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REPÚBLICA DE ANGOLA

MINISTÉRIO DA SAÚDE
INSTITUTO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE
HOSPITAL PEDIÁTRICO DAVID BERNARDINO

MONOGRAFIA PARA OBTENÇÃO DE TÍTULO DE ESPECIALISTA


EM PEDIATRIA

PERFIL DE DOENTES SEGUIDOS EM CONSULTAS EXTERNAS


DE HIV NO HOSPITAL PEDIÁTRICO DAVID BERNARDINO NO
PERÍODO DE JANEIRO DE 2015 A DEZEMBRO DE 2020.

MARIA VIRGÍNIA FRAGOSO DOS SANTOS NETO VIEIRA

LUANDA, 2022
INSTITUTO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE
HOSPITAL PEDIÁTRICO DAVID BERNARDINO

MONOGRAFIA PARA OBTENÇÃO DE TÍTULO DE ESPECIALISTA


EM PEDIATRIA

PERFIL DE DOENTES SEGUIDOS EM CONSULTAS EXTERNAS


DE HIV NO HOSPITAL PEDIÁTRICO DAVID BERNARDINO NO
PERÍODO DE JANEIRO DE 2015 A DEZEMBRO DE 2020.

Autor: Maria Virgínia Fragoso dos Santos Neto Vieira - MD.

Orientador: Francisco Domingos - MD, Especialista em Pediatria, Professor


Assistente na Disciplina de Pediatria da Faculdade de Medicina da UAN.

LUANDA, 2022

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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
Monografia para obtenção de Título de Especialista em Pediatria
Banca examinadora:

Presidente de Júri

__________________________________________

1º Vogal

__________________________________________

2º Vogal

__________________________________________

Luanda, Abril de 2022

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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
Monografia para obtenção de Título de Especialista em Pediatria
DEDICATORIA

Ao meu esposo,
Aos meus filhos,
Aos meus Irmãos,

Por todo apoio e carinho

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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
Monografia para obtenção de Título de Especialista em Pediatria
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus todo-poderoso, por tudo que tem feito por mi, em toda vida e por ter me
proporcionado o internato de pediatria, em particular, que eu queria desde que me
conheço como gente. A minha família pela força, coragem e apoio incondicional durante
todo este tempo, o meu muito obrigado.

Cada dia que fossemos para o hospital e voltamos com alegria de que estamos bem e que
vamos continuar.

A direcção do HPDB, pela organização do internato e que sempre tiveram as porta


abertas, (Dr. Francisco Domingos, Dr. Freita Cesar, Dra. Margarida Correia, Dra.
Victória do espirito Santo, Dr. Joaquim Van-Dunem, Dra. Elsa Gomes) o meu muito
obrigado. Aos professores, e aos Drs. no geral, pelos ensinamentos e pela disposição
incansável para nos orientar, o meu muito obrigado. Aos colegas internos que de uma
forma geral e em particular a equipa de 2ª feira, iniciando pela Drª Silvia Sislvestre, Dr.
Tomás seguido do coadjuvado Dr. Jorge Júlio e Maria Joaquina, Joaquina Magalhães,
Andrea, Sandra Capita, Tiago, Victoriano, Pinilli e Lourdes Dembe.

Ao meu orientador, Dr. Francisco Domingos, por tão logo se disponibilizou, pela entrega
e pelo papel importante que desempenhou, ao estar sempre disposto e pronto para me
orientar, o meu muito obrigado. Agradeço em especial a Drª Silvia Silvestre por ter me
recebido na equipa 2 (dois) de braços abertos, a minha chefe de equipa, Dr. Tomás
Segundo, Dr. Jorge Júlio e Maria Joaquina pelos ensinamentos. As Dras. (Joaquina
Magalhães, Andrea, Sandra Capita, Elizete João, Tiago, Victoriano, Pinilli e Lourdes
Dembe) por terem orientado a minha primeira apresentação (Jornal Club), o meu muito
obrigada. Ao colectivo de médicos, e em especial ao Dr. Severino Chova de Azevedo
(Oncologista), que tudo fizeram durante todo internato para que chegássemos, a onde
chegamos, o meu muito obrigado. Aos colegas internos o meu muito obrigado;

Aos estagiários que cruzaram o meu caminho, durante todo este período, aos
Enfermeiros, Técnicos de diagnósticos, Vigilantes, Maqueiros, Motoristas, Auxiliares
de limpeza, o meu muito obrigado.

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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
Monografia para obtenção de Título de Especialista em Pediatria
EPIGRAFE

“Terminar um curso, terminar um estágio


não significa o fim do estudo. É necessário
estudar, e aprender sempre, para aumentar
a capacidade técnica individual de cada
indivíduo.”

Agostinho Neto

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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
Monografia para obtenção de Título de Especialista em Pediatria
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACTG 076 - Clinical Trial Group 76

SIDA –Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

HPDB – Hospital Pediátrico David Bernardino

SNC – Sistema Nervoso Central

VIH: Virus de Imunodeficiência Humana

TARV: Terapia Anti – Retroviral

UNUAIDS:Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS

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Monografia para obtenção de Título de Especialista em Pediatria
LISTAS DAS TABELAS Pag
Tabela nº: 1. Distribuição das crianças e adolescentes estudadas 20
portadoras de HIV/SIDA, seguidas em consultas externas, segundo a
Faixa Etária e o Gênero, no período de Janeiro de 2015 a Dezembro de
2020.
Tabela nº: 2. Distribuição das crianças e adolescentes estudadas 21
portadoras de HIV/SIDA, seguidas em consultas externas, segundo a
residência no período de Janeiro de 2015 a Dezembro de 2020.
Tabela nº: 3. Distribuição das crianças e adolescentes estudadas 22
portadoras de HIV/SIDA, seguidas em consultas externas, segundo o
perfil serológico e tempo de seguimento no período de Janeiro de 2015
a Dezembro de 2020.
Tabela nº: 4. Distribuição das crianças e adolescentes estudadas portadoras 23
de HIV/SIDA, seguidas em consultas externas, o uso de TARVS no período
de Janeiro de 2015 a Dezembro de 2020.
Tabela nº: 5. Distribuição das crianças e adolescentes estudadas portadoras 24
de HIV/SIDA, seguidas em consultas externas, segundo as doenças
oportunistas no período de Janeiro de 2015 a Dezembro de 2020.
Tabela nº: 6. Distribuição das crianças e adolescentes estudadas, 25
portadoras de HIV/SIDA seguidas em consultas externas, segundo o
desfecho, no período de Janeiro de 2018 a Dezembro de 2020.
Tabela nº: 7. Distribuição das crianças e adolescentes estudadas portadoras 26
de HIV/SIDA, seguidas em consultas externas, segundo o perfil materno no
período de Janeiro de 2015 a Dezembro de 2020.

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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
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ÍNDICE
DEDICATORIA .............................................................................................................. iv

AGRADECIMENTO ....................................................................................................... v

EPÍGRAFE ...................................................................................................................... vi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .................................................................... vii

LISTA DE TABELAS .................................................................................................. viii

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13

2. OBJETIVOS ............................................................................................................... 16

2.1. GERAL ................................................................................................................ 16

2.2. ESPECÍFICOS ..................................................................................................... 16

3. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................ 17

3.1. Tipo de Estudo ..................................................................................................... 17

3.2. Local de estudo .................................................................................................... 17

3.3. Universo e amostra .............................................................................................. 17

3.4. Critérios de inclusão ............................................................................................ 17

3.5. Definição das variáveis de estudo ........................................................................ 17

3.5.1. Perfil epidemiológico e clinico das crianças ................................................. 17

3.5.2. Perfil epidemiológico e clinico materno ....................................................... 18

3.6. Definições Operacionais ...................................................................................... 18

3.7. Colheita de dados ................................................................................................. 19

3.8. Processamento de colheita e análise de dados ..................................................... 19

3.9. Aspectos éticos .................................................................................................... 20

4. RESULTADOS .......................................................................................................... 21

5. DISCUSSÃO .............................................................................................................. 29

6. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 32

7. LIMITAÇÕES ............................................................................................................ 33

8. RECOMENDAÇÕES................................................................................................. 34

ix
Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
Monografia para obtenção de Título de Especialista em Pediatria
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 35

10.ANEXOS ................................................................................................................... 39

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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
Monografia para obtenção de Título de Especialista em Pediatria
RESUMO

Introdução: O HIV é um problema muito mais comum entre crianças. Todos os anos,
aproximadamente 160 mil crianças são infectadas e aproximadamente 100 mil crianças
morrem. Nos últimos anos, os novos programas criados para administrar a terapia
antirretroviral (TAR) a mulheres grávidas e crianças reduziram o número anual de novas
infecções e mortes. Objectivo: Descrever o perfil das crianças e adolescentes portadoras
de VIH seguidos em consultas externas no Hospital Pediátrico David Bernardino no
período de janeiro de 2015 a dezembro de 2020. Metodologia: Foi realizado um estudo
observacional, descritivo e retrospectivo. Resultados: A faixa etária dos 5 – 9 anos foi
representada com 35,0% (105/300) dos casos, seguida da faixa etária de 1 - 4 anos
representada com 27,3% (82/300) dos casos. O gênero foi representado com 61,7%
(185/300), e 28,3% (85/300) casos vinham do município de Luanda, seguido de 18,3%
(55/300) e 15,0% (45/300) dos casos vinham do município de Viana e Cacuaco
respectivamente; 81,7% (245/300) dos casos tinham feito os testes serológicos para
confirmação para o HIV, 40,0% (120/300) dos casos tinham carga viral Indetectável,
50,0% (150/300) dos casos tinham um seguimento clínico superior a 10 anos, 70,0%
(210/300) dos casos não fizeram a profilaxia, 70,0% (210/300) dos casos estavam em uso
continuo do TARVS, 66,7% (200/300) dos casos estavam em uso da 1ª linha do TARVS,
31,7% (95/300) dos casos apresentavam doença oportunista, 13,3% (35/95) dos casos
eram Tuberculose, 11,7% (35/95) dos casos eram Pneumonia e 3,3% (10/300) dos casos
eram infecção de pele, 53,3% (160/300) dos casos estavam em seguimento clinico, 21,7%
(65/300) dos casos resultaram a óbito, 15,0% (45/300) dos casos abandonaram o
tratamento. O perfil materno, 50,0% (150) das mães tinham feito o diagnóstico de HIV
durante o parto e 26,7% (80) das mães tinham feito o diagnóstico de HIV durante a
gestação, 56,7% (170) das mães não tinham realizado o corte de transmissão vertical e
30,0% (90) das mães realizaram o corte de transmissão vertical, 66,7% (200/300) das
mães realizaram parto eutócico e 20,0% (60/300) das mães foram submetidas a cesariana,
36,7% (110) das mães amementaram as crianças, 31,7% (95) das mães estavam sobre o
uso continuo de TARVs. Conclusão: Os dados observados neste estudo são bastante
preocupantes e revela uma grave falha na assistência materno - infantil, especialmente
aquela voltada para prevenção da transmissão.

Palavras chaves: Perfil de doentes com HIV, Sindrome de Imunodificiência Adiquirida.

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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
Monografia para obtenção de Título de Especialista em Pediatria
ABSTRACT

Introduction: HIV is a much more common problem among children. Every year,
approximately 160,000 children are infected and approximately 100,000 children die. In
recent years, new programs created to deliver antiretroviral therapy (ART) to pregnant
women and children have reduced the annual number of new infections and deaths.
Objective: To describe the profile of children and adolescents with HIV followed in
outpatient consultations at the David Bernardino Pediatric Hospital from January 2015 to
December 2020. Methodology: An observational, descriptive and retrospective study
was carried out. Results: The age group of 5 - 9 years was represented with 35.0%
(105/300) of the cases, followed by the age group of 1 - 4 years represented with 27.3%
(82/300) of the cases. The gender was represented with 61.7% (185/300), and 28.3%
(85/300) cases came from the municipality of Luanda, followed by 18.3% (55/300) and
15.0% (45 /300) of the cases came from the municipalities of Viana and Cacuaco
respectively; 81.7% (245/300) of the cases had undergone serological tests for HIV
confirmation, 40.0% (120/300) of the cases had an Undetectable viral load, 50.0%
(150/300) of the cases had clinical follow-up of more than 10 years, 70.0% (210/300) of
the cases did not undergo prophylaxis, 70.0% (210/300) of the cases were in continuous
use of ART, 66.7% (200/300 ) of the cases were using the 1st line of ART, 31.7% (95/300)
of the cases had opportunistic disease, 13.3% (35/95) of the cases were tuberculosis,
11.7% (35/95) of the cases were Pneumonia and 3.3% (10/300) of the cases were skin
infection, 53.3% (160/300) of the cases were in clinical follow-up, 21.7% (65/300) of the
cases resulted in death, 15.0% (45/300) of the cases abandoned treatment. The maternal
profile, 50.0% (150) of the mothers had been diagnosed with HIV during childbirth and
26.7% (80) of the mothers had been diagnosed with HIV during pregnancy, 56.7% (170)
of the mothers had not performed the vertical transmission cutoff and 30.0% (90) of the
mothers performed the vertical transmission cutoff, 66.7% (200/300) of the mothers
underwent eutocic delivery and 20.0% (60/300) of the mothers underwent cesarean
section, 36.7% (110) of the mothers breastfed the children, 31.7% (95) of the mothers
were on continuous use of ARTs. Conclusion: The data observed in this study are very
worrying and reveal a serious failure in maternal and child care, especially that aimed at
preventing transmission.

Keywords: Profile of HIV patients, Acquired Immunodeficiency Syndrome.

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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
Monografia para obtenção de Título de Especialista em Pediatria
1. INTRODUÇÃO

A infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e a Síndrome da Imunodeficiência


Adquirida (SIDA), apresentam-se como um dos problemas preocupantes para a esfera da saúde
pública mundial, em virtude do contínuo crescimento da infecção da população (BEZERRA et
al, 2012), pois, apesar de todas as conquistas e avanços tecnológicos alcançados, o
enfrentamento dessa Síndrome continua sendo um grande desafio, tanto à complexidade clínica
quanto às questões que envolvem o preconceito e o estigma (BRASIL, 2012).
De acordo com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/SIDA (UNAIDS) até o
final do ano de 2013, em todo o mundo, 35 milhões de pessoas estavam vivendo infectadas
com HIV (JOINT UNITED NATIONS PROGRAMME ON HIV/AIDS, 2014).
A SIDA é tida como uma síndrome causada por um retrovírus, o HIV, sendo conhecidos dois
tipos: o HIV-1(maior prevalência no Brasil) e o HIV-2 (maior prevalência na África). A
síndrome é caracterizada pela diminuição quantitativa e qualitativa dos linfócitos T
(principalmente CD4+), fragilizando a atuação do sistema imunológico e, consequentemente,
debilitando o portador (SANTOS; BECK, 2009; RIBEIRO; LIMA; LOUREIRO, 2009; PIERI;
LAURENTI, 2012).
A diminuição da actuação do sistema imunológico faz com que o indivíduo fique susceptível
a várias infecções por inúmeros microrganismos oportunistas, as coinfecções. Nessa
perspectiva, Brasil (2013) destaca como as principais infecções oportunistas: a pneumocistose,
a neurotoxoplasmose, tuberculose pulmonar atípica ou disseminada, meninginte criptocócica e
retinite por citomegalovírus. Além das infecções oportunistas, as neoplasias (sarcoma de
Kaposi, linfoma não Hodgkin e câncer do colo uterino, em mulheres jovens) e doenças
(miocardiopatia, nefropatia e neuropatias) também podem aparecer ao indivíduo infectado pelo
HIV.
Conforme, Ribeiro, Lima e Loureiro (2009) a coinfecção HIV e tuberculose, por exemplo, é
uma das principais responsáveis pelo aumento da morbimortalidade em pacientes com
imunodeficiência.
A síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA) foi identificada em 1981, desde então, tem
se mantido endêmica no mundo. A SIDA tem afectado, em proporção cada vez maior, mulheres
de todas as camadas sociais, especialmente aquelas que vivem em condição de pobreza e de
baixa escolaridade (SILVA, 2004). A heterossexualização e feminização da epidemia têm
numerosas consequências, dentre elas, o aumento do número de crianças infectadas pelo HIV
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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
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tendo a transmissão vertical como principal via de infecção (Joint United Nation Programme
on HIV/SIDA, 2006).
Diante dessa nova realidade, novas condutas foram incorporadas com vistas à redução da
transmissão vertical do HIV. Em 1994, comprovou – se a eficácia do Protocolo SIDA Clinical
Trial Group 76 (ACTG 076) em um estudo multicêntrico realizada por Connor cols (CONNOR
et al., 1994), que demosntrou uma queda na transmissão vertical de 25,5% para 8,3%, a partir
da indicação do uso da zidovudina oral para gestante, endovenosa no parto e o xarope para
recém nascido e a recomendação para alimentação artificial exclusiva; assim, traçou – se um
novo rumo para o controle da transmissão vertical do HIV (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
A modificação da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA), de agravo com alta
letalidade para doença crônica, tem repercussão no desenvolvimento físico e psicológico de
crianças e adolescentes soropositivos, notadamente aqueles infectados pela transmissão
vertical. Com o advento da terapia antirretroviral e o acesso ao tratamento, estudos têm
mostrado a melhoria da qualidade de vida das crianças com HIV positivo, de modo que
necessidades de natureza psicossocial passam a ter novo significado e relevância (LEDLIE,
2001; MIALKY, VAGNONI & RUTSTEIN, 2001).
Antes do surgimento da terapia antirretroviral combinada, a taxa de mortalidade por SIDA de
crianças soropositivas era elevada, além da ocorrência freqüente de déficits no
desenvolvimento psicomotor e neurocognitivo devido à ação do HIV sobre o sistema nervoso
central. Com a disponibilidade de tratamento, observa-se a melhoria dos índices gerais de saúde
e de desenvolvimento desses pacientes, com redução acentuada da ocorrência de internações e
de infecções oportunistas (BROWN & LOURIE, 2000). Assim, os familiares, em especial os
cuidadores primários, tendem a se deparar com novos desafios, tais como a revelação do
diagnóstico, o início e a continuidade da escolarização, a adesão a um tratamento complexo e
de longo prazo, a chegada da puberdade e o início da vida sexual (ANTLE, WELLS, GOLDIE,
DE MATTEO & KING, 2001; THORNE & COLS., 2002; WIENER, VASQUEZ &
BATTLES, 2001). No processo de revelação do diagnóstico, por exemplo, há diversos aspectos
que dificultam a tomada de decisão pelos cuidadores quanto ao momento oportuno de contar
para a criança ou adolescente sobre a sua real condição de saúde. Pode-se citar o medo do
estigma social, sentimentos de culpa ou vergonha acerca da transmissão vertical, perda de
algum membro da família devido à SIDA, gravidade da patologia da criança, receio do impacto
da notícia sobre o desenvolvimento sócio-emocional infantil (GERSON & COLS., 2001;
INSTONE, 2000). A cronicidade da SIDA implica a adesão a um regime medicamentoso
complexo e prolongado. Estudos demonstram que falhas na adesão aumentam o risco de
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incompleta supressão viral e de desenvolvimento de cepas virais resistentes aos medicamentos
disponíveis (BAER & ROBERTS, 2002; MURPHY & COLS., 2003).
Diante de situações difíceis de lidar, relativas ao tratamento e a aspectos do cotidiano, os
cuidadores primários − muitos deles também soropositivos − adotam estratégias de
enfrentamento diversas para o manejo de estressores, visando o bem-estar físico, psicológico e
social das crianças/adolescentes (KLUNKLIN & HARRIGAN, 2002; REHM & FRANCK,
2000).
Estudos realizados em países desenvolvidos apontam que crianças e adolescentes soropositivos
possuem maior risco de apresentar problemas de ajustamento psicológico em função da
diversidade de estressores, tais como a manutenção do segredo sobre o diagnóstico, alterações
das rotinas de vida e a presença de perdas multigeracionais. Dificuldades em lidar com a
necessidade diária de tomar medicamentos, sentimentos de raiva, frustração, solidão e baixa
auto-estima também foram identificados em alguns estudos (KHOURY & KOVACS, 2001).
Soma-se a isto o facto de que muitas dessas crianças e suas famílias vivem em condições de
pobreza, com acesso precário aos recursos médicos e sociais (LEWIS, 2001). Pesquisas
revelam, por outro lado, que a adaptação parental à soropositividade pode ser um importante
fator na determinação do ajustamento da criança vivendo com HIV/SIDA (BROWN &
LOURIE, 2000).
As características clínicas, epidemiológicas e prognósticas dos portadores de HIV, estão
sujeitas às variáveis terapêuticas, às facilidades de acesso aos serviços de saúde, ou associados
aos indicadores de desenvolvimento humano. Mediante todas estas condições determinantes
levou-nos aferir o perfil clinico e epidemiológico das crianças e adolescentes seguidas em
consultas externas do Hospital Pediátrico David Bernardino.

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2. OBJETIVOS

2.1. GERAL
 Descrever o perfil das crianças e adolescentes portadoras de VIH seguidos em consultas
externas no Hospital Pediátrico David Bernardino no período de Janeiro de 2015 a
Dezembro de 2020.

2.2. ESPECÍFICOS
 Caracterizar o perfil clínico e epidemiológico das crianças;
 Citar o perfil materno e seguimento pré - natal;
 Analisar o desfecho das crianças portadoras VIH em seguimento.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Tipo de Estudo


Realizou – se um estudo observacional, descritivo e retrospectivo em crianças portadoras de
VIH seguidos em consultas externas no HPDB de Janeiro de 2015 a Dezembro de 2022.

3.2. Local de estudo


O estudo foi realizado no serviço de consultas externas, aonde se faz o seguimento de crianças
portadoras do HIV de 0 – 15 anos no Hospital Pediátrico David Bernardino.
Área para seguimentos de crianças portadoras de HIV, fica localizado no mesmo edificio onde
encontramos as seguintes áreas , Antigas áreas administrativa, Hospital Dia e o serviço de
infecçiologia entre outras.
O serviço dispõe de uma área de recepção com uma secretária clinica, seguido de uma sala de
tratamento e recepção de fármacos, e funciona com quatros Enfermeiros sob orientação de uma
chefe de Enfermagem, Enfermeira Suzette, dois médicos internos de especialidade, na rotação
de infecciologia II, que são recebidos de cada15 dias, sob a orientação da Médica chefe de
serviço, Drª Elizette João.

3.3. Universo e amostra


A população alvo do estudo foi constituída por 1019 processos de crianças portadoras de VIH
dos 0 – 15 anos, que estavam em seguimento clinico em consulta externa, onde foi seleccionada
uma amostra de 300 processos clinicos, uma média de 50 processos clinicos por ano que
corresponde há 16,7%.

3.4. Critérios de inclusão


Foram incluídos todos os processos clinicos de crianças de 0 – 15 anos com diagnóstico HIV
que estavam em seguimento nas consultas externas do HPDB.

3.5. Definição das variáveis de estudo


3.5.1. Perfil epidemiológico e clinico das crianças:

 Idade;
 Gênero;
 Local de residência;
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 Teste serológico para HIV;
 Ano de ocorrência (diagnóstico)
 Tempo de seguimento
 Uso de TARV
 Profilaxia com TARV
 Carga viral
 Doenças Oportunistas
 Desfecho
3.5.2. Perfil epidemiológico e clinico materno:
 Diagnóstico materno de HIV
 Corte de transmissão vertical (Protocolo ACTG 076)
 Tipo de parto
 Aleitamento materno
 Tempo de aleitamento materno
 Uso de TARV

3.6. Definições Operacionais


Idade: é otempo decorrido desde o nascimento até à idade de diagnóstico, quantificado e
categorizado em dias, meses ou anos.
Género: é uma qualidade biológica que distingue o masculino do feminino.
Residência: corresponde onde o doente mora habitualmente; categorizado por municípios
(Belas, Cacuaco, Cazenga, Icole Bengo, Kilamba Kiaxe, Luanda, Quissama, Viana e outros).
Ano de ocorrência: Corresponde o período em que is doentes foram diagnosticada HIV.
Categorizado em 2015, 2016, 2017, 2018, 2019 e 2020.
Tempo de seguimento: Corresponde o período desde o momento do diagnóstico até ao
momento de estudo.
Teste serológico para HIV: Corresponde o exame uso para confirmação da doença.
Categorizado em positivo, negativo e indeterminado.
Uso de TARV: Corresponde ao uso de medicamento para o tratamento de HIV. Categorizado
em sim ou não.
Profilaxia com TARV: Corresponde ao uso de medicamento para impedir a replicação viral
em mãe seropositiva e doente seronegativo. Categorizado em sim ou não.

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Carga viral: Corresponde a número de cópia do virus circulante. Categorizado em
indetectável, detectável, menor que o limite mínimo e não informado.
Aleitamento materno: Corresponde se os doentes receberam o leite materno em algum
momento. Categorizado em sim, não e ignorado.
Tempo de aleitamento materno: corresponde o periodo (mês) em que a mãe amamentou o
doente. Catergorizada em menor 1 mês, até 6 meses, 7 – 12 meses, maior de 12 meses.
Doenças Oportunistas: Corresponde a existência de doença em função da fragilidade do
sistema imunológico. Categorizado em sim ou não.
Desfecho: representa o resultado final de cada criança internada. Categorizada em Alta, Óbito,
transferência e Fuga.
Diagnóstico materno de HIV: corresponde ao periodo de diagnóstico de infecção pelo HIV.
Categorizado em antes da gestação, durante da gestação, durante a gestação, durante o parto,
após o parto e ignorado.
Corte de transmissão vertical: Corresponde ao tratamento com TARV realizado durante a
gestação. Categorizado em sim ou não, caso usou, completo, incompleto e ignorado.
Tipo de parto: corresponde a forma como foi feito o parto. Categorizado em cesárea, vaginal
e ignorado.
Uso materno de TARV: Corresponde ao uso continuo do TARV mesmo após o nascimento
da criança. Categorizado em sim ou não.

3.7. Colheita de dados


Os dados foram obtidos, mediante um formulário de coleta de dados previamente elaborado,
nos processos existentes no serviço de arquivos do HPDB.

3.8. Processamento de colheita e análise de dados


Para este estudo realizamos inicialmente um pesquisa bibliográfica, sobre o perfil das crianças
e adolescentes portadoras de VIH seguidos em consultas externas.
Foi usado um formulário de colecta de dados previamente elaborado com os elementos
demográficos da população de estudo, aspecto clinico epidemiológico das crianças e
adolescentes, assim com materno.
Todos dados foram colectados de forma retrospectiva, durante o periodo diurno pela autora
durante a semana.
Após a recolha dos dados, os mesmo foram processado nos programa em ambiente Windows,
Microsoft Excel na versão 2010; Staistical Package for the Social Sciences (SPSS® versão
28.0), Microsoft Word 2010 e os resultados serão apresentados sob a forma de texto, tabelas e

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gráficos, e projectados em Microsoft PowerPoint 2010 em forma de frequência e
perecentagem.

3.9. Aspectos éticos


O protocolo de Investigação será submetido à aprovação da Direcção Geral do Hospital
Pediátrico David Bernardino, explicando os objectivos do estudo, respeitando as normas da
ética e da bioética.
Sobre a confidencialidade das informações, as informações colhidas, serão codificadas no
banco de dados a fim de evitar identificação dos nomes dos doentes nos referidos processos
clínicos e não se tornarão de domínio público. O acesso aos formulários e ao banco de dados
estarão restritos a pesquisadora principal e a supervisor da pesquisa (orientador).

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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
Monografia para obtenção de Título de Especialista em Pediatria
4. RESULTADOS

Tabela nº: 1. Distribuição das crianças e adolescentes portadoras de HIV/SIDA,


seguidas em consultas externas, segundo a Faixa Etária e o Gênero, no período de
Janeiro de 2015 a Dezembro de 2020
Gênero
Total
Masculino Feminino
Faixa Etária
N % N % Total %
<1 ano 10 3,3 5 1,7 15 5,0
1 - 4 anos 50 16,7 32 10,6 82 27,3
5 - 9 anos 65 21,7 40 13,3 105 35,0
10 - 14 anos 45 15,0 26 8,7 71 23,7
>14 anos 15 5,0 12 4,0 27 9,0
Total 185 61,7 115 38,3 300 100
Fonte: Formulário de recolha de dados

A tabela nº 1 retrata a distribuição das crianças segundo a faixa etária e o gênero, onde faixa
etária dos 5 – 9 anos foi representada com 35,0% (105/300) dos casos, seguida da faixa etária
de 1 - 4 anos representada com 27,3% (82/300) dos casos e a faixa etária de 10 – 14 anos
presentada com 23,7% (71/300) dos casos. Quando a gênero, 61,7% (185/300) dos casos eram
masculino e 38,3% (115/300) dos casos eram feminino.

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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
Monografia para obtenção de Título de Especialista em Pediatria
Tabela nº: 2. Distribuição das crianças e adolescentes portadoras de
HIV/SIDA, seguidas em consultas externas, segundo o local de residência no
período de Janeiro de 2015 a Dezembro de 2020
Variáveis N %
Residência
Belas 30 10,0
Cacuaco 45 15,0
Cazenga 35 11,7
Icole Bengo 7 2,3
Kilamba Kiaxe 35 11,7
Luanda 85 28,3
Quissama 3 1,0
Viana 55 18,3
Outras 5 1,7
Total 300 100,0

Fonte: Formulário de coleta de dados

A tabela nº2. Retrata a distribuição das crianças e adolescentes, segundo o local de residência.
O municipio de Luanda foi representado com 28,3% (85/300) casos, seguido do municipio de
Viana representada com 18,3% (55/300) dos casos e municipio de Cacuaco representada com
15,0% (45/300) dos casos.

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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
Monografia para obtenção de Título de Especialista em Pediatria
Tabela nº: 3. Distribuição das crianças e adolescentes, portadoras de
HIV/SIDA, seguidas em consultas externas, segundo o perfil serológico e
tempo de seguimento no período de Janeiro de 2015 a Dezembro de 2020
Variáveis N %
Testes Serológicos para HIV
Sim 245 81,7
Não 55 18,3
Total 300 100,0

Carga Viral
Detectável 110 36,7
Indetectável 120 40,0
Desconhecida 70 23,3
Total 300 100,0

Tempo de Seguimento
< 5 anos 45 15,0
5 – 10 anos 105 35,0
> 10 anos 150 50,0
Total 300 100,0

Fonte: Formulário de coleta de dados

A tabela nº3. Retrata o perfil serológico das crianças. Quanto à realização de teste de
confirmação para HIV, notamos que 81,7% (245/300) dos casos tinham feito os testes
serológicos para confirmação para o HIV. Quanto à carga viral notamos que 40,0% (120/300)
dos casos tinham carga viral Indetectável, seguido de 36,7% (110/300) dos casos tinham a
carga viral detectável e vale realçar que 23,3% (70/300) dos casos a carga viral eram
desconhecida (não estavam anotados no processo clinico). Em relação ao tempo de seguimento
clinico 50,0% (150/300) dos casos tinham um seguimento clínico superior a 10 anos e 35,0%
(105/300) tinham um seguimento clinico de entre 5 – 10 anos.

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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
Monografia para obtenção de Título de Especialista em Pediatria
Tabela nº: 4. Distribuição das crianças e adolescentes portadoras de
HIV/SIDA, seguidas em consultas externas, o uso de TARVS no
período de Janeiro de 2015 a Dezembro de 2020.
Variáveis N %
Profilaxia
Sim 80 25,7
Não 210 70,0
Desconhecidos 10 3,3
Total 300 100,0

Uso de TARVS
Sim 210 70,0
Não 90 30,0
Total 300 100,0

Linhas de TARVS
1ª linha 200 66,7
2ª Linha 60 20,0
Desconhecida 40 13,3
Total
Fonte: Formulário de recolha de dados

A tabela nº4. Retrata a distribuição das crianças segundo o uso do TARVS. Quanto ao uso da
profilaxia com o TARVS notamos que 70,0% (210/300) não fizeram a profilaxia e 25,7%
(80/300) dos casos foram submetidas à profilaxia. Quanto ao uso continuo de TARVS notamos
que 70,0% (210/300) dos casos estavam em uso continuo do TARVS e 30,0% (90/300) dos
casos não estavam em uso continuo do TARVS. Quando a linha de tratamento, notamos que
66,7% (200/300) dos casos estavam em uso da 1ª linha do TARVS e 13,3% (40/300) dos casos
não estava descrito as linhas que estavam em uso.

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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
Monografia para obtenção de Título de Especialista em Pediatria
Tabela nº: 5. Distribuição das crianças e adolescentes portadoras de
HIV/SIDA, seguidas em consultas externas, segundo a doenças
oportunistas no período de Janeiro de 2015 a Dezembro de 2020.
Variáveis N %
Doenças oportunistas
Sim 95 31,7
Não 205 68,3
Total 300 100,0

Tipo de doenças oportunistas


Pneumonia 35 11,7
Tuberculose 40 13,3
Infecção de Pele 10 3,3
Meningite 5 1,7
Outros 5 1,7
Total 95 31,7
Fonte: Formulário de recolha de dados

Tabela nº5. Retrata a distribuição das crianças e adolescentes, segundo as doenças oportunistas.
Quando a doença oportunista, notamos que 68,3% (205/300) dos casos até ao momento não
tiveram nenhuma doença oportunista e 31,7% (95/300) dos casos apresentavam doença
oportunista. Quanto ao tipo de doenças oportunistas, notamos 13,3% (35/95) dos casos tinham
Tuberculose, 11,7% (35/95) dos casos tinham Pneumonia e 3,3% (10/300) dos casos tinham
infecção de pele.

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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
Monografia para obtenção de Título de Especialista em Pediatria
Tabela nº: 6. Distribuição das crianças e adolescentes, portadoras de
HIV/SIDA seguidas em consultas externas, segundo o desfecho, no período
de Janeiro de 2018 a Dezembro de 2020.
Variáveis N %
Desfecho
Abandono 45 15,0
Óbito 65 21,7
Seguimento 160 53,3
Desconhecido 30 10,0
Total 300 100,0
Fonte: Formulário de recolha de dados

A tabela nº6. Retrata a distribuição das crianças e adolescentes segundo o desfecho, onde
notamos que 53,3% (160/300) dos casos estavam em seguimento clinico, 21,7% (65/300) dos
casos resultaram a óbito, 15,0% (45/300) dos casos abandonaram o tratamento e 20,0%
(30/300) dos casos eram desconhecidos.

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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
Monografia para obtenção de Título de Especialista em Pediatria
Tabela nº: 7. Distribuição das crianças e adolescentes portadoras de
HIV/SIDA, seguidas em consultas externas, segundo o perfil materno
no período de Janeiro de 2015 a Dezembro de 2020.
Variáveis N %
Diagnóstico de HIV
Antes da Gestação 10 3,3
Durante a Gestação 80 26,7
Durante o Parto 150 50,0
Após o Parto 5 1,7
Desconhecido 55 18,3
Total 300 100,0

Corte de transmissão vertical (Protocolo


ACTG 076)
Sim 90 30,0
Não 170 56,7
Desconhecido 40 13,3
Total 300 100,0

Tipo de Parto
Eutócico 200 66,7
Cesária 60 20,0
Desconhecido 40 13,3
Total 100 100,0

Aleitamento Materno
Sim 110 36,7
Não 120 40,0
Desconhecida 70 23,3
Total 300 100,0

Uso Continuo de TARVS


Sim 95 31,7
Não 130 43,3
Desconhecido 75 25,0
Total 300 100,0
Fonte: Formulário de recolha de dados

A tabela nº7. Retrata a distribuição das crianças e adolescentes segundo o perfil materno,
notamos que 50,0% (150) das mães tinham feito o diagnóstico de HIV durante o parto, 26,7%
(80) das mães tinham feito o diagnóstico de HIV durante a gestação e 18,3% (55) das mães,
não foram encontrados informações se em que momento haviam realizado o diagnóstico.
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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
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Quanto ao corte de transmissão vertical baseado no protocolo ACTG 076, 56,7% (170) das
mães não tinham realizado o corte de transmissão vertical, 30,0% (90) das mães realizaram o
corte de transmissão vertical e 13,3% (40) das mães nos processos clínicos não foram
encontrados informações se haviam feito ou não o corte de transmissão vertical.

Quanto ao tipo de parto, 66,7% (200) das mães realizaram parto eutócico, 20,0% (60) das mães
foram submetidas a cesariana e 13,3% (40) das mães não foram encontrados em processos
clínicos as informações sobre o tipo de parto realizado.

Quanto ao aleitamento materno, 40,0% (120) das mães não amamentaram as crianças, 36,7%
(110) das mães amamentaram as crianças e 23,3% (70) das mães não foram encontradas
informações nos processos clínicos se chegaram ou não amamentar as crianças.

Quanto ao uso continuo de TARVS, 43,3% (130) das mães não estavam sobre o uso de TARVs,
31,7% (95) das mães estavam sobre o uso continuo de TARVs e 25,0% (75) das mães não
foram encontradas informações nos processos clínicos se estavam ou não a realizar o uso
continuo do TARVs.

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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
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5. DISCUSSÃO

O objectivos deste estudo foi descrever o perfil das crianças e adolescentes portadoras de VIH
seguidos em consultas externas no Hospital Pediátrico David Bernardino no período de Janeiro
de 2015 a Dezembro de 2020.

Segundo Tereza e colaboradores, 2015, referia que o HIV/AIDS apresentava-se como um dos
problemas preocupantes para a esfera da saúde pública mundial em virtude do contínuo
crescimento da infecção da população, mas actualmente no mundo todo, o HIV é um problema
muito mais comum entre crianças. Aproximadamente 1,7 milhão de crianças têm infecção
por HIV. Todos os anos, aproximadamente 160 mil crianças são infectadas e
aproximadamente 100 mil crianças morrem. Nos últimos anos, os novos programas criados
para administrar a terapia antirretroviral (TARV) a mulheres grávidas e crianças reduziram
o número anual de novas infecções e mortes na infância em 33% a 50%. No entanto, as
crianças infectadas ainda estão longe de receber TARV com a mesma frequência que adultos.
A síndrome é caracterizada pela diminuição quantitativa e qualitativa dos linfócitos T,
fragilizando a atuação do sistema imunológico. A diminuição da atuação do sistema
imunológico do indivíduo faz com que o indivíduo fique suscetível a várias infecções por
inúmeros microrganismos oportunistas, as coinfecções.

Os dados observados em nosso estudo são bastante preocupantes e revela uma grave falha na
assistência materno - infantil, especialmente aquela voltada para prevenção da transmissão.
Dentre elas, destacam-se a diagnóstico tardio de infecção pelo HIV em gestantes, a baixa
aplicação do protocolo ACTG 076, a prática de aleitamento materno pelas gestantes infectadas
pelo HIV e a não triagem para o tipo de parto.

Estes resultados observados suscitam que sejam levantados alguns questionamentos como:
Houve atraso no início do pré-natal? foram solicitados exames sorológicos para o HIV durante
o pré-natal? Se foram realizados, os exames foram entregues em tempo hábil? O presente
estudo não permite responder a esses questionamentos dado o limite das informações
constantes nos prontuários, porém, deve-se destacar a importância do pré-natal para adoção das
estratégias de redução na transmissão vertical do HIV.

Neste estudo, houve predomínio do sexo masculino, dentre as crianças portadores do


HIV/AIDS, sendo um achado similar ao encontrado nas pesquisas de Souza et al (2012) e Brasil
(2012).

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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
Monografia para obtenção de Título de Especialista em Pediatria
Sobre os 4 tipos de coinfecções predominantes neste estudo, os dados são similares aos de
outros estudos como o de Ribeiro, Lima e Loureiro em 2009, que mostrou que a coinfecção
HIV e tuberculose é uma das principais responsáveis pelo acréscimo da morbidade e
mortalidade em pacientes com imunodeficiência, pois o HIV potencializa a ocorrência de
tuberculose e essa diminui a sobrevida de indivíduos infectados pelo HIV.

Sobre a correlação das variáveis tipo de coinfecção e evolução do tratamento que obteve um
valor alto de significância neste estudo, é corroborado pelo estudo de Brasil (2013), cujo
mostrou, que tuberculose ativa, sob qualquer apresentação clínica, é um sinal de
imunodeficiência, portanto, a coinfecção TB-HIV deve caracterizar o portador de HIV como
sintomático e indicar o início da terapia antirretroviral (TARV), independentemente da
contagem de linfócitos T-CD4+. Evidenciando que o início precoce da TARVs nesses casos
reduz a mortalidade, especialmente em indivíduos com imunodeficiência grave.

Embora não seja considerada doença oportunista, a pneumonia bacteriana foi incluída como
variável uma vez que a mesma torna-se importante em evolução, por possuir maior gravidade
e frequência, sendo 200 vezes mais comum nos pacientes com HIV/AIDS do que nos
imunocompetentes (BARBOSA e SOUZA, 2008).

A elevada frequência de parto vaginal, observada em nosso estudo, tem sido reportada por
outros autores. No estudo de Yoshimoto cols, foi documentado que 50% dos partos foram por
essa via. Tem sido observado que a maioria das transmissões verticais do HIV ocorre durante
ou próximo ao período intraparto sugerindo que intervenções obstétricas, como parto cesariano,
podem reduzir essas taxas. No início de 2005, o Estudo Colaborativo Europeu divulgou dados
indicando que o parto cesariano pode reduzir a transmissão vertical do HIV-1, mesmo em
pacientes com cargas virais inferiores a 1.000 cópias/ml (European Collaborative Study,2005).

Foi observada uma grande frequência de mães vivendo com HIV que amamentam seus filhos,
algumas por até 12 meses. Diversos estudos têm demonstrado que o aleitamento materno pode
ser associado com a transmissão vertical do HIV, podendo determinar um risco adicional de
transmissão entre 7 e 22% (Rosseau et.al, 2004 e The Breastfeeding and HIV International
transmission Study Group,2004 ). Calcula-se que ocorram 8,9 transmissões por cada 100
crianças em um ano de aleitamento. Um estudo na África não encontrou associação entre taxa
de transmissão vertical do HIV e duração do aleitamento materno quando comparou
amamentação por menos versus por mais de quatro semanas (The Breastfeeding and HIV
International transmission Study Group,2004).
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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
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Desde 1994, estudos têm comprovado que o Protocolo ACTG 076 reduz a transmissão vertical
do HIV de 25,5% para 8,3%6,14. A despeito deste conhecimento, observamos em mais de 90%
das gestantes. Resultado diverso foi relatado por Vasconcelos cols que observaram em quatro
cidades de diferentes regiões brasileiras que, 24% das gestantes e 7,6% dos recém-nascidos
não haviam usado o Protocolo ACTG 076. Yoshimoto cols estudaram prospectivamente 64
recém-nascidos em São Paulo, e observam que no grupo de 20 crianças que usou o protocolo
de forma incompleta três se infectaram, enquanto, no grupo que utilizou o protocolo completo,
nenhum foi infectado.

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6. CONCLUSÃO

Neste estudo foi constatado que a maioria das crianças e adolescentes eram do sexo masculino,
estavam na faixa etária de 5 – 9 anos e de 1 - 4 anos, vinham do municipio de Luanda, seguido
dos municipios de Viana e de Cacuaco, tinham feito os testes serológicos para confirmação
para o HIV, estava em uso da linha de TARV, e com um seguimento clínico superior a 10 anos.

Menos da metade das crianças e adoelescentes tinham carga viral indetectável e quase ¼ dos
casos foram considerados desconhecidos por falta de registro no processo. A maioria dos casos
não chegaram a fazer uso de profilaxias da doença, porque já eram casos confirmados e que
por tanto estavam a fazer o uso continuo de TARVS. Também foi notado a maioria não
chegaram a desenvolver doenças oportunistas, e os que desenvolveram, mais de ¼ dos casos
tinham Tuberculose, seguida de Pneumonia e menos de ¼ tinham infecção de pele (etiologia
não esclarecidas). Mais da metade dos casos estavam em seguimento clinico, e quase ¼ dos
casos resultaram a óbito, e menos de ¼ dos casos abandoram o tratamento.

Relativamente ao perfil materno, notamos que metade das mães das crianças e adolescentes
tiveram o tinham feito o diagnóstico de HIV durante o parto, e ¼ dos casos o diagnóstico de
HIV tinham sido feito durante a gestação. Ainda assim mais da metade das mães não tinham
realizado o corte de transmissão vertical baseado no protocolo ACTG 076, e tiveram parto
eutócico (Via Vaginal), e apenas menos de ¼ dos casos foram submetidas a parto distócico
(Cesareana), e mais de ¼ dos casos amamentaram as crianças, e apenas mais de ¼ das mães
estavam sobre o uso continuo de TARVs.

Os dados observados neste estudo são bastante preocupantes e revela uma grave falha na
assistência materno - infantil, especialmente aquela voltada para prevenção da transmissão.
Dentre elas, destacam-se a diagnóstico tardio de infecção pelo HIV em gestantes, a baixa
aplicação do protocolo ACTG 076, a prática de aleitamento materno pelas gestantes infectadas
pelo HIV e a não triagem para o tipo de parto.

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7. LIMITAÇÕES

O tipo de estudo realizado, dificultou a obtenção de algumas variáveis, que dependiam da


interacção entre o pesquisador e o encarregado da criança ou do adolescente, como os testes
serológicos para HIV da confirmação do diagnóstico, carga viral e contagem do CD4+ de
planificção de uso de TARV e a mais actualizada para avaliação correcta de resposta ao
tratamento. Também como a informação do pré – natal para melhor estratificarmos e facilitar
ao diagnóstico.

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8. RECOMENDAÇÕES

Orientar os profissionais para estarem atentos aos primeiros sinais e sintomas, já que estas
crianças chegam muito tarde, umas até mesmo em fazem terminal.

Estudos prospectivos ou mesmo caso controlo para melhor acompanhamento ou obter algumas
respostas relativamente as características das crianças com HIV e o seguimentos dos mesmos
em consulta externa para melhor preenchimento dos processos clínicos para facilitar a obtenção
de dados.

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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Monografia para obtenção de Título de Especialista em Pediatria
10.ANEXOS

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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
Monografia para obtenção de Título de Especialista em Pediatria
FICHA DE RECOLHA DE DADOS

REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DA SAÚDE
CONSELHO NACIONAL DE ESPECIALIZAÇÃO DE PÓS - GRADUADA EM CIÊNCIAS DE SAÚDE
HOSPITAL PEDIÁTRICO DAVID BERNARDINO
DIRECÇÃO PEDAGÓGICA E CIENTÍFICA
Perfil de doentes seguidos em consultas externas de HIV no Hospital Pediátrico David Bernardino no
período de janeiro de 2015 a dezembro de 2020.
FORMULÁRIO
Parte I – Perfil epidemiológico e clínico do doente
Id do estudo: Iniciais: Ano:_____
Idade: ____ Meses Sexo: Masculino Feminino
Teste serológico: Sim Não
Tempo de seguimento: ____ Meses ____ Dias
Residente em que municípios:
Belas Cacuaco Cazenga Icole Bengo Kilamba Kiaxe
Luanda Quissama Sambizanga Viana Outros
Uso de TARV:
Sim Não
Caso sim, qual: 1ª linha 2ª linha 3ª linha
Uso de profilaxia com TARV:
Sim Não
Carga viral:
Indectável Detectável
Caso, detectável: Quantidade _____________ Cópias/ml
Doenças oportunistas:
Sim Não

Desfecho:
Abandono Óbito Mantém Seguimento Desconhecido
Por quanto tempo: _________ Meses e ________ dias
Parte II – Perfil epidemiológico materno

Diagnóstico materno de HIV :


Antes da gestação Durante a gestação Durante o Parto
Após o parto Desconhecido
Corte de transmissão vertical (Protocolo ACTG 076):
Sim Não Desconhecido
Caso, sim: Completa
Incompleta
Tipo de parto:
Cesariana Vaginal Desconhecido
Não Registrado/Anotado
Aleitamento materno:
Sim Não Não Registrado/Anotado
Tempo de aleitamento materno (meses):________________________
<1 até 6 7 – 12 > 12
Não Registrado/Anotado
Uso continuo de TARV:
Sim Não

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Maria Virginia Fragoso dos Santos Neto Vieira
Monografia para obtenção de Título de Especialista em Pediatria
TERMO DE ANUÊNCIA

REPÚBLICA DE ANGOLA

MINISTÉRIO DA SAÚDE

HOSPITAL PEDIÁTRICO DAVID BERNARDINO

TERMO DE ANUÊNCIA

Declaramos para os devidos fins que estamos de acordo com a execução do projeto de pesquisa
intitulado “Perfil de doentes seguidos em consultas externas de HIV no Hospital Pediátrico
David Bernardino no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2020.cujo a pesquisadora é
oMaria Virgínia Fragoso dos Santos Neto Vieira, sob a coordenação e a responsabilidade
do (a) Prof. Francisco Domingos, Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da
Universidade Agostinho Neto - Luanda, o qual terá o apoio desta Instituição.

Luanda, 12 de Julho de 2021.

___________________________________

Diretor Geral do HPDB

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