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Sociedade Brasileira de

Enfermeiros Pediatras

Boletim Informativo SOBEP


nº2 | Edição 1 | 2020
EDITORIAL
INFECÇÃO PELA COVID19 NO MUNDO E NO BRASIL: QUAIS SÃO AS REPERCUSSÕES
PARA A SAÚDE DO RECÉMNASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE?
Profa. Dra Myriam Aparecida Mandetta

A pandemia causada pelo novo Coronavírus (SARS-CoV-2), denominada COVID-19, nos


desafia em nosso cotidiano como profissionais de saúde e nos leva a buscar o conhecimento
para nortear nossas ações de cuidado com nossos pacientes e suas famílias. [...]
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CONVERSANDO COM O ESPECIALISTA

Panorama da COVID -19 na população pediátrica


Prof. Dra. Maria Aparecida Munhoz Gaiva

No final de 2019 foi descoberta uma nova cepa do coronavírus (Sars-Cov-2) e em fevereiro de
2020, a doença foi denominada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de COVID-19 (1). O
espectro clinico da doença varia de infecções assintomáticas a quadros graves. Por tratar-se
de um novo patógeno, pessoas de todas as idades não têm imunidade ao vírus e geralmente
são suscetíveis a infecções. A virose infecta desde de recém-nascidos a idosos (2). [...]
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TROCANDO FIGURINHAS 1

Sinais e sintomas da COVID-19 na criança


Profa. Dra. Patrícia Kuerten Rocha

• Quais são os sinais e sintomas apresentados pelas crianças?


• Como acontece a contaminação em neonatos e crianças?

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TROCANDO FIGURINHAS 2

Amamentação e a COVID-19
Enfa. Ma. Letícia Lima Colinete Costa
Profa. Dra. Edilaine Giovanini Rossetto

• Nutriz com suspeita ou confirmação de infecção pela COVID-19 pode amamentar?


• Existem cuidados que devem ser tomados durante a amamentação em casos suspeitos ou
confirmados de infecção pela COVID-19?
• Se a nutriz com suspeita ou confirmação de infecção pela COVID-19 tiver leite excedente
pode doar para um Banco de Leite Humano (BLH)?
• A doação de leite humano continua permitida em tempos de pandemia para mulheres sem
sinais de gripe, suspeita ou confirmação de infecção pela COVID-19?
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TROCANDO FIGURINHAS 3

Como higienizar os brinquedos em tempos de coronavírus?


Profa. Dra Ariane Ferreira Machado Avelar
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TROCANDO FIGURINHAS 4

Comunidades em vulnerabilidade social e medidas preventivas para o coronavírus


Profa. Dra Climene Laura de Camargo
Profa. Dra Maria Carolina Ortiz Whitaker

Pensar em medidas preventivas para qualquer agravo em comunidades em vulnerabilidade


social, é algo complexo, pois este grupos vivenciam em seu cotidiano as consequências do
isolamento sócio/político e econômico, materializado no alijamento dos bens públicos; Esta
complexidade se torna maior quando estas medidas são pensadas para prevenir um vírus de
alta disseminação como é o caso do corona-vírus.[...]
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TROCANDO FIGURINHAS 5

Há grupos de crianças susceptíveis ao desenvolvimento ou agravamento da COVID-19?


Profa. Viviane Martins da Silva

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ACESSE
A NOSSA REVISTA!
DIRETORIA  GESTÃO 20192021
Presidente Comissão Permanente de Assistência
Myriam Aparecida Mandetta (SP) Viviane Martins da Silva (CE)
Vice-Presidente Comissão Permanente de Titulação
Beatriz Rosana Gonçalves de Oliveira Toso (PR) Aline Cristina Cavicchioli Okido (SP)
1ª Secretária Comissão Permanente de Educação e Pesquisa
Andréia Cascaes Cruz (SP) Maria Aparecida Munhoz Gaíva (MT)
2ª Secretária Comissão Permanente de Publicação, Divulgação e Comunicação Social
Edilaine Giovanini Rossetto (PR) Luciano Marques do Santos (BA)
1ª Tesoureira
Larissa Guanaes dos Santos (SP) Conselho Fiscal
2ª Tesoureira Titulares
Daniela Doulavince Amador (SP) Maria Angelica Marcheti (MS)
Maria Magda Ferreira Gomes Balieiro (SP)
Camila Amaral Borghi (SP)
Suplentes
Adriana Maria Duarte (DF)
Sociedade Brasileira de Ana Paula Dias França Guareshi (SP)
Enfermeiros Pediatras Soraia Matilde Marques Buchhorn (SP)

Este Boletim Informativo é uma publicação oficial da Sociedade Brasileira de Enfermeiros Pediatras, sob a
responsabilidade da Comissão Permanente de Publicação, Divulgação e Comunicação Social.

ORGANIZAÇÃO
Prof. Ddo. Luciano Marques dos Santos
Coordenador da Comissão Permanente de Assistência da SOBEP, Gestão 2019-2021.

Membros da Comissão Permanente de Assistência da SOBEP, Gestão 2019-2021.


Profa. Dra Ariane Fereira Machado Avelar
Profa. Dra Maria Carolina Ortiz Whitaker
Profa. Dra. Patrícia Kuerten Rocha

Editoração gráfica
Aguina Editoração e Treinamentos

Acesse nosso site:


sobep.org.br
Sociedade Brasileira de
Enfermeiros Pediatras
Boletim Informativo SOBEP
nº2 | Edição 1 | 2020

EDITORIAL

INFECÇÃO PELA COVID19 NO MUNDO E NO BRASIL: QUAIS SÃO AS


REPERCUSSÕES PARA A SAÚDE DO RECÉMNASCIDO, CRIANÇA E
ADOLESCENTE?
Profa. Dra Myriam Aparecida Mandetta
Professora do Departamento de Enfermagem Pediátrica da Escola Paulista de
Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo.
Presidente da SOBEP, Gestão 2019-2021.

A pandemia causada pelo novo Coronavírus (SARS-CoV-2), denominada COVID-19, nos desafia
em nosso cotidiano como profissionais de saúde e nos leva a buscar o conhecimento para
nortear nossas ações de cuidado com nossos pacientes e suas famílias.
As repercussões da COVID-19 para a saúde são inúmeras considerando a
multidimensionalidade desse conceito, definido pela OMS como "um estado de completo
bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade” (1).
Nesse sentido torna-se imperioso destacar que, no universo pediátrico, as
crianças/adolescentes estão sofrendo repercussões em sua saúde, mesmo que não venham a
ser acometidos pela doença, considerando que a partir dos primeiros casos suspeitos,
posteriormente confirmados e a decretação do estado de emergência, com a instalação de
medidas de contenção como o isolamento social fomos todos impactados em nossas vidas. De
uma semana para outra assistimos atônitos pela televisão primeiros casos de óbito e o
aumento exponencial da curva de acometimento no país, incluindo casos de recém-nascidos,
crianças e adolescentes.
Destacam-se as repercussões para a saúde da criança/adolescente nas dimensões social,
psicoemocional, espiritual e física, impostas pela separação dos membros da família, como
avós, tios e primos, assim como dos amigos, da escola, da academia e das atividades de lazer,
que associada ao temor da doença em si mesmo e em seus pais, familiares significativos,
amigos e colegas de seu meio social, podem desencadear depressão, ansiedade e pânico.
Algumas crianças podem apresentar labilidade emocional e alternar entre manifestações de
agressividade e de apatia.
O distanciamento dos amigos da escola e dos professores pode ser de difícil aceitação por
parte das crianças e dos adolescentes, assim como a necessidade do cumprimento dos
exercícios domiciliares e da oferta de aulas à distância, recurso este que pode ajudar a manter
um vínculo com a escola, com o objetivo de garantir a continuidade do aprendizado, mas que
pode sobrecarregar suas mentes em um momento delicado, repercutindo de maneira negativa
se não for bem aplicado. Ademais recomenda-se especial cuidado com o uso de computadores,
tablets e smartphones por crianças abaixo de 5 anos de idade, considerados não indicados
nessas faixas etárias.
Observa-se ainda que tanto as crianças e os adolescentes podem se questionar sobre suas
crenças espirituais e precisarem de aconselhamento, especialmente aquelas que vivenciarem
perdas de seus entes queridos.
Na dimensão física, o distanciamento social poderá repercutir no estado nutricional, com
aumento de sobrepeso pelo consumo excessivo de alimentos e pouca atividade física, ou, com
o aumento da desnutrição provocada pela dificuldade de acesso aos alimentos, com a perda da
merenda escolar decorrentes do fechamento de creches e escolas, o comprometimento da
renda familiar provocada pelo desemprego e/ou dificuldade para execução de trabalho
autônomo. Além disso, pode haver repercussões nas rotinas da criança como higiene corporal
e do ambiente; e do sono manifestada pela dificuldade para dormir, enurese e terror noturno.
Sabe-se que as crianças e adolescentes quando infectadas pelo vírus geralmente
apresentam-se assintomáticas, no entanto são transmissores em potencial. Na literatura
apenas uma pequena porcentagem desenvolveu sintomas respiratórios moderados, como
tosse seca e fadiga e menos ainda aqueles que evoluíram para um quadro clínico de maior
gravidade (2).
Um estudo foi realizado por pesquisadores chineses com o objetivo de estudar as
características clínicas de crianças com infecção por síndrome respiratória aguda grave
(SARS-CoV-2) os autores observaram que das 13 crianças diagnosticadas, duas não
apresentaram sintomas e 11 apresentaram manifestações clínicas de febre, tosse, desconforto
faríngeo, dor abdominal, diarreia convulsões ou vômitos; 7 foram classificadas como tipo leve,
5 como tipo moderado e 1 como tipo grave. Todas as crianças foram curadas, com tendência a
bom prognostico em curto prazo (3).
Chama a atenção a situação dos pais de recém-nascidos em período de COVID-19, pois têm de
ficar isolados, sem poder contar com o apoio da família e dos amigos em um momento de
grande vulnerabilidade. Para orientar os profissionais de saúde a lidar com essa situação e
outras envolvendo a prevenção e o tratamento dessa doença, a SOBEP e a ABENFO lançaram
em conjunto um manual de orientações para o melhor cuidado às gestantes, parturientes,
puérperas e recém-nascidos, de maneira a garantir uma gestação protegida, um parto
humanizado e os cuidados ao bebê em hospitais, maternidades e no domicílio (4).
Dessa maneira, nós da SOBEP entendemos que para cuidar bem das crianças/adolescentes
nesse período torna-se fundamental o envolvimento de todos, crianças, famílias e profissionais
de saúde, de maneira empática e dialógica, compartilhando os conhecimentos produzidos
sobre a doença e o isolamento social em linguagem acessível para cada fase do
desenvolvimento.
Nesse sentido a família é fundamental para ajudar a amenizar o impacto das modificações
impostas na rotina da criança e promover a vivência de uma experiência positiva. O
estreitamento dos relacionamentos intrafamiliares, passando maior tempo juntos, em
atividades prazerosas, socializando a criança através de jogos, atividades artísticas, ouvindo
músicas, assistindo juntos a programas na televisão, filmes, ou usando aplicativos
educacionais, favorecem o aprendizado e estimulam o diálogo (5).
A SOBEP preocupa-se sobremaneira com o aumento dos casos de acidentes domésticos na
infância, nesse período de maior permanência em casa, recomendando aos enfermeiros
pediatras que orientem os pais a manterem vigilância constante e o uso da cartilha de
prevenção de acidentes disponível em nosso site (www.sobep.org.br), para se assegurarem de
medidas de proteção a essa população. E recomenda ainda a manutenção da vacinação
infantojuvenil nesse período como maneira de promover a saúde da criança e do adolescente.
Nesse boletim vocês terão oportunidade de aprofundar seus conhecimentos sobre a
prevenção da COVID-19. Vocês também poderão acessar no site da SOBEP materiais
informativos sobre esta infeção, produzidos para o público infantojuvenil, familiares e
profissionais de saúde, em formato de vídeos, cartilhas e folderes elaborados de maneira
cuidadosa por profissionais da área da saúde e da educação.
Recomenda-se que os acessem, leiam e utilizem em sua prática cotidiana nos hospitais,
maternidades, atenção primária em saúde, a fim de adquirirem conhecimentos para ajudarem
nossas crianças a vivenciarem essa fase de maneira positiva, mantendo o foco nos cuidados e
na colaboração, entendendo que o sacrífico de cada um nesse momento, ficando em casa,
ajuda a manter maior controle sobre a disseminação da doença.
O impacto dessa pandemia será de longa duração em nossos corações e mentes e nos
impulsionará para novas maneiras de ser e estar no mundo. A SOBEP espera que todos
sejamos renovados, empenhados e comprometidos para promover o melhor cuidado à
criança, adolescente e família.

Referencias
1. Organização Mundial da Saúde. Constituição da Organização Mundial da Saúde. Documentos básicos, suplemento da 45ª edição, outubro de
2006. Disponível em espanhol em: https://www.who.int/governance/eb/who_constitution_sp.pdf.
2. Castagnoli R, Votto M, Licari A, et al. Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 (SARS-CoV-2) Infection in Children and Adolescents:
A Systematic Review. JAMA Pediatr. Published online April 22, 2020. doi:10.1001/jamapediatrics.2020
3. TAN Xin,HUANG Juan,ZHAO Fen et al. Clinical features of children with SARS-CoV-2 infection: an analysis of 13 cases from Changsha,
China[J]. CJCP, 2020, 22(4): 294-298. Disponivel em [http://www.zgddek.com/EN/Y2020/V22/I4/294].
4. Sociedade Brasileira de Enfermeiros Pediatras, Associação Brasileira de Enfermeiros Obstetras e Obstetrizes-ABENFO. COVID-19. Nota
técnica referente aos cuidados da equipe de enfermagem obstétrica, neonatal e pediátrica diante de caso suspeito ou confirmado. In:
https://sobep.org.br/wp-content/uploads/2020/04/Nota-Tecnica-COVID-19-Enfermagem-ObstA%CC%83%C2%A9%EF%B8%8Ftrica_Neo_
Ped.pdf. Acessado em [22/04/2020]
5. K. Goldschmidt, The COVID-19 pandemic: Technology use to support the wellbeing of children, Journal of Pediatric Nursing (2020),
https://doi.org/ 10.1016/j.pedn.2020.04.013
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Enfermeiros Pediatras
Boletim Informativo SOBEP
nº2 | Edição 1 | 2020

CONVERSANDO COM O ESPECIALISTA

PANORAMA DA COVID 19 NA POPULAÇÃO PEDIÁTRICA


Prof. Dra. Maria Aparecida Munhoz Gaiva
Pesquisadora Associada do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Federal de Mato. Coordenadora da Comissão Ensino e Pesquisa da
SOBEP, Gestão 2019-2021.

No final de 2019 foi descoberta uma nova cepa do coronavírus (Sars-Cov-2) e em fevereiro de
2020, a doença foi denominada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de COVID-19 (1). O
espectro clinico da doença varia de infecções assintomáticas a quadros graves. Por tratar-se
de um novo patógeno, pessoas de todas as idades não têm imunidade ao vírus e geralmente
são suscetíveis a infecções. A virose infecta desde de recém-nascidos a idosos (2).
Segundo a OMS, 80% dos pacientes com a virose podem ser assintomáticos ou
oligossintomáticos, apenas 20% dos casos necessitam de atendimento hospitalar decorrente
de dificuldade respiratória e destes, apenas 5% podem necessitar de suporte ventilatório (1).
Até o momento no mundo já foram confirmados 1.741.807 casos e 106.694 óbitos decorrentes
da doença. No Brasil, até 14/4 foram 25.262 casos e 1532 óbitos, com letalidade de 6,1% (3).
Por ser uma doença nova, os dados referentes às características epidemiológicas e clínicas de
crianças infectadas pelo vírus são limitados (1, 4). A maioria dos estudos publicados foram
desenvolvidos na China, tal qual a pesquisa de Lu Xiaoxia et al (5) que avaliou 1.391 crianças e
destas, em 171 (12,3%) foi confirmado a infecção por SARS-CoV-2.
A idade média das crianças infectadas foi de 6,7 anos; a febre esteve presente em 41,5% das
crianças em algum momento da doença; outros sinais e sintomas detectados foram tosse e
eritema faríngeo, sendo que 27 crianças (15,8%) não apresentaram sintomas de infecção ou
características radiológicas de pneumonia. Por outro lado, 12 crianças com quadro radiológico
de pneumonia não apresentaram sintomas de infecção (5).
Outro estudo que analisou dados de 2.143 pacientes pediátricos chineses, com a média de
idade de 7 anos, montrou que 728 (34,1%) foram casos confirmados laboratorialmente e 1.407
(65,9%) casos suspeitos de COVID-19. Todos os casos, suspeitos e confirmados, 94 (4,4%) das
crianças eram assintomáticas, 1.088 (50,9%) apresentaram quadros leves (sintomas
infecciosos predominantemente do trato respiratório superior sem angústia respiratória
franca), e 826 (38,8%) foram classificadas como casos moderados (presença de pneumonia,
febre e tosse freqüentes, mas sem hipoxemia óbvia) (2).
Estudo de revisão sitemática sobre a COVID-19 em crianças evidenciou que estas até agora
representaram de 1-5% dos casos diagnosticados da virose no mundo. Geralmente a doença se
apresenta mais branda que nos adultos e as mortes são extremamente raras nessa faixa etária (6).
Apesar dos poucos estudos publicados, as pesquisas mostram que a COVID-19 em crianças
tem apresentado uma variedade de sintomas, mas a maioria dos pacientes se recuperam
bem, apenas com cuidados sintomáticos (7). Além disso, os estudos têm mostrado que crianças
de todas as faixas de idades parecem ser suscetíveis ao COVID-19, não havendo diferença
significativa entre o sexo masculino e feminino. Embora as manifestações clínicas dos casos de
COVID-19 em crianças sejam geralmente menos graves do que as de pacientes adultos,
crianças pequenas, principalmente bebês, são vulneráveis à infecção (2, 8).
Em países fora do continente Asiático, o número de crianças atingidas pela COVID- 19 ainda é
pequeno, sendo que a primeira morte de criança pela doença ocorreu somente em março de
2020. No Brasil, as dificuldades para confirmar os casos de COVID 19 ainda são grandes e a
divulgação de dados epidemiológicos sobre a doença decorrem de forma lenta. Até esse
momento, o Ministério da Saúde não divulgou a distribuição dos casos confirmados da doença
entre a população infanto-juvenil no país. Todavia, até o dia 11 de abril foram computados
quatro óbitos nessa população, sendo um em crianças de 0-5 anos e três óbitos de pacientes
entre 6-19 anos (3).
Em síntese, como a COVID-19 é uma doença emergente, no Brasil ainda não temos
informações sobre o perfil epidemiológico em crianças e adolescentes e nem qual é o seu
comportamento e espectro clínico, pois o agravo ainda não atingiu o pico de estabilização.
Portanto, ainda pode demandar um tempo maior para se conhecer as suas caracteristicas
nessa população, bem como a eficacia das medidas de controle e prevenção, e todas as
necessidades de cuidados de saúde que ela demanda.

Referências
1. World Health Organization. Coronavirus disease 2019 (COVID-19): situation report — 50 (https://www.who.int/docs/default-source/
coronaviruse/situation-reports/20200310-sitrep-50-covid-19.pdf?sfvrsn=55e904fb_2).
2. Dong Y, Mo X, Hu Y, Qi X, Jiang F, Jiang Z, et al: Epidemiological characteristics of 2143 pediatric patients with 2019 coronavirus disease in
China. [published online ahead of print, 2020 Mar 16]. Pediatrics. 2020;e20200702. doi:10.1542/peds.2020-0702
3. Ministério da Saúde (Brasil). Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico 9 - COE Coronavírus - 11 de abril de 2020.
4. Guan W, Ni Z, Hu Y, Liang W, Ou C, He J, et al. Clinical Characteristics of Coronavirus Disease 2019 in China [published online ahead of print,
2020 Feb 28]. N Engl J Med. 2020;NEJMoa2002032. doi:10.1056/NEJMoa2002032
5. Lu X, Zhang L, Du H, Zhang J, Li YY, Qu J, et al. SARS-CoV-2 Infection in Children [published online ahead of print, 2020 Mar 18]. N Engl J
Med. 2020;NEJMc2005073. doi:10.1056/NEJMc2005073
6. Ludvigsson JF. Systematic review of COVID-19 in children shows milder cases and a better prognosis than adults [published online ahead
of print, 2020 Mar 23]. Acta Paediatr. 2020;10.1111/apa.15270. doi:10.1111/apa.15270
7. Hasan A, Mehmood N, Fergie J. Coronavirus Disease (COVID-19) and Pediatric Patients: A Review of Epidemiology, Symptomatology,
Laboratory and Imaging Results to Guide the Development of a Management Algorithm. Cureus. 2020;12(3):e7485. doi:10.7759/cureus.7485
8. Rasmussen SA, Thompson LA. Coronavirus Disease 2019 and Children: What Pediatric Health Care Clinicians Need to Know [published
online ahead of print, 2020 Apr 3]. JAMA Pediatr. 2020;10.1001/jamapediatrics.2020.1224. doi:10.1001/jamapediatrics.2020.1224
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nº2 | Edição 1 | 2020

TROCANDO FIGURINHAS 1

SINAIS E SINTOMAS DA COVID19 NA CRIANÇA


Profa. Dra. Patrícia Kuerten Rocha
Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa
Catarina. Membro da Comissão Permanente de Publicação, Divulgação e Comissão
Social da SOBEP, Gestão 20219-2021.

QUAIS SÃO OS SINAIS E SINTOMAS APRESENTADOS PELAS CRIANÇAS?


Os dados de pesquisas realizadas na China sugerem que os casos de COVID-19 em pediatria
são menos severos do que em adultos. Os estudos preliminares realizados nos Estados
Unidos indicam que menos crianças são hospitalizadas em relação ao número de adultos.
Destaca-se que o quadro clínico da COVID-19 pode ser caracterizado como leve, moderado,
grave ou crítico.
Crianças podem ser assintomáticas ou apresentar febre, tosse seca e fadiga, com alguns
sintomas respiratórios superiores, incluindo congestão nasal e coriza o que caracteriza um
quadro clínico leve. Ainda, alguns pacientes podem apresentar sintomas gastrointestinais,
incluindo desconforto abdominal, náusea, vômito e diarreia.
Os casos moderados são caracterizados por pneumonia sem complicações, ou seja, infecção
do trato respiratório inferior sem sinais de gravidade, podendo ter como sinais e sintomas
febre, tosse, dificuldade respiratória e taquipneia, ainda sem hipoxemia.
Já os casos graves se caracterizam com a evolução para uma pneumonia grave, com tosse ou
dificuldade em respirar, acompanhado pelo menos um destes sinais: cianose central ou SpO2
< 90% a 92%; sinais de angústia respiratória; sinais sistêmicos de alerta, como a incapacidade
de amamentar ou de beber, letargia ou inconsciência ou convulsões.
A caracterização dos casos críticos se dá pela síndrome respiratória aguda grave (SRAG),
como também choque, encefalopatia, lesão miocárdica e insuficiência cardíaca, distúrbios da
coagulação e lesão renal aguda.
Cabe destacar, que as manifestações clínicas não são típicas e são relativamente mais suave
em pediatria do que em pacientes adultos. Porém, em crianças menores foi verificado maior
possibilidade de hospitalização e, crianças com doença pulmonar crônica, incluindo asma,
doenças cardiovasculares; e, imunocomprometidas foram associadas com maior risco de
casos mais graves de COVID-19.
A maioria das crianças infectadas se recuperaram dentro de 1 e 2 semanas após o início dos
sintomas, sendo o prognóstico positivo.

COMO ACONTECE A CONTAMINAÇÃO EM NEONATOS E CRIANÇAS?


Os recém-nascidos podem adquirir a infecção por SARS-CoV-2 por meio do contato próximo de
mães infectadas. Ressalta-se, que não há evidência de transmissão vertical intra-útero.
E, os casos pediátricos acontecem principalmente devido o contato familiar, em sua maioria
contraídos de adultos infectados ou outras crianças com COVID-19, devido a transmissão ser
de pessoa para pessoa.

Referências
1. Hong H, Wang Y, Chung HT, Chen CJ. Clinical characteristics of novel coronavirus disease 2019 (COVID-19) in newborns, infants and
children. Pediatr Neonatol. 2020;61(2):131–132. doi:10.1016/j.pedneo.2020.03.001
2. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Pneumologia. COVID-19 em crianças: envolvimento respiratório, 2 de abril de
2020.
3. Ogimi C, Englund JA, Bradford MC, Qin X, Boeckh M, Waghmare A. Characteristics and outcomes of coronavirus infection in children: the
role of viral factors and an immunocompromised state. J Pediatric Infect Dis Soc. 2019;8(1):21–28. doi:10.1093/jpids/pix093
4. Cruz AT, Zeichner SL. COVID-19 in Children: Initial Characterization of the Pediatric Disease [published online ahead of print, 2020 Mar 16].
Pediatrics. 2020;e20200834. doi:10.1542/peds.2020-0834
5. Center for Disease Control and Prevention (EUA). Morbidity and Mortality Weekly Report. Coronavirus Disease 2019 in Children — United
States, February 12–April 2, 2020, Vol 69 de abril de 2020.
Sociedade Brasileira de
Enfermeiros Pediatras
Boletim Informativo SOBEP
nº2 | Edição 1 | 2020

TROCANDO FIGURINHAS 2

AMAMENTAÇÃO E A COVID19
Enfa. Ma. Letícia Lima Colinete Costa
Coordenadora do Banco de Leite Humano Maria Lucilia Monti Magalhães do Hospital
Universitário de Londrina.

Profa. Dra. Edilaine Giovanini Rossetto


Professora associada da Universidade Estadual de Londrina. Segunda Secretária da
SOBEP, Gestão 2019-2021.

NUTRIZ COM SUSPEITA OU CONFIRMAÇÃO DE INFECÇÃO PELA COVID19


PODE AMAMENTAR?
Sim. De acordo com a Nota Técnica n° 7/2020-DAPES/SAPS/MS, a recomendação é de que o
Aleitamento Materno deve ser mantido em lactantes suspeitas ou confirmadas com infecção
pela COVID-19, desde que esse seja o desejo da mãe e esta tenha condições clínicas adequadas
para fazê-lo.
Os benefícios da amamentação superam os riscos de transmissão pela COVID-19 tendo em
vista que até o presente momento não há evidências científicas da transmissão do vírus pelo
leite materno.
Caso a nutriz não se sinta segura para amamentar a criança, pode-se realizar a extração de
leite e o mesmo ser administrado para o recém-nascido por um cuidador saudável e treinado
por um profissional da saúde para a realização da técnica através do copinho, xícara ou colher.
Essa nota foi elaborada pelo Ministério da Saúde em parceria com a Rede Brasileira de Bancos
de Leite Humano (rBLH), Sociedade Brasileira de Pediatria, Instituto de Medicina Integrada
Professor Fernando Figueira, Instituto de Saúde de São Paulo, Associação Brasileira de
Obstretrizes e Enfermeiros Obstetras e Rede Internacional em Defesa do Direito de
Amamentar/Internacional Baby Food Action Network (IBFAN).

EXISTEM CUIDADOS QUE DEVEM SER TOMADOS DURANTE A AMAMENTAÇÃO


EM CASOS SUSPEITOS OU CONFIRMADOS DE INFECÇÃO PELA COVID19?
Sim. Existem algumas medidas de prevenção que devem ser realizadas para minimizar a
transmissibilidade do vírus através de gotículas respiratórias durante o contato com a criança.
São elas: lavar as mãos por pelo menos 20 segundos antes de tocar na criança ou de realizar
a extração de leite, que pode ser manual ou por bomba extratora.
Se o leite for extraído por bomba, deve-se realizar a limpeza, conforme recomendação do
fabricante, após cada uso; usar máscara facial, protegendo nariz e boca, durante as mamadas
e deve-se evitar falar ou tossir durante a amamentação. A máscara deve ser trocada a cada
nova mamada ou imediatamente após tosse ou espirro.

SE A NUTRIZ COM SUSPEITA OU CONFIRMAÇÃO DE INFECÇÃO PELA


COVID19 TIVER LEITE EXCEDENTE PODE DOAR PARA UM BANCO DE LEITE
HUMANO (BLH)?
Não. De acordo com a Nota Técnica n° 5/2020-COCAM/CGCIVI/DAPES/SAPS/MS a doação de
leite materno é contra indicada para mulheres com sintomas relacionados à síndrome gripal,
infecção respiratória ou confirmação de caso de COVID-19.
Tal medida já é praticada pela rBLH que tem como critério para doação de leite ser nutriz
saudável e não estar em uso de fármacos que possam interferir na amamentação e na
qualidade do leite. Essa contraindicação é estendida às mulheres que sejam contato domiciliar
de casos com síndrome gripal ou caso confirmado de COVID-19.

A DOAÇÃO DE LEITE HUMANO CONTINUA PERMITIDA EM TEMPOS DE


PANDEMIA PARA MULHERES SEM SINAIS DE GRIPE, SUSPEITA OU
CONFIRMAÇÃO DE INFECÇÃO PELA COVID19?
Sim. Toda lactante saudável, que não utiliza medicamentos que impeçam a doação e tenha
leite excedente pode doar o leite materno. Recém-nascidos pré-termos e de baixo peso
hospitalizados em Unidades de Terapia Intensiva que não podem receber o leite de suas mães
são beneficiados com o leite materno doado.
Daí a importância de os profissionais da saúde continuarem incentivando a doação para que a
distribuição não seja prejudicada.O Brasil possui 224 Bancos de Leite Humano, e a mulher que
tem interesse em doar deve ligar para o BLH mais próximo de sua região para receber as
devidas orientações de como deve proceder.
A rBLH é uma ação estratégica da Política Nacional de Aleitamento Materno que visa coletar,
processar e distribuir o leite humano, além de realizar atendimento de orientações e apoio ao
Aleitamento Materno contribuindo para o desenvolvimento da saúde, protegendo as crianças
contra infecções, diarreias e alergias e aumentando as chances de uma recuperação mais
rápida.

Referências
Ministério da Saúde (Brasil). Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução de Diretoria Colegiada da ANVISA nº 171/2006: Dispõe sobre
o Regulamento Técnico para o funcionamento de Bancos de Leite Humano. Documento disponível na internet: http://portal.anvisa.gov.br/
documents/33880/2568070/res0171_04_09_2006.%20pdf/086680c6-2a27- 4629-ba6f-f4f41cef14c3
Ministério da Saúde (Brasil). Nota Técnica n° 5/2020-COCAM/CGCIVI/DAPES/SAPS/MS. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/
docs/portaldab/documentos/notatecnicaaleitamento30mar2020COVID-19.pdf
Ministério da Saúde (Brasil). Nota Técnica n° 7/2020-DAPES/SAPS/MS. Disponível em: https://rblh.fiocruz.br/sites/rblh.fiocruz.br/files/
usuario/80/2020-sei_ms-0014033399-nota-tecnica-aleitamento-e-covid.pdf
Ministério da Saúde (Brasil). Fundação Oswaldo Cruz. Rede Brasileira De Bancos De Leite Humano. Recomendação Técnica No.01/20.170320.
Disponível em: https://rblh.fiocruz.br/sites/rblh.fiocruz.br/files/usuario/77/covid-19_rblh_recomendacao_portugues.pdf
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Enfermeiros Pediatras
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nº2 | Edição 1 | 2020

TROCANDO FIGURINHAS 3

COMO HIGIENIZAR OS BRINQUEDOS EM TEMPOS DE CORONAVÍRUS?


Profa. Dra Ariane Ferreira Machado Avelar
Professora Associada do Departamento de Enfermagem Pediátrica da Escola Paulista
de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo. Membro da Comissão
Permanente de Publicação, Divulgação e Comissão Social da SOBEP, Gestão 2019-2021.

Antes e depois da brincadeira, lave bem as mãos da criança e do adulto que participará com
água e sabão, ou use álcool em gel. Os brinquedos devem ser lavados regularmente com água
e sabão, deixando-os secar naturalmente.
Limpe os brinquedos pelo menos uma vez ao dia com álcool a 70% ou com solução de água
sanitária (Hipoclorito de sódio, Candida®, Qboa®). A solução de água sanitária deve ser
preparada em um frasco identificado: “Solução de água sanitária” e mantido longe do alcance
das crianças.
A concentração da água sanitária pura deve ser identificada na embalagem do fabricante.
• Se a concentração da água sanitária for de 2 a 2,5%: Dilua em 900 ml de água 10 colheres de
sopa de água sanitária.
• Se a concentração da água sanitária for de 1%: Dilua em 950 ml de água 20 colheres de sopa
de água sanitária.
Os brinquedos podem ser mantidos imersos na solução por 30 minutos, enxaguados em água
corrente, deixando-os secarem naturalmente. Aqueles que não puderem ser imersos em água,
limpe-os com um pano umedecido com álcool à 70%.

Referência
Kampt G, Todt D, Pfaender S, Steinmann. Persistence of coronaviruses on inanimate surfaces and their inactivation with biocidal agents. J
Hosp Infect; 2020:104(5):246-51.
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TROCANDO FIGURINHAS 4

COMUNIDADES EM VULNERABILIDADE SOCIAL E MEDIDAS PREVENTIVAS


PARA O CORONAVÍRUS
Profa. Dra Climene Laura de Camargo
Professora Titular da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia.

Profa. Dra Maria Carolina Ortiz Whitaker


Professora Adjunta da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia.
Membro da Comissão Permanente de Publicação, Divulgação e Comissão Social da
SOBEP, Gestão 2019-2021.

Pensar em medidas preventivas para qualquer agravo em comunidades em vulnerabilidade


social, é algo complexo, pois este grupos vivenciam em seu cotidiano as consequências do
isolamento sócio/político e econômico, materializado no alijamento dos bens públicos; Esta
complexidade se torna maior quando estas medidas são pensadas para prevenir um vírus de
alta disseminação como é o caso do corona-vírus.
Mas são estas pessoas, as que mais necessitam ser protegidas frente esta pandemia que vem
assolando o mundo, considerando que residem em casas com superlotação situadas em
bairros com alta densidade geográfica; sofrem a escassez de água tratada; da falta de
saneamento básico; da baixa escolaridade que dificulta o entendimento da enxurrada de
informações prestadas pelos meios de comunicação, e principalmente, são os primeiros a
serem afetados pela diminuição de empregos.
Diante deste contexto, são necessárias algumas medidas de proteção específicas para
comunidades em vulnerabilidade social como as comunidades tradicionais e quilombolas que
vivem em pequenas comunidades, por vezes com distanciamento geográfico de grandes
centros urbanos;
Princípios para a orientação de pessoas em comunidades tradicionais
• As orientações devem ser realizadas de maneira que sejam respeitados os costumes e
tradições e ao mesmo tempo possibilite o acesso a informação sobre a pandemia e maneiras
de prevenção a Covid-19.
• Planejar juntamente com as lideranças comunitárias as ações para a divulgação e incentivo
das medidas de prevenção;
• Estar disponível para escuta sensível e atenta as dúvidas;
• Orientar para que a comunidade não se desloque para grandes centros urbanos, evite de
receber visitas e cancele atividades temáticas, religiosas e turísticas;
• Reforçar a importância de preservar os idosos e doentes crônicos (não sair de casa/ não ter
contato com quem precisa sair);
• Fazer contato e parceria com instituições e ONGs que estejam fornecendo alimentos e kits de
higiene para suprir as necessidades da comunidade;
• Para as pessoas que necessitarem sair de casa diariamente (pescar, mariscar, plantar,
vender produtos), devem ser fornecidas máscara e kit para lavagem das mãos ou álcool gel;
• Auxiliar as lideranças a organizar logística para receber os auxílios destinados as famílias
(evitando aglomeração e várias idas aos centros urbanos);
• Orientar, divulgar as medidas de apoio financeiro oferecia pelos setores públicos: federal
(Auxílio emergencial) estadual e municipal.
As orientações e os planejamentos de ações com as comunidades deverão ser pautados nas
recomendações do Ministério da Saúde:
• Lavar com frequência as mãos até a altura dos punhos, com água e sabão, ou então higienize
com álcool em gel 70%.
• Ao tossir ou espirrar, cobrir o nariz e a boca com lenço ou com o braço, e não com as mãos.
Evite tocar olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
• Evitar circulação desnecessária em lugares públicos, se puder, fique em casa. Caso
apresente alguns dos sintomas da Covid-19, evite contato físico com outras pessoas,
principalmente idosos e doentes crônicos, fique em casa até melhorar, ou se tiver piora nos
sintomas procure assistência à saúde.

Referência
Ministério da Saúde (Brasil). Isolamento domiciliar população APS. http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/ documentos/
Isolamento_domiciliar _populacao_APS_20200319_ver001.pdf
The Alliance for Child Protection in Humanitarian Action, Technical Note: Protection of Children during the Coronavirus Pandemic, Version 1,
March 2020.
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TROCANDO FIGURINHAS 5

HÁ GRUPOS DE CRIANÇAS SUSCEPTÍVEIS AO DESENVOLVIMENTO OU


AGRAVAMENTO DA COVID19?
Profa. Viviane Martins da Silva
Professora Associada da Universidade Federal do Ceará. Membro da Comissão
Permanente de Assistência da SOBEP, Gestão 2029-2021.

A disseminação global da COVID-19 tem sido um desafio em todos os países. Embora adultos
e idosos representem maior número de infectados, há uma crescente preocupação com
grupos de crianças portadoras de doenças crônicas ou com condições de
imunocomprometimento. Cardiopatias congênitas, asma, obesidade, imunodeficiência podem
vir a tornar crianças mais vulneráveis a resultados mais graves de infecções pelo SARS-CoV-2.
Por ainda estarmos conhecendo o real risco de acometimento da COVID-19, incentivamos que
famílias de crianças com doenças crônicas ou imunocomprometidas sigam rigorosamente as
recomendações do Ministério da Saúde em relação às medidas de prevenção desta infecção.
Sugere-se que crianças com cardiopatias congênitas ou adquiridas que cursam com
repercussão hemodinâmica significativa (insuficiência cardíaca, hipertensão pulmonar ou
hipoxemia) ou aquelas com cardiopatias corrigidas que mantêm sinais de insuficiência
cardíaca, hipertensão pulmonar, cianose ou hipoxemia constituem grupo de risco para
COVID-19. Acredita-se que estas crianças quando infectadas poderão evoluir com
agravamento das condições ventilatórias de forma mais precoce e intensa.
Para portadores de cardiopatias estáveis, entidades médicas têm recomendado o adiamento
da realização de cirurgias ou de procedimentos invasivos para diagnóstico ou tratamento.
Diante de cardiopatia grave e com significativa repercussão clínica e hemodinâmica, os
procedimentos cirúrgicos ou de cateterismo intervencionista devem seguir programação já
estabelecida por se considerar que grande parte das cardiopatias na criança são graves e o
risco desta cardiopatia supera o risco da COVID-19. Ressalta-se a necessidade de manter a
imunização das crianças cardiopatas contra Influenza, vírus sincicial respiratório e
pneumococo.
De forma similar, crianças com diagnóstico de imunodeficiência primária podem apresentar
risco aumentado para o desenvolvimento de doença respiratória grave, na dependência do
tipo de defeito do sistema imunológico. Embora não haja dados de pesquisa, acredita-se que
crianças com imunodeficiência combinada grave são população de maior risco de apresentar
COVID-19. Já crianças que apresentam defeitos na produção de anticorpos apresentam maior
risco de evoluir com complicações bacterianas após a infecção viral.
Sabe-se também que crianças transplantadas são altamente susceptíveis a infecções virais
devido ao estado crônico de imunossupressão a que estão submetidas. Portanto, diante de
infecção por COVID-19, estas crianças podem evoluir rapidamente para um espectro de
gravidade.
Para crianças com condições de imunocomprometimento, recomenda-se manutenção do
isolamento social, estendido a todos os indivíduos que moram na mesma casa e/ou que são
responsáveis diretas por seu cuidado. Solicita-se também que não haja suspensão de
qualquer tratamento sem recomendação médica.
As mesmas recomendações são dadas para pais de crianças com asma. Estas constituem
grupo susceptível ao desenvolvimento de complicações diante da COVID-19. Crises de asma
são frequentemente associadas a presença de doenças virais. Assim como agem outros vírus,
suspeita-se que o SARS-CoV-2 possa desencadear inflamação brônquica e alérgica e danos às
estruturas respiratórias das crianças asmáticas.
Crianças com obesidade mórbida também constituem grupo de risco para manifestação de
complicações no curso de desenvolvimento da COVID-19. Sabe-se que pacientes obesos
evoluem com problemas respiratórios como apneia obstrutiva e disfunção de surfactante.
Entidades de profissionais de saúde têm ainda associado a obesidade mórbida à dificuldade de
realização de exames de imagem, de intubação traqueal e cuidado de enfermagem.
Independente da condição clínica apresentada pela criança, a conduta de melhor resultado é o
isolamento social. Por isso, todos os profissionais de saúde devem reforçar a orientação dos
pais e familiares quanto a distanciamento social, enfatizando as ações de manter sempre uma
distância mínima de 1 metro de outras pessoas; lavar as mãos; cobrir o nariz e a boca com o
braço quando for tossir ou espirrar; evitar o compartilhamento de brinquedos ou outros
objetos com outras crianças; evitar aglomeração de crianças, mesmo que em locais abertos.

Referências
Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Cardiologia. Departamento de Cardiopatias Congênitas e Cardiologia Pediátrica.
Departamento de Cirurgia Cardiovascular Pediátrica. Nota de alerta: A criança com cardiopatia nos tempos de COVID-19, 21 de março de 2020.
Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Endocrinologia. Nota de alerta: Obesidade em crianças e adolescentes e
COVID-19, 10 de abril de 2020.
Sociedade Brasileira de Pediatria - Departamento Científico de Imunologia Clínica. Grupo Brasileiro de Imunodeficiências (BRAGID) - Jeffrey
Modell Foudation Brasil.
Associação Brasileira de Alergia e Imunologia - Departamento Científico de Imunodeficiências. Nota de alerta: A COVID-19 em pacientes
pediátricos com Erros Inatos da Imunidade - Posicionamento conjunto, 30 de março de 2020.
Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Alergia. Departamento Científico de Pneumologia. Orientações aos pacientes e
cuidadores de crianças com asma na pandemia de COVID-19, março de 2020.
She J, Liu L, Liu W. COVID-19 epidemic: Disease characteristics in children [published online ahead of print, 2020 Mar 31]. J Med Virol.
2020;10.1002/jmv.25807. doi:10.1002/jmv.25807
Yi J, Xiaoxia L, Runming J, et al. Novel coronavirus infections: standard/protocol/guideline recommendations for the diagnosis, prevention
and control of the 2019 novel coronavirus infection in children (the second edition). Chin J Appl Clin Pediatr. 2020;35(2):143‐150.
https://doi-org.ez11.periodicos.capes.gov.br/10.3760/cma.j.issn.2095‐428X.2020.02.012

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