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A fotografia foi um elemento fundamental da história do moderno

colonialismo português. Sem ela, a idealização e o conhecimento


sobre os territórios coloniais, seus recursos e populações, teriam
sido diferentes. As imagens fotográficas foram encenadas e
comercializadas, com diferentes propósitos. Passaram de mão
em mão, oficial e clandestinamente, ou foram esquecidas.
Ou destruídas. Documentaram sonhos e memórias individuais
e colectivos. Alimentaram a imaginação da dominação colonial,
concorrendo para a sua concretização. Ajudaram a moldar uma
visão do “outro” como essencialmente diferente, nos seus modos
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E J O A N A P O N T E S
de vida, costumes e mentalidades. Essa visão sustentou leis e
práticas de discriminação política, social, económica e cultural,
desenhadas ao longo de linhas raciais. As fotografias serviram
também para denunciar a iniquidade e a violência da colonização,
acalentando aspirações de um futuro mais humano e igualitário
– sonhos esses com diferentes matizes e orientações políticas.
Os seus usos no passado e os seus legados no presente foram
e são vastos, heterogéneos e duradouros. Visões do Império
dá-nos um vislumbre dos contextos de produção e de uso da
fotografia, relacionando-os com alguns dos eventos e processos
mais relevantes da história do império colonial português.

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D O M E U P O N T O D E V I S T A

E então e os Outros

Os tais incivilizados, os tais


domados, os tais conquistados
que não tiveram as suas histórias
contadas nos quadros das salas
E então Os Outros que amaram de aulas. Que ainda não as têm.
e educaram filhos que não eram Que ainda as esperam ter.
seus, que construíram casas,
estradas, fábricas, hospitais de E então Os Outros que se viram
que não beneficiaram. Se só despidos dos seus costumes,
fizeram, se só verteram sangue das suas tradições, dos seus
e suor durante e depois as suas nomes rejubilam no silêncio das
concepções. noites que se cobrem de escuras
possibilidades de voltarem a
E então Os Outros privados de viver quem são.
sentimentos de desespero e tristeza
porque a força do não sentir seria E tanto do Outro que somos
portanto a única arma contra o ontem e amanhã nós. E tanto
dominador. do Outro que esperamos
intensamente, que torcemos
E então Os Outros que passaram desesperadamente, que oramos
os testemunhos das suas agruras fervorosamente, que o mundo
de boca em boca, correndo o tenha a decência de não mais
risco dos mesmos se perderem usurpar.
no tempo, se perderem na falta
de detalhe, se perderem no não E então louvaremos e honraremos
estavas lá, só pode ser exagero. infatigavelmente Os Outros.

T E L M A T V O N
C A M P O S

Da geografia à medicina, passando pela antropologia, foram vários os


campos do conhecimento que foram chamados a sustentar a missão
de colonizar e “civilizar” os territórios e as populações sob soberania
portuguesa. A “ocupação científica” das colónias foi um desígnio
importante para o Estado imperial. As imagens do trabalho de campo
e progresso científico ajudaram a legitimar o domínio português de
terras e gentes distantes. Elas faziam prova do propósito supostamente
altruísta de elevação moral e material que presidia ao colonialismo,
português e europeu. A imagem da aplicação desses saberes científicos
fazia ainda repercutir a ideia, em muitos casos real, de um domínio
e controlo mais efectivos e de um progresso materializado. A essas
imagens, porém, correspondia uma realidade mais complexa, marcada
por uma frequente escassez de recursos humanos e materiais e pela
dependência muito substancial da cooperação das populações locais,
até ao fim do império.

C L Á U D I A C A S T E L O
E C A T A R I N A M A T E U S

D A C I Ê N C I A
11
O S “ O U T R O S ”

Para governar populações muito diversas foi necessário alargar o


conhecimento sobre as suas “tradições” e “usos e costumes”, sobre as
suas formas de organização e interacção social, sobre as respectivas
práticas políticas, económicas e sócio-culturais. Sem esse conhecimento,
a recolha de impostos, a obtenção de mão-de-obra ou a exploração das
matérias-primas coloniais seria impossível. Esse processo, por sua vez,
reforçou ideias de diferença essencial face ao “outro”, obscurecendo
traços comuns a toda a humanidade. As imagens fotográficas foram
poderosos instrumentos para este fim, sublinhando o “exótico”, o “atraso”,
às vezes tornando-se de carne e osso, como nos infames “zoos humanos”.
Desta forma, projectaram, de forma mais persuasiva e eficaz, a ideia de
“desigualdade natural” das raças, legitimando a tutela europeia sobre
um conjunto muito diverso de seres humanos, validando a sua subjugação
e exploração. Os seus efeitos ainda hoje se fazem sentir.

M I G U E L B A N D E I R A J E R Ó N I M O
E J O A N A P O N T E S

D O C U M E N TA D O S
( E E X I B I D O S )
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D O M E U P O N T O D E V I S T A

O “outro” arquivado
A S “ P R O V A S ”

O lugar da produção fotográfica colonial nos arquivos está definido


a priori, porque nelas o “outro” descrito na imagem só existe enquanto
objeto observado. Identificar e catalogar a diferença foi sempre respon-
sabilidade daqueles que definiam os cânones, por serem os cérebros
criadores e os sujeitos que identificavam o padrão a seguir. Olhavam
sempre para o “outro” como o diferente, como objeto de análise, sem
considerarem a hipótese de, por sua vez, estarem também eles a ser
observados. Os sujeitos que definiam os cânones não se consideravam
diferentes de ninguém. Eram eles a regra, a referência e a lei. Os fotogra-
fados, ou seja, os “indígenas”, os “nativos”, os “exóticos”, os “assimilados”,
etc., esses, sim, eram diferentes, curiosidades. Aqueles que fotografavam,
ou mandavam fotografar, eram o modelo a seguir, a hegemonia que
criava e impunha as regras, os modelos, os modos de olhar.

C A R M E N R O S A

D A “ C I V I L I Z A Ç Ã O ”
M I G U E L B A N D E I R A J E R Ó N I M O
E J O S É P E D R O M O N T E I R O

O “cacau escravo” De “pacificação em “pacificação”

A abolição do tráfico de escravos e mais importantes exemplos. A projecção da autoridade e da Mas a fotografia documentou ainda
da escravatura no império português Baseado em denúncias da violação soberania, por vezes laboriosa- a violência material e simbólica
(século XIX) não conduziu ao fim de da liberdade dos milhares de an- mente encenada, foi um elemento que marcou a colonização, de
formas de trabalho coercivas e de golanos e moçambicanos que eram constante do colonialismo. Neste “campanha de pacificação” em
desumanas condições laborais. obrigados a emigrar para trabalhar processo, a fotografia foi decisiva, “campanha de pacificação”, até
Sucedeu-lhe a legalização do nas roças de São Tomé e Príncipe, estimulando visões de poder e às independências. Muitas dessas
trabalho forçado, visando apenas envolveu missionários, industriais, ordem, lealdade e obediência, imagens ainda hoje perduram
as populações colonizadas. As jornalistas, médicos, roceiros e “civilização” e “progresso”. O seu no imaginário colectivo sobre
acusações de prevalência de uma autoridades públicas. As imagens poder simbólico foi notório. o passado colonial.
“escravatura moderna” no império capturadas serviram diversos
multiplicaram-se, sobretudo prove- propósitos: eram as “provas” da
nientes do estrangeiro, adquirindo “civilização” contra as “provas” da
uma expressão internacional. O “selvajaria civilizada” do colonia-
caso do “cacau escravo” foi um dos lismo, português e europeu.

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“Das dificuldades de levar


os indígenas a trabalhar”

Como superar as “dificuldades de levar os indígenas a trabalhar” e


contrariar a suposta “indolência natural” das comunidades nativas?
De cariz vincadamente racista, as respostas das autoridades portuguesas
foram unânimes num aspecto: sem os braços africanos, a criação de
“novos Brasis em África” era impossível. Essa mão-de-obra foi decisiva
nas “missões científicas”, na construção de infraestruturas, na extracção
de matérias primas e nas plantações, e até na “pacificação” dos colonizados.
A “obrigação moral de trabalhar”, aplicável apenas a africanos, por vezes em
“condições análogas à escravatura”, predominou nos discursos políticos,
nos textos legislativos, nas práticas administrativas. A lei assim o traduziu
até 1962. A “missão civilizadora” portuguesa dependeu dela, muito mais
do que da educação ou da conversão religiosa. Apesar da retórica e da
propaganda, amplamente fomentada pelo registo fotográfico, a “civilização
pelo trabalho” perdurou. A desigualdade salarial e de direitos e provisões
sociais marcou as relações laborais e sociais até ao fim do império.

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As “oficinas da alma”

A educação e a evangelização Para isso contribuiu a exiguidade Podem, contudo, identificar-se, no inúmeras encenações visuais com
foram proclamadas, desde muito dos recursos humanos e materiais, campo da fé organizada, diferenças fins políticos, a discriminação racial
cedo, como objectivos da “missão mas também a escassa vontade importantes entre os sectores nunca deixou de estar presente,
civilizadora” por governantes, au- política de dotar as vastas popu- católicos e protestantes, desde apesar de alguns esforços mais
toridades religiosas e educativas. lações africanas dos mesmos logo na maior proximidade e tardios, sobretudo a partir da
A sua concretização, contudo, instrumentos e direitos de que dependência dos primeiros em década de 1960, para alargar o
esteve longe de corresponder à gozavam os europeus. relação às administrações coloniais. acesso ao ensino das populações
retórica imperial. No plano da educação, apesar das autóctones.
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O S M U N D O S
Povoar, reordenar e controlar
D O

Desde finais do século XIX, a possibilidade de transformar Angola e


Moçambique em colónias de povoamento branco foi regularmente
discutida, sem grande sucesso. A emigração portuguesa dirigia-se
sobretudo para o Brasil. A esse facto somaram-se os receios do Estado
Novo face aos efeitos políticos e sociais da chegada de metropolitanos
pouco educados ou sem capital às colónias. A partir dos anos 50, a
maioria dos que migraram para África fixou-se nas cidades, ocupou-se
no sector terciário e posicionou-se numa estrutura social assente na
desigualdade racial. O “povoamento branco” foi tomado como ins-
trumento ao serviço do desenvolvimento das colónias. Contudo, os
esforços de uma colonização organizada e dirigida não se destinavam
somente às populações brancas. Estenderam-se às populações africanas,
procurando contribuir para o seu “desenvolvimento” económico e social,
ao mesmo tempo que propiciavam um controlo social mais apertado.
Essa tendência agravar-se-ia com as guerras de descolonização: a “con-
centração” das populações, associada à transferência forçada, sobretudo
de mulheres e crianças para “aldeamentos estratégicos”, representou
uma estratégia central da “contra-subversão” portuguesa, combinando
( S U B ) repressão com “desenvolvimento”. Muitas fotografias registaram estas
dinâmicas, por vezes com intuitos de propaganda.
D E S E N V O L V I M E N T O

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C L Á U D I A C A S T E L O
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A batalha do desenvolvimento

A promessa de progresso e elevação material esteve intrinsecamente


ligada à expansão portuguesa em África. O chamado “fomento colonial”
foi sobretudo encarado como crescimento económico. Só na década de
1960 é que a provisão de serviços sociais começou a ter algum relevo.
Contudo, o acesso aos seus benefícios continuaria a ser marcado por uma
profunda desigualdade, marcadamente racial. As normas e os programas
avançados por organizações internacionais, que colocavam a tónica no
desenvolvimento e emancipação dos indivíduos e das comunidades locais,
foram apropriados de forma selectiva e instrumental: era importante
demonstrar alguma conformidade com agendas internacionais, mesmo
que as motivações e os resultados desejados fossem distintos, ou seja,
a manutenção da ordem colonial. Com a crescente agitação política
e militar, os planos de desenvolvimento passaram crescentemente a
incorporar ponderações securitárias e militares. A “batalha do desen-
volvimento”, que incluiu o uso sistemático da fotografia, foi um factor
importante na resistência aos “ventos da mudança”.

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A S P R ÁT I C A S

As dinâmicas de desenvolvimento social e económico que marcaram


as colónias portuguesas na segunda metade do século XX transformaram
as realidades sociais de modo profundo. Foi, sem dúvida, o caso das
cidades, nas quais um cada vez maior número de africanos chegava,
fugindo do trabalho forçado, das culturas obrigatórias e do poder
discricionário das autoridades coloniais e “tradicionais” característicos
dos meios rurais. Os africanos foram a principal força de construção da
cidade “europeia”, sendo, contudo, remetidos para subúrbios segregados,
nos quais preservaram crenças, tradições e filiações étnicas. Mas também
abraçaram aquilo que a cidade moderna lhes oferecia. Organizaram
clubes e competições desportivas, iniciaram-se no cinema, recriaram
práticas musicais e apropriaram-se de estilos globais. Alguns destes
filhos das periferias revelaram-se talentosos intérpretes, no desporto
ou na música. Alguns foram instrumentalizados pelas autoridades:
eram úteis para propagandear o lusotropicalismo dominante num
tempo de crescente contestação ao domínio português em África.
No terreno, contudo, as lógicas de discriminação continuavam.

N U N O D O M I N G O S

D A C U L T U R A
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A S G U E R R A S

O eclodir dos conflitos militares em Angola em 1961, e o seu alastramento


a outros territórios, nos anos seguintes, foi acompanhado pela produção
e circulação em massa de fotografias. Os seus usos foram diversos:
deram corpo a estratégias de propaganda e de relações públicas (pouco
devedoras dos factos) e alimentaram discursos de denúncia ou de apologia
do domínio português, em Lisboa e Luanda, nos jornais de Londres ou
na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque. Estas “provas”
foram reproduzidas em jornais e livros à escala global. Documentaram
(e manipularam) atrocidades, o quotidiano das tropas e as coreografias
do conflito. Espelharam as vitórias e o sofrimento, individuais e colectivos,
de “uns” e dos “outros”. Nestas imagens reproduzem-se aspectos militares
e estratégicos, mas também outras dimensões sociais e culturais que
marcaram os conflitos. Nelas encontramos a dor e a fé, a dúvida e a
certeza. A euforia e o lamento. Os mundos plurais da guerra, e o seu
cortejo de agruras.

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J O S É P E D R O M O N T E I R O , J O A N A P O N T E S ,
A F O N S O D I A S R A M O S

D A G U E R R A
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E J O S É P E D R O M O N T E I R O

O reino da (in)visibilidade

Na segunda metade do século XX, as colónias portuguesas eram conhecidas


como o reino da invisibilidade na imprensa internacional. Com a guerra,
a propaganda e a censura do regime redobraram os esforços para condi-
cionar o acesso da opinião pública às imagens relacionadas com o
conflito. Isso não impediu que os massacres iniciados no Norte de
Angola contra a presença colonial, em Março de 1961, gerassem a maior De Luanda a Nova Iorque
campanha de imagens chocantes do mundo, promovida pelas au-
toridades portuguesas. Em sentido contrário, uma só fotografia que
remetesse para as represálias que se seguiram, infligidas por militares
e milícias portuguesas, valia pena de prisão. São poucas as imagens O moderno colonialismo por- As denúncias versavam sobre
de guerrilheiros, ora invisíveis, ora retratados como canibais, visando tuguês foi alvo de denúncias e a discriminação étnico-racial, a
suscitar o pânico moral. A exibição pública dos cadáveres das vítimas acusações internacionais desde repressão das liberdades civis,
era útil para o regime, justificando a resistência militar à descolonização. os seus primórdios. a ausência de direitos políticos
Para mobilizar a sociedade civil para o esforço militar, intimidar rebeldes Num contexto marcado por e as violações dos direitos huma-
e silenciar críticos, o regime promoveu ainda um cuidadoso culto de debates sobre a descolonização nos, associadas à exploração do
imagens de harmonia multirracial e consenso social. A visualidade era europeia, a resistência portuguesa trabalho forçado, por exemplo. Na
uma manifestação assimétrica do poder, e teve um papel central na em encetar reformas políticas e Organização das Nações Unidas,
conduta de guerra, no modo como foi registada e hoje é recordada. sociais efectivas e, sobretudo, os portugueses esforçaram-se por
em reconhecer o direito de auto- contrariar as acusações, recorrendo
-determinação das populações a fotografias que procuravam
coloniais intensificou as críticas. comprovar a suposta harmonia
e progresso sociais vigentes.

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D O M E U P O N T O D E V I S T A

No improvisado quadro negro Esta imagem, esta simples imagem


faziam-se contas. Essa aritmética pode ser um testemunho que
ia para além dos números e das nega o esquecimento. Esta imagem
operações de adição. Ali se teima em testemunhar: este crime
multiplicava o destino. existiu, este passado aconteceu,
esta gente pertence ao grupo
dos sobreviventes.

Alguns anos após o boicote aos


autocarros em Montgomery,
Alabama (EUA), e pouco tempo
depois dos “motins de Luanda”,
de 1961, uma fotografia fornecida
pela delegação portuguesa mos-
trava brancos e negros a partilhar
os assentos de um autocarro.
Centenas de documentos – textos
e imagens – atestavam o contrário
do que a fotografia insinuava.

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As pessoas parecem feitas de luz.
Reina aqui um sentimento de
ordem, a resignada espera pela
chegada de uma autoridade que irá
emergir do edifício que, lá ao fundo,
pode ser uma simples fachada.

Eis a arrumação do caos. Sobre a


mesa (será uma mesa, um leito,
um esquife?) repousam as roupas
convenientemente dobradas (a O que por um instante é fingimento,
bandeira é a roupa de um país?). no minuto seguinte se converte
na mais cruel realidade.

Do outro lado do rio, mora o A medalha de guerra premeia


desconhecido. O mato. A floresta. a bravura ou a traição? Celebra
Nessa bruma escondem-se solda- a lealdade ou a crueldade? Esta
dos adversários. Mas a verdadeira cerimónia de condecoração não
guerra faz-se sempre contra um tem cenário, não existe nem tempo
inimigo invisível. nem lugar. É uma cerimónia sem
cerimónia.

M I A C O U T O
J O A N A P O N T E S

Sinais de vida

Encontrei na Feira da Ladra esta fotografia de um militar que desconheço.


Não sei o seu nome, nem que lugar é este em África. Pelas divisas postas
na farda, vejo que é um 1º cabo. Pelo emblema visível no boné, que é
de Infantaria e que pertence a uma Companhia de Caçadores. Está em
uniforme de combate, junto a um pequeno altar, talvez a capela da
Companhia. Atrás, uma imagem de Nossa Senhora de Fátima. À semelhança
de muitas outras, esta fotografia terá circulado entre África e a Metrópole,
em carta ou num aerograma, avivando a memória de quem partiu e de
quem ficou, pois os olhos querem ver o que o coração não esquece.
Estar a milhares de quilómetros de distância de casa, pelo menos dois
anos, revelou-se uma vivência que deixou marcas para sempre.
À semelhança de tantas outras que circulam hoje no espaço público,
esta imagem mostra-nos apenas um homem em corpo inteiro, em pose
para o fotógrafo. É possível descobrir nos pequenos pormenores o que
se julga oculto? Alguém, com uma máquina fotográfica, cristalizou uma
fracção de tempo, um momento em que comparecem memória e história.
É essa a ponte que a fotografia nos oferece.

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D O M E U P O N T O D E V I S T A

Os instantes do conflito

Portugal envolveu-se num conflito colonial em três territórios africanos


a partir de 1961-1964. Foi uma decisão política fora de tempo. Interna-
cionalmente, foi insensata e desafiadora da comunidade das nações.
Mas, para o regime, foi a justificação da sua própria sobrevivência.
De facto, encetar negociações seria, para o Estado Novo, pôr em causa
um dos seus pilares ideológicos, o mito do Portugal multirracial e pluri-
continental. Foi necessário que o Movimento das Forças Armadas, em 25
de Abril de 1974, tomasse o poder, para que Portugal abrisse negociações
com os movimentos de libertação, pondo fim à guerra e concretizando
as aspirações dos povos coloniais. As visitas que fazemos a este período
da recente história de Portugal e dos novos países confrontam-nos com
um mundo que deixou subitamente de existir, mas cujas marcas se
escondem nas sociedades herdeiras, que continuam magoadas, sensíveis
aos argumentos perpetuados pelas respetivas dores, embora na sua
maioria disponíveis para discutir o passado, e preparar futuros equilibrados.
Neste contexto, a fotografia é um documento fascinante, porque nos
permite “ver” um instante que existiu, suscitando infindáveis perguntas.

A N I C E T O A F O N S O
V I S Õ E S D E

A fotografia não deixou de desempenhar um papel importante na


documentação da emancipação política associada à descolonização.
Forjadas e inspiradas nas lutas anti-coloniais e nos projectos políti-
cos que lhes sucederam, as imagens dos “novos” homens e mulheres
independentes tornaram-se centrais nas retóricas visuais e escritas dos
novos poderes. Novas pontes entre margens fustigadas pela destruição,
a discriminação e a pobreza, foram ambicionadas. As narrativas de cons-
trução nacional definiram-se também pelo confronto com a história,
com o património e os legados do período colonial, da estatuária a
violentos episódios, tristemente memoráveis. Essas visões da inde-
pendência contrastaram com imagens distintas, que documentavam a
urgência da partida, o abandono e o “retorno”, muitas vezes a locais de
onde nunca se havia na verdade partido. Tais imagens registavam para
a posteridade a perda abrupta de privilégios e direitos adquiridos, pelo
esforço individual, mas também em resultado de condições de aguda
discriminação racial. Com significados e usos diversos, estas imagens
marcaram indelevelmente o período da descolonização e continuam
a condicionar as memórias do passado colonial.

M I G U E L B A N D E I R A J E R Ó N I M O
E J O A N A P O N T E S

I N D E P E N D Ê N C I A
D O M E U P O N T O D E V I S T A

Um não lugar
(a propósito de Nação)

falo de um não lugar falo de um não lugar


onde se vive a realidade onde existem
da sombra os que calam
um não lugar porque o privilégio
de não legitimação permite escolha
de pertença falo de um não lugar
um não lugar onde o passado
onde foi branqueado
o Insulto o Presente
a Indiferença capturado
a Invisibilização e o futuro é
a agressão sempre adiado
a Impunidade falo de um não lugar doente
são a norma…

M Y R I A M T A Y L O R

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D O M E U P O N T O D E V I S T A
Nação

R O M A R I C T I S S E R A N D
REFERÊNCIAS FOTOGRÁFICAS

P Á G _ 2 E 3 P Á G _ 1 5 OS MUNDOS DO AS GUERRAS DA GUERRA


“Estúdio no boulevard. Fotografia do Sebastião “Quissama. Mulheres indígenas. Da esquerda ( S U B ) D E S E N VO LV I M E N TO
P Á G _ 3 4
Langa”. Ricardo Rangel. Lourenço Marques. 1962. para a direita administrador do Cazengo, médico
P Á G _ 2 4 “Aldeamento em Angola”. Autor não identificado.
CDFF-Centro de Documentação e Formação Pimentel d’Abreu, Mendonça”. Luís Carisso. Ju-
Fotográfica – Moçambique. nho, 1927. Missão botânica, Angola 1927-1937. “Chegada de colonos”. Ricardo Rangel. Lourenço s.d. Colecção Komitee Zuidelijk Afrika-Mondlane
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Positivo digital a partir de negativo em suporte de O Sr. marquês de Piscicelli preparando um em Moçambique”. Autor não identificado. 1954. a Cruz de Guerra da 4.a classe, 10/6/1967”. Autor
exemplar para as fotografias de estudo de S.A.”. Moçambique. PT-AHU-AGU_ID17025. Fundo Agência não identificado. Empresa Pública Jornal O Século,
vidro/Gelatina sal de prata,13x18cm.
I. R. Carvalho. 1909. Companhia de Moçambi- Geral do Ultramar. Arquivo Histórico Ultramarino. Álbuns Gerais n.º 196, doc. 096.
que, Arquivo Fotográfico, nº 8 PT/TT/CMZ-AF-G- PT/TT/EPJS/SF/001/001/0176/1558AS. Imagem
CAMPOS DA CIÊNCIA T/E/29/2/8. Imagem cedida pelo Arquivo Nacional P Á G _ 2 6 E 2 7 cedida pelo Arquivo Nacional Torre do Tombo.
Torre do Tombo. “Moçamedes - bairro para trabalhadores”.
P Á G _ 8 P Á G _ 3 7
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OS “OUTROS” Libraries. mente no Hospital de Ziguinchor”. Autor não iden-
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P Á G _ 1 4 P Á G _ 2 2 E 2 3
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PAIGC”. Autor não identificado. c. 1963-1973. Fundo:
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P Á G _ 4 2 A F O N S O D I A S R A M O S
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e Humanas, Universidade Nova de Lisboa. Alexandre Pomar Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT)
P Á G _ 4 5 A N I C E T O A F O N S O Armando Oliveira Fundação Mário Soares e Maria Barroso
Autor não identificado. s.d. Angola. Colecção Coronel na situação de reforma, Historiador. Arquivo de Botânica da Universidade de Coimbra Fundação Portuguesa das Comunicações
Komitee Zuidelijk Afrika-Mondlane Stichting.
COLL00150. International Institute of Social C A R M E N R O S A Arquivo de História Social – Instituto de Ciências Fundo Kok Nam e Alves Gomes
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Cultural/ DADB. Arquivo Histórico de São Tomé e Príncipe
“Em Bengo, perto de 31 de Janeiro, uma coluna Instituto de Investigação Científica Tropical
mixta ocupou a povoação. Daqui era originário C A T A R I N A M A T E U S Arquivo Histórico Ultramarino International Institute of Social History
Lumunba (seus avós nasceram em Bengo)”. Autor Conservadora-Restauradora e Curadora Arquivo Municipal do Porto (Amesterdão)
não identificado. 1962-07-18. Empresa Pública das coleções de fotografia do Museu Nacional
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de História Natural e da Ciência / Instituto de
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pelo Arquivo Nacional Torre do Tombo.
Arquivo do Santuário de Fátima Margarida Dias da Silva
C L Á U D I A C A S T E L O
Historiadora, Investigadora do projecto Os mundos Arquivo Porto de Lisboa Mikko Pyhälä
VISÕES DE do (sub)desenvolvimento: processos e legados do Biblioteca de Arte Fundação Calouste Gulbenkian Museu Nacional de História Natural e da Ciência
INDEPENDÊNCIA império colonial português em perspectiva com- Biblioteca Nacional de Portugal Museu Antropológico da Universidade de Coimbra
parada (1945-1975), Centro de Estudos Sociais,
P Á G _ 4 6 Universidade de Coimbra. Carla Coimbra Paul A. Blake
Autor não identificado. Julho, 1974. Luanda, Angola. Centro Português de Fotografia Projecto “Os mundos do (sub)desenvolvimento:
J O A N A P O N T E S
Colecção Komitee Zuidelijk Afrika-Mondlane processos e legados do império colonial português
Realizadora, Professora e Investigadora, CEI-IUL. Centro de Documentação e Formação Fotográfica
Stichting. COLL00150. International Institute of em perspectiva comparada (1945-1975)”
CDFF Moçambique
Social History (Amesterdão). J O S É P E D R O M O N T E I R O (PTDC/ HAR-HIS/31906/2017 | POCI-01-0145-FE-
Confederação - Colectivo de Investigação Teatral DER-031906; Centro de Estudos Sociais da
Historiador, Investigador do Centro de Estudos
“Mozambique, Lourenço Marques, May-June Diamang Digital Universidade de Coimbra)
Sociais - Universidade de Coimbra.
1975: Portuguese colonials in the harbour of
Lourenço Marques shipping their possessions to Direcção-Geral do Património Cultural / Arquivo de RTP
M I A C O U T O
Portugal in the wake of independence”. Frits Ei- documentação Fotográfica (DGPC/ADF) Vende-se Filmes
Biólogo e Escritor. Vencedor do Prémio Camões.
senloeffel Digital Photo Collection. International Fototeca do Centro de Estudos Geográficos, United Nations Archives and Records Management
Institute of Social History (Amesterdão). M I G U E L B A N D E I R A J E R Ó N I M O IGOT, Universidade de Lisboa Section (Nova Iorque)
Historiador, Professor Associado da Universidade
de Coimbra, e Investigador do Centro de Estudos
P Á G _ 4 8 Sociais (UC). Coordenador do projecto Os mundos
do (sub)desenvolvimento: processos e legados do
“Ponte reconstruída, Gilé, província de Zambézia, império colonial português em perspectiva comparada
1989”. Kok Nam. Moçambique. Fundo Kok Nam. (1945-1975).
P Á G _ 5 0 E 5 1 M Y R I A M T A Y L O R A P O I O S : C O - F I N A N C I A D O P O R :
Nação - Romaric Tisserand. Instalação mista. Artivista, Defensora de direitos humanos & anti-
Wallpaper e Vídeo. Produção Lightdreams Produc- -racista, inovadora social, co-fundadora MUXIMA Bio.
tions Landscapes – Nicolas Mandelbaum 5’ 12’’
N U N O D O M I N G O S
© 2014 O artista e Lightdreams Productions
Antropólogo, Investigador Auxiliar do Instituto
de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
R O M A R I C T I S S E R A N D
Artista visual e performer.
T E L M A T V O N
Assistente Social, Performer, Rapper e Escritora.
EXPOSIÇÃO

VISÕES DO IMPÉRIO

16 . 05. 2021 30 . 12 . 2021

COORDENAÇÃO S E C R E TA R I A D O VÍDEOS DE
Margarida Kol de Carvalho EXECUTIVO DIVULGAÇÃO E
Maria Cecília Cameira Conceição Romão MEMÓRIA FUTURA
Rui Branquinho
CURADORES MEDIAÇÃO
Miguel Bandeira Jerónimo CIENTÍFICO- PROJECTO
PEDAGÓCICA AUDIOVISUAL
Joana Pontes
Monstro Criativo
Serviço Educativo - Padrão
TEXTOS dos Descobrimentos
Afonso Dias Ramos
TRADUÇÃO
Aniceto Afonso CONCEPÇÃO Ana Macedo
Carmen Rosa PLÁSTICA E
Catarina Mateus REALIZAÇÃO C O N S E RVA Ç Ã O
Cláudia Castelo António Viana P R E V E N T I VA
Joana Pontes Maria Helena Nunes
José Pedro Monteiro - Mão de Papel, Lda
ASSISTENTE
Mia Couto
DE REALIZAÇÃO
Myriam Taylor
Nuno Magalhães V I N I S E PA P E L
Miguel Bandeira Jerónimo
D E PA R E D E
Nuno Domingos
DESENHO Escarigo Factory
Telma Tvon
GRÁFICO DA - Centro de Produção Digital

I N S TA L A Ç Ã O EXPOSIÇÃO
ARTÍSTICA Rita Neves PROJECTO DE
LUMINOTECNIA
Romaric Tisserand
IMAGEM E Vitor Vajão

VÍDEO- M AT E R I A I S
C O M E N TÁ R I O GRÁFICOS CONSTRUÇÃO
Oland - Denominação J.C. Sampaio
Myriam Taylor
de Origem Criativa

W W W. PAD RAO D O S D E S CO B R I M E N TO S . PT

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