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1o Edição

A primeira intenção ao elaborar este documento foi cooperar e auxiliar os trabalhos didáticos das
disciplinas de Topografia Teórica e Prática, do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais.
Além deste objetivo, que já justifica todo o empenho, este trabalho busca contribuir com a literatura
das ciências geodésica e topográfica.
É com muita satisfação que repasso este conhecimento à família
“cefetiana” e aos demais leitores de outras instituições, reconhecendo que ao
elaborar este projeto, iniciei-o com afinco, executei-o com paixão e finalizei-o
com satisfação.
Agradeço a minha família à compreensão pelas horas dedicadas na
confecção deste documento, e ao Centro Federal de Educação Tecnológica pelo
apoio de recursos humanos e materiais.

13 de fevereiro de 1998.
Marcelo Tuler de Oliveira
Engenheiro Agrimensor
 mtuler@deii.cefetmg.br

2o Edição

Com satisfação faço a apresentação deste documento, agradecendo ao amigo Marcelo Tuler, autor
desta obra, pela oportunidade de prestar minha colaboração a esse trabalho. Sei que foi elaborado com muita
dedicação, esforço e pesquisa. A sua grande preocupação com o ensino e sua capacidade e competência, criou
uma excelente fonte de consulta para estudantes e profissionais das áreas de Topografia e Geodésia.

ii
Esta 2a Edição, revisada e ampliada é bastante didática e bem
organizada em capítulos por assuntos, facilitando a leitura e o
entendimento, destes estudantes e profissionais que necessitem de
aprendizado no dia a dia, ou aprimoramento de seus conhecimentos.
Com certeza é uma importante contribuição à literatura técnica.
Com conteúdo atualizado, bem ilustrado, com vários
exemplos e exercícios, este trabalho demonstra dedicação a anos de
estudos e pesquisa na área. Com sua experiência em docência, o
Professor Tuler, compartilha seus conhecimentos com clareza e muito profissionalismo.
Com certeza esta obra ajudará muitas pessoas no seu desenvolvimento profissional, em especial aos
estudantes dos Cursos Técnicos e aos alunos de Engenharia de Agrimensura.
A exemplo da 1a Edição, que é fonte de consulta bibliográfica de muitos trabalhos e pesquisas, esta 2a
Edição, ainda melhorada, contribuirá ainda muito mais à comunidade técnica.

04 de março de 2002.
Sérgio Luiz Costa Saraiva
Engenheiro Civil
 saraiva@deii.cefetmg.br

iii
pg.

Prefácio ............................................................................................................................................................. ii
Sumário ............................................................................................................................................................ iv
Lista de Figuras ................................................................................................................................................ x
Lista de Quadros e Tabelas ............................................................................................................................... xvi

Capítulo 1 - Generalidades e Definições


1 - Introdução ................................................................................................................................................... 1
2 - Resumo Histórico ........................................................................................................................................ 2
2.1 - Das Primeiras Civilizações à Idade Antiga ......................................................................................... 2
2.2 - Da Idade Média à Revolução Científica ............................................................................................. 6
2.3 - Da Revolução Industrial ao Contemporâneo ...................................................................................... 7
3 - Conceitos Fundamentais da Geodésia ......................................................................................................... 8
3.1 - Terra Geoidal, Elipsoidal e Esférica ................................................................................................... 9
4 - Conceitos Fundamentais da Topografia ...................................................................................................... 14
4.1 - Divisão da Topografia ......................................................................................................................... 14
4.2 - Importância e Aplicações .................................................................................................................... 16
5 - Sistemas de Referência na Geodésia e Topografia ...................................................................................... 17
5.1 - Sistema de Coordenadas Astronômicas e Geodésicas ........................................................................ 18
5.1.1 - Sistema de Coordenadas Astronômicas .................................................................................... 18
5.1.2 - Sistema de Coordenadas Geodésicas ........................................................................................ 19
5.1.3 - Relação entre as Coordenadas Astronômicas e Geodésicas ..................................................... 19
5.2 - Sistema de Coordenadas UTM e Topográficas ................................................................................... 20
5.2.1 - Sistema de Coordenadas UTM ................................................................................................. 20
5.2.2 - Sistema de Coordenadas Topográficas ..................................................................................... 22
5.2.3 - Relação entre o Sistema de Coordenadas UTM e Topográficas .............................................. 23

iv
6 - Sistema Geodésico Brasileiro ...................................................................................................................... 23
6.1 - Situação Atual do SGB ....................................................................................................................... 24
6.2 - Novas Propostas para Implantação de Redes Fundamentais ............................................................... 26

Capítulo 2 - Planimetria
1 - Introdução ................................................................................................................................................... 29
2 - Sistemas de Unidades de Medidas .............................................................................................................. 29
2.1 - Unidade de Medida Linear .................................................................................................................. 30
2.2 - Unidade de Medida de Superfície ....................................................................................................... 32
2.3 - Unidade de Medida de Volume ........................................................................................................... 34
2.4 - Unidade de Medida Angular ............................................................................................................... 34
2.4.1 - Sistema Sexagesimal ................................................................................................................ 34
2.4.2 - Sistema Centesimal e Radiano ................................................................................................. 37
3 - Gramometria ................................................................................................................................................ 40
3.1 - Processos Diretos ................................................................................................................................ 40
3.2 - Processos Indiretos .............................................................................................................................. 43
3.2.1 - Distância Horizontal - Plano Horizontal .................................................................................. 43
3.2.2 - Distância Horizontal - Plano Inclinado .................................................................................... 45
3.2.3 - Diferença de Nível .................................................................................................................... 46
3.2.4 - Distâncias Máximas e Mínimas ................................................................................................ 47
4 - Goniologia ................................................................................................................................................... 50
4.1 - Ângulos Horizontais ............................................................................................................................ 50
4.1.1 - Ângulos Azimutais ................................................................................................................... 51
4.1.2 - Ângulos Goniométricos ............................................................................................................ 52
4.1.3 - Azimutes Calculados ................................................................................................................ 53
4.2 - Ângulos Verticais................................................................................................................................. 54
4.2.1 - Ângulo de Inclinação ................................................................................................................ 54
4.2.2 - Ângulo Zenital .......................................................................................................................... 54
4.3 - Magnetismo Terrestre ......................................................................................................................... 55
4.3.1 - Declinação Magnética .............................................................................................................. 55
5 - Métodos de Levantamento Planimétrico ..................................................................................................... 58
5.1 - Métodos Principais e Secundários ...................................................................................................... 59
5.1.1 - Métodos Principais ................................................................................................................... 59
5.1.2 - Métodos Secundários ............................................................................................................... 61
5.1.3 – Exemplo 30 – Ponto Inacessível .............................................................................................. 62
5.2 - Poligonal Topográfica ......................................................................................................................... 65
6 - Planilha de Coordenadas ............................................................................................................................. 69

v
6.1 - Cálculo do Fechamento Angular ......................................................................................................... 69
6.1.1 - Determinação do Erro Angular ................................................................................................ 70
6.1.2 - Tolerância do Erro Angular ...................................................................................................... 72
6.1.3 - Distribuição do Erro Angular ................................................................................................... 73
6.2 - Cálculo de Azimutes ........................................................................................................................... 74
6.3 - Cálculo das Coordenadas Relativas Não Corrigidas ........................................................................... 76
6.4 - Cálculo do Fechamento Linear ........................................................................................................... 78
6.4.1 - Determinação do Erro Linear ................................................................................................... 78
6.4.2 - Tolerância do Erro Linear ........................................................................................................ 78
6.5 - Cálculo das Coordenadas Relativas Corrigidas .................................................................................. 79
6.6 - Cálculo das Coordenadas Absolutas ................................................................................................... 80
6.7 - Exemplos de Cálculos de Planilhas de Coordenadas .......................................................................... 81
6.7.1 - Exemplo 39 .............................................................................................................................. 81
6.7.2 - Exemplo 40 .............................................................................................................................. 87
7 - Cálculo de Áreas Planas .............................................................................................................................. 94
7.1 - Método Analítico pela Fórmula de Gauss ........................................................................................... 94
7.2 - Método de Decomposição em Polígonos ............................................................................................ 97
7.3 - Método de Comparação por Quadrículas ............................................................................................ 98

Capítulo 3 - Altimetria
1 - Introdução ................................................................................................................................................... 101
1.1 - Superfícies de Referência de Nível ..................................................................................................... 101
1.1.1 - Erro de Nível Aparente ............................................................................................................. 103
1.2 - Altitude, Cota e Diferença de Nível .................................................................................................... 105
2 - Instrumentos Altimétricos ........................................................................................................................... 107
2.1 - Plano de Visada Horizontal ................................................................................................................. 107
2.2 - Plano de Visada Inclinado ................................................................................................................... 110
2.3 - Acessórios ........................................................................................................................................... 111
2.4 - Barômetros .......................................................................................................................................... 111
3 - Processos de Nivelamento ........................................................................................................................... 112
3.1 - Introdução ........................................................................................................................................... 112
3.2 - Nivelamento Geométrico .................................................................................................................... 112
3.3 - Nivelamento Trigonométrico .............................................................................................................. 113
3.4 - Nivelamento Barométrico ................................................................................................................... 115
3.5 - Nivelamento Taqueométrico ............................................................................................................... 116
3.6 - Fatos Atuais em Altimetria ................................................................................................................. 116
3.6.1 - Normas Técnicas Nivelamento segundo a ABNT .................................................................... 117
3.6.2 - Nivelamento Geodésico ........................................................................................................... 117
vi
3.6.3 - Nivelamento GPS ..................................................................................................................... 120
4 - Nivelamento Geométrico ............................................................................................................................ 121
4.1 - Nivelamento Geométrico Simples ....................................................................................................... 121
4.2 - Nivelamento Geométrico Composto ................................................................................................... 124
4.3 - Verificação dos Cálculos da Caderneta ............................................................................................... 126
4.4 – Erro no Nivelamento Topográfico ...................................................................................................... 127
4.4.1 – Determinação do Erro .............................................................................................................. 128
4.4.2 - Definição da Tolerância ........................................................................................................... 129
4.4.3 - Distribuição do Erro Admissível .............................................................................................. 130
4.5 - Exemplo de Cálculo de Nivelamento Geométrico .............................................................................. 130
5 - Perfis Longitudinais e Transversais ............................................................................................................ 133
5.1 - Perfil Longitudinal .............................................................................................................................. 134
5.2 - Perfil Transversal ................................................................................................................................ 134
5.2.1 - Nivelamento das Seções Transversais a Nível ......................................................................... 135
5.2.2 - Nivelamento das Seções Transversais a Régua ........................................................................ 135
5.2.3 - Nivelamento das Seções Transversais a Clinômetro ................................................................ 137
6 - Representação Altimétrica .......................................................................................................................... 138
6.1 - Planta Baixa ........................................................................................................................................ 139
6.2 - Perfil .................................................................................................................................................... 140

Capítulo 4 - Planialtimetria
1 - Introdução ................................................................................................................................................... 143
2 – Levantamento Planialtimétrico ................................................................................................................... 143
3 - Exemplo de Cálculo Planialtimétrico .......................................................................................................... 144
3.1 – Planimetria – Planilha de Coordenadas .............................................................................................. 147
3.2 – Altimetria – Nivelamento Estadimétrico ............................................................................................ 152
3.3 – Planialtimetria ..................................................................................................................................... 154

Capítulo 5 - Sistema de Posicionamento por Satélites - Aspectos Básicos


1 - Introdução e Histórico ................................................................................................................................. 159
2 - Segmentos do Sistema e o Projeto NAVSTAR-GPS .................................................................................. 160
3 - Princípios de Observação e Técnicas de Posicionamento GPS ................................................................... 162
3.1 - Observações no Modo Relativo ou Diferencial .................................................................................. 164
4 - Informações Básicas para Utilização do Sistema ........................................................................................ 167
5 - Transformação de Referenciais Geodésicos ................................................................................................ 167

vii
6 - Instrumento Receptor .................................................................................................................................. 168
7 - Precisão e Classificação dos Levantamentos GPS ...................................................................................... 168
8 – Aplicações do Sistema GPS ....................................................................................................................... 170

Capítulo 6 - Fotogrametria - Aspectos Básicos


1 - Definições e Generalidades ......................................................................................................................... 173
2 - Câmaras Aéreas ........................................................................................................................................... 174
2.1 Câmaras Aéreas Digitais ....................................................................................................................... 175
3 - Formação do Modelo Estereoscópico ......................................................................................................... 177
3.1 - Restituição Fotogramétrica ................................................................................................................. 178
4 - Medição Aproximada de Altura .................................................................................................................. 180
5 - Plano de Vôo Aerofotogramétrico .............................................................................................................. 182
5.1 - Informações Complementares para Projeto Aerofotogramétrico ........................................................ 186
5.2 - Problema de Orientação das Fotos ...................................................................................................... 187
6 - Produtos Aerofotogramétricos .................................................................................................................... 189
6.1 - Aplicações na Fotointerpretação ......................................................................................................... 190

Capítulo 7 - Ajustamento de Observações Topográficas - Aspectos Básicos


1 - Generalidades e Definições ......................................................................................................................... 193
2 - Conceitos e Classificação dos Erros de Observação ................................................................................... 195
2.1 - Conceitos Iniciais ................................................................................................................................ 196
2.2 - Classificação dos Erros de Observação ............................................................................................... 197
2.2.1 - Estudos Experimentais dos Erros Acidentais ........................................................................... 198
3 - Aplicações Estatísticas ................................................................................................................................ 201
3.1 - Exemplo 1 ........................................................................................................................................... 202
3.2 - Exemplo 2 ........................................................................................................................................... 204
3.3 - Exemplo 3 ........................................................................................................................................... 207

Capítulo 8 – Locação – Aspectos Básicos


1 – Generalidades e Definições ........................................................................................................................ 213
2 – Locação para Construção de Estradas ........................................................................................................ 214
2.1 – Locação das Tangentes e PI´s ............................................................................................................. 215
2.2 – Locação das Curvas ............................................................................................................................ 217
2.1.1 – Curva Circular Simples ............................................................................................................ 218

Capítulo 9 – Animais Peçonhentos – Aspectos Básicos


1 – Introdução ................................................................................................................................................... 249

viii
2 – Animais Perigosos ...................................................................................................................................... 250
2.1 – Aranhas ............................................................................................................................................... 252
2.2 – Escorpiões .......................................................................................................................................... 253
2.3 – Abelhas, vespas e marimbondos ......................................................................................................... 253
2.4 – Taturanas e Lacraias ........................................................................................................................... 254
2.5 – Cobras ................................................................................................................................................. 255
2.5.1 – Identificação de Cobras ........................................................................................................... 255
3 – Prevenção de Acidentes .............................................................................................................................. 259

Referências Bibliográficas ................................................................................................................................ 263

ix
pg.
Capítulo 1 - Generalidades e Definições
Figura 1.1: Determinação do raio da Terra, por Erastótenes ............................................................................ 4
Figura 1.2: Narrativa da experiência de Erastótenes ........................................................................................ 5
Figura 1.3: Astrolábio ....................................................................................................................................... 6
Figura 1.4: Elipsóide de Revolução .................................................................................................................. 9
Figura 1.5: Extensão do campo topográfico ..................................................................................................... 12
Figura 1.6: Sistema de coordenadas astronômicas ........................................................................................... 17
Figura 1.7: Sistema de coordenadas geodésicas ............................................................................................... 18
Figura 1.8: Relação entre superfícies da Geodésia ........................................................................................... 19
Figura 1.9: Algumas superfícies de projeção ................................................................................................... 20
Figura 1.10: Projeção UTM .............................................................................................................................. 20
Figura 1.11: Sistema de coordenadas UTM ..................................................................................................... 21
Figura 1.12: Deformações do sistema de projeção UTM ................................................................................. 21

Capítulo 2 - Planimetria
Figura 2.1: Múltiplos e submúltiplos do metro ................................................................................................ 30
Figura 2.2: Sistema sexagesimal ...................................................................................................................... 35
Figura 2.3: Sistema centesimal ......................................................................................................................... 37
Figura 2.4: Sistema radiano .............................................................................................................................. 38
Figura 2.5: Medição horizontal do alinhamento AB ........................................................................................ 40
Figura 2.6: Horizontalidade do diastímetro ...................................................................................................... 41
Figura 2.7: Erro de catenária ............................................................................................................................ 42
Figura 2.8: Desvio vertical da baliza ................................................................................................................ 42
Figura 2.9: Desvio lateral do diastímetro ......................................................................................................... 42
Figura 2.10: Distância horizontal estadimétrica I ............................................................................................. 43
Figura 2.11: Fios estadimétricos ....................................................................................................................... 44

x
Figura 2.12: Tipos de luneta ............................................................................................................................. 45
Figura 2.13: Distância horizontal estadimétrica II ............................................................................................ 45
Figura 2.14: Diferença de nível estadimétrica .................................................................................................. 46
Figura 2.15: Máxima distância teórica conferindo ........................................................................................... 48
Figura 2.16: Máxima distância teórica sem conferência .................................................................................. 48
Figura 2.17: Mínima distância teórica conferindo ............................................................................................ 48
Figura 2.18: Distância horizontal e diferença de nível pelo processo estadimétrico ........................................ 49
Figura 2.19: Ângulos na Topografia ................................................................................................................. 50
Figura 2.20: Ângulo horizontal α ..................................................................................................................... 51
Figura 2.21 : Medição de azimutes ................................................................................................................... 51
Figura 2.22: Azimute de vante e ré ................................................................................................................... 51
Figura 2.23: Medição dos rumos ...................................................................................................................... 52
Figura 2.24: Conversão azimutes em rumos ..................................................................................................... 52
Figura 2.25: Medição de ângulos horários internos e externos ........................................................................ 52
Figura 2.26: Medição dos ângulos de deflexão ................................................................................................ 53
Figura 2.27: Azimute calculado a partir do rumo ............................................................................................. 53
Figura 2.28: Azimute calculado a partir da deflexão ........................................................................................ 53
Figura 2.29: Azimute calculado a partir do ângulo horário .............................................................................. 54
Figura 2.30: Ângulo de inclinação e zenital ..................................................................................................... 54
Figura 2.31: Declinação magnética .................................................................................................................. 55
Figura 2.32: Simulação de cálculo da declinação para BH .............................................................................. 57
Figura 2.33: Azimute magnético e verdadeiro .................................................................................................. 57
Figura 2.34: Levantamento por triangulação .................................................................................................... 59
Figura 2.35: Levantamento por caminhamento ................................................................................................ 60
Figura 2.36: Levantamento por interseção de ângulos ..................................................................................... 60
Figura 2.37: Levantamento por interseção de distâncias .................................................................................. 61
Figura 2.38: Levantamento por irradiação ........................................................................................................ 61
Figura 2.39: Levantamento por coordenadas retangulares ............................................................................... 62
Figura 2.40: Pontos inacessíveis ....................................................................................................................... 62
Figura 2.41: Acessórios ao levantamento da poligonal topográfica ................................................................. 66
Figura 2.42: Poligonal topográfica ................................................................................................................... 66
Figura 2.43: Levantamento planimétrico de uma propriedade ......................................................................... 67
Figura 2.44: Erro de fechamento angular I ....................................................................................................... 71
Figura 2.45: Erro de fechamento angular II ...................................................................................................... 72
Figura 2.46: Cálculo de azimutes I ................................................................................................................... 75
Figura 2.47: Cálculo de azimutes II .................................................................................................................. 76
Figura 2.48: Cálculo das coordenadas relativas I ............................................................................................. 77

xi
Figura 2.49: Cálculo das coordenadas relativas II ............................................................................................ 77
Figura 2.50: Poligonal topográfica I ................................................................................................................. 82
Figura 2.51: Poligonal topográfica II ............................................................................................................... 87
Figura 2.52: Cálculo de área I .......................................................................................................................... 95
Figura 2.53: Cálculo de área II ......................................................................................................................... 95
Figura 2.54: Cálculo de área III ........................................................................................................................ 97
Figura 2.55: Cálculo de área IV ....................................................................................................................... 98

Capítulo 3 - Altimetria
Figura 3.1: Superfície terrestre, geóide e elipsóide .......................................................................................... 101
Figura 3.2: Alturas ortométricas ....................................................................................................................... 102
Figura 3.3: Superfície de referência verdadeira e aparente .............................................................................. 103
Figura 3.4: Altitudes de pontos topográficos ................................................................................................... 105
Figura 3.5: Cotas de pontos topográficos ......................................................................................................... 106
Figura 3.6: Níveis esféricos .............................................................................................................................. 108
Figura 3.7: Nível cilíndrico .............................................................................................................................. 108
Figura 3.8: Níveis de luneta .............................................................................................................................. 108
Figura 3.9: Nível de pedreiro ............................................................................................................................ 109
Figura 3.10: Níveis laser ................................................................................................................................... 109
Figura 3.11: Nível de mangueira ...................................................................................................................... 109
Figura 3.12: Corpos suspensos ......................................................................................................................... 110
Figura 3.13: Clinômetro ................................................................................................................................... 110
Figura 3.14: Estação Total ................................................................................................................................ 111
Figura 3.15: Miras ............................................................................................................................................ 111
Figura 3.16: Altímetro ...................................................................................................................................... 111
Figura 3.17: Nivelamento geométrico .............................................................................................................. 113
Figura 3.18: Nivelamento trigonométrico ........................................................................................................ 114
Figura 3.19: Nivelamento barométrico ............................................................................................................. 115
Figura 3.20: Nivelamento geométrico simples ................................................................................................. 122
Figura 3.21: Nivelamento geométrico composto I ........................................................................................... 124
Figura 3.22: Nivelamento geométrico composto II .......................................................................................... 131
Figura 3.23: Eixos longitudinal e transversal ................................................................................................... 134
Figura 3.24: Nivelamento de seção transversal a régua ................................................................................... 135
Figura 3.25: Perfil transversal .......................................................................................................................... 136
Figura 3.26: Nivelamento de seção transversal à clinômetro ........................................................................... 137
Figura 3.27: Planta com pontos cotados ........................................................................................................... 139
Figura 3.28: Planta com curvas de nível ........................................................................................................... 139

xii
Figura 3.29: Planta com cores hipsométricas ................................................................................................... 140
Figura 3.30: Desenho de perfil ......................................................................................................................... 141
Figura 3.31: Desenho em perspectiva ............................................................................................................... 141

Capítulo 4 - Planialtimetria
Figura 4.1: Croqui de área ................................................................................................................................ 144
Figura 4.2: Planta planialtimétrica do terreno .................................................................................................. 154
Figura 4.3: Planta em perspectiva do terreno ................................................................................................... 154

Capítulo 5 - Sistema de Posicionamento por Satélites - Aspectos Básicos


Figura 5.1: Segmento de controle ..................................................................................................................... 160
Figura 5.2: Segmento dos usuários ................................................................................................................... 161
Figura 5.3: Princípio de observação ................................................................................................................. 163
Figura 5.4: Fase codificada ............................................................................................................................... 163
Figura 5.5: Posicionamento relativo ou diferencial .......................................................................................... 164
Figura 5.6: Método diferencial utilizando as ondas portadoras ........................................................................ 165
Figura 5.7: Alguns modelos de receptores GPS ............................................................................................... 168

Capítulo 6 - Fotogrametria - Aspectos Básicos


Figura 6.1: Escala da fotografia aérea .............................................................................................................. 173
Figura 6.2: Câmaras terrestre e aérea ................................................................................................................ 174
Figura 6.3: Relação entre distância focal e escala ............................................................................................ 176
Figura 6.4: Estereoscópio de espelhos .............................................................................................................. 177
Figura 6.5: Restituidor universal ...................................................................................................................... 179
Figura 6.6: Medição aproximada de altura ....................................................................................................... 180
Figura 6.7: Plano de vôo ................................................................................................................................... 183
Figura 6.8: Apoio terrestre ................................................................................................................................ 187
Figura 6.9: Ortofotocarta .................................................................................................................................. 190
Figura 6.10: Construção de cartas e mapas ....................................................................................................... 190
Figura 6.11: Fotointerpretação urbana .............................................................................................................. 191
Capítulo 7 - Ajustamento de Observações Topográficas - Aspectos Básicos
Figura 7.1: Acurácia x Precisão ........................................................................................................................ 196
Figura 7.2: Relação entre a freqüência observada e freqüência teórica ............................................................ 201
Figura 7.3: Nivelamento geométrico ................................................................................................................ 207

Capítulo 8 – Locação – Aspectos Básicos


Figura 8.1: Estaca testemunha .......................................................................................................................... 213

xiii
Figura 8.2: Referência do greide ...................................................................................................................... 213
Figura 8.3: Utilização de cruzetas .................................................................................................................... 213
Figura 8.4: Exemplo da marcação de off-set .................................................................................................... 215
Figura 8.5: Marcação das tangentes e PI´s ........................................................................................................ 215
Figura 8.6: Amarração de um PI por interseção de ângulos ............................................................................. 216
Figura 8.7: Amarração de um PI por interseção de distâncias .......................................................................... 217
Figura 8.8: Elementos de uma curva circular simples ...................................................................................... 217
Figura 8.9: Elementos de uma curva de transição ............................................................................................ 218
Figura 8.10: Estaqueamento final de uma estrada ............................................................................................ 218
Figura 8.11: Elementos as curva circular ......................................................................................................... 219
Figura 8.12: Cálculo da tangente externa ......................................................................................................... 220
Figura 8.13: Ângulo AC ................................................................................................................................... 220
Figura 8.14: Cálculo das estacas do PC e PT ................................................................................................... 221
Figura 8.15: Cálculo das estacas do PI ............................................................................................................. 222
Figura 8.16: Distância PC-PT, considerando as tangentes e o desenvolvimento ............................................. 223
Figura 8.17: Diferença entre distância reta e curva .......................................................................................... 226
Figura 8.18: Locação das curvas através da corda ........................................................................................... 228
Figura 8.19: Locação I. Arcos de 20 m ............................................................................................................ 229
Figura 8.20: Locação II. Arcos de 10 m ........................................................................................................... 230
Figura 8.21: Locação III. Arcos de 5 m............................................................................................................. 231
Figura 8.22: Cálculo do afastamento ................................................................................................................ 232
Figura 8.23: Aplicação do cálculo de afastamento ........................................................................................... 232
Figura 8.24: Grau da curva ............................................................................................................................... 233
Figura 8.25: Deflexão ....................................................................................................................................... 233
Figura 8.26: Deflexão total I ............................................................................................................................ 234
Figura 8.27: Deflexão total II ........................................................................................................................... 234
Figura 8.28: Deflexão acumulada I .................................................................................................................. 235
Figura 8.29: Deflexão acumulada II ................................................................................................................. 236
Figura 8.30: Deflexão acumulada III ................................................................................................................ 237
Figura 8.31: Cálculo da cordas I ....................................................................................................................... 238
Figura 8.32: Cálculo da cordas II ..................................................................................................................... 238
Figura 8.33: Cálculo das coordenadas da curva ............................................................................................... 242
Figura 8.34: Cálculo dos azimutes dos alinhamentos ....................................................................................... 243
Figura 8.35: Esquema de cálculo de azimutes .................................................................................................. 243
Figura 8.36: Esquema para locação de curva através das deflexões ................................................................ 245
Figura 8.37: Ilustrativo da locação por deflexão .............................................................................................. 245
Figura 8.38: Ilustrativo da locação por coordenadas ........................................................................................ 246

xiv
Capítulo 9 – Animais Peçonhentos – Aspectos Básicos
Figura 9.1: Animais perigosos .......................................................................................................................... 251
Figura 9.2: Espécies de aranhas ........................................................................................................................ 252
Figura 9.3: Escorpião ........................................................................................................................................ 253
Figura 9.4: Lacraia ............................................................................................................................................ 254
Figura 9.5: Espécies de cobras .......................................................................................................................... 255
Figura 9.6: Fosseta loreal .................................................................................................................................. 256
Figura 9.7: Esquema não confiável de identificação de cobras ........................................................................ 257
Figura 9.8: Identificando cobras ....................................................................................................................... 258
Figura 9.9: Percentual de picadas de cobras nas partes do corpo ..................................................................... 259
Figura 9.10: Equipamentos de segurança ......................................................................................................... 259
Figura 9.11: Bote .............................................................................................................................................. 260

xv
pg.
Capítulo 1 - Generalidades e Definições
Quadro 1.1: Classificação dos Levantamentos Geodésicos .............................................................................. 24
Tabela 1.1: Alguns elipsóides e seus parâmetros ............................................................................................. 10
Tabela 1.2: Transformação entre sistemas geodésicos ..................................................................................... 26

Capítulo 2 - Planimetria
Quadro 2.1: Outros sistemas lineares ............................................................................................................... 30
Tabela 2.1: Relação entre sistemas de unidades de medidas angulares ............................................................ 38
Tabela 2.2: Resumo do Sistema Internacional de Unidades (SI) ..................................................................... 39
Tabela 2.3: Classificação dos processos diretos segundo a precisão ................................................................ 40
Tabela 2.4: Resumo das equações estadimétricas ............................................................................................ 47
Tabela 2.5: Levantamento Planimétrico – Poligonais ...................................................................................... 68
Tabela 2.6: Classificação dos teodolitos ........................................................................................................... 68
Tabela 2.7: Classificação dos MED ................................................................................................................. 68
Tabela 2.8: Classificação de estações totais ..................................................................................................... 68
Tabela 2.9: Classe x Coeficiente b ................................................................................................................... 72
Tabela 2.10: Classe x Coeficiente d ................................................................................................................. 79

Capítulo 3 - Altimetria
Tabela 3.1: Valores de distâncias versus erro de nível aparente ...................................................................... 104
Tabela 3.2: Instrumentos altimétricos .............................................................................................................. 107
Tabela 3.3: Classificação dos instrumentos (níveis) ......................................................................................... 117
Tabela 3.4: Nivelamento de linhas ou circuitos e seções ................................................................................. 117
Tabela 3.5: Especificações para nivelamento geométrico – IBGE ................................................................... 119

Capítulo 4 - Planialtimetria
Tabela 4.1: Resumo das equações taqueométricas ........................................................................................... 144

xvi
Tabela 4.2: Altimetria – Exemplo .................................................................................................................... 153

Capítulo 5 - Sistema de Posicionamento por Satélites - Aspectos Básicos


Tabela 5.1: Configuração Original do NAVSTAR-GPS .................................................................................. 161
Tabela 5.2: Configuração em 1990 do NAVSTAR-GPS ................................................................................. 161
Tabela 5.3: Mercado de receptores GPS ........................................................................................................... 169
Tabela 5.4: Técnicas de Posicionamento com o sistema GPS x Precisão ........................................................ 169

Capítulo 7 - Ajustamento de Observações Topográficas - Aspectos Básicos


Tabela 7.1: Experimento de Bradley ................................................................................................................ 199
Tabela 7.2: Medidas de uma base geodésica .................................................................................................... 202
Tabela 7.3: Resumo dos cálculos I ................................................................................................................... 203
Tabela 7.4: Medidas do ângulo horizontal ....................................................................................................... 205
Tabela 7.5: Resumo dos cálculos II .................................................................................................................. 206
Tabela 7.6: Medidas da diferença de nível ....................................................................................................... 208
Tabela 7.7: Resumo dos cálculos III ................................................................................................................. 208

Capítulo 9 – Animais Peçonhentos – Aspectos Básicos


Quadro 9.1: Acidentes x soro ........................................................................................................................... 261

xvii
1 - Introdução

Considerando que a topometria é a parte da Topografia responsável pela avaliação de grandezas pa-
ra representar o ambiente (Cap. 1), a planimetria estuda os procedimentos, métodos e instrumentos de medi-
da de ângulos e distâncias, considerando o plano horizontal. Para estudo da planimetria, divide-se inicial-
mente o conteúdo em dois temas, baseado nas duas grandezas básicas a serem avaliadas em campo, ou seja,
as distâncias (Gramometria - Item 3) e ângulos (Goniologia - Item 4).
No Item 5 estes temas se fundem perfazendo os métodos de levantamento planimétrico. Nos pró-
ximos itens (6 e 7) calculam-se coordenadas e áreas de polígonos topográficos. Como o assunto está associa-
do à interpretação e medida de grandezas lineares e angulares, tem-se no Item 2, uma revisão associada aos
sistemas de unidades de medidas.

2 - Sistemas de Unidades de Medidas

Medir uma grandeza consiste em compará-la com outra, denominada padrão,


e verificar quantas vezes ela é maior ou menor que aquela tomada como padrão.
Já está bem difundido a utilização do “Sistema Internacional de Unidades -
SI”, apesar de alguns sistemas antigos (infelizmente !) ainda serem usados com freqüência. A seguir são co-
mentadas as unidades mais utilizadas na Topografia, citando as de medidas lineares, de superfície, volumé-
tricas e angulares, e ao final um resumo dos vários sistemas de unidades utilizadas pelo Engenheiro.

29
Capítulo 2 - Planimetria

2.1 - Unidade de Medida Linear

A unidade de medida internacional para medidas lineares é o metro (m), que corresponde à décima
milionésima parte de um quarto do meridiano terrestre. O sistema métrico decimal envolve seus múltiplos e
submúltiplos (Figura 2.1):

Figura 2.1: Múltiplos e submúltiplos do metro.

Exemplo 1: Transforme 10 km e 98 mm, nos múltiplos e submúltiplos do metro.


Solução:
10 km = 100 hm = 1.000 dam = 10.000 m = 100.000 dm = 1.000.000 cm = 10.000.000 mm.
98 mm = 9,8 cm = 0,98 dm = 0,098 m = 0,0098 dam = 0,00098 hm = 0,000098 km.

Exemplo 2: Transforme 21,45 m, para mm e km.


Solução:
21,45 m = 21.450 mm = 0,02145 km.

Apesar da tendência de utilização do sistema métrico decimal, unidade antigas ainda são utilizadas,
como:
Quadro 2.1: Outros sistemas lineares.
# 1 polegada inglesa = 25,4 mm;
1
# 1 pé = 30,479 cm;
# 1 jarda = 3 pés = 0,91438 m; # 1 milha terrestre = 1.609,34 m;
# 1 palmo = 8 polegadas = 0,22 m; # 1 milha náutica ou marítima = 1.852,35 m;
# 1 vara = 5 palmos = 1,10 m; # 1 milha (bras.) = 2.200 m;
# 1 braça = 2 varas = 2,20 m;
2
# 1 corda = 15 braças = 33 m;
# 1 légua de sesmaria = 6.600 m. # 1 légua geométrica = 6.000 m.

Exemplo 3: Transforme 12 polegadas inglesas e 5 pés em metros.

1
Polegada: Segundo a ASPM (Antigo Sistema de Pesos e Medidas), equivale a 27,5 mm
30
Solução:
1 polegada = 25,4 mm, logo 12 polegadas =304,8 mm, ou, 0,3048 m
1 pé = 30,479 cm, logo 5 pés = 152,39 cm, ou 1,524 m

Saiba desta ... !

Curiosidades sobre o Metro


A comissão de acadêmicos constituída por Monge, Lagrange, Condorcet e Borda,
formulando um esboço do sistema de medidas, encarregou os astrônomos João Delambre e
Pedro Nadré Mechain, a proceder os trabalhos geodésicos necessários para a medida de
10o do meridiano, que vai de Dunquerque, no norte da França, a Monjony, próximo a Bar-
celona.
Empregando como unidade de medida a toesa (1 toesa = 6 pés), do qual se dedu-
ziria a quarta parte do mesmo meridiano para, então, ser determinado o padrão da unidade
fundamental escolhida.
O comprimento do quarto do meridiano deduzido das medidas efetuadas foi de 5.130.740 toesas,
cuja décima-milionésima parte equivale a 0,51307 toesa. Esta parte recebeu a denominação proposta por
Borda, de metro (metron = medida).
O padrão, protótipo em platina, que dá o comprimento legal do metro, construído pelo físico fran-
cês Fortin, de seção retangular, 25 x 4 mm, foi por lei de 10/12/1799 declarado “MÈTRE VRAI ET
DÈFINITIF” e depositado nos arquivos do Estado Francês.
Em 1909 após seus trabalhos geodésicos, Hayford encontrou para o quadrante terrestre
10.002,286, chegando a conclusão que o metro dos arquivos possuía 1/5 de mm a mais ou seja, o metro ar-
quivado tinha 1,0002 m. Resolveu-se, no entanto, não modificar o metro dos arquivos, razão por que na
Convenção Internacional do Metro, realizada em 1875, a qual participaram os principais países do mundo
entre os quais o Brasil, foi mantida esta medida e designada a cidade de Bretevil, próximo a Paris, para a
sede do Departamento Internacional de Pesos e Medidas, encarregado dos trabalhos de metrologia. Foram
então confeccionadas 30 cópias do metro, de seção especial, numa liga de 90% de platina e 10 % de irídio,
e por deliberação da primeira conferência geral, realizado em 26/09/1899, a cópia mais aproximada seria o
metro protótipo internacional, e as outras distribuídas pelos países participantes da conferência, seriam os
protótipos nacionais.

2
Braça: Unidade linear do ASPM (Antigo Sistema de Pesos e Medidas).
31
Capítulo 2 - Planimetria

Saiba também ... !


Por que a milha náutica é diferente da milha terrestre ?
A origem da milha terrestre – sistema de medida ainda em uso na Inglaterra e nos Estados Unidos
– esta no “Mille passus”, unidade de comprimento utilizada pelo exército romano que correspondia a 1.000
passos dados por um centurião, o comandante das suas milícias. Os passos do centurião tomados como base
eram duplos, mais largos que o normal, e a medida encontrada foi o equivalente a 63.360 polegadas, ou
1.690,34 metros. Já a milha náutica foi esta estabelecida de forma científica. Como a terra possui um for-
mato arredondado, qualquer linha a contorná-la terá 360o. A linha do equador mede aproximadamente
40.000 quilômetros. Dividiu-se, então esse perímetro por 360 partes (1o) e depois por 60 (1’). Ou seja, 1 mi-
nuto de arco corresponde a 1.853,25 metros, que é a milha marítima. Por convenção internacional, esse va-
lor foi arredondado para 1.852 metros.

Saiba ainda... !
Qual a medida da LÉGUA ?
Do latim “leuca”, esta medida itinerária cujo valor primitivo não está bem fixado e possui várias
interpretações, que variam de 2,2 a 7,4 km, conforme a época e o povo. A légua de sesmaria equivale a
3.300 braças ou a 6, 6 km. A légua de uma hora, légua de 4,875 km. Légua geométrica possui 6.000 metros
enquanto a légua marítima, a 20a parte do grau, contada num círculo máximo da terra, que vale 3 milhas,
ou cerca de 5,556 km. Esta última também é denominada de légua de vinte ao grau. Tem-se ainda a légua
quilométrica (4 km) e a légua terrestre ou comum, légua de 4,445 km, também chamada de vinte e cinco ao
grau.
Não satisfeitos, tem-se ainda a légua de beiço, distância indicada por uma pessoa que a expressa
esticando o lábio inferior, para dar a entender que é longe, principalmente se for precedida de um “logo a-
li” do mineirinho.

2.2 – Unidade de Medida de Superfície

A unidade padrão é o metro quadrado (m2), porém em topografia, em razão da avaliação de gran-
des extensões da superfície, utiliza-se com mais freqüência o múltiplo hectare, correspondente a 10.000 m2.

Are (a) => 100 m2


Múltiplo => 1 hectare (ha) = 10.000 m2 = 100 a
Submúltiplo => 1 centiare (ca) = 1,0 m2 = 0,01 a

Exemplo 4: Seja transformar:


32
# 23,34 ha = 233.400 m2
# 1 m2 = 100 dm2 = 10.000 cm2 = 1.000.000 mm2
# 1 km2 = 1.000.000 m2

Existem ainda algumas unidades antigas de superfície utilizadas no Brasil, baseado no ASPM (An-
tigo Sistema de Pesos e Medidas), como por exemplo o alqueire, variando sua medida entre regiões; citando:
# 1 alqueire geométrico = 100 x 100 braças = 48.400 m2 = 4,84 ha
# 1 alqueire paulista = 50 x 100 braças = 24.200 m2 = 2,42 ha
# 1 alqueire mineiro = 75 x 75 braças = 27.224 m2 = 2,7225 ha
# 1 alqueire goiano = 96.800 m2

Exemplo 5: Transforme 200 ha em m2 e em alqueires geométricos.


Solução:
2
200 ha = 2.000.000,000 m = 41,3223 alqueires geométricos.

Algumas outras utilizadas em algumas regiões brasileiras e outros países (e até curiosas !), como:
# 1 milha quadrada = 2,788 x 107 pés2 = 640 acres
# 1 pé quadrado = 929,0 cm2
# 1 acre 3 = 43.560 pés2 = 4.046,8 m2 (cerca de 0,4 ha)
# 1 Braça quadrada = 4,84 m2

Saiba desta ... !


# Cinqüenta é uma unidade de medida agrária empregada na Paraíba e equivale à 50 x 50 bra-
ças, também chamada de Quarta no Rio Grande do Sul. No Paraná a Quarta vale 50 x 25 braças.
# Colônia é uma unidade de superfície usada no estado do Espírito Santo, equivalente a 5 alquei-
res de 100 x 100 braças.
# Geira é uma unidade de medida agrária e equivale a 400 braças quadradas.
# Tarefa é uma unidade agrária de valor variável de estado a estado. Na Bahia corresponde à
superfície de um quadrado de 30 braças de lado, por exemplo.
# Morgo é uma unidade de superfície empregada em Santa Catarina, equivale a 0,25 hectare, se-
ja um quadrado de 50 m de lado.
# Lote é uma unidade de superfície empregada em Santa Catarina, equivale a 25 hectares.

2.3 – Unidade de Medida de Volume

3
Acre é uma unidade de medida agrária empregada na Inglaterra e nos Estados Unidos.

33
Capítulo 2 - Planimetria

A unidade padrão é o metro cúbico (m3), corresponde a um cubo de 1 x 1 x 1 m.


Têm-se ainda as seguintes unidades volumétricas:
# 1 litro = 1 dm3; # 1 jarda cúbica = 0,7645 m3.

Exemplo 6: Transforme:
1 m3 = 1m x 1m x 1m = 10 dm x 10 dm x 10 dm = 1.000 dm3
= 100 cm x 100 cm x 100 cm = 1.000.000 cm3

Exemplo 7: Calcule a capacidade, em litros e em m3, de uma caixa de água com as seguintes di-
mensões (largura = 4 m; comprimento = 100 dm; altura: 500 cm).
Solução:
Capacidade = largura x comprimento x altura = 4,000 m x 10,000 m x 5,000 m = 200 m3
Capacidade = 200 m3 = 200.000 litros

Exemplo 8: Seja calcular a capacidade, em m3, de um moto-scraper que transporta 24 jardas cúbi-
cas por viagem.
Solução:
3
1 jarda cúbica = 0,7645 m
24 jardas cúbicas = 18,348 m3
Capacidade = 18,348 m3

2.4 – Unidade de Medida Angular

As unidades de medidas dos ângulos e arcos podem ser sexagesimais (grau), centesimais (grado) e
o radiano.

2.4.1 - Sistema Sexagesimal

É o sistema mais utilizado na Topografia. No sistema sexagesimal o círculo trigonométrico é divi-


dido em 360 partes, tendo como unidade básica o grau (Figura 2.2).

34
Figura 2.2: Sistema sexagesimal.
Círculo: 360o
Unidade básica: 1o
Submúltiplos:
Minuto: 60’ = 1o
Segundo: 3.600” = 1o
Logo: 1o = 60’ = 3.600”

Geralmente tem-se a origem da medição na direção do Norte, em sentido horário. As modalidades


de ângulos horizontais e verticais utilizados na topografia são comentados no item 4 (Item 4 – Goniologia).

Exemplo 9: 30o 49’ 32,5” (lê-se trinta graus, quarenta e nove minutos e trinta e dois “vírgula” cin-
co segundos).

Pode-se executar as seguintes operações algébricas:


a) Adição
# Adicionar as unidades comuns.

Exemplo 10: Some 50o 20’ 30” e 20o 45’ 43”


Solução:
o
50 20’ 30”
+ 20o 45’ 43”
70o 65’ 73”
= 71o 06’ 13”
Logo, 70o 65’ 73” = 70o 66’ 13” = 71o 06’ 13”

b) Subtração
35
Capítulo 2 - Planimetria

# Subtrair as unidades comuns e iguais.

Exemplo 11: Subtraia 50o 20’ 30” e 10o 42’ 40”


Solução:
o o o
50 20’ 30” 50 19’ 90” 49 79’ 90”
10o 42’ 40” 10o 42’ 40” 10o 42’ 40”
39o 37’ 50”

c) Multiplicação
# Multiplicar apenas por números adimensionais;
# Não multiplicar ângulos por ângulos.

Exemplo 12: Multiplique 80o 20’ 30” por 5


Solução:
o
80 20’ 30”
x 5
400o 100’ 150”
Corretamente tem-se 401o 42’ 30”

d) Divisão
# Dividir apenas por números adimensionais.
# Não dividir ângulos por ângulos.

Exemplo 13: Divida 80o 40’ 20” por 4.

Solução:

4 = 20 10' 05' '


80 o 40' 20' ' o

Deve ser claro que relações trigonométricas envolvendo unidades do grau, minuto e segundo, estes
devem ser “decimalizados”, ou seja, por exemplo:
# sen 30o 30’ ≠ sen 30,30o (erro muito comum em operações trigonométricas).
pois sen 30o 30’ = 0,507538362921
sen 30,30o = 0,504527623815
A operação da decimalização já é uma rotina existente na maioria das calculadoras científicas, de-
vendo ser executada antes de qualquer operação matemática relacionada à ângulos sexagesimais.

Exemplo 14: Decimalize e/ou calcule:


a) 30o 30’
36
b) 20o 06’ 18”
c) tan 30o 20’ 01,20”
Solução:
a) 60’ equivalem a 1 , logo, 30’ equivale a 0,5o, então:
o

30o 30’ = 30o + 0,5o = 30,5o

b) 60’ equivale a 1o, logo 06’ equivale a 0,1o; e 3600” equivale a 1o, logo, 18” equivale a 0,005o;
então:
20o 06’ 18” = 20o + 0,1o + 0,005o = 20,105o

c) tan 30o 20’ 01,20” = tan 30,3336666667 = 0,585141328646

2.4.2 - Sistema Centesimal e Radiano

O sistema centesimal foi bastante empregado na Topografia, não ocorrendo com freqüência na atu-
alidade. No sistema centesimal o círculo trigonométrico é dividido em 400 partes, tendo como unidade bási-
ca o grado (Figura 2.3).
Círculo - 400g Unidade básica: 1g
Submúltiplos: Centigrado: 100 centrigados = 1g; Decimiligados = 10.000 decimiligrados = 1g

Figura 2.3: Sistema centesimal.


Exemplo 15: 382,4839g (lê-se trezentos e oitenta e dois grados, quarenta e oito centigrados e trinta
e nove decimiligrados).

37
Capítulo 2 - Planimetria

O radiano é o ângulo central correspondente à um arco de comprimento igual ao raio (Figura


2.4).

2 π R ==> 360o
a ==> α

360 0 ⋅ a
α=
2πR

se a = R ∴ = 57,3 0 ≈ 57 0 18'
360 0

Logo 1 radiano ≈ 57 0 18 ' = α

Figura 2.4: Sistema radiano.

Na tabela 2.1 tem-se a conversão de sistemas de unidades de medidas angulares vistos anteriormen-
te.

Tabela 2.1: Relação entre sistemas de unidades de medidas angulares.


Graus Grados Radianos
0o 0gr
π/2 rd
0 rd
90o 100gr
180o 200gr π rd
270o 300gr 3π/2 rd
360o 400gr 2π rd

Geralmente é necessário transformar os valores entre os vários sistemas angulares, principalmente


ao confeccionar algum programa de cálculo. Alguns equipamentos modernos (Estações Totais, por exemplo)
possibilitam a tomada destas grandezas em quaisquer sistemas mencionados acima.

38
Exemplo 16: Seja transformar:

a) 358o (para grado) = 397,7g


b) 120o (para grado) = 133,3g
c) 76o (para grado) = 84,4g
d) 104g (para grau) = 93,60 = 93o 36’
e) 96g (para grau) = 86o 24’
f) 78g (para grau) = 70o 12’
g) 100o (para radiano) = 1,74 rd
h) 2 rd (para grau) = 114o 36’

A tabela 2.2 ilustra outros sistemas de unidades utilizados freqüentemente nas medições em geral.

Tabela 2.2: Resumo do Sistema Internacional de Unidades (SI).

Grandeza Nome Símbolo Definição


“ ... a distância percorrida pela luz no vácuo em
Comprimento Metro m
1/299.792.458 do segundo. ” (1983).
“ ... este protótipo (um determinado cilindro de platina e i-
Massa Quilograma kg rídio) será, daqui em diante, considerando a unidade de
massa. ” (1889).
“ ... a duração de 9.192.631.770 períodos da radiação cor-
Tempo Segundo s respondente à transição entre os dois níveis hiperfinos do
estado fundamental do átomo de césio 133.” (1967).
“ ... a corrente constante que, mantida em dois condutores
retilíneos paralelos de comprimento infinito e seção circu-
Corrente elétrica Ampére A lar transversal desprezível, situados no vácuo e distantes
um do outro 1 metro, produziria entre esses condutores
uma força igual a 2 x 10-7 newton por metro.” (1946).
Área Metro quadrado m2 -
Volume Metro cúbico m3 -
Freqüência Hertz Hz s-1
Densidade Quil. por metro cúbico kg/m3 -
Velocidade Metro por segundo m/s -
Aceleração Metro por seg. quadr. m/s2 -
Força Newton N kg . m/s2
Pressão Pascal Pa N/m2
Trabalho/Energia Joule J N.m
Potência Watt W J/s

3 - Gramometria

A Gramometria estuda os processos e instrumentos usados nas determinações de distâncias entre


dois pontos. Esta distância pode ser obtida por processos direto ou indireto.

39
Capítulo 2 - Planimetria

3.1 - Processos Diretos

Pelo método direto, as distâncias são determinadas percorrendo-se o alinhamento. Genericamen-


te os instrumentos destinados a medida direta são denominados de diastímetros.
Geralmente as trenas são constituídas de uma fita de lona, de aço ou de nylon, enrolada no interior
de uma caixa circular. Existem trenas de 2, 5, 10, 20, 30 e 50 metros, sendo mais usadas as de 20m. As fitas
de aço temperado possuem geralmente 10, 20, 30 e 50 e até 100 metros. Na tabela abaixo (Tabela 2.3) tem-se
uma classificação dos processos diretos segundo sua respectiva precisão.

Tabela 2.3: Classificação dos processos diretos segundo a precisão.


* Passo (por ex.: p ≅ 0,80 m)
Baixa precisão * Régua graduada (por ex.: bambu)
* Medidor topográfico
- De aço
* Fitas
- De fibra de vidro
Média precisão - De lona
* Trenas - De aço
- De fibra de vidro
Alta precisão * Fio ínvar

Na operação das medidas lineares deve-se ter o cuidado de avaliar sempre a projeção horizontal dos
pontos considerados. Como os alinhamentos são representados em planta por suas projeções num plano hori-
zontal (rever o conceito de Topografia), as medidas das distâncias devem ser feitas na horizontal. Logo, caso
o terreno seja inclinado, a medida deve ser executada tendo uma das extremidades no ponto mais alto, e a ou-
tra num ponto mais baixo, com auxílio de duas balizas (Figura 2.5).

Figura 2.5: Medição horizontal do alinhamento AB.


Ainda, na medição de uma distância, alguns erros devem ser corrigidos e outros evitados. O erro
total ao executar uma medida é a resultante de um conjunto destes erros. Abaixo são citados os erros mais
comuns.

a) Erro no comprimento do diastímetro


Deve ser corrigido.
40
Exemplo 17: Suponha um diastímetro, inicialmente, com a marcação de 25 metros.
Em segunda análise, suponha que foi feita uma aferição (constatação em laboratório), e sua verda-
deira medida seja 24,9 m. Neste caso, pensaria o usuário estar medindo 25m, mas na realidade teria apenas
24,9 m.

Exemplo 18: Partindo do exemplo 15, suponha uma distância no campo igual 100 m, qual seria a
distância real ?
Solução:
100 m ⇒ 25,0 m
x m ⇒ 24,9 m
x = 99,60 m (distância real medida pelo usuário)

Exemplo 19: Ainda, para obter a distância real de 100 m, com o diastímetro acima, quanto deve-se
medir no campo ?
Solução:
x m ⇒ 25,0 m
100 m ⇒ 24,9 m
x = 100,40 m (a ser medido no campo para obter os 100,00 m)

b) Erro de dilatação do diastímetro


Deve ser corrigido.
e = L * α *(T − t ) , onde:
e - Erro; L - Distância medida; α - Coeficiente de dilatação;
T - Temperatura ambiente; t - Temperatura de aferição (± 20o C).

c) Falta de horizontalidade do diastí-


metro
Como os pontos A e B devem ser proje-
tados considerando um plano horizontal, caso o-
corra uma inclinação do diastímetro, a distância
tomada será sempre maior que a real. Deve ser evi-
tado, por exemplo, com auxílio de uma 3o pessoa Figura 2.6: Horizontalidade do diastímetro.
verificando a posição do diastímetro (Figura 2.6).

d) Erro de catenária
41
Capítulo 2 - Planimetria

Erro devido ao peso do diastímetro. Para evitá-lo deve-se esticar o diastímetro, avaliar trechos me-
nores ou adotar escoras intermediárias. (Figura 2.7).

e) Desvio vertical da baliza


Em virtude das balizas não estarem perfeita-
mente na vertical, a distância medida pode ser maior ou
menor que a distância real AB (Figura 2.8).
Deve ser evitado, por exemplo, com a utiliza- Figura 2.7: Erro de catenária.
ção de um nível de cantoneira.

f) Erro de desvio lateral do diastímetro


Considerando dois pontos topográficos, a dis-
tância horizontal entre eles deve ser tomada materiali-
zando um alinhamento reto, ou seja um traço da interse-
ção do terreno com apenas um plano vertical que contém
estes pontos. Deve ser evitado, por exemplo, através do
Figura 2.8: Desvio vertical da baliza.
balizamento (Figura 2.9).

Figura 2.9: Desvio lateral do diastímetro.

g) Enganos
Ocorre pela inabilidade do operador. Pode-se citar como erro grosseiro ou engano: Posição do ze-
ro no diastímetro, erro de leitura, omissão de trenadas, anotação errada, etc. Este erro tem de ser evitado.

3.2 - Processos Indiretos

Na medição indireta de distâncias, estas são determinadas sem percorrer o alinhamento. Os ins-
trumentos de medida indireta de distância são denominados distanciômetros. Estes podem ser:
# Óticos
# Mecânicos
# Eletrônicos
Os instrumentos óticos e mecânicos são designados de taqueômetros ou taquímetros.

42
O processo indireto confundia-se com a taqueometria ou estadimetria, por este ser um processo de
levantamento muito aplicado em levantamentos topográficos, contudo com o avanço da utilização de instru-
mentos eletrônicos para obtenção de distâncias, reafirma-se a divisão proposta.
Taqueometria é a parte da topografia que se ocupa da medida indireta das distâncias horizontais e
das diferenças de nível, quer por meios óticos, quer por meios mecânicos, empregando-se instrumentos de-
nominados taqueômetros.
Os taqueômetros estadimétricos ou normais são teodolitos com luneta portadora de retículos esta-
dimétricos, constituídos de três fios horizontais e um vertical. Com os fios de retículo, associados às miras
verticais ou horizontais, pode-se obter a distância horizontal e a diferença de nível entre dois pontos.
Nos itens a seguir (3.2.1, 3.2.2, 3.2.3 e 3.2.4), dá-se ênfase ao processo de obtenção de distâncias e
diferenças de nível com uso de taqueômetros, associados à miras verticais.

3.2.1 - Distância Horizontal - Plano Horizontal

O princípio de construção está ilustra-


do figura 2.10, onde:

=
AC BC
(01)
AF EF

=
AC CD
(02)
AF FG
AC BC + CD BD
= =
AF EF + FG EG
(03)
Figura 2.10: Distância horizontal estadimétrica I.
sendo
AC - Distância a ser determinada (D)
AF - Distância focal (f)
BD - Leitura estadimétrica (m) (FS - FI)
EG - Altura dos fios do retículo (h)

= ∴D =
D m m*f
(04)
f h h

= g (cons tan te)


f
h
D = m⋅g

onde
# D - Distância horizontal;
# m - Leitura estadimétrica onde: m = FS - FI;
43
Capítulo 2 - Planimetria

onde FS - Fio superior do retículo;


FI - Fio inferior do retículo;
FM - Fio médio do retículo;
# g - Constante do aparelho. Em 99% dos casos, g = 100;

Existe ainda a seguinte relação:

2 . FM ≅ FS + FI

Obs.: Muitas vezes é considerando a igualdade ao invés da aproximação da igualdade.

Exemplo 20: Dados os fios FS, FI e g, calcule o FM e a distância (Figura 2.11):


Solução:
FS = 2,800 m; FI = 1,200 m
g = 100
2 . FM ≅ (FS + FI) => 2 . 2,000 = (2,800 + 1,200)
=> 4,000 = 4,000 OK !
m = FS - FI = 2,800 - 1,200 = 1,600 m
D = m . g = 1,600 . 100 = 160 m

Em alguns taqueômetros, a luneta pode não coincidir com o


centro do instrumento (alática) ou coincidir (analática) (Figura 2.12).
Figura 2.11: Fios estadimétri-
No caso da luneta alática, para determinação das distâncias ho- cos.
rizontal e vertical, deve-se considerar a constante “c” mais a distância focal “f”.
A maioria das lunetas dos taqueômetros é analática.

Figura 2.12: Tipos de luneta – Alática e Analática.

3.2.2 - Distância Horizontal - Plano Inclinado

44
Seja agora a figura 2.13, considerando um plano inclinado:
BD = m - Leitura estadimétrica com a mira na vertical;
FG = n - Leitura estadimétrica com a mira normal à visada;
AC = n . g (05);
AE = AC . cosα (06)
AE = n . g . cosα (07)
Dos triângulos FBC e DCG (considerando serem retângulos semelhantes ao triângulo ACE) (Figu-
ra 2.13), os ângulos:
FCB = DCG = CAE = α (08)

n 2/
n
cos α = 2 ∴ cos α = ⋅
m 2/ m
2
cos α = ∴ n = m ⋅ cos α
n
m Figura 2.13: Distância horizontal estadimétrica II.

n = m . cosα (09)
(09 em 07)
D = m . g . cosα . cosα (10)

D = m . g . cos2 α

Obs.: Se o ângulo vertical corresponde ao ângulo zenital (ângulo com origem no zênite) (Item 4 –
Goniologia), a fórmula estadimétrica será:

D = m . g . sen2 Z
3.2.3 - Diferença de Nível

Considere a figura 2.14, para avaliar a diferença de nível FG, ou seja, a distância vertical entre o
ponto F e a projeção do ponto A.
BD => Leitura estadimétrica - m;
FG => Diferença de nível;
LE => D = m . g . cos2α (12)
CF => Leitura feita na mira com o fio médio - alvo;
EG => i - Altura do instrumento.

45
Capítulo 2 - Planimetria

Definição:
FG = CG - CF (13)
CG = CE + EG (14)

(14) em (13)
FG = CE + EG - CF (15)
CE = LE . tgα (16)

(16) em (15) Figura 2.14: Diferença de nível estadimétrica.

FG = LE . tgα + EG - CF (10) (17)

Substituindo, tem-se:
dn = m . g . cos2α . tgα + i – alvo (18)

⎡ sen ( 2 ⋅ α ) ⎤
dn = ⎢ m ⋅ g ⋅ ⎥+i−l
⎣ 2 ⎦

Obs.: Se o ângulo vertical corresponde ao ângulo zenital (ângulo com origem no zênite) (Item 4 –
Goniologia), a fórmula taqueométrica será:

⎡ sen (2 ⋅ Z ) ⎤
dn = ⎢ m ⋅ g ⋅ ⎥⎦ + i − l
⎣ 2

Na tabela 2.4 tem-se um resumo das equações taqueométricas para avaliar distâncias horizontais e
diferenças de nível.

Tabela 2.4: Resumo das equações estadimétricas.


Analática
Plano horizontal
D=m.g
D = m . g . cos2 α (α)
Distância horizontal
Plano inclinado
Distância horizontal
sen (2 ⋅ α ) ⎤
D = m . g . sen2 Z (Z)

Plano inclinado dn = ⎢ m ⋅ g ⋅ ⎥+i−l
⎣ ⎦
(α)
Diferença de nível 2

46
⎡ sen(2 ⋅ Z) ⎤
dn = ⎢m ⋅ g ⋅ ⎥⎦ + i − l

(Z)
2

Igualmente à medida direta de uma distância, ao avaliar indiretamente uma distância por taqueome-
tria, alguns cuidados devem ser considerados, evitando alguns erros como:
# Na leitura da mira - Distância imprópria, capacidade de aumento focal da luneta, desvios causa-
dos pela refração atmosférica;
# Erros nas constantes c, f, g;
# Falta de verticalidade da mira;
# Erro na medição do ângulo de inclinação (α ou Z).

3.2.4 - Distâncias Máximas e Mínimas

Através de exemplos, pode-se demonstrar as máximas e mínimas distâncias que podem ser obtidas
pela taqueometria. Estas podem ser avaliadas pelo aspecto teórico, ou seja, matematicamente, ou pelo aspec-
to prático, ou seja, a real distância que se pode obter pelo taqueômetro.
Na consideração teórica estão em questão o tamanho da mira e sua menor subdivisão, e o valor
da constante g.
Para a prática, depende diretamente do foco do instrumento, sendo que a distâncias superiores a
150 m, e inferiores a aproximadamente 5 m, a imagem do objeto começa a ficar prejudicada.
Exemplo 21: Sejam os dados abaixo, calcule a máxima distância teórica conferindo (Figura 2.15)
e sem conferência (Figura 2.16).
Dados:
L (tamanho da mira) = 4,000 m
g = 100

Solução:
Obs.: A máxima distância entre
dois pontos é aquela tomada na horizontal, Figura 2.15: Máxima distância teórica conferindo.

logo:
D=m.g
m = FS - FI
m = 4,000 - 0,000 = 4,000 m

47
Capítulo 2 - Planimetria

D = 4,000 x 100 = 400 m (conferindo)

Obs.: Para determinar a distância máxima sem conferência, um dos fios (superior ou inferior) está
impossibilitado de ser lido, logo, deve ser calculado pela fórmula:

FS + FI FS + 0,000
FM = ∴ 4,000 m = ∴ FS = 8,000 m
2 2
m = 8,000 - 0,00 = 8,000 m
D = 8,000 x 100 = 800 m (sem conferência)

Exemplo 22: Sejam os dados a-


baixo, calcule a mínima distância teórica
conferindo (Figura 2.17).
Dados:
menor subdivisão = 0,010 m
Figura 2.17: Mínima distância teórica conferindo.
g = 100
Solução:
D=m.g Figura 2.16: Máxima distância teórica sem confe-
m = 1,010 - 1,000 = 0,010 m rência.
D = 0,010 x 100 = 1,000 m (conferindo)
Exemplo 23: Durante as operações topográficas, a maioria das medidas de distâncias é tomada
considerando um plano inclinado. Considerado os dados abaixo e as fórmulas da tabela 2.4, calcule a distân-
cia horizontal e diferença de nível entre dois pontos (Figura 2.18).

Dados:
FS = 2,344 m; FI = 1,200 m; FM = 1,772 m;
g = 100; α = 30o 30’; i = 1,5 m

Solução:

a) Distância horizontal
D = m . g . cos2α
D = (FS - FI) . 100 . cos2 (30o 30’)
D = (2,344 - 1,200) . 100 . cos2 (30,5o) = 1,144 . 100 . 0,74240 = 84,931 m

b) Diferença de nível

48
sen 2 ⋅ α
dn = m ⋅ g ⋅ + i − l ∴ dn = ( FS − FI) ⋅ 100 ⋅ + 1,500 − 1,772
sen 2 . 30 o 30'
2 2

dn = 1,144 ⋅ 100 ⋅ + 1,500 − 1,772


sen 2 . 30,5o

dn = (1,144 ⋅ 100 ⋅ 0,43730) + 1,500 − 1,772 = 49,756 m


2

Figura 2.18: Distância horizontal e diferença de nível pelo processo estadimétrico.

4 - Goniologia

A Goniologia estuda os processos e instrumentos necessários para avaliar um ângulo. Para seu es-
tudo alguns autores a dividem em:
# Goniografia - Estuda os processos de representação gráfica dos ângulos;
# Goniometria - Estuda os processos e instrumentos necessários para a medida dos ângulos em
campo.
Na figura abaixo (Figura 2.19) têm-se os vários tipos de ângulos utilizados na topografia, comenta-
dos nos itens 4.1 e 4.2.

49
Capítulo 2 - Planimetria

Figura 2.19: Ângulos na Topografia.

Os instrumentos utilizados para medir estes ângulos em campo (e escritório) são denominados de
goniômetros. O teodolito é um goniômetro que possui limbos vertical e horizontal (Figura 2.19), internos
ou externos. O limbo é a parte específica do goniômetro que permite fazer a avaliação numérica dos ângu-
los. É constituída de uma coroa graduada podendo ter os seguintes sistemas de graduação:
# Sexagesimal (grau) # Centesimal (grado)

4.1 - Ângulos Horizontais

O ângulo horizontal é definido como o ângulo formado pelo afastamento de 2 planos verticais,
considerando um eixo (Figura 2.20). Os ângulos horizontais, de acordo com a direção ou alinhamento que
serve de origem para sua medida, podem ser azimutais ou goniométricos.
Os ângulos horizontais azimutais, têm por origem a direção norte-sul, sendo denominados de a-
zimutes e rumos;
Os ângulos goniométricos são medidos com relação a um alinhamento qualquer, sendo denomina-
dos de ângulos entre alinhamentos (interno ou externo) e deflexões.

50
Figura 2.20: Ângulo horizontal α.

4.1.1 - Ângulos Azimutais

a) Azimutes
É o ângulo horizontal formado entre a direção nor-
te-sul e um alinhamento, tendo por origem o sentido do nor-
te e grandeza variável entre 0o e 360o (Figura 2.21).
O azimute recíproco de um alinhamento AB (van-
te) é o azimute deste alinhamento em sentido contrário, isto
é, o azimute de BA (ré), os quais diferem de 180o, ou seja
(Figura 2.22):

Figura 2.21 : Medição de azimutes.

AZ BA = AZ AB + 180 o (19)

Figura 2.22: Azimute de vante e ré.


b) Rumos
É o menor ângulo formado entre a direção norte-sul e um alinhamento, tendo como origem a dire-
ção norte ou sul, ou seja, com grandeza variável entre 0o e 90o (Figura 2.23).

c) Conversão de Rumo em Azimute

51
Capítulo 2 - Planimetria

Algumas vezes avalia-se em campo o valor do azimute, e este deve ser transformado em rumo pa-
ra cálculos posteriores, logo como os rumos e os azimutes são referidos à uma mesma direção, estes podem
ser relacionados entre si (Figura 2.24).

Figura 2.23: Medição dos rumos. Figura 2.24: Conversão azimutes em rumos.

4.1.2 - Ângulos Goniométricos

a) Ângulos horários internos e externos


É o ângulo formado entre dois alinhamentos, contado no sentido horário e variável de 0o a 360o,
internamente (interno) ou externamente (externo) ao polígono (Figura 2.25).

Figura 2.25: Medição de ângulos horários internos e externos.


b) Ângulos de deflexão

52
É o ângulo formado entre o prolongamento do
alinhamento anterior e o alinhamento em estudo, contado
para a direita ou para a esquerda e tendo sua grandeza
limitada entre 0o e 180o (Figura 2.26).

Figura 2.26: Ângulos de deflexão.


4.1.3 - Azimutes Calculados

Em um levantamento topográfico, geralmente determina-se o azimute inicial no primeiro alinha-


mento da poligonal, com objetivo de orientar o levantamento. A seguir são utilizados outros métodos para
medição dos próximos ângulos, podendo ser o rumo, ângulo horário (interno ou externo) ou deflexão. Desta
forma, às vezes, é necessário calcular os demais azimutes
de cada alinhamento. Veja os exemplos a seguir.
Exemplo 24: Seja calcular o azimute a partir do
rumo dado (Figura 2.27).
Dados:
AZA-B = 100o; RumoB-C = 50o SO

Solução:
AZB-C = 50o + 180o = 230o

Figura 2.27: Azimute calculado a partir do


rumo.

Exemplo 25: Seja calcular o azimute a partir da


deflexão dada (Figura 2.28).
Dados:
AZA-B = 110o; DeflexãoB-C = 110o Dd

Solução:
AZB-C = 110 + 110 = 220o
o o
Figura 2.28: Azimute calculado a partir da
deflexão.

53
Capítulo 2 - Planimetria

Exemplo 26: Seja calcular o azimute a partir do


ângulo horário dado (Figura 2.29).
Dados:
AZA-B = 100o; Ângulo HorárioB-C = 320o
AZB-C = 100o + 320o - 180o = 240o

4.2 - Ângulos Verticais


Figura 2.29: Azimute calculado a partir do
ângulo horário.
O ângulo vertical é definido como o ângulo for-
mado pelo afastamento de 2 planos horizontais, considerando-se um eixo. De acordo com a origem para me-
dição do ângulo, estes podem ser de inclinação ou zenital. A transformação entre estas grandezas às vezes é
necessária, podendo ser visualizada na figura 2.30.

4.2.1 - Ângulo de Inclinação


Fornece ângulo vertical entre a linha do horizonte e o alinhamento do ponto considerado (Figura
2.30).

4.2.2 - Ângulo Zenital

Fornece ângulo vertical entre a linha do zênite (linha que acompanha a vertical do ponto neste lo-
cal), com origem no sentido contrário ao centro de massa da terra e o alinhamento do ponto considerado (Fi-
gura 2.30).

Figura 2.30: Ângulos de inclinação e zenital.

4.3 - Magnetismo Terrestre


54
Tendo a terra propriedades de um grande magneto, as extremidades da agulha de uma bússola são
atraídas por duas forças atuando em dois pontos diametralmente opostos, que são os pólos magnéticos da ter-
ra, os quais não coincidem com os pólos geográficos.
A linha que une os pólos magnéticos é denominada meridiana magnética. A linha que une os pó-
los geográficos é denominada meridiana geográfica ou verdadeira.
O goniômetro utilizado para materializar a linha norte-sul magnética é a bússola.

4.3.1 - Declinação Magnética

A declinação magnética é o ângulo formado entre o meridiano magnético e o meridiano geográ-


fico. Com relação a posição dos meridianos, a declinação magnética pode ser (Figura 2.31):
# Ocidental - Meridiano magnético à esquerda do meridiano verdadeiro;
# Oriental - Meridiano magnético à direita do meridiano verdadeiro;
# Nula - Coincidência entre os dois meridianos
Atualmente no Brasil, a declinação é ocidental.

Figura 2.31: Declinação magnética.

O valor da declinação magnética é variável, podendo ocorrer tanto no espaço (variações geográfi-
cas), quanto no tempo (variações diurnas, mensais, anuais e seculares), além das acidentais.
Os processos de determinação da declinação magnética podem ser por métodos da Astronomia de
campo; por magnetômetros e pelos mapas isogônicos e isopóricos.
a) Mapas isogônicos e isopóricos
# Linhas isogônicas - Linhas que possuem o mesmo valor de declinação magnética;

55
Capítulo 2 - Planimetria

# Linhas isopóricas - Linhas que possuem o mesmo valor de variação anual desta declinação.

b) Cálculo da declinação magnética


Fórmula
DM = Cig + [ (A + Fa) . (Cip) ] (20)
Onde,
DM - Declinação Magnética
Cig - Curva isogônica (valor interpolado)
Cip - Curva Isopórica (valor interpolado)
A – Diferença entre o ano de construção do mapa e do ano da observação (por ex.,1980 para 1982
= 02)
Fa - Fração do ano

c) Fração do ano – Divisão por período de dias no mês


01 jan - 19 jan - 0,0 20 jul - 25 ago - 0,6
20 jan - 24 fev - 0,1 26 ago - 30 set - 0,7
25 fev - 01 abr - 0,2 01 out - 06 nov - 0,8
02 abr - 07 maio - 0,3 07 nov - 12 dez - 0,9
08 maio - 13 jun - 0,4 13 dez - 31 dez - 1,0
14 jun - 19 jul - 0,5

Exemplo 27: Calcule a declinação magnética para São Luís (MA) em 01 de julho de 1982.
Solução:
DM = - 19o 45’ + [ ( 2 + 0,5 ) . ( - 5,2’ ) ]
DM = - 19o 45’ - 13’
DM = - 19o 58’ (ou 19o 58’ ocidental ou 19o 58’ W)

Exemplo 28: Calcule a declinação magnética para Belo Horizonte em 31 de março de 1998 (Figura
2.32).
Solução:
Isogônicas Isopóricas
1cm => 1o 4,5cm => 1’
0,4 cm => xo 2,0 cm => x’
0,4 cm ⋅ 1o 2,0cm ⋅ 1'
xo = = 0,4 o x' = = 0,44'
1 cm 4,5cm

56
-8’ -7’

Belo Horizonte

-14o -15o -16o -17o -18o -19o -20o -21o


Figura 2.32: Simulação de cálculo da declinação para BH – Mapa de 1980.

DM = Cig + [ (A + Fa) . (Cip) ]


DM = - 18,4o + [ ( 18 + 0,2 ) . ( - 7,44’ ) ]
DM = - 18,4o - 135,41’
DM = - 18o 24’ - 2o 15’ 25” = -20o 39’ 25” (20o 39’ 25” W - ocidental)

Exemplo 29: Considere que o Azimute


Magnético A-B = 40o 30’ em 1980. Qual será o valor
atual deste azimute magnético A-B e o valor do azi-
mute verdadeiro (Figura 2.33).

Solução:

Az. magnético A-B (1988,4) = 40o 30’ + 2o 15’ 25”


= 42o 45’ 25”

Az.verdadeiro A-B = 40o 30’ - 18o 24’ = 22o 06’


Figura 2.33: Azimute magnético e verdadeiro.

5 - Métodos de Levantamento Planimétrico


57
Capítulo 2 - Planimetria

Ao conjunto de processos e operações realizadas para obtenção de medidas no terreno (ângulos e


distâncias), capazes de definir um trecho da superfície terrestre, com objetivo de representá-lo em planta, de-
nomina-se levantamento topográfico.
Segunda a NBR 13.133 (ABNT), o levantamento topográfico, em qualquer de suas finalidades,
deve ter, no mínimo, as seguintes fases:
a) Planejamento e seleção de métodos e aparelhagem;
b) Apoio topográfico;
c) Levantamento de detalhes
d) Cálculos e ajustes
e) Original topográfico
f) Desenho topográfico final
g) Relatório técnico

Quanto ao Relatório Técnico, a norma explicita que, quando do término de todo e qualquer levan-
tamento topográfico ou serviço de topografia, deve conter, no mínimo, os seguintes tópicos:
a) Objeto;
b) Finalidade;
c) Período de execução;
d) Localização;
e) Origem (Datum);
g) Precisões obtidas;
h) Quantidades realizadas;
i) Relação de aparelhagem utilizada;
j) Equipe técnica e identificação do responsável técnico;
l) Documentos produzidos;
m) Memórias de cálculo, destacando-se:
* Planilhas de cálculo das poligonais;
* Planilhas das linhas de nivelamento.

O levantamento topográfico está diretamente relacionado aos dados a serem coletados em campo e
à sua representação, podendo ser:

# Planimétrico - São coletados ângulos horizontais e verticais, e distâncias horizontais, onde estes
são projetados num mesmo plano horizontal;

58
# Altimétrico - São coletados elementos para definir as diferenças de nível entre os pontos e estes
projetados num plano vertical (perfil) (Cap. 3);
# Planialtimétrico - São coletados dados planimétricos e altimétricos com objetivo de representa-
los (Cap. 4).
Ainda, de conformidade com as circunstâncias em que se opera no campo e seu objetivo, o levan-
tamento pode ser classificado em:
# Expedito - Uso de instrumentos de baixa precisão. Sua execução é fácil e rápida.
# Comum - Uso de instrumental mais aprimorado e de métodos de medições mais rigorosos.
# De precisão - Uso de instrumentos de alta precisão, propiciando maior aperfeiçoamento nas me-
dições.
Tendo em vista a sistematização do estudo dos métodos de levantamento planimétrico, que são ba-
seados em princípios matemáticos diversos e considerando a importância e precisão, estes podem ser
classificados em métodos principais e secundários.

5.1 - Métodos Principais e Secundários

5.1.1 - Métodos Principais

Os métodos definidos como principais estão relacionados com a maior utilização destes em cam-
po, servindo geralmente para implantação de pontos de apoio para o levantamento topográfico, conseqüen-
temente, solicitando de maior rigidez e controle. Pode-se citar os seguintes métodos:

a) Triangulação

O processo de Triangulação é o método


baseado numa série de interseções sucessivas ou
encadeadas, onde medem-se uma única distância
e todos os ângulos dos triângulos (Figura 2.34). É
considerado muito preciso, e foi utilizado para
densificar a rede geodésica nacional.

Figura 2.34: Levantamento por triangulação.

b) Caminhamento

59
Capítulo 2 - Planimetria

Consiste na medição de ângulos e distâncias resultando numa sucessão de alinhamentos. Na figura


2.35 tem-se um caminhamento, onde são avaliados os ângulos horários e as distâncias (pelo processo direto
ou indireto). É o método mais utilizado para levantamento topográfico.

Figura 2.35: Levantamento por caminhamento.

c) Interseção (ângulos e distâncias)


Este processo dar-se através de interseção de ângulos ou de distâncias. É um método utilizado em
situações onde se possuam apenas 03 (três) elementos de um triângulo e os outros 03 (três) a determinar; por
exemplo, 02 distâncias e 01 ângulo conhecidos e os demais ângulos e distância a determinar. Geralmente é
utilizado para determinação de pontos inacessíveis.

# De ângulos
A posição do ponto C é definida pela medição dos ângulos a e b e pela distância do lado AB (Figu-
ra 2.36). Os elementos podem ser calculados utilizando a fórmula do somatório dos ângulos de um polígono
e a lei dos senos.

∑ angulos = 180
Figura 2.36: Levantamento por interseção de ângulos.
Somatório dos ângulos - o
⋅ (n ± 2 ) (20)

60
= =
sen a sen b sen c
Lei dos senos - (21)
D BC D AC D AB

# De distâncias
A posição do ponto C é definida pela medi-
ção de dois lados e pelo ângulo formado entre estes.
Seus elementos podem ser determinados pela lei dos
cossenos (Figura 2.37).

Fórmula dos cossenos

AB = AC + BC − 2 ⋅ AC ⋅ BC ⋅ cos α
2 2 2
(22)
Figura 2.37: Levantamento por interseção de
distâncias.

5.1.2 - Métodos Secundários

Os métodos definidos como secundários são aqueles no qual podem ser utilizados eventualmente
durante um levantamento topográfico. Estes são aplicados geralmente para levantar os aspectos naturais e ar-
tificiais, “amarrando” estas informações à poligonal principal, na qual foi concebida através dos métodos
principais. Pode-se citar:

a) Irradiação
A posição dos pontos i’s é determinada por um ângulo e uma distância a partir de um ponto da po-
ligonal (Figura 2.38).

Figura 2.38: Levantamento por irradiação

b) Coordenadas Retangulares

61
Capítulo 2 - Planimetria

A posição do ponto P é definida por duas distâncias (abscissa “X” e ordenada “Y”) a partir de um
ponto da poligonal (Figura 2.39).

Figura 2.39: Levantamento por coordenadas retangulares.

5.1.3 - Exemplo 30 – Ponto Inacessível

Dado a distância da base P0-P1, e os ângulos formados a dois pontos inacessíveis A e B, conside-
rando os métodos de interseção de lados e de distância e suas respectivas fórmulas, calcule a distância AB
(Figura 2.40).

A
0 "
2'3
80

°1
°3

85
0 '1
2"

0"
48°

12'2
20'

45°
30"

P0 P1
153,320

Figura 2.40: Pontos inacessíveis.


Solução:
1 – Cálculo das distâncias P0 A e P1A (Lei dos senos)
62
sen (P0 AP1 ) sen ( AP0 P1 ) sen ( AP1 P0 )
= =
153,320 AP1 AP0
7'28"
54°1

18
133,994

6,
23
2
80
°3
0'1
2"

0"
12'2
45°
P0
153,320 P1

2 – Cálculo das distâncias P0 B e P1B (Lei dos senos)

sen (P0 BP1 ) sen (BP0 P1 ) sen (BP1 P0 )


= =
153,320 BP1 BP0
46°2
7'0"
3

158,048
0
0,8
21

"
'30
12
8 5°
48°
20
'30
"

P0
153,320 P1

3 – Cálculo da distância A-B (Fórmula do cosseno)

63
Capítulo 2 - Planimetria

AB = (P A) + (P B )
0
2
0
2
− 2 ∗ P0 A ∗ P0 B * cos ( AP0 B ) = 120,700 m

(P A) + (P B )
ou

AB = − 2 ∗ P1 A ∗ P1 B * cos ( AP1 B ) = 120,700 m


2 2
1 1

B B
0
120,70 120,70
0

A 03
A
0,8

158,048
21
133,994

32 °
9'42

18
"

6,
"

23
0'10
40°

P0
P1

4 – Resumo de cálculo

0 B
120,70

46°2
7'0"
7'28"
54°1
03

158,048
0,8
21

18
133,994

6
,2
3

32°
2

9 '42
" "
0'10
40°
80
°3

"
'30
0'1

2
2"

°1
85
48°

0"
20'3

12'2
0"

45°

P0
153,320 P1

5.2 - Poligonal Topográfica

64
Uma poligonal topográfica é uma sucessão de alinhamentos topográficos. Quando tem caráter de
representar o arcabouço do levantamento de uma área, esta é denominada de poligonal básica ou poligonal
principal. Para materialização da poligonal principal utiliza-se dos métodos principais vistos anteriormen-
te (Item 5.1.1), sendo mais utilizado o processo por caminhamento.
A partir da poligonal principal, todos os elementos naturais e artificiais no qual sejam de interesse
à representação, são levantados utilizando-se de uma poligonal interna auxiliar, geralmente valendo-se dos
métodos secundários (Item 5.1.2), principalmente do processo por irradiação.
Todos os pontos da poligonal topográfica (principais e secundários) são denominados de pontos
topográficos. Estes pontos definem a área levantada topograficamente, podendo ser:
# Naturais - São aqueles que já existem no terreno, o foram objeto de levantamento (ex.: torre de
igreja, árvores; postes, pontes, prédios, etc.);
# Artificiais - São aqueles implantados ou assinalados no terreno especificamente para execução
do levantamento topográfico (piquetes, marcas de tinta, etc.).
Segundo a NBR 13.133, a poligonal principal determina os pontos do apoio topográfico de primei-
ra ordem. Uma poligonal dita de secundária é aquela que, apoiada nos vértices da poligonal principal, deter-
mina pontos do apoio topográfico de segunda ordem. Ainda, define-se por poligonal auxiliar, a poligonal
que, baseada nos pontos de apoio planimétrico, têm seus vértices distribuídos na área ou faixa a ser levanta-
da, de tal forma que seja possível coletar, direta ou indiretamente, por irradiação, interseção ou por ordenadas
sobre uma linha-base, os pontos de detalhe julgados importantes, que devem ser estabelecidos pela escala ou
nível de detalhamento do levantamento.
Para implantação da poligonal topográfica, além dos instrumentos necessários à avaliação dos ân-
gulos e distâncias (teodolitos e trena ou distanciômetro), são utilizados alguns acessórios como (Figura 2.41):
# Piquetes - São utilizados para demarcação do ponto topográfico;
# Balizas - São utilizadas para materialização vertical do ponto topográfico;
# Estaca testemunha - Geralmente é colocada ao lado do piquete, para auxiliar a localização e i-
dentificação do ponto topográfico;
# Marco - Tem função similar à estaca testemunha, tendo a particularidade de maior resistência às
intempéries.

Com relação ao seu desenvolvimento, a poligonal pode ainda ser classificada como poligonal aber-
ta ou fechada (Figura 2.42).

Na poligonal aberta o ponto topográfico inicial não coincide com o final (ex.: trecho de uma estra-
da, trecho de um córrego, linha de transmissão de energia elétrica, sistema de esgoto, etc.).

65
Capítulo 2 - Planimetria

Na poligonal fechada o ponto topográfico inicial coincide com o final. Esta é denominada também
de poligonal em “looping” (ex.: loteamento, medição de uma bacia hidrográfica, definição de uma área urba-
na ou rural, etc.).

Figura 2.41: Acessórios ao levantamento da poligonal topográfica.

a) Aberta b) Fechada
Figura 2.42: Poligonal topográfica.

Exemplo 31: Na figura 2.43 observa-se uma área que foi levantada e representada em escala apro-
priada. Nesta, os pontos 00 a 09 são os pontos topográficos da poligonal principal, sendo esta desenvolvida
em “looping”. O córrego e a estrada foram levantados por poligonais internas auxiliares, sendo abertas.
66
Uma lagoa localizada à direita, foi levantada pelo processo de irradiação. As dimensões da benfeitoria, à
esquerda, foram levantadas e “amarradas” à estrada pelo processo de coordenadas retangulares.

Figura 2.43: Levantamento planimétrico de uma propriedade.

A NBR 13.133, considerando a aparelhagem, procedimentos, desenvolvimentos e materialização,


classifica as poligonais planimétricas em 05 classes:

a) Classe I P – Adensamento da rede geodésica (Transporte de coordenadas);


b) Classe II P – Apoio topográfico para projetos básicos, executivos, como executado, e obras de
engenharia;
c) Classe III P – Adensamento do apoio topográfico para projetos básicos, executivos, como execu-
tado, e obras de engenharia;
d) Classe IV P - Adensamento do apoio topográfico para poligonais III P. Levantamentos topográ-
ficos para estudos de viabilidade em projetos de engenharia;
e) Classe V P – Levantamentos topográficos para estudos expeditos.
Tabela 2.5: Levantamento Planimétrico – Poligonais.
Medição Desenvolvimento
Classe Lado Número Materialização
Extensão
Angular Linear Mínimo Médio máximo de
máxima (L)
vértices
≥ 1,5
(Dmin) (Dméd)
Método das direções: Três Leituras recíprocas (vante e ré) Marcos de concreto
IP 50 km 1 km 11
séries de leituras conjuga- com distanciômetro eletrônico km ou pinos
67
Capítulo 2 - Planimetria

das direta e inversa, hori- classe 2. Correção de temperatura e


zontal e vertical. Teodoli- pressão.
to classe 3.
Método das direções; três
Leituras recíprocas (vante e ré)
≥ 190 m
séries de leituras conjuga-
com distanciômetro eletrônico Marcos de concreto
II P das direta e inversa, hori- 15 km 100 m 31
classe 1. Correção de temperatura e ou pinos
zontal e vertical. Teodoli-
pressão.
to classe 3.
Leituras recíprocas (vante e ré)
Método das direções com Marcos de concreto
com distanciômetro eletrônico
≥ 170 m
duas séries de leituras ou pinos no apoio
classe 1 ou medidas com trena de
III P conjugadas direta e inver- 10 km 50 m 41 topográfico. Pinos
aço aferida com correções de dila-
sa, horizontal e vertical. ou piquetes nas po-
tação, tensão, catenária e redução
Teodolito classe 2. ligonais auxiliares
ao horizonte.
Leituras recíprocas (vante e ré)
Método das direções com com distanciômetro eletrônico

≥ 160 m
uma série de leituras con- classe 1 ou medidas com trena de
IV P jugadas direta e inversa, aço aferida e controle taqueométri- 07 km 30 m 41 Pinos ou piquetes
horizontal e vertical. Teo- co com leitura dos três fios ou e-
dolito classe 2. quivalente (teodolitos autoreduto-
res)
Leitura numa só posição Observações taqueométricas (vante
da luneta, horizontal e e ré) em miras centimétricas previ-
05 km (P) 41 (P)
vertical, com correções de amente aferidas, providas de nível
VP 02 km (S) 30 m 90 m 21 (S) Pinos ou piquetes
colimação, PZ (ou de ín- esférico com leitura dos três fios
01 km (A) 12 (A)
dice) com teodolito classe ou equivalente (teodolitos autore-
1. dutores)
(P) – Poligonal principal (S) – Poligonal secundária (A) – Auxiliar Fonte: NBR 13.133
Com relação às classes de teodolitos, distanciômetros (MED) e estações totais citados na tabela 2.5,
segundo a mesma norma tem-se:
Tabela 2.6: Classificação dos teodolitos.
Classes de teodolitos Desvio-padrão - Precisão angu-

≤ ± 30”
lar

≤ ± 07”
1 – Precisão baixa

≤ ± 02”
2 – Precisão média
3 – Precisão alta
Fonte: NBR 13.133

Tabela 2.7: Classificação dos MED.

± (10 mm + 10 ppm x D)
Classes de teodolitos Desvio-padrão

± (5 mm + 5 ppm x D)
1 – Precisão baixa

± (3 mm + 2 ppm x D)
2 – Precisão média
3 – Precisão alta
D = Distância medida em km. Fonte: NBR 13.133
ppm = parte por milhão.

Tabela 2.8: Classificação de estações totais.

≤ ± 30” ± (10 mm + 10 ppm x D)


Classes de teodolitos Desvio-padrão - Precisão angular Desvio-padrão

≤ ± 07” ± (5 mm + 5 ppm x D)
1 – Precisão baixa

≤ ± 02” ± (3 mm + 2 ppm x D)
2 – Precisão média
3 – Precisão alta
Fonte: NBR 13.133

6 - Planilha de Coordenadas

68
A finalidade da coleta dos elementos naturais e artificiais através do levantamento topográfico é a
construção da planta topográfica. Sendo a planta topográfica o objetivo final da topografia, os conceitos e
procedimentos para sua construção merecem outra disciplina geralmente intitulada de “Desenho Topográfi-
co”. Porém deve-se ter conhecimento até então da possibilidade de representação ou desenho desta planta,
por dois processos distintos:
# Coordenadas polares, onde com auxílio de transferidor e escalímetro, transfere-se ângulos e
distâncias tomados em campo;
# Coordenadas retangulares, onde com auxílio de escalímetro transferem-se duas distâncias,
considerando dois eixos cartesianos.

Objetivando uma representação mais precisa do terreno, faz-se a transformação dos dados da ca-
derneta de campo (coordenadas polares) para coordenadas retangulares. Para esta operação seguir-se-á as se-
guintes etapas:

1 - Calcular o fechamento angular;


2 - Calcular os azimutes de todos os alinhamentos;
3 - Calcular as coordenadas relativas não corrigidas;
4 - Calcular o erro de fechamento linear;
5 - Calcular as coordenadas relativas corrigidas;
6 - Calcular as coordenadas absolutas.

3 Atenção:
Para o cálculo das irradiações, não é necessário envolver as etapas 1, 4, 5.
Estas etapas são comentadas nos próximos itens e reforçadas nos exemplos 38 e 39.

6.1 - Cálculo do Fechamento Angular

Quando estamos executando uma medida, sempre estaremos sujeito a erros. A partir do erro detec-
tado, a próxima etapa é verificar se este erro é admissível ou tolerável. Sendo o erro tolerável, faz-se a dis-
tribuição deste erro.

6.1.1 – Determinação do Erro Angular

69
Capítulo 2 - Planimetria

Para determinar o erro de fechamento angular de uma poligonal, primeiramente deve-se verificar se
esta se desenvolveu de forma aberta ou fechada (Item 5.2) e o processo de medida do ângulo horizontal,
ângulo horário (interno/externo) ou deflexão (Item 4.1.2).

a) Poligonal Aberta
Para calcular o erro de fechamento de uma poligonal aberta deve-se:
# Conhecer o azimute inicial;
# Calcular os azimutes dos lados da poligonal;
# Comparar o último azimute calculado com o último azimute conhecido.
O erro será dado por:

Erro = Azimute calculado - Azimute conhecido

b) Poligonal Fechada
Considerando que a poligonal fechada pode ser desenvolvida através da medida dos ângulos horá-
rios ou por deflexão, tem-se
# Considerado por ângulos horários (interno/externo)
O erro será detectado caso o somatório dos ângulos da poligonal não for igual a:

∑ angulos = 180 o
⋅ (n ± 2 )
onde
n - representa o número de lados da poligonal;
e o sinal ± significa: + ângulo horário externo;
- ângulo horário interno.

Exemplo 32: Seja a poligonal fechada, desenvolvida por ângulos horários internos e sua respectiva
caderneta de campo (Figura 2.44). Calcule o erro de fechamento angular.

Caderneta de Campo
Estação Ponto Visado Ângulos Distâncias
1 2 70o 20’ 100,00
2 3 192o 03’ 90,00
3 4 71o 34’ 150,00
4 5 95o 43’ 76,00
5 1 110o 23’ 80,00
Soma 540o 03’

70
Figura 2.44: Erro de fechamento angular I.

∑ angulos = 180
Solução:
⋅ (n ± 2 ) = 180 . (5 - 2) = 180 . 3 = 540
o o o o

erro = 540o 03’ - 540o = + 03’ (erro por excesso !)

# Considerado por deflexão

∑ Deflexao direita − ∑ Deflexao esquerda


O erro será detectado caso a igualdade abaixo não ser verdadeira:
= 360o

Exemplo 33: Seja a poligonal fechada, desenvolvida por deflexão e sua respectiva caderneta de
campo (Figura 2.45). Calcule o erro de fechamento angular.

Caderneta de Campo
Deflexão
Estação Ponto Visado Distâncias
Direita Esquerda
1 2 - 100o 30’ 100,00
o
2 3 10 43’ - 90,00
o
3 4 - 120 34’ 150,00
4 5 - 74o 15’ 76,00
5 1 - 75o 20’ 80,00
Soma 10o 43’ 370o 39’

71
Capítulo 2 - Planimetria

Figura 2.45: Erro de fechamento angular II.

∑ Deflexao direita − ∑ Deflexao esquerda


Solução:
= 360 o

10 o 43'−370 o 39' = 359 o 56'

erro = 359o 56’ - 360o = - 04’ (erro por falta !)

6.1.2 – Tolerância do Erro Angular

Visto a forma de detecção do erro de fechamento angular, deve-se agora analisá-lo. Para estabele-
cer a validade de um levantamento topográfico, deve-se ter parâmetros de comparação para aceitação ou re-
jeição deste levantamento. Desta forma, inúmeras regras e fórmulas são aplicadas, inclusive algumas basea-
das em fórmulas empíricas e outras nos conceitos do Ajustamento de Observações (Cap. 8).
Uma referência para validar um levantamento topográfico pode ser consultada na NBR 13.133.

Para aplicações em geral, pode-se utilizar a seguinte relação:

Tolerância = b ⋅ n
onde
b => Depende das diferentes classes de poligonais (Tabela 2.5);
n => Número de vértices da poligonal.
Tabela 2.9: Classe x Coeficiente b.

72
Classe de poligonais Coeficiente (b)
IP 6”
II P 15”
III P 20”
IV P 40”
VP 180”
Fonte: NBR 13.133

Exemplo 34: Baseado nos exemplos 32 e 33, considerando os dados abaixo, calcule a tolerância
angular.
Dados:
b = 2’; n = 5.
Solução:
Tolerancia = b ⋅ n

Tolerancia = 2'⋅ 5 = 4,47' = 4'28' '

Logo, os dois exemplos podem ser considerados dentro da tolerância.

6.1.3 – Distribuição do Erro Angular

Considerando que o erro angular cometido no levantamento foi menor que a tolerância estipu-
lada inicialmente, a próxima etapa será a distribuição deste erro.
Considerando que a possibilidade de cometimento de erro na medida de qualquer ângulo é a mes-
ma, já que são medidas com o mesmo instrumento e nas mesmas condições, a correção será dada pela divisão
do erro angular pelo número total de lados da poligonal.

Erro angular
correção =
Numero de lados

Deve-se atentar que a correção possui sinal contrário ao erro cometido

Exemplo 35: Baseado no exemplo 32, distribua o erro angular.

∑ angulos = 180
Solução:
⋅ ( n ± 2) = 180 . 3 = 540 , ou seja,
o o o
O erro angular foi detectado por:

erro = 540o 03’ - 540o - = 03’ (erro por excesso)

73
Capítulo 2 - Planimetria

Como o erro foi por excesso, ou seja ultrapassou o esperado em 3’, o sinal da correção deve ser ne-
gativo.
− 3'
= = − 0,6' = − 36" para cada alinhamento
Erro angular
correção =
Numero de lados 5

Caderneta de Campo
Est/P.V. Ângulos horários lidos Correção Ângulos horários corrigidos Distância
1-2 70o 20’ - 36” 70o 19’ 24” 100,000
2-3 192o 03’ - 36” 192o 02’ 24” 90,000
3-4 71o 34’ - 36” 71o 33’ 24” 150,000
4-5 95o 43’ - 36” 95o 42’ 24” 76,000
5-1 110o 23’ - 36” 110o 22’ 24” 80,000
Soma 540o 03’ - 3’ 540o 00’ 00”

6.2 - Cálculo de Azimutes

Sabendo que o levantamento pode utilizar-se de ângulos horários ou por deflexão tem-se:

a) Considerando ângulos por deflexão


O cálculo do azimute em função dos ângulos por deflexão obtidos em campo, pode ser dado por:

Azimute calculado = Azimute anterior ± Deflexão

sendo + ) se deflexão à direita;


- ) se deflexão à esquerda.

Exemplo 36: Dado a caderneta de campo abaixo, calcule os azimutes (Figura 2.46).

Solução:
o o o
AZB-C = AZA-B + Dd = 100 + 120 = 220
AZC-D = AZB-C - De = 220o + 110o = 110o

Caderneta de Campo
Alinhamentos Azimute lido Deflexão Azimute calculado
A-B 100o
B-C 120o D 220o
C-D 110o E 110o

74
Figura 2.46: Cálculo de azimutes I.

b) Considerando ângulos horários


Os azimutes calculados serão dados pela seguinte expressão:

Azimute calculado = (Azimute anterior + ângulo horário) ± 180o (ou - 540o)

sendo + 180o ) se a soma entre parêntesis for inferior a 180o


- 180o ) se a soma entre parêntesis for superior a 180o e inferior a 540o
- 540o ) se a soma entre parêntesis for superior a 540o

Exemplo 37: Dado a caderneta de campo abaixo, calcule os azimutes (Figura 2.47).
Solução:
AZB-C = AZA-B + âng. hor. = 100 + 300 = 400o
o o

(540o > soma > 180o logo “ - 180o ”) = 400o - 180o = 220o

AzC-D = Az-BC + âng. hor. = 220o + 70o = 290o


(540o > soma > 180o logo “ - 180o ”) = 290o - 180o = 110o

Caderneta de Campo
Alinhamentos Azimute lido Ângulo horário Azimute calculado
A-B 100o
B-C 300o 220o
C-D 70o 110o

75
Capítulo 2 - Planimetria

Figura 2.47: Cálculo de azimutes II.

6.3 - Cálculo das Coordenadas Relativas Não Corrigidas

O cálculo das coordenadas relativas ou parciais relaciona os ângulos corrigidos e distâncias me-
didas em campo. Considerando que o levantamento topográfico está orientado com relação ao norte magné-
tico ou ao norte verdadeiro, impõe-se que esta direção coincida com o eixo das ordenadas Y. O eixo da abs-
cissa X forma 90o com este primeiro, perfazendo o par de eixos cartesianos.
Desta forma utiliza-se da trigonometria para calcular as coordenadas relativas, pelas seguintes rela-
ções:

xA-B = DA-B . sen AzimuteA-B - (abscissa relativa)


yA-B = DA-B . cos AzimuteA-B - (ordenada relativa)

Os sinais das coordenadas relativas devem ser considerados e estarão diretamente relacionados com
o quadrante em que pertence o ponto topográfico.
Pela figura 2.48 observa-se que o sinal de abscissa positiva (x +) está no sentido a leste (azimute é
menor que 180o ou rumo em NE e SE). Tem-se para o sinal de abscissa negativa (x -), os valores no sentido
oeste (azimute é menor que ou rumo em SO e NO).
Para as ordenadas, os valores positivos estão no sentido norte (azimute maior que 270o e menor
que 90o ou rumo em NO e NE). As ordenadas negativas estão no sentido sul (azimute entre 90o e 270o ou
rumo em SE e SO) (Figura 2.48).

76
Figura 2.48: Cálculo das coordenadas relativas I.

Exemplo 38: Dado a figura 2.49, calcule as coordenadas relativas.

Solução:

xA-B = DA-B . sen AZA-B = 100 . sen 45o 35’= + 71,427 m


yA-B = DA-B . AZA-B - = 100 .cos 45o 35’ = + 69,987 m

xB-C = DB-C . sen AZB-C = 85 . sen (180o - 50o 43’) = + 65,792 m


yB-C = DB-C . cos AZB-C = 85 . cos (180o - 50o 43’) = - 53,818 m

Figura 2.49: Cálculo das coordenadas relativas II.

77
Capítulo 2 - Planimetria

6.4 - Cálculo do Fechamento Linear

6.4.1 – Determinação do Erro Linear

O cálculo do erro de fechamento linear é dado pelas seguintes expressões:

El = ex 2 + ey 2
ex = ∑ x (+) + ∑ x (−)
ey = ∑ y(+) + ∑ y(−)
onde
El - Erro total absoluto de fechamento linear;
ex - Erro de fechamento nas abscissas;
ey - Erro de fechamento nas ordenadas.

O erro relativo será dado por:

Er =
El
L
onde
Er - Erro relativo; L - Perímetro em metros;
El - Erro total absoluto de fechamento linear;
O cálculo do erro relativo já pode ser uma indicação da precisão do levantamento, por exemplo, se
o erro relativo é igual a 1/10.000 (Er = 1/10.000), tem-se um erro de 1m para 10 km, ou 1cm para 100 m;
precisão razoável para várias aplicações da Agrimensura.

6.4.2 – Tolerância do Erro Linear

Como comentado anteriormente, ao cometer um erro, deve-se analisar se este é tolerável. A tole-
rância, segundo a NBR 13.133, para poligonais do Tipo 1, pode ser definida como:

T = d ⋅ L (km)

onde d – Coeficiente que expressa a tolerância para o erro de fechamento linear em m/km de desenvolvimen-
to poligonal, e depende do tipo de poligonal (Tabela 2.5);
e L, é o perímetro medido, expresso em quilômetros.

78
Tabela 2.10: Classe x Coeficiente d.
Classe de poligonais Coeficiente d (m)
IP 0,10
II P 0,30
III P 0,42
IV P 0,56
VP 2,20
I PRC 0,07
II PRC 0,30
Fonte: NBR 13.133

6.5 - Cálculo das Coordenadas Relativas Corrigidas

Para cálculo da correção das coordenadas relativas, existem dois processos usualmente emprega-
dos:

# Processo 1 - Proporcional às Distâncias


Os erros são distribuídos proporcionalmente às distâncias medidas em campo, e seguirá a seguinte
sequência de cálculo:

a) Achar os fatores em x e em y.

ex ey
fatorx = ; fatory =
P P

sendo P o perímetro em metros.

b) Achar a correção em x e em y, multiplicando o fator pelas distâncias.

Correção x1-2 = fatorx . dist1-2; Correção y1-2 = fatory . dist1-2

# Processo 2 - Proporcional às Coordenadas Relativas


Os erros são distribuídos proporcionalmente às coordenadas relativas calculadas, e seguirá a se-
guinte seqüência de cálculo:

79
Capítulo 2 - Planimetria

a) Achar os fatores em x e em y.

ex ey
∑x ∑y
fatorx = ; fatory =

∑ x => somar todos os valores de abscissas;

∑ y => somar todos os valores de ordenadas.

b) Achar a correção em x e em y, multiplicando o fator pelas coordenadas relativas.

Correção x1-2 = fatorx . x1-2; Correção y1-2 = fatory . y1-2

Deve-se atentar para que toda correção deva ter sinal contrário ao erro linear cometido, para
cumprir seu objetivo. A coordenada relativa corrigida será dada pela coordenada relativa com erro mais ou
menos a correção:

Coord. relativa corrigida = Cood. rel. com erro ± correção

Para levantamentos topográficos de áreas não muito extensas, e sua precisão angular for semelhan-
te à linear utiliza-se do método 1. Quando no levantamento usa-se precisão angular superior à linear, o méto-
do 2 é mais indicado. Estes dois métodos são demonstrados nos exemplo 39 e 40.

6.6 - Cálculo das Coordenadas Absolutas

Finalmente deve-se determinar as coordenadas absolutas, ou seja, aquelas que realmente servirão à
construção da planta topográfica. Para que o polígono se situe no primeiro quadrante (NE), atribui-se no pon-
to de partida, valores arbitrários positivos. Outra opção é adotar as coordenadas UTM para este ponto de par-
tida, sendo esta a escolha mais ideal.
As coordenadas absolutas serão dadas pelas seguintes expressões:

Xn = Xn - 1 + x Yn = Yn - 1 + y

Estes cálculos são demonstrados nos exemplos 39 e 40.

80
6.7 – Exemplos de Cálculo de Planilha de Coordenadas

A seguir serão apresentados 2 exemplos de cálculo de planilha de coordenadas, contemplando os


itens vistos acima (itens 6.1 a 6.6).
Deve-se acompanhar cada etapa de cálculo com o embasamento teórico visto anteriormente, e prin-
cipalmente o cálculo das irradiações. Segue ainda um desenho das respectivas cadernetas de campo para es-
clarecimento dos cálculos. No cálculo da correção linear (Item 6.5) foi utilizado o processo 1 no exemplo 39
e os dois processos, para comparação, no exemplo 40.

6.7.1 - Exemplo 39

Elaborada uma poligonal topográfica da classe V P (Tabela 2.5), com sua caderneta de campo e o
croqui da área a seguir (Figura 2.50), pede-se:

1 - Cálculo do Fechamento Angular


2 - Cálculo de Azimutes
3 - Cálculo das Coordenadas Relativas Não Corrigidas
4 - Cálculo do Fechamento Linear
5 - Cálculo das Coordenadas Relativas Corrigidas
6 - Cálculo das Coordenadas Absolutas

Valores para definição das tolerâncias:


Angular => b = 180” = 3’ (Tabela 2.9)
Linear => d = 2,20 m (Tabela 2.10)

Obs.: Na caderneta, todos os valores em fonte normal são dados de campo e em negrito foram cal-
culados.

81
82
Planilha de Cálculo de Coordenadas
Coordenadas Parciais não Coordenadas Coordenadas Totais
Est. Deflexão Azimutes Distâncias Corrigidas (m) Correções (m) Parciais Corrigidas (m) (metros)
Lida Corr. Corrigida x = D .sen AZ y = D .cos AZ Cx Cy x y X Y
0-1 120o 02’ E - 1’ 120o 01’ E 150o 00’ (lido) 20,100 + 10,050 - 17,407 - 0,022 + 0,010 + 10,028 - 17,397 100,000 100,000
1-2 120o 03’ E - 1’ 120o 02’ E 29o 58’ 20,050 + 10,015 + 17,370 - 0,022 + 0,010 + 9,993 + 17,380 110,028 82,603
1-a 40o 45’ E - 40o 45’ E 109o 15’ 10,000 + 9,441 - 3,297 - - + 9,441 - 3,297 119,469 79,306
2-0 119o 58’ E - 1’ 119o 57’ E 270o 01’ 20,000 - 20,000 + 0,006 - 0,021 + 0,011 - 20,021 + 0,017 120,021 99,983

Σ 360o 03’ 360o 00’ 60,150 + 0,065 - 0,031 - 0,065 + 0,031 0,000 0,000

Figura 2.50: Poligonal topográfica I.


82
Solução:

1 - Cálculo do Fechamento Angular

∑ Deflexão direita − ∑ Deflexão esquerda


a) Cálculo do erro angular
= 360o
0 − 360o 03' = 360o 03'∴360o 03'− 360o = +03'

Erro de 3’ por excesso.

b) Cálculo da tolerância angular

Tolerância = b ⋅ n
Considerando: b = 3’ e n = 3, têm-se:
Tolerância = 3'⋅ 3 = 5,196' ≅ 5' 12' '

Erro (3’) < Tolerância (5’ 12”) - Dentro da tolerância !

c) Cálculo da correção angular


− 3'
= = − 1' para cada lado .
Erro angular
correção =
Número de lados 3

Observe que a irradiação não sofreu correção.

2 - Cálculo de Azimutes

Azimute calculado = Azimute anterior ± Deflexão

Como a deflexão é a esquerda tem-se:


Azimute calculado = Azimute anterior - Deflexão
AZ0-1 = 150o 00’(Este é obtido em campo, sem possibilidade de alteração)
AZ1-2 = AZ0-1 - De = 150o - 120o 02’ = 29o 58’
AZ2-0 = AZ1-2 - De = 29o 58’ - 119o 57’ = - 89o 59’ (não podendo ficar negativo, soma-se 360o)
- 89o 59’ + 360o = 270o 01’
AZ0-1= AZ2-0 - De = 270o 01’ - 120o 01’ = 150o 00’
Irradiação:
AZ1-a = AZ0-1 - De = 150o - 40o 45’ = 109o 15’ (Observe que o anterior é o AZ0-1)

3 - Cálculo das Coordenadas Relativas Não Corrigidas


83
Capítulo 2 - Planimetria

xA-B = DA-B . sen AzimuteA-B (abscissa relativa)


yA-B = DA-B . cos AzimuteA-B (ordenada relativa)

x0-1 = D0-1 . sen AZ0-1 = 20,100 . sen 150o 00’= + 10,050 m


x1-2 = D1-2 . sen AZ1-2 = 20,050 . sen 29o 58’ = + 10,015 m
x2-0 = D2-0 . sen AZ2-0 = 20,000 . sen 270o 01’ = - 20,000 m

y0-1 = D0-1 . cos AZ0-1 = 20,100 . cos 150o 00’= - 17,407 m


y1-2 = D1-2 . cos AZ1-2 = 20,050 . cos 29o 58’ = + 17,370 m
y2-0 = D2-0 . cos AZ2-0 = 20,000 . cos 270o 01’ = + 0,006 m

Irradiação:
x1-a = D1-a . sen AZ1-a = 10,000 . sen 109o 15’ = + 9,441 m
y1-a = D1-a . cos AZ1-a = 10,000 . cos 109o 15’ = - 3,297 m

4 - Cálculo do Fechamento Linear

a) Cálculo do erro linear

El = ex 2 + ey 2

ex = ∑ x ( + ) + ∑ x ( −) = (10,050 + 10,015) + (- 20,000) = + 0,065 m

ey = ∑ y( + ) + ∑ y( −) = (17,370 + 0,006) + (- 17,407) = - 0,031 m

El = 0,065 2 + (− 0,031) = 0,072m


2

b) Cálculo da tolerância linear


T = d ⋅ L (km)

Considerando d = 2,20 m (Tabela 2.10)


e L = 0,0601 (soma dos lados em quilômetros) tem-se:

T = 2,20 ⋅ 0,0601 = 0,539 m

Erro (0,072 m) < Tolerância (0,539 m) => Dentro da tolerância !

c) Cálculo do erro relativo linear


O erro relativo é dado por:
84
Er = = = ≅
El 0,072 1 1
L 60,15 835 800

sendo El e L em metros.

ou seja, projeta um erro de 1 cm a cada 8,000 m, sendo uma precisão ruim para algumas aplicações da Agri-
mensura.

5 - Cálculo das Coordenadas Relativas Corrigidas

Será utilizado o processo 1 (proporcional às distâncias), por ser uma poligonal pequena.

a) Cálculo dos fatores em x e em y.


− 0.065
= = − 1,08063 x 10 −3
ex
fatorx =
P 60,150
+ 0,031
= = + 5,15378 x 10 −4
ey
fatory =
P 60,150
sendo P o perímetro em metros.

b) Cálculo da correção em x e em y
Deve-se observar que o sinal da correção deve ser contrário ao do erro.

Correção x1-2 = fatorx . dist1-2; Correção y1-2 = fatory . dist1-2

Corr x0-1 = fatorx . dist0-1 = - 1,08063 x 10-3 . 20,100 = - 0,022 m


Corr x1-2 = fatorx . dist1-2 = - 1,08063 x 10-3 . 20,050 = - 0,022 m
Corr x2-0 = fatorx . dist2-0 = - 1,08063 x 10-3 . 20,000 = - 0,021 m

Corr y0-1 = fatory . dist0-1 = + 5,15378 x 10-4 . 20,100 = + 0,010 m


Corr y1-2 = fatory . dist1-2 = - 1,08063 x 10-3 . 20,050 = + 0,010 m
Corr y2-0 = fatory . dist2-0 = - 1,08063 x 10-3 . 20,000 = + 0,011 m

A irradiação não sofre correção.

c) Coordenada relativa corrigida

Basta somar a correção à coordenada relativa não corrigida:


85
Capítulo 2 - Planimetria

x1-2(corrigida) = x1-2(erro) + Corr x1-2 = + 10,050 - 0,022 = + 10,028 m


................................................................................................

y1-2(corrigida) = y1-2(erro) + Corr y1-2 = - 17,407 + 0,010 = + 17,397 m


................................................................................................

Obs.: O restante dos cálculos está na caderneta.

6 - Cálculo das Coordenadas Absolutas

Para determinação das coordenadas absolutas, adotou-se valores para as coordenadas X e Y iniciais
(ponto 0).
X0 = 100,000 m;
Y0 = 100,000 m

X1 = X0 + x0-1 = 100,000 + 10,028 = 110,028 m


X2= X1+ x1-2= 110,028 + 9,993 = 120,021 m
X0 = X2+ x2-0= 120,021 + ( - 20,021) = 100,000 m

Y1 = Y0 + y0-1 = 100,000 + ( - 17,397) = 82,603 m


Y2= Y1+ y1-2= 82,603 + 17,380 = 99,983 m
Y0 = Y2+ y2-0= 99,983 + 0,017 = 100,000 m

Irradiação:
Xa = X1 + x1-a = 110,028 + 9,441 = 119,469 m
Ya = Y1 + y1-a = 82,603 + ( - 3,297) = 79,306 m

6.7.2 - Exemplo 40

86
Elaborada uma poligonal topográfica da classe IV P (Tabela 2.5), com sua caderneta de campo e o
croqui da área a seguir (Figura 2.51), pede-se:

1 - Cálculo do Fechamento Angular


2 - Cálculo de Azimutes
3 - Cálculo das Coordenadas Relativas Não Corrigidas
4 - Cálculo do Fechamento Linear
5 - Cálculo das Coordenadas Relativas Corrigidas
6 - Cálculo das Coordenadas Absolutas

Valores para definição das tolerâncias:


Angular => b = 40” (Tabela 2.9);
Linear => d = 0,56 m (Tabela 2.10).

Obs.: Na caderneta, todos os valores em fonte normal são dados de campo e em negrito foram cal-
culados.

Figura 2.51: Poligonal topográfica II.

87
Capítulo 2 - Planimetria

88
Planilha de Cálculo de Coordenadas

Dist. Coordenadas Coordenadas Totais


Ângulo horário Coordenadas Parciais (m) Correções (m)
Est. Azimutes Parciais Corr. (m) (metros)
(m)
Lido Corr. Corrigido x = D .sen AZ x = D .cos AZ Cx1 Cy1 Cx2 Cy2 x y X Y

0-1 62o 35’ 20” - 05” 62o 35’ 15” 60o 00’ 00” 411,340 + 356,231 + 205,670 + 0,055 + 0,039 + 0,075 + 0,035 + 356,286 + 205,709 1.000,000 1.000,000

1-2 230o 45’ 30” - 05” 230o 45’ 25” 110o 45’ 25” 339,230 + 317,211 - 120,225 + 0,045 + 0,032 + 0,067 + 0,020 + 317,256 - 120,193 1.356,286 1.205,709

2-3 65o 15’ 40” - 05” 65o 15’ 35” 356o 01’ 00” 408,500 - 28,377 + 407,513 + 0,054 + 0,039 + 0,006 + 0,069 - 28,323 + 407,552 1.673,542 1.085,516

2-i1 90o 30’ 00” - 90o 30’ 00” 21o 15’ 25” 100,300 + 36,364 + 93,476 - - - - + 36,364 + 93,476 1.709,906 1.178,992

3-4 88o 12’ 40” - 05” 88o 12’ 35” 264o 13’ 35” 530,330 - 527,640 - 53,350 + 0,070 + 0,051 + 0,111 + 0,009 - 527,570 - 53,299 1.645,219 1.493,068

3-i2 70o 20’ 00” - 70o 20’ 00” 246o 21’ 00” 100,200 - 91,785 - 40,195 - - - - - 91,785 - 40,195 1.553,434 1.452,873

3-i3 100o 40’ 00” - 100o 40’ 00” 276o 41’ 00” 90,100 - 89,488 + 10,486 - - - - - 89,488 + 10,486 1.555,731 1.503,554

4-5 126o 10’ 30” - 05” 126o 10’ 25” 210o 24’ 00” 252,450 - 127,748 - 217,742 + 0,033 + 0,024 + 0,027 + 0,037 - 127,715 - 217,718 1.117,649 1.439,769

5-0 147o 00’ 50” - 05” 147o 00’ 45” 177o 24’ 45” 222,300 + 10,036 - 222,073 + 0,030 + 0,022 + 0,001 + 0,037 + 10,066 - 222,051 989,934 1.222,051

1.000,000 1.000,000

Σ 720o 00’ 30” 720o 00’ 00” 2.164,150 - 0,287 - 0,207 + 0,287 + 0,207 + 0,287 + 0,207 0,000 0,000

88
Solução:

1 - Cálculo do Fechamento Angular

∑ ângulos = 180
a) Cálculo do erro angular
o
⋅ (n ± 2) ; Sendo n = 6 e ângulos horários internos tem-se:

∑ ângulos = 180 o
⋅ (6 − 2) = 720 o

∑ ângulos = 720 o
00'30"∴720 o 00'30"−720 o = +0 o 00'30"

ou seja, erro de 30” por excesso.

b) Cálculo da tolerância angular

Tolerância = b ⋅ n
Considerando: b = 40’’ e n = 6, tem-se:
Tolerância = 40' '⋅ 6 = 97,979' ' ≅ 1' 38' '

Erro (30’’) < Tolerância (1’ 38”) => Dentro da tolerância !

c) Distribuição do erro angular


− 30' '
= = − 5' ' para cada lado
Erro angular
correção =
Número de lados 6

Observe que a irradiação não sofreu correção.

2 - Cálculo de Azimutes

Azimute calculado = (Azimute anterior + ângulo horário) ± 180o (ou - 540o)

Resumo
Se (soma < 180o) ) (soma + 180o)
Se (540o > soma > 180o) ) (soma - 180o)
Se (soma > 540o) ) (soma - 540o)

AZ0-1 = 60o 00’ 00”(Este é obtido em campo, sem possibilidade de alteração)


AZ1-2 = (AZ0-1 + Ang. hor.1-2) = 60o 00’ 00” + 230o 45’ 25” =
= 290o 45’ 25” - 180o = 110o 45’ 25”
AZ2-3 = (AZ1-2 + Ang. hor.2-3) = 110o 45’ 25” + 65o 15’ 35” =
= 176o 01’ 00” + 180o = 356o 01’ 00”

89
Capítulo 2 - Planimetria

AZ3-4 = (AZ2-3 + Ang. hor.3-4) = 356o 01’ 00” + 88o 12’ 35” =
= 444o 13’ 35” - 180o = 264o 13’ 35”
AZ4-5 = (AZ3-4 + Ang. hor.4-5) = 264o 13’ 35” + 126o 10’ 25” =
= 390o 24’ 00” - 180o = 210o 24’ 00”
AZ5-0 = (AZ4-5 + Ang. hor.5-0) = 210o 24’ 00” + 147o 00’ 45” =
= 357o 24’ 45” - 180o = 177o 24’ 45”
AZ0-1 = (AZ5-0 + Ang. hor.0-1) = 177o 24’ 45” + 62o 35’ 15” =
= 240o 00’ 00” - 180o = 60o 00’ 00”
Irradiações:
AZ2-i1 = (AZ1-2 + Ang. hor.2-i1) = 110o 45’ 25” + 90o 30’ 00” =
= 201o 15’ 25” - 180o = 21o 15’ 25”
AZ3-i2 = (AZ2-3 + Ang. hor.3-i2) = 356o 01’ 00” + 70o 20’ 00” =
= 426o 21’ 00” - 180o = 246o 21’ 00”
AZ3-i3 = (AZ2-3 + Ang. hor.3-i3) = 356o 01’ 00” + 100o 40’ 00” =
= 456o 41’ 00” - 180o = 276o 41’ 00”

3 - Cálculo das Coordenadas Relativas Não Corrigidas

Obs.: Serão feitos apenas alguns cálculos demonstrativos, sendo o restante a cargo do leitor. Os re-
sultados constam da caderneta de cálculo.
xA-B = DA-B . sen AzimuteA-B (abscissa relativa)
yA-B = DA-B . cos AzimuteA-B (ordenada relativa)

x0-1 = D0-1 . sen AZ0-1 = 411,340 . sen 60o 00’ 00” = + 356,231 m
x1-2 = D1-2 . sen AZ1-2 = 339,230 . sen 110o 45’ 25” = + 317,211 m
......................................................................................................
x5-0 = D5-0 . sen AZ5-0 = 222,300. sen 177o 24’ 45” = + 10,036 m
y0-1 = D0-1 . cos AZ0-1 = 411,340 . cos 60o 00’ 00” = + 205,670 m
y1-2 = D1-2 . cos AZ1-2 = 339,230 . cos 110o 45’ 25” = - 120,240 m
......................................................................................................
y5-0 = D5-0 . cos AZ5-0 = 222,300. cos 177o 24’ 45” = - 222,073 m
Irradiação:
x2-i1 = D2-i1 . sen AZ2-i1 = 100,300 . sen 21o 15’ 25” = + 36,364 m
y2-i1 = D2-i1 . cos AZ2-i1 = 100,300 . cos 21o 15’ 25” = + 93,476 m

4 - Cálculo do Fechamento Linear


90
a) Cálculo do erro linear

El = ex 2 + ey 2

ex = ∑ x ( + ) + ∑ x ( −) = (683,478) + ( - 683,765) = - 0,287 m

ey = ∑ y ( + ) + ∑ y ( − ) = (613,183) + ( - 613,390) = - 0,207 m

El = (− 0,287 )2 + (− 0,207 )2 = 0,125 = 0,354m

b) Cálculo da tolerância linear


T = d ⋅ L (km)

Considerando d = 0,56 m e L = 2,16415 (em quilômetros) tem-se:


T = 0,56 ⋅ 2,16415 = 0,824 m

Erro (0,354 m) < Tolerância (0,824 m) => Dentro da tolerância !

c) Cálculo do erro relativo linear

Er = = = ≅
El 0,354 1 1
L 2.164,150 6.113,418 6.000

ou seja, projeta um erro de 1 cm a aproximadamente 60 m, sendo uma precisão boa para algumas aplicações
da Agrimensura.

5 - Cálculo das Coordenadas Relativas Corrigidas

Serão utilizados os dois processos (proporcional às distâncias e às coordenadas relativas), apenas


para exercitá-los. Serão feitos apenas alguns cálculos demonstrativos, sendo o restante a cargo do leitor. Os
resultados constam da caderneta de cálculo.

Processo 1 - Proporcional às distâncias


a) Cálculo dos fatores em x e em y.
+ 0,287
= = + 1,32615 x 10 −4
ex
fatorx =
P 2.164,150

+ 0,207
= = + 9,56496 x 10 −5
ey
fatory =
P 2.164,150
sendo P o perímetro em metros.
91
Capítulo 2 - Planimetria

b) Cálculo da correção em x e em y
Deve-se observar que o sinal da correção deve ser contrário ao do erro.

Correção x1-2 = fatorx . dist1-2; Correção y1-2 = fatory . dist1-2


Corr x0-1 = fatorx . dist0-1 = + 1,32615 x 10-4 . 411,340 = + 0,055 m
....................................................................................................
Corr x5-0 = fatorx . dist5-0 = + 1,32615 x 10-4 . 222,300 = + 0,029 m

Corr y0-1 = fatory . dist0-1 = + 9,56495 x 10-5 . 411,340 = + 0,039 m


....................................................................................................
Corr y5-0 = fatory . dist5-0 = + 9,56495 x 10-5. 222,300 = + 0,021 m

Processo 2 - Proporcional às coordenadas relativas.


a) Cálculo dos fatores em x e em y.
+0,287
= = + 2,09911x10 − 4
ex
∑x
fatorx =
1.367,243

+0,207
= = +1,68763x10 − 4
ey
∑y
fatory =
1.226,573

b) Cálculo da correção em x e em y
Deve-se observar que o sinal da correção deve ser contrário ao do erro.
Correção x1-2 = fatorx . x1-2; Correção y1-2 = fatory . y1-2

Corr x0-1 = fatorx . x0-1 = + 2,09911 x 10-4 . 356,231 = + 0,075 m


....................................................................................................
Corr x5-0 = fatorx . x5-0 = + 2,09911 x 10-4 . 10,036 = + 0,002 m

Corr y0-1 = fatory . y0-1 = + 1,68763 x 10-4 . 205,670 = + 0,035 m


....................................................................................................
Corr y5-0 = fatory . y5-0 = + 1,68763 x 10-5. 222,073 = + 0,037 m
Finalmente, as coordenadas relativas corrigidas serão dadas pela coordenada relativa não corrigida
mais ou menos a correção (Obs.: Neste exemplo, utilizaram-se apenas as correções calculadas pelo processo
1).
x1-2(corrigida) = x1-2(erro) + Corr x1-2 = + 356,231 - 0,055 = + 356,286 m

92
................................................................................................
x5-0(corrigida) = x5-0(erro) + Corr x5-0 = + 10,036 + 0,030 = + 10,066 m

y1-2(corrigida) = y1-2(erro) + Corr y1-2 = + 205,670 + 0,039 = + 205,709 m


................................................................................................
y5-0(corrigida) = y5-0(erro) + Corr y5-0 = - 222,073 + 0,022 = - 222,051 m

Obs.: As irradiações não sofrem correção. O restante dos cálculos está na caderneta.

6 - Cálculo das Coordenadas Absolutas

Para determinação das coordenadas absolutas, adotou-se valores para as coordenadas X e Y iniciais
(ponto 0).
X0 = 1.000,000 m
Y0 = 1.000,000 m
X1 = X0 + x0-1 = 1.000,000 + 356,286 = 1.356,286 m
X2= X1+ x1-2= 1.356,286 + 317,256 = 1.673,542 m
.................................................................................
X0 = X5+ x5-0= 989,934 - 10,066 = 1.000,000 m

Y1 = Y0 + y0-1 = 1.000,000 + 205,709 = 1.205,709 m


Y2= Y1+ y1-2= 1.205,709 - 120,193 = 1.085,516 m
.................................................................................
Y0 = Y5+ y5-0= 1.222,051 - 222,051 = 1.000,000 m

Irradiação:
Xi1 = X2 + x2-i1 = 1.673,542 + 36,364 = 1.709,906 m
.................................................................................
Yi1 = Y2 + y2-i1 = 1.085,516 + 93,476 = 1.178,992 m
.................................................................................

7 - Cálculo de Áreas Planas

A medição da área plana de uma localidade é importante para a maioria dos problemas de engenha-
ria, principalmente quando envolvam estudos de custos.

93
Capítulo 2 - Planimetria

Os cálculos para quantificar as áreas são relativamente simples, porém um custo muito alto quando
realizado manualmente. A utilização de computadores considerando o método analítico, agiliza o cálculo de
áreas. Entre alguns exemplos de aplicação do conhecimento da área plana, pode-se citar:
# Construção de loteamentos - Dimensionamento de lotes, cálculo de impostos, titulação de terras;
# Construção de barragens - Medição de áreas a serem desapropriadas, medição da bacia hidrográ-
fica, avaliação da capacidade do reservatório, dimensionamento da barragem;
# Construção de portos - Previsão do tempo entre dragagens do canal, pagamento dos serviços de
draga;
# Construção de túneis e minas - Avaliação de jazidas, análise de custo de transporte de material;
# Construção de estradas - Medição de áreas a serem desapropriadas, estimativas de material para
construção de cortes e aterros, análise de custos para transporte de material de corte e aterro, previsão de
tempo para execução da obra em função da quantidade e tipo de material a ser retirado ou depositado.

Entre os métodos para cálculo de áreas, cita-se 5 tipos:


# Métodos gráficos - Método de Garceau e Método de Collignon;
# Métodos analíticos - Coordenadas polares, Fórmula do trapézio, Fórmula de Gauss;
# Métodos de decomposição - Decomposição em polígonos, Decomposição em triângulos e Fór-
mulas para lados curvos;
# Métodos mecânicos - Planímetro polar;
# Métodos de comparação - Quadrícula.
São discutidos a seguir o método analítico pela fórmula de Gauss, o método de decomposição
em polígonos e o método de comparação por quadrículas.

7.1 - Método Analítico pela Fórmula de Gauss

É possível o cálculo por processo analítico da área de uma poligonal conhecendo as coordenadas
relativas e absolutas dos vértices.
Para isto, aplica-se a fórmula de Gauss para cálculo de áreas, baseado na fórmula do trapézio. Este
é considerado o método mais preciso para cálculo de áreas de poligonais topográficas.

94
Considerando a figura a lado (Figura
2.52), o polígono ABC e suas projeções relati-
vas e absolutas segundo os eixos x e y, tem-se
que a área do polígono pode ser avaliada como
(Figura 2.53):

Área MABNM + Área NBCPN - Área MACPM


= Área do polígono

Figura 2.52: Cálculo de área I.

Figura 2.53: Cálculo de área II.

Considerando as ordenadas absolutas YA, YB e YC e as abscissas relativas xA-B, xB-C e xC-A, pode-

(YA + YB ) ⋅ xA − B + (YB + YC ) ⋅ x B−C − (YC + YA ) ⋅ xC−A = área do polígono.


se escrever:

2 2 2

(YA + YB ) ⋅ x A − B + (YB + YC ) ⋅ x B−C - (YC + YA ) ⋅ x C−A = 2.área do polígono.


Reajustando a fórmula:

Então, a área dupla será igual à soma binária das ordenadas absolutas pelas abscissas relativas
corrigidas.
Da mesma maneira, pode-se considerar o outro eixo de projeção e teria como a área dupla da área a
soma binária das abscissas absolutas pelas ordenadas relativas. Logo:

( X A + X B ) ⋅ y AB - ( X B + X C ) ⋅ y BC + ( X C + X A ) ⋅ y CA = 2.área

Para exemplificar, utilizaremos os valores das planilhas de cálculo dos exemplos 39 e 40 do item
6.7. Observe que com o preenchimento correto da planilha de cálculo de áreas, em muita facilita o cálculo da
área.

95
Capítulo 2 - Planimetria

96
Exemplo 41: Baseado na planilha de coordenadas do exemplo 39, calcule a área da poligonal topográfica.
Solução:
∑X ∑Y
x . ∑Y y . ∑X
Est. Coordenadas Coordenadas Áreas Duplas Áreas Duplas
Relativas Absolutas
x y X Y + - + -
0 + 10,028 - 17,397 100,000 100,000 210,028 182,603 1.831,143 3.653,857
1 + 9,993 + 17,380 110,028 82,603 230,049 182,586 1.824,582 3.998,252
2 - 20,021 + 0,017 120,021 99,983 220,021 199,983 4.003,860 3,740
0 100,000 100,000
Soma n = 3.655,725 o = 4.003,860 p = 4.001,992 q = 3.653,857
Área (2.S) 2.S = n - o = - 348,135 2.S = p - q = 348,135
Área (S) S = 174,068 m2 = 0,01740 (ha)

Exemplo 42: Baseado na planilha de coordenadas do exemplo 40, calcule a área da poligonal topográfica.
Solução:
∑X ∑Y
x . ∑Y y . ∑X
Est. Coordenadas Coordenadas Áreas Duplas Áreas Duplas
Relativas Absolutas
x y X Y + - + -
0 + 356,286 + 205,709 1.000,000 1.000,000 2.356,286 2.205,709 785.863,237 484.709,237
1 + 317,256 - 120,193 1.356,286 1.205,709 3.029,828 2.291,225 726.904,879 364.164,117
2 - 28,323 + 407,552 1.673,542 1.085,516 3.318,761 2.578,584 73.033,235 1.352.567,683
3 - 527,570 - 53,299 1.645,219 1.493,068 2.762,868 2.932,837 1.547.276,816 147.258,102
4 - 127,715 - 217,718 1.117,649 1.439,769 2.107,583 2.661,820 339.954,341 458.858,756
5 + 10,066 - 222,051 989,934 1.222,051 1.989,934 2.222,051 22.367,165 441.866,835
0 1.000,000 1.000,000
Soma n = 1.535.135,281 o =1.960.264,392 p = 1.837.276,920 q = 1.412.147,809
Área (2.S) 2.S = n - o = - 425.129,111 2.S = p - q = 425.129,111
Área (S) S = 212.564,555 m2 = 21,256 ha

96
7.2 - Método de Decomposição em Polígonos

Qualquer que seja o método discutido anteriormente, deve-se levar em consideração a escala da re-
presentação. Os processos gráficos podem falsear a avaliação da área plana, e devem ser evitados quando se
requer precisão.
O método de decomposição em polígonos geralmente é aplicado em poligonais regulares, as quais
permitam o traçado de um alinhamento que a atravesse. Para totalização da área, deve-se recorrer às expres-
sões da geometria plana, que fornecem a área de figuras como triângulos, retângulos, trapézios e outros.

Exemplo 43: Baseado no exemplo 40, do item 6.7.1, calcule a área da poligonal topográfica (Figu-
ra 2.54).
Solução:
Área 1 (trapézio) = (468 + 278) x 160 / 2 = 59.680 m2
Área 2 (trapézio) = (468 + 78) x 190 / 2 = 51.870 m2
Área 3 (triângulo) = (697 x 280) / 2 = 97.580 m2
Área 4 (triângulo) = (78 x 347) / 2 = 13.533 m2
Área total = 1 + 2 + 3 + 4 = 222.663,500 m2
Área correta = 212.564,555 => Erro de 10.098,945 m2 (≅ 5 %)

Figura 2.54: Cálculo de área III.

97
Capítulo 2 - Planimetria

7.3 - Método de Comparação por Quadrículas

Consiste em determinar um padrão unitário de área e seu correspondente real, em função da escala
da representação. Bastará contar quantas unidades do padrão se ajustam nos limites da propriedade e assim
por simples regra de três obter o total da área.
A precisão do método está vinculada à estabilidade na reprodução do padrão assim como ao tama-
nho físico do mesmo.

Exemplo 44: Baseado no exemplo 40, do item 6.7.1, calcule a área da poligonal topográfica (Figu-
ra 2.55).

Área total = 226.250,000 m2


Área correta = 212.564,555 m2
Erro de 13.685,445 m2 (≅ 6 %)

Figura 2.55: Cálculo de área IV.

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Observações e anotações - Cap. 2
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Capítulo 2 - Planimetria

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100
1 - Introdução

A Altimetria trata dos métodos e instrumentos topográficos empregados no estudo e representação


do relevo do terreno. Para estes objetivos, as medidas são efetuadas na vertical ou considerando um plano
vertical, obtendo-se distâncias verticais ou diferenças de nível, e ângulos verticais (COSMATRI, 1987).
O nivelamento é a operação ou prática topográfica para definir a altimetria do terreno, ou seja,
tem o objetivo de determinar as diferenças de altura entre pontos deste terreno.
O princípio fundamental para o estudo da altimetria é a identificação de superfícies de referência de
nível, que sirvam de comparação entre os vários pontos do terreno.

1.1 - Superfícies de Referência de Nível

Considerando um corte vertical no terreno, pode-se considerar três superfícies básicas (Figura 3.1):
# Superfície do terreno - Onde são re-
alizadas as operações topográficas, por
exemplo, o nivelamento;
# Superfície do geóide - Definido co-
mo a figura que melhor representa a
forma da terra, sendo obtida através do
prolongamento do nível médio dos ma-
res, em repouso, através dos continentes;
# Superfície do elipsóide - Figura com
possibilidade de tratamento matemático,
que mais se assemelha ao geóide.
Figura 3.1: Superfície terrestre, geóide e elipsóide.
A distância entre o elipsóide e

101
Capítulo 3 - Altimetria

o geóide, medido ao longo da normal ao elipsóide (PQ) é a altura geoidal ou ondulação geoidal (N). A dis-
tância entre o elipsóide e o terreno medida ao longo da normal ao elipsóide (TQ) é a altura elipsoidal (h).
A distância entre o geóide e o terreno, medida ao longo da linha de prumo ou vertical (TP’) é a altura orto-
métrica (H), esta obtida pelo nivelamento geométrico.

Obs.: Alguns autores fazem referência a altura elipsoidal pela letra “H”, e altura ortométrica, letra
“h”.
Por aproximação pode-se escrever:

H≅N+h

Se considerarmos que o desvio da vertical possa ser nulo para determinadas aplicações, tem-se:

h=N+H

Considerando a superfície geoidal, como uma superfície de referência, ou seja, como uma super-
fície para tomar medidas por comparação, dois pontos estarão no mesmo nível se suas alturas ortométricas
forem iguais (Figura 3.2).

Figura 3.2: Alturas ortométricas.

Quando se relaciona a superfície de referência de comparação ao geóide esta é denominada de


superfície de referência ideal ou verdadeira.
Apesar desta denominação, ocorrem várias perturbações nesta superfície, como por exemplo as a-
trações combinadas da lua e do sol (fenômeno das marés). Logo, esta referência se baseia no nível médio
dos mares, sendo determinado por observações num marégrafo (por exemplo, o datum altimétrico brasileiro,
localizado na Baía de Imbituba, Santa Catarina), por um grande período de anos, com o propósito de minimi-
zar os efeitos das forças perturbadoras, e assim definir uma superfície estável.
Porém, nos trabalhos de topografia, geralmente a materialização da superfície de referência ideal
ou verdadeira é substituída por uma superfície denominada de superfície de referência aparente.
102
Esta superfície de referência aparente corresponde a um plano paralelo ao plano tangente à su-
perfície de referência ideal ou verdadeira, e materializada, na prática, pelo plano horizontal de visada dos
instrumentos de nivelamento (Figura 3.3).

Figura 3.3: Superfície de referência verdadeira e aparente.

Como visto anteriormente, existem duas superfícies de referência importantes na altimetria:


# Superfície de referência de nível ideal ou verdadeira, definida pelo geóide;
# Superfície de referência de nível aparente, definida por um plano paralelo ao plano tangente ao
geóide, sendo arbitrário a altura entre estes planos.

1.1.1 - Erro de Nível Aparente

É a combinação do erro de esfericidade e do erro de refração.


a) Erro de Esfericidade
Quando se substitui a superfície de nível verdadeira pela superfície de nível aparente comete-se
um erro denominado erro de esfericidade. Demonstrado em COMASTRI, 1987, o erro de esfericidade pode
ser dado pela seguinte expressão:

Ee =
D2
onde: 2⋅R
Ee => Erro de esfericidade (m); D => Distância entre os pontos; R => Raio da terra.

103
Capítulo 3 - Altimetria

Exemplo 1: Tomandose os valores de R ≅ 6.367 km e a distância entre dois pontos igual a 500 m,
calcule o erro de esfericidade.
Solução

Ee = = = 0,020 m
D2 500 2
2 ⋅ R 2 ⋅ 6.367.000

b) Erro de refração
O erro de refração é devido ao desvio do raio luminoso que, ao atravessar as diversas camadas at-
mosféricas, quando se faz uma visada de um ponto ao outro, este segue uma trajetória curva em vez de uma
linha reta. Em geral, as camadas de ar mais densas são as mais próximas da terra, resultando uma trajetória
curva cuja concavidade é voltada para a superfície da terra.
Demonstrado em COMASTRI, 1987, o erro de refração pode ser dado por:

0,079 ⋅ D 2
Er =
R
onde
Er => Erro de refração (m); D => Distância entre os pontos; R => Raio da terra.

c) Erro de nível aparente


Como dito anteriormente, o erro de nível aparente é a combinação dos dois erros discutidos acima,
e pode ser obtido pela seguinte expressão (COMASTRI, 1987):

0,421⋅ D 2
Ena =
R
Na tabela 3.1 obtêm-se valores para o erro de nível aparente (Ena) para valores em função da dis-
tância D e R = 6.367 km.

Tabela 3.1: Valores de distâncias versus erro de nível aparente.


Distância (m) Erro de nível aparente (m)
40 0,0001
80 0,0004
120 0,0009
150 0,0015
200 0,0026
1000 0,0066
Nas aplicações práticas de nivelamento, considera-se sem efeito o erro de nível aparente inferior a
1 milímetro, ou seja, conforme a tabela 3.1, para distâncias entre visadas menores que 120 metros.
Porém, quando as visadas forem superiores a 120 metros, e de acordo com a precisão do trabalho,
deve-se determinar o erro de nível aparente, a fim de proceder a correção da diferença de nível verdadeira. A
104
diferença de nível verdadeira será obtida somando-se o erro de nível aparente à diferença de nível aparente
(COMASTRI, 1987).
Estas correções geralmente são adotadas quando se executa o nivelamento pelo processo trigono-
métrico, com intuito de obter boa precisão. No nivelamento geométrico estas correções podem ser despre-
zadas porque as distâncias entre as visadas são relativamente pequenas, e com a alternativa ainda de posicio-
nar o nível à distâncias iguais dos pontos a medir, minimizando os efeitos da esfericidade e refração.

1.2 - Altitude, Cota e Diferença de Nível

A partir da definição de superfícies de referência de nível (Item 1.1), designa-se por:

a) Altitude
É definida como a altura de um ponto do terreno em relação à superfície de referência ideal ou ver-
dadeira, ou seja, ao nível médio dos mares (Figura 3.4).

Figura 3.4: Altitudes de pontos topográficos.

b) Cota
É definida como a altura de um ponto em relação à superfície de referência aparente, ou seja, a um
plano horizontal arbitrário (Figura 3.5).

105
Capítulo 3 - Altimetria

Figura 3.5: Cotas de pontos topográficos.


S.N.C. - Superfície de Nível de Comparação

Embora seja mais comum nos trabalhos topográficos o emprego das cotas, deve-se sempre que pos-
sível relacionar estas alturas com o nível médio dos mares, a fim de obter as altitudes dos pontos.
O recurso de utilizar uma superfície de nível de comparação arbitrário é prático quando se trabalha
em regiões em que não se tenha nenhuma referência de altitudes. Mesmo nestas condições é sempre reco-
mendado trabalhar com altitudes aproximadas (obtidas com um altímetro ou por meio de carta topográfica),
para o ponto de partida do levantamento altimétrico.
A respeito do inconveniente ao emprego de cotas nos levantamentos altimétricos, pode-se citar a
impossibilidade de relacionar plantas topográficas provenientes de levantamentos diferentes, na mesma regi-
ão.

c) Diferença de nível
Entende-se como a diferença de altura entre dois pontos topográficos. Esta diferença pode estar as-
sociada com as altitudes ou cotas dos pontos, podendo ocorrer em valores positivos ou negativos caso este-
jam acima ou abaixo daquele tomado como termo de comparação, ou seja, depende do referencial adotado.

Para cálculo da diferença de nível entre dois pontos A-B, simbolizado geralmente por DNA-B ou
ΔNA-B, tem-se:

DNA-B = CotaB – CotaA


B

ou
DNA-B = AltitudeB – AltitudeA
B

2 - Instrumentos Altimétricos
106
Os instrumentos empregados nos trabalhos de nivelamento são denominados níveis. Os níveis, cujo
princípio construtivo é baseado no fenômeno da gravidade, têm por finalidade fornecer durante as operações
topográficas, retas que pertençam a um plano horizontal. Além dos níveis, utilizam-se miras verticais como
acessórios nas operações de nivelamento.
Os níveis podem ser classificados em duas categorias:
# Níveis cujo plano de visada é sempre horizontal;
# Níveis cujo plano de visada tem movimento ascendente ou descendente.
Uma categoria não caracterizada na definição acima é o barômetro, comentado no item 2.4.

2.1 - Plano de Visada Horizontal

Nesta categoria, os instrumentos, ao serem girados em torno de um eixo vertical devidamente ajus-
tado, descrevem sempre um plano horizontal.
A horizontalidade do plano de visada fornecida pelos instrumentos está apoiada na física, especifi-
camente no princípio gravitacional, sendo obtida com o emprego de níveis de bolha, do equilíbrio dos lí-
quidos nos vasos comunicantes, ou pelo emprego do princípio dos corpos suspensos (Tabela 3.2).

Tabela 3.2: Instrumentos altimétricos.


Princípios construtivos Exemplos de instrumentos Confiabilidade
Níveis de bolha Níveis de luneta Ótima a Boa
Equilíbrio dos líquidos nos vasos comunicantes Níveis de água Boa a Média
Corpos suspensos Perpendículo Média a Baixa

a) Níveis de bolha
Tem como finalidade determinar a vertical que passa por um ponto e, conseqüentemente, normal a
esta vertical, fornece o plano horizontal. O nível de bolha consiste em um espesso tubo, no qual é feito o va-
zio e introduzido um líquido, o mais volátil possível. Geralmente utiliza-se o álcool ou o éter e, em seguida,
o tubo é hermeticamente fechado. O tubo, segundo a sua forma, distinguem-se em dois tipos: nível esférico e
nível cilíndrico.
# Níveis esféricos - São constituídos, basicamente, de uma calota esférica de cristal, acondiciona-
da em caixa metálica (Figura 3.6).

107
Capítulo 3 - Altimetria

Figura 3.6: Níveis esféricos.

# Níveis cilíndricos - São constituídos de um


tubo cilíndrico de cristal. A superfície da parte interna é
polida de maneira a formar um ligeiro arco (Figura 3.7).

Figura 3.7: Nível cilíndrico.


Quando se associa uma luneta aos níveis de bo-
lha (esférico e/ou cilíndricos), têm-se os níveis de luneta. A precisão deste nível está associada, em princí-
pio, à sensibilidade dos níveis de bolha e à capacidade de aumento da luneta (Figura 3.8).
Outro instrumento muito utilizado na construção civil, valendo-se do nível de bolha, é o nível de
pedreiro. Possui baixa precisão, porém atendem a alguns tipos de serviços (Figura 3.9).

Nível Wild NAK2

Níveis Sokkia
Figura 3.8: Níveis de luneta.

108
Figura 3.9: Nível de pedreiro.
Atualmente existe uma grande inovação em termos de instrumentos para o nivelamento. O primeiro
nível eletrônico foi lançado em 1990, pela empresa WILD. O princípio de funcionamento é o processamento
unidimensional de imagens, a partir de mira codificada em códigos de barras. Em termos de precisão, os ní-
veis eletrônicos possuem precisões que variam de 0,4 mm a 0,9 mm em nivelamento duplo com miras de ín-
var.
Outro modelo é o nível a laser. Trata-se de um nível automático bastante prático e econômico. A
base operacional do instrumento consiste na geração de um plano horizontal ou vertical, através de um raio
laser que gira perpendicularmente em relação à vertical ou horizontal (Figura 3.10).

Figura 3.10: Níveis laser.

b) Equilíbrio dos líquidos nos vasos comuni-


cantes
É baseado no princípio físico da força da gravi-
dade sobre os vasos comunicantes. O instrumento mais uti-
lizado é o nível de borracha ou de mangueira.
Para funcionamento, utilizam-se dois suportes de
madeira ou metal, aos quais estão presas as extremidades
do tubo de vidro ou mangueira transparente. Além de fácil
manejo e baixo custo, permitem marcações confiáveis nos
nivelamentos (Figura 3.11).

Figura 3.11: Nível de mangueira.

109
Capítulo 3 - Altimetria

c) Corpos suspensos

Baseado no princípio físico da força da gravidade sobre os corpos suspensos. Pode-se citar dois ins-
trumentos baseados neste princípio (Figura 3.12):
# Perpendículo;
# Niveltec.

Figura 3.12: Corpos suspensos.

2.2 - Plano de Visada Inclinado

Os equipamentos que permitem o afastamento do plano de visada em relação a sua horizontalidade,


possibilitam à esta categoria medir ângulos de verticais. Entre estes, pode-se citar dois mais importantes:

# Clinômetros
Para operá-los, visa-se uma mira colo-
cada no ponto em que se deseja determinar o ân-
gulo vertical ou declividade. A visada deve ser
feita na mesma altura do olho do operador, para
facilitar os cálculos. A seguir, gira-se o nível de
bolha até que fique na posição de nivelado. O
ângulo ou a declividade ficará registrado no lim-
Figura 3.13: Clinômetro.
bo vertical (Figura 3.13).

110
# Estações Totais
Geralmente utilizado para o processo de nivelamento trigonomé-
trico (Figura 3.14).

2.3 - Acessórios

A mira vertical constitui o principal acessório dos instrumentos


utilizados em nivelamento. As mais utilizadas são as miras falantes, pois
possibilitam a determinação direta das alturas das visadas nos pontos topo-
gráficos. Figura 3.14: Estação Total.

Estas são construídas de madeira ou metalon; reforçadas na extremidade superior e inferior, por
guarnições metálicas; e geralmente graduadas em centímetros. Podem apresentar graduações direta ou inver-
tida. Pela modalidade de construção, podem ser classificados em miras de dobrar ou encaixe, sendo esta úl-
tima a mais usada, em virtude da facilidade de manejo e de transporte (Figura 3.15).

Campo visual – Visada Invertida


Fio Superior (FS) = 0,672
Mira dobrávelSapata para auxílio Fio Médio (FM) = 0,586
ao nivelamento Fio Inferior (FI) = 0,500

Figura 3.15: Miras.

2.4 - Barômetros

São instrumentos baseados na variação de pressão atmosférica


com a altitude. Os instrumentos mais utilizados são os altímetros e ane-
róides, por serem mais resistentes e adaptáveis às condições de campo.
Possuem baixa precisão em suas determinações (Figura 3.16).
Figura 3.16: Altímetro.

111
Capítulo 3 - Altimetria

3 - Processos de Nivelamento

3.1 - Introdução

Como visto, pode-se entender o nivelamento topográfico como a operação que consiste na determi-
nação da diferença de nível entre dois ou mais pontos do terreno. Esta operação é realizada empregando-se
métodos e instrumentos adequados, sendo que as diferenças de nível podem ser determinadas de duas for-
mas:

# Diretamente - Com emprego de instrumentos de medições chamados níveis, ou;


# Indiretamente - Com base em resoluções trigonométricas ou pelo princípio barométrico.

Em decorrência da natureza e do processo de medida usado na determinação das cotas ou das alti-
tudes, os nivelamentos topográficos podem ser classificados em:
a) Geométricos;
b) Trigonométricos;
c) Barométricos;
d) Taqueométricos.

Um fato importante ao executar um nivelamento de uma área destinada à execução de projetos, cu-
ja implantação exigirá a modificação do relevo (por exemplo, construção de uma estrada ou obras em via ur-
bana), onde serão necessárias as cotas de pontos do projeto até sua finalização, deve-se implantar pontos fi-
xos no terreno por meio de marcos, que servirão de referência ao nivelamento para futuras verificações.
Estes marcos, denominados de Referência de nível - RN, devem ter boa durabilidade e serem im-
plantados em pontos afastados do local da obra, para evitar que sejam destruídos durante a execução da mes-
ma. Neste ponto deve-se conhecer a cota ou altitude para referência do nivelamento.

3.2 - Nivelamento Geométrico

No nivelamento direto, ou geométrico, as diferenças de nível são determinadas com instrumentos


que fornecem retas do plano horizontal. A geração deste plano horizontal com a interseção da mira colocada
sucessivamente nos pontos topográficos, permite determinar as alturas de leituras nestes pontos.
Por diferença entre os valores encontrados, chega-se às diferenças de nível procuradas (Figura
3.17). Simbolizando a diferença de nível por “DN”, tem-se:

112
Figura 3.17: Nivelamento geométrico.

DNA-B = 2,80 - 1,70 = + 1,10 m;


DNA-C = 2,80 - 0,40 = + 2,40 m;
DNA-D = 2,80 - 3,40 = - 0,60 m.

Imaginando que a 10,00 metros abaixo do ponto A passe a superfície de nível de comparação
(SNC), as alturas relativas ou cotas dos pontos estudados são:

Cota (A) = 10,00 metros;


Cota (B) = Cota (A) + DNA-B = 10,00 + 1,10 = 11,10 m;
Cota (C) = Cota (A) + DNA-C = 10,00 + 2,40 = 12,40 m;
Cota (D) = Cota (A) + ( - DNA-D) = 10,00 - 0,60 = 9,40 m.

Pelo fato do nivelamento geométrico fornecer melhor precisão nos trabalhos topográficos, este pro-
cesso será exposto com detalhamento no Item 4.

3.3 - Nivelamento Trigonométrico

Tem como base o valor natural da tangente do ângulo de inclinação do terreno, uma vez que este
elemento representa a diferença de nível, por metro de distância horizontal.
Designado por “α”, o ângulo de inclinação do terreno; “DN”, a diferença de nível; “D” a distância
horizontal, “i”, a altura do instrumento e “l”, altura do alvo, pode-se escrever:

113
Capítulo 3 - Altimetria

tgα = ∴ DN = D ⋅ tgα + i - alvo


DN
D

Assim, as diferenças de nível ou distâncias verticais, podem ser perfeitamente determinadas, quan-
do se conhecem os ângulos verticais, as distâncias horizontais, a altura do instrumento e a altura do al-
vo entre os pontos topográficos materializados no terreno. Pode-se eventualmente visar o alvo à mesma altu-
ra do instrumento, eliminando os dois últimos termos da expressão.
Os ângulos de inclinação do terreno são obtidos com emprego de goniômetros dotados de limbo
vertical (taqueômetros e clinômetros). Já as distâncias horizontais podem ser determinadas por processos di-
retos ou indiretos.
Logo, se conclui que o cálculo das diferenças de nível pelo nivelamento trigonométrico consiste na
resolução de um triângulo retângulo, cuja incógnita é o cateto, que representa a diferença de nível, em que se
conhece o ângulo oposto a este (ângulo vertical) e o outro cateto adjacente (distância horizontal) (Figura
3.18).

Figura 3.18: Nivelamento trigonométrico.

Para i = l, tem-se:

DNA-B = BB’ = tg +15o * d (AB) = 0,27 * 50 = 13,50 m;


DNB-C = CC’ = tg -10o * d (BC) = -0,18 * 30 = -5,40 m;
Cota (A) = 50,00 m;
Cota (B) = 50,00 + 13,50 = 63,50 m;
Cota (C) = 63,50 - 5,40 = 58,10 m.

114
3.4 - Nivelamento Barométrico

No nivelamento barométrico utilizam-se de barômetros de cuba ou metálicos (altímetros e anerói-


des), que indicam as pressões atmosféricas, com as quais se pode calcular as diferenças de nível ou as altitu-
des dos pontos topográficos tomados no terreno.
Sendo a pressão barométrica resultante do peso total da camada de ar existente entre o limite supe-
rior da atmosfera e o solo, esta pressão diminui à medida que aumenta a altitude, pois a camada de ar sobre-
posta fica menor. Este é o motivo por que, subindo a um monte, vê-se a coluna de mercúrio descer gradual-
mente no tubo barométrico, registrando portanto, menor pressão atmosférica para pontos situados em maior
altitude.
Assim, para aplicação deste processo de nivelamento é necessário conhecer a relação que existe en-
tre a variação da coluna barométrica e os pontos topográficos situados em diferentes alturas. Esta relação po-
de ser determinada para efeito prático, exprimindo-se a densidade do mercúrio em relação ao ar. Sabendo
que a densidade do mercúrio, em relação à água, é de 13,6 vezes maior, e um litro de água pesa 1.000 gramas
e que um litro de ar pesa 1,293 gramas, tem-se:

c = 13,6 / 1,293 * 10-3 ∴ c = 10.518

Este valor encontrado mostra que o mercúrio é 10.518 vezes mais pesado do que o ar; portanto para
a variação de um milímetro na coluna barométrica com mercúrio, deverá corresponder a uma variação de
10.518 milímetros, na altura da camada de ar. Pode-se concluir que, em aplicações imediatas, cada diferença
de um milímetro de leitura, na coluna barométrica, corresponde a uma diferença de nível de 10,518 metros,
isto é, 1mm/10,518 m.
Chamando de dp a diferença de pressão entre dois pontos topográficos, a distância vertical entre
eles será dada pela seguinte expressão (Figura 3.19):

Figura 3.19: Nivelamento barométrico.

115
Capítulo 3 - Altimetria

DN = 10,518 * dp
DNA-B = 10,518 (700 - 680) = 210,360 m
DNB-C = 10,518 (680 - 710) = - 315,540 m

AltitudeA = 525,900 m
AltitudeB = 525,90 + 210,360 = 736,260 m
B

AltitudeC = 736,260 - 315,540 = 420,720 m

No cálculo das diferenças de nível, é preciso levar em consideração outros elementos que influen-
ciam nas determinações das pressões atmosféricas, tais como, temperatura, umidade relativa e densidade do
ar.

3.5 - Nivelamento Taqueométrico

O nivelamento taqueométrico tem o mesmo princípio do nivelamento trigonométrico, no qual as


distâncias são obtidas pelo princípio taqueométrico, e a altura do alvo visado é obtida pela visada do fio mé-
dio do retículo da luneta sobre uma mira colocada verticalmente no ponto considerado.
Os taqueômetros estadimétricos ou normais são teodolitos com luneta portadora de retículos esta-
dimétricos, constituídos de três fios horizontais e um vertical. Com os fios de retículo, associados às miras
verticais ou horizontais, pode-se obter a distância horizontal (inclinada) e a diferença de nível entre dois pon-
tos.
A definição da expressão para determinação da diferença de nível foi deduzida no Cap. 2 no Item
3.2.3, sendo:

sen( 2 ⋅ α)
dn = m ⋅ g ⋅ +i−l
2

3.6 - Fatos Atuais em Altimetria

O registro a seguir tem caráter informativo, preocupando-se em sintetizar alguns pontos importan-
tes e atuais, citados nas Normas Técnicas para Nivelamentos Topográficos da ABNT (Item 3.6.1), do Nive-
lamento Geodésico e das Normas do IBGE (Item 3.6.2) e do Nivelamento GPS (Item 3.6.3).

116
3.6.1 - Normas Técnicas de Nivelamento segundo a ABNT

A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), através do documento NBR 13.133 - Exe-
cução de Levantamentos Topográficos, classifica os níveis quanto ao nível de precisão, nas seguintes catego-
rias (Tabela 3.3):
Tabela 3.3: Classificação dos instrumentos (níveis).

> ± 10 mm/Km
Classes dos níveis Desvio padrão
1 - Precisão baixa
2 - Precisão média ≤ ± 10 mm/Km
3 - Precisão alta ≤ ± 3 mm/Km
4 - Precisão muito alta ≤ ± 1 mm/Km
Fonte: NBR 13.133 - ABNT

Ainda, neste documento, classificam-se os diversos métodos de levantamento, citando a metodolo-


gia a ser empregada, seu desenvolvimento e as respectivas tolerâncias de fechamento (Tabela 3.4).

Tabela 3.4: Nivelamento de linhas ou circuitos e seções.


Desenvolvimento
Tolerâncias de
Classe Metodologia Linha Extensão Lance Lance N. Max. fechamento
Seção Máxima Máximo Mínimo de lances
IN consultar
- 10 km 80 m 15 m 12 mm. k
Geom. a norma
II N consultar
- 10 km 80 m 15 m 12 mm. k
Geom. a norma
III N consultar Princ. 10 km 500 m 40 m 40 0,15 m. k
Trig. a norma Sec. 5 km 300 m 30 m 20 0,20 m. k
IV N consultar Princ. 5 km 150 m 30 m 40 0,30 m. k
Taqueo. a norma Sec. 2 km 150 m 30 m 20 0,40 m. k
Fonte: NBR 13.133 - ABNT

3.6.2 - Nivelamento Geodésico

No nivelamento topográfico considerava-se um plano tangente à superfície da terra num ponto con-
siderado. Utilizava-se este plano como uma superfície de nível de referência (que poderia até ser o nível mé-
dio dos mares), e todas as alturas eram referidas a este plano de referência. Quando a referência era o nível
médio dos mares esta altura denominava-se altitude.
No nivelamento geodésico a superfície de referência será o geóide. O geóide é definido como a su-
perfície equipotencial que mais se aproxima do nível médio dos mares.

117
Capítulo 3 - Altimetria

A altitude de um ponto, ou seja, a altitude ortométrica é a distância avaliada sobre uma vertical do
geóide ao ponto considerado. As altitudes geralmente são obtidas através do nivelamento geométrico, sob al-
gumas considerações.
O datum vertical ou datum altimétrico se refere ao ponto zero do nivelamento, ou seja, ao nível
médio dos mares naquele ponto. No Brasil o datum vertical localiza-se na baía de Imbituba-SC.
Muitos autores consideram os dois processos de levantamento vistos para nivelamento topográfico,
especificamente o Geométrico e o Trigonométrico, como os mesmos a serem utilizados no nivelamento geo-
désico, porém segundo algumas especificações de controle, objetivando uma melhor precisão final.
Porém, o nivelamento geométrico se destaca pela precisão entre os demais. Geralmente os equipa-
mentos no nivelamento geométrico geodésico são:
a) Um nível de precisão automático, de bolha (provido de micrômetro ótico de placas plano-
paralelas) ou eletrônico;
b) Miras de Ínvar (miras de códigos de barra).

Duas correções geralmente são adotadas:


a) Curvatura;
b) Refração.

O IBGE, com objetivo de regularizar a execução de levantamentos geodésicos, publicou através da


Resolução no. 22 de 21-07-83, as especificações e normas gerais para levantamentos altimétricos. Estas nor-
mas classificam o nivelamento geométrico geodésico quanto ao nível de precisão em (Tabela 3.5):
a) De alta precisão (fundamental);
b) De precisão:
# Áreas mais desenvolvidas;
# Áreas menos desenvolvidas;
c) Para fins topográficos.

Nesta mesma publicação, faz-se ainda algumas recomendações para evitar a ocorrência e propaga-
ção dos erros sistemáticos de um nivelamento geométrico, por exemplo:
a) Comprimento das visadas de ré e vante devem ser aproximadamente iguais, de modo a se com-
pensar o efeito da curvatura terrestre e da refração atmosférica;
b) Evitar visadas com mais de 100 m (ideal 60 m);
c) Visadas acima de 20 cm do solo para evitar a reverberação;
d) Utilizar miras aos pares, alternando a ré e a vante (eliminar o erro de índice);
e) Colocação da miras sobre chapas ou pinos e, no caminhamento, sobre sapatas.

118
Tabela 3.5: Especificações para nivelamento geométrico - IBGE.

Levantamentos Geodésicos - Nivelamento


Para Fins
De Alta Precisão De Precisão
Topográficos
Item
Para áreas mais Para áreas menos
Fundamental Local
desenvolvidas desenvolvidas
1 - CONFIGURAÇÃO DOS
CIRCUITOS E LINHAS
1.1 - Geral
* Perímetro máximo dos circuitos 400 Km 200 Km 200 Km
* Comprimento máximo das linhas 100 Km 50 Km 50 Km De acordo com as
* Intervalo máximo entre as estações finalidades
monumentadas ou comprimento máximo 3 Km 3 Km 3 Km
da seção
1.2 - Regiões metropolitanas
* Perímetro dos circuitos 8 - 10 Km 2 - 8 Km De acordo com as De acordo com as
* Comprimento desejável das linhas 2 Km 2 Km finalidades finalidades
* Comprimento da seção 1 - 3 Km 1 - 3 Km
2 - MEDIÇÃO DE DESNÍVEIS
Nivelamento duplo Nivelamento duplo Nivelamento duplo Nivelamento duplo
2.1 - Procedimento
(N e C) (N e C) (N e C) (N e C) ou simples
Nível automático
Nível automático ou de Nível automático
ou de bolha provi-
bolha provido de mi- ou de bolha provi-
do de micrômetro Nível automático
crômetro ótico de pla- do de micrômetro
2.2 - Instrumental ótico de placas pla- ou de bolha e mi-
cas plano-paralelas. ótico de placas pla-
no-paralelas. Miras ras
Miras de ínvar com no-paralelas. Miras
de ínvar com dupla
dupla graduação de ínvar
graduação

|C| ≤ 0,001 mm/m


2.3 Colimação do nível (C)
* Não precisa ser retificado Idem Idem -
* Poderá ser retificado 0,01 < |C| 0,03 mm/m Idem Idem -
* Deverá ser retificado |C| > 0,03 mm/m Idem Idem -
2.4 - Comprimento máximo da visada 100 m 100 m 100 m 100 m
2.5 Divergência de leituras entre duas
0,0002 m Idem Idem Idem
graduações em unidades de mira
2.6 - Uso dos três fios - Divergência do
0,002 m 0,002 m 0,005 m 0,005 m
1o. e 2o. e 2o. e 3o.
2.7 - Diferença máxima tolerável entre
os comprimentos das visadas de ré e 3m 5m 10 m 10 m
vante, acumulada para a seção
3 - CONTROLE PARA A QUALIDADE
3.1 - Diferença máxima aceitável entre
o nivelamento e o contra-nivelamento
3 mm k 6 mm k 8 mm k 12 mm k
de uma seção (K = comprimento da se-
ção em Km)
3.2 - Diferença máxima aceitável entre
o nivelamento e o contra-nivelamento
4 mm k 6 mm k 8 mm k 12 mm k
de uma linha (K = comprimento da li-
nha em Km)
3.3 - Valor máximo para a razão entre
a discrepância acumulada e o períme- 0,5 mm/Km 5 mm/Km 5 mm/Km 10 mm/Km
tro do circuito
4 - ERRO PADRÃO ACEITÁVEL
PARA UMA LINHA APÓS O
AJUSTAMENTO (K = 2 mm k 3 mm k 4 mm k 6 mm k
COMPRIMENTO DA LINHA EM
KM)
Fonte: IBGE.

3.6.3 - Nivelamento GPS


119
Capítulo 3 - Altimetria

Há uma expectativa de usar o sistema GPS para determinar a altitude ortométrica (H), evitando
assim a onerosa operação do nivelamento geométrico.
Através das observações GPS, obtém-se as coordenadas cartesianas X, Y e Z de um ponto desco-
nhecido em função das diferenças de coordenadas fornecidas pelo GPS e das coordenadas supostamente co-
nhecidas do ponto de partida. A relação entre as coordenadas cartesianas e as geodésicas são dados pelas se-
guintes expressões:

X = (N + H) cos φ . cosλ
Y = (N + H) cos φ . senλ
Z = [N (1 - e2) + H] . senφ
onde
X, Y, Z => Coordenadas cartesianas;
N => Grande Normal (não confudir com a
ondulação geoidal);
φ - Latitude;
λ - Longitude.

Observe que geralmente têm-se


as altitudes ortométricas (h), sendo o H ob-
tido por aproximação de soma desta à on-
dulação geoidal (N).
Figura 3.1: Superfície terrestre, geóide e elipsóide.
H≅h+N

Contribuem atualmente para a determinação das alturas geoidais os modelos do geopotencial, os


levantamentos gravimétricos e as observações sobre satélites artificiais.
A fundação IBGE e a USP (Universidade de São Paulo) têm trabalhado ao longo dos últimos 15
anos no melhoramento da carta geoidal do Brasil.
Já se dispõe de uma centena de alturas geoidais derivadas de medições GPS conduzidas sobre a re-
de de nivelamento de primeira ordem. O erro absoluto esperado para a carta é de 3m e o relativo de
0,2/10Km.
Porém, em muitas aplicações da cartografia e sobretudo da engenharia as precisões exigidas são
bem superiores às da carta geoidal. Se em uma região houver uma cobertura razoável de dados gravimétri-
cos, é possível melhorar este erro para algo da ordem da fração do metro.

4 - Nivelamento Geométrico

120
Pelo fato do processo de nivelamento geométrico ser o mais preciso e utilizado na topografia, exis-
tem algumas condições para sua execução visando dar maior qualidade ao mesmo. Para evitar erros de diver-
sas naturezas, deve-se observar o seguinte:
a) Instalar o nível sempre que possível entre os pontos a serem nivelados;
b) Ler e anotar corretamente as leituras da mira mantendo a mesma na vertical e imóvel, principal-
mente nas visadas que ocasionam as mudanças de instrumento (mudança de PR);
c) Certificar sempre se o nível está em boas condições técnicas;
d) Instalar o instrumento em lugar firme e seguro;
e) Evitar leitura de mira a grandes distâncias, limitando-de a aproximadamente 70 m;
f) Evitar leituras inferiores a aproximadamente meio metro, principalmente em horários de forte ir-
radiação solar.

No nivelamento geométrico ou direto, as diferenças de nível são determinadas com emprego de ins-
trumentos que fornecem retas do plano horizontal. Pode ser classificado em:
# Nivelamento geométrico simples;
# Nivelamento geométrico composto.

4.1 - Nivelamento Geométrico Simples

Denomina-se de nivelamento geométrico simples quando é possível visar, de uma única estação do
nível, a mira colocada sucessivamente em todos os pontos do terreno a nivelar.
Por exemplo, na figura 3.20 pode-se constatar que o nível localizado entre os pontos A e B conse-
gue levantar todos os pontos em questão, considerando apenas uma reta horizontal, sem a necessidade de
transferência do instrumento. Estes dados são anotados em cadernetas próprias, apresentadas durante os e-
xemplos a seguir.
Caso a diferença de nível for muito grande (a mira só possui 3 a 4 m) ou quando existir um obstá-
culo, é necessário realizar uma mudança de local de instalação do aparelho. Este procedimento será discutido
a frente (Item 4.2).

121
Capítulo 3 - Altimetria

Figura 3.20: Nivelamento geométrico simples.

No procedimento de campo, deve-se instalar o nível numa posição de modo a visar a mira colocada
na vertical em todos os pontos a levantar. A primeira visada, feita no ponto A (Figura 3.20), início do levan-
tamento, é chamada de visada de ré (RA); e as seguintes, visadas de vante (VB, VC, VD).
B

Conhecida a cota do primeiro ponto (ponto A - Figura 3.20), denomina-se plano de referência
(PR) a soma da cota deste ponto com a leitura da mira, isto é:

PRA = CotaA + RA

ou seja, altura do instrumento em A (ou plano de referência em A) é igual a cota de A mais a visada de ré em
A.
As próximas cotas (CB, CC, CD) serão dadas pela diferença entre o plano de referência em A (PRA)
B

e as visadas de vante (VB, VC, VD).


B

CB = PRA - VB;
B B

CC = PRA - VC;
CD = PRA - VD.

As diferenças de nível entre os pontos (dnA-B, dnA-C, dnA-D, dnB-C, dnB-D, dnC-D) serão dadas por:
dnA-B = CB - CA;
B

dnA-C = CC - CA;
dnA-D = CD - CA;
dnB-C = CC - CB; B

dnB-D = CD - CB; B

dnC-D = CD - CC.
Exemplo 2: Baseado na figura 3.20 e sua respectiva caderneta de campo dada abaixo, calcular as
diferenças de nível entre todos os pontos do terreno.

122
CADERNETA DE NIVELAMENTO GEOMÉTRICO

Ponto Plano de Leituras na mira Cotas ou


Observações
Visado Referência Ré Vante Altitudes
A 12,80 2,80 10,00 A - RN - Na soleira do
B 1,70 11,10 prédio principal
C 0,40 12,40
D 3,40 9,40 Cota do ponto A = 10 m
Obs.: Em negrito estão os dados com informações de campo, e em itálico os dados calculados.

Solução:
a) Determinação do plano de referência em A

PRA = CotaA + RA = 10,00 + 2,80 = 12,80 m

b) Determinação das cotas dos pontos (CB, CC, CD)


B

CB = PRA - VB = 12,80 - 1,70 = 11,10 m


B B

CC = PRA - VC = 12,80 - 0,40 = 12,40 m


CD = PRA - VD = 12,80 - 3,40 =9,40 m

c) Diferenças de nível (dnA-B, dnA-C, dnA-D, dnB-C, dnB-D, dnC-D)

dnA-B = CB - CA = 11,10 - 10,00 = + 1,10 m


B

dnA-C = CC - CA = 12,40 - 10,00 = + 2,40 m


dnA-D = CD - CA = 9,40 - 10,00 = - 0,60 m
dnB-C = CC - CB = 12,40 - 11,10 = + 1,30 m
B

dnB-D = CD - CB = 9,40 - 11,10 = - 1,70 m


B

dnC-D = CD - CC = 9,40 - 12,40 = - 3,00 m

obs.: A maior diferença de nível é entre o ponto C e D e a menor entre os pontos A e D.

4.2 - Nivelamento Geométrico Composto


123
Capítulo 3 - Altimetria

No Item 4.1 observou-se que com apenas uma instalação do instrumento solucionou-se o problema
de determinação das diferenças de nível entre todos os pontos (Figura 3.20). Porém, se a diferença de nível
for maior que o tamanho da mira (geralmente de 4 m), quando existir um obstáculo ou ultrapassar o limite da
visada do nível (máximo 100 m), será necessário realizar uma mudança de local de instalação do aparelho.
Ao executar a mudança de instrumento, estar-se-á executando um nivelamento geométrico com-
posto. Assim o aparelho é novamente instalado e recomeçado um novo nivelamento com a mira sobre o úl-
timo ponto de cota conhecida do nivelamento anterior (Figura 3.21).
Logo, pode-se ainda entender nivelamento geométrico composto como uma sucessão de nivela-
mentos geométricos simples. O cálculo é idêntico ao visto anteriormente (Item 4.1), com exceção da altera-
ção do valor do plano de referência, que deverá ser novamente calculado, em virtude da mudança de ins-
trumento (veja exemplo 3).
As fórmulas já discutidas anteriormente, podem ser resumidas em:

PR = Cota + Ré; Cota = PR - Vante

Figura 3.21: Nivelamento geométrico composto I.

Exemplo 3: Baseado na figura 3.21 e sua respectiva caderneta de campo dada abaixo, calcular as
cotas de todos os pontos do terreno.
CADERNETA DE NIVELAMENTO GEOMÉTRICO

124
Ponto Plano de Leituras na mira Cotas ou
Observações
Visado Referência Ré Vante Altitudes
A 12,95 2,95 10,00 A - RN - Em um marco
B 1,00 11,95 de madeira, situado
bis (B) 15,10 3,15 8,00 m à
C 0,35 14,75 esquerda da estaca 0
D 3,00 12,10
E 0,80 14,30
bis (E) 16,45 2,15
F 1,05 15,40 Cota do ponto A = 10 m
Obs.: * Em negrito estão os dados com informações de campo, e em itálico os dados calculados.
* Na coluna “ponto visado”, onde se encontra a palavra bis, significa que neste ponto foi tomado uma
visada de vante e outra de ré.

Solução
a) Determinação do plano de referência em A
PRA = CotaA + RA = 10,00 + 2,95 = 12,95 m

b) Determinação da cota do ponto CB B

CB = PRA - VB = 12,95 - 1,00 = 11,95 m


B B

Observe agora que com a mudança do instrumento da posição 1 para 2 (Figura 3.21), deve-se re-
calcular o valor do PR, agora considerado PRB. Para isto segue-se raciocínio análogo.
B

c) Determinação do plano de referência em B


PRB = CotaB + RB = 11,95 + 3,15 = 15,10 m
B B B

Agora, para cálculo das cotas dos pontos C, D e E, deve-se utilizar este plano de referência (PRB), e
B

apenas variando as leituras de vante (VC, VD e VE).

d) Determinação das cotas dos pontos Cc , CD, CE


CC = PRB - VC = 15,10 - 0,35 = 14,75 m
B

CD = PRB - VD = 15,10 - 3,00 = 12,10 m


B

CE = PRB - VE = 15,10 - 0,80 = 14,30 m


B

Nova mudança de instrumento (de 2 para 3) (Figura 3.21).

e) Determinação do plano de referência em E


PRE = CotaE + RE = 14,30 + 2,15 = 16,45 m
f) Determinação da cota do ponto CB B

CF = PRE - VF = 16,45 - 1,05 = 15,40 m

Observação:
125
Capítulo 3 - Altimetria

Para cálculo das diferenças de nível entre pontos, basta fazer a diferença entre as cotas dos pontos
em questão:
dnA-B = CB - CA = 11,95 - 10,00 = + 1,95 m
B

dnA-F = CF - CA = 15,40 - 10,00 = + 5,40 m

PAUSA PARA RESUMO

 Referência de Nível - RN - Pontos implantados e fixos no terreno com cota ou altitude


conhecidas, para auxiliar as operações do nivelamento.
 Visada de Ré (R) - A primeira visada, no início do levantamento;
 Visada de Vante(V) - As visadas seguintes do levantamento;
 Plano de Referência (PR) - Soma da cota à leitura da mira de Ré
PR = Cota + Ré

 Cota do ponto - Diferença do PR e leitura da mira de Vante


Cota = PR - Vante

 Diferença de Nível - Diferença entre as cotas dos pontos considerados


dnA-B = CotaB - CotaA
B

 Nivelamento Geométrico Composto - É uma sucessão de nivelamentos geométricos simples.

4.3 - Verificação dos Cálculos da Caderneta

Para verificação dos cálculos da caderneta, aplica-se o seguinte procedimento:


a) O somatório das visadas de ré, menos o somatório das visadas de vante, deve ser igual a diferen-
ça das cotas entre o ponto final (chegada) e o ponto inicial, ou seja:

∑ Ré − ∑ Vante = Cotachegada - Cotainício

Para o somatório das visadas de vante deve-se utilizar as medidas onde houve mudança de instru-
mento mais a última visada de vante (veja o exemplo 4).

Baseado nisto, verificou-se abaixo os cálculos executados nos exemplos 2 e 3 (Itens 4.2 e 4.3 res-
pectivamente):

Exemplo 4: Execute a verificação do cálculo da caderneta do exemplo 2 do item 4.1.


Solução:

126
∑ Ré = 2,80 m; ∑ Vante = 3,40 m;
Cotachegada = 9,40 m; Cotainício = 10,00 m.

∑ Re − ∑ Vante = Cotachegada - Cotainício


2,80 - 3,40 = 9,40 - 10,00
- 0,60 m = - 0,60 m
Logo, os cálculo executados estão OK !

Exemplo 5: Execute a verificação do cálculo da caderneta do exemplo 3 do item 4.2.

∑ Re = 2,95 + 3,15 + 2,15 = 8,25 m


Solução:

∑ Vante = 1,00 + 0,80 + 1,05 = 2,85 m

∑ Re − ∑ Vante = Cotachegada - Cotainício


Cotachegada = 15,40 m; Cotainício = 10,00 m

8,25 - 2,85 = 15,40 - 10,00


+ 5,40 m = + 5,40 m
Logo, os cálculos executado estão OK !

4.4 – Erro no Nivelamento Geométrico

O erro cometido em campo durante a operação do nivelamento, independe da verificação do cálcu-


lo da caderneta visto no item 4.3. O erro cometido pode ser função do desvio na horizontalidade do eixo de
colimação da luneta do nível, na imperfeição da verticalidade da mira e imprecisão na leitura da mira.
Para obter este erro de operação do levantamento de campo, deve-se primeiramente classificar o
nivelamento em duas categorias:
# Nivelamento de uma poligonal fechada;
# Nivelamento de uma poligonal aberta.

4.4.1 - Determinação do Erro

127
Capítulo 3 - Altimetria

a) Considerando o nivelamento de poligonal fechada


Quando se executa o nivelamento numa poligonal fechada, isto é, parte-se de um ponto de cota co-
nhecida, em geral de uma RN, e termina neste mesmo ponto, significa que a cota final deverá ser igual a ini-
cial. A diferença entre a cota inicial e a cota final após o nivelamento é o erro cometido no nivelamento:

En = CF - CI
onde
En => Erro no nivelamento;
CF => Cota final; CI - Cota inicial.
Se CF > CI (erro por excesso); CF < CI (erro por falta).

b) Considerando o nivelamento de poligonal aberta


Quando se executa o nivelamento em uma poligonal aberta, isto é, parte-se de um ponto e chega-se
a outro ponto, a única maneira de se verificar a sua exatidão e controlar o erro porventura cometido, consiste
em repetir o nivelamento de trás para frente, o que se denomina de contra-nivelamento.
Na operação do contra-nivelamento não é necessário nivelar todas as estacas do nivelamento, bas-
tando fazer o nivelamento de pontos auxiliares para que, partindo do último, se retorne ao ponto de partida.
A diferença entre a cota do ponto de partida e a cota que for calculada para este ponto de partida ao
final da operação do contra-nivelamento é o erro cometido no nivelamento:

En = CFc - CI
onde
En => Erro no nivelamento;
CFc => Cota final após o contra-nivelamento;
CI => Cota inicial.
Se CFc > CI (erro por excesso); CFc < CI (erro por falta).

& Observação:
No caso da existência da cota da RN do ponto de partida e RN do ponto de chegada, o erro será da-
do por:

En = CF - CRNf
En => Erro no nivelamento;
CF => Cota final; CRNf => Cota do RN final.

4.4.2 - Definição da Tolerância

128
A definição da tolerância nos nivelamentos é variável de acordo com as irregularidades relevo do
terreno e o número de estações, entre outros fatores.
A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) fornecem tabelas e fórmulas para determinar as tolerâncias no nivelamento, segundo diferentes
precisões (Tabelas 3.3, 3.4 e 3.5).
Alguns autores (PINTO, 1989; COMASTRI, 1989) propõem a seguinte expressão para o cálculo da
tolerância do nivelamento:

T = c⋅ k⋅ L

onde
T => Tolerância do nivelamento; c => Coeficiente de precisão que varia de 1 a 2,5
k => Erro médio admitido por quilômetro; L => Extensão nivelada em km;

k = 5 mm para nivelamento de precisão de primeira ordem;


k = 10 mm para nivelamento de precisão de segunda ordem;
k = 15 mm para nivelamento de precisão de terceira ordem.

Exemplo 6: Considerando c = 2 e k = 5 mm, k = 10 mm, k = 15 mm , para um trecho nivelado de


16 km, qual a tolerância permitida para o erro no nivelamento ?
Solução:

T=c⋅k⋅ L

T = 2 ⋅ 5 mm ⋅ 16 = 10 mm ⋅ 4 = 40 mm

T = 2 ⋅ 10 mm ⋅ 16 = 20 mm ⋅ 4 = 80 mm

T = 2 ⋅ 15 mm ⋅ 16 = 30 mm ⋅ 4 = 120 mm

ou seja, pode-se errar até 40 mm (4 cm), 80 mm (8 cm), 120 mm (12 cm), no trecho citado, que estará dentro
da tolerância exigida (1o, 2o e 3o ordem respectivamente). Se o erro for maior do que a tolerância, é sinal que
houve qualquer descuido no trabalho e, nestas condições, o nivelamento deverá ser realizado novamente.
Para nivelamentos taqueométricos, a Associação Brasileira de Normas Técnicas, através da NBR

13.133, considera uma tolerância igual a (T = 0,30 m. k ), para poligonais principais, sendo k a extensão
nivelada em km, medida num único sentido.

4.4.3 - Distribuição do Erro Admissível

129
Capítulo 3 - Altimetria

O erro cometido no nivelamento, depois de comparado com a tolerância, estando dentro do limite
aceitável, passa a denominar-se de erro admissível.
A correção a ser introduzida em cada mudança de posição do nível, ou mais precisamente nas visa-
das de ré, é igual à divisão do erro admissível pelo número de estações do nível:

Corr =
erro admissível
número de estações do nível

A correção será feita com sinal contrário ao erro no nivelamento:


# Se por excesso ⇒ correção negativa;
# Se por falta ⇒ correção positiva.

Outra característica é que a correção deve ser acumulativa, de modo a compensar as correções an-
teriores. Deve ainda observar que:
# Para a correção deve-se evitar valores menores que o milímetro, em virtude da precisão dos ni-
velamentos topográficos;
# Em caso de valores sem divisão exata (decimais), arredondar e adotar valores inteiros até o mi-
límetro.
As cotas compensadas são obtidas em coluna própria, pela soma ou diferença das correções calcu-
ladas, demonstrado no próximo item (Item 4.5).

4.5 – Exemplo de Cálculo de Nivelamento Geométrico

É apresentado a seguir um exemplo de cálculo completo de um nivelamento geométrico composto.


Baseado na figura abaixo (Figura 3.22) e sua respectiva caderneta de campo, pede-se:
a) Cálculo das cotas dos pontos (Itens 4.1 e 4.2);
b) Verificação do cálculo de caderneta (Item 4.3);
c) Determinação do erro do nivelamento (Item 4.4.1);
d) Definição da tolerância (Item 4.4.2);
e) Distribuição do erro (Item 4.4.3).

Dados:
Nivelamento geométrico composto em poligonal fechada;
Nivelamento de precisão de 2o ordem; c = 2; L = 1.385,00 m.

130
VG
G Ré em F

F
Vante no RN VF
4ª Instalação
Ré no RN

RN Ré em D
VE
VA 3ª Instalação
VB
1ª Instalação VD
D
Ré em B
A E
VC
B

2ª Instalação

Figura 3.22: Nivelamento geométrico composto II.

CADERNETA DE NIVELAMENTO GEOMÉTRICO


Ponto Plano de Leituras na mira Cotas ou Correção Cotas
Observações
Visado Referência Ré Vante Altitudes Acumulada Corrigida
RN 50,438 0,438 50,000
A 1,795 48,643 - 0,002 48,641
B 3,542 46,896 - 0,002 46,894
bis 47,405 0,509 RN em um
C 2,064 45,341 - 0,003 45,338 marco de
madeira de
D 3,285 44,120 - 0,003 44,117
lei, situado
bis 47,931 3,811 a 25,50 m à
E 2,053 45,878 - 0,004 45,874 direita do
F 0,276 47,655 - 0,004 47,651 vértice A
bis 51,449 3,794
G 2,082 49,367 - 0,005 49,362
RN 1,444 50,005 - 0,005 50,000
Obs.: Em negrito estão os dados com informações de campo, e em itálico os dados calculados.

Solução:
a) Cálculo das cotas dos pontos
Para cálculo das cotas utilizou-se das seguintes fórmulas:

131
Capítulo 3 - Altimetria

PR = Cota + Ré; Cota = PR - Vante


PRRN = CotaRN + RéRN = 50,000 + 0,438 = 50,438 m
CotaA = PRRN - VanteA = 50,438 - 1,795 = 48,643 m
CotaB = PRRN - VanteB = 50,438 - 3,542 = 46,896 m
B B

PRB = CotaB + RéB = 46,896 + 0,509 = 47,405 m


B B B

CotaC = PRB - VanteC = 47,405 - 2,064 = 45,339 m


B

CotaD = PRB - VanteD = 47,405 - 3,285 = 44,120 m


B

PRD = CotaD + RéD = 44,120 + 3,811 = 47,931 m


CotaE = PRD - VanteE = 47,931 - 2,053 = 45,878 m
.............................................................................. (e assim sucessivamente)

b) Verificação do cálculo de caderneta


∑ Re − ∑ Vante = Cotachegada - Cotainício
∑ Re = 0,438 + 0,509 + 3,811 + 3,794 = 8,552 m;
∑ Vante = 3,542 + 3,285 + 0,276 + 1,444 = 8,547 m;
Cotachegada = 50,005 m; Cotainício = 50,000 m;
∑ Re − ∑ Vante = Cotachegada - Cotainício
8,552 - 8,547 = 50,005 - 50,000
0,005 m = 0,005 m

c) Determinação do erro do nivelamento


Obs.: Poligonal fechada, logo:
E = CF - CI
CI = 50,000 m e CF = 50,005 m
E = 50,005 - 50,000 = + 0,005 m (5 mm)

d) Definição da tolerância

T = c⋅ k ⋅ L
Considerando:
c = 2; Nivelamento de precisão de 2o ordem - k = 10 mm; L = 1,385,00 km, tem-se:

T = 2 ⋅ 10 mm ⋅ 1,385 = 23,53 mm ≅ 24 mm
Logo o erro cometido esta dentro do tolerável, ou seja, 5 mm < 24 mm !

e) Distribuição do erro

132
Sendo o erro admissível e por excesso, a correção terá sinal contrário (negativo), dado pela expres-
são:

Corr =
erro admissível
número de estações do nível

Corr = = 1,25 mm
5 mm
4
Obs.: Não sendo a divisão exata, o procedimento será o seguinte:
Pontos a sofrer Correção Correção
correção acumulada
PRRN - 2 mm - 2 mm
PRB B - 1 mm - 3 mm
PRD - 1 mm - 4 mm
PRF - 1 mm - 5 mm
Soma - 5 mm

5 - Perfis Longitudinais e Transversais

Quando se realiza um trabalho de nivelamento, com finalidade de conhecer particularidades do ter-


reno, pode-se representar estes elementos altimétricos (cotas ou altitudes) por meio de perfis longitudinais e
transversais.
Um perfil é a representação gráfica, no plano vertical, das diferenças de nível, cotas ou altitudes,
obtidas num nivelamento. A utilização desse processo de representação é muito utilizada na engenharia de
construção, desde o planejamento até execução do projeto.
Especificamente no projeto de estradas (rodovias, ferrovias, vias urbanas), o conhecimento do rele-
vo através do estudo de perfis é de fundamental interesse para sua viabilização. Entre suas utilidades de auxí-
lio ao projeto tem-se:
# Escolha do melhor traçado das vias;
# Estudo da drenagem;
# Estudo de corte/aterro;
# Estudo de jazidas;
# Estudo de seção tipo;
# Definição de rampas, etc.;
Obs.: A construção do perfil será comentada no próximo item (Item 6).

5.1 - Perfil Longitudinal

133
Capítulo 3 - Altimetria

Os perfis longitudinais são obtidos por seções longitudinais, e construídos a partir do nivelamento
ao longo do caminhamento ou eixo longitudinal (Figura 3.23).
Geralmente o nivelamento desta seção longitudinal é feito com a utilização de níveis de luneta. O
procedimento de levantamento pode ser o nivelamento geométrico simples ou composto.

5.2 - Perfil Transversal

Os perfis transversais são obtidos por seções transversais, geralmente normais aos alinhamentos de
uma poligonal. Quando se tratar de uma estaca de vértice, faz-se a seção transversal como a bissetriz do ân-
gulo entre os alinhamentos.
Logo, o nivelamento das seções transversais está sempre amarrado à seção longitudinal, conse-
qüentemente relacionado ao mesmo RN. De acordo com o sentido do desenvolvimento da poligonal, as se-
ções situadas de um lado e outro do eixo longitudinal são denominados seções à direita ou seções à esquer-
da da poligonal (Figura 3.23).

Figura 3.23: Eixos longitudinal e transversal.

No processo de levantamento das seções transversais são comumente utilizados os métodos geomé-
tricos a nível ou a régua, e os métodos trigonométricos a clinômetro.

5.2.1 - Nivelamento das Seções Transversais a Nível

134
É utilizado o nível de luneta e aplicado os métodos de levantamento geométrico simples e compos-
to, já discutidos anteriormente (Itens 4.1 e 4.2).

5.2.2 - Nivelamento das Seções Transversais a Régua

Emprega-se uma régua horizontal e uma outra vertical, ambas graduadas convenientemente. A ho-
rizontalidade será obtida com nível de bolha (nível de pedreiro) (Figura 3.24).
Na figura 3.24, para a primeira diferença de nível do lado direito, observa-se que uma das extremi-
dades da régua horizontal é apoiada numa régua vertical na estaca 12, a outra extremidade é apoiada sobre a
estaca denominada D1, e por meio de um nível de pedreiro, verifica-se a horizontalidade. A seguir, procede-
se, com a face inferior da régua horizontal, a leitura na régua vertical, que representa a diferença de nível en-
tre os pontos. O valor lido na régua horizontal será a distância entre os pontos nivelados. Repete-se o proce-
dimento para os outros pontos.
Como se trata de nivelamento de seções transversais, este procedimento deve ser executado à direi-
ta e à esquerda do eixo longitudinal (Figura 3.24).

Exemplo 7: Baseado nos valores obtidos pelo nivelamento à régua da figura 3.24:
a) Preencha a caderneta de campo;
b) Calcule as cotas de todos os pontos;
c) Faça o desenho do perfil transversal (Figura 3.25).

Figura 3.24: Nivelamento de seção transversal a régua.


Solução:

a) Preenchimento da caderneta
135
Capítulo 3 - Altimetria

CADERNETA DE SEÇÕES TRANSVERSAIS

Lado Esquerdo Eixo Lado Direito


Estaca
dn dn + 1,0 + 1,0 - 0,3 12 + 1,0 + 0,8 - 0,4 - 1,4 dn
dist dist 1,9 3,0 3,0 Cota 3,0 1,6 1,4 2,5 dist
52,50

b) Cálculo das cotas de todos os pontos;


Cota da estaca 12 = 52,50 m
CotaE1 = Cotaest12 + dnest12-E1 = 52,50 + (- 0,3) = 52,20 m
CotaE2 = CotaE1 + dnE1-E2 = 52,20 + 1,0 = 53,20 m
CotaE3 = CotaE2 + dnE2-E3 = 53,20 + 1,0 = 54,20 m

CotaD1 = Cotaest12 + dnest12-D1 = 52,50 + 1,0 = 53,50 m


CotaD2 = CotaD1 + dnD1-D2 = 53,50 + 0,8 = 54,30 m
CotaD3 = CotaD2 + dnD2-D3 = 54,30 - 0,4 = 53,90 m
CotaD4 = CotaD3 + dnD3-D4 = 53,90 - 1,4 = 52,50 m

c) Desenho do perfil transversal

Figura 3.25: Perfil transversal.

5.2.3 - Nivelamento das Seções Transversais a Clinômetro

136
Neste processo são avaliados os ângulos de inclinação do terreno e a distância entre os pontos (Fi-
gura 3.26). Na operação de campo, visa-se com o clinômetro apoiado a um bastão vertical para outro de
mesma altura na vertical, e mede-se o ângulo de inclinação. A seguir mede-se a distância horizontal entre os
dois pontos.
O cálculo das diferenças de nível é obtido pela resolução trigonométrica dos triângulos:

dn = D . tgα

onde
dn - Diferença de nível;
D - Distância entre os pontos,
α - Ângulo de inclinação.

Exemplo 8: Baseado nos valores obtidos pelo nivelamento à clinômetro da figura 3.26:

Figura 3.26: Nivelamento de seção transversal a clinômetro.

a) Preencha a caderneta de campo;


b) Calcule as cotas de todos os pontos.

Solução:
a) Preenchimento da caderneta

137
Capítulo 3 - Altimetria

CADERNETA DE SEÇÕES TRANSVERSAIS

Lado Esquerdo Eixo Lado Direito

±α
Estaca
- 15o - 16o 34 - 20o + 14o
dist 6,00 12,00 Cota 5,00 11,00
102,20

b) Cálculo das cotas de todos os pontos


Primeiramente deve-se calcular as diferenças de nível entre os pontos, pela expressão:

dn = D . tgα

dnest34-E1 = Dest34-E1 . tgαest34-E1 = 12,00 . tg(- 16o) = - 3,44 m


dnE1-E2 = 6,00 . tg(- 15o) = - 1,61 m
dnest34-D1 = Dest34-D1 . tgαest34-D1 = 5,00 . tg(- 20o) = - 1,82 m
dnD1-D2 = 11,00 . tg(+ 14o) = + 2,74 m

CotaE1 = Cotaest34 + (- dnest34-E1) = 102,20 - 3,44 = 98,76 m


CotaE2 = CotaE1 + dnE1-E2 = 98,76 - 1,61 = 97,15 m
CotaD1 = Cotaest34 + dnest 12-D1 = 102,20 - 1,82 = 100,38 m
CotaD2 = CotaD1 + dnD1-D2 = 100,38 + 2,74 = 103,12 m

6 - Representação Altimétrica

Nas operações topográficas denominamos relevo as elevações e depressões do terreno. O relevo


pode ser representado em planta baixa ou perfil, no plano do papel.
Qualquer que seja o processo de representação do relevo, ele deve satisfazer as seguintes condi-
ções:

# Realçar de forma mais expressiva possível as formas do relevo;


# Permitir determinar, com precisão, a cota ou altitude de qualquer ponto do terreno.

6.1 - Planta Baixa

A representação em planta baixa pode ser feita pelos seguintes processos:


138
a) Planta com pontos cotados
Neste processo todos os pontos topográficos possuem as suas alturas fornecendo uma idéia aproxi-
mada do relevo (Figura 3.27).
524.00
10300.00 526.00 466.00
465.60 474.60
469.11
461.40 466.50 475.02 505.00
504.88
474.42
524.00 470.75
477.50 485.67
509.00 512.90 464.60 466.20
470.57475.89
489.54493.40501.70504.10
10100.00 519.00 479.20 466.00
460.10 463.40
470.07 474.98 486.70 480.59
471.99
468.63460.79
497.00 494.30 482.90 499.93 502.20504.50
496.73
497.00 492.40 461.60 459.20472.95 485.87
Eixo Y

468.82 502.10
501.40 464.72
462.10 459.10 501.85
471.02
9900.00 461.60
456.60
461.60
462.60 487.50 462.89 460.20468.18
464.85
509.90 453.60 464.62 480.64 502.40
501.73502.80
467.74 464.50 457.20
462.90 486.36
490.20 495.20 441.00
456.40 471.70
466.82
464.60
492.80 497.90 460.98 494.42
446.10 488.00 459.99
459.85 493.56
461.40
462.40 455.52
9700.00 469.80 482.68
502.65 545.22
475.20 490.40 478.41 485.76 459.00 484.02
480.40
481.57 465.84 453.11 467.98
454.04
9500.00
2500.00 2750.00 3000.00 3250.00 3500.00 3750.00 4000.00 4250.00 4500.00 4750.00 5000.00
Eixo X

Figura 3.27: Planta com pontos cotados.

b) Planta com curvas de nível


Este é o processo mais rigoroso de representação do relevo em planta baixa. Define-se curva de ní-
vel como o lugar geométrico onde todos os pontos possuem as mesmas cotas ou altitudes. Geralmente seu
traçado percorre cotas ou altitudes inteiras (Figura 3.28).

10300.00

10100.00

9900.00

9700.00

9500.00
2500.00 3000.00 3500.00 4000.00 4500.00 5000.00
Figura 3.28: Planta com curvas de nível.

c) Planta de cores hipsométricas


Neste caso as alturas dos pontos são representadas por cores diferentes, onde cada cor representa
uma determinada altitude ou cota. Geralmente as cores mais claras representam as partes mais baixas e as es-
curas as partes mais altas (Figura 3.29).

139
Capítulo 3 - Altimetria

37.50

37.45

37.40

37.35

3800
37.30

37.25 3400

37.20
3000

37.15
2600
37.10
2200
37.05

1800
37.00
-107.50 -107.40 -107.30 -107.20 -107.10 -107.00

Figura 3.29: Planta em cores hipsométricas.

6.2 - Perfil

A representação em perfil pode ser feita pelos seguintes processos:

a) Desenho do perfil
Denomina-se perfil a representação, no plano vertical, das diferenças de nível obtidas durante o le-
vantamento topográfico altimétrico (nivelamento) (Figura 3.30).
Utilizado quando se deseja representar particularidades de um terreno, para fins de projetos. É um
processo rigoroso de representar as elevações e depressões de um determinado terreno.
A representação do terreno, no desenho, é feita por meio de eixos de coordenadas onde colocamos
no eixo X as distâncias entre os pontos e no eixo Y as cotas ou altitudes. Normalmente utiliza-se um papel
milimetrado.
Nos desenhos de perfis, geralmente aplicam-se escalas independentes para os eixos X e Y. Aconte-
ce que, para melhor visualização do relevo, normalmente a escala vertical é maior. A relação mais recomen-
dada é aquela em que a escala vertical seja de 5 a 10 (dez) vezes maior que a escala horizontal.
Após o desenho do perfil, onde foram lançadas as cotas e distâncias, pode-se fazer a transferência
das cotas inteiras para o desenho da planta baixa. Isto é realizado pela medida das distâncias entre as cotas
inteiras, no eixo X. Um artifício a ser utilizado é o processo de transferência por “fita”, aonde são registradas
todas as distâncias e transportadas para a planta baixa.

140
510,00

500,00

490,00

480,00

470,00

460,00

450,00

440,00
0 5 1 1 2 2 3 3 4 4 5 5 6 6 7 7 8 8 9 9 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
0 5 0 5 0 5 0 5 0 5 0 5 0 5 0 5 0 5 0 0 1 1 2 2 3 3 4 4
0 5 0 5 0 5 0 5 0 5

Figura 3.30: Desenho de perfil.

b) Perspectiva
Gerado através da Modelagem Digital de Terrenos (Figura 3.31). Pode-se citar as seguintes aplica-
ções:
# Estimativas de volume;
# Análise de intervisibilidade entre pontos;
# Extração de formas do relevo;
# Estudos de tendência.

520.00

510.00

500.00

490.00

480.00

470.00

460.00

450.00

440.00

Figura 3.31: Desenho em perspectiva.

141
Capítulo 3 - Altimetria

Observações e anotações - Cap. 3


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142
1 - Introdução

Na planialtimetria, as medidas angulares e lineares são tomadas considerando os planos horizontal


e vertical. Nas medidas planimétricas, são avaliados os ângulos e distâncias por processos de levantamento
planimétrico, e os cálculos para sua representação já foram discutidos anteriormente (Cap. 2). Para obtenção
das medidas altimétricas, utiliza-se dos processos de nivelamento, com objetivo de representar o relevo (Cap.
3).
Desta forma, a proposta da planialtimetria é utilizar-se dos processos planimétricos e altimétricos
para a representação de um determinado trecho da terra, onde possa conter informações planimétricas (ben-
feitorias, rios, estradas, etc.) e altimétricas (vales, linhas de cumeada, etc.).

2 – Levantamento Planialtimétrico

Os processos de levantamento são os mesmos utilizados para obter os elementos planimétricos


(métodos principais e secundários - Cap. 2). Os procedimentos de avaliação dos ângulos horizontais e distân-
cias horizontais podem ser obtidos pelas diversas formas, também já discutidas.
Porém, para caracterizar a planialtimetria, uma nova dimensão deve ser avaliada, ou seja, a altura (a
cota ou a altitude) dos vários pontos do terreno. Esta dimensão deverá ser obtida pelo nivelamento.
Um processo antigo, porém ainda muito utilizado pela rapidez e relativa precisão, é o processo ta-
queométrico. A taqueometria é um processo de levantamento planialtimétrico realizado por intermédio dos
instrumentos denominados taqueômetros (Cap. 2).
O levantamento taqueométrico é utilizado com grande freqüência para definição planialtimétrica de
parcelas do terreno, realizado através de poligonais e de irradiações a partir de vértices das poligonais. A po-
ligonal geralmente é desenvolvida em torno da área a ser levantada, servindo de arcabouço e base do levan-
tamento, enquanto as irradiações têm por finalidade a determinação de pontos capazes a representar os aci-
dentes naturais e artificiais deste local.

143
Capítulo 4 - Planialtimetria

Um resumo das fórmulas taqueométricas pode ser revisado pela tabela abaixo (Tabela 4.1).
Tabela 4.1: Resumo das equações taqueométricas.

D = m . g . cos2α
Analática

sen (2 ⋅ α ) ⎤
Distância horizontal

dn = ⎢ m ⋅ g ⋅ ⎥+i−l
⎣ ⎦
Diferença de nível
2

O processo de Poligonação, executado pelas Estações Totais, onde são avaliados diretamente as
distâncias horizontais e diferenças de nível, bem como os ângulos horizontais entre os alinhamento têm su-
plantado o método taqueométrico em precisão e tempo de execução. Com a característica de armazenamento
e exportação das informações obtidas em campo para softwares específicos para este equipamento, as opera-
ções topográficas de planialtimetria se facilitaram; contudo ainda deve-se obedecer os critérios de aceitação
destes trabalhos através das normas vigentes, a citar, a NBR13.133 da ABNT.

3 – Exemplo de Cálculo Planialtimétrico

A seguir é apresentado um exemplo de levantamento planialtimétrico, comentando-se as etapas pa-


ra o cálculo planialtimétrico e construção da respectiva planta planialtimétrica. Para facilitar o cálculo de ca-
derneta, este foi dividido em duas etapas distintas: planimetria e altimetria.
Ainda, sua concepção será pautada em resolução com comentários teóricos desta solução. Muitos
dos conceitos citados já foram de estudo do leitor, razão pela qual faz-se algumas referências à itens anterio-
res, especificamente dos capítulos 2 e 3.
O exemplo simula uma caderneta estadimétrica, porém o cálculo é similar caso considerasse uma
poligonação concebida por
uma Estação Total.

Exemplo 1: Basea-
do na caderneta estadimétrica
abaixo, calcule e desenhe a
planta planialtimétrica (Figura
4.1). Considere a poligonal
sendo da Classe V.

Figura 4.1: Croqui de área.

144
145
CADERNETA ESTADIMÉTRICA

Ponto Ângulo Estadia Ângulo Altura Distância Diferença


Est. Azimute Observação
Visado horário FS FM FI vertical instr. (i) (m) de Nível (m)
A B 180o 00’ 8o 05’ 1,930 1,470 1,010 - 3o 11’ 1,470 M. dir. estrada l = 8,00 m
1 281o 30’ 1,787 1,470 1,153 + 0o 51’ casa - fundo - 12,50 m
2 271o 08’ 1,780 1,470 1,160 + 0o 53’ casa
3 255o 34’ 1,788 1,470 1,152 + 0o 07’
B C 243o 57’ 2,168 1,510 0,852 + 0o 05’ 1,510
4 257o 45’ 1,827 1,510 1,193 + 0o 44’
5 280o 12’ 1,788 1,510 1,232 + 0o 14’
6 243o 40’ 1,881 1,510 1,139 + 0o 07’
C D 186o 41’ 2,073 1,480 0,887 + 0o 18’ 1,480
7 319o 20’ 1,678 1,480 1,282 - 0o 21’
8 273o 25’ 1,678 1,339 1,000 - 0o 30’
9 243o 57’ 1,406 1,203 1,000 - 4o 58’
10 187o 15’ 1,428 1,214 1,000 - 1o 14’
D E 253o 02’ 2,216 1,490 0,765 + 1o 12’ 1,490
11 316o 42’ 2,284 2,000 1,716 - 3o 25’
12 307o 28’ 1,912 1,490 1,068 - 0o 50’
13 253o 00’ 1,698 1,490 1,282 - 1o 04’
14 280o 06’ 1,780 1,490 1,200 - 1o 05’
E F 237o 42’ 2,128 1,520 0,912 - 1o 24’ 1,520
15 00o 00’ 1,788 1,520 1,252 - 2o 16’ M. direita
16 307o 15’ 1,932 1,520 1,108 - 0o 12’
17 302o 28’ 1,839 1,520 1,201 - 0o 11’ cerca curral
18 269o 50’ 1,776 1,520 1,264 - 0o 10’ cerca curral
19 237o 42’ 1,719 1,520 1,321 - 0o 12’
F G 252o 07’ 2,162 1,490 0,818 + 0o 59’ 1,490
20 293o 10’ 1,830 1,490 1,150 + 2o 28’ cerca curral
21 294o 55’ 1,998 1,490 0,982 + 1o 41’ cerca curral
22 264o 00’ 1,972 1,490 1,008 + 1o 36’ M. direita
23 290o 30’ 2,098 1,490 0,882 + 1o 21’
G H 174o 35’ 2,198 1,510 0,822 - 0o 11’ 1,510
24 269o 22’ 1,879 1,510 1,141 + 0o 24’
25 252o 33’ 1,772 1,510 1,248 + 0o 48’ M. direita
26 202o 48’ 1,651 1,510 1,369 + 1o 09’
27 217o 40’ 1,825 1,510 1,195 + 2o 57’
28 174o 45’ 1,782 1,510 1,238 - 0o 42’
H A 271o 54’ 1,689 1,500 1,312 + 3o 39’ 1,500

145
Capítulo 4 - Planialtimetria

Solução:
Para cálculo da caderneta, têm-se as seguintes etapas:
Primeiramente, deve-se classificar o tipo da poligonal topográfica adotada, considerando a tabela
2.5. Desta, projetar para as tabelas 2.9 e 2.10 e extrair os valores para coeficientes “b” e “d”, que relacionam
com as precisões angulares e lineares respectivamente. A poligonal base utilizada neste exemplo é da classe
V P, ou seja:
Tabela 2.5: Levantamento Planimétrico – Poligonais.
Medição Desenvolvimento
Classe Extensão Lado Número Materialização
Angular Linear máxima Mínimo Médio máximo de
(L) (Dmin) (Dméd) vértices
Leitura numa só posição Observações taqueométricas (vante e
da luneta, horizontal e ré) em miras centimétricas previa-
05 km (P) 41 (P)
vertical, com correções de mente aferidas, providas de nível es-
VP 02 km (S) 30 m 90 m 21 (S) Pinos ou piquetes
colimação, PZ (ou de ín- férico com leitura dos três fios ou e-
01 km (A) 12 (A)
dice) com teodolito classe quivalente (teodolitos autoredutores)
1.
(P) – Poligonal principal (S) – Poligonal secundária (A) – Auxiliar Fonte: NBR 13.133 - ABNT

Valores para definição das tolerâncias:


Angular => b = 180” = 3’ (Tabela 2.9); Linear => d = 2,20 m (Tabela 2.10)

1 – Planimetria - Planilha de Coordenadas


1 - Cálculo do Fechamento Angular
a) Cálculo do fechamento angular;
b) Cálculo da tolerância angular (segundo ABNT);
c) Distribuição do erro angular;
2 - Cálculo de Azimutes;
3 - Cálculo das Coordenadas Relativas Não Corrigidas;
a) Cálculo das distâncias (fórmula estadimétrica);
4 - Cálculo do Fechamento Linear;
5 - Cálculo das Coordenadas Relativas Corrigidas;
6 - Cálculo das Coordenadas Absolutas;
7 - Cálculo da área da poligonal-base.

2 – Altimetria – Nivelamento estadimétrico


1 - Cálculo das diferenças de nível (fórmula estadimétrica);
2 - Cálculo das cotas ou altitudes.

3 - Planialtimetria
1 - Interpolação das cotas dos pontos; 2 - Desenho final (curvas de nível).

3.1 – Planimetria - Planilha de Coordenadas


146
1 - Cálculo do Fechamento Angular

∑ ângulos = 180
a) Cálculo do erro de fechamento angular
Baseado na seguinte fórmula: o
⋅ ( n ± 2)

∑ ângulos = 180 o
⋅ (8 + 2) = 180 o ⋅ 10 = 1.800o (ângulos externos)

1.799 o 58' ≠ 1800


. o
→ erro de 2’ por falta.

b) Cálculo da tolerância angular

Tolerancia = b ⋅ n

Considerando: b = 3’ e n = 8, tem-se:
Tolerancia = 3'⋅ 8 = 8,485' ≅ 8' 29' '

Erro (2’) < Tolerância (8’ 29”) => Dentro da tolerância !

c) Cálculo da correção angular

− 2'
= = − 15 ' ' para cada lado
Erro angular
correção =
Número de lados 8

Observe que a irradiação não sofreu correção.

2 - Cálculo de Azimutes

AZA-B = 8o 05’ 00”(Este é medido em campo, sem possibilidade de alteração)

Azimute calculado = (Azimute anterior + ângulo horário) ± 180o (ou - 540o)

Resumo
Se (soma < 180o) ) (soma + 180o)
Se (540o > soma > 180o) ) (soma - 180o)
Se (soma > 540o) ) (soma - 540o)

AZB-C = (AZA-B + Ang. hor.B-C) = 8o 05’ 00” + 243o 57’ 15” =


= 252o 02’ 15” - 180o = 72o 02’ 15”
147
Capítulo 4 - Planialtimetria

AZC-D = (AZB-C + Ang. hor.C-D) = 72o 02’ 15” + 186o 41’ 15” =
= 258o 43’ 30” - 180o = 78o 43’ 30”
.....................................................................................................
AZA-B = (AZH-A + Ang. hor.A-B) = 8o 04’ 45” + 180o 00’ 15” =
= 188o 05’ 00” - 180o = 8o 05’ 00”

Irradiação:
AZA-1 = (AZH-A + Ang. hor.A-1) = 8o 04’ 45” + 281o 30’ =
= 289o 34’ 45” - 281o 30’ = 109o 34’ 45”
..............................................................................................................
Demais resultados na caderneta de coordenadas.

3 - Cálculo das Coordenadas Relativas Não Corrigidas

Obs.: Serão feitos apenas alguns cálculos demonstrativos, sendo o restante a cargo do leitor. Os re-
sultados constam da caderneta de cálculo. Primeiramente o cálculo das distâncias e a seguir as coordenadas.

D = m . g . cos2α

xA-B = DA-B . sen AzimuteA-B => (abcissa relativa)


yA-B = DA-B . cos AzimuteA-B => (ordenada relativa)

a) Cálculo das distâncias (estadimetria)

DA-B = (1,930 - 1,010) . 100 . cos2(- 3o 11’) = 91,716 m


DA-1 = (1,787 - 1,153) . 100 . cos2(- 0o 51’) = 63,386 m
DA-2 = (1,780 - 1,160) . 100 . cos2(- 0o 53’) = 61,985 m
DA-3 = (1,788 - 1,152) . 100 . cos2(- 0o 07’) = 63,600 m
..................................................................................... e assim sucessivamente

Demais resultados na caderneta de coordenadas.


xA-B = DA-B . sen AZA-B = 91,716 . sen 8o 05’ 00” = + 12,896 m
................................................................................................
xH-A = DH-A . sen AZH-A = 37,547 . sen 8o 04’ 45” = + 5,277 m
yA-B = DA-B . cos AZA-B = 91,716 . cos 8o 05’ 00” = + 90,805 m

148
................................................................................................
yH-A = DH-A . cos AZH-A = 37,547. cos 8o 04’ 45” = + 37,174 m

Irradiação:
xA-1 = DA-1 . sen AZA-1 = 63,386. sen 109o 34’ 45” = + 59,721 m
yA-1 = DA-1 . cos AZA-1 = 63,386. cos 109o 34’ 45”= - 21,241 m

4 - Cálculo do Fechamento Linear

a) Cálculo do erro linear

E = ex 2 + ey 2

ex = ∑ x ( + ) + ∑ x ( − ) = + 0,084 m

ey = ∑ y ( + ) + ∑ y ( − ) = - 0,042 m

E= ( +0,084)2 + ( −0,042)2 = 0,125 = 0,094 m

b) Cálculo da tolerância linear


T = d ⋅ L (km)

Considerando d = 2,20 m e L = 0,91798 (em quilômetros) tem-se:


T = 2,20 ⋅ 0,91798 = 2,11 m

Erro (0,094 m) < Tolerância (2,11) - Dentro da tolerância !

c) Cálculo do erro relativo linear

Er = = = ≅
El 0,094 1 1
L 917,98 9.795,766 10.000

ou seja, projeta um erro de aproximadamente 1 cm a cada 100,000 m, sendo uma precisão muito boa para a
maioria das aplicações de Agrimensura.

5 - Cálculo das Coordenadas Relativas Corrigidas

149
Capítulo 4 - Planialtimetria

Será utilizado o processo de proporcional às distâncias. Serão feitos apenas alguns cálculos de-
monstrativos, sendo o restante a cargo do leitor. Os resultados constam da caderneta de cálculo.

Processo 1 - Proporcional às distâncias

a) Cálculo dos fatores em x e em y.

− 0,084
= = −9,151 x 10 −5
ex
fatorx =
P 917,982

+ 0,042
= = + 4,575 x 10 −5
ey
fatory =
P 917,982
sendo P o perímetro em metros.

b) Cálculo da correção em x e em y

Correção x1-2 = fatorx . dist1-2; Correção y1-2 = fatory . dist1-2

Deve-se observar que o sinal da correção deve ser contrário ao do erro.

Corr xA-B = fatorx . distA-B = - 9,151 x 10-5 . 91,716 = - 0,008 m


....................................................................................................
Corr xH-A = fatorx . distH-A = - 9,151 x 10-5. 37,547 = - 0,003 m

Corr yA-B = fatory . dist A-B = + 4,575 x 10-5 . 91,716 = + 0,004 m


....................................................................................................
Corr y H-A = fatory . dist H-A = + 4,575 x 10-5. 37,547 = + 0,002 m

Finalmente, as coordenadas relativas ou parciais corrigidas serão dadas pela coordenadas relativas
não corrigidas, mais ou menos a correção

6 - Cálculo das Coordenadas Absolutas

150
Para determinação das coordenadas absolutas, adotou-se valores para as coordenadas X e Y iniciais
(ponto A).
XA = 1.000,000 m
YA = 1.000,000 m

XB = XA + xA-B = 1.000,000 + 12,888 = 1.012,888 m


B

.................................................................................
XH = XG+ xG-H = 1.131,541 - 136,814 = 994,727

YB = YA + yA-B = 1.000,000 + 90,809 = 1.090,809 m


B

.................................................................................
YH = YG+ yG-H = 948,017 + 14,807 = 962,824

Irradiação:
XA-1 = XA + xA-1 = 1.000,000 + 59,721 = 1.059,721 m
YA-1 = YA + yA-1 = 1.000,000 - 21,241 = 978,759 m
.................................................................................

7 - Cálculo da área da poligonal-base.

O cálculo da área utilizou-se do método analítico pela Fórmula de Gauss (Cap. 2, item 7.1), tendo
como resposta:

Área = 53.525 m2 = 5,3525 ha.

Sugere-se que este valor seja comprovado pelo leitor.

3.2 – Altimetria – Nivelamento Estadimétrico

a) Cálculo das diferenças de nível (estadimetria)

151
Capítulo 4 - Planialtimetria

Será demonstrado apenas um cálculo e o restante dos resultados fica a cargo do leitor.
Baseado na seguinte fórmula:

⎡ sen ( 2 ⋅ α ) ⎤
dn = ⎢ m ⋅ g ⋅ ⎥+i−l
⎣ 2 ⎦


dn A − B = ⎢(1,930 − 1,010) ⋅ 100 ⋅
(
sen 2 ⋅ ( −3o 11' ) ⎤ ) ⎥ + 1,470 − 1,470 = − 5,101 m
⎢⎣ 2 ⎥⎦

............................................................................................................

b) Cálculo do erro fechamento altimétrico e sua distribuição

Como se trata de uma poligonal em “looping”, as somas de suas diferenças de nível entre os ali-
nhamentos da poligonal principal devem ser iguais a zero.

∑ diferenca de nivel = 0

Logo, somando os resultados da tabela 4.2, tem-se:


∑ diferenca de nivel = +0,040 m ≠ 0 , com erro de +0,040 m por excesso.

No cap. 3, item 3.6.1 (Tabela 3.4), definiu-se as tolerâncias para o erro altimétrico no nivelamento
taqueométrico, considerando a seguinte expressão:

Tolerância = 0,30 m . k

Para k igual a aproximadamente 918 m (0,918 km), a tolerância permitida para o erro no nivela-
mento será:

T = 0,30 ⋅ 0,918 = 0,287 m

Logo, o erro é menor que a tolerância (erro < tolerância) devendo ser distribuído entre os pontos da
poligonal. A distribuição deste erro será dada pela divisão do erro pelo número de estações da poligonal (Ta-
bela 4.2):

152
− 0,040
Corr = = = −0,005m
erro admissível
número de estações do nível 8

c) Cálculo das cotas

Baseado nas diferenças de nível compensadas, e a cota do marco inicial, os cálculos das cotas serão
obtidos por (Tabela 4.2):
Cota A = 1.000,000 m (arbitrada)
Esta coordenada (cota ou altitude) deve ser conhecida em algum ponto da poligonal, para que a
partir desta o levantamento esteja referenciado, no caso do ponto A.
Cota B = Cota A ± ΔNA-B = 1.000,000 - 5,1016 = 994,894 m
Cota C = Cota B ± ΔNB-C = 994,894 + 0,186 = 995,080 m
...............................................................................................

As irradiações serão dadas por:


Cota 1 = Cota A ± ΔNA-1
Cota 2 = Cota A ± ΔNA-2
.........................................

Tabela 4.2: Altimetria – Exemplo.


Est. Ponto Diferença Correção Diferença de nível Cotas
visado de nível (m) (m) compensada (m) (m)
A 1.000,000
A B - 5,101 - 0,005 - 5,106 994,894
B C + 0,191 - 0,005 + 0,186 995,080
C D + 0,621 - 0,005 + 0,616 995,696
D E + 3,038 - 0,005 + 3,033 998,729
E F - 2,970 - 0,005 - 2,975 995,754
F G + 2,306 - 0,005 + 2,301 998,055
G H - 0,440 - 0,005 - 0,445 997,610
H A + 2,395 - 0,005 + 2,390 1.000,000
Soma + 0,040 - 0,040 0,000

153
Capítulo 4 - Planialtimetria

3.3 - Planialtimetria

Finalmente a planialtimetria se consagra com a junção dos dados planimétricos e altimétricos numa
mesma representação. A forma de representação planialtimétrica mais comum é a planta topográfica com
curvas de nível, aonde podem ser observados elementos planimétricos e conformações do relevo do terreno.
Para construção desta planta com curvas de nível lança-se mão de conceitos do desenho topográfico (Figura
4.2). Na figura 4.3 tem-se o modelo digital deste terreno, em perspectiva.

Figura 4.2: Planta planialtimétrica do terreno.

Figura 4.3: Planta em perspectiva do terreno.


154
155
PLANILHA DE COORDENADAS
Coordenadas
Ponto Ângulo horário Dist. Coordenadas Parciais (m) Correções (m) Coordenadas Totais (m)
Est. Azimutes Parciais Corrigidas (m)
Visado (m)
Lido Corr. Corrigido x = D .sen AZ y = D .cos AZ Cx Cy x y X Y
A B 180o 00’ + 15” 180o 00’ 15” 8o 05’ 00” 91,716 + 12,896 + 90,805 - 0,008 + 0,004 + 12,888 + 90,809 1.012,888 1.090,809
1 281o 30’ - 281o 30’ 109o 34’ 45” 63,386 + 59,721 - 21,241 - - + 59,721 - 21,241 1.059,721 978,759
2 271o 08’ - 271o 08’ 99o 12’ 45” 61,985 + 61,185 - 9,924 - - + 61,185 - 9,924 1.061,185 990,076
3 255o 34’ - 255o 34’ 83o 38’ 45” 63,600 + 63,209 + 7,039 - - + 63,209 + 7,039 1.063,209 1.007,039
B C 243o 57’ + 15” 243o 57’ 15” 72o 02’ 15” 131,600 + 125,186 + 40,585 - 0,012 + 0,006 + 125,174 + 40,591 1.138,062 1.131,400
4 257o 45’ - 257o 45’ 85o 50’ 00” 63,390 + 63,222 + 4,606 - - + 63,222 + 4,606 1.076,110 1.095,415
5 280o 12’ - 280o 12’ 108o 17’ 00” 55,599 + 52,792 - 17,442 - - + 52,792 - 17,442 1.065,680 1.073,367
6 243o 40’ - 243o 40’ 71o 45’ 00” 74,200 + 70,468 + 23,237 - - + 70,468 + 23,237 1.083,356 1.114,046
C D 186o 41’ + 15” 186o 41’ 15” 78o 43’ 30” 118,597 + 116,308 + 23,188 - 0,011 + 0,005 + 116,297 + 23,193 1.254,359 1.154,593
7 319o 20’ - 319o 20’ 211o 22’ 15” 39,599 - 20,614 - 33,810 - - - 20,614 - 33,810 1.117,448 1.097,590
8 273o 25’ - 273o 25’ 165o 27’ 15” 67,795 + 17,027 - 65,622 - - + 17,027 - 65,622 1.155,089 1.065,778
9 243o 57’ - 243o 57’ 135o 59’ 15” 40,296 + 27,998 - 28,980 - - + 27,998 - 28,980 1.166,060 1.102,420
10 187o 15’ - 187o 15’ 79o 17’ 15” 42,780 + 42,034 + 7,952 - - + 42,034 + 7,952 1.180,096 1.139,352
D E 253o 02’ + 15” 253o 02’ 15” 151o 45’ 45” 145,036 + 68,621 - 127,776 - 0,013 + 0,007 + 68,608 - 127,769 1.322,967 1.026,824
11 316o 42’ - 316o 42’ 215o 25’ 30” 56,598 - 32,806 - 46,120 - - - 32,806 - 46,120 1.221,553 1.108,473
12 307o 28’ - 307o 28’ 206o 11’ 30” 84,382 - 66,975 + 51,330 - - - 66,975 + 51,330 1.187,384 1.205,923
13 253o 00’ - 253o 00’ 151o 43’ 30” 41,586 + 19,699 - 36,624 - - + 19,699 - 36,624 1.274,058 1.117,969
14 280o 06’ - 280o 06’ 178o 49’ 30” 57,979 + 1,189 - 57,967 - - + 1,189 - 57,967 1.255,548 1.096,626
E F 237o 42’ + 15” 237o 42’ 15” 209o 28’ 00” 121,527 - 59,781 - 105,807 - 0,011 + 0,006 - 59,792 - 105,801 1.263,175 921,023
15 00o 00’ - 00o 00’ 331o 45’ 45” 53,516 - 25,320 + 47,147 - - - 25,320 + 47,147 1.297,647 1.073,971
16 307o 15’ - 307o 15’ 279o 00’ 45” 82,399 - 81,382 + 12,908 - - - 81,382 + 12,908 1.241,585 1.039,732
17 302o 28’ - 302o 28’ 274o 13’ 45” 63,799 - 63,625 + 4,705 - - - 63,625 + 4,705 1.259,342 1.031,529
18 269o 50’ - 269o 50’ 241o 35’ 45” 51,200 - 45,036 - 24,355 - - - 45,036 - 24,355 1.277,931 1.002,469
19 237o 42’ - 237o 42’ 209o 27’ 45” 39,800 - 19,576 - 34,653 - - - 19,576 - 34,653 1.303,391 992,171
F G 252o 07’ + 15” 252o 07’ 15” 281o 35’ 15” 134,360 - 131,622 + 26,988 - 0,012 + 0,006 - 131,634 + 26,994 1.131,541 948,017
20 293o 10’ - 293o 10’ 322o 38’ 00” 67,874 - 41,194 + 53,944 - - - 41,194 + 53,944 1.221,981 974,967
21 294o 55’ - 294o 55’ 324o 23’ 00” 101,512 - 59,116 + 82,522 - - - 59,116 + 82,522 1.204,059 1.003,545
22 264o 00’ - 264o 00’ 293o 28’ 00” 96,325 - 88,358 + 38,358 - - - 88,358 + 38,358 1.174,817 959,381
23 290o 30’ - 290o 30’ 319o 58’ 00” 121,532 - 78,173 + 93,053 - - - 78,173 + 93,053 1.185,002 1.014,076
G H 174o 35’ + 15” 174o 35’ 15” 276o 10’ 30” 137,599 - 136,801 + 14,801 - 0,013 + 0,006 - 136,814 + 14,807 994,727 962,824
24 269o 22’ - 269o 22’ 10o 57’ 15” 73,796 + 14,023 + 72,451 - - + 14,023 + 72,451 1.145,564 1.020,468
25 252o 33’ - 252o 33’ 354o 08’ 15” 52,390 - 5,351 + 52,116 - - - 5,351 + 52,116 1.126,190 1.000,133
26 202o 48’ - 202o 48’ 304o 23’ 15” 28,189 - 23,263 + 15,921 - - - 23,263 + 15,921 1.108,278 963,938
27 217o 40’ - 217o 40’ 319o 15’ 15” 62,833 - 41,011 + 47,603 - - - 41,011 + 47,603 1.090,530 995,620
28 174o 45’ - 174o 45’ 276o 20’ 15” 54,392 - 54,060 + 6,004 - - - 54,060 + 6,004 1.077,481 954,021
H A 271o 54’ + 15” 271o 54’ 15” 8o 04’ 45” 37,547 + 5,277 + 37,174 - 0,004 + 0,002 + 5,273 + 37,176 1.000,000 1.000,000

155
Capítulo 4 - Planialtimetria

Observações e anotações - Cap. 4

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Capítulo 4 - Planialtimetria

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1 - Introdução e Histórico

Importante:
Este capítulo foi baseado no capítulo “GPS: Global Positioning System. Aspectos Básicos”, do li-
vro “Topografia Contemporânea” de Loch & Cordini, editado em 1995 pela Universidade Federal de Santa
Catarina.
Com o advento da era espacial, viu-se a possibilidade de posicionamento cada vez mais rápido e
preciso, que se baseiam no rastreamento de satélites. Trabalhos tanto de Geodésia quanto Topografia vem se
valendo desta possibilidade.
A partir de 1973 foi implantado o projeto NAVSTAR-GPS ou simplesmente GPS: Global Positio-
ning System. O sistema consiste basicamente de um conjunto de estações fixas espalhadas na superfície da
terra (estações de controle), uma constelação de satélites artificiais em órbita a cerca de 20.200 Km e esta-
ções receptoras móveis.
Pode-se citar alguns benefícios advindos desta técnica de posicionamento como: precisão compatí-
vel, rapidez, independência das condições atmosféricas, etc.
Num breve histórico da utilização de satélites de posicionamento, este se inicia com o SPUTINIK
I, lançado pela antiga União Soviética em 1957. A seguir, tem-se o Programa TRANSIT, desenvolvido pela
Marinha Americana e operando com 3 satélites (1964). Em 1967 se tornou disponível à comunidade civil.
Desde então, foi batizado de NNSS (Navy Navigation Satellite System), e o sistema acusa uma rápida expan-
são.
Porém para evitar uma proliferação de sistemas paralelos, agências americanas (Departamento de
Defesa, NASA, Departamento de Comércio, Departamento de Transportes e a Administração Federal da Ae-
ronáutica) criaram o DNSS (Defense Navigation Satellite System). O objetivo deste grupo era investigar a
viabilidade de sistemas de satélites para comunicação, transferência precisa de tempo e controle de tráfego
aéreo. Com as exigências do DNSS, a Marinha Americana e a Força Aérea formularam dois projetos:

# TIMATION (Marinha);
159
Capítulo 5 - Sistema de Posicionamento por Satélites - Aspectos Básicos

# SYSTEM 621-B (Força Aérea).

Da União deste dois projetos, em 1973, originou o NAVSTAR-GPS: NAVigation System with
Time and Ranging - Global Positioning System.

2 - Segmentos do Sistema e o Projeto NAVSTAR-GPS

De maneira geral, o sistema NAVSTAR-GPS subdivide-se em três segmentos:


# Segmento espacial;
# Segmento de controle;
# Segmento dos usuários.

a) Segmento espacial
É composto por 21 satélites em operação, com mais 3 de reserva (24 satélites). Sua função é gerar e
transmitir os sinais GPS: códigos, portadoras e mensagens de navegação. Os sinais são derivados da freqüên-
cia fundamental f0 = 10,23 MHz, com a seguinte estrutura (ondas portadoras):
L1 = 154 . f0 = 1.575,42 MHz e L2 = 120 . f0 = 1.227,60 MHz
Os códigos são modulados em fase com a onda portadora, emitida à freqüência de:
Código C/A = f0/10 = 1,023 MHz
Código P = f0 = 10,23 MHz

b) Segmento de controle
Consistem de esta-
ções monitoras localizadas em
Diego Garcia, Ascension Is-
land, Kwajlein e Hawaii; e
uma estação de controle
(“master”) em Consolidated
Space Operations Center
(CSOC), em Colorado S-
prings. Seu objetivo é monito-
rar a “saúde” (condições) dos Figura 5.1: Segmento de controle.

satélites, determinar suas órbitas (efemérides) e as correções aos relógios dos satélites (Figura 5.1).

c) Segmento dos usuários

160
Consistem de todos os usuários militares e civis.
Receptores apropriados rastreiam os códigos ou as fases
das portadoras (ou ambos), além das mensagens transmi-
tidas pelos satélites (Figura 5.2).

Com relação às necessidades propostas pelo


DNSS, pode-se citar:
a) Precisão de posicionamento na ordem de centímetro;
b) Exata definição da velocidade de propagação das on-
das eletromagnéticas (c = 299.792.458 m/s ± 1,2 m/s) e
do tempo;
c) Disponibilidade contínua de dados para navegação;
Figura 5.2: Segmento dos usuários.
d) Base para o estabelecimento de um referencial global;
e) Cobertura global e regional;
f) Potencial generalizado de navegação para minimizar a proliferação de sistemas para fins especiais ou de
cobertura regional.

Nas tabelas a seguir (Tabela 5.1 e 5.2) tem-se a configuração original e atual do sistema GPS.

Tabela 5.1: Configuração Original do Tabela 5.2: Configuração em 1990 do


NAVSTAR-GPS. NAVSTAR-GPS.
* Constelação de 24 satélites * Constelação de 24 satélites
* 03 planos orbitais com 8 satélites * 06 planos orbitais com 4 satélites cada
cada * Altitude nominal da órbita: 20.183 Km
* Altitude da órbita: 20.000 Km * Órbita quase circular
* Órbita circular * Inclinação dos planos orbitais em relação ao equa-
* Inclinação dos planos orbitais: 630 dor : 540 44’
* Período de revolução : 12 horas * Período de revolução : 12 horas siderais
* Relógios atômicos a bordo dos saté- * Relógios atômicos a bordo dos satélites com estabi-
lites com estabilidade de 10-13 do se- lidade de 10-13 do segundo
gundo * Portadoras de radiofrequência: L1 = 1575,42 MHz e
* Portadoras de radiofrequência de 1,2 L2 = 1227,60 MHz
e 1,6 GHz * Potência: 450 Watts
* Potência: 450 Watts 3 satélites de reserva

3 - Princípios de Observação e Técnicas de Posicionamento GPS

161
Capítulo 5 - Sistema de Posicionamento por Satélites - Aspectos Básicos

O princípio básico para a determinação de pontos sobre a superfície terrestre (posicionamento) a


partir de observações GPS trata-se de um procedimento de medição de distância na qual, ao mesmo tempo,
são medidas as distâncias entre a estação de recepção e 4 satélites artificiais. Logo, partindo-se de coorde-
nadas conhecidas dos 4 satélites, num dado instante, calculam-se as coordenadas da estação.
Acompanhe a seguir este princípio:
Um conjunto de observações sobre os satélites, em cada estação, resulta num conjunto de 4 equa-
ções do tipo (Figura 5.3):

Ri = [(XS - XR)2 + (YS - YR)2 + (ZS - ZR)2]1/2 + COR

onde
COR = c.DTU - c.DTS + ION + TROP
sendo
XS, YS, ZS = Coordenadas tridimensionais do satélite (conhecidas através de suas efemérides);
XR, YR, ZR = Coordenadas tridimensionais do receptor (inicialmente são consideradas incógnitas);
COR - Correção;
DTU - Estado do relógio do receptor;
DTS - Estado do relógio do satélite;
c - Velocidade de propagação da luz no vácuo;
ION - Correção devido à refração ionosférica;
TROP - Correção devido à refração troposférica.

Logo, tendo 4 equações R’s, a 3 incógnitas XR, YR, ZR, certamente o sistema estará resolvido.

As variáveis de observação, ou seja, os dados a serem avaliados pelo receptor, consistem em dois
tipos de informações:

# Medição de fase codificada;


# Medição de fase da portadora.

162
Figura 5.3: Princípio de observação.
a) Medição de fase codificada
A fase codificada (C/A e P) permite a de-
terminação indireta da distância a partir da medida
direta do intervalo de tempo de propagação da
onda entre o satélite e o receptor, multiplicado
pela velocidade de propagação desta onda. Entre
as aplicações deste método pode-se citar o posicio-
Figura 5.4: Fase codificada.
namento em tempo real de um móvel. Sua precisão
é da ordem de metros (Figura 5.4).

b) Medição de fase da portadora


A fase da portadora (L1 e L2 => comprimento em torno de 20 cm) permite a determinação indire-
ta da distância análoga àquelas obtidas a partir dos códigos. Porém neste caso, mede-se a diferença de fase
entre o sinal que chega do satélite e o sinal gerado pelo oscilador, surgindo uma incógnita adicional na
observação da distância, denominada ambigüidade.
A ambigüidade é o número total de comprimentos de onda completos (ciclos) que o sinal apresen-
ta ao ser captado pelo receptor no início do período de rastreamento. Existem diversas técnicas de determina-
ção da ambigüidade. Nas aplicações deste método, obtêm uma melhor precisão no posicionamento.

163
Capítulo 5 - Sistema de Posicionamento por Satélites - Aspectos Básicos

3.1 - Observações no Modo Relativo ou Diferencial

Para otimizar a medição de


fase da onda codificada e da portado-
ra, procura-se minimizar ou até mes-
mo eliminar alguns erros ou pertur-
bações (erro de órbita do satélite, re-
fração troposférica e refração ionosfé-
rica, etc.).
Desta forma aplica-se o po-
sicionamento relativo. Este posicio-
namento adota modelos matemáticos
que promovem a diferença de obser-
vações, utilizando-se no mínimo duas Figura 5.5: Posicionamento relativo ou diferencial.
estações que conduzem observações
simultâneas aos mesmos satélites (Figura 5.5).
Geralmente uma destas estações possui as coordenadas do receptor conhecidas, e por diferença en-
tre estas coordenadas conhecidas e as calculadas, são calculadas correções à serem inseridas na segunda es-
tação.

Os principais erros a serem eliminados são:

a) Erros de órbita (gira em torno de 10 a 30 m) - A influência deste erro sobre estações vizinhas é
facilmente eliminada quando se faz o uso de diferenças de observações. Para distâncias superiores a 50 Km
devem ser consideradas.
b) Ionosfera - Devido à alta freqüência da onda portadora, a sua influência é muito pequena.
c) Troposfera - Pode ser modelada - 2 a 3 cm.

Tanto as observações de código (C/A e P), quanto à da fase das portadoras (L1 e L2), podem ser
tratadas adotando-se o procedimento do posicionamento relativo ou diferencial.
No caso de observações de código (C/A e P), a técnica associada denomina-se DGPS-Differential
GPS, muito utilizado em navegação.

No caso de observações da fase da onda portadora (L1 e L2), as observações são combinadas li-
nearmente, originando-se as seguintes equações de observação (Figura 5.6):

164
1) Simples diferença de fase - Quando se diferenciam as observações de fase de duas estações em
relação ao mesmo satélite (cancelar os erros dos relógios dos satélites).
2) Dupla diferença de fase - Quando se diferenciam as diferenças simples em relação a dois satéli-
tes (cancelar os erros dos relógios dos satélites e do receptor).
3) Tripla diferença de fase - Quando se diferenciam as duplas diferenças em relação ao tempo
(cancelar os erros dos relógios dos satélites e do receptor e as ambigüidades).

Figura 5.6: Método diferencial utilizando as ondas portadoras.

Após ter visto as grandezas que podem ser avaliadas pelo usuário, este necessita adotar algumas
técnicas para seu posicionamento através de satélites. Com relação às técnicas de posicionamento, para a-
plicações geodésicas e topográficas, os procedimentos devem possibilitar algumas condições favoráveis co-
mo:

# Utilizar a medição de fase da onda portadora;


# Realizar observações no modelo relativo ou diferencial (mínimo de dois aparelhos);
# Utilizar receptor e programa de cálculo apropriado.

As técnicas de posicionamento topográfico e geodésico mais amplamente utilizadas segundo as Es-


pecificações e Normas do IBGE são:

a) Posicionamento estático

165
Capítulo 5 - Sistema de Posicionamento por Satélites - Aspectos Básicos

Dois ou mais receptores fixos observam os mesmos satélites durante uma hora ou mais - Precisão
de 1 a 2 ppm.
b) Posicionamento cinemático contínuo ou semicinemático (stop-and-go)
Um receptor é mantido fixo enquanto outro(s) é (são) móvel. Os sinais devem ser continuamente
rastreados para evitar perdas de sinais a fim que se determine a ambigüidade.

c) Posicionamento pseudocinemático ou pseudo-estático


Um receptor é mantido fixo enquanto outro(s) ocupa(m) a(s) mesma(s) estação(ções) mais de uma
vez.

d) Posicionamento estático-rápido
Corresponde ao pseudocinemático sem a necessidade de re-ocupação das estações.

e) Solução de ambigüidades em tempo real


Equivale ao estático-rápido, com receptor itinerante se movendo continuamente.

Os métodos das alíneas “d” e “e” adotam soluções de cálculos que utilizam simultaneamente os
quatro tipos de observação proporcionados pelo sistema: fases da portadora (L1 e L2) e os códigos (C/A e P).
As técnicas de posicionamento relativo revestem-se de grande importância quando considera a
implantação da degradação da qualidade proporcionada pelo sistema. Devido ao fato do GPS ter sido de-
senvolvido principalmente por razões militares, o Departamento de Defesa dos EUA projetou as seguintes
técnicas de imprecisão ao sistema:

# Disponibilidade Seletiva (Selective Availability - SA): técnica de degradação deliberada da es-


tabilidade dos relógios dos satélites e da mensagem por eles transmitida (bloco II);
# Anti-spoofing (AS): técnica de criptografia do código P, dando origem ao código Y (implemen-
tado).

Para o posicionamento relativo, que tem como objetivo minimizar os erros associados aos relógios,
o SA não constitui grandes problemas. No caso da técnica AS, a maioria dos receptores utiliza o código C/A
ou possuem alternativas para o caso do código P ser criptografado.
Portanto a degradação do sinal representa um problema para usuários que buscam posicionamento
isolado, o que prejudica a maioria das aplicações tradicionais em tempo real.

4 - Informações Básicas para Utilização do Sistema


166
Para que se utilize o sistema GPS, algumas observações devem ser consideradas:
a) Disponibilidade de satélites em quantidade suficiente (“janelas”) (pode ser determinado através
de programas);
b) Rastreamento simultâneo de pelo menos quatro satélites;
c) Estações próximas uma das outras (± 20 Km) para o método diferencial;
d) Satélites “saudáveis”, isto é, em plenas condições de operação;
e) Atenção com altitude elipsoidal x altitude ortométrica;
f) Condições locais.

Com relação às altitudes obtidas pelo GPS, alguns pontos devem estar claros, pois as altitudes no
sistema GPS são referenciadas a um elipsóide (modelo matemático adotado para forma da terra - WGS 84),
enquanto as altitudes geodésicas são referidas ao geóide (nível médio dos mares).
Assim, a altitude GPS (elipsoidal) deve sofrer uma transformação do elipsóide para o geóide. De-
pendendo da aplicação, pode-se usar de mapas geoidais, como o publicado pelo IBGE para o Brasil. No cap.
3, item 3.6.3, discutiu-se a possibilidade de nivelamento pelo sistema GPS.

Quanto ao local recomenda-se:


a) Boas condições de acesso;
b) Inexistência de obstáculos acima de 20o;
c) Evitar proximidades de redes de alta tensão;
d) Evitar proximidades de objetos que possam refletir as ondas (multicaminhos).

5 - Transformação de Referenciais Geodésicos

O sistema geodésico adotado como referência, tanto


das efemérides transmitidas quanto das precisas, é o World Ge-
odetic System 1984 (WGS 84). Isto acarreta a transformação
WGS-84
dos resultados para o sistema SAD-69 (South American Datum) SAD-69
adotado no Brasil. Estes parâmetros são fornecidos pelo IBGE
através de sua publicação “Especificações e Normas Gerais pa-
ra Levantamentos GPS”.

167
Capítulo 5 - Sistema de Posicionamento por Satélites - Aspectos Básicos

Como dito no item anterior, deve-se ressaltar que GPS fornece resultados de altitude elipsoidal
(WGS 84). Para algumas aplicações, torna obrigatório o emprego do Mapa Geoidal do Brasil, para a obten-
ção das altitudes referidas ao geóide e ao datum Imbituba-S.C.

6 - Instrumento Receptor

Do ponto de vista da precisão é importante o receptor ser capaz de medir a fase da portadora; de
preferência nas duas freqüências (L1 e L2). Outro fator importante é o número de satélites que podem ser
rastreados simultaneamente (Figura 5.7). Na tabela (Tabela 5.3) se pode observar alguns modelos encontra-
dos no mercado de receptores GPS, com sua precisão e preço (dados de 1998).

Figura 5.7: Alguns modelos de receptores GPS.

7 - Precisão e Classificação dos Levantamentos GPS

A precisão no levantamento está relacionada com os seguintes fatores: método de levantamento,


geometria dos satélites, tipo (número de máximo de satélites, sinais rastreados) e quantidade de receptores
(Tabela 5.4).

# Com um único receptor, obtêm-se coordenadas com precisão entre 20 a 30 m (modo absoluto).
# Dois aparelhos e método diferencial - alguns centímetros.
# Ocupando vários pontos conhecidos e a determinar - pode atingir de 1 a 2 cm.

Tabela 5.3: Mercado de receptores GPS – Referência ano 2000


168
No Máximo Sinais Peso Preço
Aplicação Fabricante Modelo Precisão
de Satélites rastreados (Kg) (R$)
Lev. Expedito Trimble Ensign 8 0,4 1.302
L1 C/A
Navegação Garmin GPS-45 8 100 m 0,3 1.200
Código
Autônomo Magelan Traiblazer 12 0,4 1.300
Lev. Topográfico Geoexplorer 8 2 a 5m < 1m 0,4 55.580
Trimble L1 C/A
Navegação Pathfinder Pro-XL 8/12 < 1m < 0,5m 1,8 16.740
Diferencial Garmin GPS-45 8 Código 5 a 10m 0,3 1.200
4000 RS 37.200
Trimble 9 < 1m 2,7
Navegação 4000 DS L1 C/A 29.760
Diferencial de Garmin SRVY II 8 Código < 5m 0,7 6.500
Precisão Magelan Fild Pro-V e Portadora <5 m 0,4 3.000
5
Pro Mark V < 1m 0,85 12.000
Geodésico 4000 SE
Trimble 8 L1 C/A 2 ppm 2,7 18.600
Estático Land Surveyor
Código
Bases Curtas Ashtech Dimension 12 1 a 2 ppm 2,7 15.000
e Portadora
Cinemático Topcon GP-R1 12 1 a 2 ppm 3,8 22.000
Geodésico 4000 SSE L1 C/A
Trimble 9 1 ppm 3,1 37.200
Estático Land Surveyor Código
Bases Longas Ashtech MDX II 12 e Portadora 1 a 2 ppm 6,0 25.000
Cinemático Topcon GP-R1D 12 L2Squaring 1 a 2 ppm 4,0 30.000
Geodésico 4000 SSE L1 C/A
Trimble 9 1 ppm 3,1 44.640
Estático Geodetic Surveyor Código
Cinemático Ashtech Z-12 12 e Portadora 1 ppm 6,0 45.000
Rápido Estático Topcon GP-R1DY 12 L2, P ou Y 1 ppm 4,2 40.000
Geodésico 4000 SSE L1 C/A
Trimble 9 Código 1 ppm 3,1 46.500
Dinâmico Site Surveyor
(on-the-fly) e Portadora
Ashtech Z-12 12 L2, P ou Y 10 cm 6,0 45.000

Tabela 5.4: Técnicas de Posicionamento com o sistema GPS x Precisão – Referência ano 2000.
Técnica Aplicações Observação Precisão Precisão
(sem S.A.) (com S.A)
Navegação Código C/A (Pseudo-distância) 30 m 120 m
Ponto isolado
Reconhecimento Código P (Pseudo-distância) 20 m 120 m
Navegação Código C/A (Pseudo-distância) 1 a 10 m 1 a 10 m
DGPS
Engenharia Código P (Pseudo-distância) N.D. N.D.
Topografia Código C/A (Pseudo-distância) 20 m N.D.
Ponto Isolado acumulado
Engenharia Código P (Pseudo-distância) 3m N.D.
Diferencial com código Topografia Código C/A (Pseudo-distância) 3a5m 3a5m
acumulado Engenharia Código P (Pseudo-distância) 1m 1m
Geodésia Portadora L1 2 ppm 2 ppm
Interferometria
(bases curtas)
(Estático)
Geodésia Portadoras L1 e L2 1 ppm 1 ppm
Interferometria Geodésia Portadora L1 2 ppm 2 ppm
(Cinemático) (bases curtas) Portadoras L1 e L2 1 ppm 1 ppm
Interferometria Portadora L1 2 ppm 2 ppm
Geodésia
(Pseudo-cinemático) Portadoras L1 e L2 1 ppm 1 ppm
Estático-rápido e solução Portadoras e código P em L1 e L2 (sem S.A.);
de ambigüidades em tempo Geodésia Portadoras, código C/A em L1 e correlação cru- 1 ppm 1 ppm
real. zada do código P (com S.A)
Geodésia
Relaxação Orbital Portadoras L1 e L2 0,1 ppm 0,1 ppm
(fins científicos)
Integração Orbital Geodinâmica Portadoras L1 e L2 0,01 ppm 0,01 ppm

Com relação à classificação destes levantamentos, segundo o IBGE (Especificações e Normas Ge-
rais - 1993), pode-se identificar três categorias de levantamentos GPS:
169
Capítulo 5 - Sistema de Posicionamento por Satélites - Aspectos Básicos

a) Geodinâmico Global e Regional - Essencialmente científico (0,01 ppm);


b) Sistemas Geodésicos Nacionais - implantação de redes primárias (0,1 ppm). Pode-se citar os tra-
balhos ligados ao controle e monitoramento das estações da RBMC (Rede Brasileira de Monitoramento Con-
tínuo);
c) Sistemas Geodésicos Nacionais - implantação de redes secundárias (1 ppm). Densificação do
SGB (Sistema Geodésico Brasileiro).

8 - Aplicações do Sistema GPS

Entre as várias aplicações, pode-se citar:


a) Levantamentos Geodésicos Locais - Trata-se da utilização do sistema em medições geodésicas
de curta distância (topografia, cadastro, batimetria).
b) Aplicações terrestres (monitoramento de deformações, controle de redes, geodinâmica, etc.);
c) Transporte e comunicação (navegação, monitoramento de frotas, etc.);
d) Aplicações marítimas (ancoradouros, gravimetria, levantamento hidrográfico, etc.);
e) A bordo de aeronaves (fotogrametria, gradiometria e gravimetria, etc.);
f) Aplicações espaciais (imageamento, radar altimétrico, etc.);
g) Aplicações de lazer (montanhismo, iatismo, etc.).

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Observações e anotações - Cap. 5
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Capítulo 5 - Sistema de Posicionamento por Satélites - Aspectos Básicos

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1 - Definições e Generalidades

A fotogrametria tem por finalidade a determinação da forma e dimensões de objetos por meio de
medidas obtidas em fotografias aéreas ou terrestres. Sua utilização tem inúmeras aplicações, podendo citar o
auxílio a projetos de estradas, cadastro urbano e rural, dimensionamento de bacias hidrográficas, projetos ur-
banísticos, localização e dimensionamento de jazidas, reconhecimento de áreas de risco, reflorestamentos,
etc.
A grande vantagem no processo fotogramétrico é sua rapidez no levantamento, podendo recobrir
uma extensa área a ser mapeada. Para estudo da fotogrametria, esta pode ser dividida em fotogrametria ter-
restre, quando as fotos são tiradas de câmaras estacionadas em pontos do terreno; e fotogrametria aérea ou
aerofotogrametria, se as fotografias forem tomadas de pontos de vista no espaço.
Abaixo são citadas algumas escalas mais comumente adotadas nas fotografias aéreas, relativo a
seus objetivos:
# 1/500 - Projetos de irrigação;
# 1/1.000 a 1/2.000 - Cadastro urbano e rural,
urbanismo, projetos de estradas;
# 1/5.000 - Estudo de bacias para aproveita-
mento hidrelétrico, projeto de estradas;
# 1/10.000 a 1/25.000 - Análise e interpreta-
ção geológica;
# > 1/100.000 - Fotointerpretação florestal.
Com relação à fotografia aérea, estas
devem ser verticais (eixo da câmara vertical),
porém ocorrem de ser inclinadas (eixo inclina-
do), devido ao movimento da aeronave. Admi- Figura 6.1: Escala da fotografia aérea.

173
Capítulo 6 - Fotogrametria - Aspectos Básicos

tindo um plano horizontal na chapa, seja “l” o lado da foto, “L” o lado do terreno, “H” a altura média de vôo
e “f” a distância focal da câmara, tem-se (Figura 6.1):

E foto = = =
1 f l
Mf H L

Porém na prática, é impossível ocorrer uma única escala, e sim uma diversidade de escalas pois:
# O relevo do terreno não é constante, ou seja, ocorrem altitudes diferentes nos vários pontos le-
vantados;
# Em condições de vôo é impossível a tomada de fotos perfeitamente verticais;
# O altímetro não avalia com precisão as altitudes;
# A fotografia aérea possui uma projeção cônica.

2 - Câmaras Aéreas

Com relação às câmaras aéreas e terrestres, algumas características são importantes como:
a) Objetiva de alto rendimento, quanto ao
seu poder de separação, ausência de dis-
torção e iluminação uniforme da imagem;
b) Obturador com tempo de exposição de
alta velocidade, para eliminação do arras-
tamento da imagem;
c) Dispositivo de sustentação (correções,
vibrações);
d) Dispositivo de orientação da câmara;
e) Relógio contador de fotografias, com
indicação do número da objetiva e da dis-
tância focal da câmara;
f) Possuir altímetro de boa precisão. Figura 6.2: Câmaras terrestre e aérea.

Em função de sua distância angular (ângulo de abertura), as câmaras áreas podem possuir ângulo
estreito, ângulo normal, ângulo intermediário, grande angular e supergrande angular, variando conseqüente-
mente sua distância focal.

2.1 - Câmaras Aéreas Digitais


174
Segundo TOMMASELLI, 1997, a tecnologia de imageamento digital com câmaras digitais, tem si-
do empregada em aplicações de Visão de Máquina, Fotogrametria à Curta Distância e em algumas aplicações
aéreas. No Sensoriamento Remoto, o imageamento eletrônico vem sendo usado desde seus primórdios em
sensores orbitais, gerando produtos multiespectrais. A maioria das aplicações atuais de Fotogrametria, tanto
em mapeamento quanto em curta distância, são digitais, no sentido de que a informação é toda ela tratada
numericamente. Entretanto, a captura das imagens em Aerofotogrametria continua sendo feita com filmes e
depois digitalizada em scanners fotogramétricos. Isto ocorre porque os sensores digitais recentemente dispo-
nibilizados, que equivalem em resolução à uma câmara fotogramétrica, ainda apresentam custo muito alto.
Além disto, a massa de dados a ser armazenada em tempo real é muito grande e o seu gerenciamento é bas-
tante complexo.
Apesar destes problemas as vantagens das câmaras digitais justificam a substituição gradativa das
câmaras convencionais:
# É possível reaproveitar a mídia de gravação inúmeras vezes e as imagens podem ser melhoradas já durante
o vôo;
# Não é necessário digitalizar a fotografia em scanner;

Exemplo 1: Sobrevoando uma região com altura média de 1.000 m, tomando fotos com dimensões
de 23 cm x 23 cm, uma câmara supergrande angular de distância focal igual a 85 mm, recobre uma área de
7,32 Km2. Calcule a escala da foto e confirme a área levantada.
Solução:
a) Escala da foto

E foto = ∴ ≈
f 0,085 1
H 1000
. 12.000

b) Área levantada

= ∴ = ∴ L = 2.705,88m 2
f l 0,085m 0,23m
H L1.000m L
Área = L2 ≅ 7,32km 2

Exemplo 2: Considerando o exemplo anterior, com uma câmara de ângulo normal com 210 mm
de distância focal, percebe-se que recobre 1,20 Km2. Calcule a escala da foto e confirme a área levantada.

Solução:
a) Escala da foto

175
Capítulo 6 - Fotogrametria - Aspectos Básicos

E foto = ∴ ≈
f 0,210 1
H 1000
. 5.000

b) Área levantada

= ∴ = ∴ L = 1.095,24 m 2
f l 0,210 m 0,23 m
H L 1.000 m L
Área = L2 ≅ 1,20 km 2

Dos exemplos 1 e 2, pode-se concluir que o aumento da distância focal implica em um aumento
da escala (para mesma altura e tamanho da foto), porém a área fotografada será menor na foto do exemplo 2,
com mais detalhes do terreno (Figura 6.3).
Logo, pode-se relacionar alguns ângulos de abertura com suas escalas:
# Câmaras normais - grandes escalas;
# Câmaras grande-angular - médias e pequenas escalas;
# Câmaras supergrande angular - pequenas escalas.
Uma restrição à câmara grande-angular seria a obstrução de elementos atrás de árvores, edifícios,
etc. (distorções provocadas pela projeção cônica).

Figura 6.3: Relação entre distância focal e escala.

3 - Formação do Modelo Estereoscópico

176
Para que o terreno possa ser definido de forma planialtimétrica, é necessário abranger a mesma área
de terreno de dois pontos de vista diferentes. Esta percepção da profundidade ou estereoscopia resulta da vi-
são binocular, apesar de que com apenas um olho pode-se obter informações tridimensionais, como:
a) A visão de objetos que sabemos ter as mesmas dimensões, sob diferentes tamanhos aparentes;
b) A sombra projetada;
c) Efeitos perspectivos;
d) Rápido movimento do olho para observar dois objetos.

Este par de fotografias, em que cada componente é a perspectiva de um mesmo objeto, denomina-
se estereograma. A formação do modelo estereoscópico é proporcionada por instrumentos designados de
restituidores, conduzindo ao desenho da carta planialtimétrica. Estes podem ser de projeção luminosa ou
virtual.

a) Luminosa
Nestes, a projeção das imagens reais é
apoiada sobre um anteparo. Podem utilizar-se de
dois instrumentos:

# Estereoscópios de lentes:
- Vantagens - Baixo custo, portabilidade, simpli-
cidade de manutenção;
- Desvantagens - Dificuldade de anotação nas fo-
tos, devido a proximidade, campo de visão limita-
do.

Figura 6.4: Estereoscópio de espelhos.


# Estereoscópios de espelhos (Figura 6.4):
- Vantagens - Maior separação entre fotos e entre estas e o instrumento;
- Desvantagens - Maior custo, menor facilidade manuseio.

b) Virtual
Utiliza-se de dispositivos óticos, denominados de restituidores universais.

3.1 - Restituição Fotogramétrica

177
Capítulo 6 - Fotogrametria - Aspectos Básicos

A restituição fotogramétrica consiste na transformação da imagem fotográfica (que é uma repre-


sentação em projeção cônica) em um mapa (que é uma representação em projeção ortogonal).
O procedimento é reproduzir um modelo estereoscópico do terreno fotografado, através da interse-
ção de par de raios luminosos que passam pelos centros de perspectiva e pelos pontos homólogos, e projetar
ortogonalmente cada uma dessas interseções sobre um plano de referência onde é reproduzido o mapa. Esta
operação é realizada através de aparelhos restituidores, e podem ser classificados:

a) Quanto ao princípio de funcionamento


# Restituidores Analógicos
São aqueles que trabalham sobre um modelo tridimensional do terreno (modelo de trabalho), re-
constituindo ponto a ponto, a partir da interseção dos raios homólogos.
# Restituidores Analíticos
O modelo de trabalho é totalmente matemático. As operações de orientação, medição e desenho são
completados analiticamente, usando-se um equipamento de processamento eletrônico de dados acoplado à
unidade básica, que é, em última análise um estereocompilador.
# Restituidores Semi-analíticos
Combinam parte das características dos dois anteriores.

b) Quanto à precisão
# De alta precisão ou 1o ordem
Reconstituição precisa em escalas médias e pequenas, na ordem de 0,01mm da escala do fotograma
e a vertical na ordem de 0,015% da altura de vôo.
# Topográficos ou de 2o ordem
Reconstituição precisa em escalas médias e grandes, na ordem de 0,02mm da escala do fotograma e
a vertical na ordem de 0,02% da altura de vôo.
# Aproximados ou de 3o ordem
Reconstituição precisa em escalas médias e grandes, na ordem de 0,03mm da escala do fotograma e
a vertical na ordem de 0,05% da altura de vôo.

c) Quanto à versatilidade
# Universais
Realizam qualquer tipo de operação estereofotogramétrica, inclusive fotos terrestres.

# Simples
Possuem limitações operacionais, como por exemplo, não fazem a aerotriangulação analógica.

178
d) Quanto ao tipo de projeção do modelo de trabalho
# Ótica
Projetam imagens reais dos dois fotogramas sobre um anteparo (mesa traçadora).
# Mecânica
Os fotogramas são observados por um sistema estereoscópico, mas, para efeitos fotogramétricos, a
reconstituição do modelo de trabalho é totalmente realizada por duas hastes metálicas que representam os rai-
os perspectivos.
# Ótico-mecânica
É ótica, no espaço objeto, e mecânica, no espaço imagem.

e) Quanto ao uso de fotogramas


# Restituidores aerofotogramétricos
Trabalham exclusivamente para fotos aé-
reas.
# Restituidores terrestres
Trabalham exclusivamente para fotos ter-
restres.
# Restituidores universais
Trabalham com ambos os tipos de fotogra-
Figura 6.5: Restituidor universal.
mas (Figura 6.5).

f) Quanto à rotação dos projetores


# Centrados
Os movimentos de rotação dos projetores ou porta-placas são feitos em torno do centro de proje-
ção, que permanece fixo.
# Não centrados
As rotações são feitas em torno dos eixos X e Y contidos no plano dos fotogramas, produzindo des-
locamentos do CP.

Numerosos processos vêm sendo elaborados a fim de efetuar ou sustentar a interpretação de fotos
aéreas por meios automáticos, entre eles a restituição digital.
Na restituição digital, a tarefa de aquisição de dados se materializa pela operação do restituidor,
sendo que as coordenadas X, Y e Z, do sistema do aparelho, dos pontos percorridos pela marca estereoscópi-
ca, são enviados ao computador por meio de registrador digital triaxial.

179
Capítulo 6 - Fotogrametria - Aspectos Básicos

Este procedimento teve êxito devido ao desenvolvimento da eletrônica e o barateamento dos com-
putadores, com a inclusão de registradores digitais triaxiais de coordenadas no sistema de medição e locação
dos restituidores, permitindo o registro digital e armazenamento em meio magnético, para posterior tratamen-
to e edição.
Esta é uma das formas mais empregadas na confecção de documentos cartográficos. Este apresenta
as vantagens de exigir quase que exclusivamente a habilidade do operador na tarefa de restituição, além de
permitir o emprego de diversos modos de coleta como curvas de nível, grades regulares, perfis, pontos isola-
dos, etc.

4 - Medição Aproximada de Altura

Na figura abaixo (Figura 6.6) tem-se uma fotografia aérea perfeitamente vertical tomada de um ter-
reno acidentado. Neste terreno estão marcados os pontos P1, P2 e P3.
Seja ainda: f => distância focal; Z => Altura de vôo sobre o plano médio S; h1 e h3 => altura de h1
e h3.

Figura 6.6: Medição aproximada de altura.

De acordo com uma projeção ortogonal, num plano horizontal médio imaginário de referência, pas-
sando por P2, as projeções desses pontos serão P’1, P’2 e P’3, que são seus lugares corretos em um mapa.

180
A projeção central dos pontos P1, P2 e P3 na fotografia resultará em p1, p2 e p3, enquanto deveriam
cair em p’1, p’2 e p’3 para corresponderem aos lugares dos pontos P’1, P’2 e P’3. Pode-se concluir que:
# Pontos que estão no nível mais alto que o plano horizontal de referência, são mudados radial-
mente para fora em relação ao ponto principal;
# Pontos que estão no nível mais baixo que o plano horizontal de referência, são mudados radial-
mente para dentro em relação ao ponto principal.

Esse deslocamento é devido ao relevo do terreno e é inerente à projeção cônica e não pode ser eli-
minada. Esses deslocamentos são responsáveis pela necessária diferença de paralaxe que permite a visão es-
tereoscópica.
Denominando, por exemplo (Figura 6.6), P2P3 de r e P2P3’ de r’, a diferença dr = r - r’ é o desloca-
mento que sofre a imagem do ponto P3 devido ao relevo, através da semelhança de triângulos, pode-se calcu-
lar as alturas de 1 e 3.

ΔOp p ≈ ΔOP P =
f r'
3' 2 3' 2 Z P P
3' 2'

ΔOp p ≈ ΔOP P =
f r
3 2 3 2 Z P P
3 2
dividindo membro a membro, e P3’P2’ = P3P2 tem-se:
Z−h
=
r'
Z r
e

dr = r ⋅ ∴ dr = r '⋅ ∴ h = dr ⋅
h h Z
Z Z−h r
Este valor é aproximado pois não se conhece a altura do plano médio, as fotos não são totalmente
verticais.

Exemplo 3: A imagem do topo da colina está a r = 9 mm do centro da fotografia. Sua altura sobre
o plano médio é h = 600 m, e altura de vôo e Z = 4.000 m. Qual deslocamento da imagem ?
Solução:

dr = r ⋅ = 9⋅ = 1,35mm
h 600
Z 4000

5 - Plano de Vôo Aerofotogramétrico

181
Capítulo 6 - Fotogrametria - Aspectos Básicos

O plano de vôo tem por finalidade orientar a equipe de vôo, dar uniformidade, maior rendimento,
precisão e economia à tarefa de fotografar.
As características que as fotografias devem ter estão relacionadas diretamente à sua aplicação. Lo-
go, de acordo com a escala exigida e com as características dos equipamentos de compilação que se pos-
sua, é possível decidir o equipamento necessário para o levantamento.
Para que uma missão de vôo tenha êxito, devem ser definidos os seguintes dados:
a) Tipo de câmara a ser utilizada;
b) Superposição longitudinal entre fotos sucessivas;
c) Superposição lateral entre as faixas de vôo;
d) Altura de vôo;
e) Número de fotografias por faixa;
f) Número de faixas de vôo;
g) Quantidade de filme necessário;
h) Tempo de exposição de cada fotografia;
i) Intervalo de tempo entre duas exposições;
j) Autonomia da aeronave.
A seguir é comentada sucintamente cada uma destas operações.

a) Tipo de câmara a ser utilizada


Dos tipos de câmara mais usados, pode-se distinguir, as normais, grandes angulares e supergrande
angulares, segundo o campo de abertura de suas objetivas. Assim deve-se avaliar a constante da câmara (f =>
distância focal), dado pelo manual da câmara.

b) Superposição longitudinal entre fotos sucessivas


Geralmente adotado como 60% para efeito de estereoscopia. O comprimento da base é definido pe-
lo recobrimento. Se for 60%, tem-se:

B = 0,40 *
l
E
onde B => Comprimento da base; l => lado da foto em metros; E => escala da foto

c) Superposição lateral entre as faixas de vôo


Geralmente de 30% de recobrimento. O intervalo entre faixas de recobrimento pode ser calculado
pela fórmula:

I=
l
* 0,7
E
onde
I - Intervalo entre faixas; l - lado da foto em metros; E - escala da foto.
182
d) Altura de vôo (de acordo com a escala desejada)
Altura de vôo é a distância do centro ótico da câmara fotogramétrica até o plano, cujo nível coinci-
de com o nível médio do terreno a fotografar. Uma vez definidas a escala e a câmara fotogramétrica, pode-
se calcular a altura de vôo.

E= , ou seja, H =
f f
, onde
H E
E - Escala da fotografia; f - Constante da câmara (distância focal); H - Altura de vôo.

Como o altímetro geralmente fornece a altitude


baseada na pressão atmosférica, ou seja, a altura em rela-
ção ao nível médio dos mares, é preciso somar a altura de
vôo, a altitude média da região a fotografar.
Dependendo da escala e câmara a altura pode ser
elevada, necessitando de equipamento de oxigênio para o
operador (Figura 6.7).
Figura 6.7: Plano de vôo.
e) Número de fotografias por faixa
O número de fotografias por faixa N, pode ser obtido da seguinte forma:

N= +l
Comprimento da faixa
base aérea estereoscó pica
O comprimento da faixa é obtido no projeto de vôo, enquanto que a base aérea é definida pelo re-
cobrimento.
Quando o contorno da área a fotografar é irregular - uma grande ilha - o cálculo do número de fo-
tografias é feito dividindo a área total a recobrir pela área que cobre cada foto, descontando o recobrimento.
Desta maneira não se calcula o número de fotos por faixa, mas o número total de fotos.
Por exemplo, se o recobrimento longitudinal é 60% e o lateral 30%, tem-se:

s = 0,4 * 0,7 L2 ∴ s = 0,28 * L2

O número total de fotografias será:

N=
S
s
onde
S - Área da superfície total a fotografar; s - Área útil da foto; L - Comprimento do lado da foto.
Ao número N de fotografias devem ser acrescidos de 10 a 15 % para perdas.

183
Capítulo 6 - Fotogrametria - Aspectos Básicos

f) Número de faixas de vôo


Para determinar o número de faixas, geralmente executa-se algumas faixas transversais e com estas
confecciona-se as entradas das faixas de recobrimento (30%) e determina-se o número de faixas de recobri-
mento.

g) Quantidade de filme necessário


Conhecido o número de fotografias por faixa e o número de faixas, é fácil calcular o número total
de fotografias.
Para cálculo da quantidade de filme, torna-se necessário conhecer o número de chapas que um rolo
de filmes possui, e calcular o número de rolos necessários.

h) Tempo de exposição de cada fotografia


Existe um tempo máximo da abertura na tomada das fotos, para que as imagens não resultem arras-
tadas, devido à velocidade do avião.
Uma imagem é considerada arrastada quando o arrastamento é maior que o poder de resolução nor-
mal de olho humano, que é de 20 linhas por milímetro, ou seja 1/20 mm.
Sendo “V” a velocidade do avião, “A” a distância que a aeronave percorre enquanto o obturador
permanece aberto durante o tempo de exposição t, tem-se que:

t=
A
V
Ao espaço A corresponde ao arrastamento a da imagem. Então:

A= , ou seja, t =
a a
E V*E
Sendo o arrastamento admissível para uma fotografia ser considerada boa, deve ser menor que
1/20mm ou 0,05mm, pode-se escrever:

t=
0,00005
, onde 0,00005 m é o arrastamento admissível (a).
V*E

Exemplo 4: Dado V = 300 Km/h = 83 m/s e E = 1/25.000, calcule o tempo de exposição.

Solução:

t= ∴ t = 1/66 seg.
0,00005
V*E
O tempo de exposição não poderá ser maior que 1/66 segundos. Os obturadores das câmaras foto-
gráficas admitem algumas velocidades padrão, como 1/60, 1/120, 1/300, 1/500, 1/1000 do segundo.
184
i) Intervalo de tempo entre duas exposições
O intervalo de tempo depende da velocidade do avião em relação ao terreno, da escala da foto, do
tamanho da chapa e do recobrimento longitudinal.
Como o recobrimento longitudinal é geralmente de 60%, o avanço deve ser de 40% do comprimen-
to do lado da área fotografada por uma chapa.
Resulta que a distância que o avião deve percorrer entre duas tomadas de fotos sucessivas é:

B = 0,40 *
l
E
onde:
B - Distância a percorrer; l - lado da fotografia em metros; E - Escala da fotografia.
Desta forma, o tempo que decorre entre duas exposições sucessivas, resultará em:

T=
0,40 * l
V*E
sendo
V - velocidade do avião em metros/segundo.

Exemplo 5: Dado E = 1:25.000, l = 23 cm = 0,23 m e V = 300 Km/h = 83 m/s, calcule o intervalo


de tempo entre exposições.
Solução:

T= ∴ T = 27 seg.
0,40 * l
V*E
Como a velocidade do avião varia em conseqüência da ação dos ventos, existem aparelhos auxilia-
res para regular o recobrimento correto chamados intervalômetros.

j) Autonomia da aeronave.
O avião escolhido depende da altura de vôo que se exige para tomar as fotografias. Quanto maior
for a altura, mais equipado terá que ser. Os bimotores são melhores que os monomotores devido à estabilida-
de. A tripulação mínima é composta por um piloto, um navegador e um fotógrafo.

5.1 - Informações Complementares para Projeto Aerofotogramétrico

Após comentar sobre as atividades para o plano de vôo, o projeto, como um todo, de um levanta-
mento aéreo deve-se ainda preocupar com outros detalhes. Um projeto de levantamento aerofotogramétrico
se faz com o auxílio da melhor carta existente na região.

185
Capítulo 6 - Fotogrametria - Aspectos Básicos

Devem estar locados neste mapa, pontos de controle terrestres, através de suas coordenadas. Estes
pontos devem ser sinalizados, para melhor aparecer nas fotografias. A quantidade desses pontos de controle
pode ser reduzida até 50%, através de planejamento e execução do vôo com faixas transversais ou faixas de
apoio, que são faixas de vôo feitas no sentido transversal ao das faixas de recobrimento.
Ao executar o vôo de recobrimento, o avião deve percorrer a região a fotografar em faixas contí-
guas, num vai e vem sucessivo. O comprimento de uma faixa de vôo não deve ultrapassar 100 Km, pois se
torna difícil controlar a rota e o efeito da curvatura da terra começa a ser considerável. Se possível, as faixas
devem ser orientadas no sentido norte-sul ou leste-oeste (escolher a menor distância), para facilitar o controle
do rumo.
Outra informação importante é o estudo e traçado das rotas para atingir o local de trabalho e para o
retorno e consultar boletins meteorológicos, para que não seja prejudicada a missão.
Ainda, o levantamento deve ser acompanhado por um relatório de vôo, que deve conter:
# Nome dos elementos da equipe de vôo, característica de vôo, localidade, dia, hora, finalidade,
altura de vôo, tempo de exposição, número de horas voadas, número de faixas voadas, número de fotografias
tomadas;
# Equipamentos utilizados, como tipo de aeronave, tipo de câmara (número e distância focal), fil-
tro utilizado, falhas observadas no equipamento;
# Condições do tempo, como temperatura, vento, condições de luz, nuvens, etc.
Com relação ao material da fotografia, esta escolha é função do fim a que se destina, tendo as se-
guintes variações:

a) Variação da escala
Na escolha da escala entram em conta diversos fatores de ordem técnica e econômica. Segundo a
sua aplicação, têm-se dois campos principais:
# Cartografia - Fotografias em escalas pequenas são bastante acuradas para confecção de bons
mapas (até 1:80.000).
# Fotointerpretação - Pequenos detalhes podem ser importantes e o tamanho deste detalhe indicará
a melhor escala.
Para finalidades florestais - 1:10.000 até 1:25.000
Para finalidades geológicas - 1.60.000 até 1:80.000

b) Variação do tipo de filme


Podem ser agrupados da seguinte maneira:
# Filmes preto e branco; # Filmes coloridos;
# Filmes infravermelhos; # Filmes de cores falsas.

186
c) Variação da câmara
Dos tipos de câmara mais usados, pode-se distinguir, as normais, grandes angulares e supergrande
angulares, segundo o campo de abertura de suas objetivas. A escolha depende:
# Do equipamento estereocompilador disponível;
# Da escala em combinação ao tipo de aeronave (pela altura);
# Da finalidade.
Outro ponto importante a ser analisado é o apoio terrestre, ou seja, a determinação de pontos co-
ordenados no terreno para auxiliar o processo de restituição. Este apoio é feito sobre uma planta baseada pelo
foto-índice. Os pontos a serem coletados podem fazer parte de uma rede de triangulação do Sistema Geodé-
sico Brasileiro, ou serem determinados por procedimentos geodésicos (Figura 6.8).

Figura 6.8: Apoio terrestre.

5.2 - Problema de Orientação das Fotos

Para orientação, vamos admitir um sistema de eixos cartesianos triortogonais X, Y e Z com origem
no centro ótico da câmara fotográfica, onde XY definem um plano horizontal e X é paralela a linha de vôo e
Z coincide com a vertical do lugar.
Devido às causas externas (vento e diferença de pressão), a aeronave tende a se desviar da rota e al-
titude previstas, provocando desvios (translações) e rotações da câmara com relação às situações ideais e pre-
vistas. As translações ou deslocamentos em relação ao eixo adotado são bx, by e bz e as rotações W, Y e X,
respectivamente em relação aos eixos X, Y, Z.

a) Deslocamento “bx” da câmara


Quando um vento de proa ou de popa altera a velocidade do avião.
Problema: Interfere no recobrimento aéreo.
Solução: Utilização de intervalômetros.

187
Capítulo 6 - Fotogrametria - Aspectos Básicos

b) Deslocamento “bz” da câmara


Quando o vento ou a diferença de pressão faz com que a nave saia da altura que deveria voar.
Problema: Interfere na altura prevista, acarretando escala diferente da prevista.
Solução: Voar segundo uma linha de pressão constante.

c) Deslocamento “by” e giro capa da câmara


Quando existe um vento lateral, este obriga o avião a se desviar da linha de vôo prevista.
Problema: Resultarão em fotografia com recobrimento defeituoso-escalonado e com giro em torno
do eixo Z, se considerarmos a linha de vôo realmente voada. Ocorrerá ainda defeito no recobrimento lateral
entre as faixas.
Solução: Corrigir a deriva (ângulo formado pela linha de vôo prevista e a linha de vôo realmente
voada).

O giro resultante da câmara, em relação à linha de vôo realmente voada, chama-se capa. Se o fotó-
grafo corrigir a capa, com auxílio de um visor, não haverá capa nem by, porém o recobrimento lateral conti-
nuará sendo prejudicado. Admitindo agora que o piloto manobrou a aeronave de modo que a força resultante
do avião e do vento coincida com a linha de vôo, corrigindo a deriva. Neste caso o fotógrafo deve corrigir e
girar de capa em sentido contrário, pois haverá prejuízo no recobrimento longitudinal e lateral.

d) Giros ômega e fi da câmara - em torno de X e Y


Devido à instabilidade da aeronave, o eixo ótico esta a todo o momento se afastando da vertical do
lugar.
Problema: Fotos inclinadas.
Solução: Corrige esse inconveniente, buscando manter a bolha do nível esférico da câmara “cala-
da”.

6 - Produtos Aerofotogramétricos

Entre os produtos principais da aerofotogrametria, pode-se citar:


a) Foto-índice

188
É o conjunto de fotografias de uma região, constituído pela superposição das fotografias na ordem
em que foram tomadas, e reduzidas fotograficamente. Mostra a qualidade do recobrimento e serve de base
para o projeto do apoio terrestre.
b) Mosaico
É a reunião das fotografias de uma região, na escala em que foram tiradas. Deve-se recortar as fo-
tografias para melhor encaixe. Estes podem ser simples ou controlados. Nos controlados são assinalados nas
fotografias os acidentes naturais e artificiais mais
importantes. Com algumas restrições os mosaicos
podem ser usados como uma planta.
c) Ortofotocartas
Devido às inclinações e ao relevo do ter-
reno, as fotografias mostram deslocamentos radiais
e erros de escala. Esses erros podem ser corrigidos
com auxílio de um retificador, que produz uma pro-
jeção do negativo da fotografia. Uma ortofotocarta é
uma fotografia de um terreno em projeção ortogonal
(Figura 6.9).

d) Mapas e Cartas
Na confecção de cartas e mapas, a aerofo-
togrametria tem seu principal objetivo (Figura 6.10).

Figura 6.9: Ortofotocarta.

Figura 6.10: Construção de cartas e mapas.


6.1 - Aplicações na Fotointer-
pretação

A tarefa da fotointerpretação é identificar as características importantes de áreas e objetos, determi-


nando seu significado, através das imagens representadas nas fotografias aéreas (Figura 6.11).
189
Capítulo 6 - Fotogrametria - Aspectos Básicos

Para realizar a fotointerpretação, algumas considerações básicas devem ser consideradas, como:

a) A leitura da fotografia
Consiste no reconhecimento do detalhe fotográfico bidimensional como limites de vegetação, ruas,
rios, riachos, etc.

b) A análise da fotografia
Os diferentes objetos podem ser classificados segundo fatores como tamanho, tonalidade, textura,
forma, etc. Esta análise deve ser feita sobre o modelo estereoscópico e usualmente conta com instrumentos
auxiliares como planímetro, comparadores de declives, barras de paralaxe e chaves de interpretação.

Figura 6.11: Fotointerpretação urbana. Região em BH, do bairro Floresta, rua Aquiles Lobo.

c) A síntese da fotointerpretação
Avaliação intuitiva e dedutiva da imagem fotográfica é suportada pela acuidade mental e visual.
O processo de síntese da interpretação inclui as seguintes fases:
# Detecção - Relaciona com a acuidade visual;
# Reconhecimento - Relaciona com a perícia e experiência do fotointerpretador;
190
# Classificação - Classificação da interpretação sintetizada, usada para uma finalidade particular,
como o mapa florestal, estradas de rodagem, etc.

191
Capítulo 6 - Fotogrametria - Aspectos Básicos

Observações e anotações - Cap. 6


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192
1 - Generalidades e Definições

Nos capítulos anteriores, observou-se que durante as operações topográficas, faz-se a coleta de vá-
rias grandezas. Como dito anteriormente, medir uma grandeza consiste em comparar esta, com uma definida
como padrão, e analisar quantas vezes é maior ou menor que este padrão. Pode-se citar como exemplo de
padrão, a medida real de 1 metro.
Porém, ao se medir uma grandeza com um número finito de vezes, um dos problemas a ser resolvi-
do é estimar o melhor valor que represente esta medida. Esta resposta é estudada na disciplina Ajustamento
de Observações.
Sendo o tema proposto bastante abrangente, este capítulo busca sintetizar alguns conceitos básicos
e definições para o tratamento estatístico de dados topográficos e exemplificar sua aplicação. Neste contexto,
algumas definições da Estatística são importantes:

a) Erro absoluto verdadeiro


É a diferença, em valor absoluto, entre a medição de uma grandeza e o seu verdadeiro valor.
Porém, na prática não se conhece o valor real ou verdadeiro de uma medida; mas sim o valor mais prová-
vel da grandeza.

b) Valor mais provável de uma grandeza ou média aritmética simples ( x )


É a relação entre a soma dos valores observações pelo número de observações efetuadas, desde que
mereçam a mesma confiança (mesmo operador, mesmo equipamento, mesmas condições ambientais).

∑ xi
n

x = i=1
n

c) Erro absoluto aparente (e)


193
Capítulo 7 - Ajustamento de Observações Topográficas - Aspectos Básicos

É a diferença, em valor absoluto, entre a medição de uma grandeza (xi) e o seu valor mais pro-

vável ( x ). Será denominado daqui para frente de apenas erro absoluto da observação “i” (ei).

e = xi − x
i

d) Resíduo ou desvio ou erro (v)


Designação para o conceito anterior, quando considera o sinal da diferença entre as medidas.
v = xi − x
i

e) Discrepância
É a diferença entre os valores de duas medidas de uma mesma grandeza, obtidas por dois operado-
res diferentes ou em situações diferentes. Ás vezes esta é incorretamente chamada de erro aparente.

f) Erro relativo (er)

É a relação entre o erro absoluto (e) e o valor mais provável da grandeza ( x ). Este erro é mais im-
portante que o erro absoluto, na avaliação da qualidade da medida.

er =
e
x

g) Erro absoluto médio (em ou e )


É a média aritmética dos erros absolutos cometidos em certo número de medidas n. Não é necessá-
rio considerar o sinal.

∑ ei
n

e m = i=1
n

h) Resíduo ou desvio médio (vm ou v )


É a média aritmética dos resíduos cometidos em certo número de medidas n. Deve-se considerar o
sinal.

∑ vi
n

v m = i=1
n

i) Erro médio quadrático ou desvio-padrão (σ)

194
( )2
É a raiz quadrada dos quadrados dos resíduos dividida pelos n - 1 termos.

∑v ∑ xi − x
σ=± =±
2

n −1 n −1
Se considerar o valor σ2, este será denominado de variância de uma observação isolada.
Pode-se ainda exprimir também o desvio padrão, através de propriedades matemáticas, pela seguin-

(∑ xi )
te relação:

∑ xi
2 2
σ= −
n −1 n ⋅ ( n − 1)

j) Erro médio quadrático da média ou desvio padrão da média ( m x )

σ
mx =
n

k) Erro tolerável (et)


Considera-se normalmente como sendo o triplo do erro médio quadrático.

et = 3 . σ

Na prática, medidas cujos resíduos são maiores que o erro tolerável devem ser abandonadas.
Nas operações topográficas, seja de campo ou de escritório, várias são as formas para definição da
tolerância dos trabalhos executados. Entre as definições das tolerâncias, estas podem estar baseadas em pro-
cessos empíricos ou matemáticos e estatísticos.
Para normatizar os trabalhos de Topografia, sugerem-se a aplicação das expressões publicadas nas
normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) - NBR 13.133 - Execução de levantamento
topográfico.

2 - Conceitos e Classificação dos Erros de Observação

A seguir são discutidos alguns termos muito utilizados, às vezes incorretamente, para tratarmos as
informações topográficas, e a classificação dos erros das observações.

2.1 - Conceitos Iniciais

195
Capítulo 7 - Ajustamento de Observações Topográficas - Aspectos Básicos

a) Precisão
É a tolerância do erro de medição para determinado medidor. Portanto, se o erro tolerável for aten-
dido, as medidas serão consideradas precisas.
b) Precisão absoluta
É expressa pela percentagem de toda a faixa da escala de medidas. Seja, por exemplo, um distanci-
ômetro eletrônico que mede distâncias de 1 m a 3.000 m, com precisão de ± 0,2%. Isto significa que a tole-
rância de erro é de ± 0,600 m, em qualquer medida.
c) Precisão relativa
É expressa pela percentagem do valor instantâneo da escala de medidas. Seja o exemplo anterior,
com precisão de ± 0,2% do valor instantâneo. Isto significa que quando o medidor eletrônico indicar uma
distância de 400 m, a tolerância de erro será de 0,080 m. A precisão relativa de ± 0,2% em valor instantâneo
é, obviamente, melhor que a precisão absoluta de ± 0,2% em precisão absoluta.
d) Exatidão ou acurácia
É aquilo que está de acordo com uma referência tomada como padrão, ou seja, uma referência ver-
dadeira. Uma medida precisa não significa que seja exata. Pode-se dizer que um grupo de medidas mostra
precisão se os resultados concordam entre si. A concordância não é, contudo, uma garantia de exatidão,
uma vez que pode haver perturbação sistemática, acarretando erro em todos os valores.
Supondo, por exemplo, que um levantador esteja comparando dois diastímetros (A e B) com um
padrão (C). As medidas feitas com o diastímetro A concordam entre si, mas não concordam com as medidas
feitas pelo diastímetro C. Já as medidas feitas pelo diastímetro B, além de concordarem entre si, concordam
também com o diastímetro C. Isto significa que o diastímetro A é preciso, mas não exato ou acurado; e o
diastímetro B é preciso e exato, devendo ser o escolhido para medidas. O diastímetro A deve ser retificado
ou determinar um fator de correção para suas medidas.

Figura 7.1: Acurácia x Precisão.


Nos desenhos acima: 1o - Nem preciso, nem acurado; 2o – Apenas preci-
so; 3o - Preciso e Acurado.

2.2 - Classificação dos Erros de Observação

196
Como já notado, as determinações de valores numéricos e gráficos jamais terão uma exatidão abso-
luta, pois se for repetida várias vezes a mesma medida de uma determinada grandeza, constata-se que os re-
sultados obtidos nunca serão idênticos, por maior que seja o cuidado utilizado.
Isto leva a analisar que as principais fontes de erros nos trabalhos de medição estão em razão:
a) Da falibilidade humana;
b) Da imperfeição do equipamento;
c) Da influência das condições ambientais.
Conforme as causas dos erros cometidos na topografia, estes são classificados como:

a) Erros grosseiros ou enganos


Ocorrem devido à falta de cuidado ou imperícia do operador. Como exemplos de erros grosseiros
pode-se citar:
# Erro de leitura (ex.: troca de dígitos - ler na mira 1,378, em vez de 1,738);
# Erro de cálculo (ex.: não transformar o ângulo zenital em vertical);
# Anotação errada (ex.: omissão de trenadas, na medição de distâncias);
Uma observação no qual contenha erro grosseiro deve ser rejeitada, pois não está sujeita a trata-
mentos matemáticos. Para evitar a ocorrência de erros grosseiros, deve-se fazer repetições cuidadosas nas
medidas.

b) Erros sistemáticos
Estes erros são produzidos por causas conhecidas, e podem ser evitados através de técnicas especi-
ais de observação ou eliminados a posteriori mediante fórmulas fornecidas pela teoria. São erros acumulati-
vos.
Caracterizam-se por ocorrerem sempre em um mesmo sentido e conservam, em medições sucessi-
vas, o mesmo valor. São três os tipos de erros sistemáticos (e alguns exemplos):

1 - Erros sistemáticos introduzidos pelo operador


# Numa observação astronômica, o operador efetuar cronometragem sempre um pouco antes (ou
sempre um pouco depois) da estrela cruzar o fio do retículo;
# Erros cometidos pela deficiência de visão (ex.: nivelador que sempre observa um pouco abaixo
(ou acima) do valor do fio médio na mira).

2 - Erros sistemáticos introduzidos pelo instrumento (aparelho não retificado)


# Erro de excentricidade do instrumento;

197
Capítulo 7 - Ajustamento de Observações Topográficas - Aspectos Básicos

# Erro nas divisões da escala (ex.: gravação das divisões do vernier, trena maior (ou menor) que o
padrão).

3 - Erros sistemáticos introduzidos pelo método


# A medida eletrônica de uma distância deve ser depurada do efeito de refração;
# A distância zenital de uma estrela deve ser corrigida da aberração diurna.
Todos este erros sistemáticos citados acima, sendo considerados de influências sobre as observa-
ções, podem e devem ser corrigidos, através de procedimentos de campo, da retificação dos equipamentos ou
pela concepção de modelos matemáticos. Pode-se exemplificar como correção:
a) Utilizando procedimentos de campo: A colocação do nível a distâncias iguais das miras; medidas
angulares por reiteração.
b) Retificando equipamentos - Determinado fatores de correção para as trenas, planímetros, etc.
c) Modelos matemáticos: Modelos para influência da troposfera e ionosfera nas medidas GPS, mo-
delo para influências da pressão e temperatura sobre as medidas à trena, etc.

c) Erros acidentais ou aleatórios


Ocorrem ora num ora noutro sentido e que não podem ser vinculados a nenhuma causa conhecida.
Alguns o consideram estar relacionados a um número relativamente grande de pequenas variações do ambi-
ente, da imperfeição dos sentidos humanos e dos instrumentos empregados.
Estes erros apresentam uma distribuição normal, e tendem a se neutralizar quando o número de ob-
servações cresce. Como as influências sobre as observações são aleatórias, não se admite outro tratamento
senão o baseado na “teoria da probabilidade”.

2.2.1 - Estudos Experimentais dos Erros Acidentais

Se efetuar uma medida por um número grande de vezes, os erros acidentais produzidos gozam das
seguintes propriedades:
# O número de resíduos positivo corresponde ao número aproximadamente igual de resíduos ne-
gativos;
# Os resíduos pequenos são mais numerosos, ou seja, tem mais freqüência, sendo o resíduo nulo o
mais provável.
Para exemplificar o estudo dos erros acidentais, seja o clássico trabalho de Bradley, no início do
século XVII (Gemael, 1994). Sua experiência era obter a posição do ponto vernal através de 462 determina-
ções da ascensão reta do sol. Assim foram medidos 462 ângulos, determinado a média (valor mais provável)

198
destas observações, e calculados os resíduos das observações em relação à média. Na tabela 7.1, são regis-
trados:
a) Na primeira coluna tem-se o limite do intervalo dos resíduos considerado (a unidade aqui utilizada é o se-
gundo);
b) Na segunda coluna tem-se a freqüência dos resíduos (fi), para cada classe de intervalo;
c) As demais colunas (3o e 4o) são auxiliares para o cálculo da freqüência teórica (Fi) (5o coluna).
Observe que existem 230 resíduos positivos e 232 resíduos negativos e a simetria e o predomínio
de valores em torno da média dos desvios (≈ zero), sugerem a distribuição normal de Gauss, visualizada pelo
polígono de freqüência da figura 7.2.
Para comprovar esta afirmação acima, foi calculada também a freqüência teórica (Fi), utilizando o
conceito da área sob a curva normal reduzida.

Tabela 7.1: Experimento de Bradley.


Limite do intervalo fi fi . v i * fi . v i 2 Fi
0,9” 1,0” 3 2,85 2,7075 2,3
0,8” 0,9” 5 4,25 3,6125 4,1
0,7” 0,8” 7 5,25 3,9375 7,1
0,6” 0,7” 13 8,45 5,4925 11,4
0,5” 0,6” 18 9,90 5,4450 17,0
0,4” 0,5” 25 11,25 5,0625 24,9
0,3” 0,4” 29 10,15 3,5525 31,7
0,2” 0,3” 39 9,75 2,4375 38,7
0,1” 0,2” 44 6,60 0,9900 44,3
0,0” 0,1” 47 2,35 0,1175 47,4
-0,1” 0,0” 47 -2,35 0,1175 47,4
-0,2” -0,1 44 -6,60 0,9900 44,3
-0,3” -0,2” 39 -9,75 2,4375 38,7
-0,4” -0,3” 29 -10,15 3,5525 31,7
-0,5” -0,4” 26 -11,70 5,2650 24,9
-0,6” -0,5” 18 -9,90 5,4450 17,0
-0,7” -0,6” 13 -8,45 5,4925 11,4
-0,8” -0,7” 7 -5,25 3,9375 7,1
-0,9” -0,8” 5 -4,25 2,6125 4,1
-1,0” -0,9” 4 -3,80 3,6100 2,3
Soma 462 -1,40” 67,8150
* Sendo vi o ponto médio de cada intervalo.

O cálculo da freqüência teórica (Fi), utilizando o conceito da área sob a curva normal reduzida,
pode ser assim resumido:

Solução:

a) Cálculo da média dos resíduos


199
Capítulo 7 - Ajustamento de Observações Topográficas - Aspectos Básicos

∑ f vi
n
− 1,40"
v = i=1 = = − 0,003'' ≈ 0
i
n 462
b) Cálculo do erro médio quadrático ou desvio padrão dos resíduos

∑f ⋅v
2
σ=± =± = 0,1471 = ± 0,3835''
67,8150
n −1
i i
461
c) Cálculo da freqüência teórica (Fi)
Inicialmente é necessário calcular a variável reduzida (zi), para cada limite do intervalo, argumento
para obtenção das “áreas sob a curva normal reduzida 1 ”.
v'− v
z=
σ
onde:
# v’ são os limites dos intervalos;
# v é a média dos resíduos;
# σ é o desvio padrão dos resíduos

v'− v 0,9 − ( −0,003)


1 - Calculo de z1 e z2 (ex.: limites 0,9 e 1,0 (primeiro intervalo))

z = = = + 2,3546 ≅ + 2,35
σ
v'− v 1,09 − ( −0,003)
1 0,3835

z = = = + 2,6154 ≅ + 2,62
2 σ 0,3835

2 - Valores da tabela das “áreas sob a curva normal reduzida”


Para z1 = +2,35 → area = 0,99061

Para z2 = +2,62 → area = 0,99560

3 - Cálculo da freqüência teórica


Esta será dada pela diferença entre as áreas, multiplicado por n:
Fi = (área1 - área2) . n = (0,99061 - 0,99560) . 462 ≅ 2,3

1
Esta tabela das “áreas sob a curva normal reduzida” é encontrada em qualquer publicação de fundamentos
de Estatística. Será apresentado apenas o resultado obtido, relativo ao exemplo dado.
200
50

45

40

35

30
fi
25
Freq. Teorica
20

15

10

0
0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 -0,1 -0,2 -0,3 -0,4 -0,5 -0,6 -0,7 -0,8 -0,9 -1,0
1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 -0,1 -0,2 -0,3 -0,4 -0,5 -0,6 -0,7 -0,8 -0,9

Figura 7.2: Relação entre a freqüência observada e freqüência teórica.

Observe (Figura 7.2), que a curva que representa a lei de Gauss (distribuição normal) tem a forma
de um sino e goza das seguintes propriedades:
# É simétrica em relação ao eixo do Y, isto é, os desvios positivos e negativos de mesmo valor ab-
soluto têm igual probabilidade;
# As observações correspondentes aos desvios pequenos são os maiores;
# A curva tem por assíntota o eixo x, isto é, o desvio ∞ tem probabilidade nula;
# A curva apresenta dois pontos de inflexão, correspondentes a ± 1.σ
# A área total limitada pela curva, isto é, a probabilidade de se cometer simultaneamente todos os
desvios é, portanto, igual a 100%.

3 - Aplicações Estatísticas

O tratamento estatístico dos dados torna-se importante quando queremos obter confiança no serviço
executado. Neste item, têm-se alguns exemplos, aplicados à topografia, contemplando os conceitos vistos no
item 1 e 2. A inclusão do conceito de peso nas observações, ou seja, da possibilidade de ponderar os dados
com níveis de confiança distintos também será proposto nestes exemplos.

201
Capítulo 7 - Ajustamento de Observações Topográficas - Aspectos Básicos

3.1 - Exemplo 1

Supondo-se que tenha medido 10 vezes um alinhamento para definir uma base geodésica, e obtidos
os resultados constantes na tabela 7.2. Estes valores foram obtidos pelo distanciômetro eletrônico da Leica
TC 600, com alcance 1,5 km (em condições normais), de precisão nominal de 3 mm + 3 ppm. Pede-se:
a) A maior discrepância entre duas medidas;
b) O valor mais provável desta medida;
c) O erro absoluto médio;
d) O desvio médio;
e) O desvio padrão das observações;
f) O desvio padrão da média;
g) O erro de tolerância;
h) O erro relativo médio;
i) A precisão absoluta, considerando uma precisão de ± 0,1%;
j) A precisão relativa, considerando uma precisão de ± 0,1%;
k) A tolerância, considerando a precisão nominal do equipamento (10 mm + 3ppm);
l) A definição se alguns dados devem ser eliminados.

Tabela 7.2: Medidas de uma base geodésica.


Operadores: Equipe 01 Local: B.H. Temperatura: 20o C Pressão: 700 mmHg
Valores obtidos com a estação total - Leica TC 600 para o alinhamento A-B
1.234,305 m 1.234,300 m 1.234,320 m 1.234,332 m 1.234,335 m
1.234,320 m 1.234,340 m 1.234,300 m 1.234,320 m 1.234,305 m

Solução:

a) A maior discrepância entre duas medidas


A maior medida foi 1.234,340 m
A menor medida foi 1.234,300 m
Logo a maior discrepância é dada por: disc = (1.234,340 - 1.234,300) = 0,040 m = 4 cm

b) O valor mais provável desta medida (Tabela 7.3)

∑ xi
n
1.234,305 + 1.234,300 + ... + 1.234,320 + 1.234,305
x = i =1 = ≅ 1.234,318m
n 10
Obs.: O valor mais provável ( x ) pode ser acompanhado de seu desvio padrão ( m x ), calculado na

alínea f. Logo pode-se dizer que o valor mais provável é 1.234,318 ± 0,005 m.

202
c) O erro absoluto médio (Tabela 7.3)

∑ ei
n
− 0,013 + − 0,018 + ... + − 0,013
e m = i =1 = ≅ 0,012m
n 10

d) O desvio médio (Tabela 7.3)

∑ vi
(− 0,013) + (− 0,018) + ... + (− 0,013) = − 0,003 = 0,0003m ≅ 0m
n

v m = i =1 =
n 10 10

e) O desvio padrão das observações (Tabela 7.3)

∑v
σ=± =± = 0,000219 = ± 0,01478 ≅ ± 0,015 m
2
0,001967
n −1 9

f) O desvio padrão da média


σ
mx = =± = ± 0,00474 ≅ ± 0,005 m
0,015
n 10

Tabela 7.3: Resumo dos cálculos I.


Valores Média Desvio (vi) vi2
1.234,305 m - 0,013 m 0,000169
1.234,300 m - 0,018 m 0,000324
1.234,320 m + 0,002 m 0,000004
1.234,332 m + 0,014 m 0,000196
1.234,335 m + 0,017 m 0,000289
1.234,318 m
1.234,320 m + 0,002 m 0,000004
1.234,340 m + 0,022 m 0,000484
1.234,300 m - 0,018 m 0,000324
1.234,320 m + 0,002 m 0,000004
1.234,305 m - 0,013 m 0,000169
Soma - 0,003 m 0,001967

g) O erro de tolerância
Neste exemplo vamos defini-lo como:
et = 3 . σ = 3 . ± 0,015 = ± 0,045 m

h) O erro relativo médio


O erro relativo de uma observação é dado pela divisão do erro absoluto pelo valor médio (Item 1,
alínea e). O erro relativo médio é a relação entre o erro absoluto médio e o valor médio das observações.
203
Capítulo 7 - Ajustamento de Observações Topográficas - Aspectos Básicos

er = m = = 0,000010 ∴ ≈
e 0,012 1
x . ,318
1234 100.000
ou seja, possui uma precisão de 1 m em 100 km (muito bom para aplicações de agrimensura).

i) A tolerância para uma precisão absoluta de ± 0,1%


Isto significa que a tolerância de erro é de 1.500 m . 0,0001 = 0,150 m, em qualquer medida.

j) A tolerância para uma precisão relativa de ± 0,1%


A tolerância para a medida da média das observações é de 1.234,318 . 0,0001 = 0,123 m, bem su-
perior ao calculado na alínea g.

k) A tolerância, considerando a precisão nominal do equipamento (10 mm + 3 ppm)


A unidade “ppm” significa “parte por milhão”, ou seja, pode-se errar 3 milímetros em 1 milhão de
milímetros, ou 3 mm em 1 km.
Em nosso exemplo, a tolerância pode ser dada por:
tolerância = 10 mm + 3 . 1,234 = 3 + 3,70 = 13,70 mm ≅ 0,014 m

l) A definição se alguns dados devem ser eliminados


Considerando as tolerâncias definidas nas alíneas g, i e j, todos os desvios calculados (Tabela 7.3)
são menores que o erro tolerável. Neste caso nenhuma medida será eliminada. Sendo a tolerância atendida,
este levantamento pode ser considerado preciso.
Porém, considerando a precisão do equipamento (alínea k), existem alguns resíduos (0,018; 0,017,
0,022) maiores que a tolerância. Desta forma, eliminam-se estas observações (ou repete-as), e faz-se nova-
mente o tratamento estatístico dos dados.

3.2 - Exemplo 2

Às vezes tem-se de determinar o valor mais provável de uma série de observações, que tenha sido
realizadas com diferentes graus de confiança. Para tornar estas observações homogêneas, introduz em cada
observação um fator de proporcionalidade denominado peso.
Sendo a média aritmética simples, o valor mais provável de um conjunto de observações de mesma
confiança ou mesmo peso, neste exemplo tem-se a média aritmética ponderada, onde introduz a influência
dos diferentes pesos, originando também o valor mais provável deste conjunto de observações. As fórmulas a
serem empregadas no exemplo a seguir não foram comentadas anteriormente (Item 1), e serão apresentadas
juntamente com a solução do exercício.
204
Seja a medição de um ângulo horizontal, no qual foi realizado por número diferente de observações
(Tabela 7.4). O instrumento utilizado foi a estação total da Leica TC 600, com precisão nominal angular de
5”.
Pede-se:
a) O valor mais provável desta medida;
b) O desvio padrão das observações;
c) O desvio padrão da média;
d) O erro de tolerância;
e) A tolerância, considerando a precisão nominal do equipamento (5”);
f) A definição se alguns dados que devam ser eliminados.

Tabela 7.4: Medidas do ângulo horizontal.


Operadores: Equipe 01 Local: B.H.
Valores obtidos com a estação total - Leica TC 600 – Ângulo A-B-C
xi xi xi
o o o
35 20’ 34” 35 20’ 29” 35 20’ 30”
35o 20’ 30” 35o 20’ 33” 35o 20’ 34”
o o
35 20’ 32” 35 20’ 30” 35o 20’ 33”
35o 20’ 29” 35o 20’ 35” 35o 20’ 35”
o o
35 20’ 34” 35 20’ 28” 35o 20’ 30”
35o 20’ 33” 35o 20’ 29”
Operador 1 - 5 repetições Operador 2 - 6 repetições Operador 3 - 6 repetições
x = 35o 20’ 31,8” x = 35o 20’ 31,3” x = 35o 20’ 31,8”

Solução:
a) O valor mais provável desta medida (Tabela 7.5)

Para valores de xi, foi adotado a média aritmética simples ( x ) e pi e o peso correspondente ao nú-

( )
mero de repetições.

∑ xi ⋅ p
n
35o 20'31,8' '⋅5+...+35o 20'31,8' '⋅6 600o 48'57,6' '
x p = i =1 = = = 35 o 20'31,6' '
i

∑ p
n 17 17

i =1
i

Obs.: O valor mais provável pode ser acompanhado de seu desvio padrão, calculado na alínea c.
Logo, se pode dizer que o valor mais provável é 35o 20’ 31,6” ± 0,07”

b) O desvio padrão das observações (Tabela 7.5)


Será dado pela seguinte expressão:

205
Capítulo 7 - Ajustamento de Observações Topográficas - Aspectos Básicos

∑p ⋅v
2
σ=± i i ⋅ n = ⋅ = 0,086 = ± 0,29' ' ≅ ± 0,30''
0,98 3
∑ pi n −1 17 2

Os valores de vi’s foram definidos como a diferença entre as médias de cada série de observação e a

média ponderada final (valor mais provável) (vi = x - x p ).

c) O desvio padrão da média (Tabela 7.5)


Será dado pela seguinte expressão:
σ
mx = =± = ± 0,07' '
0,30
∑ pi 17

Tabela 7.5: Resumo dos cálculos II.


Média dos ângulos Peso (P) Média x Peso Desvio - v v2 P x v2
35o 20’ 31,8” 5 176o 42’ 39,0” + 0,2” 0,04” 0,20”
35o 20’ 31,3” 6 212o 03’ 07,8” - 0,3” 0,09” 0,54”
35o 20’ 31,8” 6 212o 03’ 10,8” + 0,2” 0,04” 0,24”
Soma 17 600o 48’ 57,6” 0,98”

d) O erro de tolerância
Neste exemplo vamos defini-lo como:
et = 3 . σ = 3 . ± 0,30” = ± 0,90” ≅ 1,00”

e) A definição se alguns dados devem ser eliminados


Considerando o erro de tolerância calculado na alínea d, os desvios da tabela 7.5 são menores que
este valor, podendo ser considerado todas as observações. Considerando ainda a precisão nominal do equi-
pamento (5”), os resíduos das observações também estão consistentes.

3.3 - Exemplo 3

O exemplo a seguir refere-se a tratamento de observações altimétricas. No transporte de altitudes,


às vezes, o valor da diferença de nível deve ser preciso, relativo à tolerância exigida. Este transporte geral-
mente é executado através do nivelamento geométrico composto (Cap. 3), e dependendo da aplicação, o tre-

206
cho a ser percorrido para o transporte é realizado várias vezes, sendo que normalmente não é o mesmo per-
curso.
Desta forma considera-se que ao percorrer um trecho menor, ocorrerão menos mudanças de planos
de referência, conseqüentemente o resultado desta diferença de nível possui um grau de confiabilidade maior.
Então, pode-se afirmar que os pesos são proporcionais ao inverso dos respectivos comprimentos nivelados.
Porém em se tratando de nivelamento trigonométrico (Cap. 3), considera-se que os pesos são pro-
porcionais ao inverso do quadrado da distância entre os referidos pontos.

# Nivelamento geométrico => pi =


1
; onde L é o comprimento nivelado em km;
L

# Nivelamento trigonométrico => pi =


1
; onde L é o comprimento nivelado em km;
L2

Seja a medida da diferença de nível entre dois pontos A e B, separadas por obstáculos, onde foram
realizados três nivelamentos e seus respectivos contra-nivelamentos. Obtiveram-se então 6 diferenças de ní-
vel, sendo que os trechos percorridos constam da tabela 7.6 (Figura 7.3). O instrumento utilizado foi um ní-
vel automático Leica NA 820, que possui uma precisão nominal de 2,5 mm/km nivelado.

3
B
5
2

Figura 7.3: Nivelamento geométrico.


Pede-se:
a) O valor mais provável desta medida;
b) O desvio padrão das observações;
c) O desvio padrão da média;
d) O erro de tolerância;
207
Capítulo 7 - Ajustamento de Observações Topográficas - Aspectos Básicos

e) O erro de tolerância segundo a fórmula utilizada no Cap. 3;


f) O erro de tolerância segundo a ABNT;
g) O erro de tolerância, segundo a precisão nominal do equipamento (2,5 mm/km);
h) A definição se alguns dados que devam ser eliminados;

Tabela 7.6: Medidas da diferença de nível.


Nivelamento geométrico Operadores: Equipe 01 Local: B.H.
Valores obtidos com o nível automático - Leica NA 820
Alinhamentos Comprimento Diferença de nível Pesos* Peso x constante**
A-1-2-3-B 1.532,340 m + 5,621 m 0,653 65,3
B-3-2-1-A 1.532,340 m - 5,625 m 0,653 65,3
A-4-5-B 1.240,300 m + 5,622 m 0,806 80,6
B-5-4-A 1.240,300 m - 5,624 m 0,806 80,6
A-6-B 993,240 m + 5,624 m 1,007 100,7
B-6-A 993,240 m - 5,625 m 1,007 100,7
* Os pesos foram obtidos pela expressão pi = 1/L; sendo L o comprimento em km.
** Para facilitar os cálculos, pode-se multiplicar os pesos por uma constante sem afetar o resultado final e, neste exemplo, tomou-se
a constante como 100.

Solução:

( )
a) O valor mais provável desta medida (Tabela 7.7)

∑ xi ⋅ p
n
5,6230 ⋅ 65,3 + 5,6230 ⋅ 80,6 + 5,6245 ⋅ 100,7 1.386,7829
x p = i=1 = = = 5,6236 m
i

∑ p
n 246,6 246,6

i =1
i

Tabela 7.7: Resumo dos cálculos III.


Operação do nivelamento Média Desvio
Média Peso Média x Peso v2 Peso x v2
Nível. Contra-nivel. ponderada v
5,621 m 5,625 m 5,6230 65,3 367,1819 - 0,0006 3,6 x 10-7 0,0000235
5,622 m 5,624 m 5,6230 80,6 453,2138 5,6236 m - 0,0006 3,6 x 10-7 0,0000290
5,624 m 5,625 m 5,6245 100,7 566,3872 + 0,0009 8,1 x 10-7 0,0000816
Soma 246,6 1.386,7829 0,0001341

b) O desvio padrão das observações

∑p ⋅v
2
σ=± i i ⋅ n = ⋅ = 0,0000008 = ± 0,0009 m
0,0001341 3
∑ pi n −1 246,6 2

208
c) O desvio padrão da média
σ
mx = =± = ± 0,00006 m ≅ 0 ( zero)
0,0009
∑ pi 246,6

d) O erro de tolerância
et = 3 . σ = 3 . ± 0,0009 m = ± 0,0027 m ≅ 3 mm

e) O erro de tolerância segundo a fórmula utilizada no Cap. 3


No capítulo 3, item 4.4.2 definiu-se uma expressão de tolerância, com os seguintes fatores:

T = c⋅k⋅ L
onde
T - Tolerância do nivelamento; c - Coeficiente de precisão que varia de 1 a 2,5
k - Erro médio admitido por quilômetro: k = 5 mm para nivelamento de precisão de primeira ordem;
k = 10 mm para nivelamento de precisão de segunda ordem;
k = 15 mm para nivelamento de precisão de terceira ordem.
L - Extensão nivelada em km;

Desta forma, considerando c igual a 1, nivelamento de primeira ordem (k = 5 mm) e L médio igual
a 1 km, tem-se: T = c ⋅ k ⋅ L = 1 ⋅ 5 mm ⋅ 1 = 5 mm

f) O erro de tolerância segundo a ABNT


Segundo as normas da ABNT, publicada na “NBR – 13.133 - Execução de levantamento topográfi-

co”, este exemplo encontra-se na classe IN Geom., na qual possui uma tolerância de 12 mm . k , com k em
extensão em km, logo:

T = 12 mm . k = 12 mm . 1 = 12,0 mm

g) O erro de tolerância segundo o IBGE


Segundo as normas do IBGE (Cap. 3, Item 3.6.2, Tabela 3.5), considerando um nivelamento de alta
precisão, o erro padrão aceitável para uma linha após o ajustamento (k = comprimento da linha em km) é:

T = 2 mm k = 2 . 1 = 2,0 mm

209
Capítulo 7 - Ajustamento de Observações Topográficas - Aspectos Básicos

h) O erro de tolerância, segundo a precisão nominal do equipamento (2,5 mm/km)


Pela precisão nominal, observa-se que o erro de tolerância é de 2,5 mm em 1 km medido. Conside-
rando nosso percurso com distância aproximada de 1 km, pode dizer então que a tolerância é 2,5 mm (T =
2,5 mm).

i) A definição se alguns dados que devam ser eliminados


Observe que nas alíneas d, e, f, g e h buscou-se formas e padrões diferentes para definir a tolerância
a ser admitida às observações. Observa-se também que todas estas tolerâncias são superiores aos desvios en-
contrados nas observações, concluindo que estas estão precisas na avaliação da diferença de nível entre os
dois pontos considerados.

210
Observações e anotações - Cap. 7
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211
Capítulo 7 - Ajustamento de Observações Topográficas - Aspectos Básicos

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212
1 - Generalidades e Definições

Locação pode ser definida como a prática topográfica de implantação no terreno, dos pontos que
forneçam informações planimétricas e/ou altimétricas, de modo que se possa executar uma obra de acordo
com um projeto.
As marcações planimétricas são implantadas no terreno em forma de pontos (piquetes, pregos,
marcos), que determinam alinhamentos de eixos ou bordos, vértices, direções ou outras referências para
construção de uma obra.
As marcações altimétricas (cotas, corte ou aterro e outras), podem ser feitas acompanhando-se o
ponto planimétrico, com informações escritas em uma estaca ao lado (Figura 8.1). Pode ser ainda em estacas,
para referências do greide (Figura 8.2), ou em formas de cruzetas para a marcação de aterros (Figura 8.3).

Figura 8.1: Estaca testemunha. Figura 8.2: Referência do greide.

Figura 8.3: Utilização de cruzetas.


213
Capítulo 8 - Locação

A locação tem suas especificidades para cada tipo de projeto ou obra, devendo fazer a melhor mar-
cação visual, para que fique bem definida no campo a representação do projeto. A seguir alguns tipos de ser-
viços que necessitam de marcações diferenciadas:
# Construção de estradas;
# Edificações;
# Locação de terrenos (lotes, fazendas, etc.);
# Terraplenagem de grandes áreas;
# Construções com alinhamento vertical (torres, chaminés, etc.);
# Túneis;
# Montagem industrial;
# Mineração;
# Canalizações.

A seguir serão comentadas algumas especificidades da locação de estradas.

2 – Locação para Construção de Estradas

Na construção de estradas rodoviárias ou ferroviárias, deve-se tratar as etapas de execução em se-


parado. O acompanhamento e controle planialtimétrico será uma constante no decorrer da obra, sempre par-
tindo da locação do eixo para a implantação de outros pontos. Portanto é fácil entender o porque da locação
ser uma constante na obra. O eixo da estrada é exatamente onde os serviços de construção serão executados,
e por onde trafegam e trabalham os equipamentos pesados (moto-scraper, trator, motoniveladora, rolos com-
pactador, etc.) da obra. Em cada etapa da obra ou sempre que necessário, a equipe de topografia deve fazer
novamente a locação do eixo e as marcações adequadas ao serviço a ser executado pelas máquinas.
Pode-se citar algumas etapas caracterizadas na construção de estradas:

# Locação do eixo – planimétrico;


# Marcação da faixa (largura) para o desmatamento – planimétrico;
# Marcação de off-set para terraplenagem – planialtimétrico (Figura 8.4);
# Locação de obras de arte (bueiro, galerias, passa-gados, etc.) – planialtimétrico;
# Locação dos bordos da pista para subleito, sub-base ou base – planialtimétrico;
# Locação dos alinhamentos de trilhos ou revestimentos das estradas – planimétrico;
# Locação para obras complementares (cerca, sarjeta, pinturas de faixas) – planimétrico.

214
Off-set

Eixo
Off-set

d1 d2

d1 ≠ d 2

Figura 8.4: Exemplo da marcação de off-set.

2.1 – Locação das Tangentes e PI´s

Inicia-se a locação para a implantação de uma estrada pela identificação no terreno natural de al-
gum ponto de referência do projeto. A partir de cálculos de distâncias e ângulos, que podem ser deflexões,
azimutes ou rumos, chega-se à estaca inicial, que é o ponto de partida para a locação do eixo.
Com o projeto em mãos inicia-se a marcação dos trechos retos (tangentes), e dos pontos de interse-
ção das tangentes (PI’s) (Figura 8.5):

Figura 8.5: Marcação das tangentes e PI´s.

215
Capítulo 8 - Locação

Determinada as tangentes e os PI’s, referencia-se os pontos de interseção (PI’s) em outros pontos


(amarração) fora do movimento das máquinas na obra. É importante lembrar que os piquetes do eixo sempre
serão perdidos com a movimentação e execução de cada etapa da obra. Com isso os pontos de referência pa-
ra a locação serão os PI’s. Se estes também forem perdidos, a solução será buscar os pontos de amarração pa-
ra a re-locação do eixo da estrada (Figura 8.6).

Figura 8.6: Amarração de um PI por interseção de ângulos.

Para se fazer amarração de um PI, pelo processo de interseção de ângulos, conforme mostra a Figu-
ra 8.6, deve-se escolher dois pontos fora da estrada (A1 e A2) e que estejam protegidos da obra, e ainda que
tenham visão do PI, sendo materializados por piquetes.
Instalando-se o teodolito no ponto A1, zera-se o teodolito na direção do PI, mede-se 90° e marca-se
o alinhamento. Instala-se o equipamento agora em A2, zera-se na direção do PI, mede-se 90°. A interseção
dos dois alinhamentos será o ponto Aux. que também servirá de referência.
Para a locação do PI a partir dos pontos de amarração é só fazer o processo inverso, ou seja:
# Instala-se o teodolito em A1 e zera-se no ponto Aux., marcando-se um alinhamento com o ângu-
lo de 90°;
# Instala-se o teodolito em A2 e zera-se no ponto Aux., marcando-se um alinhamento com o ângu-
lo de 90°;
# A interseção dos dois alinhamentos é o ponto do PI.

Este processo agiliza-se na obra se for feito com dois teodolitos simultaneamente.

Outro processo similar é a amarração por interseção de distâncias indicado na Figura 8.7.

216
Figura 8.7: Amarração de um PI por interseção de distâncias.

Na amarração por distâncias são necessários trena e balizas. Os pontos A1, A2 e um outro ponto de
reserva são escolhidos com o mesmo critério anterior. Notar-se-á neste processo que somente dois pontos se-
riam necessários para se definir um terceiro, porém escolhe-se mais um ponto, para eventuais perdas de A1
ou A2. Depois de implantados os pontos, simplesmente medem-se a distância de cada um ao PI (d1, d2 e dr).
Para a locação do PI a partir dos pontos de amarração é só fazer o processo inverso, ou seja:
# A partir do A1 marca-se com a trena a distância d1, fazendo-se um arco no chão;
# A partir do A2 marca-se com a trena a distância d1, fazendo-se um arco no chão.
# A interseção dos dois arcos é o ponto do PI.
No caso de perda de algum ponto, utiliza-se o ponto reserva com o mesmo procedimento. Este pro-
cesso pode ser feito com duas trenas simultaneamente.

2.2 – Locação das Curvas

Locada as tangentes, faz-se à locação das curvas. A locação das curvas deve seguir os dados de
projeto e ainda ter uma planilha de cálculo complementar para se implantar ponto a ponto o seu eixo. As
curvas podem ser circulares (Figura 8.8) ou com transição em espiral (Figura 8.9).

Figura 8.8: Elementos de uma curva circular simples.


217
Capítulo 8 - Locação

As curvas com transição, ou simplesmente chamadas de “Curvas de Transição”, possuem um tre-


cho em espiral que faz a ligação da tangente com o trecho circular na entrada e saída de curva. O grau de
curvatura da espiral é variável, sendo mais aberto no início da curva, onde concorda com a tangente e mais
fechado no encontro com a circular.

Figura 8.9: Elementos de uma curva de transição.

Locadas e implantadas a curvas na obra, refaz-se o cálculo do estaqueamento, que servirá de refe-
rência para todo o trecho. O estaqueamento deverá seguir as tangentes e acompanhar o alinhamento das cur-
vas, não passando mais pelos PI’s (Figura 8.10).

Figura 8.10: Estaqueamento final de uma estrada.

2.2.1 – Curva Circular Simples

A curva circular simples é usada normalmente para raios maiores que 600 metros, mas pode ser a-
plicada também em raios muito pequeno, como no caso de praças, trevos, estacionamentos, etc. A curva cir-
cular como o nome indica, é um seguimento de uma circunferência.
Na Figura 8.11 têm-se representado alguns elementos da curva circular simples:

218
# Os pontos PC e PT, são pontos de início e término da curva, sendo pontos de tangência, os ali-
nhamentos PC => O e PT => O, são ortogonais às tangentes da estrada.
# O desenvolvimento (D), é o comprimento curvo entre o PC e o PT.
# A distância reta do PC ao PI e do PT ao PI, são iguais e são chamadas tangentes externas (T).
# O ângulo de deflexão (I), é o ângulo de mudança de direção das tangentes.
# AC é o ângulo interno da curva, formado pelas as ortogonais do PC do PT.
# O centro da curva (O) é o ponto que com a distância do raio (R) traça-se a curvatura passando
pelos pontos PC e PT.

Traçando-se uma reta ligando o PI ao centro da curva (O), definimos um eixo de simetria. O raio
(R) e o Ângulo de deflexão (I) são dados conhecidos do projeto.

Figura 8.11: Elementos da curva circular.

a) Cálculo da Tangente Externa (T)

Para o cálculo da distância da tangente externa (T), vamos utilizar o triângulo retângulo PC-PI-O
da Figura 8.12, sabendo se que o raio (R) e a deflexão (I) são dados conhecidos no projeto.

219
Capítulo 8 - Locação

Figura 8.12: Cálculo da tangente externa.


Tem-se:

=
AC T
∴ T = R .tg ⎛⎜ AC ⎞⎟
⎝ 2 ⎠
tg
2 R

b) Cálculo do desenvolvimento (D)


Sabendo-se que o comprimento de uma circunferência é “2.π.R” e que corresponde a um ângulo de
360°, pode-se fazer uma regra de três, para saber o comprimento “D” correspondente a um ângulo “AC”:
2.π.R Æ 360°
D Æ AC ∴ 2.π.R .AC = 360 . D
Então:
2.π.R × AC π.R .AC
D= ⇒ D=
360 180

Ainda não se conhece o valor do ângulo central (AC) da curva.


Levando-se em conta o eixo de simetria da curva, toma-se o triângulo “O-PI-PT” na Figura 8.13,
assim temos:

Figura 8.13: Ângulo AC.


220
A soma dos ângulos internos do triângulo é 180°, então:

α + 90° +
AC
= 180° (1)
2
tem-se:
180 − I
α + α + I = 180 ⇒ 2.α = 180 − I ⇒ α = ⇒ α = 90 −
I
(2)
2 2
Substituindo (2) em (1), tem-se:
⎛ 90 − I ⎞
⎜ ⎟ + 90 + = 180 ⇒ 180 − + = 180 ⇒ = ⇒ AC = I
AC I AC AC I
⎝ 2 ⎠ 2 2 2 2 2

Portanto, vimos que o ângulo central (AC) de uma curva é igual à sua deflexão (I). Como a defle-
xão é um elemento já conhecido, também passamos a conhecer o AC.

c) Cálculo das estacas do PC e do PT

A estaca do primeiro PI (PI1) da Figura 8.14, tem-se que é a estaca inicial mais a distância até o PI.
A estaca do PC1 é a distância da estaca inicial ao PI 1 (d1), menos a tangente externa T1, calculada em me-
tros e depois transformada em estacas, ou seja:

est.PC = est.PI − T

Para o cálculo da estaca do PT 1, deve-se partir da estaca do PC 1 (já calculada), e passar pela cur-
va, percorrendo seu desenvolvimento (D1) (Figura 8.14).

est.PT = est.PC + D

Figura 8.14: Cálculo das estacas do PC e PT.

Exemplo 1: Para uma curva circular de raio igual a 750,00m, estaca do PI igual a 47 + 12,30 m e
deflexão (I) de 47° 30’ 40’’, calcular os elementos :

221
Capítulo 8 - Locação

a) Tangente externa (T);


b) Desenvolvimento (D);
c) Estaca do PC;
d) Estaca do PT.
Solução:

⎛ 47°30'40' ' ⎞
a) T = R.tg ⇒ T = 750 × tg ⎜ ⎟ ⇒ T = 330,095 m
AC
2 ⎝ 2 ⎠
π.R.AC π.750 × 47°30'40' '
b) D = ⇒ D= ⇒ D = 621,919 m
180 180
# Observações:
Os ângulos devem ser decimalizados para se executar as operações;
O valor de π deve ser o da calculadora (3,1415...).

Est.PC = EST.PI − T ⇒ Est.PC = Est.(47 + 12,30) − 330,095 ⇒


Est.PC = 952,300 − 330,095 ⇒ Est.PC = 622,205 m ⇒ Est.PC = 31 + 2,205 m

Est.PT = EST.PC + D ⇒ Est.PT = Est.(31 + 2,205) + 621,919 ⇒


Est.PT = 622,205 + 621,919 ⇒ Est.PT = 1.244,124 m ⇒ Est.PT = 62 + 4,124 m

d) Cálculo das estacas do PI’s seguintes

Como visto anteriormente a estaca do primeiro PI não muda com a implantação da curva. A distân-
cia da estaca inicial ao PI1 é d1 (est. PI1 = d1), porém a partir do segundo PI as estacas sofrem alteração se
considerarmos o estaqueamento do trecho reto e após a implantação das curvas.
A distância da estaca inicial até o PI 2 considerando o trecho reto é igual a d1+d2 (Figura 8.15), po-
rém se considerarmos as curvas as tangentes externas (T) são substituídas pelo desenvolvimento (D) (Figura
8.16).

Figura 8.15: Cálculo das estacas do PI.

222
Considerando-se então o estaqueamento, com as curvas implantadas, pode-se tirar da figura 8.15,
que:
est.PI1 = est.inicial + d1

est .PC 1 = est .PI 1 − T 1 ⇒ est .PC 1 = est .inicial + d1 − T 1


est.PI2 = est.inicial + d1 − T1 + D1 + d 2 − T1
mas,
est.PC = est.inicial + d1 − T1 ∴ est.PI 2 = est.PC1 + D1 + d 2 − T1

analogamente, tem-se:
est.PI3 = est.PC2 + D2 + d3 − T2

Pode-se generalizar a equação como:


est.PI n = est.PC n −1 + D n −1 + d n − Tn −1

Figura 8.16: Distância PC-PT, considerando as tangentes e o


desenvolvimento.

Exemplo 2: Calcular os elementos das curvas, a estaca final e as estacas dos PI’s do trecho dado,
após a implantação das curvas, de acordo com os dados e desenho esquemático:
Observações:
# O desenvolvimento e as tangentes externas podem ser de curva circular simples ou de transição.
Os cálculos dos elementos das curvas com transição, serão estudados adiante. Onde nas fórmulas têm PC,
para curva circular é só substituir por TS da curva de transição correspondente.
# A estaca inicial de uma estrada, não necessariamente será a estaca 0, pois poderá ser a continua-
ção de um trecho antigo ou alguma ramificação de um trecho principal.
# A diferença entre a estaca inicial e a estaca final, será o comprimento total da estrada.
223
Capítulo 8 - Locação

# A estaca final pode ser tratada como um PI final,para efeito de cálculos.


# Para os cálculos que envolvem estacas e distâncias, deve-se tomar o cuidado para transforma-
ções, de estaca em metros ou vice-versa.
Desenho esquemático de uma estrada:
CURVA 2
R2 = 250,000 m
D2 = 505,789 m
Estaca inicial = 0 T2 = 315,132 m

d2 T2 d2 = 1.323,000 m
PI2 Est. TS2 =

TS2 Est. ST2 =


T1 T2 Est. PI2 =
PC1 D2
D1 PT1
T1 ST2
d1 PI1

d3
CURVA 1
CURVA 3
R1 = 750,000 m
R3 = 840,000 m
D1 = 621,919 m PC3
D3 = 879,646 m
T1 = 330,095 m
T3 = 484,974 m
d1 = 952,300 m
T3
d3 = 2.952,300 m
Est. PC1 = 31 + 2,205 m
Est. PC3 =
Est. PT1 = 62 + 4,124 m
Est. PT3 =
Est. PI1 = 47 + 12,300 m D3
Est. PI3 = PI3
AC = 40° 30’ 40’’

PT3 T3

TS4
T4
d4
CURVA 4
D4
R4 = 165,000 m
D4 = 266,777 m PI4
T4 = 261,526 m ST4
d4 = 2.467,000 m Estaca final
T4
Est. TS4 =
Est. ST4 =
d5
Est. PI4 =
AC = 40° 30’ 40’’
d5 = 843,638 m
Est. final =

224
Solução:

est.Pi1 = est.inicial + d1 ⇒ est.PI1 = est.(0) + 952,300m ⇒ est.PI1 = 47 + 12,300m


a) Cálculo da estaca de PI1

b) Cálculo da estaca do PI2


sabemos que: Æ est .PI n = est .PC n − 1 + D n − 1 + d n − T n − 1
∴ est.PI2 = estPC1 + D1 + d 2 − T1

Est.PC1 = Est.(47 + 12,30) − 330,095 ⇒ Est.PC1 = 31 + 2,205 m


Porém precisamos dos valores de:

D1 = 621,919 m
d 2 = 1.323,000 m
T1 = 330,095 m
∴ estPI2 = est.(31 + 2,205m) + 621,919 + 1.323,000 − 330,095 = 2.237,029m
∴ est.PI2 = 111 + 17,029 m

c) Cálculo da estaca do PI3


∴ est.PI3 = estTS2 + D2 + d3 − T 2

Est.TS2 = Est.(111 + 17,029) − 315,132 ⇒ Est.TS2 = 96 + 1,897 m


Porém precisamos dos valores de:

D2 = 505,789 m
d3 = 2.952,300 m
T 2 = 315,132 m
∴ estPI3 = est.(96 + 1,897m) + 505,789 + 2.952,300 − 315,132 = 5.064,854m
∴ est.PI3 = 253 + 4,854 m

d) Cálculo da estaca do PI4


∴ est.PI4 = estPC3 + D3 + d 4 − T3

Est.PC3 = Est.(253 + 4,854) − 484,974 ⇒ Est.PC3 = 228 + 19,880 m


Porém precisamos dos valores de:

D3 = 879,646 m
225
Capítulo 8 - Locação

d 4 = 2.467,000 m
T3 = 484,974 m
∴ estPI4 = est.(228 + 19,880m) + 879,646 + 2.467,000 − 484,974 = 7.441,552 m
∴ est.PI4 = 372 + 1,552 m

e) Cálculo da estaca final


Considerando a estaca final como sendo o PI5, segue-se o mesmo procedimento:
∴ est.PI5 = est.TS4 + D 4 + d5 − T 4
∴ est.final = est.TS4 + D4 + d5 − T 4

Est.TS4 = Est.(372 + 1,552) − 261,526 ⇒ Est.TS4 = 359 + 0,026 m


Porém precisamos dos valores de:

D4 = 266,777 m
d5 = 843,638 m
T 4 = 261,526 m
∴ est.final = est.(359 + 0,026m) + 266,777 + 843,638 − 261,526 = 8.028,915 m
∴ est.final = 401 + 8,915 m

Para conferência dos cálculos, recalcula-se a estaca final de maneira direta, ou seja, somam-se to-
das as distâncias retas (d) à estaca inicial e subtraem-se as tangentes externas de cada curva (T) substituindo-
as por seu desenvolvimento (D). Porém para cada curva, tem-se um desenvolvimento e duas tangentes exter-
nas (Figura 8.17).

Figura 8.17: Diferença entre distância reta e curva.

∑ d + ∑ D − 2.∑ T
Pode-se escrever que:
est.final = est.inicial +

Para o exemplo, tem-se:


226
∑ D = D1 + D2 + D3 + D4 = 2.274,131 m
∑ d = d1 + d2 + d3 + d4 = 8.538,238
2.∑ T = 2.(T1 + T 2 + T3 + T 4) = 2 ×1.391,727 = 2.783,454

est.final = est.0 + 2.274,131 + 8.538,238 − 2.783,454 = 8.028,915 m


est.final = 401 + 8,915 m 9 Ok ! Confere com os cálculos anteriores.

e) Locação da Curva Circular Simples

Na implantação da estrada, as locações dos trechos de retas e de curvas, são fundamentais para o-
bra, pois a marcação dos pontos no terreno servirá de referência para a execução da obra. A locação da curva
no campo, é feita através de pontos no eixo da estrada, podendo ser feita por vários processos, entre eles os
mais usados na prática são: locação por deflexão e locação por coordenadas.
A locação por deflexão é feita com teodolito ou estação total, instalado no ponto de início da curva
(PC). A marcação dos pontos é feita a partir da medição de ângulos e distâncias.
A locação por coordenadas é feita com estação total, que poderá ficar em qualquer posição que te-
nha visão da curva. A marcação dos pontos é feita a partir de medidas fornecidas pela estação total, previa-
mente programada.
A distância entre os pontos que demarcam o eixo da curva na locação, deve ser tal que represente
bem a curvatura, de maneira que os pontos marcados mostrem com eficiência o alinhamento correto da cur-
va.
A distância entre os pontos pode ser reta (corda) ou curva (arco) e seu comprimento será em função
do raio. A divisão da curva é feita em arcos, porém em campo as medidas são tomadas retas, portanto o
comprimento do arco deverá ser de forma que a medida reta (corda) entre dois pontos, seja bastante aproxi-
mada da medida curva (Figura 8.18). Quanto menor o raio, maior será o grau de curvatura da curva, devendo
ser dividida em arcos menores (Figura 8.18). Para raios maiores, a representação poderá ser feita com arcos
maiores pois sendo o grau de curvatura menor, o arco será aproximadamente igual à corda.
Como se nota na figura 8.18, para raios menores, necessita-se de cordas menores, assim na prática
se utilizam as seguintes medidas:

R ≥ 100 m ⇒ a ≅ c = 5,00 m
100 m < R < 600 m ⇒ a ≅ c = 10,00 m
R > 600 m ⇒ a ≅ c = 20,00 m

227
Capítulo 8 - Locação

Figura 8.18: Locação das curvas através da corda.

f) Distribuição do estaqueamento na planilha

Têm-se as três condições vistas, ou seja, para arcos de 5, 10 ou 20 m (Figuras 8.19, 8.19, 8.20).
A locação das curvas com raios maiores que 600,00 m deve ser feita com arcos de no máximo
20,00 m. A distância curva entre as estacas será o arco, que é diferente da distância reta (corda) que é medida
em campo. Veremos o cálculo da corda ainda neste capítulo. Na planilha serão representados somente os
pontos dentro da curva, entre o PC e o PT. Conforme a curva da figura 8.19, e sua planilha, será representada
no campo com arcos de 20,00 m, após a locação de 7 pontos. Não há necessidade na planilha de se repetir a
estaca inteira em todas as linhas para as estacas intermediárias, e também de colocar a estaca inteira mais ze-
ro (Ex: 204 + 0,00). Nota-se ainda que os arcos entre o início da curva PC e o 2° ponto de locação (17,20 m)
e o penúltimo ponto de locação e o PT (16,60 m) serão menores que 20,00 m, devido às estacas do PC e PT
não serem inteiras.
A locação das curvas com raios entre 100,00 m e 600,00 m deve ser feita com arcos de no máximo
10,00 m. A curva da figura 8.20, e sua planilha, com arcos de 10,00 m, será representada no campo após a
locação de 13 pontos. Nota-se ainda que os arcos entre o início da curva PC e o 2° ponto de locação (7,20 m)
e o penúltimo ponto de locação e o PT (6,60 m) serão menores que 10,00 m, devido às estacas do PC e PT
não serem inteiras.
A locação das curvas com raios menores que 100,00 m deve ser feita com arcos de no máximo 5,00
m. Esta curva, conforme figura 8.21 e sua planilha, com arcos de 5,00 m, será representada no campo após a
locação de 25 pontos. A locação é feita com o aparelho (teodolito) instalado no PC. Nota-se ainda que os ar-
cos entre o início da curva PC e o 2° ponto de locação (2,20 m) e o penúltimo ponto de locação e o PT (1,60
m) serão menores que 5,00 m, devido as estacas do PC e PT não serem inteiras.
228
Distribuição do estaqueamento e planilha para uma curva com arcos de 20,00 m, usados para raios
maiores que 600 m.

est. PC 207 + 16,60 m est. 208

est. 207

PLANILHA
est. 206
Estacas
Arco (m) Observ.
Inteira intermed.
201 - Fora da curva
202 - Fora da curva
202 2,80 - PC - 1°ponto
203 17,20 2° ponto
est. 205 204 20,00 3° ponto
205 20,00 4° ponto
206 20,00 5° ponto
207 20,00 6° ponto
16,60 16,60 PT - 7°ponto
208 - Fora da curva
est. 204

est. 203

est. PC 202 + 2,80 m


est. 202

est. 201

Figura 8.19: Locação I. Arcos de 20,00 m.

229
Capítulo 8 - Locação

Distribuição do estaqueamento e planilha para uma curva com arcos de 10,00 m, usados para raios
entre 100 e 600 m.

est. PC 207 + 16,60 m est. 208

+ 10,00

est. 207

PLANILHA
+ 10,00
Estacas
Arco (m) Observ.
Inteira intermed.
est. 206 201 - Fora da curva
202 - Fora da curva
202 2,80 - PC - 1°ponto
+ 10,00 10,00 7,20 2° ponto
203 10,00 3° ponto
10,00 10,00 4° ponto
204 10,00 5° ponto
est. 205 10,00 10,00 6° ponto
205 10,00 7° ponto
10,00 10,00 8° ponto
+ 10,00 206 10,00 9° ponto
10,00 10,00 10° ponto
207 10,00 11° ponto
est. 204 10,00 10,00 12° ponto
16,60 6,60 PT - 13°ponto
208 - Fora da curva
+ 10,00

est. 203

+ 10,00

est. PC 202 + 2,80 m


est. 202

est. 201

Figura 8.20: Locação II. Arcos de 10,00 m.

230
Distribuição do estaqueamento e planilha para uma curva com arcos de 5,00 m, usados para raios
menores que 100 m.

est. PC 207 + 16,60 m est. 208


PLANILHA
+ 5,00
+ 10,00 Estacas
Arco (m) Observ.
Inteira intermed.
+ 5,00
201 - Fora da curva
est. 207 202 - Fora da curva
+ 5,00 202 2,80 - PC - 1°ponto
5,00 2,20 2° ponto
+ 10,00 10,00 5,00 3° ponto

+ 5,00 15,00 5,00 4° ponto


203 5,00 5° ponto
est. 206 5,00 5,00 6° ponto
10,00 5,00 7° ponto
+ 5,00
15,00 5,00 8° ponto
+ 10,00 204 5,00 9° ponto
5,00 5,00 10° ponto
+ 5,00 10,00 5,00 11° ponto
15,00 5,00 12° ponto
est. 205 205 5,00 13° ponto
5,00 5,00 14° ponto
+ 5,00
10,00 5,00 15° ponto
+ 10,00 15,00 5,00 16° ponto
206 5,00 17° ponto
+ 5,00
5,00 5,00 18° ponto
est. 204 10,00 5,00 19° ponto

+ 5,00 15,00 5,00 20° ponto


207 5,00 21° ponto
+ 10,00 5,00 5,00 22° ponto
+ 5,00 10,00 5,00 23° ponto

est. 203 15,00 5,00 24° ponto


16,60 1,60 PT - 25°ponto
+ 5,00 208 - Fora da curva
+ 10,00
+ 5,00
est. PC 202 + 2,80 m
est. 202

est. 201

Figura 8.21: Locação III. Arcos de 5,00 m.


231
Capítulo 8 - Locação

g) Afastamento

Para se determinar a distância que o eixo da curva passará do PI, calcula-se o afastamento “A” (Fi-
gura 8.22). Pode-se calcular o afastamento em função do raio e do ângulo central. Do triângulo retângulo O–
PC-PI, tem-se:

= ⇒ (R + A) = ⇒ A= − R ⇒ A = R.(sec − 1)
AC R R R AC
(R + A)
cos
2 AC AC 2
cos cos
2 2

Figura 8.22: Cálculo do afastamento.

Este parâmetro é importante quando se quer passar uma curva em local obrigatório, por exemplo,
em estradas já abertas, e ainda, quando se quer determinar o raio para que a curva “fuja” de algum obstáculo
ou construção (Figura 8.23).

232
Figura 8.23: Aplicação do cálculo de afastamento.
h) Grau de curvatura

O grau de curvatura de uma curva é representado pelo ângulo central correspondente a um deter-
minado arco (Figura 8.24). Para um ângulo central correspondente a um arco de 1 metro, tem-se o grau de
curvatura G1. Para um ângulo central correspondente a um arco genérico ‘a’, temos o grau de curvatura Ga,
que é a somatória de G1 para um arco ‘a’.
Ga = G1 × a

G1 = =
Ga AC
onde:
a D

Figura 8.24: Grau da curva.

i) Deflexões

Deflexão é o ângulo formado entre a reta tangente à curva em um ponto “A” qualquer, até a direção
de um ponto “B”, na mesma curva (Figura 8.25).

233
Capítulo 8 - Locação

Figura 8.25: Deflexão.


A deflexão total da curva (Dt), é o ângulo formado entre a tangente no início da curva (PC), e o ali-
nhamento PCÆPT,correspondente a um ângulo central (AC) (Figura 8.26).

Figura 8.26: Deflexão total I.

Para cálculo de Dt, (Figura 8.27-a), toma-se o triângulo PCÆPTÆO, sabendo-se que a soma dos

AC + (90° − Dt ) + 90° − Dt = 180°


ângulos internos de um triângulo é 180° e que a curva circular possui eixo de simetria, tem-se:

∴ AC = 180° − 180° + 2.Dt ⇒ 2.Dt = AC ⇒ Dt =


AC
2

(a) (b) (c)

Figura 8.27: Deflexão total II.

Analogamente tem-se para um arco “a” ângulo central igual à Ga, (Figura 27-b).

da =
Ga
2
onde:
da = deflexão referente a um arco “a”;
234
Ga = grau de curvatura do arco “a”.
Para um arco igual a um metro e ângulo central G1, (Figura 27-c), tem-se:
π.R.AC
dm = mas, G1 = ∴ dm = mas, D = ∴ dm = ×180°
G1 AC AC Ac
2 D 2.D 180° 2π.R.AC
90°
simplificando, tem-se: dm =
π.R

i1) Cálculo da deflexão parcial para um arco “a”


G1 × a
da = mas, Ga = G1× a ∴ da = mas, G1 = 2.dm
Ga
2 2
então: da = dm × a

i2) Cálculo da deflexão acumulada

A deflexão acumulada (dt), até um ponto qualquer da curva,será a soma de todas as deflexões par-
ciais dos arcos anteriores ao ponto (Figura 8.28).

Figura 8.28: Deflexão acumulada I.

Para o ponto 1, a deflexão acumulada (dt) até este ponto, será igual à deflexão parcial do primeiro
arco (da1), ou seja:

dt = da1

Para o ponto 2, a deflexão acumulada (dt) até este ponto, será igual às deflexões parciais do primei-
ro arco (da1) e do segundo arco (da2), ou seja:

dt = da1 + da 2

235
Capítulo 8 - Locação

Para o ponto 3, a deflexão acumulada (dt) até este ponto, será igual às deflexões parciais do primei-
ro arco (da1), do segundo arco (da2) e do terceiro arco (da3), ou seja:
dt = da1 + da 2 + da 3

Generalizando para um ponto ‘n’qualquer, pode-se escrever que:

dt = da1 + da 2 + da3 + K + dan ∴ dt = ∑ da


n

As deflexões parciais tomadas a partir do PC, referente a dois pontos quaisquer (Pc e 1), (1 e 2) e (2
e 3), são as mesmas que tomadas a partir das tangentes destes pontos, (Figura 8.29).

Figura 8.29: Deflexão acumulada II.

A deflexão da2, tomada a partir do PC, é o ângulo formado entre os alinhamentos PCÆ1 e o ali-
nhamento PCÆ2. Porém a deflexão tomada no ponto 1, é o ângulo formado entre a tangente do ponto 1 e o
alinhamento 1Æ2, que também é a deflexão da2.
Para comprovar esta afirmativa, e como estes conceitos são muito importantes no estudo das defle-
xões das curvas circulares, tem-se a seguir, a demonstração destes conceitos, com base na figura 8.30:
¾ Os triângulos (A B C), (A D E) e (D B F), são eqüiláteros, pois são formados com as tangentes
de uma circunferência.
¾ A soma dos Ângulos internos de um triângulo é 180°.

Considerando o triângulo (ABC), tem-se:


α+ γ =β+θ ⇒ γ =β+θ−α (1)

236
Considerando o triângulo ADB, o ângulo interno no vértice D, será:
180º −α − β

γ + (180 − α − β) + θ = 180° ∴ θ = α + β − γ
A soma dos ângulos internos do triângulo ADB, será:
(2)

Substituindo (2) em (1), tem-se:


γ = β − α + α + β − γ ⇒ γ + γ = 2.β
∴ γ =β (3)9 Ok!
Substituindo (3) em (2), tem-se:
θ = α +β−β θ = α 9 Ok!

237
Capítulo 8 - Locação

Figura 8.30: Deflexão acumulada III.


j) Cálculo das cordas

Para o cálculo da corda do PCÆPT, referente ao desenvolvimento (D) da curva, de ângulo central
de AC, (Figura 8.31), tem-se:

⎛ AC ⎞ ⎛ AC ⎞
sen ⎜ ⎟= ⇒ c = 2R × sen ⎜ ⎟
c
⎝ 2 ⎠ 2.R ⎝ 2 ⎠

Figura 8.31: Cálculo das cordas I.

Analogamente, tem-se:
Para o cálculo de uma corda (c) qualquer, referente à um arco (a) da curva, de ângulo central Ga,
(Figura 8.32), tem-se:

⎛ Ga ⎞ ⎛ Ga ⎞
sen⎜ ⎟= ⇒ c = 2R × sen⎜ ⎟ mas, da = ∴ c = 2R × sen da
c Ga
⎝ 2 ⎠ 2.R ⎝ 2 ⎠ 2

238
Figura 8.32: Cálculo das cordas II.
Exemplos de diferença entre a corda e o arco para alguns raios.

c = 2R × sen da onde, da = dm × a dm =
90
π.R
e,

Raio = 600,00 m
Arco (a) 5,00 m 10,00 m 20,00 m
Corda (c) 4,999986 m 9,999884 m 19,999074 m
Diferença em mm 0 0 1

Raio = 200,00 m
Arco (a) 5,00 m 10,00 m 20,00 m
Corda (c) 4,99870 m 9,998958 m 19,991668 m
Diferença em mm 0 1 8

Raio = 50,00 m
Arco (a) 5,00 m 10,00 m 20,00 m
Corda (c) 4,997917 m 9,983342 m 19,866933 m
Diferença em mm 2 17 133

Pode-se concluir que raios menores exigem cordas menores, pois têm um grau de curvatura maior.
Na prática de locação de curvas em estradas, adota-se a corda igual ao arco, de acordo com a tabela:

R ≥ 100 m ⇒ a ≅ c = 5,00 m
100 m < R < 600 m ⇒ a ≅ c = 10,00 m
R > 600 m ⇒ a ≅ c = 20,00 m

Para raios menores que 30,00 m, pode-se adotar cordas menores, para uma melhor representação da
curva. Pode-se citar como exemplos de raios pequenos: praças, trevos, rotatórias, pista de corrida, etc. A lo-
cação nestes casos deve ser feita com cordas de 1 ou 2 metros, para que se tenha uma melhor visualização da
curvatura da curva no terreno.

Exemplo 3: Calcule a planilha de locação, considerando os dados abaixo:


Raio = 450,00 m
AC = 26° 38’ 12’’
Estaca do PI = 277 + 15,40 m
239
Capítulo 8 - Locação

Solução:

a) Definição do arco => a = 10,00 m , pois 10 m < R < 600 m

π.R.AC
b) Desenvolvimento => D = ⇒ D = 209,204 m
180°

⎛ AC ⎞
c) Tangente externa => T = R.tg ⎜ ⎟ ⇒ T = 106,528 m
⎝ 2 ⎠

d) Estaca do PC => est.PC = est.PI − T ⇒ est.PC = 272 + 8,872 m

e) Estaca do PT=> est.PT = Est.PC + D ⇒ est.PT = 282 + 18,076 m

90°
f) Cálculo de dm=> dm = ⇒ dm = 0,0636619772367...
π.R
# É importante que se coloque o valor de dm, na memória da calculadora, para os cálculos futuros
da deflexão ‘da’, assim trabalhando com todas as casas decimais.

g) Cálculo da deflexão para um arco

da = dm × a
# Os valores da deflexão parcial ‘da’, são colocados na planilha e calculada para cada arco ‘a’.
# Os valores da deflexão acumulada ‘dt’, são calculados na planilha, acumulando-se para cada de-
flexão parcial.

h) Cálculo da corda

c = 2.R.sen da

# Os valores das cordas, serão colocados na planilha para o arco e a deflexão correspondentes.
# Com a planilha calculada, só falta a locação em campo, onde serão implantados os pontos para a
definição da curva.

240
PLANILHA DE LOCAÇÃO DE CURVA CIRCULAR SIMPLES
LOCAÇÃO POR DEFLEXÃO

ENTRADA DE DADOS
Estaca do PI Dados da Curva Curva
Inteira Intermediária RAIO A.C. "D ou E"
277 15,400 450,000 26°38'12'' Direita

RESPOSTA PARA CURVA CIRCULAR À DIREITA


Estaca do PC Estaca do PT Dados da Curva
Inteira Intermediária Inteira Intermediária Tangente (T) Desenv. (D)
272 8,872 282 18,076 106,528 209,204

CADERNETA DE LOCAÇÃO
ESTACAS DISTÂNCIAS DEFLEXÕES
Inteira Intermediária Arco (a) Corda (c) Parcial (da) Acumulada (dt)
272 8,872 - - 00° 00' 00,00'' 00° 00' 00,00''
272 10,000 1,128 1,1275 00° 04' 18,41'' 00° 04' 18,41''
273 0,000 10,000 9,9998 00° 38' 11,83'' 00° 42' 30,24''
273 10,000 10,000 9,9998 00° 38' 11,83'' 01° 20' 42,07''
274 0,000 10,000 9,9998 00° 38' 11,83'' 01° 58' 53,90''
274 10,000 10,000 9,9998 00° 38' 11,83'' 02° 37' 05,73''
275 0,000 10,000 9,9998 00° 38' 11,83'' 03° 15' 17,56''
275 10,000 10,000 9,9998 00° 38' 11,83'' 03° 53' 29,40''
276 0,000 10,000 9,9998 00° 38' 11,83'' 04° 31' 41,23''
276 10,000 10,000 9,9998 00° 38' 11,83'' 05° 09' 53,06''
277 0,000 10,000 9,9998 00° 38' 11,83'' 05° 48' 04,89''
277 10,000 10,000 9,9998 00° 38' 11,83'' 06° 26' 16,72''
278 0,000 10,000 9,9998 00° 38' 11,83'' 07° 04' 28,55''
278 10,000 10,000 9,9998 00° 38' 11,83'' 07° 42' 40,38''
279 0,000 10,000 9,9998 00° 38' 11,83'' 08° 20' 52,21''
279 10,000 10,000 9,9998 00° 38' 11,83'' 08° 59' 04,04''
280 0,000 10,000 9,9998 00° 38' 11,83'' 09° 37' 15,88''
280 10,000 10,000 9,9998 00° 38' 11,83'' 10° 15' 27,71''
281 0,000 10,000 9,9998 00° 38' 11,83'' 10° 53' 39,54''
281 10,000 10,000 9,9998 00° 38' 11,83'' 11° 31' 51,37''
282 0,000 10,000 9,9998 00° 38' 11,83'' 12° 10' 03,20''
282 10,000 10,000 9,9998 00° 38' 11,83'' 12° 48' 15,03''
282 18,076 8,076 8,0762 00° 30' 50,96'' 13° 19' 06,00''

241
Capítulo 8 - Locação

k) Cálculo das coordenadas

O cálculo de coordenadas para locação dos pontos do eixo de uma curva, segue o mesmo procedi-
mento de cálculo de coordenadas visto no capítulo 2, e relembrando:

Coordenadas parciais:
x A − B = d A − B . sen AZ A − B

y A − B = d A − B . cos AZ A − B

Coordenadas Totais:
X B = X A + x A−B

YB = YA + y A − B

Para o cálculo específico de curvas, o procedimento de cálculo das coordenadas parciais será por-
tanto o mesmo, onde a distância dAB será a corda “c” e o azimuteAB será o azimute da direção da deflexão,
referente ao ponto a ser determinado.
O cálculo das coordenadas totais será a soma das coordenadas do último ponto com as coordenadas
parciais do ponto considerado.
Como mostra a figura 8.33, as coordenadas totais, X1 e Y1 do ponto 1, serão iguais à soma das co-
ordenadas totais do último ponto, XPC e YPC, com as coordenadas parciais de PC ao ponto 1, x PC-1 ey PC-1 ,
respectivamente.

Figura 8.33: Cálculo das coordenadas da curva.

242
O cálculo da coordenada parcial depende do azimute da direção de cada corda, e será calculado
conforme a figura 8.34, como o azimute da direção da corda anterior, somado à deflexão parcial da corda an-
terior e a deflexão da corda em estudo, ou seja:

AZ B− C = AZ A − B + d A − B + d B− C

Figura 8.34: Cálculo dos azimutes dos alinhamentos.

Um modo prático para o cálculo de azimute na planilha poderá ser feito seguindo-se o esquema abaixo (Fi-
gura 8.35):

DEFLEXÕES
AZIMUTES
Parciais (da)

A 45° 00' 00,00'' 00° 00' 00,00'' B


+
C 45° 04' 18,41'' 00° 04' 18,41'' D
+
E 45° 46' 48,66'' 00° 38' 11,83'' F
+
G 47° 03' 12,32'' 00° 38' 11,83'' H

Figura 8.35: Esquema de cálculo de azimutes.


243
Capítulo 8 - Locação

O primeiro azimute (A) é da direção PCÆPI. O segundo azimute (C) será da direção de PC Æ 1, e dado
por (A) + (B) + (D). O terceiro azimute (E) será da direção 1 Æ 2 e dado por (C) + (D) + (F) e sendo o quarto azi-
mute (G), da direção 2 Æ3, dado por (E) + (F) + (H).
A planilha abaixo exemplifica o cálculo de uma curva circular com os dados da curva vista anteriormente
(exemplo 3), porém com o cálculo de azimutes e coordenadas. O azimute inicial, ou seja, o azimute da direção PC
Æ PI é de 45° 00’ 00’’ e as coordenadas de PC: (1.000,00; 5.000,00).

ENTRADA DE DADOS
Estaca do PI Dados da Curva Azimute Curva Cordenadas "PC, PI ou PT"
Inteira Interm. RAIO A.C. PC - PI "D ou E" PC
277 15,400 450,000 26°38'12'' 45°00'00'' D 1.000,000 5.000,000

RESPOSTAS PARA CURVA CIRCULAR À DIREITA


Estaca do PC Estaca do PT Dados da Curva Distância Azimute
Inteira Interm. Inteira Intermediária Tangente (m) Desenv.(m) PC - PT (m) PC - PT
272 8,872 282 18,076 106,528 209,204 207,325 58° 19' 06,00''

CADERNETA DE LOCACAO
ESTACAS DISTÂNCIAS AZIMUTES DEFLEXÕES COORDENADAS
Inteira Interm. Corda Arco Parciais Parcial (da) Acumulada (dt) X Y
272 8,872 - - 45° 00' 00,00'' 00° 00' 00,00'' 00° 00' 00,00'' 1.000,000 5.000,000
272 10,000 1,1275 1,128 45° 04' 18,41'' 00° 04' 18,41'' 00° 04' 18,41'' 1.000,798 5.000,796
273 - 9,9998 10,000 45° 46' 48,66'' 00° 38' 11,83'' 00° 42' 30,24'' 1.007,965 5.007,770
273 10,000 9,9998 10,000 47° 03' 12,32'' 00° 38' 11,83'' 01° 20' 42,07'' 1.015,285 5.014,583
274 - 9,9998 10,000 48° 19' 35,98'' 00° 38' 11,83'' 01° 58' 53,90'' 1.022,754 5.021,232
274 10,000 9,9998 10,000 49° 35' 59,64'' 00° 38' 11,83'' 02° 37' 05,73'' 1.030,369 5.027,713
275 - 9,9998 10,000 50° 52' 23,31'' 00° 38' 11,83'' 03° 15' 17,56'' 1.038,126 5.034,023
275 10,000 9,9998 10,000 52° 08' 46,97'' 00° 38' 11,83'' 03° 53' 29,40'' 1.046,022 5.040,160
276 - 9,9998 10,000 53° 25' 10,63'' 00° 38' 11,83'' 04° 31' 41,23'' 1.054,052 5.046,119
276 10,000 9,9998 10,000 54° 41' 34,29'' 00° 38' 11,83'' 05° 09' 53,06'' 1.062,213 5.051,899
277 - 9,9998 10,000 55° 57' 57,96'' 00° 38' 11,83'' 05° 48' 04,89'' 1.070,500 5.057,495
277 10,000 9,9998 10,000 57° 14' 21,62'' 00° 38' 11,83'' 06° 26' 16,72'' 1.078,909 5.062,906
278 - 9,9998 10,000 58° 30' 45,28'' 00° 38' 11,83'' 07° 04' 28,56'' 1.087,436 5.068,129
278 10,000 9,9998 10,000 59° 47' 08,94'' 00° 38' 11,83'' 07° 42' 40,39'' 1.096,077 5.073,162
279 - 9,9998 10,000 61° 03' 32,61'' 00° 38' 11,83'' 08° 20' 52,22'' 1.104,828 5.078,001
279 10,000 9,9998 10,000 62° 19' 56,27'' 00° 38' 11,83'' 08° 59' 04,05'' 1.113,685 5.082,644
280 - 9,9998 10,000 63° 36' 19,93'' 00° 38' 11,83'' 09° 37' 15,88'' 1.122,642 5.087,089
280 10,000 9,9998 10,000 64° 52' 43,59'' 00° 38' 11,83'' 10° 15' 27,71'' 1.131,696 5.091,335
281 - 9,9998 10,000 66° 09' 07,26'' 00° 38' 11,83'' 10° 53' 39,54'' 1.140,842 5.095,378
281 10,000 9,9998 10,000 67° 25' 30,92'' 00° 38' 11,83'' 11° 31' 51,37'' 1.150,076 5.099,216
282 - 9,9998 10,000 68° 41' 54,58'' 00° 38' 11,83'' 12° 10' 03,21'' 1.159,392 5.102,849
282 10,000 9,9998 10,000 69° 58' 18,24'' 00° 38' 11,83'' 12° 48' 15,04'' 1.168,787 5.106,274
282 18,076 8,076 8,076 71° 07' 21,04'' 00° 30' 50,96'' 13° 19' 06,00'' 1.176,429 5.108,887

Com os elementos da planilha calculada, falta apenas sair para campo e locar a curva, que poderá ser por
deflexão ou por coordenada.

244
l) Locação em campo das curvas

l.1) Através do processo por deflexões


A locação de uma curva, normalmente é feita implantando-se piquetes no eixo da estrada, ponto a
ponto, com o teodolito instalado no PC (Figura 8.36). O processo de locação segue as seguintes etapas:
# Instala-se o teodolito no PC;
# Visa-se a direção do PI e com ângulo “zero”;
# Mede-se o ângulo da 1a deflexão acumulada, e com este alinhamento e a distância da corda PC
Æ 1, marca-se o ponto 1;
# Mede-se o ângulo da 2a deflexão acumulada, e com este alinhamento e a distância da corda 1 Æ
2, marca-se o ponto 2, a partir do ponto 1;
# Repete-se este processo, até chegar ao PT, com a marcação das deflexões totais sempre a partir
do PC e a marcação das cordas a partir do último ponto locado.

Figura 8.36: Esquema para locação de curva através das deflexões.

PI

PT
PC

Figura 8.37: Ilustrativo da locação por deflexão.


245
Capítulo 8 - Locação

l.2) Através do processo por coordenadas

A locação de uma curva por coordenadas geralmente é executada por equipamento eletrônico. Este
deve ter uma visão abrangente da curva a locar, podendo estar posicionado em qualquer local, de forma a ob-
ter necessariamente as coordenadas desta estação, através de visadas a três pontos coordenados no mínimo.
Normalmente é feita implantando-se piquetes no eixo da estrada, ponto a ponto, com a tomada da
distância e ângulo de forma eletrônica, onde o operador orienta o auxiliar na implantação dos pontos.
O processo de locação segue as seguintes etapas:
# Programar a estação total com as coordenadas dos pontos a locar (Planilha de coordenadas);
# Instala-se a estação total em ponto de ampla visão para a locação;
# Visa-se no mínimo, três pontos de coordenadas conhecidas (por exemplo, PC, PI, PT) e a esta-
ção reconhecerá as coordenadas do ponto instalado;
# Com referência das coordenada da estação e do PC, o operador orienta o auxiliar a marcar ângu-
los e distâncias, a partir desta origem;
# Segue este procedimento até o PT.

PI

PT
PC

XP
YP
X

Figura 8.38: Ilustrativo da locação por coordenadas.

246
Observações e anotações - Cap. 8

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Capítulo 8 - Locação

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248
1 - Introdução

A equipe de topografia é a primeira a chegar em uma obra de implantação, portanto será a primeira a
explorar a região e ter contato com o terreno virgem, das mais variadas características como: brejos, matas, rios,
lagos, serrado, capinzal, bosque, etc.
Uma equipe que trabalha no mato, normalmente em situações de vegetação densa, áreas alagadas e ter-
renos acidentados de difícil acesso, está sujeita à acidentes com animais peçonhentos.
A dificuldade de acesso e comunicação, gera condições desfavoráveis ao atendimento, aumentando a
responsabilidade de tomada de decisão do chefe desta equipe. Uma ação rápida na prestação de socorro e co-
nhecimento do assunto pode ser a diferença para se salvar uma vida ou evitar perda de tempo no caso do aciden-
te ser provocado por um animal não venenoso.
Espera-se que estas decisões sejam tomadas pelo chefe da equipe, que provavelmente é um profissio-
nal da área da topografia. Porém sabemos que a sua formação técnica acadêmica ou prática é específica para sua
área, não tendo estudado de maneira aprofundada ou até correta sobre animais peçonhentos, prevenção de aci-
dentes e primeiros socorros.
Não se pode negar que a situação descrita é possível de acontecer, portanto o chefe da equipe deve ter
conhecimentos que possam ajudar na identificação de animais e de procedimentos ao atendimento à vítima. Por-
tanto deve buscar conhecimentos extras para que possa apoiar, dar segurança e socorrer os membros de sua e-
quipe quando necessário. É na pessoa do chefe que a equipe confia, e será ele que deverá tomar decisões corre-
tas para assegurar a integridade de seu pessoal.
Quando o acidente for provocado por animais não venenosos, a decisão de dispensa de socorro somen-
te poderá ser tomada por uma pessoa que tenha absoluta certeza na identificação do animal, pois uma decisão
errada poderá causar sérias conseqüências.
Devemos aqui ressaltar a utilização dos termos: “Venenoso” e “Peçonhento”.

249
Capítulo 9 – Animais Peçonhentos – Aspectos Básicos

Biologicamente, existe diferença entre os termos, mas para nossos estudos mais práticos, usaremos os
dois termos sem distinção. Porém para informação rápida, pode-se definir:
Um animal que possui glândulas de veneno potencialmente perigoso, mas que não têm mecanismos de
injeção deste veneno em uma vítima, é considerado venenoso, mas não é peçonhento.
Outro animal que possui glândulas de veneno potencialmente perigoso, e ainda têm mecanismos de in-
jeção (quelíceras, presas, ferrões ou cerdas), é um animal peçonhento.
E ainda podemos considerar, o animal que não possui glândula de veneno, ou que possui glândulas de
veneno e tem mecanismos de injeção, mas seu veneno é potencialmente inofensivo ao homem. Então podemos
considera-lo não venenoso.

2 – Animais Perigosos

O Brasil por estar situado em uma região tropical possui uma fauna numerosa e diversificada. Entre as
várias espécies de animais alguns são venenosos e podem causar danos à saúde humana ou até mesmo levar à
morte. Os animais venenosos do Brasil estão distribuídos em todas as regiões e em vários habitat. São cobras,
aranhas, escorpiões, taturanas, lacraias e abelhas. Alguns, como as cobras, possuem venenos muito ativos e ou-
tros, como as lacraias e algumas vespas, possuem venenos mais fracos, ou toxicamente menos ativo.
Portanto a gravidade dos acidentes depende do animal, mas também de outros fatores.
Os acidentes podem ser leves, moderados ou graves. Vários fatores influenciam na gravidade do enve-
nenamento. Pode-se citar como os principais:
# A espécie do animal;
# A toxidade do veneno;
# A quantidade de veneno injetado;
# A saúde da vítima;
# O tempo de socorro ao acidentado.

Outros fatores ligados à biologia dos animais também influenciam, como:


# Saúde do animal;
# Idade do animal (adultos ou jovens);
# Tamanho do animal;
# Tipo de alimentação.

Além disso a época do ano também influencia na toxidade do veneno, pois nas épocas mais quentes do
ano os animais estão mais ativos, caçando com mais freqüência, portanto seu veneno estará mais tóxico.

250
Os acidentes com cobras peçonhentas sempre são graves, devendo a pessoa acidentada ser medicada o
mais rápido possível e apenas com aplicação do soro específico, porém nem todas as cobras são peçonhentas e
estes não causarão danos graves às pessoas, às vezes os sintomas não passam de um leve ferimento com dor lo-
cal, não devendo a pessoa tomar qualquer tipo de soro antiofídico. Mas na dúvida a pessoa deve ser encaminha-
da ao hospital. As cobras por provocarem os acidentes mais graves entre os animais peçonhentos, serão estuda-
das com mais detalhes durante este capítulo.
O quadro a seguir mostra de forma resumida e esquemática os principais animais causadores de acidentes no
Brasil (Figura 9.1).
"ANIMAIS D E IMPORT ÂNCIA MÉD ICA"

G ÊN ER O
G ÊN ER O G ÊN ER O
CROTALUS
M ICRURUS BOTHROP S
P R ESA S

SER P EN TES G ÊN ER O
L A Q U ES IS

Q U ELÍ CER A S
G ÊN ER O
P H O N EU T R IA

G ÊN ER O G ÊN ER O
L O X O S C EL ES L A T R O D EC T U S

ARA N H A S G ÊN ER O
L YC O S A

ESCO R P I Õ ES T ity u s s e r r u la tu s T ity u s b a h ie n s is T ity u s s tig m u r u s


FER R Ã O

TA TU R A N A S F A M ÍL IA F A M ÍL IA F A M ÍL IA
S A T U R N IID A E M EG A L O P YG ID A E A R C T IID A E

L A CR A I A S V ESP A S - A B EL H A S - M A R I M B O N D O S

Figura 9.1: Animais perigosos.

251
Capítulo 9 – Animais Peçonhentos – Aspectos Básicos

2.1 - Aranhas

As aranhas também podem provocar acidentes com certa gravidade, principalmente em crianças e ido-
sos. Inúmeras espécies de aranhas são conhecidas, porém poucas são perigosas ao homem (Figura 9.2).
Existem aranhas que são consideradas inofensivas ao homem, até outras que podem provocar a morte.
Aranhas do gênero Latrodectus, conhecidas como Viúvas Negras e do gênero Phoneutria, que são as
armadeiras, provocam acidentes relativamente sérios. Existe soro específico para estas aranhas.
O gênero Loxoceles, popularmente chamada de Aranha “Marrom” , muito comum no sul do Brasil,
têm seu habitat principal, as residências humanas. Apesar de não serem agressivas provocam bastantes aciden-
tes, devido à sua proximidade com o homem.
As temidas aranhas caranguejeiras, grandes e peludas, não oferecem risco de vida à pessoa picada,
sendo os sintomas apenas uma dor local, sem necessidade de maiores cuidados.
O gênero Lycosa, aranhas conhecidas como tarântulas, são aranhas comuns em jardins, pastos e gra-
mados, e não oferecem perigo às pessoas. Em caso de acidentes com esta aranha, os sintomas são caracterizados
por rubor e dor local, sem maiores conseqüências.

Tarântula Caranguejeira

Armadeira Viúva negra


Figura 9.2: Espécies de aranhas.

252
2.2 - Escorpiões

No Brasil existem várias espécies de escorpiões que podem causar danos à saúde humana, porém to-
dos pertencem ao gênero Tityus (Figura 9.3). A espécie mais importante é o escorpião amarelo (Tityus serrula-
tus) pela toxidade de seu veneno, seguida do escorpião preto (Tityus bahiensis) que causam a maioria dos aci-
dentes.
Os escorpiões têm hábitos noturnos, escondendo-se durante o dia em tocas, entulhos, dentro de resi-
dências em roupas, sapatos ou qualquer lugar protegido da claridade. Este hábito provoca o encontro com as
pessoas, principalmente quando vestem uma roupa ou calçam um sapato com escorpião dentro. A picada neste
caso é inevitável. Apesar de não atacar sem motivos, o escorpião sempre pica quando tocado.
Em caso de acidentes a dor é sempre um sintoma presente e sua intensidade dependerá da resistência
de cada pessoa e quantidade de veneno injetado. O tratamento da maioria dos casos de picadas de escorpião não
têm necessidade de se aplicar o soro específico. Os acidentes mais graves ocorrem com crianças e idosos.
É importante o acompanhamento e encaminhamento da pessoa acidentada ao hospital.

Figura 9.3: Escorpião.

2.3 – Abelhas, Vespas e Marimbondos

As abelhas, vespas e marimbondos provocam intoxicações sérias somente se houver grande número de
picadas, porém há pessoas alérgicas ao veneno destes animais, neste caso, a reação do veneno no organismo po-
de ser muito ativa, devido ao fator alérgico, podendo ocorrer conseqüências mais graves.
As pessoas alérgicas devem ser levadas ao hospital, mesmo que a quantidade de picadas forem poucas.

253
Capítulo 9 – Animais Peçonhentos – Aspectos Básicos

Os profissionais de topografia, trabalhando em campo, estão expostos a acidentes com estes animais,
portanto toda medida de segurança deve ser adotado, para se evitar perdas de produção e danos às pessoas da
equipe. Principalmente nos desmatamentos e roçadas manuais é que acontecem estes acidentes, pois são corta-
dos galhos que podem ter a casa das abelhas ou marimbondos.
As abelhas africanizadas (abelhas brasileiras com cruzamento com abelhas africanas), têm o veneno
potente, são muito agressivas e atacam em enxame, podendo provocar graves acidentes.

2.4 – Taturanas e Lacraias

Algumas taturana podem “sapecar” as pessoas, causando queimaduras sérias e muito dolorosas, um
simples contato com a taturana (lagarta de algumas espécies de borboletas) é o suficiente para que ela injete seu
veneno através de pequenas agulhas muito finas (cerdas), que ficam escondidas debaixo de seu pêlo.
De um modo geral, os acidentes não são graves, aparecendo somente uma irritação local, mas sempre
acompanhada de muita dor (dor de queimadura), sendo o tratamento sintomático, necessitando de cuidados mais
específicos em caso de complicações do envenenamento.
Porém deve-se ficar alerta com o estado físico do acidentado, pois já há registros de acidentes com
morte em algumas regiões do Brasil (principalmente região sul).
As lacraias causam geralmente acidentes leves, com sintomas locais de irritação e dor, não necessitan-
do de cuidados específicos. São animais que vivem principalmente em paus podres, cascas de árvores e debaixo
de folhas e que quando incomodados fogem (Figura 9.4).

Figura 9.4: Lacraia.

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2.5 - Cobras

As cobras por serem o animais que mais causam acidentes graves, será aqui estudada mais detalhada-
mente. Além de quadros estatísticos, características e métodos de identificação destes animais, aborda-se tam-
bém as medidas preventivas de acidentes em trabalhos de campo.

2.5.1 – Identificação de Cobras

Para um leigo, ou mesmo uma pessoa com algum conhecimento no assunto é arriscado tentar desco-
brir se uma cobra é venenosa ou não. Os critérios ensinados na escola primária e secundária, geram dúvidas e
erro, como por exemplo tentar identificar cobras venenosas pela cabeça triangular e rabo curto. Na figura 9.5
mostram-se quatro espécies de cobras onde as características usuais se confundem. Somente a primeira cobra é
venenosa, apesar de não ter características acentuadas de venenosa. A segunda cobra (Tropidodryas), é uma es-
pécie não venenosa mas possui cabeça triangular. A cobra coral da figura não é venenosa, mas confunde-se
com uma coral verdadeira. Boipeva, talvez seja a cobra que mais assusta as pessoas no campo, pois achata-se no
chão e dá botes quando incomodada, apesar de não oferecer nenhum risco às pessoas, pois não têm veneno.

Jararaca – VENENOSA Tropidodryas – NÃO venenosa

Falsa coral – NÃO venenosa Boipeva – NÃO venenosa


Figura 9.5: Espécies de cobras.

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Capítulo 9 – Animais Peçonhentos – Aspectos Básicos

Alguns conceitos para identificação são válidos, como por exemplo, a cobra que tem um furo entre o
olho e a narina chamado fosseta loreal (Figura 9.6) é venenosa. Esta informação está correta para todas as espé-
cies de cobras peçonhentas do Brasil exceto as cobras corais verdadeiras, que apesar de terem veneno não pos-
suem fosseta loreal.

Figura 9.6: Fosseta loreal.

Não se pode, então, confiar totalmente nas tabelas de identificação (Figura 9.7), pois podem induzir a
erros e falhas. São vários os exemplos de cobras não venenosa que apresentam características de serpentes pe-
çonhentas além de cobras peçonhentas que não apresentam características claras. Além disso cobras jovens são
de difícil identificação, pois suas características e dimensões não são claramente visíveis.

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As diferenças entre as cobras peçonhentas e não peçonhentas, nem sempre são claras e devem ser tra-
tadas com cautela, pois envolve risco de vida das pessoas acidentadas. Na dúvida leve a pessoa ao hospital para
que seja avaliada através dos sintomas.

Figura 9.7: Esquema não confiável de identificação de cobras.

São quatro os gêneros principais de cobras venenosas, sendo que para cada um existe um soro especí-
fico:
# Bothrops (jararacas, jararacuçus e urutus);
# Crotalus (cascavéis);
# Lachesis (surucucu);
# Micrurus (corais verdadeiras).

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Capítulo 9 – Animais Peçonhentos – Aspectos Básicos

Os nomes populares devem ser usados com restrições pois podem variar com as regiões do Brasil. Po-
de-se, porém de uma maneira prática utilizar o questionário esquemático abaixo (Figura 9.8), para identificar o
gênero das cobras venenosas, e o soro específico a ser utilizado.

TEM ANÉIS COLORIDOS COMPLETOS, PONTA DO RABO CURTA E OLHOS PRETOS


POUCO VISÍVEIS ?

"Corais verdadeiras"
NÃO SIM "Gênero MICRURUS"
"Soro ANTIELAPÍDICO"

TEM FOSSETA
LOREAL ?

"Cobras NÃO peçonhentas"


"Fam ília COLUBRIDAE"
NÃO SIM
"Fam ília BOIDAE"
"Fam ília ANILIIDAE"

TEM CHOCALHO NA
PONTA DO RABO ?

"Cascavéis"
NÃO SIM "Gênero CROTALUS"
"Soro ANTICROTÁLICO"
"Soro ANTIBOTRÓPICO/ CROTÁLICO"

TEM RABO COM


ESCAMAS ARREPIADAS
E PONTA DE OSSO ?

"Jararacas, Urutus e Jararacuçus" "Surucucus"


"Gênero BOTHROPS" "Gênero LACHESIS"
NÃO SIM
"Soro ANTIBOTRÓPICO" "Soro ANTILAQUÉTICO"
"Soro ANTIBOTRÓPICO / LAQUÉTICO" "Soro ANTIBOTRÓPICO / LAQUÉTICO"

Figura 9.8: Identificando cobras.

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3 – Prevenção de Acidentes

Para se tomar medidas de prevenção de acidentes com animais peçonhentos é necessário conhecimen-
tos sobre os hábitos destes animais e como acontecem os acidentes.
Com relação às cobras, pode-se prevenir grande parte das picadas com algumas ações sim-
ples,considerando que a grande maioria das cobras venenosas do Brasil são de hábitos terrestres, portanto esta-
tisticamente as pernas estão sujeitas a mais de 80% das picadas conforme o gráfico de percentuais de picadas
nas diversas parte do corpo (Figura 9.9).

.
Figura 9.9: Percentual de picadas de cobra nas partes do corpo.

O simples uso de calças compridas, botinas e perneiras pode-se evitar a maior parte dos acidentes. As
mãos quando em tarefas de risco, como por exemplo, cortar bambus ou limpar uma vegetação rasteira para co-
locação de um piquete, devem estar protegidas com luvas de raspa de couro (Figura 9.10).

Figura 9.10: Equipamentos de segurança.

259
Capítulo 9 – Animais Peçonhentos – Aspectos Básicos

Os acidentes na cabeça são raros, muito difíceis de acontecer, pois a maioria das cobras venenosas do
Brasil são de hábitos terrestres, somente em regiões de matas fechadas temos cobras venenosas arborícolas.
As cobras não têm comportamento agressivo e somente picam alguém quando são pisadas ou incomo-
dadas no seu habitat. Outro fator importante para prevenção de uma picada é ter conhecimento do alcance de um
bote da cobra, ou seja, qual o comprimento que uma cobra consegue atingir de onde ela estiver.
Experiências e estudos mostram que um bote atinge aproximadamente um terço do seu tamanho total.
Uma cobra de 1,20 m atinge uma pessoa em um raio de aproximadamente 0,40 m. As crendices, diga-se, muito
comuns no meio rural, que cobras dão botes de alguns metros, ou até mesmo voam, não têm fundamentação
técnica e podem ser comprovados na prática (Figura 9.11).

Figura 9.11: Bote.

Uma das principais atividades do profissional de topografia e sua equipe ocorre em áreas que exigem
determinados cuidados em relação aos animais peçonhentos.
A consciência atual de preservação do meio ambiente, não admite que ocorra extermínio destas espé-
cies. Portanto, cabe então a este profissional buscar o conhecimento claro dos perigos e formas de prevenção,
para que não seja necessário o abate deste animais. Desta forma, o estigma do tratamento ao profissional de To-
pografia e demais profissionais de campo, de serem "tachados" de "Mata-cobras" cairá no vazio.
Algumas medidas de prevenção em trabalhos de campo, para evitar-se acidentes com animais peço-
nhentos em geral:
# Andar sempre calçado, de preferência com botas, perneiras e calças compridas;
# Colocar luvas sempre que manusear entulhos, madeiras e ferramentas que estejam amontoadas;
# Não colocar as mãos em buracos ou em vegetação rasteira sem proteção de luvas;
# Sacudir as roupas antes de vestir, principalmente em alojamentos de obras em área rural;
# Não deixar as caixas dos equipamentos abertas e no mato;
# Manter as portas dos veículos da obra quando estacionados nas frentes de trabalho;
# Usar blusas de manga comprida e ter muita atenção e cautela nas roçadas manuais;
# Nunca manusear um animal peçonhento, mesmo que aparente morto.

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Em caso de acidente o melhor a fazer é levar a vítima ao hospital. Não faça nenhuma improvisação,
não amarre, não corte, não dê nada a pessoa para beber, a não ser água. Mantenha a vítima calma e em repouso,
mais nada.

Quadro 9.1: Acidentes x soro. Fonte: Instituto BUTANTAN.

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Capítulo 9 – Animais Peçonhentos – Aspectos Básicos

Observações e anotações - Cap. 9

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