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02472021 1223
Abstract The association between self-reported Resumo Analisou-se a associação entre mudan-
changes in working conditions and the incidence ças autorreferidas nas condições de trabalho e a
of recommended levels of leisure-time physical incidência de níveis recomendados de ativida-
activity (LTPA) among middle and high school de física no tempo livre (AFTL) em professores
teachers of the public school network was an- da educação básica da rede pública. Trata-se de
alyzed. It is a prospective cohort in which 298 uma coorte prospectiva em que 298 professores da
teachers from the public middle and high school educação básica da rede pública de Londrina, Pa-
network in Londrina, State of Paraná, were mon- raná, foram seguidos por 24 meses. A incidência
itored for 24 months. The incidence of recom- de níveis recomendados de AFTL (≥150 minutos/
mended LTPA levels (≥150 minutes/week) was semana) foi o desfecho do estudo. A análise in-
the study outcome. The analysis included adjust- cluiu modelos de regressão de Poisson ajustados,
ed Poisson regression models, using those who sempre tendo como grupo referência aqueles que
had the worst working conditions in the baseline, tinham a pior condição de trabalho na linha de
and remained unchanged in the follow-up, as a base e assim permaneceram no seguimento. A in-
reference group. The incidence of recommended cidência de níveis recomendados de AFTL foi de
levels of LTPA was 23.2%, being higher among 23,2%, sendo maior naqueles que se mantiveram
those who maintained a good balance between com bom equilíbrio entre vida pessoal e profis-
their personal and professional lives (RR=3.50; sional (RR=3,50; IC95%=1,26-9,72), passaram
1
Programa de Pós-
Graduação em Enfermagem, 95%CI=1.26-9.72), frequently became exhaust- a ficar frequentemente desgastados no trabalho
Universidade Estadual de ed at work (RR=2.47; 95%CI=1.10-5.56), in- (RR=2,47; IC95%=1,10-5,56), passaram a ficar
Londrina. Rodovia Celso frequently became exhausted at work (RR=2.42; raramente desgastados no trabalho (RR=2,42;
Garcia Cid PR-445 Km
380, Campus Universitário, 95%CI=1.09-5.36), rarely became exhausted at IC95%=1,09-5,36), mantiveram-se raramente
86057-970 Londrina work (RR=2.78; 95%CI=1.30-5.95), rarely began desgastados no trabalho (RR=2,78; IC95%=1,30-
PR Brasil. to work too hard (RR=2.69; 95%CI=1.24-5.87) 5,95), passaram a raramente trabalhar demais
df.dias@yahoo.com.br
2
Departamento de Saúde and those who rarely needed to work too much (RR=2,69; IC95%=1,24-5,87) e mantiveram-
Coletiva, Universidade (RR=3.25; 95%CI=1.46-7.26). These results in- se raramente trabalhando demais (RR=3,25;
Estadual de Londrina. dicate the importance of improving working con- IC=1,46-7,26). Estes resultados indicam a impor-
Londrina PR Brasil.
3
Departamento de ditions in the promotion of AFTL. tância da melhoria das condições de trabalho na
Educação Física, Key words Motor activity, Occupational health, promoção da AFTL.
Universidade Estadual de Teachers Palavras-chave Atividade motora, Saúde do tra-
Londrina. Londrina PR
Brasil. balhador, Docentes
1224
Dias DF et al.
Fonte: Autores.
elaboradas quatro categorias de análise para cada 31 a 40 anos; de 41 a 50 anos; 51 anos ou mais); c)
uma das oito variáveis ocupacionais: 1) professo- Mudança na renda mensal familiar (diminuíram
res cuja condição de trabalho manteve-se ruim a renda; aumentaram a renda; mantiveram-se
em ambas as coletas; 2) professores cuja condição com a mesma renda); e d) Mudança da carga ho-
de trabalho piorou da linha de base para o segui- rária semanal - CH (diminuíram a CH; aumen-
mento; 3) professores cuja condição de trabalho taram a CH; mantiveram-se com a mesma CH).
melhorou da linha de base para o seguimento; e
4) professores cuja condição de trabalho mante- Tabulação e análise dos dados
ve-se boa em ambas as coletas.
Os formulários foram duplamente digitados
usando o programa EpiInfo versão 3.5.2 para
Variáveis de caracterização da amostra Windows e, posteriormente, foram comparados
e de ajuste os dois arquivos de dados e corrigidos os erros
detectados. Para a análise descritiva foi empre-
As seguintes variáveis foram coletadas para gada média, desvio-padrão e distribuição de fre-
caracterização da amostra e realização das aná- quência absoluta e relativa, ao passo que para a
lises ajustadas: a) sexo (masculino; feminino); b) análise bivariada foi utilizado o teste de qui-qua-
faixa etária cujo critério foi definido arbitraria- drado. Os riscos relativos brutos e ajustados de
mente em intervalos de 10 anos (até 30 anos; de incidência de AFTL segundo os diferentes tipos
1227
Fonte: Autores.
de fatores ocupacionais foram obtidos mediante posições ocupacionais tanto no modelo bruto
regressão de Poisson com variância robusta utili- quanto no ajustado.
zando nível de significância de 5%. A análise dos resíduos foi realizada para iden-
A seleção das variáveis de ajuste seguiu crité- tificar os outliers (dois desvios padrão) a serem
rio matemático e epidemiológico. Ou seja, a va- excluídos, de tal modo que foram desconside-
riável deveria estar associada (p<0,20) tanto ao rados oito casos nos modelos ajustados. Não foi
desfecho quanto aos fatores ocupacionais (crité- identificada multicolinearidade entre as variáveis
rio matemático) e/ou ser reconhecida pela litera- independentes.
tura como fator associado ao desfecho (critério As análises dos dados foram conduzidas no
epidemiológico). programa IBM SPSS Statistics versão 19 para
O teste de bondade de ajuste foi empregado Windows.
e a hipótese nula foi aceita para todas as oito ex-
1228
Dias DF et al.
Fonte: Autores.
1229
Tabela 2. Incidência de níveis recomendados de atividade física no tempo livre (≥150min/sem), segundo fatores
sociodemográficos e ocupacionais em professores, Londrina, 2012-2014.
Incidência de AFTL
Fatores (passar a praticar ≥150min/sem)
n totala n (%) p-valorb
Total 298 69 (23,2) -
Sexo 0,012
Masculino 97 31 (32,0)
Feminino 201 38 (18,9)
Faixa etária (anos) 0,032c
Até 30 44 15 (34,1)
31 a 40 84 18 (21,4)
41 a 50 110 29 (26,4)
51 ou mais 60 7 (11,7)
Mudança da carga horária semanal (horas) 0,06
Diminuíram a carga horária 61 21 (34,4)
Mantiveram a carga horária 143 28 (19,6)
Aumentaram a carga horária 84 18 (21,4)
Renda mensal familiar (R$) 0,526c
Mantiveram-se com ≤5.000 108 28 (25,9)
Diminuíram de ≥5.001 para ≤5.000 12 3 (25,0)
Aumentaram de ≤5.000 para ≥5.001 45 8 (17,8)
Mantiveram-se com ≥5.001 104 24 (23,1)
Percepção de equilíbrio entre vida pessoal e profissional 0,05
Mantiveram-se com pior equilíbrio 41 5 (12,2)
Passaram a ter pior equilíbrio 42 8 (19,0)
Passaram a ter melhor equilíbrio 41 6 (14,6)
Mantiveram-se com bom equilíbrio 174 50 (28,7)
Frequência com que considera ter tempo suficiente para cumprir todas 0,76
as tarefas do trabalho
Mantiveram-se com pouco tempo suficiente 47 13 (27,7)
Passaram a ter pouco tempo suficiente 39 10 (25,6)
Passaram a ter tempo suficiente 95 20 (21,1)
Mantiveram-se com tempo suficiente 96 20 (20,8)
Percepção do quanto o tempo em que permanece em pé afeta o trabalho 0,61d
Mantiveram-se afetados 187 42 (22,5)
Passaram a sentir-se afetados 16 2 (12,5)
Passaram a sentir-se não afetados 72 18 (25,0)
Mantiveram-se não afetados 23 7 (30,4)
continua
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Dias DF et al.
Tabela 2. Incidência de níveis recomendados de atividade física no tempo livre (≥150min/sem), segundo fatores
sociodemográficos e ocupacionais em professores, Londrina, 2012-2014.
Incidência de AFTL
Fatores (passar a praticar ≥150min/sem)
n totala n (%) p-valorb
Frequência com que se sente esgotado quando termina a jornada de 0,78
trabalho
Mantiveram-se frequentemente esgotados 130 26 (20,0)
Passaram a ficar frequentemente esgotados 51 12 (23,5)
Passaram a ficar raramente esgotados 65 16 (24,6)
Mantiveram-se raramente esgotados 33 9 (27,3)
Frequência com que se sente cansado por trabalhar com pessoas todos 0,69
os dias
Mantiveram-se frequentemente cansados 32 5 (15,6)
Passaram a ficar frequentemente cansados 41 8 (19,5)
Passaram a ficar raramente cansados 67 16 (23,9)
Mantiveram-se raramente cansados 139 34 (24,5)
Frequência com que se sente esgotado ao se levantar após uma noite de 0,27
sono para enfrentar um dia de trabalho
Mantiveram-se frequentemente esgotados 59 8 (13,6)
Passaram a ficar frequentemente esgotados 54 12 (22,2)
Passaram a ficar raramente esgotados 66 16 (24,2)
Mantiveram-se raramente esgotados 100 27 (27,0)
Frequência na qual sente que o trabalho desgasta 0,05
Mantiveram-se frequentemente desgastados 74 9 (12,2)
Passaram a ficar frequentemente desgastados 57 15 (26,3)
Passaram a ficar raramente desgastados 63 14 (22,2)
Mantiveram-se raramente desgastados 82 25 (30,5)
Frequência na qual sente que está trabalhando demais 0,01
Mantiveram-se frequentemente trabalhando demais 88 10 (11,4)
Passaram a frequentemente trabalhar demais 63 14 (22,2)
Passaram a raramente trabalhar demais 69 22 (31,9)
Mantiveram-se raramente trabalhando demais 59 17 (28,8)
a
O total de participantes para algumas variáveis foi inferior a 298 devido à ausência de informação; b Qui-quadrado para
heterogeneidade; c Qui-quadrado para tendência linear; d Correção de Yates.
Fonte: Autores.
(RR=2,47; IC=1,10-5,56), aqueles que passaram a riáveis: “frequência com que considera ter tempo
ficar raramente desgastados (RR=2,42; IC=1,09- suficiente para cumprir todas as tarefas do traba-
5,35) e os que se mantiveram raramente desgas- lho”, “percepção de que o tempo em que perma-
tados (RR=2,78; IC=1,30-5,95) tiveram maior nece em pé afeta o trabalho”, “frequência com que
incidência do que os que se mantiveram frequen- se sente esgotado ao fim da jornada de trabalho”,
temente desgastados. Quanto à variável “frequên- “frequência com que se sente cansado por traba-
cia na qual sente que está trabalhando demais”, lhar com pessoas todos os dias” e “frequência com
observou-se maior incidência entre os que pas- se sente esgotado ao se levantar após uma noite de
saram a raramente trabalhar demais (RR=2,69; sono para enfrentar um dia de trabalho”.
IC=1,24-5,87) e entre os que se mantiveram ra-
ramente trabalhando demais (RR=3,25; IC=1,46-
7,26) quando comparados aos que se mantiveram Discussão
frequentemente trabalhando demais. Não foi
observada nenhuma associação estatisticamente Este estudo epidemiológico observacional do
significativa entre o desfecho do estudo e as va- tipo coorte prospectiva verificou que a proporção
1231
Fonte: Autores.
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Dias DF et al.
de professores da educação básica da rede públi- sores da educação básica. É provável que o pior
ca que após 24 meses de seguimento começaram equilíbrio entre vida pessoal e profissional reflita
a praticar AFTL em níveis recomendados foi de menor tempo livre disponível, bem como maior
23,2%, sendo esse desfecho superior entre os que desgaste pelo excesso de trabalho. Ambas as ca-
se mantiveram: a) com melhor equilíbrio entre racterístas são reconhecidas como dificultadores
vida pessoal e profissional; b) raramente desgas- da prática de AFTL na população de trabalha-
tados no trabalho; e c) raramente trabalhando dores6. Futuros estudos podem aprofundar essa
demais. Também se verificou maior incidência questão buscando identificar o caminho pelo
de níveis recomendados de AFTL entre os que qual esse desequilíbrio afeta a prática de AFTL.
passaram a raramente trabalhar demais, entre os Por exemplo, pode-se buscar compreender o
que passaram a ficar frequentemente desgastados papel que certas variáveis (necessidade de reali-
e entre os que passaram a ficar raramente desgas- zar atividades relacionadas ao trabalho em casa,
tados. Tais achados indicam que algumas carac- tempo gasto no deslocamente entre escolas, etc.)
terísticas do trabalho de professor da educação exercem nessa relação entre trabalho e AFTL.
básica podem afetar a prática de AFTL em níveis Como destacado no trabalho clássico de Lau-
recomendados. rell e Noriega23 sobre saúde no contexto do tra-
Uma busca na literatura apontou que todos balho operário, o processo de trabalho produz
os trabalhos que investigaram a relação trabalho cargas de trabalho – psíquicas, físicas, físiológi-
e AFTL em professores do Brasil utilizaram de- cas, etc. – que podem tornar-se fonte de tensão e
lineamento transversal8-15. Assim, este parece ser levar ao desgaste do trabalhador. Atualmente há
o primeiro estudo que identificou a incidência evidências de que o desgaste ocupacional mani-
de níveis recomendados de AFTL (23,2%) em festa-se de diferentes formas e repercute negati-
professores do brasileiros. Se por um lado isso vamente sobre a saúde de diferentes categorias
reforça a originalidade desta pesquisa, por outro profissionais24,25. Os resultados deste estudo cor-
dificulta a comparação com literatura. Nesse sen- roboram a literatura e apontam novos elementos
tido, optou-se comparar a incidência identifica- ao apresentar evidências de que, para além da
da neste estudo com a observada em pesquisas saúde física e mental, o desgaste também pode
realizadas com a população geral da mesma re- afetar negativamente comportamentos e hábitos
gião do país (Sul). Estudo de base populacional relacionados à saúde, tal como a prática de AFTL
com pessoas de 40 anos ou mais de idade con- em níveis recomendados para a saúde. Verificou-
duzido em Cambé – PR (municipio vizinho de se que professores que se mantiveram com baixa
Londrina) encontrou uma incidência de 17,9% frequência de desgaste, ou que deixaram de tra-
de AFTL após quatro anos de seguimento20. Ou balhar demais, apresentaram maior incidência
seja, 17,9% (110 sujeitos) saíram dos estágios de níveis recomendados de AFTL em relação aos
pré-contemplativos para os estágios de prática de que se mantiveram frequentemente desgastados
AFTL. Ainda que ponderações devam ser reali- após 24 meses. Uma possível explicação para esse
zadas em relação às distintas caracterísitcas po- resultado é que o desgaste acarretado pela sobre-
pulacionais e metodológicas dos estudos, ambas carga de trabalho está relacionado à fadiga e ao
pesquisas foram conduzidas com pessoas de faixa cansaço, fatores esses que, conforme destacado
etária semelhante e da mesma região geográfica e anteriormente, foram apontados como barreiras
identificaram similarar incidência de AFTL. importantes à prática de AFTL em trabalhado-
A análise ajustada demonstrou que a incidên- res6. Em contrapartida, os resultados do presente
cia de níveis recomendados de AFTL foi superior estudo também apontaram que professores que
entre aqueles que mantiveram melhor equilíbrio passaram a ficar frequentemente desgastados
entre vida pessoal e profissional. A melhor avalia- apresentaram maior incidência de AFTL quando
ção desse mesmo fator ocupacional também as- comparados àqueles em “pior” condição, ou seja,
sociou-se com maior AFTL em estudo transver- os que se mantiveram frequentemente desgas-
sal com essa mesma população8. Além disso, em tados. Os resultados de uma revisão sistemática
outros estudos que utilizaram o mesmo banco de sobre estratégias de enfrentamento do estresse
dados, mas explorando outros desfechos de saú- em professores indicaram que o engajamento em
de, esse fator também esteve associado a melhor atividade física foi umas das estratégias preferi-
qualidade do sono21 e menor demanda psicológi- das para superar os sentimentos relacionados ao
ca22, indicando que equilíbrio entre vida pessoal estresse26. Assim, não se pode descartar a hipótese
e profissional pode ser um importante preditor de que aqueles que passaram a ficar cansados no
de desfechos em saúde na população de profes- trabalho buscaram a atividade física justamente
1233
dos no seguimento apresentaram características objetivo realizar uma análise mais aprofundada
sociodemográficas e ocupacionais semelhantes sobre o tempo de lazer dos professores, se limi-
às observadas na linha de base, reduzindo o im- tando a analisar a AFTL, que, evidentemente,
pacto dos possíveis vieses relacionados à compo- acontece no tempo de lazer. Assim, faz-se neces-
sição da amostra. A exceção foi a variável tipo de sário que seja destacada a complexidade da te-
contrato onde observou-se maior frequência de mática, uma vez que envolve a análise da relação
temporários entre aqueles que já não atuavam entre duas dimensões da vida humana que tem
na educação básica de escolas públicas após 24 sido bastante resignificadas nas últimas décadas,
meses de seguimento quando comparados aos especificamente o trabalho e o lazer. Sobre esta
entrevistados no seguimento. Conforme já foi temática, sugere-se a leitura de textos que bus-
discutido no presente estudo, essa diferença pode cam uma melhor compreensão da relação entre
ser considerada esperada em função da instabili- trabalho e lazer (em um sentido mais ampliado
dade do vínculo temporário. que o adotado neste estudo). A título de exemplo,
A terceira consideração metodológica é que vale citar o ensaio de Domingues e Rechia33 que
a seleção das escolas com maior número de pro- buscaram problematizar as inter-relações exis-
fessores seguiu um critério de conveniência no tentes entre trabalho, tempo, educação e lazer, e
sentido de viabilizar a coleta de dados e, por isso, o estudo de Silvestre e Amaral3, que investigou
garante a representatividade apenas das escolas professores atuantes na rede básica de ensino de
de maior porte do município cujas características Campinas, São Paulo, e observou que parte do
de trabalho podem diferir das de menor porte. tempo e espaço de lazer dos professores é perme-
Pondera-se, todavia, que a amostragem atingiu ada pelo trabalho e que condições mais precárias
70% dos professores elegíveis do sistema. de trabalho tendiam a influenciar em um lazer
Por fim, a última consideração metodológica também mais precarizado.
é a de que, levando em conta a busca realizada Conclui-se que a maior incidência de níveis
na literatura, este parece ser o primeiro estudo recomendados de AFTL associou-se, indepen-
de coorte prospectiva que analisou a relação tra- dente de fatores sociodemográficos e da carga
balho e AFTL em professores da educação básica horária semanal, à manutenção de: melhor equi-
do Brasil. Assim, a relevância e originalidade do líbrio entre vida pessoal e profissional; menor
tema, em conjunto com o delineamento longitu- desgaste ocupacional; e menor excesso de traba-
dinal adotado, podem ser considerados pontos lho. Além disso, observou-se uma maior frequ-
positivos deste trabalho. Adicionalmente, ter in- ência de professores com vínculo temporário de
vestigado a relação trabalho docente e AFTL no trabalho entre aqueles que após 24 de seguimen-
contexto brasileiro é outro ponto que merece to deixaram de atuar na educação básica da rede
destaque quando se considera que certas condi- pública de ensino.
ções ocupacionais da profissão de professor no Esses achados respaldam a hipótese de que
país, tal como desvalorização dos profissionais fatores ocupacionais podem influenciar a inci-
da educação, número de profissionais com con- dência de níveis recomendados de AFTL em pro-
trato temporário acima da média mundial, etc., fessores da educação básica de escolas públicas
são um reflexo da própria evolução histórica da no Brasil. Recomenda-se que ações de promoção
educação no Brasil. da AFTL reconheçam fatores ocupacionais como
Além destas questões metodológicas, é neces- possíveis determinantes da atividade física em
sário se ressaltar que este estudo não teve como professores.
1235
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