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CURITIBA
2019
AGRADECIMENTOS
O presente estudo contém uma sucinta análise da Lei 13.465/2017 no que tange a
regularização fundiária urbana(REURB) e sobre como os conceitos históricos
influenciaram na evolução da propriedade e no seu cumprimento da função social e
o acesso à moradia .Explica também os mecanismos da regularização fundiária
urbana(REURB-S), voltada para o cidadão que reside em núcleos urbanos informais,
para que este possa adquirir seu título de propriedade de forma
desburocratizada,célere e sem a necessidade da usucapião.Serão pincelados os
ordenamentos jurídicos vigentes que foram alterados,quais instrumentos jurídicos
foram criados ,além de identificar quem são os beneficiários e agentes
regularizadores fundiários legitimados que podem ter acesso a REURB.Não menos
importante é trazer neste estudo os motivos e as críticas doutrinárias que
influenciaram no resultado de três ações diretas de inconstitucionalidade em relação
à Lei 13.465/2017.
Palavras-chave: 1.Lei 13.465/2017 2.REURB 3.Unidade Informal Urbana 4.
REURB-S
RESUMEN
INTRODUÇÃO
1 HISTÓRICO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE NO BRASIL…………....1
1.1 DISCURSOS DO PROPRIETÁRIO E DIREITO À MORADIA..............................3
1.2DIVERGÊNCIAS HISTÓRICAS PROPRIEDADE, POSSE E ORIGEM DA
FUNÇÃO SOCIAL……………………………………………………………………………5
TEORIAS SUBJETIVA E OBJETIVA……………………………………………………....6
2. REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA E REURB…………………………………………..8
2.1 REURB- E REURB-E………………………………………………………………….10
2.1.1 Legitimação Fundiária e Legitimação da Posse………………………………....11
3 PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO………………………………………………...12
4 ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS………………………………………………………….16
1
SOUZA,Adriano Stanley Rocha . (s.d.). Do direito de propriedade ao dever da Propriedade.Contribuições da
Constituição da República de 1988. In: KOZICKI,Ka a; MOREIRA,Tomás Antônio;BESSA,Fabiane Lopes Bueno
Ne o;ALMEIDA ,Gabriel Gino. ESPAÇÕES E SUAS OCUPAÇÕES ,Debates sobre a moradia e a propriedade no
Brasil Contemporâneo. Campinas,SP: Russell. 2010 p.18-19.
2
op.cit.
“propriedade função “ em que o“senhor que tudo pode “ assume o papel de o
“senhor que tudo deve”.
A propriedade no Código Civil de 1916, mais precisamente em seus
artigos 524 e seguintes3,elencam ao proprietário um caráter exclusivo (privado) e
ilimitado do domínio, totalmente patrimonialista.No Brasil em seu período
Colônia-Império houve a implementação da propriedade dividida em capitanias
hereditárias e que através da enfiteuse postergou a manutenção do Império.
Segundo uma analogia de SOUZA4 os feudos de antigamente são os
latifúndios de hoje.No Brasil República, com a Constituição de 1934, foi incluída a
função social que posteriormente permaneceu em todas outras Constituições e
atingiu sua máxima na Constituição de 1988.Esta evolução encontra-se disposta
em seu art. 1128.5
Devido a constatação da evolução da função social da propriedade e os
resultados da Revolução Industrial, outros problemas surgiram no Brasil, como por
exemplo a superpopulação dos grandes centros urbanos à partir da década de 1960.
A influência econômica, fatores sociais como por exemplo a necessidade de
pertencimento das pessoas na sociedade através de costumes, aliou-se a um
consumismo desenfreado, que se postergou através de crediários com juros
abusivos gerando altos índices de inadimplemento devido falta de emprego, pobreza
3
CC/1916: Art. 524. A lei assegura ao proprietário o direito de usar, gozar e dispor de seus bens, e de reavê-los do poder de
quem quer que injustamente os possua.Parágrafo único. A propriedade literária, científica e artística será regulada conforme
as disposições do Capítulo VI deste Título.
4
op.cit.
5
Vejamos a seguir ,no CC, Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002:
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer
que injustamente a possua ou detenha.§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas
finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a
flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar
e das águas.§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados
pela intenção de prejudicar outrem.§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por
necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público
iminente.§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na
posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem
realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico
relevante.§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá
6
SOUZA,Adriano Stanley Rocha . (s.d.). Do direito de propriedade ao dever da Propriedade.Contribuições da
Constituição da República de 1988.In:KOZICKI,Ka a;MOREIRA,Tomás Antônio;BESSA,Fabiane Lopes Bueno
Ne o;ALMEIDA ,Gabriel Gino. (2010). ESPAÇÕES E SUAS OCUPAÇÕES ,Debates sobre a moradia e a propriedade
no Brasil Contemporâneo. Campinas,SP: Russell.p.24-28
1.1 DISCURSOS DO PROPRIETÁRIO E O DIREITO À MORADIA
7
RYZYK, C. E. (2004). Locke e a Formação da Racionalidade do Estado Moderno: O Individualismo Proprietário entre o
Público e o Privado .In:FONSECA, Ricardo Marcelo (Org.).Pensando A Teoria do Estado. Belo Horizonte: Fórum,p
65-78.op.cit.p.33
8
NEVES, M. (2007). A constitucionalização Simbólica. São Paulo: Martins Fontes,p-154.In:KOZICKI,Ka a;MOREIRA,Tomás
Antônio;BESSA,Fabiane Lopes Bueno Ne o;ALMEIDA ,Gabriel Gino. (2010). ESPAÇÕES E SUAS OCUPAÇÕES
,Debates sobre a moradia e a propriedade no Brasil Contemporâneo. Campinas,SP: Russell.p.38
9
GROSSI, P. (2006). História da Propriedade e Outros ensaios.Trad.Luiz Hernani Fritoli e Ricardo Marcelo
Fonseca. Rio de Janeiro: Renovar.p.124.In:KOZICKI,Ka a;MOREIRA,Tomás Antônio;BESSA,Fabiane Lopes Bueno
Ne o;ALMEIDA ,Gabriel Gino. (2010). ESPAÇÕES E SUAS OCUPAÇÕES ,Debates sobre a moradia e a propriedade
no Brasil Contemporâneo. Campinas,SP: Russell.p.28
10
SANTOS, M. (2005). A Urbanização Brasileira. São Paulo: EduspIn:KOZICKI,Ka a;MOREIRA,Tomás
Antônio;BESSA,Fabiane Lopes Bueno Ne o;ALMEIDA ,Gabriel Gino. (2010). ESPAÇÕES E SUAS
OCUPAÇÕES ,Debates sobre a moradia e a propriedade no Brasil Contemporâneo. Campinas,SP:
Russell.p.48
11
SARLET, I. W. (2007). A Eficácia dos Direitos Fundamentais,. Porto Alegre : Livraria do
Advogado.SARLET, I. W. (2007). A Eficácia dos Direitos Fundamentais,. Porto Alegre : Livraria do
Advogado.p53
12
PIOVESAN, F. (2007). Direitos Humanos e o direito Constitucional Internacional.9ª ed. Porto Alegre : Livraria do
Advogado.p.85.SARLET, I. W. (2007). A Eficácia dos Direitos Fundamentais,. Porto Alegre : Livraria do
Advogado..In:KOZICKI,Ka a;MOREIRA,Tomás Antônio;BESSA,Fabiane Lopes Bueno Ne o;ALMEIDA ,Gabriel Gino.
(2010). ESPAÇÕES E SUAS OCUPAÇÕES ,Debates sobre a moradia e a propriedade no Brasil Contemporâneo.
Campinas,SP: Russell.p.53-54
nacional que a integre ao sistema jurídico”, em outras palavras, pelo fato do direito à
moradia estar contemplado como direito humano, sua incorporação deve ser
automática.
Segundo (JUNIOR)13 destaca-se o direito à moradia em outros dispositivos,
como um reforço da positivação com status de direito fundamental.Ele cita vários
dispositivos como por exemplo a Emenda nº 26 de 2000, art. 23, IX; art. 7º ,IV,CRFB
encontra-se vinculado ao cumprimento da função social no art. 5º, XXIII; art. 170, III;
art. 182, §2º; art. 183 e art. 191 CRFB( usucapião urbana e rural); decorrente do
art1º,III,CRFB( decorrência do princípio da dignidade da pessoa humana) e do art.
5º, XI( direito de defesa) .
DUSSEL(2000)14declara que existem certas limitações para viver em uma
sociedade que variam desde alimentos, casa, segurança, liberdade, soberania,
valores ,identidade cultural e plenitude espiritual.Dentre tantos autores não se pode
deixar de mencionar AMARTYA SEN que através de suas palavras revela a triste
realidade sobre a negação das liberdades à maioria da população mundial devido a
pobreza econômica, “ladrão” de seus direitos básicos.
Outro posicionamento ilustre seria o de HEGEL(2002) sobre a efetividade
de um direito ao mínimo existencial, que aponta para todos como um
reconhecimento recíproco da consciência de si, isto é, o reconhecimento recíproco
da totalidade das necessidades. Segundo suas palavras”a efetivação do mínimo
existencial para todos exige um reconhecimento recíproco das consciências-de-si,
isto é, o reconhecimento recíproco da totalidade das necessidades , pois no egoísmo
do desejo, todo dever humano se trai”.15
13
JÚNIOR,Odoné Serrano . (s.d.). O Direito à Moradia ,Escassez de Recursos e Controle Judicial das Escolhas
Orçamentárias .In:KOZICKI,Ka a;MOREIRA,Tomás Antônio;BESSA,Fabiane Lopes Bueno Ne o;ALMEIDA ,Gabriel
Gino. (2010). ESPAÇÕES E SUAS OCUPAÇÕES ,Debates sobre a moradia e a propriedade no Brasil
Contemporâneo. Campinas,SP: Russell.p.66-68
14
DUSSEL, E. (2000). Ética da Libertação.Na Idade da Globalizaçãoe da Exclusão. Petrópolis:
Vozes.In:KOZICKI,Ka a;MOREIRA,Tomás Antônio;BESSA,Fabiane Lopes Bueno Ne o;ALMEIDA ,Gabriel Gino.
(2010). ESPAÇÕES E SUAS OCUPAÇÕES ,Debates sobre a moradia e a propriedade no Brasil Contemporâneo.
Campinas,SP: Russell.p.70
15
(HEGEL,2002;FRAGA,2006).In:KOZICKI,Ka a;MOREIRA,Tomás Antônio;BESSA,Fabiane Lopes Bueno
Ne o;ALMEIDA ,Gabriel Gino. (2010). ESPAÇÕES E SUAS OCUPAÇÕES ,Debates sobre a moradia e a propriedade
no Brasil Contemporâneo. Campinas,SP: Russell.p.81
1.2 DIVERGÊNCIAS HISTÓRICAS ENTRE A PROPRIEDADE,A POSSE E A
ORIGEM DA FUNÇÃO SOCIAL
16
JHERING, R. V. (2009). Teoria Simplificada da Posse.3.ed.rev. São Paulo: EDIPRO.p.74
RIZZARDO,A.(2014.).DireitOdasCoisas.7.ed.rev.atual.eampl.RiodeJaneiro:Forense.s/p,xxxii,chamada:347.2R62
17
7d 7ed.(BC).
18
JHERING, R. V. (2009). Teoria Simplificada da Posse.3.ed.rev. São Paulo: EDIPRO.p.78
Segundo BUSSADA (1988), a Teoria de Jhering ressignificou a subjetividade
da vontade como correspondência exterior da propriedade em que o possuidor age
de forma exterior através do animus em relação à coisa e declara:
“Se possuído é todo aquele que se comporta perante o objeto da posse
como se fora o próprio dono, se a posse manifesta-se como o reflexo da
propriedade, seria inconcebível conciliar dois elementos antiéticos: real,
quando fundada num título, e pessoal, em caso contrário”.19
19
BUSSADA,W.(1988). Reintegração de Posse:Interpretada Pelos Tribunais. São Paulo: Javoli.números de
chamada:347.232.B981r.p.455
20
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público Municipal, conforme diretrizes gerais fixadas
em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da -cidade e garantir o bem- estar de seus
habitantes. (Regulamento) (Vide Lei nº 13.311, de 11 de julho de 2016) [...]
Art. 183.Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não
seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do
estado civil. § 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. § 3º - Os imóveis públicos não
serão adquiridos por usucapião.
Através da leitura dos artigos elencados na Lei 13.465/2017, o legislador
adotou medidas específicas ao encarregar aos entes públicos a criação de políticas
públicas para o cumprimento da função social, no que tange o direito à moradia,
através do desenvolvimento urbano, da sustentabilidade econômica, social e
ambiental, do empoderamento da mulher, da gratuidade, da legitimidade fundiária,
da desburocratização, da celeridade dos procedimentos de aprovação e do registro
sem a necessidade de documentos pessoais, projetos de regularização devidamente
cientificado pelo órgão competente, listas com dados específicos, matrícula dos
confrontantes e a precisa identificação do imóvel.
A lei 13.465/2017 possibilita a execução sobre a área pública e extingue os
requisitos da Lei 8.666/1993. Adentra de forma esclarecedora e preventiva sobre um
tema temerário e gerador de polêmicas que são as denominadas áreas de APP,
mananciais ou de conservação ambiental.
Destarte, a Lei 13.465/2017, salienta a importância da tomada de decisão
pelo Poder Público sobre a elaboração de estudos técnicos e especializados,
através de órgão competentes, para que seja feito um levantamento técnico
ambiental da região a ser promovida pela REURB.
Caso seja constatado algum dano de perigo iminente à população ou um
dano irreversível ao meio ambiente, será feito a realocação destas pessoas. Neste
estudo técnico deverá constar projetos de compensação ambiental e a
demonstração de que haverá a adequação, proteção e melhorias de
sustentabilidade nas áreas de preservação, mananciais e a sustentabilidade21.
Outros termos foram ressignificados como por exemplo o núcleo urbano
informal que recebe nova roupagem sobre as denominações doravante
empregadas como invasões, favelas, aglomerados. Encontra-se detalhado e
expresso no art.11, I, II, III da Lei 13.465/201.22
21
Pode-se visualizar com mais nitidez os mecanismos que deverão ser aplicados em território nacional através do seguinte
dispositivo:Art. 9o Ficam instituídas no território nacional normas gerais e procedimentos aplicáveis à Regularização Fundiária
Urbana (Reurb), a qual abrange medidas jurídicas, urbanísticas, ambientais e sociais destinadas à incorporação dos núcleos
urbanos informais ao ordenamento territorial urbano e à titulação de seus ocupantes. § 1o Os poderes públicos formularão e
desenvolverão no espaço urbano as políticas de suas competências de acordo com os princípios de sustentabilidade
econômica, social e ambiental e ordenação territorial, buscando a ocupação do solo de maneira eficiente, combinando seu uso
de forma funcional. § 2o A Reurb promovida mediante legitimação fundiária somente poderá ser aplicada para os núcleos
urbanos informais comprovadamente existentes, na forma desta Lei, até 22 de dezembro de 2016.
22
Art. 11. Para fins desta Lei, consideram-se: I - núcleo urbano: assentamento humano, com uso e características urbanas,
constituído por unidades imobiliárias de área inferior à fração mínima de parcelamento prevista na Lei nº 5.868, de 12 de
A identificação das áreas passíveis de regularização fundiária urbana e as
que já estão irregularmente ocupadas, mesmo que se trate de áreas rurais(com
destinação urbana)e os imóveis pertencentes ao Minha Casa Minha Vida, devem ser
diagnosticados e declarados pelos Municípios e Estados do Brasil.
Existem algumas precauções legislativas como por exemplo as distância das
margens de reservatórios artificiais e APP que se dão entre o nível máximo
operativo normal e a cota máxima além de identificar as áreas de fronteira de 150
km que não poderão ser objeto da REURB. Os objetivos da Lei 13.465/2017 são
claros e devem ser observados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Encontram-se expressamente elencados em seu primeiro artigo.23
dezembro de 1972, independentemente da propriedade do solo, ainda que situado em área qualificada ou inscrita como rural; II
- núcleo urbano informal: aquele clandestino, irregular ou no qual não foi possível realizar, por qualquer modo, a titulação de
seus ocupantes, ainda que atendida a legislação vigente à época de sua implantação ou regularização; III - núcleo urbano
informal consolidado: aquele de difícil reversão, considerados o tempo da ocupação, a natureza das edificações, a
localização das vias de circulação e a presença de equipamentos públicos, entre outras circunstâncias a serem avaliadas pelo
Município;
23
I - identificar os núcleos urbanos informais que devam ser regularizados, organizá-los e assegurar a prestação de serviços
públicos aos seus ocupantes, de modo a melhorar as condições urbanísticas e ambientais em relação à situação de ocupação
informal anterior; II - criar unidades imobiliárias compatíveis com o ordenamento territorial urbano e constituir sobre elas direitos
reais em favor dos seus ocupantes; III - ampliar o acesso à terra urbanizada pela população de baixa renda, de modo a
priorizar a permanência dos ocupantes nos próprios núcleos urbanos informais regularizados; IV - promover a integração social
e a geração de emprego e renda; V - estimular a resolução extrajudicial de conflitos, em reforço à consensualidade e à
cooperação entre Estado e sociedade; VI - garantir o direito social à moradia digna e às condições de vida adequadas; VII -
garantir a efetivação da função social da propriedade; VIII - ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e
garantir o bem-estar de seus habitantes; IX - concretizar o princípio constitucional da eficiência na ocupação e no uso do
solo; X - prevenir e desestimular a formação de novos núcleos urbanos informais; XI - conceder direitos reais,
preferencialmente em nome da mulher; XII - franquear participação dos interessados nas etapas do processo de regularização§
2o Os atos de que trata este artigo independem da comprovação do pagamento de tributos ou penalidades tributárias, sendo
vedado ao oficial de registro de imóveis exigir sua comprovação. .
No que tange a finalidade da Reurb-E,trata-se da regularização para um
público específico em que o particular deverá arcar com os gastos incluídos no
projeto de regularização e poderão ter acesso aos seus direitos reais.Com relação
aos legitimados o art. 14 da Lei 13.465/2017 explicita quem são os legitimados que
podem requerer a Reurb.24
A Lei 13.465/2017 faz também uma designação imediata sancionatória
aos Municípios quanto ao incumprimento dos cartórios que não aplicarem a isenção
das custas e emolumentos.E fundamenta quais os requisitos que devem ser
preenchidos no art.13 da Lei 13.465/201725para que os beneficiários se tornem
isentos no pagamento de custas e emolumentos.
24
Art.14/Lei 13.465/2017 I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, diretamente ou por meio de entidades da
administração pública indireta; II - os seus beneficiários, individual ou coletivamente, diretamente ou por meio de cooperativas
habitacionais, associações de moradores, fundações, organizações sociais, organizações da sociedade civil de interesse
público ou outras associações civis que tenham por finalidade atividades nas áreas de desenvolvimento urbano ou
regularização fundiária urbana; III - os proprietários de imóveis ou de terrenos, loteadores ou incorporadores; IV - a Defensoria
Pública, em nome dos beneficiários hipossuficientes; e V - o Ministério Público. § 1o Os legitimados poderão promover todos os
atos necessários à regularização fundiária, inclusive requerer os atos de registro. § 2o Nos casos de parcelamento do solo, de
conjunto habitacional ou de condomínio informal, empreendidos por particular, a conclusão da Reurb confere direito de
regresso àqueles que suportarem os seus custos e obrigações contra os responsáveis pela implantação dos núcleos urbanos
informais. § 3o O requerimento de instauração da Reurb por proprietários de terreno, loteadores e incorporadores que tenham
dado causa à formação de núcleos urbanos informais, ou os seus sucessores, não os eximirá de responsabilidades
administrativa, civil ou criminal.
25
§ 1o Serão isentos de custas e emolumentos, entre outros, os seguintes atos registrais relacionados à Reurb-S: I - o primeiro
registro da Reurb-S, o qual confere direitos reais aos seus beneficiários; II - o registro da legitimação fundiária; III - o registro do
título de legitimação de posse e a sua conversão em título de propriedade; IV - o registro da CRF e do projeto de regularização
fundiária, com abertura de matrícula para cada unidade imobiliária urbana regularizada; V - a primeira averbação de construção
residencial, desde que respeitado o limite de até setenta metros quadrados; VI - a aquisição do primeiro direito real sobre
unidade imobiliária derivada da Reurb-S; VII - o primeiro registro do direito real de laje no âmbito da Reurb-S; e VIII - o
fornecimento de certidões de registro para os atos previstos neste artigo.
26
Art. 90. Ficam a União, suas autarquias e fundações autorizadas a transferir aos Estados, aos Municípios e ao Distrito
Federal as áreas públicas federais ocupadas por núcleos urbanos informais, para que promovam a Reurb nos termos desta Lei,
observado o regulamento quando se tratar de imóveis de titularidade de fundos.
Segundo RICALDE (2017):
“[...] conceito de legitimação fundiária justifica o instrumento que reconhece a aquisição da
propriedade de forma originária de aquisição do direito como de propriedade conferido por ato
poder público, para àquele que detiver área pública ou possuir área privada, como sua ,
unidade imobiliária com destinação urbana,integrante de núcleo urbano informal, desde
que existente até a data de 22 de dezembro de 2016. Na REURB –S de imóveis
públicos(União,Estados,Distrito Federal, Municípios) e suas entidades vinculadas, quando
titulares do domínio, ficarão autorizados a reconhecer o direito de propriedade aos ocupantes
do núcleo urbano informal regularizado por meio da legitimação fundiária urbana(REURB).27
27
RICALDE, M. d. (2018). Regularização Fundiária urbana:impactos da Lei nº 13.465/2017,1ªed. Campo
Grande: Contemplar.p.134-135
28
Art. 88. Na hipótese de imóveis destinados à Reurb-S cuja propriedade da União ainda não se encontre regularizada no
cartório de registro de imóveis competente, a abertura de matrícula poderá ser realizada por meio de requerimento da
Secretaria do Patrimônio da União (SPU), dirigido ao oficial do referido cartório, acompanhado dos seguintes documentos: I -
planta e memorial descritivo do imóvel, assinados por profissional habilitado perante o Conselho Regional de Engenharia e
Agronomia (Crea) ou o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), condicionados à apresentação da Anotação de
Responsabilidade Técnica (ART) ou do Registro de Responsabilidade Técnica (RRT), quando for o caso; e II - ato de
discriminação administrativa do imóvel da União para fins de Reurb-S, a ser expedido pela Secretaria do Patrimônio da União
(SPU).
29
RICALDE, M. d. (2018). Regularização Fundiária urbana:impactos da Lei nº 13.465/2017,1ªed. Campo
Grande: Contemplar.p.134
30
RICALDE, M. d. (2018). Regularização Fundiária urbana:impactos da Lei nº 13.465/2017,1ªed. Campo Grande:
Contemplar.p.135
originária de aquisição.O dispositivo legal art. 25 da Lei 13.465/2017 expressa seu
conceito sobre a legitimação de posse.31
E nos casos em que não obedecerem estes requisitos, haverá outra
oportunidade de legitimação, desde que satisfaçam os requisitos de usucapião, que
estejam vigentes na legislação e que o beneficiário faça um requerimento perante o
registro de imóveis competente.
Quando ocorre esta conversão do título de propriedade garante-se que a
unidade urbana estará desimpedida de ônus, exceto se o beneficiário tiver alguma
restrição. A legitimação deverá ser cancelada quando não satisfizer as condições da
Lei 13.465/2017 ,desde que seja sempre antes da conversão em propriedade.
A ampliação dos limites da usucapião urbana (imóveis com até 250 m² e 5
anos de posse ,com destino residencial) na legitimação fundiária difere da
legitimação da posse em imóveis residenciais ou não e com áreas superiores à
250m,² que deverão continuar com as diferentes modalidades de usucapião.
3. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
De acordo como artigo 2832 da Lei 13.465/2017, a REURB deve ser requerida
pelos legitimados, através de um requerimento por escrito de forma administrativa,
pois compete ao poder público municipal a elaboração do projeto da regularização
fundiária e o saneamento vinculado ao processo administrativo por meio de sua
decisão, para que possa ser expedida a Certidão de Regularização Fundiária (CRF)
pelo Município.E tanto o registro quanto a aprovação da regularização fundiária
ficam a cargo do Registro de Imóveis competente.
31
Art. 25. A legitimação de posse, instrumento de uso exclusivo para fins de regularização fundiária, constitui ato do poder
público destinado a conferir título, por meio do qual fica reconhecida a posse de imóvel objeto da Reurb, com a identificação de
seus ocupantes, do tempo da ocupação e da natureza da posse, o qual é conversível em direito real de propriedade, na forma
desta Lei. § 1o A legitimação de posse poderá ser transferida por causa mortis ou por ato inter vivos. § 2o A legitimação de
posse não se aplica aos imóveis urbanos situados em área de titularidade do poder público.
32
Art. 28. A Reurb obedecerá às seguintes fases: I - requerimento dos legitimados; II - processamento administrativo do
requerimento, no qual será conferido prazo para manifestação dos titulares de direitos reais sobre o imóvel e dos confrontantes;
III - elaboração do projeto de regularização fundiária; IV - saneamento do processo administrativo; V - decisão da autoridade
competente, mediante ato formal, ao qual se dará publicidade; VI - expedição da CRF pelo Município; e VII - registro da CRF e
do projeto de regularização fundiária aprovado perante o oficial do cartório de registro de imóveis em que se situe a unidade
imobiliária com destinação urbana regularizada. Parágrafo único. Não impedirá a Reurb, na forma estabelecida nesta Lei, a
inexistência de lei municipal específica que trate de medidas ou posturas de interesse local aplicáveis a projetos de
regularização fundiária urbana.
A classificação da modalidade da REURB é de incumbência do Município,
que deverá classificar in situ, processar, analisar e aprovar para emissão da CRF. A
classificação será fixada no prazo máximo de 180 dias ou se indeferido o
requerimento que seja de forma fundamentada. Caso o Município não se manifeste,
haverá a classificação de acordo com a indicação do legitimado em seu
requerimento e não poderá ser revisado mediante estudo técnico que a justifique.
Após o recebimento do requerimento e ao tratar-se de imóveis públicos ou
privados ou Municipais,haverá uma notificação feita pelo Município aos titulares do
domínio(aos confinantes e terceiros eventualmente interessados) que terão um
prazo de 30 dias para manifestarem-se e apresentarem uma impugnação.
A citação deverá ser realizada por via postal, com aviso de recebimento no
endereço constante da matrícula ou da transcrição. Caso ocorra a impugnação
haverá a oportunidade das partes de realizarem composição de conflitos através de
um procedimento extrajudicial ,caso este resulte infrutífero, será intimado o
Município e a parte interessada para manifestar-se no prazo de 10 dias.Somente
assim poderão apresentar o recurso cabível e propiciar a parte requerente o prazo
de 10 dias para contrarrazões.
Estas serão enviadas ao Corregedor Permanente ou Corregedoria da Justiça,
que após análise poderão ser refutadas ou terão continuidade portanto devem ser
enviadas novamente ao Oficial de Cartório que cumprirá com as decisões judiciais.
Caso o Cartorário negue-se a prestar o registro, deverá fundamentar os motivos da
recusa e formular exigências nos termos da Lei 13.465/2017.Incumbe ao cartorário
receber a CRF que deverá prenotá-la, autuá-la e instaurar o procedimento registral
no prazo de 15 dias além da emitir de uma nota de exigência ou a prática de atos
tendentes ao registro.
Ao final tanto o projeto de regularização fundiária aprovado quanto a
expedição da CRF poderão ser requeridos por qualquer um de seus legitimados de
forma imediata ao Oficial de Cartório competente que dará a ciência independente
de determinação judicial ou do Ministério Público.
O fato de haver um requerimento de instauração da REURB já serve de
garantia e preservação das situações pré-existentes em relação a permanência dos
ocupantes das áreas públicas, que são alvo da regularização.33O procedimento
registral deverá ser concluído no prazo de sessenta dias, prorrogáveis por até igual
período ,mediante justificativa fundamentada pelo oficial de cartório do registro de
imóveis.O projeto de Regularização fundiária encontra-se disposto no art. 35 da Lei
13.465/201734.
Após o Registro da CRF o oficial do cartório deverá comunicar ao Incra,
Secretaria da Receita Federal e do Ministério do Meio Ambiente para que esses
órgãos cancelem os respectivos registros de forma parcial ou total que encontram-se
incluídos no Cadastro Ambiente Rural (CAR) e nos cadastros de imóveis rurais.
Se o imóvel não estiver devidamente matriculado ou inscrito, os entes
públicos deverão apresentar o memorial descritivo e planta perimetral para serem
validadas, garantindo que os ocupantes permaneçam nas áreas de interesse para
REURB.
Em área de ente público ou privado o projeto de regularização fundiária e a
infraestrutura mínima necessária à sua elaboração deverão ser custeados em casos
de Reurb-S pelos Municípios ou Distrito Federal. Já no caso que se trata de áreas
privadas a Reurb-E será por conta de seus beneficiários e nas áreas de interesse
público custeadas pelos Municípios, que posteriormente entrarão com ação de
regresso em face de quem beneficiou-se da Reurb-E.
33
RICALDE, M. d. (2018). Regularização Fundiária urbana:impactos da Lei nº 13.465/2017,1ªed. Campo Grande:
Contemplar.p.136-138.
34
Art. 35. O projeto de regularização fundiária conterá, no mínimo:I - levantamento planial métrico e cadastral,
com georreferenciamento, subscrito por profissional competente, acompanhado de Anotação de
Responsabilidade Técnica (ART) ou Registro de Responsabilidade Técnica (RRT), que demonstrará as unidades,
as construções, o sistema viário, as áreas públicas, os acidentes geográficos e os demais elementos
caracterizadores do núcleo a ser regularizado;II - planta do perímetro do núcleo urbano informal com
demonstração das matrículas ou transcrições a ngidas, quando for possível;III - estudo preliminar das
desconformidades e da situação jurídica, urbanís ca e ambiental;IV - projeto urbanís co;V - memoriais
descri vos;VI - proposta de soluções para questões ambientais, urbanís cas e de reassentamento dos
ocupantes, quando for o caso;VII - estudo técnico para situação de risco, quando for o caso;VIII - estudo técnico
ambiental, para os fins previstos nesta Lei, quando for o caso;IX - cronograma sico de serviços e implantação
de obras de infraestrutura essencial, compensações urbanís cas, ambientais e outras, quando houver, definidas
por ocasião da aprovação do projeto de regularização fundiária; eX - termo de compromisso a ser assinado
pelos responsáveis, públicos ou privados, pelo cumprimento do cronograma sico definido no inciso IX deste
ar go.Parágrafo único. O projeto de regularização fundiária deverá considerar as caracterís cas da ocupação e
da área ocupada para definir parâmetros urbanís cos e ambientais específicos, além de iden ficar os lotes, as
vias de circulação e as áreas des nadas a uso público, quando for o caso.
Em casos de condomínios a serem divididos em lotes, como exaure o art. 45
da Lei 13465/2017, o Município poderá indicar de forma individual ou coletiva as
unidades imobiliárias que correspondem às frações ideais registradas sob sua
exclusiva responsabilidade.
Caso não conste a aprovação do projeto de regularização fundiária pelo
Município as matrículas serão requeridas pelos legitimados e será dispensada a
outorga da escritura pública indicando quadra e lote.O registro do projeto REURB
aprovado possibilitará a abertura de nova matrícula conforme disposto no art.44 da
Lei 13.465/2017.35
O oficial de cartório ao atender o princípio da especialidade, apresentará o
memorial descritivo da gleba conjuntamente com o projeto de regularização fundiária
e averbará na matrícula existente, desde que anterior ao registro do projeto.
Se houver dúvida quanto a extensão da gleba este poderá abrir nova
matrícula para a área destacada e averbar de forma destacada na matrícula matriz,
além de indicar apenas os dados do núcleo urbano informal que será regularizado.
Neste caso não se faz necessário anexar plantas, projetos e memoriais.
Será feito um convite ao beneficiário para tomar ciência da CRF e caso este
não compareça o silêncio será reconhecido como aceitação por sua parte quanto a
expedição do registro. Nos casos de que o projeto de regularização fundiária não
envolva a integralidade do imóvel matriculado o registro se dará baseado na planta e
no memorial descritivo, com destaque e averbação na matrícula da área total, objeto
e questão.
35
Art. 44. Recebida a CRF, cumprirá ao oficial do cartório de registro de imóveis prenotá-la, autuá-la, instaurar o procedimento
registral e, no prazo de quinze dias, emitir a respectiva nota de exigência ou praticar os atos tendentes ao registro. § 1o O
registro do projeto Reurb aprovado importa em: I - abertura de nova matrícula, quando for o caso; II - abertura de matrículas
individualizadas para os lotes e áreas públicas resultantes do projeto de regularização aprovado; e III - registro dos direitos
reais indicados na CRF junto às matrículas dos respectivos lotes, dispensada a apresentação de título individualizado. § 2o
Quando o núcleo urbano regularizado abranger mais de uma matrícula, o oficial do registro de imóveis abrirá nova matrícula
para a área objeto de regularização, conforme previsto no inciso I do § 1o deste artigo, destacando a área abrangida na
matrícula de origem, dispensada a apuração de remanescentes. § 3o O registro da CRF dispensa a comprovação do
pagamento de tributos ou penalidades tributárias de responsabilidade dos legitimados. § 4o O registro da CRF aprovado
independe de averbação prévia do cancelamento do cadastro de imóvel rural no Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (Incra). § 5o O procedimento registral deverá ser concluído no prazo de sessenta dias, prorrogável por até igual
período, mediante justificativa fundamentada do oficial do cartório de registro de imóveis. § 6o O oficial de registro fica
dispensado de providenciar a notificação dos titulares de domínio, dos confinantes e de terceiros eventualmente interessados,
uma vez cumprido esse rito pelo Município, conforme o disposto no art. 31 desta Lei. § 7o O oficial do cartório de registro de
imóveis, após o registro da CRF, notificará o Incra, o Ministério do Meio Ambiente e a Secretaria da Receita Federal do Brasil
para que esses órgãos cancelem, parcial ou totalmente, os respectivos registros existentes no Cadastro Ambiental Rural (CAR)
e nos demais cadastros relacionados a imóvel rural, relativamente às unidades imobiliárias regularizadas.
Caso não sejam identificadas as transcrições ou matrículas, o Oficial de
Cartório abrirá matrícula de acordo com a CRF e efetivará o seu registro.Somente
quando não houver qualquer empecilho o mesmo poderá efetuar seu registro na
matrícula de imóveis cujas áreas tenham ou não sido atingidas de forma total ou
parcial.No art. 50 da Lei nº 13.465/2017 as matrículas abertas para cada parcela,
deverão constar nos campos referentes ao registro anterior e ao proprietário.36
De acordo com RICALDE (2017)37 pode-se observar que após o registro da
CRF todos os atos dos beneficiários da REURB como compra, venda e hipoteca,
deverão ser registrados nas matrículas das unidades que participaram da
regularização fundiária.Vale o mesmo para o patrimônio público que ao ser
devidamente aprovado (vias públicas, áreas destinadas ao uso comum do povo,
prédios públicos e os equipamentos urbanos) serão matriculados à requerimento do
Município pelo Oficial do Cartório.
O autor salienta que as unidades desocupadas e não comercializadas terão
suas matrículas em nome do titular originário do domínio. Já as unidades não
edificadas que vieram a ser comercializadas a qualquer título terão suas matrículas
abertas em nome do adquirente, conforme procedimento previsto nos art. 84 e 99
da Lei 13.465/2017.38
36
Art.50,Lei 13.465/2017as matrículas abertas para cada parcela, deverão constar dos campos referentes ao registro anterior e
ao proprietário. I − quando for possível, a identificação exata da origem da parcela matriculada, por meio de planta de
sobreposição do parcelamento com os registros existentes, a matrícula anterior e o nome de seu proprietário; II − quando não
for possível identificar a exata origem da parcela matriculada, todas as matrículas anteriores atingidas pela REURB e a
expressão “proprietário não identificado”, dispensando-se nesse caso os requisitos dos itens 4 e 5 do inciso II do art. 167 da Lei
nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973.
RICALDE, M. d. (2018). Regularização Fundiária urbana:impactos da Lei nº 13.465/2017,1ªed. Campo Grande:
37
Contemplar.p.142-145.
38
Art. 84. Os imóveis da União objeto da Reurb-E que forem objeto de processo de parcelamento reconhecido pela autoridade
pública poderão ser, no todo ou em parte, vendidos diretamente aos seus ocupantes, dispensados os procedimentos exigidos
pela Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993. § 1o A venda aplica-se unicamente aos imóveis ocupados até 22 de dezembro de
2016, exigindo-se que o usuário seja regularmente inscrito e esteja em dia com suas obrigações para com a Secretaria do
Patrimônio da União (SPU). § 2o A venda direta de que trata este artigo somente poderá ser concedida para, no máximo, dois
imóveis, um residencial e um não residencial, regularmente cadastrados em nome do beneficiário na Secretaria do Patrimônio
da União (SPU). § 3o A venda direta de que trata este artigo deverá obedecer à Lei no 9.514, de 20 de novembro de 1997,
ficando a União com a propriedade fiduciária dos bens alienados até a quitação integral, na forma dos §§ 4o e 5o deste artigo.
§ 4o Para ocupantes com renda familiar situada entre cinco e dez salários mínimos, a aquisição poderá ser realizada à vista ou
em até duzentas e quarenta parcelas mensais e consecutivas, mediante sinal de, no mínimo, 5% (cinco por cento) do valor da
avaliação, e o valor da parcela mensal não poderá ser inferior ao valor equivalente ao devido pelo usuário a título de taxa de
foro ou ocupação, quando requerido pelo interessado. § 5o Para ocupantes com renda familiar acima de dez salários mínimos,
a aquisição poderá ser realizada à vista ou em até cento e vinte parcelas mensais e consecutivas, mediante um sinal de, no
mínimo, 10% (dez por cento) do valor da avaliação, e o valor da parcela mensal não poderá ser inferior ao valor equivalente ao
devido pelo usuário a título de taxa de foro ou ocupação, quando requerido pelo interessado. § 6o A regulamentação do
disposto neste artigo será efetuada pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU) no prazo de doze meses contado da data de
publicação desta Lei.
Art. 99. O art. 28 da Lei no 11.483, de 31 de maio de 2007, passa a vigorar com as seguintes alterações: “Art. 28. Fica a União
autorizada a renegociar, notificar e inscrever em dívida ativa da União dívidas e saldos devedores decorrentes de contratos de
transferência de domínio e de débitos dos demais contratos firmados pela extinta RFFSA que tenham por objeto bens imóveis
4. ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS
operacionais e não operacionais.§ 2o Para os fins deste artigo, considera-se débito consolidado o somatório da dívida e do
saldo devedor decorrente de contrato de transferência de domínio ou de posse, ou o valor correspondente ao total da dívida
decorrente dos demais contratos firmados pela extinta RFFSA que tenham por objeto bens imóveis operacionais e não
operacionais.” (NR)
4.1 AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
39
Esta Lei dispõe sobre a regularização fundiária rural e urbana, sobre a liquidação de créditos concedidos aos assentados da
reforma agrária e sobre a regularização fundiária no âmbito da Amazônia Legal; institui mecanismos para aprimorar a eficiência
dos procedimentos de alienação de imóveis da União; e dá outras providências.
40
“ A Lei 13.465/2017, além de ser fruto de medida provisória destituída dos requisitos constitucionais de relevância e
urgência(art. 62, caput), afronta múltiplos princípios e regras constitucionais,como o direito à moradia (art. 6o),o direito à
propriedade e o cumprimento de sua função social (art. 5o, caput e inciso XXIII), a proteção do ambiente (art. 225, caput, § 1o,
I, II, III e VII, e §§ 2o e 4o), política de desenvolvimento urbano (art. 182, caput e §§ 1o e 2o),o dever de compatibilizar a
destinação de terras públicas e devolutas com a política agrícola e o plano nacional de reforma agrária (art.188, caput), os
objetivos fundamentais da República (art. 3o, I,aIII), a proibição de retrocesso, o mínimo existencial e o princípio da
proporcionalidade (na faceta de proibição da proteção deficiente),a competência constitucionalmente reservada à lei
complementar (art. 62, § 1o, III), a competência da União para legislar sobre Direito Processual Civil (art. 62, I, b), a previsão de
que o pagamento de indenizações da reforma agrária será em títulos da dívida agrária (art. 184, caput), a exigência de
participação popular no planejamento municipal (art. 29, XII)11 e as regras constitucionais do usucapião especial urbano e rural
(arts. 183 e 191).”
Documento assinado via Token digitalmente por RODRIGO JANOT MONTEIRO DE BARROS, em 31/08/2017 19:17. Para
verificar a assinatura acessehttp://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave
C655D46F.9D2B96A4.97E5E5B7.32387B36
4.2 CRÍTICAS DOUTRINÁRIAS E DEFICIÊNCIAS DA LEI 13.465/2017
41
AMADEU,Vicente de Abreu Amadel;PEDROSO ,Alberto Gen l de Almeida,FILHO,Ralpho Waldo de Barros Monteiro. (s.d.). Primeiras
Impressões Sobre a Lei Nº 13.465/2017. SÃO PAULO: ARISP-ASSOCIAÇÃO DOS REGISTRADORES IMOBILIÁRIOS DE SÃO
PAULO-h p://www.arisp.com.br/lei_n13465_2017.pdf.p.32
42
Art. 26. Sem prejuízo dos direitos decorrentes do exercício da posse mansa e pacífica no tempo, aquele em cujo favor for
expedido título de legitimação de posse, decorrido o prazo de cinco anos de seu registro, terá a conversão automática dele em
título de propriedade, desde que atendidos os termos e as condições do art. 183 da Constituição Federal, independentemente
de prévia provocação ou prática de ato registral. § 1o Nos casos não contemplados pelo art. 183 da Constituição
Federal, o título de legitimação de posse poderá ser convertido em título de propriedade, desde que satisfeitos os requisitos
de usucapião estabelecidos na legislação em vigor, a requerimento do interessado, perante o registro de imóveis
competente. § 2o A legitimação de posse, após convertida em propriedade, constitui forma originária de aquisição de
direito real, de modo que a unidade imobiliária com destinação urbana regularizada restará livre e desembaraçada de
quaisquer ônus, direitos reais, gravames ou inscrições, eventualmente existentes em sua matrícula de origem, exceto quando
disserem respeito ao próprio beneficiário.
CRFB deverão ser cumpridos os requisitos da usucapião estabelecidos na legislação
em vigor no registro de imóveis competente.
Outro contrassenso refere-se sobre a legitimação de posse em que esta
poderá vir a ser cancelada a qualquer momento quando as exigências que constam
na Lei 13.465/2017 não forem satisfeitas sem a obrigação de indenizar quem se
beneficiou indevidamente. Recorda que o ato de cancelamento deve ser feito antes
da concretização de posse em propriedade pois caso venha ser realizada posteriori,
irá desaparecer automaticamente os vícios referentes à posse.43
Com relação à crítica do art. 23 §5° da Lei 13.465/2017, o Poder Público
competente irá enviar a CRF para registro imediato sobre a aquisição originária da
propriedade, não se faz necessário que o título seja individualizado, nem as cópias
de documentos dos beneficiários, o projeto de regularização fundiária aprovado, a
listagem de seus ocupantes e a identificação das áreas que ocupam.
Segundo o autor PEDROSO(2018) teme que se pode dar seguimento a um
mercado informal pois não existe a identificação dos beneficiários,ou seja, qualquer
pessoa poderia ser proprietária e utilizar-se do título de propriedade a seu bem
entender. Em suma viola diretamente o direito de propriedade elencado na CRFB,
pois incumbe ao Poder Público Municipal (executivo), auferir a propriedade aos
ocupantes, sem indenização prévia e sem levar em conta o tempo e o tipo de
usucapião.
Existe uma violação no que tange a usucapião de bens público,em que é
vedada expressamente na CRFB,pois não existe a necessidade de cumprir todas
formalidades pertinentes como licitação, autorização legislativa(prévia da lei
n°8.666/1993).Geraria consequentemente insegurança jurídica ao patrimônio
público, ao Interesse Público, à tripartição de poderes e aos órgãos competentes de
fiscalização. Em seu parágrafo único do art. 28 o autor salienta a inexistência de
qualquer legislação específica municipal com relação às medidas e posturas de
interesse local aplicáveis projetos de regularização fundiária urbana.
43
AMADEU,Vicente de Abreu Amadel;PEDROSO ,Alberto Gen l de Almeida,FILHO,Ralpho Waldo de Barros Monteiro. (s.d.). Primeiras
Impressões Sobre a Lei Nº 13.465/2017. SÃO PAULO: ARISP-ASSOCIAÇÃO DOS REGISTRADORES IMOBILIÁRIOS DE SÃO
PAULO-h p://www.arisp.com.br/lei_n13465_2017.pdf.p.165
4.3 DIFICULDADES NA APLICABILIDADE DA LEI 13.465/2017
44
AMADEU,Vicente de Abreu Amadel;PEDROSO ,Alberto Gen l de Almeida,FILHO,Ralpho Waldo de Barros Monteiro. (s.d.). Primeiras
Impressões Sobre a Lei Nº 13.465/2017. SÃO PAULO: ARISP-ASSOCIAÇÃO DOS REGISTRADORES IMOBILIÁRIOS DE SÃO
PAULO-h p://www.arisp.com.br/lei_n13465_2017.pdf.p.30-39
45
op.cit.p.172
46
op.cit.p.17
justifica que em áreas abandonadas existe a necessidade da arrecadação dos
imóveis abandonados e que se por acaso for domínio do ente público,este deverá
fazer a transmissão do domínio aos ocupantes de forma derivada.Segundo o autor
PEDROSO(2018)47 poderá ser viabilizada através da mesma razão jurídica da
legitimação fundiária de área privada de acordo com os art. 64 e 65 da Lei
13.465/2017.
Outras críticas de diversos experts são com relação a facilitação que a
demarcação urbanística permite é quanto à impugnação de proprietários ou
confrontantes pois asseveram que o fato de regularizar assentamentos não
consolidados permitirá que haja um estímulo a invasões e grilagem.
Contrapondo estas suposições, houve de forma clara a previsão da Lei
13.465/2017 descrita no artigo 1º, que ora se transcreve in verbis:
Aquele que, até 22 de dezembro de 2016, possuiu como seu, por cinco
anos, ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros
quadrados de imóvel público situado em área com característica e finalidade
urbanas, e que o utilize para sua moradia ou de sua família, tem o direito à
concessão de uso especial para fins de moradia em relação ao bem objeto
da posse, desde que não seja proprietário ou concessionário, a qualquer
título, de outro imóvel urbano ou rural (redação dada pela Lei n.º 13.465, de
2017)
47
op.cit.p.175
Quanto a Reurb-E os beneficiários deveriam cumprir a Lei 6766, pois
beneficiam-se das obras efetivadas pelos Municípios e Distrito Federal.Fato que o
dinheiro que deveria ser arrecadado seria utilizado para custear os procedimentos
necessários na Reurb-S.Neste quesito esqueceram-se de que haverá reembolso dos
beneficiários da REURB-E aos Municípios.
CONCLUSÕES
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AMADEU,Vicente de Abreu Amadel; PEDROSO ,Alberto Gentil de
Almeida,FILHO,Ralpho Waldo de Barros Monteiro. (s.d.). Primeiras Impressões
Sobre a Lei Nº 13.465/2017. SÃO PAULO: ARISP-ASSOCIAÇÃO DOS
REGISTRADORES IMOBILIÁRIOS DE SÃO
PAULO-http://www.arisp.com.br/lei_n13465_2017.pdf.
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ia/regularização-fundiaria-urbana-reurb-conceitos-obje vos-pressupostos-e-efe vação-registrla/506
5+&cd=7&hl=ptConsultor Legisla vo do Senado Federal Texto re rado do link:
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