades da navegação propiciadas pela
rot a d o canal de Suez. A o fim da Segund a Gu er r a M u n ­
dial, surgiu en t ão a esperada o p o r t u n i d ad e para os ru s­
sos, e eles apegaram- se a ela com o m aio r ent usiasm o
possível. N u m m u n d o m er g u lh ad o na m iséria e no f eu­
dalism o, co m o era o M éd i o O r i en t e, Israel d esp ont ava
co m o uma nação m o d er n a e,acim a de t u d o , sim pát ica à
URSS e à sua causa, pois já era sob ej am ent e con h ecid a a
inclinação socialist a d os líderes e f u n dad o res d o Est ad o
israelita.
O s k i b u t zi m eram m o d elos de organizações soviét i­
cas e m uit os p o lít ico s de inf luência em Israel m anif est a­
vam p u b licam ent e sua t end ên cia esquerdist a. A l ém dis­
s o ^ In g lat er r a,q u e sem pre co n st it u iu o m aio r ob st ácu ­
lo à p en et ração russa no O r i en t e M éd i o , t ornara- se
d et est ada pelo Est ad o j ud eu em vir t u d e de sua p olít ica
ant i- sionist a na região.
Todavia, m alog rou a p olít ica russa em relação a Isra­
el, e esse m alog r o levou os russos a p r ocu r ar em vingar-
se p o r m ãos de t erceiros. Ap r oveit an d o- se de um la­
m ent ável err o de cálcu lo das p ot ên cias ocid en t ais, ao
negarem ao Eg i t o a ajuda m ilit ar que este solicit ava, os
russos p en et r ar am e am pliaram sua inf luência na região
GOG UE E SEUS ALIADOS 81

at ravés de f o r n ecim en t o de sof ist icad o eq u ip am en t o


m ilit ar aos inim igos d o Est ad o hebreu.
Em 1972, q u an d o os m ilhares de assessores e con se­
lheiros m ilit ares russos f oram ex pulsos d o Eg it o pelo
p resident e Sadat , eles p r o cu r ar am t r an sf erir suas cabe-
ças- de- ponte para o u t r as nações, p r incip alm en t e Síria,
Iraq u e e Líbia.

Id e n t i f i c a n d o G o g u e e seu b an d o
Filho do homem, dirige o rosto contra Gogue, terra
de Magogue, príncipe e chefe de Meseque e de Tubal, e
profetiza contra ele. E dize: Assim diz o Senhor J e o v á : Eis
que eu sou contra ti, ó Gogue, príncipe e chefe de
Meseque e de Tubal. E te farei voltar, e porei anzóis nos
teus queixos, e te levarei a ti, com todo o teu exército,
cavalos e cavaleiros, todos vestidos bizarramente, con­
gregação grande, com escudo e rodela, manejando t o­
dos a espada; persas, etíopes e os de Pute com eles, t o ­
dos com escudo e capacete; Go m er e todas as suas t r o­
pas; a casa de Togarma, da banda do Nor t e, e todas as
suas tropas, muitos povos contigo [Ez 38.2- 6].

Su g er im o s ao lei t o r o ex am e de t o d o o t ex t o co m ­
p reen d id o pelos cap ít u los 38 e 39 de Ezequiel.
A d escrição que o p rof et a faz dessa f u t u r a invasão
talvez se ressinta da p r o f u n d a im pressão deix ada pela
invasão dos cit as em 6 3 0 a.C. Pr oced en t es d o n o r t e,
eles devast aram co m o um t u r b i lh ão as ant igas civiliza­
ções m esop ot âm icas e siríacas, mas acabaram an iq u ilan ­
do- se em vir t u d e de seu p r ó p r i o esf or ço d esor denad o.
Co m o Ezequiel escreveu as suas prof ecias cerca de
sessenta anos d ep ois da invasão cit a e co m o n enhum
o u t r o even t o o co r r eu no passado que sugerisse o cu m ­
p r im en t o de tais p red ições, não t em os alt ernat iva senão
aceit ar co m o o mais razoável que se t r at e ef et ivam ent e
82 ISRAEL, G O G UE E O ANTICRISTO

de aco n t ecim en t o s p ro jet ad os num a ex t rem a dist ância,


no fim dos t em p os. Seriam , ent ão, t ex t os escat ológ icos
cont ex t u alizad os co m as p r ed ições ap ocalíp t icas [2 0 .7 ]
de grand es e m ist eriosas bat alhas q u e d ever ão p r eced er
o final da h ist ória.28
A n t ô n i o Neves de M esq u it a ident if ica os p o vo s
m encion ad o s p o r Ezequiel co m o d escen d en t es de Jafé:

Magogue, Tubal e Meseque são mencionados por


Ezequiel, e seus nomes correspondem aos de Mogul,
Mongólia, Tobolski, Moscou e Moscovi.29

Um r e in o d e t revas

En t r e os lex icógraf os m o d er n o s, é o p in ião co r r en t e


q ue a Rússia represent a hoj e a ant iga Ro sh , pois essa
palavra, que nas versões m od er nas aparece co m o ch ef e,
no or ig inal h eb raico é r o sh .

Em súmere — afirmam os teólogos — Gogue sig­


nifica t revas e nos soaria bem tão expressivo nome dos
típicos inimigos do povo de Deus. Magogue deveria ser
decom posto em M ã t u [ t erra ou região ] e Go g u e. a terra
das trevas. Entretant o, são mencionados na relação dos
povos vizinhos de Moscou e Tubal [Gn 10.2], um país e
um povo de Magogue. Aq ui, abstração feita dos dados
geográficos e nacionais, os referidos povos se nos apre­
sentam com o os derradeiros inimigos de Israel, com o no
Apocalipse, quais últimos opositores de Crist o e dos
seus fiéis.30

É f at o incont est ável que em n en hu m país d o m u n ­


d o t enh a h avid o t ant a t reva espirit ual co m o na Rússia,
on d e d u r an t e cerca de o i t o décadas a saudação co m u ­
nista t enha sido "o p u n h o f echad o e levant ad o co n t r a o
G O G UE E SEUS ALIADOS 83

céu 7 em desaf io a Deu s" [D. M . Pan t on ], e on d e cr ist ãos


de diversas conf issões f oram cr u elm en t e m art irizados.
So m en t e a Igreja O r t o d o x a venera co m o m árt ires 58
bispos e mais de mil padres, m o r t o s sob o co m u n ism o
r usso ant es de 1923. E que f alar dos m ilhões de evangé­
licos que ali sof rer am ou f oram m art iriz ad os p o r causa
da sua f é? E que f alar d o s m ilhares de jud eus vít im as
d o s p o g r on s livr em ent e realizados na Rússia ent re 1871 e
1921?
O p ast o r lu t er an o Rich ar d Wu r m b r an d ,q u e pas­
sou 14 long os anos em cadeias com u nist as e que possui
em seu co r p o as m arcas das t o r t u r as que sof reu p o r
não d en u n ciar os nom es d os cr en t es secret os, co n t a o
seguinte:

Experimente colocar uma colher bem cheia de sal


em sua boca e então engula o sal. Depois disto, espere
uma hora para tom ar água.Você não agüenta. É insupor­
tável. Entretant o, quatro colheres cheias de sal foram
colocadas em nossas bocas e não nos foi dada água ne­
nhuma. Crentes foram presos a cruzes por quatro dias e
quatro noites. Duas vezes por dia as cruzes eram baixa­
das até o chão e os outros prisioneiros eram obrigados
a fazerem as suas necessidades fisiológicas sobre as faces
e corpos dos crucificados. Então as cruzes eram levanta­
das novamente e os comunistas ao redor delas, zomban­
do diziam: "Vejam o seu Cr ist o, ele traz o perfum e
celestial".31

O t e s t e m u n h o d a a r q u e o lo g i a
Parece p r o vid en cial q u e aq ueles n om es b íb lico s t e­
nham sido co n ser vad o s, p elo m enos em suas raízes,
d u r an t e t an t o s sécu los, d esd e q u e os d escen d en t es de
Jaf é hab it aram a região localizada ao n o r t e da Palest ina.
84 ISRAEL, G O G UE E O ANTICRISTO

Um est u d io so d o assun t o assim co m en t a a p r o f ecia


de Ezeq uiel 38:

A tradução grega do Antigo Testamento, a Septuaginta,


que aparece mais ou menos trezentos anos antes de Cristo
e que foi citada muitas vezes por Jesus e pelos escritores do
Novo Testamento, diz neste lugar: "Eis que Tubal..."; assim
também consta na tradução alemã feita por Menge.
Que esta designação se refere ao império russo está
fora de dúvida. Go g u e é o símbolo para a expressão cabeça
ou im perador de todos os russos. M agogue, igualmente,
uma expressão simbólica, é a terra.
Caso ainda persistam dúvidas com relação à pergunta
de quem se trata aqui, seja dito nesta oportunidade quais
eram os nomes das antigas capitais do império russo: a sede
governamental da Sibéria ou capitai asiática é Tubal ouTobolsk,
enquanto que a capital européia, desde a grande ofensiva de
Napoleão era Meseque, que mais tarde passou a ser chama­
da de Moscou. O nome M o sco u manteve- se até hoje.32

M ai s ad iant e, af irm a o m esm o au t o r :

Tendo com o base as descobertas arqueológicas, sa­


bemos que estas tribos [antepassados dos russos e de
outros europeus orientais] se estabeleceram ao norte do
mar Negro, tendo- se estendido então ao sudeste até os
últimos limites da Europa. Flávio Josefo as localizou en­
t re out ras no Leste da Alem anha, na Polônia e na
Checoslováquia. O Talmude judaico confirma esta figura
geográfica.
Concluím os disto que Gô m er e suas hordas são
povos que se localizam atrás da cortina de ferro na Eu­
ropa Oriental. Isto incluiu a Alemanha Oriental e os pa­
íses eslovacos.33
G OGUE E SEUS ALIADOS 85

A int erpret ação de Josef o e d o Talm ude de que o


Leste da Alem an h a, a Polônia e a Ch ecoslováq uia seriam
os t er r i t ó r i o s dos aliados dos russos levanta algum as in­
teressantes q uest ões.Volt aria a Rússia a ex ercer d o m ínio
sobre tais t er r it ó r io s? Seriam os at uais ocup ant es daque­
les ant igos t er r it ó r i o s os m esm os p o vos que se unirão
aos russos na invasão da Palest ina?
Co m o se sabe, a Rússia, desde que deix ou de ser a
superpot ência com unist a, vem at ravessando uma série de
crises t an t o na econom ia co m o na polít ica. Todos os pa­
íses d o Leste Eu ro p eu, aliados da Rússia, abandonaram o
m arx ism o e a sua dependência dos russos, inclusive a
Alem an h a Or i en t al que, com a queda d o verg on h oso
m uro de Berlim , desapareceu co m o país e uniu- se a seus
irm ãos ocidentais.
N o que diz respeit o à antiga Alem an h a Or i en t al , é
bom ressaltar que, antes dos nazistas deflagrarem o que
veio a se t o r n ar a Segunda Gr an d e Gu er r a, o m issionário
Jo ão KoIend a,de nacionalidade germ ânica,apresent ou um
est ud o p r o f ét ico à igreja que pastoreava no Texas, EU A ,
no qual m ost rava o lugar ex at o on d e o seu país deveria
ser dividido. Suas predições, baseadas em Ezequiel 38 e
passagens paralelas, t iveram fiel cum p rim ent o.

M a is p ro vas

É interessante n ot ar com o se avolum am as provas a


f avor da tese defendida neste t rabalho, em decorrência da
absolut a ausência de ou t r a ex plicação convincent e. Hen r y
H. Halley, p ro f u n d o est udioso da Palavra de Deus, afirma:

Meseque entendem uns que significa Moscou, ou


Moscóvia, nome antigo russo; ou um povo chamado
Mosqui, do qual se fala nas inscrições assírias, com o ha­
bitantes do Cáucaso. Julga- se que Tubal é Tobolsk, cidade
86 ISRAEL, GO G UE E O ANTICRISTO

da Sibéria; ou um povo chamado Tibereni, das praias S. E.


do M ar Negro. Gô m er pensa- se t er sido a nação dos
cimerianos que do No r t e vieram em grande número atra­
vés do Cáucaso, nos dias do Império Assírio, e ocuparam
partes da Ásia Menor, mas que foram repelidos.Togarma
julga- se que era a Armênia.
Seja qual for a exata identificação destes povos,
Ezequiel declara que habitavam nas "bandas do nort e"
[38.6,15; 39.2], e não pode haver muita dúvida de que ele
queria significar nações além do Cáucaso. Relanceando-
se a vista pelo mapa ver- se- á que ele tinha em mente
aquela p a r t e d o m u n do con h ecida h oje co m o Rússia .34
[Gr if o meu.]

O m esm o au t o r conclui tratar- se aqui de uma t errível


invasão, nos m oldes da que foi levada a efeito há 2 .6 0 0
anos pelos citas, povos de quem os russos atuais são des­
cendent es. Em 627 a.C., durant e o reinado de ]osias em
judá, esses bárbaros foram um h o r r o r para as nações do
Sudoest e da Ásia.

Corrend o pelos desfiladeiros do Cáucaso — de


onde vinham, ou o que pretendiam, ninguém sabia —
hordas após hordas de citas escureciam as ricas planu-
ras do Sul. Avançavam com o uma nuvem de gafanho­
tos, incontáveis, irresistíveis, achando as terras que en­
contravam tal e qual um jardim, e deixando- as após si
com o um deserto ululante. Não poupariam idade nem
sexo. Os habitantes das terras seriam impiedosamente
massacrados pelos invasores, ou, na m elhor das hipóte­
ses, forçados à escravidão. A s colheitas seriam devora­
das, os rebanhos t om ados ou destruídos, as vilas ou
fazendas incendiadas, a região toda tornada um espetá­
culo de desolação.35
G O G UE E SEUS ALIADOS 87

N ão est ariam os ci t a s m o d er n o s ensaiand o mais


um a d est r u id o r a o cu p ação arm ad a d o M éd i o O r i en t e,
ainda m ais p avor osa d o q u e a acim a d escr it a e q u e foi
a r uína de Ju d á?
Hal - Li n d sey e C. C. Car l so n , em A a g o n i a d o
g r a n d e p l a n et a T e r r a , cit am Lo w t h , Ch am b er l ai n ,
Cu m m i n g e o sáb io j u d eu Gesen i u s p ar a p r o var q u e
n ão é r ecen t e a i d en t i f i cação da Rú ssia co m o sen d o
a Go g u e da Bíb lia. A q u el e s er u d i t o s viver am n os
sécu l o s X V I I I e X I X , q u an d o a vast a Rú ssia jazia
m er g u lh ad a na m isér ia e em g r an d e at r aso i n d u st r i ­
al, p ar ecen d o im p o ssível q u e dali p u d esse su r g i r um a
p o t ên ci a, m as eles se f ir m ar am na p alavr a d o s p r o f e­
t as "c o m o a um a luz q u e alu m ia em l u g ar escu r o ,at é
q u e o dia escl ar eça" [2 Pe 1.19].
Para Lindsey e Carlson, Et iópia ou Cux e são as nações
da Á f r ica negra, ond e a influência russa t em sido m uit o
acentuada. Líbia ou Put e são as nações árabes do N o r t e da
Áf r ica, cuja inclinação ideológica t em sido cada vez mais
hostil a Israel. Gô m er e t odas as t ropas, os países da ex-
cort ina de ferro;Togarm a e seu bando, a Rússia Merid ional
e os cossacos.
Escr even d o ant es das crises p olít icas o co r r id as no
co n t in en t e af rican o , os au t or es cit ad os acer t aram em
sua previsão, pois A n g o l a e M o çam b iq u e d u r an t e m ui­
t o s anos se t o r n ar am sat élit es da Rússia. Riquíssim a em
diam ant es, p et r ó leo , f erro e caf é, A n g o l a ocup a uma
p osição est rat égica para o d o m ín i o d o A t l ân t i co Sul e
p od eria f acilit ar aos russos avanços para o u t r as nações,
t an t o da Á f r i ca co m o da A m ér i ca d o Sul. M o çam b iq u e,
p o r sua vez, est eve p r at icam ent e p erd id o para o O c i ­
dent e. N a Á f r i c a d o Sul, a on d a de violên cia d eco r r en t e
d o cr uel regim e racist a foi ex p lorad a em t o d o s os seus
asp ect os pelos russos. En f im , não fosse a d err ocad a do
co m u n ism o no Lest e Eu r o p eu , a Á f r i ca negra estaria
ainda nas garras d o m arx ism o.
88 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

Synésio Lira,au tor de vários trabalhos sobre escatologia


bíblica, dá sua opinião acerca de Go g u e:

Qu e a Rússia e seus satélites invadirão o Orient e


Médio, e em particular as terras de Israel, em cum pri­
mento às profecias, não resta a menor dúvida. Basta para
isto que sejam lidos com atenção os capítulos 38 e 39 de
Ezequiel e outras indicações proféticas [...]
Em outras palavras, o profeta apresenta a árvore
genealógica desse comandante do Nor t e, de modo a
podermos seguir a trilha das migrações das tribos que
ele refere até à nação que hoje conhecemos. Gogue é o
nome que simboliza o chefe dessa nação, e Magogue é a
sua terra. É também o príncipe dos antigos povos que se
chamam Rox e,Meseque eTubal. Esses nomes são menci­
onados no capítulo da Bíblia comumente chamado pelos
eruditos de ín d ice das n ações [veja- se Gênesis 10]. São
apresentados com o netos de Noé, através de seu filho
Jaf é,com exceção de Roxe [Gênesis 10.1,2]. Magogue é o
segundo filho; Tubal é o quinto; e Meseque é o sexto.
A conclusão a que chegamos é que Gogue repre­
senta o governante russo.36

Vejam o s, fin alm en t e, o interessan te t est em u n h o d o


escr it o r n o rt e- am erican o H. L. Heijk o o p :

Os capítulos 38 e 39 dão- nos a resposta concreta a


esta pergunta. Em 38.6,15 e 39.2 está escrito que vem do
Nor t e. Literalmente, do extremo Nor t e, conforme lemos
nas mais recentes traduções. Para podermos determinar
este lugar temos que sair forçosamente da Palestina. Es­
tes dois capítulos tratam da Palestina, e este país é tam­
bém o centro, ou o umbigo da terra, com o traduz lite­
ralmente o versículo 12 do capítulo 38. Logo, não pode
G O G U E E SEU S A L IA D O S 89

tratar- se de out ro país que não seja a Rússia, visto que ao


norte da Palestina existe somente uma parte da Ásia
Menor, e depois segue- se o imenso reino russo [...]
Os nomes confirmam também que se trata da Rússia.
A palavra empregada em muitas traduções por ch efe é,
na realidade, um nome próprio e deve, pois, ficar sem
tradução. Nest e caso devemos ler Go g u e, p r ín ci p e de
Ro s, d e M esech e Tubal. A s traduções mais antigas do
An t ig o Testamento seguem esta versão a qual é, aliás,
aceita também pelos melhores tradutores e hebraístas
contem porâneos.
Nas palavras Ros, Mesech e Tubal reconhecemos
claramente os Russos, Moscovo e Tobolsk.
Vem os aqui, pois, a Rússia com seus aliados nos
últimos dias. São chamados seus aliados: persas, etíopes
[em hebraico Cux e] e iíbios [descendentes de Putej.Cux e
e Pute são filhos de Cam , uma parte de cujos descen­
dentes habita o Eufrates [Gênesis 10]. Gô m er é o pro-
genit or dos Celtas. A casa deTogarm a são os armênios.
Estes são os países que se encontram submetidos a
Go gu e ou ligados a ele.37

Para a ex pressão “ o p r ín cip e e chefe de M eseq u e",


d os versícu lo s 2 e 3 de Ezeq uiel 38, a N o va Versão
In t ern acio n al da Bíb lia, em inglês, traz co m o n ota de
rodapé: "p r ín cip e de Ro sh ". Ex pressão sim ilar foi m antida
n o rod ap é da N V I [N o v a Versão In t ern acio n al] em p o r­
t u g u ês: "p r ín cip e de Rô s".

O norte- americano Frank Boyd, conhecido por suas


conferências sobre profecias bíblicas, e que em 1958
previu a tomada por Israel dos t erritórios a leste do
jordão e da parte velha de Jerusalém então em poder
da Jordânia — o que efetivamente se cum priu em 1967
90 ISRA EL, G O G U E E O A N T 1 C RIST O

— também conclui que os etimologistas têm identifi­


cado Mesech e Tubal com o Moscou, capitai da Rússia, e
com Toboisk, antiga capital da Sibéria. Moscou está si­
tuada na margem do rio Moscova [subafluente doVolga],
e Toboisk é banhada pelo rio Tobol. Assim temos aqui
os mesmos nomes dados aos rios, às cidades e aos po­
vos, sob a bem conhecida lei da toponímia; não há dúvi­
da que as tribos com esses nomes vieram e estabelece-
ram- se nos vales que ainda os mantém.38

Bo yd salienta que as form as m od ernas desses n o ­


m es p od em ser facilm en t e ex plicadas pela t ran sf o rm a­
ção p o r que passam as lín guas hum anas na sua h ist ó ria.
Dep ois de n o t ar que essas nações invasoras da Terra
Santa vir ão de regiões localizadas na b a n da d o N o r t e ,
ele p erg u n t a: "H á algum país que o cu p e o ex t rem o
N o r t e , e com d iret o acesso à Palestin a, co n f o rm e m en­
cio n ad o pela p ro fecia, a não ser a Un ião So viét ica?"
CTíOCÍVOS
DA ÍPVASAO
E acontecerá, naquele dia, que terás imaginações no
teu coração e conceberás um mau desígnio [...] afim
de tomar o despojo, e de arrebatar a presa, e tornar
a tua mão contra as terras desertas que agora se
habitam e contra o povo que se ajuntou dentre as
nações, o qual tem gado e possessões e habita
no meio da terra (Ez 38.10,12).

s fabulosas riquezas da Palestina


têm d esp ert ad o, há m u ito, a co b i­
ça dos russos, e ex plica t o d o o seu
interesse pela criação de Israel. A
Rússia tam bém conhecia a ten d ên ­
cia socialista dos jud eus, p rin cip al­
m ente da ju ven t u d e, e sabia que o
m o vim en t o trab alh ista era m uito
fo rt e em Israel antes de 1947. De
fato, foi apoiando- se no M a pai, q u e
92 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

representava os trab alh ad ores, e no p art id o relig ioso que


Davi Ben Gu r io n se elegeu p resid en t e em 1948. É n at u ­
ral que, p ro m o ven d o a criação de Israel na Palestin a, a
Rússia esperasse am p liar a sua in flu ên cia em t o d o o
O r ien t e M éd io a p ar t ir d o n o vo país.
A Palavra de Deus deixa bem clara a intenção de Gogue:

Assim diz o Senhor Je o v á : E acontecerá, naquele


dia, qu e terás imaginações no teu coração e conceberás
um mau desígnio. E dirás: Subirei contra a terra das al­
deias não muradas, virei contra os que estão em repouso,
que habitam seguros; todos eles habitam sem muro e
não têm ferrolho nem portas; isso a fim de tom ar o
despojo, e de arrebatar a presa, e t ornar a tua mão con­
tra as terras desertas que agora se habitam e contra o
povo que se ajuntou dentre as nações, o qual tem gado
e possessões e habita no meio da terra [Ez 38.10- 12].

Q u an d o a Rússia d eix ar cair a m áscara que ainda


agora o st en t a e in vad ir a Palestin a, m u itos lhe d irão:
"Ven s t u para t o m ar o d esp o jo ? A ju n t ast e o t eu band o
[...] para t o m ar o gado e as possessões, para saquear
g rand e d esp o jo ?" [Ez 38.13].
M as a que g rand e d esp o jo se refere a Palavra de
Deu s? Co m ecem o s p elo m ar M o r t o , o n d e o valo r dos
sais m inerais ali d ep o sit ad o s é quase in crível.
Q u an d o Jeru salém foi co n q u ist ad a p elo g eneral
A llen b y, em 1917, um g eó lo g o b r it ân ico co m eço u a in­
vest ig ar as riquezas d o m ar M o r t o e ch eg o u à co n clu ­
são de q u e a im p ression an te q u an t id ad e de vário s sais
m inerais ali ex ist en tes chegava ao valo r assom b roso de
1,3 t r ilh õ es de d ólares àquela época! O cien t ist a inglês
calcu lo u o valo r d o b r ô m io em 2 6 0 m ilhões, o da po-
tassa em setenta b ilh ões de d ólares e o d o clo r et o de
m agnésio em 825 b ilh ões de d ó lares, além de grand es
valores em o u t r o s m inerais.
M O T IV O S D A I N V A SÃ O 93

Referind o- se a essas m esm as riquezas, o escr it o r Jú ­


lio M in h an p er g u n t a:"Co m o estão estas r iq u ez as?"— e
responde:

Estão em sais que as indústrias de t od o o mundo


procuram desesperadamente — vint e e dois bilhões
de t oneladas de clor et o de pot ássio, t oneladas de
t rem olit a, ou seja, asbesto comercial. Incluindo as inú­
meras toneladas de sais dos metais preciosos, há mui­
tos out ros, e, com o seria cansativa sua enumeração,
nos limitaremos a dizer que a fort una que pode ser
retirada do mar M o r t o daria para com prar t odos os
países de influência muçulmana na Ásia, Europa e Egi­
t o, em contrapeso.
Isto, que já seria m uito, ainda não é t udo! Pesqui­
sas feitas no subsolo da Palestina revelaram grandes
jazidas de minérios de ferro, prata, chum bo,ant im ônio,
níquel, t ór io , t ungst ênio e o urânio t ão procurado
atualm ente para produzir o isót opo U- 23S.
Se a Palestina não cont inua a m an ar leit e e m el,
com o no passado, mana rios de ouro e pode muito
bem ser que, p or causa desses rios de ouro, árabes,
ingleses e judeus se matam lá f uriosam ente.39

M ais recen t em en t e, d escob riram - se, no d esert o d o


N eg u eve, en orm es jazidas de x ist o , avaliadas de in ício
em cin q ü en t a m ilhões de tonelad as. Esse p r o d u t o é um
bom su b st it u t o d o p et r ó leo , ainda escasso em Israel,
mas que cert am en t e p od erá v ir a ser d esco b ert o a q ual­
q u er m o m en t o , au m en t an d o ainda m ais o já im p ressio­
n ante t eso u ro da Terra Santa.
So m en t e a f o rt u n a d o m ar M o r t o foi con sid erad a
su p er io r ao valo r de t o d o o o u r o já ex t raíd o das en t ra­
nhas da t er r a, e foi tam b ém avaliada co m o send o supe­
r io r a t o d a a riqueza reunid a da In g lat erra, d os Est ad os
Un id o s, da França, da Alem an h a e da Itália!
M O T I V O S D A 1 N V A SA O 93

Referind o- se a essas m esm as riquezas, o escr it o r Jú ­


lio M in h an p er g u n t a:"Co m o estão estas riq uez as?” '— e
responde:

Estão em sais que as indústrias de t od o o mundo


procuram desesperadamente — vint e e dois bilhões
de toneladas de clor et o de pot ássio, t oneladas de
t rem olit a, ou seja, asbesto comercial. Incluindo as inú­
meras toneladas de sais dos metais preciosos, há mui­
t os out ros, e, com o seria cansativa sua enum eração,
nos limitaremos a dizer que a f ort una que pode ser
retirada do mar M o r t o daria para com prar t odos os
países de influência muçulmana na Ásia, Europa e Egi­
t o, em contrapeso.
Ist o, que já seria m uito, ainda não é t udo! Pesqui­
sas feitas no subsolo da Palestina revelaram grandes
jazidas de m inérios de ferro, p rat a,chum b o,ant im ônio,
níquel, t ór io , t ungst ênio e o urânio t ão procurado
atualm ente para produzir o isót opo U- 235.
Se a Palestina não cont inua a m an ar leit e e m el,
com o no passado, mana rios de ouro e pode muito
bem ser que, p or causa desses rios de ouro, árabes,
ingleses e judeus se matam lá f uriosam ente.39

M ais recen t em en t e, d escob riram - se, no d esert o d o


N eg u eve, en orm es jazidas de x ist o , avaliadas de in ício
em cin q ü en t a m ilhões de tonelad as. Esse p r o d u t o é um
bom su b st it u t o d o p et r ó leo , ainda escasso em Israel,
mas que cert am en t e p o d erá v ir a ser d esco b ert o a q ual­
q u er m o m en t o , au m en t an d o ainda m ais o já im p ressio­
n an te t eso u ro da Terra Santa.
So m en t e a f o rt u n a d o m ar M o r t o foi consid erad a
su p er io r ao valo r de t o d o o o u r o já ex t raíd o das en t ra­
nhas da t er r a, e foi tam b ém avaliada co m o send o supe­
r io r a t o d a a riqueza reunid a da In g lat erra, dos Est ad os
Un id o s, da França, da A lem an h a e da Itália!
94 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

Da am b ição russa n inguém d u vid a. Ela apossou- se


de o it en t a p o r cen t o d o t r ig o e de 85 p o r cen t o d o
eq u ip am en t o in d u st rial d os seus países satélites, além
de t ran sf erir da Espanha para M o sco u toneladas de o u ro ,
num a ousada o p eração que f ico u registrad a nos anais
da espionagem in t ern acio n al.
A ex altada posição de Israel no m eio das nações, o
canal de Suez, os cam pos p et rolíferos da M eso p o t âm ia e
a incrível riqueza d o m ar M o r t o fazem da Palestina o
cern e cr ít ico da t erra e con st it u em o p rin cip al m o t ivo da
invasão p red atória dos russos, t ão necessitados de p osi­
ções im p o rt an t es para d o m in ar o m u nd o, e d o p et ró leo
árabe para alim entar sua gigantesca m áquina de guerra.

A s in t e n ç õ e s r u ssas

A m aioria ab solut a d os est u d io so s da Bíb lia afirm a


q u e Go g u e é a Rússia, p o r ser este o ú n ico país que
possui to d as as caract eríst icas ex igidas pela p rofecia b í­
blica. Den t re as afirm ações d o referid o t ex t o sagrad o,
duas são de f u n d am en t al im p o rt ân cia para a co m p reen ­
são d este assun to: 1] a invasão o co r r er á " n o f im d o s
a n o s" ) 2] Go g u e virá " d a s b a n d a s d o N o r t e ” .
O r a, estam os viven d o nos ú lt im o s tem p o s e, at ual­
m ent e, a região ao n o r t e da Palestin a está ocup ad a pela
Rússia! Tod os os p o vo s m en cion ad o s co m o acom p a­
nhantes de Go g u e, en t re eles a Pérsia, estão a aprox i-
mar- se dele m ais e mais.
N asceu na id ad e M éd ia a idéia de q u e a Rússia
estaria p red est in ad a p o r Deus para ser a sen h o ra d o
m u n d o. Para r ef o r çar aind a m ais essa at it u d e, Ivã IV, o
Ter rível, que assum iu o t r o n o de M o scó via em 1533,
am p lio u o seu rein o de t r in t a m il q u ilô m et r o s q u ad ra­
d o s para um m ilh ão , co m um a p o p u lação na ép oca de
12 m ilh õ es de p essoas, so m en t e in f er io r , na Eu r o p a, à
da França.
M O T IV O S D A I N V A SÃ O 95

A p ar t ir desse fam oso m onarca, que em 1547 ad o ­


t o u o f icialm en t e o t ít u lo de "césar " [t z ar ou czar], t o d o s
os im p erad ores russos consid eravam - se sucessores d os
césares.
O escr it o r M ar co s M ar g u lies relacion a interessan te
reg ist ro acerca dessa p ret en são russa. Em 1829, o f iló so ­
fo Pet er Iaco vlevit ch Ch aad aev [1794- 1856] af ir m o u :"A
Rússia é g rand e em dem asia para seg u ir um a p o lít ica
n acion al; sua tarefa no m u n d o é a p o lít ica d o gênero
h um ano [...] A Pro vid ên cia nos fez d em asiad am ente for­
tes para p o d erm o s ser nacionalistas. Ela nos co lo co u
além d os interesses nacionais: ela nos co n f io u os in t e­
resses da h u m an id ad e".
N a m esm a ép oca, ex clam a o p oeta F. 1. Tiu t ch ev:
"D esd e que a Rússia, m esm o sem Co n st an t in o p la, em
suas f ro n t eiras atuais se t o r n e o im p ério crist ão em
p len o sen t id o d o t er m o e o rein o da justiça e m isericór­
dia, tam b ém o rest o lhe será d ad o em ad ição !"
"Em 15 89,o m et ro p o lit a de M o sco u o u t o rg o u - se o
t ít u lo de Pat riarca au t o céf alo de to d as as Rússias, e
Ecu m ên ico — ist o é, universal. N o at o da criação d o
p atriarcad o,assim se d irig iu seu p rim eiro t it u lar,Jerem ias,
ao t z ar:'Seu g rand e rein o , ó p io tzar! é a Terceira Rom a.
Ult rap assa a t o d o s os dem ais em sua d evo ção .To d o s os
rein os crist ão s se unem no seu. So is [sic] o ú n ico sob e­
ran o crist ão no m u n d o, so b eran o de t o d o s os verd ad ei­
ros cr ist ão s!"
O escrit o r M arg u lies inform a- nos,ainda, que, em 1974,
a coletânea de várias C r ô n i ca s a n t ig a s so b r e o i n íci o da
n a çã o esla vo - r u ssa d escob ria, fin alm ente, as orig en s "ver­
d ad eiras" de M o sco u : " A cid ade foi fun d ad a", diz o cr o ­
nista, "p o r M o so c, sex to filh o de Jafé, n et o de N o é, que
a Bíblia m enciona em Gên esis 10.2. Sucessora universal de
Rom a e Bizâncio e sucessora russa de Kiev e VIad im ir,
M o sco u surgia assim co m o a mais antiga u rb e d o m un­
do. À prim azia esp irit ual unia- se a cro n o ló g ica. Filot eu de
96 ISRA EL, G O G U E E O A N T 1 C RIST O

Psk ov com parava o tzar a N o é, salvad or dos hom ens no


d ilú vio . Dm itri D o n sk o i,o ven ced o r dos t árt aro s, era glo-
rificad o co m o Gid eão 7SauI e Davi. Em 1912,11111 estudioso
russo com p ilou to d o s estes fatos e escreveu a seu respeito
uma tese: ' Ru s, n o v y Izr a el ' — ' Ru s [Rússia], novo Israel'".
A cer ca d o an t ig o n om e da Rússia, é interessan te
n o t ar que ele ap arece em vário s d o cu m en t o s h ist ó rico s
co m o send o Ru s, ou Rh o s, o que co rresp o n d e clara­
m ent e ao t er m o usado p o r Ezeq uiel [38.3, V e r sã o b r a -
si l e i r a ] ." Baseando- se em N est o r [co n f ir m ad o , no caso,
p o r A n n ales Ber t ian in i], o su b st an t ivo fem in in o Ru s
designa co let ivam en t e um org an iz ad o g ru p o varejo, de
caract eríst icas m ilitares, que acom p anh a seu chefe. Daí,
't r az er t o d a a Ru s'sig n if ica, p o sit ivam en t e, t raz er co n si­
go t o d o s os g ru p o s g u erreiro s d ep en d en t es d o chefe
ou d o p rín cip e. Deste t er m o nasceria d ep ois a d en o m i­
nação d o país — d o ravan t e g o vern ad o p elos p rín cip es
varegos at ravés da Ru s".
Co m o se p erceb e, são antigas as p reten sões dos
russos de governarem o m u nd o. É p o r isso que a Rússia
planeja lan çar m ilhares de h om ens na co n q u ist a da Pa­
lestina. A Bíb lia inform a: "V ir ás, p o is, d o teu lugar, das
bandas d o N o r t e , tu e m u itos p o vo s co n t ig o , m o n t ad os
t o d o s a cavalo, g rand e aju n t am en t o e ex ércit o n u m ero ­
so; e sub irás co n t r a o m eu p o vo de Israel, co m o um a
nuvem , para co b r ir a t er r a; n o fim d os dias, suced erá
que hei de trazer- te co n t r a a m inha t er r a" [Ez 38.15,16].
Será essa a últim a e a m aio r aven t u ra d os estadistas
russos. Eles alim entam esse d iab ó lico p ro p ó sit o há m ui­
t o s an os, p ois já p ro varam , em m ais de um a ocasião,
suas in t en çõ es ex p ansionistas. Po r força das arm as, d o
t er r o r e d o ex t erm ín io , apoderaram - se de d iversas na­
ções vizinhas ao seu t er r it ó r io d u rante a Segunda Gr an d e
Gu er r a, e ainda o cu p aram , p o r via in d iret a, d iverso s pa­
íses no Su d este asiát ico e na Á f r ic a negra.
M O T IV O S D A I N V A SÃ O 97

Em relação à Terra Santa e ao riq u íssim o O r ien t e


M éd io , os russos sabem q u e,"q u em ficar com a Palest i­
na, g o vern ará f in alm en t e o m u n d o ", co m o af irm o u
N ap o leão Bo n ap art e no in ício d o sécu lo X IX . Po r q u ê?
Po rq u e a Palestina é o cru z am en t o n atu ral en t re t rês
co n t in en t es e está localizada no m ei o da t er r a . Assim
diz Deus referind o- se a Jeru saIém :"Est a é Jeru salém , que
co lo q u ei no m eio das nações e t er ras que estão ao
r ed o r d ela" [Ez 5 .S, EC],

A m ed id a d a in ju st iça
Deus tem as suas p ró p rias m aneiras de p u n ir um a
nação. A lg u m as recebem um juízo ráp id o e desapare­
cem , co m o a p od erosa A ssír ia e d iverso s p eq u en os rei­
nos d o passado. O u t r as são castigadas m ed iante a hu­
m ilhação de se t o rn arem reinos p eq u en os, às vezes d o ­
m inadas p o r est ran g eiro s, co m o o Eg it o , a Pérsia, a
Bab ilôn ia, a Gr écia etc.
N o caso da Rússia, os m o t ivo s d ivin o s são h oje bem
co n h ecid o s. Foi nesse país que os israelitas m ais so f re­
ram com os p o g ro n s, em um p erío d o que vai desde
1871 a 1921. E, assim que t erm in aram os p o g ro n s, o ó d io
ao p o vo israelita passou a ser ex ercid o p elo regim e co ­
m unista.
É f at o sob ejam ent e co n h ecid o que o co m u n ism o
não p o d e su b sist ir num m u n d o id eo lo g icam en t e d ivid i­
d o. O m arx ism o prega um só regim e em t o d o o p lane­
ta, razão pela qual a Rússia gastava verd ad eira f o rt u n a na
tarefa de ex p o r t ar sua filo so f ia para tod as as nações
livres e co n so lid ar a com u niz ação nas áreas p o r ela co n ­
quistadas. So m en t e a m an u t en ção d o co m u n ism o em
Cu b a, nos p rim eiro s an os d o g o vern o Fidel Cast ro , teria
cu st ad o à Rússia um m ilhão de d ólares p o r dia.
A s m etas d o co m u n ism o nun ca m udaram desde a
sua im p lan tação no final da Prim eira Gu er r a M u n d ial.
Em 1919, Jo sef St alin , co m o porta- voz de Lên in e, afir­
98 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

m ou, referindo- se à divisão p o lít ica d o m und o: " O m un­


d o dividiu- se em d o is cam p os irreco n ciliáveis: o cam p o
d o im p erialism o e o cam p o d o so cialism o ". Qu ar en t a
anos m ais tard e, num a Reso lu ção d o X X I Co n g resso d o
PC U S [Par t id o Co m u n ist a da Un ião So viét ica], d eclarou
N ik it a Kh r u sch ev:"A g o r a, há no m u n d o d o is sistem as
sociais: o cap it alism o, q u e está nos ú lt im o s est ert o res, e
o so cialism o , q u e está t ran sb o rd an d o com um a cres­
cen t e f orça vit al e goza d o ap o io d os t rab alh ad o res de
t o d o s os países".
Essa d eclaração otim ista ex plica o u t r a,d e 1957, quan­
d o Kh r u sch ev falava a um a assistência na Un ião So vié­
tica acerca de coex ist ên cia pacífica: "M as n at u ralm en t e
t em os que co m p reen d er que não p o d em o s co ex ist ir
et ern am en t e. Um de nós tem que ir para a sep u lt ura.
N ão q u erem os ir para a sep u lt u ra. Elas [as p ot ên cias
ocid en t ais] t am p o u co q uerem ir para a sep u lt u ra. Q u e
fazer, en t ão ? Tem os que em purrá- las para a sep u lt u r a".40
O m arx ism o , sen d o f u n d am en t alm en t e o p o st o a
q u alq u er o u t r o regim e, sem pre pregou a subversão com
o o b jet ivo de assu m ir as réd eas d o g o ver n o m und ial.
Um esp ecialist a em ciên cias p o lít icas an aliso u a d o u ­
t r in a de M ar x em co n t r ast e com os p r in cíp io s d em o ­
cr át ico s, t o m an d o co m o ex em p lo os p r ó p r io s Est ad o s
Un id o s:

A contradição existente entre o marxismo e a tradi­


ção norte- americana surge com m aior aspereza em qua­
se todas as áreas às quais se estende o intelecto humano
— com o, p or exemplo, na psicologia, onde os marxistas
tratam o procedim ento humano com o um produto infi­
nitam ente plástico do meio social, enquanto nós estuda­
mos as qualidades indeléveis com uns a todos os homens
em toda a parte.
• Na sociologia, onde insistem em afirm ar que a rela­
ção existente entre as classes é um caso de exploração e
M O T IV O S D A I N V A SA O 99

de luta, enquanto nós a encaramos com o um caso de


cooperação e interdependência;
• no terreno econôm ico, que julgam ter influência
dom inadora na vida, nos pensamentos e nos valores hu­
manos, mas que nós encaramos com o apenas uma das
três ou quatro maiores influências;
• na história, cuja maravilhosa complexidade transfor­
maram em m odelo de luta de classes e um cataclismo
social, e que encaramos em term os de origens múltiplas
e misteriosas;
• na teoria política, que os ensina a tem er o poder do
Estado liberal e a confiar inteiram ente no poder da dita­
dura do proletariado, mas que nos ensina a recear o
poder sem peias posto em mãos humanas;
• nos princípios do constitucionalism o, que encaram
com o uma fraude burguesa, e que nós consideram os
com o a essência de um governo livre;
• e, sobretudo, na filosofia, nas idéias básicas que auxi­
liam o homem a aproximar- se tanto das grandes maravi­
lhas com o dos pequeninos fatos do m undo em que vive.
Toda a sua doutrina está escravizada a um materialismo
rígido, enquanto a nossa constitui uma mistura sutil de
racionalism o, idealismo, em pirism o e pragmatismo — em
suma, de todos os cam inhos que levam ao conhecim en­
to, e que os marxistas desprezam e ridicularizam.41

M ais ad ian t e, o m esm o au t o r salien ta q u e “ n o s­


so sistem a de idéias m ostra- se ab er t o aos n o vo s p en ­
sam en t o s e às n o vas evid ên cias. Po ssu i cr en ças
m o n o lít icas so b re a d ig n id ad e d o h o m em , a ex celên cia
da lib erd ad e, os lim it es da p o lít ica e a p resença de
Deu s; m as, so b re t ais cren ças, m esm o co m o um desa­
f io à ú lt im a, os h o m en s gozam de ab so lu t a lib erd ad e
de p en sam en t o . Po r este m o t ivo , ju lg am o s d if ícil en ca­
r ar co m m u it o resp eit o um sist em a d e id éias t ão
100 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

m o n íst ico co m o o m arx ism o. O u m elh o r, p en sam os


q u e é m u it o m ais d if ícil aind a su p o rt á- lo , so b r et u d o
an t e as in ú m eras p ro vas q u e t em o s d ian t e d o s o lh o s,
m o st ran d o q u e o m o n ism o , ao m u n d o das idéias, leva
ao ab so lu t ism o no m u n d o d o s aco n t ecim en t o s".42
É cer t o q u e a in ten sa cam p anh a russa p elo d o m í­
n io d o m u n d o at ravés d o co m u n ism o resu lt o u num
co m p let o e h u m ilh an t e fracasso. A co r t in a de f er r o já
não ex ist e, o m u ro de Berlim já caiu e os sat élit es da
Rússia são h o je n ações in d ep en d en t es em b usca de
um d esen vo lvim en t o que o t o t alit arism o m arx ista nunca
p ro d u z iu .
M as as grand es m udanças p o lít icas e sociais o c o r r i­
das na Rússia, lo n g e de invalid arem a p ro fecia, rep resen­
tam cu m p rim en t o s de ou t ras predições bíblicas. Em Isaías
4 3 .6 , q u e t rat a d o r et o r n o d o p o vo israelita para a Pa­
lestin a, Deus diz: "D ir ei ao N o r t e: Dá; e ao Sul: N ão
ret en h as". O N o r t e , que claram en t e ind ica a Rússia, não
p erm it ia que os jud eu s p artissem , mas ag ora m ilhões
deles estão se d ir ig in d o à sua antig a pátria! O Sul é clara
in d icação da Et ió p ia, q u e tam b ém t en t ava im p ed ir a sa­
ída d os ju d eu s, mas não p ô d e retê- los.
Po r o u t r o lad o, se Deus vai t r at ar d iret am en t e com
a Rússia nos m o n t es de Israel, aq uela nação está agora
sozinha para cu m p r ir as profecias. A s agudas crises eco ­
nôm icas e p o lít icas p o r que passa a g rand e nação d o
N o r t e podem ser p ren ú n cio s de juízos vin d o u r o s, co m o
q uerem alg u ns, mas p refiro vê- las co m o um a resposta
d ivin a às o raçõ es da igreja su b t errân ea da Rússia e um a
grand e o p o r t u n id ad e das igrejas d o O cid en t e de leva­
rem o evan g elh o ao caren t e p o vo russo.
Q u an d o ch eg ar o m o m en t o ex at o de Deu s p u x ar
a Rú ssia e seus aliad o s at é os m o n t es de Isr ael, t o d o
o t er r en o est ará p rep arad o . Ig n o r an d o ou n ão a Pala­
vra de Deu s, os so viét ico s já revelaram suas reais in ­
t en çõ es, at r avés de um selo d e co r r eio em it id o em
M O T I V O S D A I N V A SA O 101

1930, n o valo r de 14 co p eq u es, n o q u al o t ex t o de


Ez eq u iel 38 e 39 n ão p o d er ia ser m elh o r ilu st r ad o .

O fundo representa a União Soviética.Vê- se a cava­


laria verm elha, a lem brar um dos quatro cavaleiros do
Apocalipse. A Rússia está ao norte da Palestina e a linha
negra por baixo dos cavalos representa o cam inho a se­
guir pelos cavaleiros e aponta diretam ente para a Palesti­
na. Todo o fundo do desenho é ocupado p or uma nu­
vem que representa de m odo perfeito a visão de Ezequiel.
Pode- se ver o mar de Az ov e desenhada a provável rota
do ex ército verm elho.43

Gu ilh er m e Beirnes, ed it o r de O g r i t o da m eia - n o it e,


afirm a q u e as t rês estradas ilu strad as no selo ap on tam
d iret am en t e para o Sul da Turquia — a Togarm a da Bí­
blia — em d ireção a IsraeI."Seu s ex ércit o s são d em o n s­
t rad os co m o p ro n t o s para atacar, p art in d o da seção m on­
t an h osa d o Sul da Tu rq u ia".
Há um d et alh e na p ro fecia de Ezequiel que não deve
passar d esp erceb id o . É o que faz referên cia aos cavalos
e cavaleiros de Go g u e, q u e tam b ém ilu st ram o selo de
co r r eio referid o. De fat o , a Rússia possui hoje a mais
num erosa cavalaria m ilit ar d o m u n d o , e co m t o d a cer­
teza será esta a p rin cip al fo rça t errest re a ser utilizad a
p o r Go g u e em sua cam panha co n t r a a Terra Santa, p o r
se ad eq u ar p erf eit am en t e à acid ent ad a t o p o g r af ia d o
cam in h o q u e leva à Palestina at ravés da Turquia e que
caract eriz a o p r ó p r io so lo israelense.

C e n t r o d e a t e ís m o n u m b e r ço d e r e lig iõ e s?
A s au t o rid ad es da antiga Un ião So viét ica sem pre
afirm aram que sem o at eísm o o co m p let o p lano de KarI
M ar x não p o d eria subsistir. Po r isso su rg iram tant as
cam panhas co n t r a a religião naquele país.
102 ISRA EL , G O G U E E O A N T IC RIST O

De fat o , M ar x d eix ou bem claro o seu co n ceit o


acerca de t o d a espécie de religião:

Para se buscar hoje em dia a origem das idéias reli­


giosas há que volver- se ao passado,à origem não explicada
das d ores so f r id as e a sua ap arên cia in evit ável
metamorfoseada em instituição sobrenatural. Aind a que
a massa seja o joguete do m odo de produção, as misérias
que o regime capitalista cria e aquela sofre, conservarão
a seus olhos um caráter sobre- humano, e, portanto, per­
sistirá esse t error desconhecido que apavora, isto é, o
sentim ento religioso.
A religião não é outra coisa senão o r eflu xo das
fo r ça s sociais na m en t e, as últimas forças externas cuja
maneira de ser faz crer ao homem que dimanam de uma
força superior [...] O déspota terrestre, o capitalista, ar­
rastará na sua queda o fantasm a celeste; regendo o ho­
mem a produção em lugar de ser regido p or ela; encon­
trando enfim o bem- estar sobre a terra; tendo noção
clara e precisa de sua situação no universo em geral e na
sociedade em particular, desaparecerá universalm ente a
necessidade desse gênero de esperanças e consolos, que
são a conseqüência da tirania hoje misteriosa para as
massas, assim com o a crença em um ser suprem o,
dispensador soberano dos gozos e dos sofrim entos.
Nós outros, fogosos anti- católicos, ridículos afeiço­
ados a batismos civis e outros ritos, que imaginamos
li b er t a r a so ci ed a d e ci v i l d e t oda ligação m íst ica e
m ist ificadora porque comemos carne em sexta- feira san­
ta, fazemos do livre pensam ento a prim eira condição da
regeneração social; e não vemos, ou não queremos ver,
que as religiões não são org a n ism os in d ep en d en t es d o
m eio eco n ô m ico em qu e se m ovim entam * [Grifos meus.]

A b r açan d o t ão en tu siast icam en te as d o u t rin as mar­


x istas, os co m u n ist as russos t rab alh am em busca de um
M O T I V O S D A I N V A SÃ O 103

g o vern o m und ial lib er t o , t am b ém , d o "ó p io d o p o vo "


— a religião. É im p ossível, p o r t an t o , co n ciliar m arx ism o
e fé religiosa, daí a inten siva cam panha anti- religiosa le­
vada a efeit o nos países verm elh os.
Id elf o n so A lb an o , num a rép lica ao livro O p o d e r
so v i é t i co , de H ew let t Jo h n so n , m o st ra com riq ueza de
detalhes o que tem sido a p erseguição religiosa na Rússia
de 1917 a 1938:

Em 1919, vários com unistas foram encarregados da


campanha anti- religiosa. Em 1921, organizaram- se células
atéias nas cidades e no campo. 0 12°congresso do pa rti­
do com unista, realizado em 1923, adotou uma sistemática
campanha anti- religiosa, surgindo, em virtude disso, dois
jornais, O sem D eu s e O sem D eu s na O ficin a.
Em 1925, fundou- se o União dos Sem- deus, com o
fim de propagar o ateísmo em tod o o país. Essa entidade
contava, em 1926, com 2.421 células e 87.033 membros;
em 1927 seu número chegava a 3.121 células e 138.402
membros. Em 1929 foi inaugurado um museu da central
anti- religiosa em Moscou, capaz de proporcionar ao visi­
tante, dentro de poucas horas, uma educação anti- religi-
osa completa. Em 1933, esse museu remeteu para as pro­
víncias 179 pequenas exposições ambulantes, destinadas
também a propagar o ateísmo marxista- leninista.45

A lb an o co n t in u a a sua análise da p erseg u ição relig i­


osa na Rússia in f o rm an d o que, para os co m u n ist as de
cu lt u r a m ediana, a "U n i ã o " p rep arou um m ét o d o alta­
m ent e eficaz. Po r p o u co s ru b lo s, podia- se ad q u ir ir co n ­
ferên cias red igid as p elo Co n selh o Cen t r al da Un ião ,
acom p an h ad os de d isp o sit ivo s lu m in o so s para p ro je­
ção. Essas co n f erên cias eram d estinad as a secu n d ar a
p od erosa ação d o s t eat ro s, d o rád io e so b r et u d o dos
cin em as, que trab alh avam cada qual em sua área para
acab ar com t o d a espécie de deísm o.
104 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

A cam panha anti- religiosa alcan çou g rand e p ro g res­


so nos anos t r in t a, ch eg an d o a p o ssu ir o it en t a mil célu ­
las e sete m ilhões de m ilit an t es sem - deus. En t r e 1932 e
1936, lançou- se um p lano q ü in q ü en al an t i- relig ioso, que
previa o fech am en t o das igrejas ainda ab ert as, a ex p u l­
são de pessoas religiosas das em presas e rep art içõ es d o
Est ad o , a p ro ib ição de t o d a a lit er at u ra religiosa, a p re­
paração de 150 film es an ti- relig iosos etc.
Em fins de 1963, inform a ainda A lb an o , a cruzada
anti- religiosa na en t ão Un ião So viét ica en t ro u em n ova
fase. O Co m it ê Cen t r al d o Part id o Co m u n ist a estab ele­
ceu um a in st it u ição especial d en om inad a In st it u t o para
o A t eísm o Cien t íf ico , p ro jet ad o para d ir ig ir to d as as
at ivid ad es at eíst as.A im prensa foi co lo cad a à d isp osição
d o n o vo o rg an ism o para que d esacreditasse a su p e r st i ­
çã o religiosa.
N o p r o p ó sit o de p ro p ag ar o at eísm o , os p erió d ico s
so viét ico s passaram a p u b licar ar t ig o s co n d en an d o o
in d ivid u alism o crist ão e o seu am o r ao p r ó x im o , p r in cí­
pios ab ert am en t e o p o st o s ao co let ivism o m arx ista e ao
seu im placável ó d io a t o d o s os não- com unistas. Esp eci­
alm en te o p r in cíp io crist ão de am ar o p ró x im o passou
a ser rid icu lariz ad o nos p erió d ico s co m u n ist as, sob a
alegação de que é ab su rd o am ar os inim ig os da h um ani­
dade, ou seja, t o d o s os g o vern o s não- com unistas d o
m und o.
N a m oral m arx ista, a o rig em id eo ló g ica e a classe
d o in d ivíd u o d et erm in arão se ele d eve ser am ad o ou
od iad o. A o s "cap it alist as" e "im p erialist as" não se deve
am ar, mas odiar. O p ro g resso d o co m u n ism o sem pre se
baseou no ó d io , jam ais no am or.
A in d a na década de 1960, h ou ve tam b ém um a o f en ­
siva co n t ra a religião para fora da co r t in a de f erro , co m o
p art e da estratég ia co m u n ist a in t ern acio n al que visava
o d o m ín io d o m u n d o em m éd io prazo. A t r avés da espi­
onagem e da falsa co n versão , pretendeu- se en f raq u ecer
M O T IV O S D A I N V A SA O 105

in t ern am en t e as est r u t u r as religiosas e d ar um sen t id o


m arx ista à sua m ensagem . Em p art e co m o resultad o
dessa ofensiva, su rg iu na A m ér ica Latina a cham ada t e­
o lo g ia da lib ert ação , que co n f u n d e evangeliz ação com
co n t ex t u aliz ação , igreja com co m u n id ad e, p o b re com
p r o let ár io , rico co m b u rg u ês, p ecad o com op ressão e o
evan g elh o da paz com revo lu ção arm ada.
Essa ofensiva co m u n ist a bem ced o co n seg u iu at in ­
g ir o Co n cilio M u n d ial de Igrejas. Em sua 3aAssem b léia
Ger al, realizada em N o va Délh i, em 1961, fico u p at en t e a
in f ilt r ação co m u n ist a naquela org aniz ação ecum ênica:

Através da recepção da Igreja Ortod ox a Russa, o


Conselho aceita a participação com unista. Líderes ingê­
nuos do Conselho insistem em que não há nada de po­
lítico nisso [...] Mas os dez eclesiásticos de batina que
tomaram parte na delegação russa de dezesseis membros
em Nova Délhi, chefiada pelo arcebispo Nikodim de
Yaroslav e Rostov, foram expoentes alarmantes da classe
comunista. Os seis leigos de roupa com um , inclusive o
intérprete V. Zaitsen, quanto aos atos e à aparência da­
vam substância à afirm ação de que eram policiais secre­
tos [,..].46

Em 19 75,o padre p o lo n ês M ig u el Po rad o w sk i, rad i­


cad o no Ch ile, d en u n cio u que os com u n ist as, p elo fat o
de con sid erarem a igreja co m o o ó p io d o p o vo , p ret en ­
diam cont rolá- la a fim de t om arem o p od er, e cu lp o u o
Vat ican o pela q ueda de Saig on em m ãos dos co m u n is­
tas. N o M éx ico , em 1977, um padre af irm o u p eran t e 15
m il fiéis que o co m u n ism o era a única so lu ção para o
prob lem a da m iséria no m und o.
N a m esm a décad a de 1970, o ar ceb isp o A r r ig o
Pin t o n eIIo ,d e Rom a, em cart a ab ert a ao papa, in f o rm o u
que o co m u n ism o e o at eísm o já haviam co n t am in ad o
m ais de n o ven t a p o r cen t o d o clero jovem da Igreja
106 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

Cat ó lica, e lam entou o silêncio da sua igreja ante os cr i­


mes com unistas, p o r ele assim enum erados: 66 m ilhões
de m o rt o s sob o g overn o de St alin, na URSS; 150 m i­
lhões de vítim as de M ao Tsé- t u n g ,n a Ch in a; 2,5 m ilhões
de assassinatos no Cam b oja; d est ru ição de 5.945 t em ­
p los; ex t in ção d o episcopado nas prisões e no ex ílio, ju n ­
tam ent e com 1.500 sacerdotes, na Ucrân ia.
Todas as esperanças de liberdade religiosa na Rússia,
d ecorrentes dos acordos de Helsinque, quando os soviét i­
cos prom eteram ao Ocid en t e respeitar os direit os hum a­
nos, ruíram p o r terra. A organização A ju d a à Igreja Neces­
sitada inform ava,em 1978, que a nova constit uição soviéti­
ca reforçava a posição m onopolística d o Partid o Com u n is­
ta, dando- lhe base legal, e obrigava t o d o s os cidadãos a
trabalharem para a edificação da sociedade com unista atéia.
Id elfonso A lb an o esclarece ainda que enq uanto a p r o ­
paganda, d en tro e fora da Rússia, exaltava a liberdade dos
cidadãos, os crentes e os não- crentes que defendiam a
liberdade de consciência eram subm etidos a castigos seve­
ros, e só o fato de uma pessoa proclamar- se religiosa era
in terp retad o com o sintom a de anorm alidad e psíquica.
Ap esar d os insistentes ped id os de m ilhares de fiéis e
da pressão de organism os intern acion ais que defendiam
a lib erdade de religião e de pensam ento, os sacerdotes e
pastores mais ativos eram enviad os pelo g overn o às p ri­
sões, aos h osp ícios ou aos cam pos de co n cen t ração ; a
educação religiosa para as crianças co n t in u o u p ro ib id a, e
os filh os de pais religiosos cont in uaram a ser d iscrim in a­
dos na escola e ob rig ad os a receb er uma educação atéia.
Co m o resultado, o núm ero de igrejas d im inuiu na Rússia.
É difícil prever até ond e o regim e com unista im pediu
o avanço da evangelização da Rússia. Dos seus 150 m ilhões
de habitantes em fins de 1998,35 m ilhões se diziam o r t o ­
dox os e apenas um p o r cento da população professava a
fé cristã evangélica, e isso apesar d o esforço m issionário
pela evangelização d o país desde o fim d o com unism o.
M O T I V O S D A I N V A SA O 107

Se m e a d u r a e c o l h e i t a
Se a Rússia, desde 1917, m anifestou sem pre o firm e
p ro p ó sit o de b anir Deus da vid a d o seu p o vo e d est ru ir
t od a espécie de religião no m u nd o, não é de ad m irar que
ela alm ejasse um dia o cu p ar a Palestina, que é b erço de
t rês religiões: jud aísm o, crist ianism o e islam ism o.
Lênine d isse:"No ssa propaganda ex ige a propaganda
d o at eísm o ", e Stalin se vangloriava de reu n ir o m aior
ex ércit o já co n st it u íd o para ser enviad o à Terra Santa.
A n t es da sua m o rt e, Stalin t eria d eclarad o que, se h o u ­
vesse Deus, ele haveria de destruí- lo, mas que provaria ao
m und o que Deus não existe.
Teria Deus se esq uecid o de tod as as afro n t as feitas a
Ele pelos russos d u ran t e a vig ência d o com u n ism o e de
t o d o s os crim es co m et id o s co n t r a os que confessam o
nom e d EIe, q u er crist ãos, q u er jud eus?
O m o d o co m o Deus tem t rat ad o as nações que se
levantam co n t ra Ele e o seu p o vo m ostra que o dia da
Rússia chegará. Deus, na sua m isericórd ia, d erru b o u p o r
t erra a co rt in a de ferro e o m uro de Berlim , em 1991, para
q ue duas coisas ocorressem d en t ro de seu p ro p ó sit o de
cu m p r ir as profecias. Prim eira, a Rússia haveria de p erm i­
t i r a saída d os jud eus de seu t er r it ó r io , co n f o rm e Isaías
4 3 .6 ["D ir ei ao N o r t e: D á"],e Ezequiel 37.13 ["Q u an d o eu
ab r ir as vossas sep u lt u ras"]. Seg u n d a,o evangelho haveria
de ser an u nciad o tam bém ao so f rid o p o vo russo [ M t
24.14], o que vem aco n t ecen d o u ltim am ente m ediante
gigantesco esfo rço m issionário de evangélicos d o m un­
d o t o d o , inclu sive d o Brasil.
A grave crise econ ôm ica, p o lít ica e social p o r que
passa a nação russa t o rn a solenes as recentes palavras de
um estu d ioso dos even tos de nossa época:

A União Soviética pode ter desaparecido, mas a Rússia


— a despeito dos dramáticos esforços em busca da demo-
108 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

cracia e da liberdade — está, neste mundo cada vez mais


instável, mais perigosa do que nunca. Jamais devemos nos
esquecer de que a Rússia e suas ex- repúblicas representam
um paradoxo da História. Eles têm uma economia domésti­
ca de Terceiro Mundo e um padrão de vida acoplado a um
complexo industrial militar de alcance mundial. A única
coisa que eles têm para vender a um perigoso e lucrativo
Oriente Médio é o melhor armamento de destruição de
massa que o dinheiro pode comprar. Este é o tipo de ambi­
ente — combinado com o remanescente desta colossal
infra- estrutura militar — que produz o controle militar.47

O u t r o p ro fu n d o estud ioso das profecias bíblicas, cujo


m in ist ério pelo rád io e pela televisão alcança 25 mil cid a­
des dos Estad os Un id o s e 160 nações ao red o r d o glob o,
fala que a atual Rússia pós- p er est r o i k a está p ro n t a para
cu m p r ir o que as profecias prevêem :

O urso não está hibernando. Ele está acordado, fa­


m into, e pronto para atirar- se sobre o mundo, exatamente
com o a Palavra de Deus tem profetizado.48

R e s s u r g i r á a U n i ã o So v i é t i c a ?
Q u an d o caiu o com u n ism o no Leste Eu ro p eu , líde­
res cr ist ão s de t o d o o m u n d o p ressen t iram q u e a
p e r e st r o i k a não passava de um a o p o rt u n id ad e que Deus
estava dand o aos crist ãos de t o d o o m u nd o de fazer que
aqueles países tam bém ouvissem o evangelho.
A rapidez com que agências m issionárias e grandes
d enom inações evangélicas d o O cid en t e, inclusive d o Bra­
sil, acorreram àqueles países levand o a Palavra de Deus
atestava a certeza de que a p o rt a da liberdade não p er­
m aneceria ab erta p o r m u it o tem p o. De fato, a liberdade
religiosa com eço u a ser cerceada em 1998, q u an d o o par­
lam ento russo e o p residente Bóris Yelt sin , pressionados
M O T I V O S D A I N V A SA O 109

p o r Alex ei II7 líd er m áx im o da Igreja O r t o d o x a Russa,


aprovaram um p ro jet o que p roíb e a ab ert u ra de novos
trab alh os m issionários e novas igrejas no país. Seg u nd o
esse p ro jet o , som ente igrejas com um m ínim o de 15 anos
de registro têm liberdade de fu n cion am en t o.
A d r ian o M ar in h o da Co st a Jú n io r, que en t ro u na
Rússia em 1995 co m o m issionário evang élico, não descar­
ta a possib ilidade d o r et o rn o d o regim e com unista:

A igreja russa teme perder a liberdade religiosa. Com a


nova lei,a polícia nos pede outros documentos e uma auto­
rização para evangelização nas ruas. N o salão onde fazemos
as reuniões, precisamos estar bem documentados e sempre
com um russo ao nosso lado. Às vezes, a igreja tem que
estar registrada no nome de um russo. Lá os cultos são
bem diferentes, e eles não falam muito alto.49

A p rofun d a crise p o lít ica e econ ôm ica p o r que passa


a Rússia, especialm ente no m o m en t o em que escrevo,
revela a possib ilidade de um ráp id o retrocesso em ter­
m os de d em ocracia. A esse respeit o, o u t r o estu d ioso das
profecias, escrevendo acerca d o desejo da Rússia de vo l­
t ar a ser um a su p erp ot ên cia, afirm ou:

O império dos soviéticos durante o tempo do governo


comunista era uma fonte de grande orgulho para muitos. A
humilhação de perder esse império junto com o empobreci­
mento de sua economia trôpega deixou o povo russo sau­
doso de seu passado, amargurado com o presente e céptico
sobre o seu futuro. É nesse clima que a ditadura desabrocha,
e realmente não é preciso olhar mais para além das recentes
eleições na direção da Duma Russa, para encontrar uma
indicação do rumo que a Rússia está tomando.50

M as a cr ise eco n ô m ico - so cial da Rú ssia n ão re­


p resen t a ap enas um a am eaça à f r ág il d em o cr acia. Essa
110 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

f alt a de r ecu r so s t em p r eju d icad o a m an u t en ção de


t o d o o sist em a elet r ô n ico de c o n t r o le das arm as n u ­
cleares. A p o ssib ilid ad e de um f o g u et e b alíst ico n u ­
clear ser d isp ar ad o p o r falha t écn ica o u elet r ô n ica é
h o je m u it o m aio r d o q u e n o t em p o da g u er r a f ria.
A fim de at en u ar a gravid ade dessa crise, os Estad os
Un id o s têm investid o centenas de m ilhões de d ólares na
Rússia e refo rçad o a vig ilância de suas fro n t eiras, pois
algum as arm as nucleares m iniaturizadas, que podem ser
abrigad as d en t ro de um a mala com u m de viagem , desa­
pareceram d o país e podem estar em m ãos até de g ru p os
t erro rist as d o t ip o que tem atacado in st it u ições norte-
am ericanas em várias partes d o m undo. Um a mala dessas
deix ada nas prox im id ades d o Cap it ó lio , em Wash in g t o n ,
arrasaria t u d o num a área quadrada de vários q u ilôm e­
tro s, inclusive a Casa Branca. Em 1997, duas pessoas foram
presas em M iam i pelo FBI p o r estarem t en t an d o neg oci­
ar arm as russas, saídas daquele país talvez em vir t u d e de
su b o rn o ou de d escuid o dos m ilitares russos.
Esses m ilit ar es, q u e t êm r eceb id o seu so ld o com
vár io s m eses de at r aso — o q u e t em q u ad r u p licad o
o ín d ice de su icíd io en t r e eles — p o d er iam , eles m es­
m os, num at o de d esesp er o , cau sar um a d est r u ição
d e p r o p o r çõ es in t er n acio n ais.
To d o esse cao s q u e en vo lve a ex t in t a U n ião So ­
viét ica t o r n a so len es as ad ver t ên cias d e q u e o c o ­
m u n ism o p o d e r e t o r n ar a q u alq u er m o m en t o , ain d a
m ais r ad ical d o q u e an t es, e t o r n a bem vivas as p ala­
vr as ap o st ó licas: "Q u an d o disserem : Há paz e seg u ­
rança, en t ão , lhes so b revirá rep en t in a d est r u ição , co m o
as d o res de p ar t o àq uela q u e está g rávid a; e de m o d o
n en h u m escap arão " [2 Ts 5.3].
Nos montes de Israel, cairás, tu, e todas as tuas
tropas, e os povos que estão contigo; e cls aves de
rapina, e cis aves de toda a asa, e aos animais do
campo, te darei por pasto (Ez 39.4).

eliz o u t r ág ico , o d est in o de um


p o vo m u it as vezes d ep en d e da sua
at it u d e em relação à Palavra de
Deus. Tal aco n t eceu e ain d a aco n ­
t ece a Israel e a m u it as o u t r as na­
çõ es. Em cu m p r im en t o à o rd em
im p er at iva de Jesu s, o evan g elh o
da g raça de Deu s t em sid o p r o cla­
m ad o em t o d o o m u n d o , p ara t es­
t em u n h o a t o d as as g en t es. E os
o u vin t es, aceit an d o ou não as Boas
112 ISRA EL, G O G U E E O A N T 1 C RIST O

N o vas, esco lh em , in d ivid u al e co let ivam en t e, o f u t u ­


ro de sua p r ó p r ia n ação.
A Rússia teve tam bém a sua o p o rt u n id ad e de tornar-
se b ib licam ente crist ã, mas não soube aproveitá- la. Isso
o co rreu no t em p o d o im p erad o r Alex an d re I, no in ício
d o século X IX . Po ssu id o r de um carát er bastante co n t r a­
d it ó r io , mas p rop enso a reco n h ecer a sua p ró p ria fraq ue­
za e a se h u m ilh ar d iante de Deus, Alex an d re com p reen ­
d eu, ao peso das graves circu nstân cias da sua época, que
a vida era algo m u ito sério e p o r isso p ro cu ro u m ed itar
e cu id ar da form ação de sua p ró p ria personalidade.
N a sua in saciável sed e d e d o m ín io , N ap o leão
Bo n ap art e arrasava os países d o O cid en t e Eu ro p eu . Du ­
rante a guerra franco- b ritânica, em 1805,Alex an d re aliou-
se aos in im ig os d o d it ad o r f ran cês e tam b ém perd eu a
g u erra. Teve de p ed ir a paz em 1807. N o an o seg u in t e,
A lex an d re aliou- se a N ap o leão e d eclarou g u erra à Su ­
é c i a ^ esta perd eu a Finlândia. A am izade en t re os d ois
estad istas, t o d avia, d u ro u p o u co , e N ap o leão , f u rio so ,
am eaçou o cu p ar a Rússia.
A in t en ção de N ap o leão d eix ou A lex an d r e p r o f u n ­
d am en t e an g u st iad o , e este p r o cu ro u um am ig o da sua
ju ven t u d e,o p rín cip e Galit z in , que ab and onara um a vid a
t o rm en t o sa e se co n ver t er a ao evang elho. O s d ois esta-
vam d iariam en t e ju n t o s, e a n ova vid a d o p rín cip e cren ­
t e im p ression ou f o rt em en t e o im perador.
Cer t o dia, Galitz in , ao t o m ar a Bíblia de sobre a mesa
para Ier um trech o ao im perador, deixou- a cair inadverti­
dam ente. A o apanhá- la, n ot ou que esta se abrira no Salm o
91. Alex an d re Ieu as palavras e ficou im pressionado.Tornou
a lê- las. Galitz in disse- lhe que não fora p o r acaso, cert a­
m ente, que a Bíblia se abrira ali, mas p o r vontad e divina.
Desde aquele m om ento Alex an d re m ostrou grande inte­
resse pela Bíblia, e mais tarde escreveu :"Eu d evorava a Bí­
blia e suas palavras d eram co n so lo ao m eu co ração . N a
sua im ensa graça, o N o sso Sen h o r ab riu os m eus o lh o s
O FIM D A RÚ SSIA 113

de m o d o que en t en d i o que li. Esta ed ificação , esta luz


in t er io r e m uitas o u t ras b ênçãos t en h o de ag rad ecer à
leitu ra das Sagradas Escr it u r as".51
Nap o leão invadiu a Rússia, co n f o rm e p ro m etera, mas
sofreu frag orosa d err o t a pela espada, p elo f r io e pela
fom e. Para A lex an d r e, q u e co n h ecia as cam p an h as
nap o leôn icas, isso era a m ão de Deus, em cu m p rim en t o
ao Salm o 91. Tornou- se m ais fiel ao evan g elh o e trazia
sem pre co n sig o a Bíb lia Sagrada, q u e lia d iariam ente. N o
dia de seu an iversário , 11 de set em b ro de 1815, A lex an d re
estava na França e N ap o leão era um co n q u ist ad o r d efi­
n it ivam en t e d erro t ad o . Dep ois de passar em revista seus
150 m il h om ens, A lex an d re ajoelhou- se p eran t e t o d o s e
g lo r if ico u a Deus pela vit ó ria.
A So cied ad e Bíb lica Russa, fund ad a p o r in iciat iva
inglesa em 1812, receb era t o d o o ap o io d o im p erad or,
inclusive grandes subsídios. M as o San to Sín o d o da Igreja
O r t o d o x a, p erceb en d o que os seus alicerces estavam
send o m in ad os, m oveu tal cam panha co n t r a aq uela en­
tid ad e "p r o t est an t e" que o im p erad o r não p ôd e resistir.
Galit z in foi o b rig ad o a d eix ar a p resid ência da socied a­
de, e os líd eres d o sín o d o t o m aram o seu lugar, im pe­
d in d o assim t o d o o p rog ram a de d ist r ib u ição de Escr i­
t u ras naquele país.
Q u e teria acontecido à Rússia se ela tivesse sido semeada
de Bíblias? O com unism o ateu teria ali prevalecido?
Po r essa ép oca, conta- se, h o u ve um a g rand e fom e
num d o ^ estad os da Rússia, e um padre de um a freg u e­
sia p en sou em ven d er um p o u co dos m u it os bens da
igreja para co m p r ar p ão, p o rém o bisp o af irm o u que
p referia ver o p o vo m o r r er de fom e d o que co n sen t ir
q u e se gastasse o u r o da igreja para m atar a fom e dos
fam in tos. Essa at it u d e, t ão op ost a à d o u t r in a de jesus de
Naz aré, d esp ert o u o ó d io de m u it o s co n t r a a rica igreja
e isso, sem d ú vid a, levou o co m u n ism o a t o m ar co n t a
de t o d a aq uela g ran d e nação.
114 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

O f im d o c o m u n ism o ?

A h ist ó ria m o d ern a d o co m u n ism o co m eço u em


1848, q u an d o Kar I M ar x e Fred erik En g els lançaram O
m a n i f est o co m u n i st a . O m o vim en t o o b t eve boa reper­
cussão em t o d o o m u n d o , mas só lo g ro u o cu p ar o
p o d er em 1917, na Rússia, na revo lu ção b o lch eviq u e lid e­
rada p o r Lênine.
Duvida- se da o rig in alid ad e d o m o vim en t o co m u ­
nista so viét ico . H ist o r iad o r es vár io s afirm am q u e os
resp on sáveis pela d erru b ad a d o cz arism o p o u co ou
nada t in h am de m arx istas, t en d o h avid o , ist o sim , o
ap r o veit am en t o p o r p art e d o s co m u n ist as da sit u ação
caó t ica rein an t e no país. De q u alq u er f o rm a, pela p r i­
m eira vez o sistem a foi im p lan t ad o , à cu st a de m ilh ões
de assassinatos.
Da Rússia o co m u n ism o co n q u ist o u o u t r o s países
até ao p o n t o de d o m in ar um t er ço da hum anid ad e, mas
a Hist ó r ia t est if ica q u e o t er r ível regim e verm elh o cam i­
nha rap id am en te para o seu p r ó p r io fim , graças à p o d e­
rosa m ão de Deus que tem im p ed id o a sua m archa. A s
profecias dão- nos a garantia de que o at eísm o não ex is­
t ir á d u ran t e o g o vern o d o an t icr ist o ,q u e será relig io so ,
e não m aterialista e ateísta.
Em ed ições an t erio res d este livr o , afirm ei que so­
m ente Deus p od ia p arar o co m u n ism o , salien t an d o que
o car át er ateísta d o sistem a co n st it u i um a blasfêm ia
que o Cr iad o r não d eix aria f icar im pune. De f at o , assim
o co rreu .
A c r e d it o q u e o q u e ain d a r est ar d o co m u n ism o
n o m u n d o d esap ar ecer á m ed ian t e a lid er an ça d o
an t icr ist o n o im p ér io r o m an o r est au rad o . A séria c r i ­
se d e au t o r id ad e n o s g o ver n o s d o m u n d o tornar- se-
á cad a vez m ais acen t u ad a, d en t r o da p er sp ect iva da
escat o lo g ia b íb lica, seg u n d o a q u al t o d a a lid eran ça
será um dia co n cen t r ad a nas m ãos d o an t icr ist o .
O FIM D A RÚ SSIA 115

É claro que a hábil p olítica ex t erio r de Ron ald Reagan


aju d o u a fech ar o cerco e levar a Rússia à p e r e st r o i k a ,
mas p o r t rás de t u d o isso está a m ão de Deus, resp on ­
d en d o às o raçõ es angustiosas de m ilhões de cren t es
que suspiravam pela lib erd ad e de p o d er cu lt u ar a Deus
livrem en t e e de p ossuir, p elo m enos, um ex em p lar da
Escr it u r a Sagrada.
A p e r e st r o i k a sig n ifica tam b ém o cu m p rim en t o da
prom essa de Deus de d er r u b ar a co r t in a de f erro e o
m uro de Berlim para que os jud eu s pudessem r et o r n ar
à sua antiga t erra. Deus rom p eria as sep u lt u ras em que
estavam ret id o s os jud eus!

Um ju lg a m e n t o d e D eu s

Bem n o f u n d o , os co m u n ist as ru sso s alim en t am


ain d a h o je o o b j et ivo de r et o r n ar ao p o d er e o cu p ar
a Palest in a, q u e é o b er ço d o ju d aísm o , d o cr ist ian is­
m o e d o islam ism o , e b an ir a relig ião da face da t er r a,
m as Deus in t er v ir á co n ^ o seu b r aço f o r t e em f avo r
d o seu p o vo , e en t ão será t r ág ico o fim d o s ex ér cit o s
in vaso res:

Sucederá, porém , naquele dia, no dia em que vier


Go g u e con tra a terra de Israel, diz o Sen h o r Jeová,
que a m inha indignação subirá a meus narizes. Por­
que disse no meu zelo, no fogo do meu furor, que,
naquele dia, haverá grande t rem o r sobre a terra de
Israel, de tal sorte que trem erão diante da m inha face
os peix es do mar, e as aves do céu, e os anim ais do
cam po, e tod os os répteis que se arrastam sobre a
t erra, e tod os os hom ens que estão sobre a face da
t erra; e os m ontes cairão, e os p recip ícios se desfa­
rão, e tod os os m uros desabarão p o r terra. Porque
cham arei contra Go g u e a espada, sobre tod os os meus
116 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

m ontes, diz o Sen h or Jeo vá; a espada de cada um se


voltará co n tra seu irm ão. E contend erei com ele p or
m eio da peste e do sangue; e uma chuva inund ante, e
grandes pedras de saraiva, fogo e enx ofre farei cair
sobre ele, e sobre as suas tropas, e sobre os m uitos
povos que estiverem com ele. Assim , eu me engran­
d ecerei, e me santificarei, e me farei co n h ecer aos
o ih os de m uitas nações; e saberão que eu sou o Se­
n h o r [Ez 38.18- 23],

A b at alh a d o g ig an t e G o g u e c o n t r a o p eq u en o
Isr ael será das m ais t e r r ív e is q u e se p o ssa im ag in ar,
e n ão t er á sim ilar na h ist ó r ia d o m u n d o . Ser á t r av a­
da co m vio lên cia n o s m ares ["t r e m e r ão [...] os p ei­
x es d o m ar "]; o c o n f lit o aéreo será h o r r ip ilan t e [ "t r e ­
m erão [...] as aves d o c é u "], e os co m b at es em t er r a
ser ão est ar r eced o r es ["t r e m e r ão [...] t o d o s os r ép ­
t eis q u e se ar r ast am so b r e a t e r r a "]. M as a v it ó r ia
p en d er á em f av o r d o s ju d eu s, p elas p r ó p r ias c o n ­
vu lsõ es da n at u rez a so b in t er ven ção d ivin a, co m o
af ir m a a Bíb lia:

A s m ontanhas serão arrasadas, as grandes pedras


ficarão em pedaços e todas as m uralhas cairão. Farei
cair sobre Go g u e tod o tip o de desgraças, que o en­
cherão de medo. Sou eu, o Senhor Et ern o , quem está
falando. Os soldados de Go g u e ferirão uns aos outros
com as suas espadas. Eu os castigarei com doenças e
m ortes. Derram arei chuvas pesadas, pedras de gelo, fogo
e enx ofre em cim a de Go g u e e do seu ex ército e em
cim a das m uitas nações que estão do lado dele. Desse
m odo m ostrarei a todas as nações que sou poderoso
e santo. Elas ficarão sabendo que eu sou o Etern o [Ez
38.20- 23, BLH, Bíblia na Linguagem de Hoje],
O FIM D A RÚ SSIA 117

Q u an d o isso aco n t ecer, o m u n d o não terá d ú vid as


de q u e Deus lu t o u p o r Israel, t ão grand es, esp antosos e
so b ren at u rais serão esses ju lg am ent os. A s nações en­
t en d erão que se t r at o u de um a in t erf erên cia d ireta d o
Deus vivo co n t r a o in im ig o da ret id ão e da justiça.

Eis que eu sou contra ti, ó Gogue, príncipe e chefe


de Meseque e de Tubal. E te farei voltear, e te porei seis
anzóis, e te farei subir das bandas do N o rt e, e te trarei
aos montes de Israel. E tirarei o teu arco da tua mão
esquerda e farei cair as tuas flechas da tua mão direita.
Nos montes de Israel, cairás, tu, e todas as tuas tropas, e
os povos que estão contigo; e às aves de rapina, e às aves
de toda a asa, e aos animais do campo, te darei por pasto
[Ez 39.1- 4],

A ex em plo d o que tem o co r r id o nas guerras árabe-


israelenses, coisas espantosas e hum anam ente inex plicáveis
p o d erão o co r r er aos ex ércit os de Go g u e: aviões e tan ­
ques enguiçarão em plena batalha, sem q u alq u er m o t ivo
["t ir ar ei o teu arco da tu a m ão esquerda e farei cair as
tuas flechas da tu a m ão d ir eit a"], e os soldados ficarão
paralisados de m edo ante as trop as israelenses.
A dura linguagem p rofética m ostra ainda que o Deus
vivo vai t r at ar a Rússia co m o a um a fera, p ond o- lhe seus
anzóis e trazendo- a para ser castigada e julgada nas
m o n t an h as de Israel.
É interessan te n o t ar q u e o Sen h o r esp ecifica um
n ú m ero de anzóis: seis. Esse n ú m ero , seg u n d o os t eó lo ­
gos, co rresp o n d e ao n ú m ero d o h om em , q u e foi criad o
no se x t o dia e que deve t rab alh ar sei s dias na sem ana
[G n 1.26; Êx 2 0 .9 ; 23.12; 31.15; Lc 13.14 et c.], co m o vere­
m os mais ad iante, no cap ít u lo 9. Em sum a, os seis anzóis
ajustam - se p erf eit am en t e a Go g u e e aos dem ais p o vo s
q u e o aco m p an h arão , livrem en t e ou sob pressão.
118 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

A s a r m a s d o s in vaso r es

Lem os na Palavra de Deus um a d escrição d o m at eri­


al u tiliz ad o para fab ricação das arm as de g u erra usadas
p o r Go g u e:

E os habitantes das cidades de Israel sairão, e total­


mente queim arão as armas, e os escudos, e as rodelas,
com os arcos, e com as flechas, e com os bastões de
mão, e com as lanças; e farão fogo com tudo isso por
sete anos. E não trarão lenha do campo, nem a cortarão
dos bosques, mas com as armas acenderão fogo; e rou­
barão aos que os roubaram e despojarão aos que despo­
jaram, diz o Senhor Jeová [Ez 39.9,10].

De um ex celen t e p er ió d ico evan g élico p o r t u g u ês,


tran screvem o s o in teressan te co m en t ário :

A palavra profética de Deus não tem falhas na sua


descrição, no final da dispensação atual. Em Th e M o u n t
Zi o n Rep o r t , John Weston apresenta um material chama­
do lignostone, do qual os russos fabricam dezenas de
milhares de objetos diferentes para a guerra. Tudo para a
invasão do Orien te Médio. Ele cita Ezequiel 39.9,10 acer­
ca das armas russas que Israel usará com o com bustível
durante sete anos.
Lignostone é semelhante a [vinte a trinta] pedaços de
contraplacado apertado por um trem endo poder de va­
por. É uma invenção holandesa mais forte do que o aço,
mais elástico do que molas da mesma matéria e que arde
m elhor do que o carvão. Os holandeses utilizam- no nas
suas fábricas de gás; os ingleses, com o raios de rodas nos
seus enormes carros de carga, e os russos com o material
de guerra para aviões, tanques, espingardas e outros.
O FIM D A RÚ SSIA 119

É esta matéria que Israel, segundo a profecia de há


2.500 anos, usará com o combustível durante sete anos.52

A h ! se os russos soubessem o que os espera em


Israel! Será o d esm ascaram ent o p ú b lico da Rússia.
Pelo f at o de ser Jo el o p ro fet a d os grand es sinais
d os fins d os tem p o s e das batalhas finais que co n su m a­
rão os séculos, é possível que ele fale d o fim h u m ilh an t e
da Rússia após a fracassada investida co n t ra Israel, quando
afirm a:

E aquele que é do No r t e farei p artir para longe de


vós, e lançá- lo- ei em uma terra seca e deserta; a sua
frente para o mar oriental, e a sua retaguarda para o mar
ocidental; e subirá o seu mau cheiro, e subirá a sua po­
dridão; porque fez grandes coisas (JI 2.20],

Essa linguagem p o d eria sig n if icar um p eq u en o e


p ob re t er r it ó r io co m p reen d id o pelos d esertos da Sib éria,
en t re o m ar de Berin g e o o cean o Glacial Á r t ic o .
o novo
ÍOlPéRÍO R00)A1)0
Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará
um reino que não serájamais destruído; e esse
reino não passará a outro povo; esmiuçará e
consumirá todos esses reinos e será estabelecido
para sempre (Dn 2.44).
o m o in t r o d u ção a este e aos dem ais
cap ít u lo s, julg am os necessária um a
palavra acerca d os d iversos sistem as
de in t erp ret ação da p rofecia bíblica
aceit o s h oje p elos crist ãos.
É evid en t e que a situ ação mun-
dial evo lu i m ais de co n f o rm id ad e
com o m ét o d o f u t u r ist a, p ref erid o
pela m aio r p art e d o s est u d io so s da
Palavra de Deus. A cer ca desse siste­
ma e de suas im p licações t eo ló g icas
12 2 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

p o u co falarem os, p o r não ser o o b jet ivo p recíp u o deste


t rab alh o , que é o de analisar a p ro fecia de Ezequiel com
resp eit o a Go g u e, o que p rat icam en t e já o fizem os. To­
davia, in t erro m p er aqui nossas con sid erações seria co m o
d eix ar os leit o res no m eio d o cam in h o , p ois a queda da
Rússia — acred it am o s — p ro vo cará p ro fu n d as m o d if i­
cações p o lít ico- relig iosas no m u n d o , algum as das quais
já estão send o ensaiadas.
Passem os agora à consid eração das princip ais escolas
escatológicas:
Pr et er i st a . In t erp ret a as p rofecias de Daniel e d o
Ap o calip se co m o já cum p rid as, com ex ceção de um as
poucas. Essa form a de in terp retação tem sido geralm ente
aceita pela Igreja Rom ana, pelos t eó lo g o s p rotestan tes
lib erais e pelos que rejeitam o dispensacionalism o.
Nessa visão das profecias,quase t o d o o livro de Daniel
se cu m p riu no p erío d o in t erb íb lico [antes de Cr ist o ] e o
Ap o calip se, na sua quase t ot alid ad e, foi cu m p rid o nos
prim eiros três séculos da Era Cristã. Assim ,a septuagésim a
sem ana de Daniel teve seqüência im ediata à sexagésim a
n o n a,e seu cu m p rim en t o deu- se há quase d ois mil anos.
Pr o g r essi st a . Co m o o p r ó p r io nom e já ind ica, inter­
preta Daniel e o Ap o calip se co m o o d esen volvim en t o
h ist ó rico d o m undo. Esse m ét o d o nasceu na Reform a
Protestan te, no século X V I, e alcançou seu ap ogeu com
as pregações de Gu ilh er m e M iller , no in ício d o século
passado. Ela p ro cu ra os cu m p rim en t o s p ro f ét ico s nos
grandes eventos, co m o o papado, a Reform a, a Revolu ção
Francesa etc., e seus ad ep tos chegaram a m arcar diversas
datas para a volta de Cr ist o , send o a princip al delas a de
22 de o u t u b r o de 1844.
Foi tão grande a decepção dos que sinceram ente aguar­
davam o r et o r n o de Cr ist o para aquela data que, desde
então, apenas adventistas,testem unhas- de- jeová e o u t r o s
p eq u en os g ru p o s ainda d ivu lg am esse t ip o de in t er p re­
tação , e assim m esm o com d iverg ên cias.
O N O V O IM PÉRIO R O M A N O 12 3

Fu t u r i st a . Seg u n d o essa escola, quase to d as as p r o ­


fecias de Daniel e d o A p o calip se se cu m p r ir ão d u ran t e
os sete an os q u e se seg u irão ao arreb at am en t o da Ig re­
ja, q u e, p o r sua vez, o co r r er á rep en tin am en te.
A in t erp ret ação f u t u r ist a ensina que a invasão de
Israel p o r Go g u e e seu b and o dar- se- á no in ício ou às
vésperas dessa últim a sem ana de anos e p ro vo cará a
f orm ação d o n o vo im p ério ro m an o , de o n d e em erg irá
o an t icr ist o . Est e fará um a aliança com Israel, mas a
q u eb rará no m eio da sem ana, d an d o orig em à Gr an d e
Trib u lação, que só t erá fim q u an d o Jesu s vier, co m p o ­
d er e g rand e g ló ria, para in au g u ração d o seu rein o
m ilenial na Terra.
En t r e as passagens b íb licas que reforçam a in t er p r e­
t ação f u t u rist a está a de Zacarias 14.2- 4,9:

Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja


contra Jerusalém ; e a cidade será tomada, e as casas serão
saqueadas, e as mulheres, forçadas; e metade da cidade
sairá para o cativeiro, mas o resto do povo não será
expulso da cidade. E o Senhor sairá e pelejará contra
estas nações, com o pelejou no dia da batalha. E, naquele
dia, estarão os seus pés sobre o m onte das Oliveiras, que
está defronte de Jerusalém para o oriente; e o monte das
Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o
ocidente, e haverá um vale m uito grande; e metade do
m onte se apartará para o norte, e a outra metade dele,
para o sul. E o Senhor será rei sobre toda a terra; naquele
dia, um será o Senhor, e um será o seu nome.

O sistem a f u t u r ist a ensina ainda que a Ig reja co n st i­


t u i um p arên tese na cadeia p ro f ét ica das setenta sem a­
nas de an os [Dn 9 .2 4 - 2 7 ], que ab ran g e o p er ío d o desde
4 4 5 a.C. até 32 d .C., e m ais sete an os ainda p o r vir ,ap ó s
a ascensão da Igreja.
124 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

Q u alq u er que seja a o p in ião d o leit o r, os fat os nar­


rad os a seg u ir são d ig n o s de um a análise im p arcial à luz
da Palavra de Deus, p ois co n st it u em um a ad vert ên cia
solen e de que a vin d a de Cr ist o está às p ortas.

Es t a d o s U n i d o s d a E u r o p a ?

Um jo rn al paulista p u b lico u um a n o t ícia de elevad o


interesse para os que aguard am o cu m p rim en t o das
p rofecias bíb licas. So b o t ít u lo "Pr o p o st a a u n ião t o t al
da Eu r o p a", assim n o t icio u o im p o r t an t e m at u t in o :

O prim eiro- m inistro belga Leo Tindemans propôs a


transformação da Comunidade Econôm ica Européia numa
"autêntica" união da Europa, que seja o em brião de uma
superpotência de mais de 3 0 0 milhões de habitantes. O
docum ento [...] já desencadeou um debate que a agência
Fra n ce Press considera "um dos mais apaixonados do
século [XX] na Europa". Bonn e Paris acolheram favora­
velm ente o relat ório de 80 páginas preparado p or
Tindemans a pedido de seus colegas da CEE em 1974 e
concluído dia 31 de dezembro, quando entregou as cópi­
as aos outros membros da Com unidade.53

Vin t e e cin co anos mais tard e, em janeiro de 1999,


finalm ente consolida- se o so n h o de Tindem ans e de tan­
t o s o u t ro s líderes europeus. A Co m u n id ad e Eu rop éia
inaugura com grande sucesso a sua m oeda única, o euro.
Esse passo é de im p o rt ân cia tal que não p o d e ser
co m p arad o àq uele d ad o p o r Jú lio César há m ais de
vin t e séculos, q u an d o ex pandiu e co n so lid o u as f r o n t ei­
ras d o im p ério rom an o. Naq u ele t em p o , a u n ião foi
o b t id a p o r m eio de sangrentas batalhas, ao passo que
h oje essa fusão de nações o co r r e m ed iante a renú ncia
ao n acion alism o in t ran sig en t e e à entrega a um a batalha
pacífica: a d o livre co m ércio .
O N O V O IM PÉRIO R O M A N O 125

Su rg e, assim , a g rand e p o t ên cia europ éia — biblica-


m ent e, o n o vo Im p ério Ro m an o — , cr ian d o as co n d i­
ções necessárias ao su rg im en t o d o an t icr ist o .

O n o vo im p é r io r o m an o

A invasão da Palestina pela Rússia e seus aliad os


insere- se no co n t ex t o d os g rand es aco n t ecim en t o s d os
ú lt im o s t em p o s, p red it o s pela p ro fecia b íb lica, d en t re
eles a u nião europ éia e o su rg im en t o d o an t icrist o .
A cr ed it o que ap ós a invasão russa e seu d esastroso fim
nas m ontanh as israelenses, os eu rop eu s o cid en t ais,"n a
ex p ectação das coisas que so b r evirão ao m u n d o " [Lc
21.26], serão u n ificad o s p elo m edo.
Dessa união de países que co n st it u irão o im p ério ro­
m ano restaurado ficarão de fora os russos e o p ovo euro­
peu id entificado com o Gô m er, além dos dem ais, que são:
os persas, os arm ênios, os etíopes e os Iíbios. De t od os os
povos que acom panharão os russos na invasão de Israel, a
descendência de Gô m er tem sido a mais difícil de ser
claram ente estabelecida na Eu rop a atual. A s op in iões indi­
cam que poderiam ser os habitantes alem ães orientais [da
antiga Alem anha Orien t al], húngaros, checos e eslováquios,
os quais integraram a antiga Un ião Soviética.
O ressurg im ento d o im p ério rom ano co m o um d o ­
m ín io m u n d ial será a co n cr et iz ação d o an seio de
ecum enistas,sincretistas e cientistas nucleares m od ernos,
pregadores de um a só religião e de um só g overn o para
o m undo. A t é m esm o St an ley jon es, ap reciad o au t o r de
livros d evocionais de grande aceitação nos m eios evangé­
licos, defendia um t ip o de fed eração de nações. Diz ele:

A dificuldade, que se apresenta com o problema


mundial, está, portanto, crua e nua à nossa frente: dele­
garão as nações sua soberania a uma união federativa
mundial, ou negarão delegá- la, continuando a confiar em
126 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

ligas, pactos, tratados e cartas? Todas as questões são


secundárias e marginais. Esta é centrai. Se de livre e es­
pontânea vontade não delegarem sua soberania e inde­
pendência em favor da paz, mui a contragosto a legarão
em favor da guerra.54

Em n ossos dias, d iversas seit as d o O r ien t e e d o


O cid en t e pregam a necessid ad e d o g o ver n o m und ial
co m o ú n ico m eio para se evit ar o d esastre t o t al da
h u m an id ad e, d estacand o- se o Co n selh o M u n d ial de
Ig rejas — já d et en t o r de co n sid erável in f lu ên cia no
m u n d o p o lít ico - r elig io so , p o r f alar em n om e de m ais
de m eio b ilh ão de seres h u m an o s — q u e vem p reg an ­
d o a m esm a m ensagem .
Sh og h i Ef f en d i,o Gu ard ião da Fé Bahá'i, seita orien tal
que está send o am plam ente propagad a no O cid en t e e
em t o d o o m u nd o, descreve o m od elo d o g o vern o m un­
dial p reconizado pela sua religião:

A unidade do gênero hum ano — assim com o


Bahá'úlláh a concebeu — compreende o estabelecimento
de uma comunidade mundial em que todas as nações,
raças, credos e classes estejam estreita e permanentemente
unidas, e na qual a autonom ia dos Estados que o com ­
põem, a liberdade e a iniciativa pessoal dos membros indi­
viduais destes sejam garantidos de um modo definitivo e
completo. Tal comunidade mundial deve abranger, segun­
do o nosso conceito, um Legislativo mundial, cujos mem­
bros, os representantes de todo o gênero humano, con­
trolarão todos os recursos das respectivas nações com po­
nentes e criarão as leis que forem necessárias para regular
a vida, satisfazer as necessidades e ajustar as relações de
todas as raças e povos entre si.
Um executivo mundial, apoiado por uma força interna­
cional, efetuará as decisões desse legislativo mundial, aplicará
as leis por ele criadas e protegerá a unidade orgânica de toda
O N O V O IM PÉRIO R O M A N O 12 7

a comunidade mundial. Um tribunal mundial deverá adjudi­


car toda e qualquer disputa que surja entre os vários elemen­
tos que constituem esse sistema universal, sendo irrevogável
a sua decisão [...] Um idioma mundial será criado, ou escolhi­
do dentre as línguas existentes, e será ensinado em todas as
escolas de todas as nações, como auxiliar à língua nativa.
Uma escrita mundial, uma literatura mundial, um sistema
universal e uniforme de moeda, de pesos e medidas simplifi­
carão e facilitarão intercâmbio e entendimento entre as na­
ções e raças da humanidade".55

N o s m eios cien t íf ico s, essa tese nasceu log o após a


ex plosão da p rim eira bom ba at ôm ica, em 1945, e seu
grande d efen sor foi A lb e r t Ein st ein , um dos pais da ter­
rível arm a. Einstein p rop ôs, em 1957, o estab elecim ento
de um g overn o m undial efetivo, até m esm o d o t ad o de
p o d erio m ilitar. Ele acreditava que som ente um a in st it u i­
ção supranacional desse t ip o seria capaz de evit ar uma
guerra nuclear. Nu m a carta escrita a um a ed it o ra de T ó ­
q u io , Jap ão, diz ele:

Eis por que não há a m enor dúvida de que se nós


deixarmos produzir- se uma nova guerra, grande parte da
humanidade será destruída, as cidades transformar- se- ão
em ruínas e até mesmo a terra ficará envenenada. Seme­
lhante desastre só poderá ser evitado pela criação de um
governo mundial que teria à sua disposição todas as ar­
mas, assim com o o controle das instituições. Ele teria os
poderes legais de trancar sempre todos os casos que, até
agora, conduziram à guerra. A criação de um governo
mundial dotado de poderes tão amplos só será possível
se os povos de todos os países compreenderem perfeita­
mente que não existe meio mais econôm ico e mais em
harmonia com o pensam ento político tradicional das na­
ções. É preciso um trabalho de educação paciente e in­
tensivo em todos os países para que seja possível tal
128 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

mudança fundam ental, que deverá ser realizada antes que


seja tarde [...] Nossa missão principal é sempre conven­
cer os povos de que a Federação Mundial representa sua
única esperança para o futuro. Se conseguirm os propa­
gar esta convicção entre as nações, sua realização não
esbarrará em dificuldades técnicas.56

À luz da Palavra de Deus, o m u n d o deverá inclinar-


se, cada vez m ais, para esse g o vern o in t ern acio n al. E essa
in clin ação será acelerad a à m edida que se suced erem os
p ró x im o s aco n t ecim en t o s no M éd io O r ien t e, para on d e
co n verg em as at en çõ es e interesses atuais das nações. A
p ró p r ia at it u d e co n d en ável da Rússia, ao abater- se co ­
vard em en t e sob re um a região desarm ada e que repousa
em paz, m o t ivará os p o vo s a op tarem p elo g o vern o
m und ial, co m o única alt ern at iva co n t r a os t erríveis m a­
les de um a generalizada co n f lag ração nuclear.
A s Escritu ras afirm am que desse "n o v o " m undo emer­
girá o "h o m em f o r t e" da paz, o falso m essias, o crist o d o
diabo. Diz a Bíblia, p o rém :"Po is que, q u an d o disserem : Há
paz e segurança, então, lhes sob revirá repentina d est ru i­
ção, co m o as d ores de p art o àquela que está grávid a; e de
m od o nenhum escap arão" [1 Ts 5.3].

O t e s t e m u n h o d e D an ie l

N a im p o n en t e e t errível estátua m ostrada em son h o


a Nab u co d o n o so r , rei da Bab ilônia, está representado o
p o d er p o lít ico das nações. N ela viu o m onarca o desen­
rolar da h ist ória dos grandes im p érios m undiais, sim b oli­
zados nos elem entos que a constit uíam .
A cabeça de o u ro era o p o d er b ab ilôn ico [608- 538
a.C.], jam ais igualado. O s b raços e o p eit o de prata refe­
riam- se ao d o m ín io dos m edos e persas [538- 331 a.C.]
q u e,em b o ra mais ex tenso que o seu an t ecesso r,f o i,t o d a­
via, m en o r em m agnificência. O ven tre e as cox as de
O N O V O IM PÉRIO R O M A N O 12 9

cob re falavam d o t erceiro g overn o m undial, grego [331 a


168 a.C.]. E, fin alm ente, as pernas de f erro e os pés em
parte de b arro e em p arte de f erro caracterizavam o
q u art o p o d er m undial, o rom an o, que teve in ício em 168
a.C. e perm anece ainda nos dias atuais. Foi nesse p erío d o
que se deu a vin da de nosso Sen h o r Jesus Crist o .
A f ir m a a Bíblia que os dez dedos dos pés da estátua
representam igual núm ero de nações rem anescentes da
férrea potência dos césares, nações estas que estão deline­
ando hoje, na Europa Ocid en t al, os co n t o rn o s de um novo
im pério rom ano, de onde há de sobressair o anticristo.
O p rofeta Daniel, in t érp ret e fiel dos acon t ecim en t o s
revelados p o r Deus a Nab u co d o n o so r, conclui:

Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de


lodo, misturar- se- ão com semente humana, mas não se liga­
rão um ao outro, assim como o ferro se não mistura com
o barro. Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará
um reino que não será jamais destruído; e esse reino não
passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses
reinos e será estabelecido para sempre. Da maneira como
viste que do monte foi cortada uma pedra, sem mãos, e ela
esmiuçou o ferro, o cobre, o barro,a prata e o ouro, o Deus
grande fez saber ao rei o que há de ser depois disso; e certo
é o sonho, e fiel a sua interpretação [Dn 2.43- 45].

A pedra referida p o r Daniel é Cr ist o , que afirm ou:


"N u n ca lestes nas Escr it u r as:A pedra que os edificadores
rejeitaram , essa foi posta p o r cabeça d o ân g u lo; pelo Se­
n h o r foi feito isso e é m aravilhoso aos nossos o lh o s? E
quem cair sobre esta pedra despedaçar- se- á; e aquele so­
bre quem ela cair ficará reduzido a p ó " [ M t 21.42,44].
Pedro corrob o ra esta mesma d outrin a quando escreve:
"E, chegando- vos para ele [Crist o ], a pedra viva, reprovada,
na verdade, pelos hom ens, mas para com Deus eleita e
p reciosa" [1 Pe 2.4].
130 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

A o rejeitarem o seu M essias, os jud eus t ro p eçaram


na Ped ra e foram feit os em p ed aços — espalh ad os e
p erseg u id os p o r t o d o o m u nd o. M as sob re o g o vern o
m und ial d o an t icr ist o , cuja p lataform a será o n o vo im ­
p ério ro m an o , a ped ra cairá e reduzirá t u d o a pó!
Salient a Daniel q u e os p o vo s rep resen tad os pelos
d ed os d os pés da estátua "m isturar- se- ão com sem ente
hum ana [casam en to], mas não se lig arão um ao o u t r o ,
assim co m o o f er ro se não m istu ra com o b arro ".
De fat o , h ou ve ocasião em que a m aioria d os m o­
narcas eu rop eu s eram m em b ros de um a m esm a fam ília,
mas daí à u n ificação da Eu ro p a p erm aneceram en orm es
b arreiras. N o sécu lo X IX , t an t o s foram os casam ent os
en t re p rín cip es e p rincesas que a rainha V it ó r ia, da In ­
g lat erra e Irlan d a [1837- 1901], e o rei Cr ist ian o V III, da
Dinam arca [1863- 1906], ficaram con h ecid os co m o os avós
da Eu rop a. Po r ocasião da Prim eira Gu er r a M u n d ial, o
rei da In g lat erra, o czar da Rússia e o k aiser da A lem a­
nha eram p rim o s en t re si!
Pelo p o d er das arm as tam b ém não se con seg u iu
levan t ar um n o vo im p ério das cinzas d o velh o , e os
esf o rço s das hord as árabes, t árt aras e t u rcas, bem co m o
as cam panhas im p etuosas de Car lo s M ag n o , O t h o n ,
Car lo s V, Felipe II, Luís X IV , N ap o leão I, Gu ilh er m e II e
H it ler foram tod as in fru t íferas.
A p esar d os fracassos d o p assad o,a u nião da Eu ro p a
é hoje um a t rem en d a realid ade! Um passo im p o rt an t e
nesse sen t id o foi d ad o em Io de ju lh o de 1979, com a
eleição d o Parlam en t o Eu ro p eu . À q u ela ép oca, sessenta
p o r cen t o d os 180 m ilhões de eleit o res d os n ove países
m em b ros elegeram seus 410 rep resentantes.
De 1979 para cá diversos o u t r o s d ecisivos passos têm
sido dados na d ireção d o o b jet ivo fix ado p o r Carlo s
M ag n o no século V III: a unidade eu ro p éia.Co m o se sabe,
o célebre filh o de Pep in o, o Breve, am p liou os d o m ín ios
dos fran cos pelas arm as, son h ou com uma Eu ro p a unida
O N O V O IM PÉRIO R O M A N O 131

e foi co ro ad o im p erad o r d os rom anos pelo papa Leão III


no dia 25 de dezem bro de 8 0 0 . Estava fu n d ad o no O c i­
dente um n ovo im p ério ,q u e rivalizava com o d o Orien t e.
M as o grande g u erreiro e estadista m o rreu em 814, e o
seu im p ério com eço u a enfraquecer- se.
Em b o ra o n ú m ero de países in t eg ran t es da Co m u ­
nid ad e Eu ro p éia seja h oje m aio r q u e o n ú m ero de p o ­
vos p red it o s na Bíb lia, o d écim o país a ingressar na C o ­
m unid ad e Eu ro p éia foi ex atam ent e aq uele que rep re­
senta as unhas de bronze d os ded os: a Gr écia [Dn 7.19],
Daniel deix a claro que o n ú m ero final de nações que
co n st it u ir ão o im p ério ro m an o nos tem p o s fin ais será
de dez. A m esm a p rofecia acha- se tam b ém no livr o de
Ap o calip se:

E eu pus- me sobre a areia do mar e vi subir do mar


uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e, sobre
os chifres, dez diademas, e, sobre as cabeças, um nome de
blasfêmia. E vi subir da terra outra besta, e tinha dois
chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como o
dragão. E exerce todo o poder da primeira besta na sua
presença e faz que a terra e os que nela habitam adorem
a primeira besta, cuja chaga mortal fora curada [Ap
13.1,11,12].

Seg u n d o a in t erp ret ação que o p r ó p r io an jo dá a


Jo ão , as sete cabeças representam as sete m ontanhas
o n d e a p rim eira besta está assentada, ou seja, a cid ad e
de Rom a, m u n d ialm en t e co n h ecid a p o r suas sete co li­
nas. O s dez ch ifres são os dez reis (r ein o s], co r resp o n ­
d en tes aos dez d ed os da estátua de Daniel 2, d em o n s­
t r an d o que o an t ig o im p ério ro m an o será restau rad o
nestes ú lt im o s dias para ser red u z id o a p ó pela Pedra.
O p ro fet a Daniel não deix a d ú vid as a resp eit o , ao
af irm ar que os dez d ed os d os pés da estát ua, ou os d e:
ch ifres d o q u ar t o e t er r ível anim al, serão d est ru íd o s
132 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

pela Ped ra [Dn 7 .7 ,8 ] . E co m o esta, que é Cr ist o , ainda


não se m anifestou em p o d er e g rand e g ló ria, o cu m p r i­
m en t o dessa p rofecia está ainda para acon tecer.
A lg u n s in t érp ret es h ist ó rico s d o A p o calip se p r o cu ­
ram ver no papa a p rim eira b est a,e nos Est ad os Un id o s,
a segunda. Tod avia, essas h ip ót eses não possuem q u al­
q u er fun d am ent o b íb lico. A Rom a papal está id entificada
n o cap ít u lo 17 de A p o calip se, en q u an t o o cap ít u lo 13
refere- se ao im p ério ro m an o rest au rad o, in icialm en t e
sed iad o em Rom a ou d iret am en t e in flu en ciad o p o r essa
cidade.
N ão d o g m atiz o sob re m atéria t ão co n t r o ver t id a.
A p en as salien t o o p o n t o de vista de est u d io so s da
escat olog ia b íb lica, in clu sive o m eu. A cr ed it o , p o rém ,
que q u an d o essas coisas estiverem aco n t ecen d o aq ui, a
Igreja — a fiel N o iva d o Co r d eir o — já t erá sid o arreb a­
tada a en co n t r ar o Sen h o r nos ar es,"p o r q u e o m esm o
Sen h o r descerá d o céu com alarid o , e com voz de ar­
can jo , e com a t ro m b et a de Deus; e os que m o rreram
em Cr ist o ressu scitarão p r im eir o ; d ep ois nós, os que
ficarm os vivo s, serem os arreb at ad os ju n t am en t e com
eles nas nuvens [...] e assim estarem os sem pre com o
Sen h o r " [1 Ts 4.16,17].
Sabeis diferençar a face do céu e não conheceis os
sinais dos tempos? (Mt 16.3).

ão p o u cas pessoas co n f u n d em as
passagens b íb licas relativas às guer­
ras p revistas para os t em p o s finais.
A s Escr it u r as fazem ref er ên cia a
g rand es batalhas:

• A batalha de Go g u e, t ravad a
p rin cip alm en te nas m ontanhas de Is­
rael, em bora se faça referência a gran­
des ch o q u es navais.
134 ISRA EL , G O G U E E O A N T IC RIST O

• A batalha d o an t icr ist o , no vale d o A r m ag ed o m ,


ap ós o arreb at am en t o da Igreja e antes d o est ab eleci­
m en t o d o m ilên io e ao fin al da septuagésim a sem ana de
Daniel.
• A t en t at iva de Satanás, no final d o m ilên io , de
at acar a cid ad e am ada, será fru st rad a p o r Deus, que
in t er vir á em defesa de seus santos.

Tam bém d efen d em o s, no p resent e cap ít u lo , firm a­


d os em inú m eras e claras passagens b íb licas, a tese de
que a Ig reja não passará pela Gr an d e Tributação. Esp era­
m os não a t r ib u lação , mas a pessoa b en d ita de nosso
Sen h o r jesus Cr ist o .
A o in t erp ret arem Go g u e co m o send o o an t icr ist o ,
alguns co m en t arist as das p ro fecias b íb licas co n clu em
que Ezequiel 38 e 39 só se cu m p r ir ão ap ós o arreb at a­
m en t o da Igreja. Firm am - se na passagem :

Sabeis o que atualm ente o retém , de maneira que


só a seu tem po ele se manifestará: porque o m istério da
iniqüidade já está em ação, apenas esperando o desapa­
recim ento daquele que o impede. Então se manifestará
o ím pio, que o Senhor Jesus destruirá com o sopro de
sua boca, aniquilando- o com o resplendor de sua Vinda
(2 Ts 2.Ó- 8].57

To d avia, esse t ex t o refere- se à m an if est ação d o


an t icr ist o ,d o qual Go g u e é apenas um p r ecu r so r ,co m o
o foram A n t ío c o Ep ifanes, A d o lf o H it ler e o u t ro s. O
an t icr ist o será não um p o vo , ou um a co n f ed eração de
nações, mas sim um hom em . É o que afirm a claram en t e
o ap ó st o lo :

Que ninguém vos engane de forma alguma. Há de


vir,antes,a apostasia, há de manifestar- se o Hom em ímpio,
o Ser perdido, o Adversário, que se levanta contra tudo
R EM O V EN D O A S D Ú V ID A S 135

o que tenha o nome de Deus, ou seja objeto de culto,


chegando ao ponto de sentar- se, ele p róprio, no santuá­
rio de Deus, ostentando- se com o se fora Deus. O apa­
recim ento do ím pio será acom panhado, p or influência
de Satanás, de toda a sorte de milagres, sinais e prodígios
falsos, bem com o de todas as seduções do mal, para
aqueles que se perdem, por não terem abraçado o am or
da verdade, que os salvaria (2 Ts 2.3,4,9,10].58

Po r t an t o , infere- se d o t ex t o supra que o an t icr ist o


será ju d eu , e não ru sso, e o seu t r o n o final será Jeru sa­
lém , e não M o sco u . Su rg irá co m o o Salvad o r d o m u nd o
e o M essias dos jud eu s, cum p rind o- se as palavras de
Jesu s:"Vim em n om e de m eu Pai, e não m e receb eis;se
o u t r o v ie r em seu p r ó p r io n o m e, cer t am ef it e, o
receb ereis" (Jo 5.43, A RA ] , Go g u e será d er r o t ad o nas
m ontanh as de Israel e não cheg ará a o cu p ar o t r o n o de
Davi, na Cid ad e Santa.
A co n f u são d e m u it o s d eco r r e d o seg u in t e t ex t o
de A p o c a Iip s e :"E sairá a en g an ar as n açõ es q u e est ão
so b re os q u at r o can t o s da t er r a, Go g u e e M ag o g u e,
cu jo n ú m ero é co m o a areia d o m ar, para as aju n t ar
em b at alh a" [A p 2 0 .8 ]. M as Go g u e e M ag o g u e têm
aq u i sen t id o d iver so , p o is sim b o liz am os in im ig o s d e­
clar ad o s d o p o vo de Deu s, q u e m ar ch arão co n t r a a
N o v a Jeru salém [n ão a velh a cid ad e] sob o co m an d o
d e Sat an ás [n ão o an t ic r ist o ], n o fin al d o M ilê n io (e
n ão an t es].
Recap it u lan d o , as Escr it u r as fazem referên cia a duas
g rand es batalhas, sendo: a] a batalha de Go g u e, nos
m o n tes de Israel, que p o d erá o co r r er t an t o im ed iata­
m ent e antes d o arreb at am en t o da Ig reja co m o im edia­
tam en t e ap ós; e b] a batalha d o an t icr ist o , no vale d o
A r m ag ed o m , ap ós o rap t o da Ig reja e antes d o estab e­
lecim en t o d o M ilên io , ao final da septuagésim a sem ana
p ro f ét ica de Daniel.
136 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

A o final d o M ilên io , Satanás p lanejará um a batalha


co n t r a a N o va Jeru salém , mas não co n seg u irá seus ob-
j et ivo s:"E sub iram sob re a larg u ra da t err a e cercaram o
arraial d o s santos e a cid ad e am ada; mas desceu fog o d o
céu e os d evo ro u . E o d iab o, que os enganava, foi lança­
d o no lago de fog o e en x o fre, o n d e está a besta e o
falso p ro fet a; e de dia e de n o it e serão at o rm en t ad o s
para t o d o o sem p re" [A p 20.9,10].
Fin alm en t e, a ação p red at ó ria de Go g u e e seu ban­
d o será de car át er p o lít ico e eco n ô m ico e não co n t ará
com o ap o io de to d as as nações. O p r ó p r io Deus os
ind uz irá a tal in iciat iva, pois o seu n om e será g lo rif icad o
na h u m ilh an t e d err o t a deles.

G u e r r a s d if er en t es

Co m o vim o s, os cap ít u lo s 38 e 39 de Ez eq u iel


não t r at am d o co n f lit o d o A r m ag ed o m , p o is este t em
car act er íst icas d if er en t es e aco n t ecer á n o f in al da
Gr an d e Tr ib u lação . Será um a ép o ca d e t er r ív el an g ú s­
t ia e so f r im en t o para t o d o o m u n d o , m as esp ecial­
m en t e para o p o vo h eb reu , an t es d e sua co n ver são
f in al a Cr ist o .
Há, p o r t an t o , um a d iferen ça m u it o g rand e en t re es­
tas duas guerras profetizadas na Bíblia. Em Ezequiel, Deus
m esm o gu erreia co n t r a Go g u e nos m o n tes de Israel,
en q u an t o no Ar m ag ed o m to d as as nações são reunid as
com um p ro p ó sit o ú n ico :"Co n g r eg ar ei to d as as nações
e as farei d escer ao vale de Jo safá; e ali com elas en t rarei
em juízo, p o r causa d o m eu p o vo e da m inha herança,
Israel, a quem eles espalharam en t re as nações, rep art in ­
d o a m inha t er r a" [JI 3.2]. E m ais ad ian t e:"M o vam - se as
nações e subam ao vale de Jo safá; p o rq u e ali m e assen­
t arei, para ju lg ar to d as as nações em r ed o r " [JI 3.12].
Nessa g u erra final, nin guém se co lo cará ao lado d o
p o vo israelita, a não ser Jesu s Cr ist o [JI 3.12; A p 19.11],
R EM O V EN D O A S D Ú V ID A S 137

en q u an t o na in vasão lid erad a p o r Go g u e alg u m as na­


çõ es d esaf iar ão o p o d er d o Gr an d e Ur so . "Sab á, e
Ded ã, e os m ercad o res d e Tár sis, e t o d o s os seus
leõ ez in h o s t e d ir ão : Ven s t u p ara t o m ar o d esp o jo ?
A j u n t ast e o t eu b an d o para ar r eb at ar a p resa, para
levar a p rat a e o o u r o , p ara t o m ar o g ad o e as p o s­
sessões, para saq u ear g ran d e d esp o j o ?" [Ez 38.13].
"Sab á, e Ded ã, e os m er cad o res d e Tár sis, e t o d o s
os seus l e õ e z i n h o s" (g r if o m eu ], p arece in d icar clar a­
m en t e a In g lat er r a, q u e t em o leão co m o o seu sím ­
b o lo e o d e sua co m u n id ad e de n açõ es, in clu sive os
Est ad o s U n id o s da A m ér ica e Can ad á, q u e f o ram in i­
cialm en t e co lo n iz ad o s p elo s b r it ân ico s. "T á r s i s " d e­
riva- se de Tart esu s, q u e era um a p r o vín cia da Esp an h a,
ab r an g en d o a área h o je co n h ecid a p o r Gib r alt ar , p er­
t en cen t e ao Rein o Un id o .
A in d a m ais alg u n s co n t r ast es:

• N a p r im eir a g u er r a, o o b jet ivo p r in cip al é t o ­


m ar o d esp o jo ; na seg u n d a, o p r o p ó sit o é d est r u ir os
ju d eu s e p r o vo car a Deus.
• N a b at alh a co n t r a Go g u e, os m o r t o s são se­
p u l t a d o s ; n o A r m a g e d o m o s cad áver es f ic a r ão
in sep u lt o s (Ez 39.12; A p 19.18].
• N a in vasão d o O r i e n t e M é d io , p r ed it a p o r
Ez eq u iel,a co n f ed er ação d o N o r t e será a p ro vo cad o -
ra, m as na b at alh a f in al, n o vale d e Jo saf á, a p r o vo ca­
ção p ar t ir á d o p r ó p r io an t icr ist o e de t o d as as na­
çõ es [Ez 39.12; A p 19.18],
• N a p r im eir a b at alh a, os r u sso s serão m o t iva­
d o s p elo ó d io aos ju d eu s; na seg u n d a, o ó d io d o
an t icr ist o e de t o d as as n açõ es será co n t r a Deu s, Je ­
sus e Jeru salém (Z c 13.2,3]. To d avia, "o Co r d eir o os
ven cer á, p o r q u e é o Sen h o r d o s sen h o res e o Rei d o s
reis; ven cer ão os q u e est ão co m ele, ch am ad o s, elei­
t o s e f iéis" [A p 17.14],
138 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

Re d e n çã o o u t r ib u la ç ã o ?

A Bíb lia Sagrada não afirm a se a Igreja ainda estará


aq ui q u an d o da t en t at iva de o cu p ação da Palestina p o r
p art e da Rússia, mas dá a en t en d er q u e tal f at o p o d erá
o co r r er um p o u co antes ou um p o u co d ep ois d o arre-
b at am en t o , co m o já dissem os. A d erro cad a d o s ex érci­
t o s verm elh o s na Terra Santa p recip it ará um a série de
m edidas p o lít icas e religiosas de âm b it o m und ial e p re­
p arará o m u n d o , em t o d o s os seus asp ect os, para o
cu m p r im en t o das p red ições b íb licas para essa época.
Se ex istem divergências em alguns p ontos m enos im ­
p ortantes, num a coisa, en tretant o, a m aioria dos estudan­
tes da Bíblia estão perfeitam ente concordes: a Igreja não
deve esperar a Gr an d e Tribulação — a ira futura — , mas
sim o g lorioso arreb at am en t o/ Torq u e Deus não nos des­
t in o u para a ira, mas para a aquisição da salvação, p o r
nosso Sen h o r Jesus Cr ist o " [1 Ts 5.9],
O Sen h o r Jesus afirm a: “ Co m o guard aste a palavra
da m inha p aciência, tam b ém eu t e guard arei da h ora da
t en t ação que há de v ir sob re t o d o o m u n d o , para t en ­
t ar os que habitam na t e r r a" (A p 3.10].
A p o n t an d o os nossos dias, Jesus disse:

E disse- lhes uma parábola: Olhai para a figueira e


para todas as árvores. Quando já começam a brotar, vós
sabeis por vós mesmos, vendo- as, que perto está já o
verão. Assim também vós, quando virdes acontecer essas
coisas, sabei que o Reino de Deus está perto (Lc 21.29- 31].

A nação israelita não co n st it u i apenas o cen t r o ge­


o g r áf ico d o m u n d o, mas tam b ém o cen t r o n evrálg ico
da p o lít ica in t er n acio n al. M esm o n o au g e da cr ise
viet n am it a, q u an d o a im prensa in t ern acio n al destacava
b o m b ast icam en t e os m ais im p o rt an t es aco n t ecim en t o s
d aq u ele co n f lit o , para os p rin cip ais co m en t arist as e
R EM O V EN D O A S D Ú V ID A S 139

est u d io so s d os p rob lem as d o m u n d o, t o d avia, o verd a­


d eiro b arril de p ó lvo ra sem pre foi o O r ien t e M éd io , em
d eco rrên cia da presença ali d o n o vo e p rogressista Est a­
d o de Israel.
A s grand es p o t ên cias, bem co m o p rat icam en t e t o ­
das as nações d o g lo b o , incluind o- se o Brasil, têm o r i­
en t ad o sua co n d u t a em fu n ção d o p rob lem a árabe- isra-
elense, acerca d o qual n enhum país co n seg u e f icar real­
m ente n eu t ro .
Essa evo lu ção d os aco n t ecim en t o s no m u n d o p o lí­
t ico e relig io so , o m ilag roso ren ascim en t o de Israel e a
crescen t e cen traliz ação nesse p eq u en o país das at en ­
çõ es, interesses e p reo cu p açõ es de t o d o s os p o vo s
m ostram a rápida ap rox im ação d o verão p r o f ét ico , a
assin alar a breve vo lt a de Cr ist o .
0 ADCÍCRÍSCO
O homem do pecado, ofilho da perdição, o qual se
opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou
se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no
templo de Deus, querendo parecer Deus [2 Ts 2.3,4).

Bíblia afirm a e t od os concord am num


p o n t o : a besta será realm ente um
hom em , um líd er au t ên t ico , revesti­
d o de poderes paranorm ais. “E faz
grandes sinais, de m aneira que até
fogo faz d escer d o céu à t erra, à vista
dos hom ens. E engana os que habi­
tam na t erra com sinais que lhe foi
p erm it id o que fizesse" [A p 13.13,14].
142 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

Possivelm ente, um a espécie de U r i Geller, em dim ensão


m uitas vezes superior.
M u it o antes de esse jovem jud eu apresentar- se na
t elevisão brasileira, tom ei co n h ecim en t o das realizações
dele em o u t r o s países e fiq uei su rp reen d id o com o seu
incrível p o d er de in flu en ciar pessoas ou coisas. O que ele
fez no Brasil é irrelevant e em relação às assom brosas
m anifestações de p o d er d em onst rad a em o u t r o s países.
O p asto r Ger so n Ro ch a,q u e pesquisou o assunto, escre­
veu em um p erió d ico paulistano:

Tudo começou quando ele, aos três anos de idade, em


1949 num jardim árabe, defronta- se com um fenômeno igno-
lucífero de grande esplendor, que o escolhe para importan­
te missão neste mundo, o que entendemos e constatamos
à medida que volvemos as páginas dos livros.
As espantosas coisas sobrenaturais que ele realiza ga­
nham autenticidade por terem sido reconhecidas por imi­
nentes [sic] e renomados cientistas — de Israel, da Europa e
dos Estados Unidos, entre os quais figura o conhecidíssimo
WernerVon Braun. E tudo foi feito em laboratórios, prepara­
dos de tal sorte onde a fraude seria impossível e onde os
maiores mágicos do mundo nada puderam fazer.
Entre as inumeráveis coisas sobrenaturais que ele rea­
liza, encontram- se: a mudança das estruturas dos metais; a
transformação de chumbo em ouro; a entortadura de fer­
ros em geral; a paralisação de máquinas — inclusive compu­
tadores; o desabrochamento de botões de flores; o desapa­
recimento de objetos e seu reaparecimento em lugares im­
possíveis; o germinar de sementes e aumento de seu tama­
nho em questão de segundos; a teletransportação de obje­
tos, com o por exemplo: um objeto, de propriedade do Dr.
Andrija (autor de um dos livros sobre Geller], foi traslada­
do de Nova Iorque a Israel — 10 mil km de distância —
com a velocidade do relâmpago!
O A N T IC RIST O 143

O próprio Uri Geller foi transportado a Ossining,


numa fração de segundos, estando antes na cidade de
Nova Iorque, sendo que as duas cidades estão separadas
p or uma distância de quase 50 km! E tudo tem sido
irrecusavelm ente constatado! Da Inglaterra, ele pôde rea­
lizar coisas espantosas na França e na Noruega. Gover­
nos e líderes mundiais im portantes estão preocupados
com ele e têm tid o reuniões secretas. Soldados e oficiais
do Ex ército Israelense passaram a ter, p or Uri Geller, um
tem or reverente, e por causa dele e da situação de Israel,
a esperança da vinda do Messias dos judeus se reacendeu,
enquanto o And rija se esforça p or encontrar a maneira
correta de transformá- lo num líder forte.
Vozes jamais gravadas numa fita cassete nunca usa­
da antes falam e instruem Uri Geller sobre a missão
urgente que ele tem que desem penhar no m undo, no
que se refere à paz e à destruição dos poderes bélicos
dos homens, notadam ente as armas nucleares; elegem o
Dr. And rija Punharich com o prom otor de Uri nos meios
científicos e no m undo em geral; e se autentificam por
meio de naves espaciais que visitam constantem ente o
nosso planeta e se identificam com o O s N o v e Prin cípios
que se apresentam com o en eaún o — Deus com o nome
de Hoova — tentando imitar, com o foi fácil descobrir, o
nome de Jeová, que no hebraico é Iehovah. A mais im­
portante destas naves, já vistas p or m uitos, chama- se
Spect ra. Elas explicam o aparecim ento de seres extrater­
restres que cercam e protegem Ur i e And rija.59

O p ast o r Ro ch a ex p lica ainda que U r i 7no h eb raico ,


sig n if ica "m in h a lu z ", e q u e ao d iz er " U r i G e l l e r " o
m undo,, in co n scien t em en t e,, acaba d iz en d o " m i n h a Ji 12
é Ge lle r ".
O p r ó p r io Geller , em sua au t o b io g r af ia, co n t a um
in cid en t e o co r r id o com o D r.Vo n Brau n:
144 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

Pedi que o Dr.Von Braun tirasse sua grossa aliança


de ouro do dedo e a pusesse na palma aberta da mão.
Com ecei a me concentrar nela. Botei minha mão perto
da dele, cuidando para não tocar nem na mão nem no
anel. De repente o anel entortou, adquirindo um forma­
to oval. O Dr.Von Braun admitiu que antes estava céptico,
mas que agora tinha ficado com pletam ente espantado.
Não conseguiu encontrar explicação para o fenôm eno.
Mais tarde declarou a um repórter: "Geller entortou
minha aliança de ouro sem tocar nela, enquanto estava
na palma de minha mão. Não entendo com o pôde fazer
isso. Não conheço nenhuma explicação científica. Só sei
que o anel antes era redondo. Agora está oval".60

A o t o m ar ciência desses fat os, m inha m ente voltou -


se para a Palavra de Deus e convenci- m e de que ali
estava, quem sabe, um p r ecu r so r d o an t icr ist o , o qual
ex ercerá influência num a escala incom paravelm ente maior.
É possível q u e, q u an d o o n o vo im p ério ro m an o co m e­
çar a ex ercer seu co n t r o le sob re as nações o cid en t ais da
Eu ro p a, o an t icr ist o surja assom b ran d o a t o d o s e d it an ­
d o so lu çõ es para o caos eco n ô m ico , p o lít ico , m oral e
esp irit u al em q u e o m u n d o se en co n t rará.

O e x em p lo d a H is t ó r ia

Tanto na h ist o ria b íb lica co m o na secular, tem os


ab un d an tes ex em p los de que m u it o s d o m in ad o res d o
p o vo têm receb id o t r at am en t o disp ensad o apenas à d i­
vin d ad e. Desde N in r o d e, n et o de N o é ,at é o im p erad o r
jap onês de nossos dias, m u itos h om ens e m ulheres p o ­
d erosos passaram a o cu p ar o p anteão das nações pagãs.
N o im pério medo- persa vem os essa tendência na ati­
t u d e dos inim igos de Daniel, que ob têm de Dario o decre­
t o segundo o qual ninguém poderia o rar a q ualq uer deus
senão ao p ró p rio im p erad or (Dn 6.1- 28].
O A N T IC RIST O 145

N o s dias ap ostólicos, Herod es A g r ip a 17trajando ves­


tes reais, discursava aos m oradores de Tiro e Sid o m ,e estes
exclam avam : “ Voz de Deus, e não de h om em !" (A t 12.22],
Teria Herod es sido influenciado pelo cu lt o ao im perador,
que então se praticava em t o d o o m undo rom ano?
Nessa época de suprem acia rom ana, havia em tod a a
parte tem plos erigidos em honra dos césares, os quais
adotavam o t ít u lo de a v g v st v s (augusto],aplicável som ente
a seres divinos ou divinizados. Afirm a- se que quando m orria
um im perador, os que dirigiam a cerim ônia fúnebre solta­
vam um a águia, que m antinham escondida, com o se ela
fosse a alma divina d o falecido, sub ind o ao céu. Tudo isso
tinha o p ro p ósit o de reforçar a crença das massas popula­
res na divinização d o im perador.
Po r tratar- se de tem p os ob scuros aqueles em que se
cultuava o im perador, não estranham os tanto. M as quem
poderia su p or que justam ente em um dos países mais
cu lt os d o m und o, e em pleno século das luzes, pudesse
levantar- se um ditador que fosse, literalm ente,adorado com o
um verd adeiro deus?
Assim aconteceu na politizada Europa e na inteligente
A lem an h a. Po r isso a ascensão de A d o l f H it ler e a
espiritualização de seu partido p olítico servem tam bém para
m ostrar a tod os nós quão vulneráveis são as dem ocracias e
quão confiáveis são os vaticínios da Palavra de Deus.
O p ró p rio d it ad o r referiu- se ao nazism o com o a uma
religião superior. Disse ele:

Todo aquele que vê no Nacional Socialism o nada


mais do que um m ovim ento político não sabe muito
sobre ele [...] nós raparemos o verniz cristão e exibire­
mos uma religião peculiar para a nossa raça.

O u t r o im p ortante testem unho é o de Louis Bertrand ,


da Acad em ia Francesa. Co n ver t id o ao nazism o, Bertrand
ex ultou com o seu n ovo messias:
146 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

Que inexcedível, que herói nacional tem jamais sido


aclamado, adulado, adorado e cultuado como Hitler [...] se­
guido de seu cortejo. Isto é alguma coisa totalmente diferen­
te do que mera popularidade, isto é religião! Aos olhos de
seus admiradores, Hitler é um profeta, o partícipe do divino!

O h ist o r iad o r William Sh irer, au t o r d o best- seller


Lev a n t a m en t o e q u ed a d o Te r ce i r o Rei ch , escreveu acerca
de H it ler :

Hoje, tanto como a vasta maioria de seus seguidores


compatriotas entendem, ele tem alcançado o pináculo ja­
mais antes alcançado por um rei alemão. Ele se tem tornado
— ainda antes da sua morte — um mito, uma lenda, talvez
um deus, com aqueles atributos da divindade com que os
japoneses imputam ao seu imperador.

Joseph Goeb b els, m inistro de propaganda d o nazismo,


foi o u t ra pessoa de elevada cultura. Disse ele:

Ele é um instrumento criador de m orte e divindade.


Eu me ponho de pé por ele profundamente com ovido [...]
reconhecendo- o com o o meu líder [...] Ele é profundo e
místico, com o um profeta do passado. Com um homem
assim se pode conquistar o mundo.

Finalizam os esta série de testem unhos com as palavras


d o Dr. Ley, chefe da frente de trab alh o nazista:

Nossa fé [...] é o Nacional Socialismo, e essa fé religio­


sa não tolera nenhuma outra fé ao lado dela.

A n t i c r i s t o e f also c r is t o

Há um a d iferen ça flag ran t e en t re an t icr ist o e cr ist o


falso (M t 2 4 .2 4 ], O cr ist o falso não nega a pessoa de
O A N T IC RIST O 147

C r i s t o , m as e x p l o r a o s s e n t i m e n t o s , o f a n a t i s m o e as
e s p e r a n ç a s d o p o v o c o m r e s p e it o a essa Pesso a e, c o m o
b la s f e m o q u e é, a f i r m a s e r ele m e s m o o C r i s t o e s p e r a ­
d o e o q u e v e i o c u m p r i r t o d a s as p r o m e s s a s d e D e u s
c o n t i d a s n as Es c r i t u r a s . Já o a n t i c r i s t o n eg a q u e h aja
u m C r i s t o , e n q u a n t o o c r i s t o f a ls o n ã o n eg a a e x i s t ê n ­
c ia d EIe , m as a f i r m a s e r ele m e s m o esse C r i s t o .
O m u n d o , p r in c ip a lm e n t e n est es ú lt im o s t e m p o s, t em
c o n h e c i d o c e n t e n as d e c r i s t o s f also s em t o d o o m u n d o .
Em 1 986 , em u m a c o n f e r ê n c ia em A m s t e r d ã , Billy G r a h a m
a f ir m o u q u e h avia m ais d e q u a t r o c e n t o s f also s c r i s t o s
s o m e n t e n a cid ad e d e Lo s A n g e le s .
C e d o a p a la v r a a u m e m i n e n t e t e ó l o g o :

A idéia de oposição direta a Crist o parece ser


mais uma característica da prim eira besta (a força po­
lítica], do que da segunda besta, que procurará im itar
e falsificar o Cr ist o verdadeiro. Se tivéssem os de iden­
t ificar uma das bestas com o an ticristo, seria mais ra­
zoável identificá- lo com a prim eira besta, mesmo que
o espírito das duas bestas seja o de um an ticristo no
sentido verdadeiro da palavra.
Pode ser que Jo ão, ao usar o term o "an t icr ist o ",
estivesse se referindo ao espírito e ao sistem a co rru p ­
to de rebelião, de anarquia e de blasfêmia que iriam
caracterizar as duas bestas (2 Ts 2.7]. Esse mesmo es­
p írit o de iniqüidade, característico do an ticristo, ope­
ra ainda hoje; e quem nega a Crist o está andando no
mesmo sistema de apostasia e de rebelião que, final­
m ente, irá culm inar na m anifestação das atividades
abom ináveis de ambas as bestas.
A primeira besta fingirá um pacto com Israel, cedendo
o terreno que a ele pertence e, depois, no meio da Semana
Setenta de Daniel, quebrará a sua promessa e iniciará uma
grande perseguição contra o mesmo Israel [Dn 9.27].61
148 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

O an t icr ist o não apenas p ro m et er á so lu ção para o


m u n d o , m as será acr ed it ad o aos o lh o s de t o d o s, p elo
seu alt o p o d er de lid eran ça. Pelos ju d eu s, será receb i­
d o não apenas co m o o salvad o r d o m u n d o , m as t am ­
bém co m o o seu m essias ■ — - e en t ão assentar- se- á no
t em p lo de D eu s/ Q u er en d o p arecer Deu s".

O n ú m ero da b esta

O ap ó st o lo Jo ão fech a sua d escr ição da b esta


q u e su b iu da t er r a co m um ver d ad eir o en ig m a:

A q u i há sabedoria. Aq u ele que tem entend im en­


to calcule o núm ero da besta, porque é núm ero de
hom em ; e o seu núm ero é seiscentos e sessenta e
seis (A p 13.18],

A s let ras, t an t o n o h eb r aico co m o n o g reg o , têm


valo r n u m ér ico , não da m esm a f o rm a q u e n o lat im ,
o n d e ap enas um a vo g al e seis co n so an t es — I= 1 ;V= 5 ;
X= 1 0 ; L= 5 0 ; C= 1 0 0 e D = 5 0 0 -— co n st it u em o sist e­
ma n u m ér ico r o m an o . M as t alvez seja sig n if icat ivo
q u e a som a dessas let ras rom an as d ê 6 6 6 :

1 + 5 + 10 + 50 + 100 + 5 0 0 = 666

A ch am alg u n s q u e, em b o r a Jo ão t en h a e s c r it o
n o g r eg o , referia- se à n u m er ação h eb r aica; o u t r o s
são d a o p i n i ã o d e q u e a b est a s e r ia m esm o
d ist in g u id a na escr it a g r eg a; f in alm en t e, ex ist e um
t e r c e ir o g r u p o , q u e p r o cu r a ap licar o 6 6 6 a c o n h e ­
cid o s in im ig o s da ig r eja, valen d o- se de alg arism o s
ro m an o s.
Bo ssu et usa a g em at ria rom an a para ex p licar q u e
o t e r r ív e l p er seg u id o r da Ig r eja, D io clecian o , era
Dio cles.
O A N T IC RIST O 149

Para fazer daqui o im perador que São João desig­


nou pela Besta, não é necessário mais do que ajuntar ao
seu nome particular Diocles, a sua qualidade Augustos,
que os imperadores com efeito costumavam ajuntar a
seus nomes. Feito isto, logo dum golpe de vista aparece
nas letras dos latinos (que destas convém que se use,
visto tratar- se de um im perador rom ano] o número 6 6 6,
Diocles Avgvstvs, D CLXVI. Eis aqui o grande persegui­
dor, que São João representou de tantas maneiras. Eis
aqui o que Juliano fez reviver: por isso antes se marca o
seu nome do que o de Juliano.62

A in d a seg u n d o esse m ét o d o , o papa já foi id en t if i­


cad o co m o a besta, em razão d os t ít u lo s que ad ota,
alguns deles g ravad os nas sua tiara p o n t if ícia, e cuja
som a dá o so m b rio e m ist erio so 666. Eis aq ui alguns
t ít u lo s papais, em língua latina: V i ca r i v s Fi l i i D ei (Vig ár io
Filh o de Deus] e V i ca r i v s G e n e r a l i D ei in T e r r i s [Vig á­
rio Ger al de Deus na Terra], A som a, t an t o de um co m o
de o u t r o , dá 666!
Usando- se os m esm os alg arism os rom an os, o som ­
b rio 6 6 6 já foi ap licad o até m esm o a Ellen Go u ld Wh it e,
vid en t e e profetisa d o sabatism o, consid erand o- se, co m o
se fazia n o passado, o " u " co m o " v " , e o "w " co m o d ois
"v v ". Fazem os tal referên cia apenas para salien t ar a vasta
ap licab ilidade d o o b scu ro sinal da besta tom ando- se p o r
base de cálcu lo a gem atria ro m an a.63
A Bíb lia id en t ifica a besta co m o um hom em no sen­
t id o rest r it o da palavra, e não co m o um a m u lh er ou um
sistem a relig io so ou p o lít ico , co m o o pap ad o, Co n cilio
M u n d ial de Ig rejas, Org an iz ação das N açõ es Un id as,
Co m u n id ad e Eco n ô m ica Eu ro p éia etc. A t r avés d os sé­
cu lo s, foi esse m ét o d o larg am en t e em p reg ad o para
en farp elar dezenas de in im ig os e p erseg u id ores d o cr is­
t ian ism o e dos ju d eu s, desde o p er ío d o ap o st ó lico até
os nossos dias.
150 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

Sen d o seis o n ú m er o d o h o m em , o 6 6 6 seria en ­


t ão , co m o já vim o s, a im p er f eição m áx im a e rad ical
d o ser h u m an o , um a esp écie de au t o - su f iciên cia, ex ­
t rem a e f r o n t al recu sa em ch eg ar at é o set e, q u e é o
n ú m er o de Deus. De f at o , a Bíb lia m o st r a d e m u it as
m an eiras a relação d o h om em co m o n ú m er o seis: foi
cr iad o n o se x t o dia e d eve t r ab alh ar se i s d ias na se­
m ana. N o ep isó d io de Davi e Go lias, est e g ig an t e era
da alt u r a de se i s cô vad o s e p o ssu ía um a lan ça de
se i sc e n t o s siclo s de ferro . A estát u a de
N ab u co d o n o so r ap resen t a ig u alm en t e o n ú m er o seis
e seus m ú lt ip lo s: se ssen t a cô vad o s d e alt u r a e se i s de
lar g u r a [1 Sm 17.4- 7; Dn 3.1].
Em Go lias, vem os o hom em na sua força, desafiando
os ex ércit os de Deus e ao p ró p rio Deus; na imagem de
o u ro de Nab u co d o n o so r, o resultado d o o rg u lh o hum a­
no, buscando para si m esm o um nom e. Em am bos os
casos, t an t o o gigante filisteu q uanto o rei b ab ilônico são
precursores d o anticristo.
N a o p in ião de um d os m aiores m estres da gem atria,
E. W. Bu llin g u er , é r id ícu lo o u so d o s alg ar ism o s r o ­
m an o s p ara id en t if icar o an t icr ist o , um a vez q u e p ara
t al fim d evem o s lim it ar- n o s ap enas "a o h eb r aico e ao
g reg o , q u e n ão p o ssu íam sinais ar áb ico s ou esp eciais
p ara cif r as".64
Rejeitando com o espúria a gem atria rom ana, Bullinguer
vê no 6 6 6 o ápice da soberba hum ana:

Se seis é o número da perfeição secular ou huma­


na, então o 66 é uma expressão mais enfática do mes­
mo, e 666 é sua expressão concentrada. O número
666 é, portanto, a trindade da perfeição humana; a
perfeição da imperfeição; o ápice da soberba humana
independente de Deus e em oposição a Cristo.65
O A N T IC RIST O 151

De aco r d o com Bu llin g u er , o n ú m ero 6 6 6 era usa­


d o n os an t ig o s m ist ér io s pagãos co m o um sím b o lo
secret o relacio n ad o com a ad o r ação d o d iab o. O co r ­
resp o n d en t e m o d er n o d aq u eles m ist ério s é o m o vi­
m en t o da N o va Er a, q u e aco p la em si m esm o o esp ir i­
t ism o em suas variad as form as, a t eo so f ia, a ast ro lo g ia,
a u f o lo g ia, a m aço n ar ia e d iver so s o u t r o s g r u p o s
o cu lt ist as.
Era com u m os an t ig o s m ist ério s pagãos trazerem
estam p ad o o n ú m ero seis, e p o r isso o g rand e sím b o lo
secret o era SSS, p o rq u e a let ra "s " [est ig m a], no alfab eto
g reg o, sim b olizava o n ú m ero seis. M as essa let ra, em
um a form a p ecu liar sem elh ante a um a serp en t e,era m is­
t erio sam en t e in serid a em sex to lu g ar na ord em alfab ét i­
ca em lu g ar da zet a.
É cu rio so que a palavra "est ig m a" sig nifica "u m a mar­
ca", esp ecialm en te aquela feita com um f erro em brasa,
tal co m o se m arcava gad o, escravos ou sold ad os a fim
de id entificá- los co m o p ro p ried ad e de seus senh ores,
ou m esm o d evo t o s que assim se deix avam m arcar co m o
p ert en cen t es a seus deuses. Bu llin g u er com ent a:

Não sabemos por que esta letra e este número per­


manecem assim associados, exceto que ambos estavam
intimamente relacionados com os mistérios egípcios. As
três letras SSS eram o símbolo de ísis, que estava assim
relacionada com o 666. Além disso, a expressãodesse
número consiste nas letras inicial e final da palavra Cris­
to, ou seja, com o símbolo da serpente entre ambos.66

O u t r a s in t er p r et açõ es d o 6 6 6

Con sid eran d o Ap ocalip se 17.11 com o identificação pa­


ralela da besta, que afirm a: " E a Besta, que era,e que já não
é. É ela tam bém a oitava: É ela tam bém um a das sete, e
cam inha à sua p erd ição" (Figueired o], podem os chegar ao
152 ISRA EL , G O G U E E O A N T IC RIST O

m esm o resultado p o r o u t ro cam inho. O núm ero t rian g u ­


lar de o it o é 36, e o triângulo de 36 é 666.
O leit o r poderá co m p rovar esse fato som ando os
núm eros 1 a 8 [inclusive] e da mesma form a 1 a 36. Assim ,
a besta, que é a oitava, seria o m esm o anticrist o. O sistema
triangular, largam ente em pregado no passado, conduziria,
destarte, ao m esm o resultado. De acord o com j. j. Vo n
Allm en,

6 66 é o número triangular de 36, por sua vez o


triangular de 8, podendo- se estabelecer uma identidade
entre 666 e 8. De fato, encontram os o 8 com o sím bolo
da Besta em Apocalipse 17.11 [...] Notem os que o procedi­
mento gem átrico possibilitou enfarpelar com o 66 6 to ­
dos os tiranos que no transcurso da história persegui­
ram a Igreja, perm anecendo assim este número bem vivo
através da história.67

N a m inha op in ião, o cálculo trian g u lar que conduz ao


6 6 6 serve para m ostrar o caráter anticrist ão da falsa Igreja
Rom ana, a mãe das p rostituições da terra, identificada no
t ex to em apreço no sentid o em que São Jo ão usa o t erm o
an ticrist o em suas cartas, referindo- se ao erro d o utrin ário.
A sua tríp lice repetição, 666, aplicado ao an ticrist o
[A p 13.18], significa a recusa de passar até ao sete, que é o
núm ero de Deus. M as o 6 6 6 representa, ainda, a trind ad e
satânica: d r a g ã o , b est a e fa lso p r o f et a , com o a falsificação e
a negação da divina Trindade: Pai, Filho e Esp írit o Santo,
cujo núm ero equivalente é 777.

Um n ú m e r o im p r esso n a c a r n e

A cer ca da p o ssib ilid ad e de a m arca da besta ser


gravad a na t esta ou na m ão, co m o afirm a a Bíb lia, p ra­
t icam en t e n in g u ém h o je d u vid a. N o sso s dias assistem
a um a im p et u o sa m u lt ip licação d o co n h ecim en t o h u ­
O A N T IC RIST O 153

m ano. Est e d o b r o u de 1775 a 1 9 0 0 , d ep o is de 1900 a


1950, d ep o is de 1950 a 1958 e desd e en t ão já d u p lico u
várias vezes!
A rapidez com que o sab er aum enta tem levad o os
cien t ist as a alterarem suas m ais ot im ist as p revisões para
o f u t u ro . A t ecn o lo g ia desenvolveu- se a p o n t o de p r o ­
d u z ir m áquinas quase hum anas. So m en t e nas in d ú st rias
japonesas dezenas de m ilhares de rob ôs su b st itu em op e­
rário s em d iferen t es at ivid ad es, e a In g lat erra t rab alh a
na p ro d u ção de m ilhares de m áquinas que "o u vem '7,
"vêem ", andam , sobem e descem escadas etc.
Em m uitas áreas, esse in crível d esen vo lvim en t o já
alcan çou a ficção cien t ífica e até a ultrap assou , pois t u d o
o q u e já se escreveu acerca de um reg ist ro geral da
p o p u lação p o d e h oje concretizar- se p erf eit am en t e d en ­
t r o das car act er íst icas in d icad as no cap ít u lo 13 de
A p o calip se, o n d e se diz q u e o an t icr ist o "faz que a t o ­
d o s, p eq uenos e grand es, rico s e p o b res, livres e servos,
lhes seja p o st o um sinal na sua m ão d ireit a ou na testa,
para que ninguém possa co m p rar ou vender,senão aquele
q ue t iver o sinal, ou o n om e da besta, ou o n ú m ero d o
seu n o m e" (vv. 16,17].
O reverendo Willard Cantelon, professor de Escatologia
em Brux elas, diz:

Quase diariamente começamos a ouvir sugestões para


que cada homem receba um número para a vida toda e que
poderia ser impresso de forma permanente em sua carne.
O u vi, na Europa, que o orad or falava numa estação
radiofônica de Frankfurt sobre a idéia de tatuar no rosto o
número de um homem. Quando feito na carne, diziam eles,
o número não pode perder- se, nem pode ser roubado do
seu dono.
Nos Estados Unidos, falei com um amigo que traba­
lhava no Northwest National Bank. Ele falou do progresso
que se fazia nos laboratórios, no sentido de desenvolver
154 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

uma tinta invisível, não tóxica, que seria tatuada na carne


humana, invisível à luz norm al, mas claramente legível sob
uma luz especial.68

É h oje fora de d ú vid a que a t ecn o lo g ia d o co m p u t a­


d o r t o r n a possível que se em ita para cada in d ivíd u o um
ú n ico cart ão de cr éd it o , e7para garanti- lo co n t r a perda,
f u r t o ou falsificações, seu n ú m ero "p o d e ser fix ad o fo-
t o g raf icam en t e na testa ou nas costas das m ãos, visível
u n icam en t e sob raios u lt ravio let as".
O u t r o valioso testem u n h o é o de Jo h n Wesley Wh it e.
Em seu p recio so livr o p refaciad o p o r Billy Gr ah am , ele
afirm a que "ex ist e at u alm en t e um p ro cesso em vir t u d e
d o qual p o d e im prim ir- se em form a invisível e ind elével
um n ú m ero na m ão ou na t esta, m ed iante um d isp o sit i­
vo elet r ô n ico , e tal n ú m ero p od e ler- se [sic] com um
in st ru m en t o , de um relan ce".69
M u it o s são da o p in ião de que ap ós a invasão de
Israel pelos ru ssos e o d esastroso fim destes nas m o n t a­
nhas de Israel, os p o vo s eu rop eu s serão u n if icad o s p elo
m ed o , "n a ex p ect ação das coisas q u e so b r evir ão ao
m u n d o " [Lc 21.26], E o p t arão p o r um g o vern o m undial.
Essa o p ção sig n ificará a co n cret iz ação d o s anseios
de ecu m enistas, sin cret ist as e cien t ist as nucleares m o­
d ern o s, p reg ad ores de um a só relig ião e de um só g o­
vern o para o m u nd o. A fiel Ig reja de Cr ist o , en t r et an t o ,
será t irad a da t erra antes da m anifestação desse p rem ier
d o m u n d o , tant as vezes referid o na Bíb Iia."O r a, q u an d o
essas coisas com eçarem a aco n t ecer, olhai para cim a e
levantai a vossa cab eça, p o rq u e a vossa red enção está
p r ó x im a" [Lc 21.28], M aran at a!
Despecbo f o a I
Ora, quando essas coisas começarem a acontecer,
olhai para cima e levantai a vossa cabeça, porque a
vossa redenção está próxima (Lc 21.28).

Pa z á r a b e - i s r a e l e n s e ?

m u n d o t o d o d esf r u t a, ain d a, o re­


su lt ad o d o s h er ó ico s g estos d o p re­
sid en t e A n u a r Sad at , d o Eg it o , e d o
p r em ier Isca Beg in ,d e Isr ael, ao su ­
p erarem as b ar reir as an t es co n si­
d erad as in t r an sp o n íveis e n eg o cia­
rem d iret am en t e um aco rd o de paz
para os seus p ovos. A m b o s pagaram
com a vid a o seu g esto p acificad or,
mas graças a eles o m u n d o viu- se, de
156 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC R1 ST O

r epent e, diant e de um verd ad eiro m ilagre,a p o n t o de os


ed i t o r i al ist as r eco r r er am m esm o à t er m i n o l o g i a e
escat ologia bíblicas para ex p licar o en co n t r o dos dois
chefes de Est ad o , o u t r o r a inim igos, dispensando- se in­
t erm ediários benignos ou malignos e chegando ao ap ert o
de mãos.
O s result ados posit ivos d o h ist ór ico en co n t r o p ro ­
duziram um alívio int ernacional. O "b ar r il de p ó lvo r a" —
co m o t em sido cham ado o Or i en t e M éd i o — já se m os­
t ra m enos ex plosivo d o p o n t o de vista est rat égico. Po­
rém , à luz da Bíblia, as m ont anhas de Israel e o vale de
Josafá ainda ver ão o d er ram ar de m u it o sangue. Go g u e e
seu bando abater- se- ão, segundo Ezequiel 38 e 39, sobre
a descendência de A b r aão para o b t er o t r iu n f o não co n ­
seguido at ravés dos árabes, e, finalm ent e, após o arreba-
t am ent o da Igreja, o an t icr ist o e seus ex ércit os t ent ar ão
esm agar o p o vo de Israel. Em t u d o , p orém , o "b ich i n h o
de Jacó " será vencedor, pois Deus lut ará p o r ele.
A infalível Palavra de Deus não está alheia aos ú lt i­
m os aco n t ecim en t o s da Terra Santa. Ela prevê a h um a­
nam ent e im possível paz árabe- israelense, r eun in d o de­
baix o da p r o t eção divina a d escend ência de A b r aão se­
g u n d o Isaque [ju d eus] e Ismael [árabes]:

Naquele dia [...] os egípcios adorarão com os assírios


ao Senhor. Naquele dia, Israel será o terceiro com os egíp­
cios e os assírios, uma bênção no meio da terra. Porque o
S e n h o r dos Ex ércitos os abençoará, dizendo: Bendito seja
o Egito, meu povo, e a Assíria, obra de minhas mãos, e
Israel, minha herança [Is 19.23- 25],

A g ran d e t r ib u la ç ã o

É o p in i ão co r r en t e en t r e os cr en t es de q u e o p er í­
o d o da Gr an d e Tr ib u lação, p r ed it o nas Escr i t u r as Sa­
gradas, será car act er iz ad o p elo d o m ín i o de um a t r i n ­
dade m aligna, co n st it u íd a p elo d r a g ã o , pela b est a e
D ESFEC H O FIN A L 157

p elo f a l so p r o f e t a , na qual sob ressairá a best a, o u seja,


o an t i cr ist o .
O p r i m ei r o será a f o n t e de t o d o o mal esp i r it u al,
o i n sp i r ad o r e su st en t ad o r d e t o d a i n i ci at iva p o lít i-
co - r elig io sa. A b est a en car n ar á um a t er r ível f o r ça
p o l ít i ca, d e o r i en t ação sat ân i ca, i n f i n i t am en t e su p e­
r i o r ao p o d er ex er cid o p o r St ál in o u Hit ler . O t er ­
cei r o , i d en t i f i cad o t am b ém na Bíb lia co m o a seg u n ­
da b est a, será o p o d er r eli g i o so ap ó st at a, d o t i p o
p r eco n i z ad o p elo s ecu m en i st as e si n cr et i st as d e n o s­
sos dias.
A Bíblia ensina q u e essa t r íad e d iab ólica enganará
e seduzirá as nações, levando- as a p r est ar ao an t i cr ist o
um cu l t o ap aix on ad o. Q u e isso é p er f eit am en t e p o ssí­
vel, at est a- o a h ist ó r ia, p ois o Fü h r er [H i t l er ] , co m o já
vim o s, foi ven er ad o p o r m u it o s, e a sua im agem ch e­
gou a ser lit er alm en t e ad orad a.
To d avi a, o g o ver n o d o an t i cr i st o só aco n t ecer á
d u r an t e a ú lt im a sem ana p r o f ét i ca d e Dan iel — a
sep t u ag ési m a — d ep o is d o ar r eb at am en t o da Ig r ej a,
p o is a Palavr a d e Deu s af i r m a:"Po r q u e já o m i st ér i o
da in j u st i ça o p er a; so m en t e há um q u e, ag o r a, resis­
t e at é q u e d o m eio seja t i r ad o ; e, en t ão , será r evela­
d o o i n íq u o , a q u em o Sen h o r d esf ar á p elo asso p r o
da sua b o ca e an i q u il ar á p elo esp l en d o r da sua v i n ­
d a,^ esse cuj a vin d a é seg u n d o a ef icáci a de Sat an ás,
co m t o d o o p o d er , e sinais, e p r o d íg i o s d e m en t i r a"
[2 Ts 2.7- 9]

A g r a n d e ig reja v in d o u r a

M as já em nossos dias essa inf luência satânica op era


n o m u n d o — o m ist ér io da injust iça — p ar t i cu l ar m en ­
t e at ravés de ent idades co m o o Co n ci l i o M u n d ial de
Igrejas [ C M I] , que con g r eg a mais de seiscent os m ilhões
de ad ep t os, e cuj o o b j et ivo p rim ord ial é a união de
15 8 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

t od as as crenças em co n f lit o , para que o m u n d o t enha


um a só r eligião. N u m a só p alavra, isso q u er d izer
sincret ism o. O sím b o lo d o C M I é t o d o s no m esm o
barco: cat olicism o , p ro t est an t ism o, b u d ism o, espirit is­
m o, islam ism o etc.
Co n vi ct o s da necessidade das diversas conf issões
religiosas se unirem para a f or m ação da g r a n d e ig r eja
v i n d o u r a , os ecum enist as m o d er n o s não se im p o rt am
co m o car át er t eo l ó g ico que essa super- igreja venha a
adquirir. E para t an t o eles têm- se em p enhad o na d ep r e­
ciação das d o u t r in as bíblicas f und am ent ais, at acan d o
m esm o a pessoa de Cr i st o . Em N o va Délhi, n o ano de
1961, o C M I af ir m o u , na pessoa de um de seus mais
d est acad os líderes:

Dentro da Igreja Cristã sempre se tem levantado o


perigo de, ao p rocurar estabelecer ou proclam ar o ca­
ráter único de seu Senhor, desprezar todas as outras
luzes e depreciá- las. Não é esse o cam inho de Jesus, de
m odo algum. Ele não considerou o m undo com o sen­
do igualm ente entenebrecido em todos os lugares [...]
Não podem os evitar a pedra de tropeço que isso pode
levantar, fingindo que ele [Crist o ] é apenas uma luz
entre outras. Ele não tem a intenção de com petir com
as luzes do m undo.

Essa deslavada blasf êm ia co n t r a a pessoa de Cr i st o


e grave of ensa à inf alível Palavra de Deus t em sido um a
co n st an t e n os co n co r r i d o s en co n t r o s in t er n acio n ais
da ent idad e. Percebe- se q u e o m o vi m en t o ecu m ên ico
m und ial t em um clar o e p r ecíp u o o b j et ivo : d esacr ed i­
t ar a Bíblia e fazer de Jesus apenas um m it o.
Dessa m aneira, o C M I pret end e nivelar t od as as cor ­
rent es religiosas d o m u n d o — crist ãs e pagãs — e em
seguida enfeixá- Ias num a su p er e única igreja, bem ao
g ost o d o vin d o u r o falso prof et a.
D ESFEC H O FIN A L 159

G o v e r n o m u n d ia l

Paralelam ent e à cam panha ecum enist a pela criação


de um a igreja m undial, desenvolve- se hoje, nos m eios
religiosos e p o lít ico s, um vig o r o so m o vim en t o visan d o
um só g o ver n o para o m u nd o. A iniciat iva d eco r r e da
d if icu ld ad e que t êm os g overn os livres em so l u cio n ar
sérios problem as de carest ia e subversão, este ú lt im o
f om en t ad o p o r regim es t o t alit ár i o s q u e d isp ut am o
d o m ín i o d o m und o.
Em m u it os países, esse est ad o de insegurança t em
levado ao p o d er dit adores sanguinários, co m o tem acon ­
t ecid o p o r t rás das co r t in as de f er r o e de bam bu e em
t o d o s os co nt inen t es. A Ug an d a, o Cam b oj a, a Líbia, o
Iraq u e e Cu b a são apenas alguns ex em p los d o q u e p o ­
dem fazer regim es de t error.
Se a Segund a Gr an d e Gu er r a t eve p o r o b j et ivo eli­
m in ar a d it ad u ra co m o f orm a de g o ver n o , co m o se
af irm a, ent ão ela f ico u lon g e de alcan çar o seu ob j et ivo.
Parece que o t r ág i co d est ino dos p o vo s é o de cair
presa de cruéis regim es t ot alit ár io s, at é chegar, final­
m ent e, ao g o ver n o m undial d o an t icrist o.

U m a p a lav r a f in a l

Cer t a vez Jesus repreendeu seus negligent es o u vin ­


tes com estas palavras: "Sab eis, na verdade, d iscer n ir o
asp ect o d o céu e não p odeis d i scer n ir os sinais dos
t em p o s?" [ M t 16.3,A RA ] , E d ep ois disse aos seus discí-
p u Io s:"OIh ai para a f igueira [Israel] e para t od as as ár vo ­
res [dem ais nações]. Q u an d o já com eçam a brot ar, vós
sabeis p o r vó s m esm os, vendo- as, que p er t o está já o
ver ão " [Lc 21.29,30]. Po r essas palavras é evid en t e a ne­
cessidade de saberm os a que hora est am os viven d o no
relóg io d ivin o , pois a volt a de Jesus p od e est ar mais
p róx im a d o que pensam os.
160 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

Já se ouve no m u nd o, em m eio ao caos p olít ico, soci­


al e religioso, o grande clam o r da meia- noite. "A í vem o
noivo, saí ao seu en co n t r o " (M t 25.6, EC], A hora é de
vigilância e de d iscern im ent o dos sinais dos t em pos. De­
vem os m ant er acesas as lâmpadas e cheios os nossos
dep ósit os de azeite, a fim de receberm os aq uEle que há
de vir. Tem um sent id o especial hoje a advert ência de
Jesu s:"Qu an d o essas coisas com eçarem a acont ecer, olhai
para cim a e levantai a vossa cab eça,p o rq u e a vossa reden­
ção está p r ó x im a" [Lc 21.28].
A Bíb lia n ão n os ensin a a esp er ar os sin ais, mas a
Jesu s. El e n ão diz: "q u an d o est as co isas t e r m i n a r e m
d e ac o n t ecer ", m as :" c o m e ç a r e m a aco n t ecer ." E, p elo
q u e vem o s h o j e, os sinais já co m e ça r a m a aco n t ecer .
Gu e r r a s e r u m o r es d e g u er r as, p avo r o so s t e r r em o ­
t o s, d evast ad o r es f u r acõ es, as n açõ es p r ep ar an d o - se
p ar a o s g r an d es even t o s f u t u r o s , o m o v i m e n t o
ecu m ên i co est r u t u r an d o a b ab élica g r a n d e i g r eja v i n ­
d o u r a , e o d er r am am en t o d o Esp ír i t o San t o so b r e o
p o vo d e Deu s t est i f i cam d o ad i an t ad o da h o r a em
q u e vivem o s.
Para não nos alo n g ar m o s m u i t o nesse cam p o real­
m ent e f ér t il, vej am os apenas o que se está passando na
área da g enét ica, r am o da b iolo g ia q u e se o cu p a da
h ered it ar ied ad e, das d iferenças en t r e os seres vivo s, das
suas causas e das leis da t r ansm issão d o s car act er es
in d ividu ais. Em 1968, 82 especialist as, d o s mais f am o ­
sos d o m u n d o , est ab elecer am algum as p r ováveis dat as
para as co n q u ist as genét icas e b iom éd icas: 2 0 0 7 , a re­
g eneração de m em b ro s e ó r g ão s; 2012, o ap er f eiço a­
m en t o da in t elig ência e, t alvez para ant es de t o d as
essas dat as, as d r og as de co n t r o le m ent al e os t r an s­
plant es generaliz ad os et c.
O s sinais parecem ap o n t ar a vin d a de Cr i st o para a
nossa geração. E, se o l ei t o r ainda não possui a bem-
avent urad a esperança d o breve regresso de Cr i st o , que
D ESFEC H O FIN A L 161

o assunt o dest e livr o o leve a t o m ar um a decisão sábia


e urgent e. So m en t e em Jesus Cr i st o há perd ão, salvação
et erna e perf eit a segurança. Ele é o ref ú g io cer t o co n t r a
as t em p est ad es,q u e já am eaçam est e m u n d o perdido.
O r a vem , Sen h o r Jesus! Q u e assim seja!

O Seu esp len d o r e a glória verem os / D o m u n do,


então, n ó s p o r fim sairem os.
A ssi m , g r an d e g o zo n o céu fr u ir em o s / Jesu s b r eve
vem n o s bu scar.
C r i st o , qu e há d e vir, virá! Ele não tardará. / Sim ,
Jesu s vem ! A lelu ia !
A lelu ia ! A m ém ! Alelu ia! A m ém ! 70
DOCAS BÍBliOQRÁfiCAS

1 Su e t ô n io , y4 vida d o s d o z e césa r es, São Pau lo , A t e n a , p.350- 351.


2 Jo sep h - Fr an ço is M ic h a u d , H i st ó r i a d a s cr u za d a s, Ed it o r a das
A m é r ic a s , São Pau lo , 1956, v. 1, p. 131- 132.
3 O ca p it a l, Lisb o a, 2 6 m ar. 1973. "C r is t ã o - n o v o " o u "r ecém - co n -
v e r s o ", n esse caso , era o ju d eu c o n v e r t id o , q u ase sem p r e p ela
f o r ç a, ao cat o licism o r o m an o .
4 F. W . Fo er st er , A q u e st ã o j u d a i ca , São Pau lo , H er d er , 1961, p. 138.
5 M a r c o s M a r g u IIe s , O s j u d e u s na h i st ó r i a da Rú ssi a , Rio d e Ja­
n eir o , Blo ch , 1971, p. 2 2 6 .
6 En ci cl o p é d i a j u d a i ca , v. 2 , p. 5 5 7 - 5 5 9 .
7 Rif k a Ber ez in , C a m i n h o s d o p o v o j u d e u , São Pau lo , 1977, v. 4 , p.
60- 63.
8 F. W . Fo er st er , o p . cit .
9 W illia m L. Sh ir er , A sc e n sã o e q u ed a d o T e r c e i r o Re i ch , Rio d e
Ja n e ir o , C iviliz ação Br asileir a, 1962, v. 4 , p. 4 4 - 4 5 .
10 Revi st a Eclesi á st ica Bra sileir a , Pet r ó p o lis,Vo z es, dez. 1966, fase. 4.
11 M e y e r Lev in , Isr a e l d e A b r a ã o a D a y a n , D in al, p. 21.
12 T h e o d o r H er lz , O Est a d o j u d e u , M er caz - Wiz o - Br asil, Rio d e j a­
n eir o , 1954, p. 4 2 ,6 7 .
13 Pa lest i n a , t er r a d e p r o m e ssa e d e sa n g u e, Rio d e j an e ir o , D eleg a­
ção da Lig a d o s Est ad o s Á r a b e s , 1969, p. 27.
14 O A r a u t o d e Sa n t i d a d e, ó r g ão d a Ig r eja d o N az ar en o d o Br asil,
15 abr. 1973.
15 C it a d o em D em ét r io M a g n o li e Reg in a A r a ú j o , A n o v a g eo g r a ­
fia , São Pau lo , M o d e r n a , 1997, p. 2 6 0 .
164 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

16 H e ch o s d e Isr a el , Jeru salém , D ivisão d e In f o r m ação d o M in is t é r io


d e Relaçõ es Ex t er io r es, p. 42- 43.
17 C o r r e n t e W i zo , ab r ./ ju n . 1982.
18 Revist a N o v a s d e A l e g r i a , Lisb o a, n. 2 0 3 , n o v. 1959.
19 M e y e r Levin , id em , p. 2 0 4 - 2 0 5 .
20 U r y Paz, G u er r a - r ei â m p a g o , São Pau lo ,V .G.T ., s.d ., p. 101.
21 Fo l h a d e Sã o Pa u lo , 2 3 ju n . 1968.
22 Revist a A o n d e V a m o s?, Rio d e j an e ir o , 11 m ar. 1971.
23 H e c h o s d e Isr a el , p. 4 9 .
24 U r y Paz, id em , p. 21.
25 N o v a s d e A l e g r i a , Lisb o a, ju l. 1970.
2é Pad re G e o r g e s , D eu s n o s su b t e r r â n e o s da Rú ssi a , Rio d e j an e i­
r o , Liv r ar ia Clássica Br asileir a, p. 17.
27 A o n d e V a m o s?, Rio d e Ja n e ir o , 16 m ar. 1972.
28 Po n t i f íc io In s t it u t o Bíb lic o d e Ro m a, C o m e n t á r i o s à Bíb lia Sa­
g r a d a , São Pau lo , A lf a b e t o , v. 2 , p. 5 7 8 .
29 A n t ô n i o N eves d e M e s q u it a , P o v o s e n a çõ es d o m u n d o a n t i g o ,
Rio d e Ja n e ir o , Ber ean a, 1954, p. 25 .
30 Po n t i f íc io In s t it u t o Bíb lic o d e Ro m a, o p . cit .
31 A V o z d o s M á r t i r e s.
32 W i m M a lg o , C i n q ü en t a r e sp o st a s t i r a d a s da p a la vr a p r o f é t i c a ,
Po r t o A le g r e , Ch am ad a da M e ia - N o it e , p. 61- 62.
33 O p . cit ., p. 65 .
34 H e n r y H . H alley, M a n u a l b íb l i c o , p. 2 9 6 - 2 9 7 .
35 O p . cit ., p. 27 8.
36 Sy n ésio Lir a, O O r i e n t e M é d i o , a b a t a lh a d o A r m a g e d o m e
d ep o i s?... Rio d e Ja n e ir o , S. Lir a, 1974, p. 6 3 , 66- 6 7.
37 H . L. H e ijk o o p , O p o r v i r , 2 . ed ., Lisb o a, D ep ó sit o s d e Lit e r at u r a
C r is t ã, 1972, p. 123- 124.
38 N o v a s d e A l e g r i a , Lisb o a , m aio 1973.
39 Syn ésio Lir a, o p . c it ., p. 4 5 .
40 H a r r y e Bo n ar o O v e r s t r e e t , A g u er r a ch a m a da p a z, Rio d e Jan ei­
r o , Let r as e A r t e s , 1962, p. 16.
41 C lin t o n Ro ssit er y/ Wen íi/ r as d o esp ír i t o , Rio d e Jan eir o , Bib lio t eca
Fu n d o Un iver sal d e C u lt u r a, 1963, p. 138- 139.
42 C lin t o n Ro ssit er , o p . cit ., p. 140.
N O T A S BIBL I O G RÁ FIC A S 16 5

43 G o r d o n Lin d say, Si n a is da p r ó x i m a vin d a d e C r i st o , Rio d e Jan ei­


r o , Cr u z ad a d e N o v a V id a , s.d ., p. 13.
44 K a r I M a r x , O ca p it a l, 3. ed ., Rio d e Jan eir o , Br u n o Bu ccin i,1 9 6 8 ,p .
38- 39.
45 Ild ef o n so A Ib a n o ,/ \ U RSS d o d eã o , 3. ed ., Rio d e Jan eir o , I.A lb an o ,
1945, p. 41ss.
4é Jam es D eFo r r est M u r c h , A a v en t u r a ecu m ên ica , São Pau lo / São
Lu ís ,V id a N o v a / L iv r a r ia Ed it o r a Evan g élica, 1963, p. 67- 6 8.
47 H al- Lin d sey, Pla n et Ea r t h — 2 0 0 0 A .D . [Plan et a Terra — 2 0 0 0
A .D .], Paio s Ver d es, We st e r n Fr o n t , 1996, p. 197- 198.
48 Ja c k V a n Im p e, 2 0 0 1 : o n t h e ed g e o f e t e r n i t y [2 0 0 1 : n o lim iar da
et er n id ad e], Dallas, W o r d , 1996, p. 51- 52.
49 Revist a A Sea ra , C PA D , Rio d e Jan eir o , dez. 1998, p. 38.
30 Jo h n H ag ee, O co m e ço d o f im , São Pau lo , M u n d o C r is t ão , 1997,
p. 171.
51 N o v a s d e A l e g r i a , Lisb o a, jan. 1953.
52 N o v a s d e A l e g r i a , Lisb o a, ju n . 1970.
33 O Est a d o d e Sã o Pa u lo , São Pau lo , 8 jan . 1976.
54 E. St an ley Jo n es, O ca m in h o , São Ber n ar d o d o Cam p o , Im p ren sa
M e t o d ist a, 1988, p. 351.
ss Fé H a h á 'i: f a t o s b á si co s, 2. ed ., Rio d e Jan eir o , Bah á'i d o Br asil, p.
21- 22 .
56 Fer n an d G ig o n , A p o ca l i p se d o á t o m o , Sã o Pau lo , In st it u ição Bra­
sileira d e D if u são C u lt u r a l, 1959, p. 1- 3.
57 Bíb lia Sag r ad a, V e r sã o da Li g a d e Est u d o s B íb l i c o s, São Pau lo ,
A b r il.
58 Id em .
59 Jo r n a l Palavra da V/ ate, A t ib a ia , A cam p am en t o Palavr a d a V id a.
60 U r i G e lle r , M i n h a h i st ó r i a , Rio d e Ja n e ir o , N o v a Fr o n t e ir a, 1975,
p. 181.
61 W illia m L. LeRo y, O f u t u r o d a Ig r eja M u n d i a l , São Pau lo , M issão
Bíb lica Pr esb it er ian a n o Br asil, 1969, p. 9.
62 N o t a s à Bíb lia Sag r ad a, Ed i çã o Clá ssi ca d e Fi g u e i r e d o , São Pau lo ,
Ed it o r a d as A m é r ic a s , 1 9 5 0 , v. 12, p. 4 2 8 .
63 G em a t r i a : sist em a c r ip t o g r á f ic o q u e co n sist e em a t r ib u ir valo ­
res n u m ér ico s às let r as.
64 E. W . Bu llin g u er , C o m o e n t e n d e r y e x p l i ca r l o s n ú m e r o s d e Ia
Bíb l ia , Ed it o r ia l C lie , Bar celo n a, Esp an h a, s.d ., p. 3 0 5 .
166 ISRA EL, G O G U E E O A N T IC RIST O

65 E. W . Bu llin g u er , o p . c it ., p. 3 0 6 .
66 E. W . Bu llin g u er , o p . cit ., p. 62 .
67 Jean - jacq u esV o n A ll m e n , V o ca b u l á r i o b íb l i co , São Pau lo , A ST E,
1963, p. 23 2.
68 W i lla r d C a n t e lo n , A m o r t e d o d ó / ar, M ia m i,V id a , 1973, p .1 0 0 .
69 Jo h n W e s le y W h i t e , Re t o r n o , M ia m i,V id a , 1975, p. 2 0 0 .
70 De um h in o d e Pau lo Leivas M acalão [let r a] e Jam es M c Gr an ah am
[m ú sica], H ar p a C r is t ã , C PA D , 1981, n. 7 4 .
O q u e aco n t ecer á a Israel
n os ú lt im o s d ias?
O país será m esm o in vad id o p o r
Go g u e e M ag o g u e?
Q u em são essas p erso n ag en s?
Po d em o s id en t ificá- las?
Q u e im p o r t ân cia têm esses
■ VVi aco n t ecim en t o s para a Ig r eja?

Essas p erg u n t as são resp o n d id as p o r


um d o s m aiores esp ecialist as em
p ro fecias b íb licas d e n o sso t em p o .
Co m m aest ria, o au t o r "p asseia" p o r
alg u m as p assagens da rica h ist ó r ia de
Israel, cr u ciais p ara o p er f eit o
en t en d im en t o das p ro fecias co n t id as

Abraão de Almeida em Ez eq u iel 38 e 3 9 , o b jet o d e seu


est u d o nesta o b r a. O sig n if icad o
b íb lico e co n t ex t u aliz ad o d e Go g u e,
Edição revista e ampliada os sinais da m an ifest ação d o an t icr ist o
e o p apel d o "r e ló g io d iv in o " às p o r t as
d o n o vo m ilên io levam o leit o r a
en t en d er m elh o r o p r o p ó sit o d e Deus
' a ■ • " wé . acerca d esse p o vo ad m irável.
Tu d o isso num a ed ição r evist a e
am p liad a d est e b est- seller q u e já
ven d eu cerca d e 2 4 0 .0 0 0 ex em p lares
em p o r t u g u ês e esp an h o l, resu lt ad o
d e recen t e p esq u isa q u e p er m it iu ao
au t o r at u aliz ar t o d as as in fo rm açõ es.

O A u to r
A b raão d e A lm e id a é fu n d ad o r
e p a s t o r d a Ig r e j a Ev a n g é l i c a Br a s ile ir a
d e C o c o n u t C r e e k , Fló r id a , e d ir e t o r
do Se m in á r io Be t e i, q u e f u n c io n a na
m esm a cid ad e e tam b ém foi fu n d ad o

ffflj
p o r ele, em 1991. É a u t o r d e m a is d e
t r in t a liv r o s e d it a d o s em p o rtu g u ês
e em e sp a n h o l. Re s id e co m a esp o sa,

III! I
L ú c ia , e o filh o c a ç u l a , Jú n i o r , n a
Fló r id a . O casal t em a in d a t r ês filh as
c a s ad a s e seis n et o s .

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