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Ficheiro 2 - Tese
Ficheiro 2 - Tese
2015
abstract Given that there are few studies on the determinants and bases that influence
ethical decisions of health professionals, the aim of this study was identify
and compare the ethical attitudes of health professionals as well as the
categories of the reasons for such decision making. Descriptive, quantitative
and qualitative cross-sectional study, in the scope of descriptive ethics, whilst
empiric research, of the non-normative type, in which 163 health
professionals were inquired, 77 doctors and 86 nurses, from health centers
of the central region of Portugal. The aim were identify and compare the set
of the professionals’ ethical attitudes and the justifications they used to
explain their decision making in face of ethical problems. A validated scale to
assess the professionals’ ethical attitudes was used in the study through a
questionnaire. On a second moment, the health professionals were asked to
list ethical problems from the reading of three hypothetical cases and
consecutively recommend a solution for those situations, justifying their
suggestion. The results point out that the professionals’ ethical attitudes are
not influenced by gender, age or years of activity. However, doctors in relation
to nurses seem to have firmer ethical attitudes towards the rights aimed at the
patient's autonomy, as well as health professionals working in the health sub-
region of Viseu and Aveiro and in urban areas. The ethical problems in
primary healthcare are, in general, daily healthcare concerns. Doctors and
nurses, in general, are concerned with preserving patients’ individual rights,
but they do so protecting the bonding relationships in a blend of principalism
and caring approaches.
abreviaturas e siglas α – Alpha de Cronbach
aC – Antes de Cristo
ACeS – Agrupamento de Centros de Saúde
APIFARMA – Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica
APMCG – Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral
APMGF – Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar
ARS – Administração Regional de Saúde
ARS-C – Administração Regional de Saúde do Centro, IP
CDOM – Código Deontológico da Ordem dos Médicos
CES – Comissão(ões) de Ética para a Saúde
CES-ARSN – Comissão de Ética para a Saúde da Administração Regional
de Saúde do Norte
CNECV – Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida
CNPD – Comissão Nacional de Proteção de Dados
coord. – Coordenador(es)
CS – Centro(s) de Saúde
CSP – Cuidados de Saúde Primários
DAV - Diretivas Antecipadas de Vontade
Dec-Lei – Decreto-Lei
DGS – Direção-Geral de Saúde
DIM – Delegados de Informação Médica
ed. – Editores
EF – Enfermeiro de Família
EUA – Estados Unidos da América
EURACT – European Academy of Teachers in General Practice
FR – Fatores de Risco
GMC – General Medical Council
ICJME – International Committee of Medical Journal Editors
IF – Indústria Farmacêutica
LPD – Lei de Proteção de Dados
MBE – Medicina Baseada na Evidência
MCDT – Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica
MCSP – Missão para os Cuidados de Saúde Primários
MGF – Medicina Geral e Familiar
MF – Médico de Família
OMS – Organização Mundial de Saúde
pág. – Página nº
PpD – Pagamento por Desempenho
P4P – Pay for Performance
q. – Questionário nº
RCGP – Royal College of General Practitioners
SA – Sociedade Anónima
SAM – Sistema de Apoio ao Médico
SAPE – Sistema de Apoio ao Enfermeiro
S.l. – Sem local
SINUS – Sistema de Informação de Unidades de Saúde
SNS – Serviço Nacional de Saúde
SPA – Setor Público Administrativo
SRS – Sub-Região de Saúde
SSP – Sistema de Saúde Português
TAC – Tomografia Axial Computorizada
UCC – Unidades de Cuidados na Comunidade
UCSP – Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados
USF – Unidade de Saúde Familiar
USP – Unidade de Saúde Pública
vol. – Volume
WHO – World Health Organization
WONCA – World Organization of Family Doctors
índice
Introdução .………………………………………………………………………………………. 21
Fase I
- Ética e Cuidados de Saúde Primários
- 1. Cuidados de Saúde Primários ……………………………………………………………. 39
-- 1.1. O Conceito de Cuidados de Saúde Primários …………………………...………….. 39
-- 1.2. O Sistema de Saúde Português …………………………………………...….……… 45
- 2. O Serviço Nacional de Saúde ……………………………………………………………. 55
-- 2.1. Os Hospitais ………………………………………………………….……...………….. 56
-- 2.2. Os Centros de Saúde …………………………………………...……………..………. 59
- 3. Os Profissionais Nucleares dos Cuidados de Saúde Primários …………..………….. 69
-- 3.1. O Médico de Família …………………………...……................................................ 69
-- 3.2. O Enfermeiro de Família …………………………………………...….…................... 76
- 4. Ética em Cuidados de Saúde Primários ……..………………………….………………. 87
-- 4.1. Ética ..…………………………………………………………………………………….. 87
-- 4.2. Teorias da Bioética ..……………………………………………………………………. 91
- 5. Atitude Ética dos Profissionais de Saúde de Cuidados de Saúde Primários:
Abordagem Empírica …..…………………………………………………………...……….. 103
- 6. Questões, Objetivos e Hipóteses de Investigação ……...……………………………... 113
-- 6.1. Questões de Investigação ……………………………………………………………... 114
-- 6.2. Objetivos ……….……………………………………………………….……………….. 115
-- 6.3. Hipóteses ………………………………………………………………………………... 116
Fase II
- 7. Metodologia ………………………………………………………………………….......... 121
-- 7.1. Metodologia Utilizada …………………………………………………………………... 121
-- 7.2. Abordagem Quantitativa .………………………………………………………............ 125
-- 7.3. Abordagem Qualitativa ……………...…………………….………………..………….. 131
-- 7.4. Recolha de Dados …………………………………………………...…………………. 134
-- 7.5. Triangulação dos Dados Qualitativos e Quantitativos …………...…………………. 139
Fase III
- Estudo Descritivo efetuado em Centros de Saúde da Administração Regional de
Saúde do Centro
- 8. Resultados do Estudo Qualitativo ………………………………………..……………… 145
- 9. Resultados do Estudo Quantitativo …………………………..……….…….……........... 155
- 10. Discussão ……………………………………………………………..…………………... 163
Anexo
- 1. Escala de atitudes perante os direitos à informação e ao consentimento …………... 179
Apêndices
- 1. Variáveis a Estudar ………………………………………………………………………... 183
- 2. Respostas dos inquiridos aos casos apresentados na terceira parte do
questionário ..…………………………………………………………………….…………… 189
- 3. Grelha de categorias fundamentada sobre os conteúdos das respostas dos
inquiridos ………………………………………………………………………….………….. 217
- 4. Questionário da Investigação …………………………………………………………….. 221
- 5. Parecer da Comissão de Ética para a Saúde, do Centro de Saúde de São João, do
Porto …………………………………………………………………………………………... 231
- 6. Autorização do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde do Centro
…………………………………………………………………………………....................... 233
- 7. Carta aos Diretores de Centros de Saúde ………………………………...…..……….. 235
- 8. Termo de Responsabilidade do Investigador …………………………………………... 237
- 9. Análise da Deliberação nº 227/2007 da Comissão Nacional de Proteção de Dados 239
- 10. Artigos publicados ..………………………………………………………………………. 243
índice de quadros e
- Quadro I: Perguntas a serem respondidas durante a análise de cada caso …………... 96
gráficos
- Quadro II: Índices das categorias …….……………..…….………………………………... 100
- Quadro III: Classificação dos artigos quanto ao tipo de estudo e aos profissionais
envolvidos …………………………………………………………………………………….. 104
- Quadro IV: Centros de saúde por sub-região de saúde, número total e número de
aleatorizados ……………………………….……………………….………………………... 126
- Quadro V: Médicos de família dos centros de saúde por sub-região de saúde,
número total e número pelos CS aleatorizados ……………………….…....................... 126
- Quadro VI: Enfermeiros dos centros de saúde por sub-região de saúde, número total
e número pelos CS aleatorizados ……………………………...………………………….. 126
- Quadro VII: Distribuição dos elementos da amostra de acordo com características
socioprofissionais ………………………….…………….…………................................... 145
- Quadro VIII: Categorias das respostas aos casos apresentados ……...…….…………. 146
- Quadro IX: Categorias das respostas aos casos apresentados, segundo o sexo ……. 146
- Quadro X: Categorias das respostas aos casos apresentados, segundo a profissão ... 147
- Quadro XI: Categorias das respostas aos casos apresentados, segundo a área de
trabalho …..…………………………………………………………………………………… 148
- Quadro XII: Categorias das respostas aos casos apresentados, segundo o grupo
etário ………………………………………………………………..…………………………. 149
- Quadro XIII: Distribuição dos elementos da amostra de acordo com as características
socioprofissionais ……………………...……………………….....………………………… 156
- Quadro XIV: Estatística descritiva relativa às atitudes dos profissionais de saúde
perante os direitos à informação e ao consentimentos dos paciente ………………….. 157
- Quadro XV: Atitudes éticas dos inquiridos segundo a profissão ................................... 157
- Gráfico 1: Atitudes éticas dos inquiridos segundo a idade ……………...….……........... 158
- Gráfico 2: Atitudes éticas dos inquiridos segundo o número de anos de profissão …... 159
- Quadro XVI: Atitudes éticas dos inquiridos em função da sub-região de saúde a que
pertencem …………………………………………………………...……………………….. 160
- Quadro XVII: Atitudes éticas dos inquiridos em função da área demográfica em que
trabalham …………………….………………………………………….……………………. 161
INTRODUÇÃO 21
INTRODUÇÃO
O profissional de saúde deve decidir, momento a momento, sobre aspetos que vão
influenciar, por vezes decisivamente, a vida de outras pessoas que o procuram em busca
de ajuda1. Da adequação de sucessivas decisões, que se pretende encadeadas num todo
lógico e coerente, resulta a eficiência de uma prática que tem vindo a ser pacientemente
aperfeiçoada ao longo de séculos1. Esta prática pretende-se que seja ética.
A ética não é uma disposição inata nem um impulso espontâneo, mas sim uma
conquista. Não pretende ser uma descrição positiva do comportamento, mas propõe um
ideal2. Segundo Aristóteles, a ética exige uma reflexão crítica sobre os comportamentos e
um maior e melhor respeito pela individualidade humana3.
A palavra ética tem etimologia grega e dois significados. O primeiro vem do termo
“éthos”, que significa costume ou hábito. Mais tarde surgiu, a partir deste, o termo “êthos”,
com o significado de maneira de ser. Aristóteles considera que ambas as palavras são
inseparáveis, pois é a partir dos hábitos e costumes que se desenvolve no ser humano a
sua personalidade5. O sinónimo em latim é “moris”, de que deriva a palavra moralidade.
Ambas as palavras, ética e moral, traçam a linha que separa o lícito do ilícito, o certo do
errado, o aceitável do inaceitável5.
É de salientar que seguindo a sugestão dada pelo estudo etimológico dos termos
“ética” e “moral”, que aponta para que lhes seja atribuído o mesmo sentido, há autores que
os utilizam indistintamente6. No entanto, há outros que recorrem aos dois termos para
significar conceitos diferentes. Por exemplo Paul Ricoeur7, no texto a que chama “ma petite
22 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS
éthique”7, constatando que etimologicamente os dois termos são sinónimos, decide por
convenção utilizar o termo “ética” para se referir à procura da “vida boa”, com e pelos
outros, em instituições justas; e “moral” para se referir ao conjunto de normas que regem
em concreto o agir que pretende atingir essa “vida boa”. Posteriormente, num texto de
20008, o mesmo autor reconhecendo que os especialistas não se entendem sobre o sentido
a dar a cada um dos termos, mas que concordam “na necessidade de dispor de dois
termos”8, propõe utilizar “o conceito de moral para o termo fixo de referência e de lhe atribuir
uma dupla função, a de designar, por um lado, a região das normas, dito de outro modo,
dos princípios do permitido e do proibido, por outro lado, o sentimento de obrigação
enquanto face subjetiva da relação de um sujeito a essas normas”8. Assim, com o termo
“ética”, Paul Ricoeur8 aponta em duas direções. “A ética anterior referindo para o
enraizamento das normas na vida e no desejo, a ética posterior visando inserir as normas
nas situações concretas”8. À ética anterior chama-lhe “ética fundamental”8 e à posterior
“ética aplicada”8.
A ética é uma disciplina de carácter prático que pretende guiar a ação humana com
um sentido racional. Embora se viva num tempo de certo relativismo moral e se defenda a
convicção que não é possível discutir eticamente aspetos que são completamente
subjetivos e privados9, a própria sociedade pede a imposição de limites práticos e
reconhece que em certas ocasiões nem tudo vale, e nem tudo vale por igual10,11.
A prática do profissional de saúde se deve pautar por critérios éticos bem definidos
à luz da tradição profissional e das disposições internacionais que consagram a doutrina
da dignidade da pessoa humana e dos seus direitos fundamentais12. Ao Direito compete
balizar comportamentos considerados por todas as correntes do pensamento como
eticamente inaceitáveis12. Numa perspetiva estritamente deontológica, cabe às Ordens,
bem como às Associações representativas de outros grupos profissionais, o
estabelecimento de linhas diretrizes e, face à competência que lhes foi delegada pelo
Estado, elas têm o dever de pugnar para que essas diretrizes sejam cumpridas na sua
íntegra12.
INTRODUÇÃO 23
O termo “bioética” significa literalmente ética da vida1, uma ética aplicada à vida. A
palavra de origem grega “bios” significa “vida”, a vida em si mesma, o “existente vivo”15,
sendo o termo originariamente aplicado à vida humana e não à vida animal. Entretanto, a
palavra “bios” veio a generalizar-se e a significar a vida como fenómeno, ou seja, o
biológico tal como hoje é entendido, englobando todos os seres vivos e o desenvolvimento
observado nas ciências da vida, como a ecologia, a biologia e a medicina, entre outras.
“Ethos” significa “ética”, refere-se, pois, ao comportamento do ser humano, aos valores
implicados nos costumes15.
Por fim, destaca-se também a importância dos diferentes perfis das instituições
sociais, principalmente as que se dedicam à prestação de cuidados de saúde, no moldar
da Bioética27. Aqui, mais uma vez, sobressai o sentido do particular, a atenção ao individual
da perspetiva norte-americana, que se repercute num menor investimento de âmbito social
comparativamente à generalidade dos países europeus.
A Bioética surge então nos Estados Unidos na década de 70, do século passado,
centrando-se nas inéditas questões éticas suscitadas pelo progresso das biotecnologias e
nas respostas possíveis, atendendo ao respeito pela autonomia de todos e de cada um
dos intervenientes, assumindo-se inequivocamente como uma ética biomédica29,30,31.
bom14,59. No entanto, ainda são poucos os estudos que procuram conhecer os critérios e
fundamentos que determinam ou influenciam as decisões dos profissionais de saúde60.
Atualmente não é simples falar de moral, embora a ética esteja na moda, contudo,
parece que poucos acreditam que esta seja uma disciplina importante para a vida em geral.
Ética e moral remetem para os costumes e ajudam o ser humano a forjar um carácter bom
32 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS
e a confrontar a vida de um modo mais humano de forma que, no final, possa ser mais
feliz62.
Assim, a presente tese pretende ser uma aproximação às questões éticas no âmbito
dos cuidados de saúde primários em Portugal, procurando identificar junto dos profissionais
de saúde (médicos e enfermeiros) os problemas éticos que enfrentam e os fundamentos
que utilizam para os solucionar. Deste modo, espera-se poder contribuir para um processo
de tomada de decisão ética mais adequado à realidade dos cuidados de saúde primários
e potencializar a resolução dos problemas neles existentes.
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36 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS
Universidade de Aveiro Secção Autónoma de Ciências da Saúde
2015
FASE I
CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS 39
Assim, os CSP podem ser vistos como uma “parte integrante, permanente e central
do sistema nacional de saúde, em todos os países” 7 ou como o “meio pelo qual as duas
metas dos sistemas de serviços de saúde – otimização dos cuidados de saúde e equidade
na distribuição de recursos – se equilibram”7. Os CSP fazem a promoção da saúde e de
hábitos de vida saudável e a abordagem dos problemas mais comuns da comunidade,
proporcionando cuidados preventivos, curativos e de reabilitação da doença, tentando
maximizar a saúde e o bem-estar. Integram, também, os cuidados quando existe mais do
que um problema de saúde. Além disso, possibilitam o tratamento no contexto em que as
doenças se manifestam e influenciam as respostas das pessoas aos seus problemas de
saúde. Os cuidados de saúde primários organizam e racionalizam a utilização dos recursos
40 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS
4) “Uma filosofia que deve implicar todo o sistema de saúde”9 – eles têm subjacente
a prestação equitativa de cuidados de saúde como um direito fundamental dos cidadãos,
independente de qualquer outro fator, o que, a maioria das sociedades reconhece,
inscrevendo-o no quadro dos direitos positivos13.
Uma alternativa aos CSP por valências seletivas são os CSP globais, que
prevalecem em muitos países desenvolvidos, abrangendo um amplo leque de serviços, e
englobando ações de educação para a saúde, de promoção da saúde, de prevenção da
doença, de cuidados curativos, de reabilitação e de fim de vida. Alguns argumentam que
os CSP globais também devem ser acessíveis e concretizáveis nos países em vias de
desenvolvimento22.
As equipas de CSP podem ser formadas apenas por médicos de família e/ou
clínicos gerais, enfermeiros comunitários e/ou de família, e pessoal de apoio1. Ou então,
formadas por grandes equipas multidisciplinares, incluindo enfermeiros especialistas,
gestores, pessoal de apoio, técnicos de serviço social, psicólogos, técnicos de saúde,
médicos de família e outros médicos especialistas a atuar nos cuidados primários34.
O médico de família (MF) e o enfermeiro de família (EF) são assim parte integrante
dos cuidados de saúde primários, mas os conceitos não são sinónimos. Os papéis do MF
e do EF indicam a amplitude dos serviços prestados e o grau de uniformidade nos serviços
de cuidados de saúde primários.
De facto, até 1968, o papel do Estado reduzia-se a permitir que os serviços locais
funcionassem, através da atividade de clínicos gerais e de instituições locais de saúde, na
maioria ligadas a Montepios e às Misericórdias45. O Estado era responsável pela
construção e gestão dos hospitais nas grandes cidades e tinha ainda a responsabilidade
da organização da saúde pública através da manutenção de uma rede de funcionários de
saúde em todos os municípios do país.
Até 1974, apenas cerca de 40% da população portuguesa estava coberta por
esquemas de proteção na doença, sendo os encargos com a saúde assumidos, parcial ou
CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS 47
Em 1979, com a criação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) pela Lei nº 56/79, de
15 de setembro, Lei de Bases do SNS, mais conhecida por “Lei Arnaud”, verificaram-se
alterações significativas na estrutura e na organização dos serviços públicos de saúde.
Estas alterações acabaram por nunca vir a ser concretizadas em muitos aspetos
importantes, devido às oposições ao modelo definido de prestação de cuidados (a velha
querela entre o público e o privado), e ainda às dificuldades objetivas de implementação,
principalmente de natureza financeira49. A direção da Ordem dos Médicos da altura fez
uma forte oposição, acusando a lei de limitar o princípio da livre escolha do médico pelo
doente e de transformar todos os médicos em funcionários públicos, e terá sido em 1979
que, pela primeira vez, a Ordem dos Médicos se afirmou como grupo de veto, tentando
“inviabilizar medidas que a prejudiquem mesmo que elas favoreçam interesses muito mais
amplos e maioritários”50.
Porém, apesar de ter sido regulamentada, a Lei, “nunca chegou a ser integralmente
aplicada, nomeadamente no que diz respeito à orgânica dos serviços centrais e regionais
e ainda menos no que respeita à descentralização e participação”51 e depressa se
constatou que lhe faltava uma direção autónoma. Neste sentido, “o SNS existe na lei mas
não funciona como tal. Além de não terem sido criados alguns órgãos que lhe são
essenciais […], não foi erigida a Administração Central, pelo que a direção das suas
atividades […], não estará a ser exercida pelo órgão que a lei determina”52.
CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS 49
bens e serviços de saúde, passando o Estado, cada vez mais, a assumir um papel de mero
financiador50.
velhice, e pela melhoria sistemática das condições de vida e de trabalho, bem como pela
promoção da cultura física e desportiva, escolar e popular, e ainda pelo desenvolvimento
da educação sanitária do povo e de práticas de vida saudável”54.
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O SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE 55
Pelo Dec-Lei nº 207/1999, de 9 de junho, foi criada, pelo Serviço Nacional de Saúde,
a Unidade Local de Saúde (ULS) de Matosinhos, com a finalidade de melhoria da prestação
de cuidados de saúde. Esta assenta, segundo a legislação, na criação de condições que
possibilitem a melhor gestão das suas instituições e a melhor articulação dessas
instituições entre si e com outras instituições na mesma área geográfica. Tratou-se da
primeira experiência, em Portugal, de integração numa única entidade pública do Serviço
Nacional de Saúde, para a área geográfica daquele município, dos serviços prestadores
de cuidados de saúde à população, quer os cuidados de saúde primários (CSP) quer os
hospitalares.
56 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS
O modelo foi alargado em 2007, com a criação da ULS do Norte Alentejano; no ano
seguinte, foram criadas as ULS do Alto Minho, do Baixo Alentejo e da Guarda; em 2009,
foi criada a ULS de Castelo Branco.
2.1. OS HOSPITAIS
Nos primeiros anos dessa década verificou-se o relançamento dos hospitais, após
a publicação a 27 de abril de 1968 do Estatuto Hospitalar, Dec-Lei nº 48357, e do
Regulamento Geral dos Hospitais, Dec-Lei nº 48358, que pretenderam uniformizar a
orgânica e o funcionamento de todos os hospitais do país, essencialmente estatais e das
Misericórdias, e criar carreiras para pessoal médico, de enfermagem, de administração e
de farmácia7.
No entanto, verifica-se que o sistema hospitalar que emerge está ainda muito ligado
a uma estrutura de tecnologia e de administração pesadas e pouco eficazes. O seu
desempenho, como estruturas de prestação de cuidados, deve ser submetido “não só às
regras da análise económica, mas também à avaliação da qualidade dos procedimentos
clínicos, do diagnóstico aos tratamentos, com base em critérios de custo/eficácia, apoiados
nas regras gerais da boa prática clínica”11. Todo este complexo sistema hospitalar deve
estar predominantemente organizado e subordinado aos serviços a prestar às pessoas
doentes ou às pessoas ameaçadas pela doença que constituem, naturalmente, o sujeito
de todo o sistema de prestação de cuidados de saúde5.
O SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE 59
o trabalho em equipa multidisciplinar e a atuação segundo “o que pode ser feito pela
unidade menor de forma satisfatória não deve ser feito pela unidade maior”3, quando se
pretendia ter uma ação o mais abrangente possível. Pelo que, se tornou impossível que
uma única profissão lidasse com toda a gama de questões que tinham que ser abordadas.
Algumas profissões tiveram um grande desenvolvimento, como foi o caso dos enfermeiros
de saúde pública, verificando-se até o surgimento de outras, que nunca tiveram o desejável
desenvolvimento em Portugal, como os “ajudantes comunitários ou familiares”3 com a
função de aumentarem e melhorarem a comunicação entre o centro de saúde e a
comunidade.
A política de dar prioridade aos CSP surge pela primeira vez em Portugal, no início
dos anos 70 do século XX, integrada na política do “estado social”15. Generalizou-se então
o atendimento gratuito a toda a população após o alargamento, em 1971, à população rural
dos serviços médico-sociais da Previdência Social e o reconhecimento do direito à saúde,
com especial atenção para os grupos de maior risco, as grávidas e as crianças5.
39/2002, de 26 de fevereiro que, por sua vez, através do Dec-Lei nº 60/2003, de 1 de abril,
criou a “Rede de Prestação de Cuidados de Saúde Primários”. Esta Rede também não
chegou a ser implementada e, quando se voltou a formar um governo socialista, foi
revogada pelo Dec-Lei nº 88/2005, de 3 de junho, que repristinou o Dec-Lei nº 157/99.
Assim, por força do Dec-Lei nº 28/2008, de 22 de fevereiro, os CS regulados pelo Dec-Lei
nº 157/99, de 10 de maio, alterado pelo Dec-Lei n.º 39/2002, de 26 de fevereiro, e
repristinado pelo Dec-Lei nº 88/2005, de 3 de junho, deixaram de estar sujeitos a esse
diploma a partir de 1 de março de 2009, momento em que foram integrados nos
agrupamentos de centros de saúde (ACeS), através da Portaria nº 274/2009, de 18 de
março.
A prática médica isolada tem, cada vez mais, inconvenientes e perigos sérios. A
vivência científica e uma razoável atualização de conhecimentos requerem uma cultura de
grupo, com discussão regular das situações dos pacientes, com a análise inter-pares de
práticas e procedimentos16.
várias unidades funcionais. Por exemplo: como articular eficazmente o trabalho das USF e
das UCSP com o das UCC?
É absurdo pretender que alguém escreva normas sobre o que deve acontecer em
realidades que variam de local para local e no mesmo local, consoante o momento e os
recursos disponíveis. A lógica dos serviços estanques tem de dar lugar a modalidades de
trabalho orientadas para as necessidades dos cidadãos e para servir a população. Esta é
uma área para intenso estudo, debate, experimentação, avaliação e divulgação de ideias,
experiências e resultados obtidos no terreno. Tudo isto pressupõe um processo de
mudança progressiva e coerente, com informação, debate e envolvimento alargados e
rigorosos dos profissionais16.
Considera-se ter chegado o momento “de reunir esforços e lançar a terceira vaga
dos cuidados de saúde primários: aquela na qual os médicos de família arriscam ser
profissionais independentes, estabelecendo com o Estado um contrato de prestação de
serviços, enquadrado concetualmente pela medicina geral e familiar”28.
O SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE 67
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OS PROFISSIONAIS NUCLEARES DOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS 69
Nos novos centros de saúde (CS), nascidos da integração dos antigos postos dos
serviços médico-sociais nos CS, criados em 1971, são colocados num curto espaço de
tempo vários milhares de clínicos gerais. A maioria inicia as suas funções sem ter tido
OS PROFISSIONAIS NUCLEARES DOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS 71
Portanto, em 1982, foi criada a carreira médica de clínica geral pelo Dec-Lei nº
310/1982, de 3 de agosto – diploma das carreiras médicas; foi constituído o colégio da
especialidade de clínica geral (mais tarde medicina geral e familiar) da Ordem dos Médicos
e, em 1983, foi fundada a APMCG – Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral,
que se transformou ao longo de 30 anos na maior associação médica de inscrição não
obrigatória, tendo como sócios fundadores, entre outros, António Branco, Maria Madalena
Mourão, Maria José Tovar, Vítor Serra, Vítor Ramos, Zaida Azeredo, Joaquim Saraiva4. As
primeiras eleições ocorreram a 14 de janeiro de 1984, tendo sido eleito o Prof. Doutor Nuno
Grande como presidente da assembleia geral, o Dr. Joaquim Saraiva como presidente do
conselho fiscal e o Dr. Mário Moura como presidente da direção nacional10.
Uma vez que os indivíduos e as famílias se inserem num sistema social mais vasto,
é importante perceber as influências do meio envolvente numa perspetiva comunitária. O
sistema de saúde deve orientar-se pelos problemas e pelas necessidades de saúde das
comunidades locais, regionais e nacional. Isto implica a definição correta dos objetivos de
saúde a atingir20.
aos cuidados de saúde de que necessitam, seja qual for a forma de financiamento do
sistema e o modelo de organização da prestação de cuidados20,25.
O médico de família:
11. Assegura uma gestão eficiente da sua prática clínica tendo em conta as
necessidades de saúde dos seus pacientes25.
OS PROFISSIONAIS NUCLEARES DOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS 75
A enfermagem não é exceção, antes pelo contrário, uma vez que lhe são colocados
contextos e desafios que, a curto prazo, irão muito para além dos modelos tradicionais nos
quais tem vindo a funcionar, quer ao nível da formação, quer ao nível dos diferentes locais
de trabalho30. Estes modelos têm-se mantido, algumas vezes porque essa realidade é
imposta, outras porque a enfermagem em cuidados de saúde primários (CSP) tem tido
alguma dificuldade em separar-se de um passado longo e das suas consequências na sua
autoconstrução. Isto tem condicionado a sua forma de estar e de procurar formas
inovadoras de desenvolver as suas potencialidades face aos atuais problemas de saúde e
aos contextos em que se prestam cuidados30.
Assim sendo, deverão ser alvo dos cuidados da enfermagem de saúde familiar:
1. As famílias com disfunções familiares e/ou sociais que sejam identificadas como
vulneráveis a problemas de saúde;
Como tal, a organização dos cuidados de enfermagem deverá ter por base as
necessidades de cuidados das famílias, o que pressupõe assegurar a definição e
permanente atualização do perfil epidemiológico de saúde da população utilizadora, na
perspetiva de enfermagem, o que na assistência no domicílio assume papel relevante. O
desenvolvimento da intervenção dos EF integra-se na resposta multiprofissional e
multidisciplinar que a saúde exige enquanto fenómeno multifacetado e de grande
complexidade, ou seja, o tipo de intervenção, o contexto em que se desenvolve e a
organização do trabalho permitirá que os EF, enquanto membros da equipa prestadora de
cuidados, se articulem com os restantes recursos existentes e procedam ao
encaminhamento para outros profissionais sempre que a situação o exija. A enfermagem
de família consiste em trabalhar com as famílias, ajudando-as a identificar problemas e a
mobilizar os seus próprios recursos. Deste modo, o cuidar da família como unidade básica
exige conhecer como esta cuida, identificando as suas dificuldades e forças, para que se
possa ajudar a família a agir no sentido de atender às necessidades dos seus membros e
alcançar um viver-ser-estar saudável. Assim, os enfermeiros devem:
d. Cuidados no domicílio;
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ÉTICA EM CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS 87
4.1. ÉTICA
A maioria das pessoas não parece dedicar muito tempo a pensar sobre o seu
próprio comportamento, quer nos assuntos domésticos quer nas atividades relacionadas
com a profissão, a menos que surjam circunstâncias especiais. No entanto, se se refletir,
constata-se que muitas das ações parecem ser instintivas ou são-no de facto. Atua-se de
forma automática, orientado simplesmente pela rotina ou pelo senso comum. Assim, sabe-
se como agir, pelo que simplesmente se age. Grande parte da vida profissional é dedicada
a lidar com assuntos relativamente rotineiros. No entanto, independentemente das rotinas
serem formais ou informais, é muito importante ser-se responsável pelas próprias ações1.
Ética tem sido definida como o estudo filosófico do valor moral da conduta humana
e das regras e princípios que devem governá-lo; um código de conduta em que esta é
considerada correta, especialmente por um determinado grupo, profissão, ou mesmo por
um indivíduo3.
Ética vem do grego “éthos”, correspondendo no latim ao termo “moris” (moral). Mas
se etimologicamente as duas palavras são sinónimas, a tradição judaico-cristã conferiu ao
termo “moral” uma carga religiosa a que o termo “ética” ficou imune, mantendo-se a ética
como uma elaboração científica (filosófica ou teológica) da moral4.
Existe uma grande relação entre lei e ética. Ambas procuram regular o agir do ser
humano. Ambas são ordens normativas, na medida em que se traduzem em normas ou
regras de conduta5.
Lei pode ser definida como um conjunto consistente de regras universais que são
amplamente publicadas, geralmente aceites, e geralmente aplicadas. Essas regras
descrevem o modo como as pessoas são obrigadas a agir nas suas relações umas com
as outras, em sociedade. São requisitos obrigatórios para agir de determinada forma, e
não somente as expetativas ou sugestões para agir dessa maneira. Desde que um governo
estabelece uma lei, pode usar os poderes de autoridade para a fazer cumprir pelos
cidadãos.
Assim, conclui-se que a lei e a ética não são necessariamente a mesma coisa.
Pode-se ter deveres legais que se consideram não éticos e, no limite, imposições éticas
que sejam, num dado momento e enquadramento jurídico, ilegais. Todos podem ter a sua
definição e a sua ética pessoal. E todos devem ter uma porque ela atravessa o seu dia-a-
dia e a contingência de cada um dos seus gestos e decisões.
A ética também não se confunde com a deontologia, que é a ciência dos deveres,
assumindo-se como uma ética profissional normativa. Consiste num conjunto (código) de
regras morais, jurídicas e administrativas, próprias dos membros de uma determinada
profissão6.
Para muitos autores a ética da saúde ocupa um lugar de destaque no conjunto das
reflexões éticas, pois poucas questões têm um interesse tão fundamental como o
estabelecimento de uma efetiva relação clínica entre o profissional de saúde e o paciente.
Considera-se que a ética da saúde “deve pautar-se por critérios éticos bem definidos à luz
da tradição profissional e das disposições internacionais que consagram a doutrina da
dignidade da pessoa humana e dos seus direitos fundamentais”7. Acrescenta o autor que
“ao direito compete balizar comportamentos considerados por todas as correntes do
pensamento como eticamente inaceitáveis. Numa perspetiva estritamente deontológica,
cabe às Ordens, bem como às associações representativas de outros grupos profissionais
o estabelecimento de linhas diretrizes, e face à competência que lhes foi delegada pelo
Estado, elas têm o dever de pugnar para que essas diretrizes sejam cumpridas na sua
íntegra”7.
“The doctor’s task is to help his patients to live the fullest lives possible … A narrow
education or training is not the best preparation for his life’s work … His material is man, his
mind, his body and his place in society”10.
Mas, pode-se concluir que para se ser um bom médico é preciso possuir em alto
grau as virtudes intelectuais, mas como a medicina é uma atividade e não um simples saber
teórico, necessita também das virtudes morais ou éticas11.
ÉTICA EM CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS 91
1. O principialismo,
2. A ética das virtudes,
3. A ética da casuística,
4. A ética do cuidado,
5. A deontologia.
a) O respeito pela autonomia – em que uma pessoa deve ser livre para tomar
decisões e atuar sem constrangimentos impostos por outrem, e em que o
paciente tem o direito de participar nas decisões clínicas em conjunto com o
profissional de saúde;
b) A não maleficência – há a obrigação de não fazer ou promover o mal a um ser
humano, ‘Primum non nocere’. Deste princípio derivam para o profissional de
saúde normas concretas como por exemplo ‘não causar dano’; e é a partir dele
que se elabora toda a discussão denominada de duplo efeito, segundo o qual
determinadas terapêuticas provocam um efeito bom ou efeito pretendido e
simultaneamente provocam o mal ou efeito tolerado. Exemplo disso são os atos
cirúrgicos, mas igualmente os tratamentos farmacológicos;
c) A beneficência – em que o profissional de saúde deve atuar no melhor interesse
do paciente. Implica uma ação positiva, para além do dever, como ajudar as
pessoas com incapacidades ou em perigo. Deste princípio derivam para o
profissional de saúde normas concretas como o preservar a confidencialidade
em benefício do paciente; e as normas de avaliação do risco benefício das
intervenções em saúde;
92 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS
d) A justiça – em que situações iguais têm de ser tratadas de forma igual. Daí
derivam as normas de equidade no acesso e a discussão da distribuição de
recursos.
A ética das virtudes remonta aos filósofos da Grécia antiga, sendo o mais antigo
tipo de teoria ética na filosofia ocidental. Platão discutiu quatro virtudes principais:
sabedoria, coragem, temperança e justiça. A primeira descrição sistemática da ética das
virtudes foi escrita por Aristóteles na sua famosa obra “Ética a Nicómaco”19. De acordo com
Aristóteles, quando as pessoas adquirem bons hábitos de caráter, elas são mais capazes
de regular as suas emoções e a sua razão. Esta, por sua vez, ajuda a tomar decisões
moralmente corretas quando se é confrontado com escolhas difíceis.
94 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS
“Um médico virtuoso, um “bom médico”, aquele que faz bem o seu trabalho, que
compreende o estado de vulnerabilidade do paciente, compromete-se em ajudá-lo e é fiel
a essa promessa. O que ninguém quer é um médico comerciante, ou o simples executor
de uma técnica, ou o burocrata, ou o mercenário, ou o que acha que sabe tudo, ou o que
vê o doente como objeto de exploração”22.
A ética do cuidado também é uma teoria ética normativa, isto é, uma teoria sobre o
que faz as ações serem certas ou erradas. Faz parte de um conjunto de teorias normativas
ÉTICA EM CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS 97
éticas que foram desenvolvidas por movimentos feministas na segunda metade do século
XX. Enquanto as teorias éticas consequencialistas e deontológicas enfatizam padrões
morais universais e imparciais, a ética do cuidado enfatiza a importância dos
relacionamentos humanos, através do diálogo e da negociação26.
A ética do cuidado é também uma base teórica para o cuidar com foco na ética
materna. Algumas feministas norteamericanas28,29,30 sugerem que o cuidar deve ser uma
responsabilidade social e os cuidadores devem ser avaliados nas esferas pública e privada.
As suas teorias reconhecem o cuidar como uma questão ética relevante. Esta mudança de
paradigma na ética encoraja que a ética do cuidado deva ser uma responsabilidade quer
de homens quer de mulheres.
produz decisões éticas muito consistentes, uma vez que se fundamente no conjunto dos
deveres do indivíduo.
recorrem aos códigos e aos conselhos disciplinares como fonte de recurso para orientação
e solução dos problemas éticos que enfrentam.
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102 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS
ATITUDES ÉTICAS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS 103
Neste capítulo apresenta-se como foi efetuada a revisão da literatura para a escolha
de instrumentos para o estudo das atitudes éticas dos profissionais de saúde em cuidados
de saúde primários.
A pesquisa realizada em 2006 permitiu identificar 377 artigos pelas suas referências
bibliográficas. A procura de cópia desses artigos, através da internet e nas bibliotecas da
Universidade de Aveiro e dos Hospitais da Universidade de Coimbra, decorreu até outubro
de 2006 e permitiu o acesso a 48 artigos.
Os 48 artigos, de que foi obtida cópia integral, foram lidos, analisados pelo
investigador e classificados quanto ao tipo de estudo (quantitativo ou qualitativo) e aos
profissionais envolvidos (quadro III).
104 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS.
Quadro III: Classificação dos artigos quanto ao tipo de estudo e aos profissionais envolvidos
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médicos no programa de
saúde da família.48
Knowledge, attitudes and Hariharan S. BMC Med Ethics. Quantitativo Médicos e
practice of healthcare et al. 2006; 7(1): 7. Enfermeiros
ethics and law among
doctors and nurses in
Barbados.49
Esta revisão permitiu saber que diferentes autores utilizam uma variedade de
métodos de análise ética. Isto não surpreende, dado que a existência de pluralismo cultural
nas sociedades modernas ocidentais não permite que uma abordagem única seja aceite
por todos quantos se dedicam à bioética e ética biomédica51,52,53,54,55,56. Assim, alguns são
a favor do uso de princípios (como o respeito pela autonomia, beneficência, não
maleficência e justiça)3,8,9,21,22,23,25,29,30,31,36,37,40,41. Outros usam uma abordagem casuística
de “ética clínica” analisando um determinado conjunto de considerações2,13,14,35,38,47. Ainda
outros usam abordagens baseadas nas virtudes5,19,27, cuidado11,16,18,27,28,31,34,39 e
deontologia ou ética profissional4,6,7,10,12,15,17,26,43.
que referem que não existem diferenças2,7,28,29,48, e ainda outros estudos que referem que
não há diferenças no número de problemas identificados entre médicos e enfermeiros.
Contudo, detetou-se diferenças no tipo de problemas identificados, ou seja, estas
diferenças não ocorrem em virtude de haver diferença no compromisso ou na abordagem
ética, mas em função da estrutura hierárquica da organização assistencial e dos papéis de
médicos e enfermeiros como prestadores de cuidados de saúde13,39.
Na literatura revista existe um estudo que aponta no sentido de que pode existir
diferenças de atitude ética devidas ao género14 e outros estudos que referem que não
existem diferenças48,49. Foram encontrados vários estudos que apontam a existência de
diferenças de atitude ética devidas à idade3,14,36,43. Não foi encontrado nenhum estudo que
referisse a não existência de diferenças devidas a esse facto. Foram também encontrados
vários estudos que detetaram a existência de diferença nas atitudes éticas dos
profissionais de saúde em função da área demográfica em que trabalham14,25.
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QUESTÕES, OBJETIVOS E HIPÓTESES DE INVESTIGAÇÃO 113
Q3 – Quais são as categorias éticas presentes nas atitudes éticas dos profissionais
a autonomia do paciente?
6.2. OBJETIVOS
6.3. HIPÓTESES
H2 – As atitudes éticas dos profissionais de saúde não são influenciáveis pelo sexo
(masculino ou feminino).
H3 – As atitudes éticas dos profissionais de saúde não são influenciáveis pela idade.
H5 – As atitudes éticas dos profissionais de saúde não são influenciáveis pela sub-
região em que trabalham (Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria, Viseu).
H6 – As atitudes éticas dos profissionais de saúde não são influenciáveis pela área
demográfica em que trabalham (urbana, rural, semiurbana).
QUESTÕES, OBJETIVOS E HIPÓTESES DE INVESTIGAÇÃO 117
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118 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS.
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2015
FASE II
METODOLOGIA 121
7. METODOLOGIA
Assim, diferentes pessoas podem ter diferentes atitudes face a um mesmo objeto,
como é o caso das diferentes atitudes da população face ao aborto ou à possível
legalização do consumo de drogas. E embora este posicionamento seja relativamente
persistente, não é estático, podendo mudar por interação de inúmeros fatores.
As atitudes têm merecido grande atenção por parte dos metodólogos, e um grande
número de estratégias tem sido desenvolvido para medir as atitudes dos inquiridos11. Uma
das metodologias mais utilizadas consiste na construção de conjuntos de afirmações sobre
METODOLOGIA 123
Quando essa energia é libertada e o ser humano se torna capaz de realizar os objetivos
desejados, os seus resultados são excelentes12.
Quadro IV: Centros de saúde por sub-região de saúde, número total e número de
aleatorizados
Sub-Região de Saúde Nº CS Nº CS Aleatorizados % CS Aleatorizados
Aveiro 19 10 52,63%
Castelo Branco 11 6 54,54%
Coimbra 22 11 50,00%
Guarda 14 7 50,00%
Leiria 17 9 52,94%
Viseu 26 13 50,00%
Total 109 56 51,38%
Fonte: DGS – Centros de Saúde e Hospitais do SNS / 2005.
A aleatorização de Centros de Saúde acabou por determinar que mais de 50% dos
CS fossem escolhidos, para se garantir o sorteio de pelo menos metade dos CS de cada
Sub-Região de Saúde.
Quadro V: Médicos de família dos centros de saúde por sub-região de saúde, número total e
número pelos CS aleatorizados
Sub-Região de Saúde Nº Méd - CS Nº Méd - CS Aleator % Méd - CS Aleator
Aveiro 453 190 41,94%
Castelo Branco 151 105 69,54%
Coimbra 356 161 45,22%
Guarda 133 100 75,19%
Leiria 306 219 71,57%
Viseu 261 161 61,68%
Total 1660 936 56,38%
Fonte: DGS – Centros de Saúde e Hospitais do SNS / 2005 + Dados obtidos pelo autor nos
serviços das SRS.
Quadro VI: Enfermeiros dos centros de saúde por sub-região de saúde, número total e número
pelos CS aleatorizados
Sub-Região de Saúde Nº Enf - CS Nº Enf - CS Aleator % Enf - CS Aleator
Aveiro 386 140 36,27%
Castelo Branco 184 99 53,80%
Coimbra 354 141 39,83%
Guarda 182 105 57,69%
Leiria 276 196 71,01%
Viseu 277 135 48,74%
Total 1659 816 49,19%
Fonte: DGS – Centros de Saúde e Hospitais do SNS / 2005 + Dados obtidos pelo autor nos
serviços das SRS.
METODOLOGIA 127
7.2.2. VARIÁVEIS
Variável é uma palavra que deriva do latim “variabilis”, e que designa aquilo que
pode variar; é sujeito a variação ou mudanças, mutável, que pode assumir qualquer um
dos valores num conjunto de valores7, que se distribui por diferentes níveis ou que é de
diferentes tipos e é oposto a uma constante1.
Para medir a variável “atitudes éticas dos profissionais de saúde” foi adotada a
Escala de atitudes perante os direitos à informação e ao consentimento18 (anexo I).
Idade
Sexo
Profissão
Sub-Região
Área de trabalho
Os dados foram inicialmente transcritos para uma folha Excel. A base de dados
assim criada foi validada para verificar se não continha dados discrepantes ou
incongruentes e posteriormente analisada pelo programa de estatística SPSS (Statistical
Package for the Social Sciences), versão 15.0 para Windows19.
METODOLOGIA 131
Cada resposta, escrita pelo profissional inquirido, foi lida para identificação dos
problemas apontados e das soluções propostas. O conjunto dos problemas e soluções
listadas passou para uma grelha de categorias fundamentada sobre os conteúdos.
Considerou-se a frequência dos temas extraídos do conjunto das respostas, considerados
dados segmentáveis e comparáveis20.
Todas as ciências naturais, assim como todas as ciências sociais, têm por base
investigações empíricas, em que se fazem observações para se compreender melhor o
fenómeno a estudar, e podem ser utilizadas para construir explicações ou teorias mais
adequadas21.
avaliou as atitudes éticas dos profissionais de saúde dos cuidados de saúde primários.
Esta escala foi construída através de um estudo com doentes oncológicos18. Foi validada
num estudo que mediu as atitudes de enfermeiros do Centro Regional de Oncologia de
Coimbra23. Trata-se de uma escala tipo Likert com 31 itens distribuídos entre a dimensão
informação (19 itens) e a dimensão consentimento (12 itens) (anexo 1). A escala satisfez
os critérios de validade e de fiabilidade apresentando no teste Alpha de Cronbach valores
de consistência interna elevados: 0,549 na dimensão informação e 0,629 na dimensão
consentimento, com 0,681 no global da escala. Para a utilização da escala foi obtida a
autorização do seu autor.
A terceira parte foi constituída pela descrição de três casos problema, (I a III),
retirados da bibliografia, que abordavam problemas relativos: ao relacionamento entre
profissionais de saúde/paciente; ao relacionamento interprofissional; e à organização do
centro de saúde. Cada um destes problemas incluía a solicitação de resposta escrita a três
questões (“que problemas éticos lista nesta situação”; “o que recomendaria aos
profissionais envolvidos neste caso”; “e porquê”), em que se pedia ao inquirido que
descrevesse a sua atitude perante cada caso.
A médica ouviu-a, fez-lhe um exame sumário e requisitou uma mamografia a ser efetuada
na cidade a 50 Km de distância. Dois meses depois voltou à consulta, o médico era outro
e no relatório o radiologista dizia não poder concluir sem uma ecografia. Nova requisição
e novo exame na cidade. Dois meses depois nova consulta e terceiro médico a consultá-
la no centro de saúde, é necessário a sua referenciação ao hospital por lesão mamária
suspeita pelo que lhe é passado o respetivo P1. Recebeu um postal para ir à consulta
hospitalar seis meses depois da consulta ter sido pedida. A decisão foi ir fazer exames
analíticos pedidos pelo centro de saúde e voltar para punção-biopsia do nódulo. Novas
consultas, novas credenciais e mais três meses de espera. Vista dois meses depois da
punção-biopsia deram-lhe a decisão final: tem de ser operada, aguarde o postal a chamá-
la para a operação. Esperou seis meses e nada recebeu. Pediu ao filho da patroa, onde
trabalhava a dias, que tinha um colega médico, que lhe desse uma ajuda e passado um
mês foi internada pelo serviço de urgência e operada: tumor maligno com metástases
ganglionares”.
Estudo Piloto
O estudo foi realizado tendo por base as respostas de médicos de família presentes
no 23º Encontro Nacional de Clínica Geral, realizado em Vilamoura de 8 a 11 de março de
2006. Foram distribuídos 500 questionários entre os 2.300 presentes, tendo sido recolhidos
56 questionários correta e completamente preenchidos27.
METODOLOGIA 137
i
Disponível em http://www.cnpd.pt/bin/decisoes/2007/htm/del/del227-07.htm. [acedido em 13-06-
2007].
138 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE
Baseados no exposto pode-se afirmar que foi a busca de uma melhor compreensão
da questão em estudo, atitudes de profissionais de saúde perante problemas éticos em
centros de saúde, que justificou a triangulação de métodos. Houve dois componentes
importantes na avaliação:
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142 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE
Universidade de Aveiro Secção Autónoma de Ciências da Saúde
2015
FASE III
RESULTADOS DO ESTUDO QUALITATIVO 145
Idade
20 – 29 anos 3 2,8
30 – 39 anos 24 22,4
40 – 49 anos 26 24,3
50 – 59 anos 52 48,6
60 – 69 anos 2 1,9
Profissão
Médico 56 52,3
Enfermeiro 51 47,7
Sub-Região
Aveiro 23 21,5
Castelo Branco 23 21,5
Coimbra 34 31,8
Guarda 8 7,5
Leiria 14 13,1
Viseu 5 4,7
Área de Trabalho
Urbana 55 51,4
Rural 16 15,0
Semiurbana 36 33,6
146 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE
Quadro IX: Categorias das respostas aos casos apresentados, segundo o sexo
Caso I Caso II Caso III
Masc Fem Masc Fem Masc Fem
n % n % n % n % n % n %
Ét.principialist 11 37,9 32 41,0 1 3,4 9 11,5 6 20,7 28 35,9
Ét.virtudes 4 13,8 8 10,3 1 3,4 2 2,6 3 10,3 3 3,8
Ét.cuidado 5 17,2 20 25,6 4 13,8 16 20,5 0 0,0 3 3,8
Ét.casuística 1 3,4 6 7,7 0 0,0 1 1,3 5 17,2 10 12,8
Ét.profissional 5 17,2 2 2,6 14 48,3 34 43,6 11 37,9 19 24,4
Mista 2 6,9 9 11,5 7 24,1 8 10,3 2 6,9 6 7,7
Sem resposta 1 3,4 1 1,3 2 6,9 8 10,3 2 6,9 9 11,5
Total 29 100 78 100 29 100 78 100 29 100 78 100
RESULTADOS DO ESTUDO QUALITATIVO 147
Verifica-se que, para o caso I, 37,9% das respostas dos homens e 41% das
respostas das mulheres foram consideradas na categoria Ética principialista; para a
categoria Ética do cuidado foram consideradas 25,6% das respostas das mulheres e
17,2% das respostas dos homens; é ainda de referir que 17,2% das respostas dos homens
foram consideradas na categoria Ética profissional e só 2,6% das respostas das mulheres
o foram. Para o caso II verifica-se que 48,3% das respostas dos homens e 43,6% das
respostas das mulheres foram consideradas na categoria Ética profissional; 20,5% das
respostas das mulheres e 13,8% das respostas dos homens foram consideradas na
categoria Ética do cuidado; e 11,5% das respostas das mulheres foram consideradas na
categoria Ética principialista e só 3,4% das respostas dos homens o foram. Por fim, para
o caso III verifica-se que 37,9% das respostas dos homens foram consideradas na
categoria Ética profissional e 35,9% das respostas das mulheres foram consideradas na
categoria Ética principialista; 17,2% das respostas dos homens e 12,8% das respostas
das mulheres foram consideradas na categoria Ética casuística.
Constata-se que para o caso I, 39,3% das respostas dos médicos e 41,2% das
respostas dos enfermeiros foram consideradas na categoria Ética principialista; para a
categoria Ética do cuidado foram consideradas 25,5% das respostas dos enfermeiros e
21,4% das respostas dos médicos; é ainda de referir que 12,5% das respostas dos médicos
148 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE
e 9,8% das respostas dos enfermeiros foram consideradas na categoria Ética das
virtudes. Para o caso II, verifica-se que 44,6% das respostas dos médicos e 45,1% das
respostas dos enfermeiros foram consideradas na categoria Ética profissional; 19,6% das
respostas dos médicos e 17,6% das respostas dos enfermeiros foram consideradas na
categoria Ética do cuidado; e 13,7% das respostas dos enfermeiros foram consideradas
na categoria Ética principialista e só 5,4% das respostas dos médicos o foram. Por fim,
para o caso III verifica-se que 35,7% das respostas dos médicos foram consideradas na
categoria Ética profissional e 47,1% das respostas dos enfermeiros foram consideradas
na categoria Ética principialista; 19,6% das respostas dos médicos foram consideradas
na categoria Ética casuística e só 7,8% das respostas dos enfermeiros o foram.
Quadro XI: Categorias das respostas aos casos apresentados, segundo a área de trabalho
Caso I Caso II Caso III
n % n % n % n % n % n % n % n % n %
É.princ 21 38,2 3 18,8 19 52,8 3 5,5 2 12,5 5 13,9 17 30,9 5 31,3 12 33,3
É.virt 4 7,3 5 31,3 3 8,3 2 3,6 1 6,3 0 0,0 2 3,6 2 12,5 2 5,6
É.cuid 14 25,5 5 31,3 6 16,7 12 21,8 1 6,3 7 19,4 3 5,5 0 0,0 0 0,0
É.cas 4 7,3 0 0,0 3 8,3 1 1,8 0 0,0 0 0,0 5 9,1 3 18,8 7 19,4
É.prof 3 5,56 2 12,5 2 5,6 25 45,5 8 50,0 15 41,7 18 32,7 4 25,0 8 22,2
Mista 8 14,5 1 6,3 2 5,6 11 20,0 1 6,3 3 8,3 7 12,7 0 0,0 1 2,8
Sem 1 1,8 0 0,0 1 2,8 1 1,8 3 18,8 6 16,7 3 5,5 2 12,5 6 16,7
Total 55 100 16 100 36 100 55 100 16 100 36 100 55 100 16 100 36 100
Para o caso I, 38,2% das respostas dos profissionais que trabalham em área urbana
e 52,8% das respostas dos profissionais que trabalham em área semiurbana foram
consideradas na categoria Ética principialista; para os profissionais que trabalham em
área rural, embora em número mais reduzido, verifica-se que 31,3% (n=5) das respostas
foram consideradas nas categorias Ética das virtudes e Ética do cuidado e só 18,8%
(n=3) foram consideradas na categoria Ética principialista. Para o caso II, verifica-se que
RESULTADOS DO ESTUDO QUALITATIVO 149
45,5% das respostas dos profissionais que trabalham em área urbana, 50% das respostas
dos que trabalham em área rural e 41,7% das respostas dos que trabalham em área
semiurbana foram consideradas na categoria Ética profissional; 21,8% das respostas dos
profissionais que trabalham em área urbana e 19,4% das respostas dos que trabalham em
área semiurbana foram consideradas na categoria Ética do cuidado e só 6,3% das
respostas dos profissionais que trabalham em área rural o foram. Por fim, para o caso III
verifica-se que 32,7% das respostas dos profissionais que trabalham em área urbana foram
consideradas na categoria Ética profissional e 31,3% das respostas dos que trabalham
em área rural e 33,3% das respostas dos que trabalham em área semiurbana foram
consideradas na categoria Ética principialista.
No quadro XII são referidas as categorias das respostas aos casos apresentados,
segundo o grupo etário dos respondentes. Por só haver 4 respostas no grupo etário dos
20 aos 29 anos foram juntas ao grupo dos 30 aos 39 anos. Assim como só havia 2
respostas no grupo etário acima dos 59 anos foram juntas ao grupo dos 50 aos 59 anos,
tendo sido analisados 3 grupos etários.
Quadro XII: Categorias das respostas aos casos apresentados, segundo o grupo etário
Caso I Caso II Caso III
n % n % n % n % n % n % n % n % n %
É.princ 12 44,4 9 34,6 22 40,7 6 22,2 2 7,7 2 3,7 11 40,7 12 46,2 11 20,4
É.virt 2 7,4 5 19,2 5 9,3 0 0,0 2 7,7 1 1,9 4 14,8 1 3,8 1 1,9
É.cuid 6 22,2 7 26,9 12 22,2 4 14,8 5 19,2 11 20,4 1 3,7 0 0,0 2 3,7
É.cas 2 7,4 2 7,7 3 5,6 0 0,0 0 0,0 1 1,9 2 7,4 1 3,8 12 22,2
É.prof 1 3,7 1 3,8 5 9,3 10 37,0 12 46,2 26 48,1 5 18,5 6 23,1 16 35,2
Mista 3 11,1 2 7,7 6 11,1 4 14,8 2 7,7 9 16,7 1 3,7 4 15,4 3 5,6
Sem 1 3,7 0 0,0 1 1,9 3 11,1 3 11,5 4 7,4 3 11,1 2 7,7 6 11,1
Total 27 100 26 100 54 100 27 100 26 100 54 100 27 100 26 100 54 100
< 40=Idade inferior a 40 anos; 40-49=Idade compreendida entre os 40 e os 49 anos inclusive;
> 49=Idade superior a 49 anos
É.princ=Ética principialista; É.virt=Ética das virtudes; É.cuid=Ética do cuidado; É.cas=Ética
casuística; É.prof=Ética profissional
profissionais com idade entre os 40 e os 49 anos e 40,7% das respostas dos profissionais
com mais de 49 anos; na categoria Ética do cuidado foram consideradas 22,2% das
respostas dos profissionais com menos de 40 anos, 26,9% das respostas dos profissionais
com idade entre os 40 e os 49 anos e 22,2% das respostas dos profissionais com mais de
49 anos. Para o caso II foram consideradas na categoria Ética profissional 37,0% das
respostas dos profissionais com menos de 40 anos, 46,2% das respostas dos profissionais
com idade entre os 40 e os 49 anos e 48,1% das respostas dos profissionais com mais de
49 anos; foram consideradas na categoria Ética principialista 22,2% das respostas dos
profissionais com menos de 40 anos; e 19,2% das respostas dos profissionais com idade
entre os 40 e os 49 anos; e 20,4% das respostas dos profissionais com mais de 49 anos
foram ainda consideradas na categoria Ética do cuidado. Por fim, para o caso III verifica-
se que 40,7% das respostas dos profissionais com menos de 40 anos, 46,2% das respostas
dos profissionais com idade entre os 40 e os 49 anos foram consideradas na categoria
Ética principialista; enquanto para os profissionais com mais de 49 anos se verifica que
35,2% das respostas foram consideradas na categoria Ética profissional e 22,2% das
respostas foram consideradas na categoria Ética casuística.
“Desrespeito pela decisão do doente, necessidade de lhe dar tempo para se adaptar à
situação de saúde dentro dos limites aceites e normas estabelecidas” (q. 62).
Nos cuidados de saúde primários (CSP) não são raras as práticas perpetuadoras
da dependência do paciente, em vez de se procurar a promoção da sua autonomia e
cidadania. “Quebra de compromisso de atendimento qualificado do doente. Utilização do
serviço público de saúde sem respeito pela sociedade e cidadania” (q. 65) Isso é percorrer
o caminho da beneficência paternalista com os seus traços de superproteção e, em certa
medida, de autoritarismo como descreve a atitude de “Continuar a investir no doente os
seus conhecimentos médicos para o compensar, se não conseguirem, enviá-lo aos
cuidados diferenciados hospitalares para internamento e compensação” (q. 101).
O respeito pela autonomia pode ser uma exigência demasiado elevada, pelo que o
modelo praticado por alguns profissionais de saúde dos CSP aproxima-se de uma
negociação em relação às normas e rotinas. “Tentar conversar com o doente e envolvê-lo
no controle, vigilância e tratamento das suas patologias - corresponsabilizá-lo pelo
sucesso/fracasso dessas terapêuticas e fazê-lo entender que a equipa vai ajudá-lo mas
que ele não pode ter o exclusivo da atenção e que existem outros utentes a necessitar de
cuidados” (q. 28) ou pelo “Estabelecimento de um plano terapêutico conjunto (equipa de
saúde/utente/família) com compromisso de todos na sua implementação” (q. 7).
152 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE
Algumas das resoluções recomendadas para o caso II evidenciam uma mistura das
categorias Ética profissional, Ética do cuidado e Ética principialista, como se evidencia
nas seguintes respostas:
- “Que procurasse cuidados médicos de apoio para puder manter a sua prática
profissional adequada. Aos colegas, que quem fosse mais próximo a abordasse e ajudasse
a ser ajudada” (q. 9);
- “Em 1.º lugar apoio da colega, em 2.º lugar proposta de ajuda terapêutica, 3.º lugar
pedido de apoio a quem estivesse em melhor situação para na fase inicial poder ajudar a
corrigir a situação” (q. 11);
Algumas das respostas para o caso III evidenciam que os profissionais de saúde
ao discutirem os casos éticos reais não revelam nenhum modelo de tomada de decisão
sequenciada, do tipo passo a passo. Ao invés disso, evidenciam uma abordagem
multifacetada, que se move dos dados e factos para as alternativas e consequências,
incorporando valores pessoais, visões de mundo, princípios da Bioética, como se constata
pelas seguintes respostas:
- “A 1.ª médica deveria pedir que voltasse no dia em que estivesse de novo na
consulta. Poderia marcar uma consulta para si própria. O relatório da mamografia não foi
adequado. A doente deveria ser encaminhada de ‘urgência’ para serviço especializado.
Qual o sistema de marcação para os utentes sem médico?” (q. 2);
- “Penso que nada há a fazer, a reestruturação, o bom funcionamento, tem que ser
mais profundo, começar nas direções das instituições e acabar nos funcionários que
trabalham no terreno. Infelizmente todos os dias existem situações como estas” (q. 6);
RESULTADOS DO ESTUDO QUALITATIVO 153
Idade
20 – 29 anos 6 3,7
30 – 39 anos 37 22,7
40 – 49 anos 46 28,2
50 – 59 anos 72 44,2
60 – 69 anos 2 1,2
Profissão
Médico 77 47,2
Enfermeiro 86 52,8
Sub-Região
Aveiro 31 19,0
Castelo Branco 49 30,1
Coimbra 48 29,4
Guarda 10 6,1
Leiria 20 12,3
Viseu 5 3,1
Área de Trabalho
Urbana 83 50,9
Rural 26 16,0
Semiurbana 54 33,1
Quadro XIV: Estatística descritiva relativa às atitudes dos profissionais de saúde perante os
direitos à informação e ao consentimento dos pacientes
Escala
Nº de itens 31
Média 3.99
Mediana 3.93
Desvio Padrão 0.36
Variância 0.13
Mínimo 3.07
Máximo 4.80
Verificou-se que a média das pontuações foi superior no grupo de médicos (quadro
XV). Como a variável da pontuação da escala não seguiu uma distribuição normal, nos
grupos profissionais, teve que se aplicar o teste não paramétrico Mann-Whitney.
Estatisticamente rejeita-se a hipótese nula (p < 0.5). Pode assim concluir-se que as atitudes
perante problemas éticos nas relações dos profissionais de saúde com os pacientes e suas
famílias são influenciáveis pela profissão. Considerando como mais firme a obtenção de
pontuações superiores na avaliação feita através da aplicação da escala, pode considerar-
se como mais firmes as atitudes éticas dos médicos face aos enfermeiros perante os
direitos à informação e ao consentimento dos pacientes.
H2 – As atitudes éticas dos profissionais de saúde não são influenciáveis pelo sexo
(masculino ou feminino).
Constatou-se que a média das pontuações para a escala foram iguais nos dois
sexos = 3.99. Estatisticamente não se rejeita esta hipótese nula. Conclui-se, assim, que as
atitudes éticas dos profissionais de saúde perante os direitos à informação e ao
consentimento dos pacientes não são influenciáveis pelo sexo.
H3 – As atitudes éticas dos profissionais de saúde não são influenciáveis pela idade.
H5 – As atitudes éticas dos profissionais de saúde não são influenciáveis pela sub-
região em que trabalham (Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria, Viseu).
Verificou-se que a média das pontuações foi superior no grupo dos profissionais
que trabalham na sub-região de Viseu e inferior nos que trabalham na sub-região de
Castelo Branco (quadro XVI). Como a variável da pontuação da escala não segue uma
distribuição normal em todas as subamostras, aplicou-se o teste não paramétrico de
Kruskal-Wallis. Estatisticamente rejeita-se a hipótese nula (p < 0.001). Pode assim concluir-
se que as atitudes éticas dos profissionais de saúde perante os direitos à informação e ao
consentimento dos pacientes são influenciáveis pela sub-região em que trabalham.
Considerando como mais firme a obtenção de pontuações superiores na avaliação feita
através da aplicação da Escala de atitudes perante os direitos à informação e ao
consentimento, pode considerar-se como mais firmes as atitudes éticas nas sub-regiões
de saúde de Viseu e Aveiro e menos firmes nas sub-regiões de saúde de Leiria e Castelo
Branco.
Quadro XVI: Atitudes éticas dos inquiridos em função da sub-região de saúde a que pertencem
Aveiro 4.03
Coimbra 4.01
Leiria 3.92
Viseu 4.29
RESULTADOS DO ESTUDO QUANTITATIVO 161
H6 – As atitudes éticas dos profissionais de saúde não são influenciáveis pela área
geográfica em que trabalham (urbana, rural, semiurbana).
Detetou-se que a média das pontuações foi superior no grupo dos profissionais que
trabalham em zona urbana (quadro XVII). Como a variável da pontuação da escala não
segue uma distribuição normal em todas as subamostras, aplicou-se o teste não
paramétrico de Kruskal-Wallis. Estatisticamente rejeita-se a hipótese nula (p < 0.001).
Pode-se assim concluir que as atitudes éticas dos profissionais de saúde perante os
direitos à informação e ao consentimento dos pacientes são influenciáveis pela área
geográfica em que trabalham. Considerando como mais firme a obtenção de pontuações
superiores na avaliação feita através da aplicação da Escala de atitudes perante os direitos
à informação e ao consentimento, pode considerar-se como mais firmes as atitudes éticas
dos profissionais que declararam trabalhar em área urbana.
Quadro XVII: Atitudes éticas dos inquiridos em função da área geográfica em que trabalham
Média da pontuação na escala Teste Kruskal-Wallis
Urbana 4.06
Rural 3.92
saúde não foram influenciadas pela idade e número de anos de profissão dos
respondentes. Houve diferenças, pelo teste não paramétrico de Kruskal-Wallis, altamente
significativas (p<0,001) entre as médias da escala e a sub-região de saúde a que
pertencem os profissionais de saúde. A média das pontuações foi superior no grupo dos
profissionais que declararam trabalhar em zona urbana (4.06) em relação aos que
declararam trabalhar em zona rural ou semiurbana (3.92). Essa diferença foi
estatisticamente significativa (p < 0.001).
DISCUSSÃO 163
10. DISCUSSÃO
Havia uma expectativa inicial de uma taxa de resposta de cerca de 30% dos
profissionais de saúde, pelo que se esperava obter uma amostra de 525 indivíduos, com
280 MF e 245 enfermeiros. Só foi possível obter, para este trabalho, um total de 163
indivíduos que responderam à primeira e segunda partes do questionário (estudo
quantitativo), sendo 77 MF e 86 enfermeiros, o que representa 9,3% dos profissionais de
saúde dos CS aleatorizados, e 31% da expectativa inicial. Este facto limita a generalização
dos resultados ao universo do estudo. No entanto, permite considera-los como preliminares
e indicadores de possíveis tendências. Em relação à terceira parte do questionário (estudo
qualitativo) só foram recebidas respostas, a todas ou a algumas das perguntas abertas, de
107 dos 163 indivíduos participantes no estudo, sendo 56 MF e 51 enfermeiros.
Neste estudo qualitativo (capítulo 8), verifica-se pela soma do total de respostas
apresentadas no quadro VIII, pág. 146, que 87 foram classificadas na categoria Ética
principialista, 85 na categoria Ética profissional, 48 respostas na categoria Ética do
cuidado, 23 respostas na categoria Ética casuística e 21 respostas na categoria Ética
das virtudes. Pelo que se pode afirmar que os profissionais de saúde, que responderam
164 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE
Pelas respostas ao caso I, que reproduz um problema ético muito comum e próprio
dos cuidados de saúde primários (CSP), o paciente que não cumpre e perturba a rotina do
serviço, observou-se que a maioria das respostas foi atribuída à categoria Ética
principialista seguida pela Ética do cuidado (quadro VIII, pág. 146); quer pelos homens
quer pelas mulheres (quadro IX, pág. 146); quer pelos médicos quer pelos enfermeiros
(quadro X, pág. 147); quer nos diferentes grupos etários (quadro XII, pág. 149); e apenas
na área de trabalho é que surgiram diferenças (quadro XI, pág. 148). Nas áreas urbana e
semiurbana ainda se manteve o quadro geral anteriormente referido e só na área rural é
que as categorias maioritárias foram a Ética do cuidado e a Ética das virtudes com a
mesma percentagem de respostas.
É curioso notar que haja menos enfermeiros que médicos na categoria Ética das
virtudes (quadro X, pág. 147), uma vez que o modelo da “enfermeira virtuosa”5 é um dos
que marca a construção histórico-social da enfermagem. Isto talvez possa ser motivado
pelo facto dos enfermeiros, nos últimos tempos, virem a desenvolver um processo de
avaliação da sua independência como profissionais de saúde e de revisão coletiva e crítica
da natureza dos seus papéis, atividades e responsabilidades profissionais5.
Foi possível identificar nas respostas ao caso I uma posição em certa medida
autoritária de alguns profissionais de saúde nas relações com o paciente. Isto remete para
as dificuldades encontradas no contexto dos cuidados de saúde para se efetivar o respeito
pela autonomia dos pacientes, devidas à sua condição dependente e à atitude autoritária
dos profissionais de saúde1. Nos cuidados de saúde primários (CSP) não são raras as
práticas perpetuadoras da dependência do paciente, em vez de se procurar a promoção
da sua autonomia e cidadania. Isso é percorrer o caminho da beneficência paternalista com
os seus traços de superproteção e, em certa medida, de autoritarismo.
Nas instituições onde as pessoas são admitidas contra a sua vontade, como as
prisões, as violações ao princípio do respeito pela autonomia são explícitas1. Contudo,
naquelas onde a admissão é voluntária, este comprometimento das escolhas autónomas
pelas regras, políticas e práticas da instituição, frequentemente, é subtil. Como exemplo,
citam os lares para pessoas idosas, considerando que a liberdade dos residentes nestas
instituições, para viverem de acordo com as suas preferências e planos de vida, deve ser
balanceada com a proteção da sua saúde, a proteção dos interesses dos demais
internados, a promoção da segurança e eficiência da instituição, e a alocação dos recursos
escassos. Neste contexto, muitos contestam o respeito pela autonomia, afirmando que este
configura uma exigência demasiado elevada para estas organizações e propõem, em lugar
do consentimento informado, o “consentimento negociado”1, que regula os deveres mútuos
em vez dos direitos individuais1. Esta alternativa é considerada como arriscada sem o
estabelecimento de proteções claras à vulnerabilidade dos residentes1.
É claro que não se advoga com isto que os profissionais de saúde desprezem as
rotinas que tão bem se prestam a organizar os serviços, melhorando o seu fluxo e o
166 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE
processo do trabalho. O absurdo está na sua conversão em normas rígidas que ordenam
as condutas. Isto talvez possa ser evitado se houver uma ponderação dos princípios da
não maleficência e da beneficência pelos médicos e enfermeiros, embora no momento de
prevenir os erros ou eliminar as condições que os possam provocar, o cumprimento de
normas seja de grande importância.
Para a discussão dos resultados deste caso, recorda-se que os dilemas hipotéticos,
graças à abstração da sua apresentação, afastam as pessoas da história e da psicologia,
das suas próprias vidas individuais e separam o problema ético dos contextos sociais que
o envolvem7. Ao fazerem isso, esses dilemas são úteis para verter e apurar os princípios
objetivos da justiça e medir a lógica formal da igualdade e reciprocidade7. Entretanto, a
reconstrução do dilema na sua particularidade contextual permite a compreensão da causa
e da consequência, o que implica a compaixão e a tolerância observadas, nos seus
estudos, e na distinção dos juízos morais que atribui às mulheres7. Somente quando se
contextualiza as narrativas das pessoas hipotéticas é possível considerar a injustiça social
que os seus problemas morais podem refletir e imaginar o sofrimento individual que a sua
ocorrência pode implicar, ou que a sua resolução pode significar7. Isto talvez contribua para
justificar a mistura das categorias Ética profissional, Ética do cuidado e Ética
principialista que, de forma geral, norteia as respostas dadas.
DISCUSSÃO 167
Pelas respostas ao caso III, que reflete um problema de gestão, em que uma
paciente sem médico de família, após percorrer o percurso do sistema de saúde só
consegue que o seu problema de saúde seja resolvido com uma “cunha”, pode observar-
se que a maioria das respostas foi atribuída à categoria Ética principialista, logo seguida
pela Ética profissional (quadro VIII, pág. 146). No entanto, para este caso surgiram
diferenças em todos os grupos. Assim, os homens privilegiaram a Ética profissional
seguida pela Ética principialista, e ocorreu o inverso com as mulheres (quadro IX, pág.
146). Os médicos privilegiaram a Ética profissional seguida pela Ética casuística,
enquanto os enfermeiros privilegiaram a Ética principialista seguida pela Ética
profissional (quadro X, pág. 147). Os profissionais de saúde da área de trabalho urbana
privilegiaram a Ética profissional, seguida pela Ética principialista. Todavia, ocorreu o
inverso com os profissionais das áreas semiurbana e rural (quadro XI, pág. 148). Por
grupos etários, os profissionais com menos de 50 anos privilegiaram a Ética principialista,
seguida pela Ética profissional, enquanto os profissionais com mais de 49 anos
privilegiaram a Ética profissional, seguida pela Ética casuística (quadro XII, pág. 149).
A inclusão da categoria Ética casuística, neste último caso, ocorreu por alguns dos
profissionais de saúde terem referido as suas experiências anteriores, assim como o
raciocínio por paradigma e analogia.
que também proteja o vínculo da equipa com os pacientes, o que pode ser considerado
como uma mistura das abordagens principialista e do cuidado.
Nesta junção ainda tem lugar o raciocínio por analogia e paradigma na análise dos
problemas éticos, o que fica patente quando os inquiridos comparam os casos
apresentados com outras situações semelhantes, vivenciadas por eles próprios ou por
colegas. Entretanto, a utilização da casuística como um método na tomada de decisão face
a problemas éticos no contexto dos cuidados de saúde primários, enfrenta limitações e
requer a constituição de um reportório de casos que incorpore as diferentes circunstâncias
e situações próprias deste nível de cuidados de saúde e que possam servir para paradigma
e analogia.
nesta amostra, Aveiro e Leiria estão devidamente representadas, e Guarda e Viseu estão
sub-representadas. Este facto ocorreu por ter havido uma boa participação dos
profissionais dos centros de saúde de Castelo Branco e da Covilhã, e por o investigador
trabalhar na sub-região de saúde de Coimbra, pelo que teve mais oportunidades para
motivar os profissionais desta sub-região para o estudo.
De acordo com os dados obtidos e descritos no quadro XIV (pág. 157), constata-se
que os inquiridos apresentam uma atitude de concordância face aos itens da escala,
apresentando uma média de respostas no global da escala de 3.99, com um mínimo de
3.07 e um máximo de 4.80.
As médias das pontuações relativas aos médicos (4.02) são superiores às médias
dos enfermeiros (3.96) e estatisticamente significativas (p = 0.031) (quadro XV, pág. 157),
levando assim a concluir que as atitudes éticas dos profissionais de saúde são
influenciáveis pela profissão (médico ou enfermeiro).
No presente estudo foi encontrada uma correlação positiva fraca na associação das
atitudes éticas com a idade (gráfico 1, pág. 158) e o número de anos de profissão (gráfico
2, pág. 159), concluindo-se que as atitudes éticas dos profissionais de saúde não são
influenciáveis pela idade e número de anos de profissão. No entanto, na literatura
consultada, três dos estudos encontrados referem diferenças de atitude ética devido à
idade30,31,32.
A média das pontuações foi superior no grupo dos profissionais que declararam
trabalhar em zona urbana (4.06) em relação aos que declararam trabalhar em zona rural
ou semiurbana, e essa diferença foi estatisticamente significativa (p < 0.001) (quadro XVII,
pág. 161), levando assim a concluir que as atitudes éticas são mais firmes nos profissionais
de saúde que trabalham em área urbana. Existe um estudo29 que refere a existência de
diferença nas atitudes éticas dos profissionais de saúde em função da área geográfica em
que trabalham.
Pela leitura do quadro XVI (pág. 160), verifica-se que existem diferenças, pelo teste
não paramétrico de Kruskal-Wallis, altamente significativas (p<0,001) entre as médias da
escala e a sub-região de saúde a que pertencem os profissionais de saúde. Pode-se
afirmar que este é mesmo um dos dados estatisticamente mais significativos do estudo
efetuado. Constata-se, assim, que as atitudes éticas dos profissionais de saúde parecem
ser “mais firmes” nas sub-regiões de saúde de Viseu e Aveiro e “menos firmes” nas sub-
regiões de saúde de Leiria e Castelo Branco. No entanto, este facto deve ser ponderado
com cautela porque se verificou um número muito baixo de respostas recebidas de Viseu.
saúde (SRS) e integradas nas administrações regionais de saúde de âmbito regional, mas
mantiveram a sua autonomia34.
De 1974 a 2007 as SRS criaram uma história e cultura muito próprias, o que pode
explicar as diferenças encontradas neste estudo. As SRS acabaram por ser extintas com
a entrada em funcionamento dos novos agrupamentos de centros de saúde (ACeS) a 1 de
março de 200935,36.
Perante este tipo de dificuldades, só existirão decisões éticas nas organizações se,
em primeiro lugar, os gestores tiverem a capacidade de reconhecer dilemas éticos e, em
seguida, de analisar as consequências das soluções alternativas. Assim, o propósito da
reflexão ética no interior da organização não é mudar diretamente a natureza moral das
pessoas, mas ajudar a tomar a melhor decisão possível. Deste modo, fica-se com a certeza
de que, se não é a decisão certa, pelo menos é uma decisão refletida, responsável37.
Perante a reforma dos cuidados de saúde primários (CSP) e a extinção das sub-
regiões de saúde (SRS), face aos dados obtidos através do estudo desenvolvido, pode-se
afirmar que em algumas SRS as práticas éticas eram “mais firmes”. Espera-se que a nova
172 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE
organização dos CSP se alicerce numa “plataforma ética”39 que para o sistema de saúde,
tenha por base os seguintes princípios:
2. A solidariedade no financiamento39;
Concluindo, as atitudes éticas dos médicos de família aparentam ser mais firmes
de que as dos enfermeiros perante os direitos à informação e ao consentimento dos
pacientes. Aparentam ser mais firmes nos profissionais de saúde das sub-regiões de Viseu
e Aveiro, e nos que trabalham em área urbana.
DISCUSSÃO 173
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39
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CONCLUSÕES 175
CONCLUSÕES
As atitudes éticas dos médicos de família parecem ser mais firmes de que as
dos enfermeiros perante os direitos à informação e ao consentimento dos
pacientes;
As atitudes éticas dos profissionais de saúde não são influenciáveis pelo sexo
(masculino ou feminino);
As atitudes éticas dos profissionais de saúde não são influenciáveis pela idade
e número de anos de profissão;
As atitudes éticas dos profissionais de saúde parecem ser mais firmes nas sub-
regiões de saúde de Viseu e Aveiro;
As atitudes éticas dos profissionais de saúde parecem ser mais firmes nos que
trabalham em área urbana.
A principal limitação do presente estudo foi não ter conseguido uma adesão de
participantes suficientemente representativa do universo estudado e garantir a
aleatorização da amostra estudada.
Sendo esta uma primeira abordagem ao tema nos Cuidados de Saúde Primários
em Portugal, ainda há muito para investigar neste campo em estudos posteriores.
Considerando a recente mudança estrutural dos Centros de Saúde, seria importante repetir
o presente estudo neste novo contexto.
ANEXO
ESCALA DE ATITUDES PERANTE OS DIREITOS À INFORMAÇÃO E AO CONSENTIMENTO 179
ANEXO 1
APÊNDICES
VARIÁVEIS A ESTUDAR 183
APÊNDICE 1
VARIÁVEIS A ESTUDAR
resposta às suas
dúvidas
4, 5 e 6 O doente deve ser P7 Atitudes perante os Qualitativa Escala de
informado sobre direitos à Likert
todos os informação
tratamentos
possíveis para a
sua doença
4, 5 e 6 O doente deve ser P8 Atitudes perante os Qualitativa Escala de
informado sobre a direitos à Likert
gravidade da sua informação
doença
4, 5 e 6 Ao doente deve P9 Atitudes perante os Qualitativa Escala de
ser dito tudo direitos à Likert
menos as partes informação
mais
desagradáveis da
sua situação
4, 5 e 6 A família do P10 Atitudes perante os Qualitativa Escala de
doente deve ser direitos à Likert
sempre informada informação
e posta ao
corrente da
situação
4, 5 e 6 A família deve ser P11 Atitudes perante os Qualitativa Escala de
informada sobre a direitos à Likert
situação do informação
doente se este
recusar receber
essa informação
4, 5 e 6 Se o doente for ou P12 Atitudes perante os Qualitativa Escala de
estiver incapaz direitos à Likert
(estado de coma, informação
doença mental,
…) a informação
deve ser dada aos
familiares
4, 5 e 6 Quando a doença P13 Atitudes perante os Qualitativa Escala de
é grave, o melhor direitos à Likert
é não dizer nada a informação
ninguém
4, 5 e 6 Deve ser P14 Atitudes perante os Qualitativa Escala de
aconselhado ao direitos à Likert
doente o informação
tratamento que à
luz dos
conhecimentos
actuais seja
preferível, com as
devidas
justificações
4, 5 e 6 Só devem ser P15 Atitudes perante os Qualitativa Escala de
transmitidas direitos à Likert
informações à informação
família se o
doente o desejar
ou com a sua
autorização
VARIÁVEIS A ESTUDAR 185
tratamentos
necessário ao
diagnóstico da sua
doença
4, 5 e 6 Quando o doente P25 Atitudes perante os Qualitativa Escala de
recorre ao hospital direitos ao Likert
aceita consentimento
automaticamente
todos os
tratamentos
necessários para
curar ou controlar
a sua doença
4, 5 e 6 O acto de P26 Atitudes perante os Qualitativa Escala de
consentir deve ser direitos ao Likert
único e específico consentimento
para cada exame
ou tratamento a
realizar
4, 5 e 6 O acto de P27 Atitudes perante os Qualitativa Escala de
consentir direitos ao Likert
necessita de ser consentimento
sempre
formalizado com a
assinatura do
doente
4, 5 e 6 Quando existe P28 Atitudes perante os Qualitativa Escala de
uma relação de direitos ao Likert
confiança entre o consentimento
doente e os
profissionais, a
palavra é
suficiente para
consentir
4, 5 e 6 O acto de P29 Atitudes perante os Qualitativa Escala de
consentir direitos ao Likert
pressupõe a consentimento
ampla informação
do doente
4, 5 e 6 Se o doente é ou P30 Atitudes perante os Qualitativa Escala de
está incapaz direitos ao Likert
(doença mental, consentimento
coma, …), é aos
familiares que
cabe consentir
4, 5 e 6 Para autorizar a P31 Atitudes perante os Qualitativa Escala de
realização de um direitos ao Likert
exame ou consentimento
tratamento não é
necessário ter
conhecimentos
sobre ele
VARIÁVEIS A ESTUDAR 187
Para o estudo dos objetivos 1, 2 e 3 serão apresentados três casos e colocadas três
questões de resposta aberta.
Casos:
A) O senhor J., hipertenso e diabético, faz pedidos frequentes de cuidados que dificultam
as atividades e perturbam a rotina da unidade de saúde. No entanto, os seus valores de tensão
arterial e de glicemia são sempre elevados. O médico e a enfermeira da equipa onde ele está
inscrito tentam assisti-lo da melhor maneira possível, mas a cada dia que passa sentem-se
tentados e deixar de investir nele os seus esforços1.
B) Ninguém sabe o que levou a E. a tornar-se dependente do álcool, mas a sua vida afetiva
sempre tinha sido complicada. A nível do serviço, de vez em quando, surgiam algumas queixas
dos doentes e colegas sobre o seu mau humor e alguns gestos bruscos. Notava-se-lhe grande
instabilidade, saía frequentemente do serviço, sentia-se um hálito alcoólico quando alguém dela
se aproximava, mas ninguém tinha tido coragem para a confrontar directamente. Um dia, o
familiar de um doente fez uma participação por escrito, queixando-se do seu atendimento e
acusando a equipa de saúde de cumplicidade neste estado de coisas2.
1
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médicos do programa saúde da família. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da
Universidade de São Paulo; 2003. Tese de doutoramento. p. 33.
2
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Enfermagem. Desafios. Coimbra: Gráfica de Coimbra; 2004. p. 428-429.
3
Serrão D. Relações entre profissionais de saúde e instituições. In: Neves MCP. (editor).
Comissões de ética: Das bases teóricas à actividade quotidiana. 2ª edição revista e aumentada.
Coimbra: Gráfica de Coimbra; 2002. p. 469-470.
188 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE.
RESPOSTAS DOS INQUIRIDOS AOS CASOS APRESENTADOS NA TERCEIRA PARTE DO QUESTIONÁRIO 189
APÊNDICE 2
Neste anexo apresentam-se as respostas dos inquiridos aos casos apresentados na terceira parte do questionário do estudo.
1 2 39 2 17 3 3 Pouca ou nenhuma Firmeza no horário de Mesmo sendo um doente difícil, tem o direito ao melhor atendimento. Deve-se exigir respeito da sua parte pelas normas de funcionamento do serviço.
adesão do utente às atendimento ao doente, Aceitação da maneira de ser do doente, ser tolerante, melhorar as suas competências.
prescrições e marcando horas precisas
conselhos da equipa para o atender, não o
de saúde. Dificuldade deixando perturbar as
de aceitação por rotinas do serviço. Abordar
parte dos os seus problemas de uma
profissionais da forma mais "agressiva".
actuação do doente Nunca deixar de fazer os
ensinos pertinentes.
Aceitar a não adesão do
doente.
2 1 51 1 30 3 1 Investir no ensino do Idem Limitada Mau procedimento da Atenção, Necessidade de A 1ª médica deveria Profissionalismo, Para protecção da
utente. Procurar capacidade do funcionária. Falta de acompanhamento, compreensão. pedir que voltasse consciência, saúde da utente.
diminuir o "gasto" de utente em acompanhamento e atenção ensino, protecção, Necessário ajudar no dia em que relevância pelo Para desempenho
recursos. cumprir. em relação a ela. ajuda. e reintegrar estivesse de novo na acto médico. Não de acordo com as
consulta. Poderia negligência. "legis artis". Evitar
marcar uma consulta Dedicação. dolo e negligência.
para si própria. O Preocupação.
relatório da Actuação calma e
mamografia não foi adequada.
adequado. A doente
deveria ser
encaminhada de
"urgência" para
serviço
especializado. Qual
o sistema de
marcação para os
utentes sem
médico?
5 2 57 2 32 3 1 Perturbação da rotina Planear com o utente Para o utente ser Comportamento da Enfª Tentar ajudar a Para que não haja Tempo de espera. Ajudá-la a resolver Para que se
da unidade de saúde. datas específicas, para bem perante os utentes e colegas. Enfª e informar queixas. Pedido de ajuda a o problema o mais detectasse mais
não perturbar e não acompanhado em superiores. um médico "amigo". rápido possível. rapidamente o
dificultar as actividades e a relação à sua problema da srª.
rotina do serviço. situação de Para que depois
saúde. não fosse tarde de
mais.
190 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE.
6 2 3 2 1 3 3 A perturbação da Tentarem responsabilizar Penso que todos A cumplicidade dos colegas Primeiro era Neste caso penso A demora na Os profissionais Penso que nada
5 1 unidade de saúde que o utente pela sua doença. devem colaborar de "camuflar" a situação, confrontar a colega que o confronto resposta das envolvidos penso há a fazer, a
se irá reflectir no Esclarecer o utente que na recuperação tendo repercussões no (senhora Enfª) com iria levar a senhora instituições ao que nada podem reestruturação, o
atendimento de existem regras que devem em caso de atendimento aos utentes. O o seu problema Enfª a reflectir problema da doente. fazer, as bom
outros utentes, ser respeitadas por todos doença e também direito dos utentes de seremproporcionando-lhe sobre o seu O factor "cunha" que instituições é que funcionamento,
igualmente com os com vista ao bom devem ser atendidos por profissionais toda a problema e talvez ainda continua a funcionam mal, tem que ser mais
mesmos direitos. Até funcionamento e responsabilizados que prestem cuidados de disponibilidade a possibilidade de existir em serviços não comunicam profundo, começar
que ponto o médico e satisfação dos utentes. . Quem determina qualidade. Falta de coragem para a ajudar e ser "colocada de de saúde. De quem entre si. O filho da nas direcções das
a enfermeira podem as regras de dos colegas para confrontar a
fazendo-lhe ver lado" a levasse a a responsabilidade patroa que tinha instituições e
deixar de valorizar e funcionamento de senhora Enfª e proporcionar-quais são as mudar de atitude e da evolução do um colega médico acabar nos
atender os pedidos um serviço são as lhe ajuda. consequências na ter mais cuidado tumor da doente. procedeu bem, e funcionários que
frequentes do utente. pessoas que nele prestação dos nas suas atitudes. fez o que pode trabalham no
trabalham e quem cuidados sob o para ajudar. terreno.
vem de fora efeito do álcool e Infelizmente todos
(utentes) deve as consequências os dias existem
interiorizar essas para a equipa. situações como
regras, embora Segundo reunir estas.
tendo opção de com o familiar do
escolha. doente, que fez a
participação, não
para retirar a
participação, mas
para haver uma
explicação no
sentido de "limpar
o nome" da equipa
de saúde.
7 1 4 2 2 3 3 Estabelecimento de um Necessidade de estabelecer regras e responsabilidades partilhadas, afim de mudar atitudes e adoptar comportamentos adequados.
5 0 plano terapêutico conjunto
(equipa de
saúde/utente/família) com
compromisso de todos na
sua implementação.
8 1 3 1 1 1 1 Problemas de Atender ao ciclo de Para resolver o Incapacidade profissional / Esclarecer a Há que tentar Acessibilidade aos Contactar os Para tentar salvar
6 0 acessibilidade aos motivação/estadio de problema e responsabilidade individual e situação em grupo reabilitar a colega. cuidados. Equidade colegas pelo vidas.
cuidados. Problemas mudança comportamental melhorar os do grupo/equipa de saúde. e ponderar o de cuidados. telefone /
relacionados com a do paciente e agir de cuidados incentivo para que pessoalmente, de
comunicação acordo com o mesmo. prestados. a colega receba modo a tornar o
paciente versus Articular melhor com os tratamento. processo mais
equipa de saúde. restantes membros da célere.
Problemas equipa de saúde.
relacionados com
motivação dos
profissionais de
saúde e de equidade
de cuidados.
RESPOSTAS DOS INQUIRIDOS AOS CASOS APRESENTADOS NA TERCEIRA PARTE DO QUESTIONÁRIO 191
9 2 4 1 1 5 1 Pedido excessivo de Que tentassem uma Parece-me que Profissional doente pela A Enfª que Porque o mais Atraso diagnóstico Que Porque ser
2 6 cuidados. Não abordagem diferente. O haverá uma dependência do álcool em procurasse cuidados importante é da situação, logo à frequentassem um médico é ajudar
controle / médico tentar uma razão oculta, serviço. Passividade da médicos de apoio resolver o partida passível de curso sobre os doentes.
envolvimento do entrevista com o doente e ainda não equipa que pode tornar-se para puder manter a problema da Enfª. ser grave. Atraso medicina baseada
doente na melhoria "ir ao fundo" na sua identificada, para cumplicidade. sua prática em resolver uma no paciente. Se
do seu estado de situação, procurando esta procura profissional situação clínica situação grave,
saúde. descobrir o porquê deste excessiva de adequada. Aos grave. O sistema eventualmente
pedido repetido de cuidados. colegas, que quem deve centrar-se no cada profissional
cuidados. fosse mais próximo doente, mas pode deve
da Enfª a abordasse ser cego. responsabilizar-se
e ajudasse a ser pelo trajecto até ao
ajudada. diagnóstico.
10 2 4 1 2 3 3 Falta de Definir bem as regras na Para tentar Estar ao serviço doente Abordar a situação Porque o O 1º médico devia Olharem para os Porque havia,
8 5 responsabilização do atendimento ao utente. melhorar a (alcoolismo). Os profissionais com frontalidade, alcoolismo é uma ter tomado conta da utentes e tratarem- desde o início, a
utente. Dificuldade na Fazer contractos de resposta ao do CS não enfrentam a tentando ajudar a doença que doente como se nos hipótese de se
relação compromisso com o doente, uma vez situação como o fariam com pessoa em causa a precisa de fosse sua, uma vez independentement tratar de uma
equipa/doente. utente. que se trata de qualquer outro doente ou na ultrapassar o tratamento e a que a doente não e de serem ou não situação
um doente de mesma pessoa com uma problema. Não doente precisa de tinha MF. O 2º do seu ficheiro. oncológica, que
risco - motivação doença orgânica grave. enterrarem a cabeça solidariedade dos médico, que já Bom senso e não tem que ser
para o na areia. amigos e colegas constatou um lesão tratar tudo do tratada com
tratamento. de trabalho. suspeita devia mesmo modo. celeridade.
orientar com mais
celeridade.
Situações
oncológicas não
podem ter espera no
Hospital.
11 1 5 1 2 4 2 Pedido Esclarecer a situação com Não se "deixa de Objectivamente de todos os Em 1º lugar apoio da Um médico tem Má pratica clínica, Atitude correcta em Não é admissível
3 8 eventualmente o doente. Estudar e investir" nos colegas e intervenientes / já colega, em 2º lugar que ter um sucessivamente. termos que um utente
inapropriado de MCD aprofundar o caso em doentes, tentam- que deveriam "tinham proposta de ajuda comportamento Uma suspeita de diagnósticos, com esteja 21 meses,
/ outros cuidados. questão, rever se outras obrigação" de denunciar a terapêutica, 3º lugar profissional o mais neoplasia da mama pedidos, sem desde a data "em
Falta de adequada terapêuticas e envolver o estratégias. Será situação à direcção do CS pedido de apoio a exemplar possível. (ou outra) "obriga" a necessidade de que entrou no
discussão da doente no seu tratamento que a "culpa" é e/ou à Ordem dos Médicos, quem estivesse em Do ponto de vista que haja celeridade complicações e, há sistema de saúde
situação clínica com para que este perceba a do doente? após uma obvia melhor situação para pessoal não é de encaminhamento sempre maneira, - SNS" e que seja
o paciente, para situação, o que parece conversa/conversas prévias na fase inicial poder obrigatório, mas o da situação. O que de "tratar" preciso "uma
perceber qual a não estar a acontecer. com a pessoa em causa para ajudar a corrigir a exemplo é não foi o caso. rapidamente a cunha" para ser
causa do insucesso ajuda/esclarecimento/evoluçã situação. importante. Burocracia situação. Atenção tratada (ou
terapêutico. A o da situação. Em caso parcialmente às deslocações maltratada).
hipótese da equipa negativo, seguir-se-ia a responsável pela nas zonas rurais,
de saúde se dimitir denuncia após recaída. situação. Abandono que atrasam o
do seu papel. do doente, por parte diagnóstico.
da instituição. Existem códigos de
conduta que
devem estar
sempre presentes.
"Sentir o utente".
12 1 5 1 2 4 3 Aconselhar o doente Ajudá-lo a compreender a Se não, tudo o Os cuidados prestados aos Falar com a direcção Responsabilidade Qual situação? Contacto entre eles A doente teria a
0 5 a melhor maneira de situação. que acontece ao doentes podem não ser os do CS ou ajudar se moral, assim Cuidados primários - melhorado, para situação resolvida
gerir a sua situação. doente acaba por melhores. houver esse pedido. recomenda. atraso, cuidados que o doente não mais depressa?
ser da nossa secundários - novo ande cá-lá e cá-lá.
responsabilidade. atraso. Consciência
e cada um.
192 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE.
13 2 4 1 2 4 2 Não se desiste dos Paciência. Cada vez é mais Poderá haver Cuidado, calma e Não podem fazer Tentar falar com o Os colegas dos Cuidados primários
8 5 doentes. necessária para incapacidade da pessoa falar do problema. nada contra a colega dos C.Secundários e secundários,
poderem lidar com a para o seu serviço e pôr própria pessoa. C.secundários para podem acelerar o cada qual tem as
situação. em risco os utentes. abreviar a situação, processo. suas obrigações.
se possível.
14 2 5 1 2 3 1 Os profissionais de Descobrir o porquê de o Porque ele está a ir Uma médica com Conversar com a Está a por em risco a saúde dos doentes. Está a por em causa o bom atendimento
0 7 saúde deixarem de valor da TA e glicémia ao CS e não está a problemas de médica sobre o que habitualmente praticado pelos médicos e equipa do CS. Está doente e precisa de
investir no caso. Os estarem elevados. levar o que quer, o dependência do álcool e se está a passar. ajuda.
profissionais de saúde Descobrir o porquê para a que precisa, o que falta de apoio de colegas Que apoio podemos
não procurarem procura de cuidados e não vai procurar. ou eventualmente da dar? O que precisa
compreender o aceita as orientações chefia para avaliar com dos restantes
porquê de o doente ir clínicas dadas. O que é ela a situação. Uma elementos da
tantas vezes ao CS que o doente realmente médica a trabalhar sem equipa? Será que a
procurar cuidados. quer de nós. condições físicas e médica se apercebe
psíquicas para que não está a ter
desenvolver a sua boa prática? Que
actividade e é-lhe está a por em risco
permitido manter a a saúde dos
situação pondo em risco doente? Avaliar o
os cuidados prestados que a médica pensa
aos doentes. destas questões.
Evitar manter a
actividade
profissional.
15 1 5 1 2 3 3 Dificuldades da Uma abordagem Para melhorar a Dificuldade de Abordar o caso o Para evitar a Má resposta dos Maior celeridade. Para curto-circuitar
8 8 relação médico- multiprofissional mais eficiência abordagem de um mais precocemente degradação da serviços de saúde às Uma os circuitos.
doente. eficaz. Uma referenciação terapêutica. comportamento anti- possível. situação. necessidades dos referenciação
personalizada aos social. doentes. "personalizada"
C.Secundários. aos
C.Secundários.
16 2 4 2 1 3 3 Grau de compreensão Um maior investimento no Porque muitas Uma profissional Numa primeira fase Porque o Viagens frequentes Em meu entender Parece-me que até
1 9 e conhecimento do doente, confrontando-o vezes o problema dependente do álcool em deveria ser feita alcoolismo é uma para realização de os médicos do Cs ao diagnóstico
doente quanto aos com os riscos que corre, se está na exercício e os riscos que uma abordagem à doença e todos os EAD. Insegurança e solicitaram os passou bastante
seus problemas de necessário dramatizando a generalização dos pode acarretar. A colega por outro ou doentes devem ter medo que se instala exames tempo, tanto no CS
saúde. Ao perturbar a doença. Mostrando ao ensinos. O doente instabilidade que pode outra com o qual possibilidade de na doente que com adequados, no como no Hospital.
rotina da unidade de doente que ainda pode ter deve ser abordado provocar na equipa de mantenha um serem tratados frequência tem que entanto o tempo Nesta situação o
saúde poderá estar a qualidade de vida, de forma saúde. A insegurança relacionamento de independentement realizar exames de que medeia entre clínico que detecta
prejudicar outros comparando-o com casos personalizada, que provoca nos doentes maior confiança. e da sua condição. aferição. Demora as várias a gravidade da
doentes que adiram à conhecidos que dando-lhe o tempo e seus familiares. Posteriormente e Uma profissional exagerada na consultas é situação deve
terapêutica e aos melhoraram necessário para caso aceitasse dependente do resposta dos excessivo. O proceder
cuidados prescritos. significativamente quando aceitar a sua proponho uma álcool acarreta C.Secundários. médico que pede rapidamente ao
reconheceram a sua doença, não dando desintoxicação, responsabilidades o 1º exame contacto telefónico.
doença. excessiva tendo anteriormente profissionais, deveria ter Estas situações
informação, mas solicitado o apoio pessoais e sociais providenciado sugerem que o
sim aquela que da família. com grande uma consulta sistema tem que
pode ser adequada impacto legal. mais precoce. ser corrigido,
ao doente em entretanto recorrer
questão. As às amizades para
analogias com o dia resolver questões
a dia são uma tão graves quanto
estratégia possível. esta.
RESPOSTAS DOS INQUIRIDOS AOS CASOS APRESENTADOS NA TERCEIRA PARTE DO QUESTIONÁRIO 193
17 2 55 1 29 3 1 Deixar de prestar ou Visitas domiciliárias. Apoio Porque alguma Falta de intervenção Maior conhecimento Porque a Nestas idades com Estar mais Porque nestes
investir no utente os dos outros elementos da coisa não está bem da equipa de saúde. do ambiente em que intervenção nestes os problemas atentos a estes casos especiais
seus esforços, em equipa. Guardar um dia, na comunicação ou Falta de pedido de a doente vive e das casos tem que ser detectados deviam casos que podem devemos ser
lugar de mudar de com tempo para o ouvir. nas condições do apoio dos colegas e suas relações global. pedir logo Eco e por em risco a empáticos.
estratégia para saber utente. família. Falta de familiares. Conhecer Mamografia. vida e saúde
porque não se corresponsabilizaçã os apoios possíveis Atendendo a que a mental e física
consegue atingir os o da doente no no local de trabalho e utente não tinha dos utentes.
objectivos. tratamento. no local onde vive. médico de família,
esse médico devia
assumir (abrir a
porta) para avaliar
esses exames logo
que feitos e continuar
o processo.
18 1 50 1 27 1 1 Sobre utilização de Marcar consultas de Tentar identificar os Falta de Tentar ouvir os Há necessidade de Equidade no acesso Tentar melhorar a Numa sociedade
cuidados. Má vigilância de grupos deproblemas não camaradagem / problemas da colega tratar os problemas aos cuidados de referência aos democrática a
aderência à risco periódicas. expressos do companheirismo. e sugerir-lhe planos da colega, no saúde. C.Secundários, igualdade no
terapêutica e aos Proporcionar acções de doente. Quantificar para ultrapassá-los. sentido de ela ter motivando as acesso aos
cuidados. educação para a saúde ae/ou qualificar os Motivá-la a procurar uma vida o mais feliz equipas de gestão cuidados de saúde
nível médico e de seus problemas e o ajuda confrontando-a possível, de modo a de saúde neste é um princípio
enfermagem. que pensa sobre a com os problemas que possa também processo. prioritário.
solução proposta. que decorrem da sua ser útil a quem a
Agindo de forma a actividade profissional procura.
tornar as atitudes na sua situação
mais correctas e actual.
assegurar uma
terapêutica e
ensinos correctos,
fomentando os
autocuidados.
19 1 51 1 26 4 1 Parece-me não ter Estabelecer uma estratégia Não é previsível um Comportamento À profissional, A eficácia do Falta de atenção no Reorganização A relação
havido uma centragem adequada a este paciente sucesso de incorrecto da obviamente uma trabalho em equipa é problema da paciente dos serviços. personalizada
no paciente e apesar com estabelecimento claro qualquer profissional de sensibilização para fundamental para a e visão meramente Inclusão da potencia a eficácia
da boa vontade dos de objectivos de saúde intervenção saúde. Cumplicidade alterar o seu melhor prestação de funcionalista dos paciente na lista da relação
profissionais de negociados entre os terapêutica que não dos restantes comportamento cuidados de saúde à serviços e dos seus de um dos MF, de terapêutica.
saúde, estão ainda a profissionais e o paciente. seja fruto de prévio profissionais, que aditivo. A todos os população. profissionais. preferência da
ser utilizadas "uma acordo "negociado" fecharam os olhos à profissionais da escolha da
navegação à vista", entre as partes situação. equipa, uma paciente.
sem estratégias interessadas. O reciclagem (curso,
definidas. utente tem que ser acção de formação)
envolvido na de atitudes e
estratégia. comportamentos em
equipa.
20 1 48 1 24 5 2 Desvalorização das Conversa com o utente Reforçar a ideia da Falta de Conversa com a E Avaliar possíveis Despersonalização Reorganização do Melhoria da
queixas e do sobre o horário da consulta. importância que o solidariedade / sem culpabilizações. estratégias e modo do doente. sistema de relação médico-
relacionamento com o Eventual ida ao domicílio utente tem para a diálogo. Mostrar que querem de as ultrapassar, Insensibilidade para atendimento. doente. Melhoria
utente. Indiferença. do utente. Reforço equipa de saúde. Desinteresse / ajudar sem evitando o os receios e para o Proposta para da confiança no
comunicacional com Avaliar eventuais abandono. "julgamentos" prévios. isolamento. Mostrar estado da doente. integração da sistema de saúde.
enfatização do papel do problemas Cumplicidade. a importância da E Inexistência de utente na lista de Para a utente se
utente. Explicitação da existentes e não Recriminação para os colegas, relação médico- um dos médicos. sentir considerada.
metodologia usada e dos comunicados e/ou pública / punição. bem como a doente.
objectivos a atingir por subvalorizados. preocupação destes
todos (equipa de saúde e na resolução dos
utente). problemas dela.
194 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE.
21 2 5 1 2 3 1 Nenhuns Considerar como doente Trata-se de um Nenhuns Abordagem do doente no sentido de Nenhuns Agilização do Criação de uma
3 8 de risco. Fazer a doente de risco reconhecer a adição. Prescrever o sistema de saúde. "via" para casos de
abordagem segundo as tratamento. Envolver a família no Articulação mais "neo" complicados
directivas. Programação de processo. célere aos diferentes
consultas níveis de cuidados
de saúde
22 2 3 1 7 3 2 Responsabilidade do Reforçar a Porque a nossa Doença da médica. Tentar conversar / comunicar com a Desresponsabilizaçã Maior comunicação e articulação entre os
3 médico versus responsabilidade do tendência é a de Necessidade de colega, incentivando-a a procurar ajuda. o do(s) médico(s), vários colegas, mesmo tratando-se de
responsabilidade do utente. Reforçar a assumir a preservar a talvez por não ser uma utente sem MF. Definir regras de
doente pela sua necessidade de cumprir as responsabilidade privacidade da colega utente inscrita no actuação em casos semelhantes. Maior
própria saúde. regras da consulta e os e por vezes um versus necessidade ficheiro. Dificuldade responsabilização profissional - será que
Integrar o utente no deveres do utente. papel paternalista. de assegurar os em conseguir EADs o 1º colega não deveria ter "adoptado"
funcionamento do cuidados aos seus em tempo útil. esta utente e encarregar-se da situação.
serviço. utentes.
23 1 5 1 3 3 2 Pouca atenção ao Marcar uma consulta com Poderá haver uma Pactuar com a Abordar o problema com a colega. Afastamento da E da sua actividade. Apoio a E no seu tratamento. Falar
8 0 doente. Desistir por tempo mais alargado, para causa oculta para situação, sem fazer com o queixoso sobre o problema.
ser "caso perdido". rever o caso: exame a manutenção de nada, por parte dos
completo, revisão valores anormais outros profissionais.
terapêutica, com ajustes da TA e da
eventuais. Procurar outras glicémia: falta de
causas para HTA recursos
(psicossocial). Referenciar. económicos, toma
incorrecta, não
adesão à dieta.
Fatores psíquicos.
24 1 5 1 2 4 3 Decidir que o doente é Rever todo o caso. Investir Algo está a falhar. Não levar a sério e Procurar a melhor Mesmo sendo Demissão da função Referenciar mais Não perder tempo,
1 7 o culpado da situação na avaliação de rotinas de mesmo omitir os estratégia para alguém "de dentro" e obrigação de tratar. cedo. Eventuais face ao caso.
e deixar de investir no vida e dar atenção sinais de doença de E. ajudar E. está doente. Atraso na tomada de contactos directos
seu caso. individualizada ao doente Permitir que alguém decisão. Actuação com colegas da
no sentido de compreender doente assuma rotineira não unidade hospitalar.
onde há falhas. responsabilidades que considerando as
podem ser de risco necessidades da
para terceiros. doente. Deficiência
dos serviços,
incluindo quem fez o
1º exame
complementar.
25 2 5 1 2 3 1 A tentação de deixar Envolver a família, A não adesão à terapêutica poderá ser Confrontar a colega Para tentar Má organização dos Alertar a doente para A doente poderia
3 9 de investir no doente. averiguando se ele fez as causa de não controle clínico. A família com a situação e encaminhar e serviços. "As cunhas" a necessidade da não se aperceber
Perturbação da medicações prescritas. poderá ser um aliado na as suas resolver a sua serem resolvidas à brevidade na da gravidade da
relação profissional de Pedir a outros colegas que terapêutica/controle. consequências. situação clínica. frente das "não marcação dos situação. Já que
saúde/doente. avaliem a situação clínica cunhas". exames, ou até ser o não podemos
do doente (caso este próprio profissional a "reorganizar os
concorde). Questionar o marcar os exames. serviços" pelo
doente se ele se sente Referir à doente que menos tentar fazer
satisfeito com as consultas, se não for chamada perceber aos
avaliando também se há dentro dum prazo C.Secundários que
outros "problemas breve (1-2 meses), a situação pode
escondidos". voltar ao CS para ser ou é grave a
possível contacto necessitar de
com os serviços avaliação breve e
hospitalares. resolução rápida.
RESPOSTAS DOS INQUIRIDOS AOS CASOS APRESENTADOS NA TERCEIRA PARTE DO QUESTIONÁRIO 195
27 2 57 1 30 3 1 A tentação de Que não desistissem e Porque só tendo O não ter sido capaz Persistência no Porque a doença Não ter, na 1ª Maior envolvimento Poderia ter-se
abandonar o doente e tentassem mudar de consciência de de conversar com E e acompanhamento tem remissão, mas abordagem, sido nas situações que evitado a
não o enviar a estratégia de maneira a que também é também com a família de E e também recaídas pedida ecografia se podem beneficiar de metastização do
C.Secundários para motivar o doente a cumprir responsável pela na tentativa de evitar disponibilidade muito frequentes e necessário e não ter rapidez no tumor.
avaliação. melhor os seus cuidados. saúde poderemos que as coisas sempre que E necessita muita sido dada abertura diagnóstico.
Responsabilizá-lo mais obter melhor chegassem a necessite. compreensão, para consulta no
pela sua saúde. colaboração e extremos. mesmo médico logo
controlo. que tivesse o
resultado. Se o
médico, à
observação da
doente ficou com a
sensibilidade de que
haveria alguma
alteração deveria
tentar pelo telefone
uma marcação
rápida do exame ou
envio imediato a
C.Secundários.
28 2 34 1 10 1 3 Sentir-se tentado a Tentar conversar com o Porque penso que Falta de coragem para Falarem com a Porque a doente Situação clínica que Tentar encurtar os Como já referi
deixar de investir no doente e envolvê-lo no em parte esta abordar o assunto com doente de modo a provavelmente se apresentava tempos de espera todos os atrasos
doente. controle, vigilância e maneira de agir a doente e falta de fazê-la confessar o veria que os como assim como, se podem ter
tratamento das suas poderá melhorar o envolvimento de problema sem a profissionais de potencialmente possível, e visto os agravado o
patologias – controle das familiares e amigos condenarem e saúde, família e grave e que até à exames serem prognóstico e ter
coresponsabilizá-lo pelo patologias e que poderiam ajudar sempre com a clara amigos a iriam sua resolução realizados num local interferido com o
sucesso/fracasso dessas diminuir a procura na resolução do indicação de que a ajudar e que não passou por "várias distante, serem logo humor da doente,
terapêuticas e fazê-lo constante de problema. queremos ajudar e estava só e mãos" e por longos pedidos os 2 que se deverá ter
entender que a equipa vai cuidados. se houverem descriminada meses de espera o exames, e mesmo o sentido tipo "bola
ajudá-lo mas que ele não familiares ou devido ao seu que pode ter tido colega radiologista de ping-pong" e
pode ter o exclusivo da amigos como rede problema de implicações em poderia ter realizado sem um médico
atenção e que existem de suporte envolvê- alcoolismo. termos de mesmo sem que a apoiasse e
outros utentes a necessitar los no processo prognóstico. A falta credencial e ter garantisse a
de cuidados. conjunto de de envolvimento por pedido a mesma à continuidade de
tentativa de parte dos médicos posteriori. Não cuidados.
desabituação intervenientes deveria ter sido
alcoólica. comprometeu e de necessário a
que forma o intervenção da
diagnóstico que própria paciente
poderia ser alterado ("cunha") para
com a alegação de acelerar uma
urgência para cirurgia que era
resolver rapidamente urgente.
o caso.
29 1 54 1 29 3 1 Nenhum. Melhor programação nas Obter um melhor Os profissionais de Embora a doente tenha o direito de se A "cunha" é uma Promover uma melhor articulação entre
consultas. Negociar e fazer controlo nas saúde tem o dever tratar ou não, deveria ser proposto instituição nacional cuidados e agilização de procedimentos.
cumprir o plano terapêutico. patologias ético de actuar programa de desintoxicação e ajuda que embora eficaz Os custos devem ser assumidos por
identificadas. activamente em para resolução dos problemas tem ética duvidosa. quem os gera, EADs solicitados pelos
situações da doença subjacentes. C.Secundários devem ser realizados em
identificada. âmbito hospitalar.
196 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE.
30 2 5 2 31 3 1 O sr. J deveria não ser Que o sr. J tivesse Não interferia Se E tivesse sinais Superiores Todos os utentes O arrastamento da P1 na 1ª consulta, Porque sabem o
2 visto como um programação adequada de tanto com as notórios de etilismo hierárquicos e têm direito a ser situação poderia e uma vez que têm que significa o
"estorvo" uma vez que acordo com a sua situação rotinas, uma vez agudo não deveria colegas deviam bem atendidos, agravou a doença conhecimento do tempo de espera
até se verifica a clínica, onde além da que faria parte estar ao serviço. Se já ajudar E a perceber com educação e de F. A contexto em que na hipótese de
pertinência dos seus avaliação referida, se delas. era habitual, E já que tinha um bons modos. desigualdade trabalham. Falar diagnóstico
pedidos. avaliasse qual ou quais as deveria ter sido problema de saúde Todos os perante o acesso à com a doente e desfavorável, e
causas da persistência de ajudada a tentar que não estava a profissionais tem o saúde. explicar-lhe o que se porque ninguém
valores elevados, e se resolver o seu conseguir resolver direito ao mesmo passa e se esta não tem o dom da
realizasse educação para a problema de saúde e sem ajuda, e que respeito, educação estaria na ubiquidade.
saúde em conformidade. não ter "deixado esse problema e simpatia, e a disposição de ir
andar". estava a interferir proporcionarem o directamente a um
com a sua vida mesmo direito aos IPO ou a outro
incluindo a vertentecolegas. Como centro de
profissional. cidadão E só se diagnóstico mais
está a prejudicar, a rápido.
si, à instituição
onde trabalha, à
própria direção que
ao protelar a
situação só a
agrava.
31 2 3 2 7 3 1 Desistir de tratar um 1º tentar ver o problema de Muitas vezes o Encaminhamento de Tentar abordar E Só tentando a Diferenciação de Devem ser Um utente sem
1 utente só porque é base que pode não estar no problema está na situação grave. Falta sobre o problema abordagem podem atendimento. realizados os médico de família
consumista e aparente sr. J. 2º avaliar os tipos de família e em de envolvimento / confrontando-a com tentar ajudar e até Encaminhamento exames tem o direito de ser
não cumprir os abordagens feitas, pois "casa", por outro relacionamento entre o seu estado e mesmo apoiar descuidado, falta de
complementares de bem atendido,
ensinos entre outras podem não estar à medida lado talvez não profissionais. como este afecta numa recuperação. seguimento. Falta diagnóstico encaminhado e
coisas. do sr. J. tenham usado a todos em seu redor. Caso não resulte de profissionalismo /
necessários, tratado como um
linguagem mais Denunciar a cabe aos comunicação entre principalmente um utente que tem
correcta para situação aos superiores ter profissionais / exame mais médico de família
ensinar e superiores. conhecimento e instituições. cuidado, tendo em ou talvez até
comunica com o abordar o caso e conta as distâncias. melhor, por não ter
sr. J. tentar a sua Tratar cada paciente oportunidade de ter
resolução. / utente como sendo uma consulta digna
do seu ficheiro. de assim ser.
32 1 4 1 25 6 1 Pedido frequente de Maior profundidade e novas Para conseguir Problema de A resolução do Para se resolver o Falta de médicos de Maior Estava-se a tratar
9 cuidados por parte do formas de abordagem do melhores alcoolismo. problema, por parte problema da saúde família, logo foi empenhamento por de patologia de
sr. J. Perturbação e problema de família. Avaliar resultados quer na Cumplicidade da da equipa haveria da profissional, observada por parte do 3º médico, uma utente que
interferência nas a família e tentar co- TA, quer na equipa. Provável mau de alguém tentar além deste modo vários colegas com provavelmente um não se compadece
actividade da Unidade responsabilizá-la pelo glicémia e muito atendimento ajudar esta colega, se solucionar visões / atitudes contacto directo com atrasos.
por parte do sr. J. melhor seguimento e provavelmente profissional. tentando-lhe fazer também os diferentes. Atraso na (telefónico) para
Médico e enfermeiro controle do doente noutros sentir que estava possíveis resposta a situação uma referenciação
com o perigo do (integração da família). parâmetros. com um problema e problemas no local complicada. Falta de mais rápida. Outra
desinteresse. que necessitava ser de trabalho. ligação entre os postura, de maior
tratado / resolvido. cuidados primários e rapidez no
secundários. A seguimento no
própria demora no hospital.
atendimento nos
cuidados primários.
A necessidade de
"cunha" para
resolver o problema
pela porta de
entrada mais fácil do
hospital, o "SU".
RESPOSTAS DOS INQUIRIDOS AOS CASOS APRESENTADOS NA TERCEIRA PARTE DO QUESTIONÁRIO 197
33 2 50 1 25 2 1 Não cumprimento da Reavaliar a abordagem A procura exagerada Perda do autocuidado. Aproximação e O conflito deve ser Negligência médica. Definição de normas Não existem
prescrição por parte feita ao utente. Investir pelo utente dos Perda da noção de apoio à colega em combatido com precisas do que é normas de
do doente. Má na avaliação e cuidados de saúde obrigação profissional. risco. Abordagem diálogo calmo e uma consulta aberta trabalho,
comunicação equipa aprofundamento da mascara situação de Desleixo profissional. do utente queixoso, com esforço de e quais as sobejamente
de saúde / utente. situação que leva ao depressão, Falta do dever de na tentativa de compreensão. obrigações e divulgadas junto
Negligência nos insucesso clínico. isolamento, falta de apoio e ajuda por parte compreender as Apoio na doença. deveres dos que ali dos profissionais. É
cuidados. apoio familiar ou dos vários suas queixas. Ajuda trabalham. preferível pecar por
outro. profissionais de saúde. e incentivo ao Referenciar ao excesso que por
tratamento da hospital. Recusa ao defeito, daí eu
colega. trabalho num referenciar logo ao
sistema que não dá hospital. Protestar
resposta ao doente contra um sistema
e não realiza o de saúde dúbio é
profissional. prática pouco
comum entre os
profissionais de
saúde.
34 1 41 2 16 3 2 Abandono da atitude Continuar a investir nele Porque a sua tensão Cumplicidade da Que abordassem Devido aos riscos Excesso de Nada.
terapêutica motivada os seus esforços. arterial e glicemia equipa face à atitude directamente a potenciais do burocracia. A praga
pelo comportamento estão sempre de E. situação. exercício da do sistema.
do doente. elevadas. profissão sob o
efeito do álcool.
37 2 32 1 8 5 1 Perante o insucesso Pedir a colaboração de Por vezes, alguém 1. Profissional de Conversarem com A E não está em Só quem tem Será necessária Perde-se a
terapêutico, a equipa outros colegas da que nunca viu o saúde com etilismo a colega e procurar condições de "amigos" é que se outra alternativa continuidade de
de saúde sentir-se unidade para verem o doente antes, pode crónico e continua a que ela se trate. continuar a exercer safa. para os doentes cuidados.
tentada a desistir. doente "de novo". realçar aspectos que trabalhar sem pedir as suas funções. sem MF. Não
passaram ajuda. 2. Restante Tem que se tratar podem continuar a
despercebidos a equipa sabe do e só depois de recorrer à consulta
quem tem observado problema e, para além compensada a aberta para
o doente de não ajudar a situação poderá situações não
regularmente. colega, permitem que retomar as suas agudas.
continue a trabalhar. actividades.
38 2 35 1 11 5 1 Falta de vontade de Aumentar a motivação Ao fim de muito Falta de compreensão Enviar a doente a um centro de Falta de envolvência Diminuir a Cada um limita-se
investir no doente. dos profissionais para tempo de dos colegas. alcoologia. dos profissionais de burocracia. a fazer o que
ajudarem o doente. conhecermos os saúde no problema Aumentar a achou necessário
Passar o doente a outra doentes, passamos a da doente, quando à preocupação com na altura e não se
equipa de saúde. desvalorizar queixas partida sabem que os problemas dos preocuparam
que podem ser podia ser um doentes. verdadeiramente
relevantes e isto pode problema grave. em resolver o
ser o princípio para problema da
não fazermos doente.
diagnósticos
importantes e por isso
ser o princípio do fim
da relação médico-
doente.
39 2 51 1 27 5 3 Falta de Elucidação do utente, com esclarecimento da sua doença.
esclarecimento do
doente sobre a sua
doença.
198 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE.
43 2 43 2 22 3 2 O não respeito do Encaminhamento do utente Pela dificuldade Abandono do serviço Que fossem Porque só Utente sem médico Bons registos e Porque os utentes
doente relativamente para outra equipa ou em estabelecer no horário laboral. Mau capazes de superiormente é de família, sem comunicação escrita merecem ver as
aos profissionais de cuidados diferenciados. uma relação humor e atitudes estabelecer relação possível alguma médico de entre serviços, mas suas necessidades
saúde. O não respeito terapêutica. bruscas. Cumplicidade de ajuda com a atitude. Porque referência. Médicos a grande solução resolvidas, mas os
do utente da equipa. colega, mas não esta profissional que são "obrigados" passa pelos profissionais
relativamente aos todos, apenas um está em situação a consultar utentes gabinetes da também têm direito
outros utentes. ou outro mais que necessita de em nº muito acima administração a boas condições
próximo. Que ajuda. do ficheiro e do (gestores). laborais.
comunicassem a recomendado.
situação Acesso difícil a
superiormente. meios auxiliares de
diagnóstico.
Coordenação
inexistente entre
cuidados de saúde
primários e serviços
de referência
hospitalares.
45 2 30 2 7 3 3 A não valorização de Em 1º lugar dever-se-ia Porque evitaria O compactuar com Que deveriam Porque os utentes O não permitir Estruturar consultas Evitar custos, evitar
uma situação de perceber o porquê da TA e vindas uma situação de denunciar a e os profissionais atempadamente um para que as mortes, dando
doença que poderá glicémia não estarem desnecessárias do alcoolismo, que põe situação a não devem ser diagnóstico de respostas fossem qualidade de vida
estar descontrolada. controlados. Permitir que se utente e este não em causa o instâncias alvo de doença e sua mais atempadas e aos utentes.
agende procedimentos tinha o seu profissional e seus superiores, se após agressividade consequente criar uma linha de
solicitados pelo utente, de problema colegas, bem como a confrontar o (mau humor e resolução, levou a ligação com o
acordo com as descurado. instituição. elemento em gestos bruscos) um agravamento da hospital para que as
necessidades e a causa, este não por um colega que patologia. situações urgentes
disponibilidade dos tomasse alguma poderá resolver fossem resolvidas
profissionais. Facultar e atitude para uma situação de mais rapidamente.
ensinar a trabalhar com resolver o adição.
monitor de glicemia. problema.
48 2 38 2 16 3 2 Relação médico / Reforçar o estilo de vida Isto tudo para Interferir na vida Tentar que a colega Isto para melhorar Atendimento Melhorar a Como já disse
enfermeira / utente saudável, tentar mudar os haver uma melhor pessoal da pessoa em "se abra", para o ambiente de personalizado, falta qualidade dos anteriormente,
deverá ser coesa / "seus" hábitos compreensão questão é uma assim ajudar, trabalho e de civismo e serviços, qualidade do
empática para não desadequados, tentar entre o utente e a situação muito aproximando-nos, melhorar a respeito pelo outro. organizando-o, serviço, bom
chegar ao ponto de controlar os seus valores equipa para complicada e que leva dizer que estamos qualidade dos Falta de rigor nos minimizando os atendimento, ser
"deixar de investir nele de tensão arterial e de melhores a problemas éticos disponíveis para serviços, ajudando pedidos dos custos, ter respeito eficaz com todos
os seus esforços". glicemia para assim o resultados. muito graves. Mas se falar, por vezes mesmo nas exames, na demora pela pessoa e sua os processos de
utente ter mais confiança e houver relação de apenas um toque consultas para ver e decisão tardias. individualidade. Se consulta e seu
obedecer ao ensinos que ajuda pela equipa, ajuda a pessoa em se a situação Falta de suspeita de tumor desenvolvimento.
lhe são dados. Marcar para ajudar a pessoa questão a falar melhora em individualidade e enviar
actividades para o ocupar em questão (consultas sobre os problemas relação à colega. encaminhamento da atempadamente e
mais e ele (utente) saber adequadas, que tanto a situação. não aguardar para
que se encontra medicação, etc.), é preocupa. O ouvir, novas consultas e
acompanhado. uma forma de o estar disponível e novas análises.
ultrapassar estas o próprio toque
questões que foram levam a um alívio
levantadas no caso II. da situação.
RESPOSTAS DOS INQUIRIDOS AOS CASOS APRESENTADOS NA TERCEIRA PARTE DO QUESTIONÁRIO 199
49 2 57 1 31 3 1 1. Falta de Auto responsabilizar o Não adianta ser Falta de Enfrentar a médica Responsabilidade. Erros médicos.
autorresponsabilização doente. Novas estratégias utilizador profissionalismo / risco doente e propor-lhe
("Sta. Bárbara quando para conseguir motivação: frequente / muito profissional. Médica tratamento. Obrigar
troveja!"). 2. O médico 1º para cumprimento das frequente dos doente a necessitar de a ausentar-se do
e enfermeira "sentem- regras da equipa, 2º para serviços, se não apoio e tratamento trabalho até
se tentados a deixar garantir a adesão à se cumprirem as médico. As chefias recuperar. Apoiar.
de investir nele", os terapêutica. terapêuticas deviam impor
profissionais não médicas tratamento médico
podem deixar de devidamente especializado até se
investir, ainda que instituídas. encontrar apta para a
possam utilizar novas sua actividade.
estratégias para o Responsabilidade da
conseguir. chefia. Negligência.
50 2 55 1 25 3 1 A não assistência, Melhorar a comunicação Porque os utentes "Cumplicidade" numa Tentar (aquele que Porque pela Cuidados de saúde Seria difícil outra Porque neste país:
investimento na saúde com o paciente. Tentar / cidadãos têm o situação que põe em melhor se descrição trata-se não atempados. atuação em CSP, 1 - não há resposta
do utente. perceber "os motivos". seu direito à risco a saúde / vida relacionar) dum profissional Referenciação sem exceto a decisão atempada na
Definir estratégias mais saúde, mas doutros cidadãos. comprometê-la com de saúde com resposta adequada. de enviar ao SU maioria das
individualizadas que deverão ser Comportamento do o problema. Definir ação direta sobre A não existência de em vez de P1 para consultas
permitam o acesso aos respeitados os próprio - não estratégia para a saúde / vida das profissionais não consulta. hospitalares, 2 -
cuidados sem problemas profissionais e sobriedade numa ajuda activa. pessoas. pareceu interferir na qualquer
para o serviço. Aceitar o organizações. profissão que o exige. Promover a correta decisão e internamento "só
"não cumprimento" por Talvez aos participação dos prestação de pode" ser através do
parte do utente como utentes não serviços médicos do cuidados básicos SU, por isso quando
"liberdade individual". "cumpridores" trabalho na "cura" / iniciais, exceto o este é previsto não
deva ser "acompanhamento". não envio em "corta- deve enviar-se à
controlada a mato" ao serviço de consulta.
liberdade absoluta urgência hospitalar.
de utilizar os
serviços de saúde.
58 2 27 2 6 3 3 A tentação de deixar Programação da vigilância Valorização dos O acesso do utente à Procurar solucionar Partilha nas É assegurada a Colaboração e Valorização da
de investir no doente a intervalos curtos; sentimentos do qualidade de cuidados a situação com a atividades autonomia da referenciação da situação da utente
por parte dos orientação do utente utente face à pode ser questionado; aproximação de um desenvolvidas da doente na situação da utente para que se sinta
profissionais põe em sempre que o solicite, para patologia; realçar o respeito e a membro da equipa responsabilidade participação no ao Serviço Social; acompanhada por
causa o respeito pela que sinta que a sua integração do autonomia da pessoa que tenha com E da prestação, processo de estabelecer rede uma equipa com
individualidade da situação é valorizada pela utente na doente. uma relação de evitando novas doença; actuação social de suporte competência
pessoa. equipa; procurar identificar planificação dos maior proximidade; situações de profissional (recursos reconhecida;
a causa real da procura seus cuidados; apostar no trabalho confronto com desenvolvida com familiares, favorecer a
constante de cuidados e responsabilização em equipa no utentes, base no princípio da comunitários) para continuidade e
ponderar a necessidade de do utente pela sua serviço em que haja garantindo a beneficência. apoio à utente; integração de
envio a cuidados própria saúde. interligação directa segurança e criação de cuidados para a
secundários para controlo no desenvolvimento qualidade dos orientações utente, a cada
dos problemas de saúde. das actividades da E cuidados internas no seio da consulta, não se ver
com outro elemento. prestados; equipa para obrigada a "contar
minimizando o acompanhamento repetidamente" a
impacto negativo da situação clínica história.
da sua atitude nas por uma equipa
relações nuclear de
profissionais. referência.
200 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE.
60 2 43 2 18 3 3 O desrespeito pelo A não desistência de Com o objectivo Respeito pelo princípio Diálogo com a Para salvaguardar O desrespeito pelo princípio da justiça e da equidade.
princípio da não investimento no paciente e de não da não maleficência. colega com o a boa prestação
maleficência. mudança de estratégias desrespeitar o objectivo de a de cuidados de
para promover a saúde e o utente e promover compreender e fazê- saúde.
auto responsabilizar. a sua saúde, la entender a
respeitando a sua necessidade de
dignidade ajuda;
humana. salvaguardando a
integridade dos
utentes.
61 2 39 2 10 3 1 O desrespeito pelo Rever as estratégias Respeito pela Respeito pelo princípio Em primeiro lugar os Para assim evitar O desrespeito pelo Desde o momento Para assim
princípio da não utilizadas (educação para a dignidade humana da não maleficência profissionais a degradação da princípio da justiça e em que foi ao diagnosticarem
maleficência. saúde, farmacológicas, …) e rever carta dos (em relação aos envolvidos deveriam sua situação e falta de equidade médico com atempadamente o
e nunca deixar de investir direitos dos colegas e a E). estabelecer com a E também protegê-la entre as pessoas. queixas no seio tumor, minimizando
no utente. utentes. um diálogo de de outras deveria ter sido dentro do possível
confiança, de forma participações por imediatamente as sequelas por ele
a entenderem o parte de utentes encaminhada para causadas e o
porquê das suas e/ou outros a realização de aparecimento de
atitudes e assim profissionais. exames metástases.
puder ajudá-la, complementares
orientando-a em de diagnóstico e
caso de para uma entidade
necessidade para médica que a
entidades pudesse ajudar.
competentes.
62 1 23 2 1 3 3 Desrespeito pela Recomendaria que Para integrar o Necessidade de Procurar o elemento Para evitar novas Dificuldades na Tentar estabelecer Para que a utente
decisão do doente, tentassem identificar a doente na avaliar a situação da mais próximo de E, situações de tomada de decisão. rede social de se sinta
necessidade de lhe causa real da procura planificação de profissional, estando para que assim confronto com suporte para apoiar acompanhada por
dar tempo para se constante de cuidados or cuidados e identificado o pudesse utentes, a utente, criando uma equipa com
adaptar à situação de parte do sr. J e ponderar a responsabilizá-lo problema, mobilização desenvolver e apoiar assegurando a orientações no seio competência
saúde dentro dos necessidade de envio aos pela sua própria de apoios específicos. o trabalho em qualidade dos da equipa para reconhecida; tentar
limites aceites e cuidados de saúde saúde. equipa. Deste modo, cuidados acompanhamento favorecer a
normas estabelecidas. secundários. elemento mais prestados. da situação clínica. continuidade e
próximo de E, integração nos
poderia tentar cuidados, para a
identificar qual a utente se sentir
causa que levou E a acompanhada.
tornar-se
dependente do
álcool.
RESPOSTAS DOS INQUIRIDOS AOS CASOS APRESENTADOS NA TERCEIRA PARTE DO QUESTIONÁRIO 201
68 2 48 2 28 3 1 Relação médico / Tentar saber os estilos de Para compreender Interferir na vida Tentar a Para melhorar a Falta de Organizar o serviço Porque o utente tem
enfermeira / utente. vida do utente melhor o utente e pessoal da colega é aproximação à qualidade dos individualidade, falta de modo a que a de ser bem
(alimentação, exercício, …) ajudá-lo. um dilema que se colega em causa, ou serviços, melhorar de atendimento equipa tenha os atendido,
pois mantém os valores de coloca. Relação alguém mais o relacionamento personalizado, falta "seus" utentes e atempadamente,
TA e glicémia elevados. O utente/profissional. próximo tentar utente/profissional, de respeito pela não andem de um mínimo tempo
procurar a unidade de Relação de equipa. ajudá-la, se ela melhorar utente (andou tipo para o outro, possível,
saúde pode ter outros quiser partilhar ambiente, equipa, bola de um lado concentrar os demonstrando
motivos, saber quais algum problema, se … para o outro …). pedidos de qualidade nos
(solidão, …). Arranjar está consciente da Falta de rigor em exames, não serviços prestados e
estratégias para não estar sua atitude. todo o processo prolongar o tempo reduzindo custos.
sempre a procurar o serviço Autoajuda … (demorou… e com de atendimento ao
indevidamente (marcar um pedido foi serem
actividades). Dar máquina acelerado …). sucessivos…
de glicémia, fazer o registo minimizar custos.
no domicílio. Dar / prestar
serviço com mais
qualidade.
72 2 57 2 32 2 1 Persistência.
74 1 38 2 16 2 3 Falta de confiança no Tentar fazer cura de Para restabelecer Excesso de Pensarem na Para poder
profissional de saúde. desintoxicação a confiança utente burocracia. utente como se ultrapassar barreiras
Quebra da cadeia de alcoólica. Tentar / profissional. Provavelmente com fosse alguém de e acelerar os
relacionamento utente descobrir os motivos Recuperar o médico de família, família. processos.
/ profissional de saúde. que a montante profissional de os tempos de
levaram à situação saúde. espera seriam
actual de semelhantes.
alcoolismo.
76 2 43 2 19 2 2 Desrespeito por parte Envolvimento maior nos Uma vez que o utente não cumpre as prescrições e ensinos efectuados. Desrespeito pelos Participação das Porque é o que
do utente. procedimentos da equipa utentes. instituições. acontece a maioria
por parte do utente. das vezes.
77 2 33 2 10 2 2 A falta, por parte do Incentivar o utente a Porque ter calma Falta de diálogo. Falta Tratar a doente. Dar Porque a equipa Os que há em Eliminar as listas Porque se as coisas
utente, no cumprir o que lhe é é importante e faz de confiança. Falta de condições à doente não funciona bem "todos" os locais de espera! tem que ser feitas
cumprimento das recomendado e a não ser bem à saúde, e responsabilidade. para se tratar. com uma doente. públicos da saúde que o sejam hoje.
recomendações da tão ansioso. porque é sem cunhas. Há quem queira
enfermeira e médico. necessário tempo Aguardar a sua vez! trabalhar. Pode é
para "as coisas" não haver
fazerem efeito. máquinas…
Terem tempo para
actuar.
78 2 40 2 16 2 1 Deixar de prestar Uma reunião com o utente Por vezes estes Problemas de ética Que a chamassem à Porque a questão Falta de assistência Que se Se ao 1º sinal
assistência ao sr. J. e família, para se ter um comportamentos profissional e atenção para uma de da saúde. envolvessem mais alguém telefonasse
plano de acção. Tentar são por falha de solidariedade. reabilitação e em comportamentos na utente e não ao profissional da
saber quem é o cuidador do informação. caso de nova alterados interfere parassem (com cirurgia talvez o
utente. Actuar mais na situação de com o tanta burocracia) o processo não
prevenção e pedir ao utente embriaguês no funcionamento da processo de salvar atrasasse tanto.
que colabore. serviço ser "punida" equipa. uma vida.
pelo mesmo.
RESPOSTAS DOS INQUIRIDOS AOS CASOS APRESENTADOS NA TERCEIRA PARTE DO QUESTIONÁRIO 203
79 2 47 2 21 2 1 "A cada dia que passa Maior empatia e Porque a pessoa Queixas dos doentes e Relação de ajuda à Porque todos Não ser seguida Pedir alterações de Porque as políticas
sentem-se tentados a compreensão pelo é um ser humano, colegas sobre o seu colega com somos seres apenas por um organização e de saúde só se
deixar de investir nele sofrimento dos outros e que ou mais mau humor e alguns problemas, quer humanos, somos médico; tempo funcionamento dos definem com a
os seus esforços". cada pessoa tem a sua precisamente um gestos bruscos, relativamente a imperfeitos e muito alargado entre serviços de saúde. participação activa e
própria personalidade fruto ser bio-psico- grande instabilidade, encaminhamento devemos trabalhar as consultas. motivada de todos e
da hereditariedade mas social, tem sai frequentemente do especializado, como em espírito de sobretudo que
também do meio em que foi necessidades, serviço, hálito a travar os seus equipa para atingir pretendemos mais
criado e educado. emoções, alcoólico, mas maus procedimentos um objectivo justa com os que
angústias que o ninguém tinha ao fazer entender as comum. mais directamente
levam a ter coragem para a situações e lidam com
determinados confrontar colaborar problemas /
comportamentos. directamente. minimizando os necessidades.
Problemas éticos da efeitos colaterais.
pessoa em causa
versus colegas de
trabalho.
80 2 39 2 17 2 1 Falta de Compromisso vincado entre O profissional de Atitude incorrecta Ajudar. Oferecer Para haver Falta de ligeireza na Maior atenção às Maior brevidade na
conhecimentos ao utente/profissional, saúde tem de perante os colegas da ajuda. equilíbrio resolução do quadro queixas. Ouvir - resolução da
nível do utente? vigilância investir mais na equipa? Falta de individual e em apresentado? saber escutar, para situação. Maior
Desinteresse pessoal utente/cumprimento das prevenção da coerência nos equipa. Desinteresse pelos o facto temos dois intervenção dos
ao nível da sua orientações do profissional doença para cuidados prestados? sintomas ouvidos e uma profissionais no
saúde? Falta de saúde, impedir apresentados? boca. seguimento dos
investimento do utente profissional/orientação do complicações Incapacidade, utentes em relação
na sua saúde e bem utente com base científica. tardias. impotência para o aos cuidados
estar. sistema de saúde? diferenciados.
82 1 50 1 25 2 1 Falta de colaboração A partir da conclusão de População Lembrar que "o História verídica. Um Por falta de Falta de O hospital deveria Má política de
do utente. Tudo o que que o próprio não liga, habituada / médico é o homem!" e médico referenciado identificação dos coordenação "pegar" no utente e saúde.
é grátis (ou quase) limitar-me a executar a habituaram-na a o "homem é o médico". por A salvou a vida direitos e deveres interinstitucional. segui-lo até ao fim.
não presta. Usam só o tarefa que pediu - TA. A exigir e a ter o Nunca ninguém se a um utente. de todos os Pouca Mas, o hospital
CS para caixote do glicémia que traga o livro amarelo para preocupa com o Profissionalismo, cidadãos, só o responsabilidade da preocupa-se com
lixo das suas aparelho e as tiras de casa chatear. Nunca médico, só o ataca. claro, obrigação, poder económico parte hospitalar que as despesas do
preocupações e (usar as próprias). questionam oferecem-lhe um existe. vai despejando o hospital. O centro
desabafos só lhes qualidade e não fato de marca. "caixote do lixo" dos de saúde, caixote
interessando o que é há a facilidade de Passados tempos, o sem abrigo no do lixo, que pague.
"de fora" e o que lhe não ter o utente A, advogado, tinha médico de família. É o que vais
apetecer agora. no ficheiro, e o um Porsche suceder nas USF.
médico ter "livro oferecido pelo
amarelo" também. utente, e afirmou: eu
Mas, o médico é o "safei-o" de pagar
senhor! Os outros uma multa de
são desgraçados. milhares de euros e
Lixem os médicos. tu, só o trataste
como é tua
obrigação.
86 1 56 1 30 2 3 Se o utente procura Tentar perceber melhor as causas do Não é aceitável que o Abordagem da situação dentro da equipa Nenhum dos Maior O sistema é feito
cuidados é porque insucesso. Encaminhar para uma equipa de atendimento dos numa 1ª fase. Comunicar aos profissionais que a profissionalismo. pelas pessoas, falha
está preocupado, cuidados continuados ou para equipas utentes seja efectuado responsáveis da instituição numa 2ª utente foi Maior quando as pessoas
provavelmente a específicas de cuidados de HTA e diabetes. em estado de fase. encontrando se humanização. individualmente
equipa não está a embriaguez. Diminui a interessou de facto Maior falham.
conseguir comunicar capacidade da médica pelo problema da empenhamento.
ou não é eficaz. Deixar de avaliar e tratar. Põe doente.
de cuidar o doente é em risco a saúde dos
eticamente reprovável. utentes.
90 1 54 1 27 2 2 Falta de empatia doente-profissionais de saúde. Desinteresse do doente. Burocracia na saúde. Falta de coordenação de serviços.
204 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE.
95 2 49 1 25 2 1 Faltas de Envio a consulta de nutricionismo. Alcoolismo no Ajuda atempada à colega. Direito a ter médico À 2ª consulta enviar directamente ao
consideração pelos local de trabalho. assistente. Direito à IPO.
profissionais de saúde e aos melhores
saúde. cuidados médicos.
96 2 44 1 20 2 2 Má relação doente- Tentar esquecer a má Não podemos Dependência de Não ter vergonha de O alcoolismo é Direito da doente a ter Tentar que a Mas será que a
equipa de saúde. Não relação com o doente, não escolher pelos drogas. acusar a doente uma doença médico de família fixo. situação não se culpa é de alguém?
cumprimento dos estar de "pé atrás", explicar doentes, temos que Cumplicidade na alcoólica, tentar grave, deve ser Demora de exames volte a repetir. Ou é do sistema?
deveres do doente. regras do C.Saúde, explicar explicar e mostras omissão da sempre encontrar abordada complementares de
Incapacidade da lesões relativas das as opções, mas não doença. saída como o severamente e diagnóstico. Demora
equipa de saúde. doenças. Deixar o doente podemos comer por internamento, por com urgência, de referenciação a
escolher. eles nem tomar os exemplo, ou o grupo de devido cuidados diferenciados.
medicamentos por alcoólicos anónimos. principalmente às Ser necessário
eles. consequências na "cunhas" para
família e no conseguir cuidados de
trabalho. saúde.
97 2 56 1 32 2 1 Enviar a Calma e perseverança. Abordagem com Incentivar tratamento e desintoxicação. Não é possível responsabilizar nenhum Porque o Hospital
C.Diabetes… de "delicadeza" da profissional do CS. Estas situações não quer assumir
Hipertensão!!! Para situação. infelizmente são frequentes. A C.Aberta meios diagnósticos
quê? Volta a funciona tipo "supermercado". e envia e reenvia
devolvido ao CS para ao CS.
MF por não
cumprimentos
regras… E daqui vai
para onde?
98 1 57 1 34 2 1 Baixa relação médico Mais diálogo. Estamos a falar de Diálogo e apoio. Médicos a menos / Façam uma USF para ver se resolvem
/ enfermeira / utente. função pública! utentes a mais, a algo.
prática do C.Saúde…
99 2 52 1 26 2 3 O utente que não Mantenham o Todo o profissional de saúde tem essa obrigação: informar, tratar e respeitar a decisão do utente (sem o excluir)
respeita a sua equipa. profissionalismo e devem
A equipa de saúde ensinar, informar e nunca
que desistiu (ou desistir.
quase) do seu dever
de continuar a
informar e tratar.
RESPOSTAS DOS INQUIRIDOS AOS CASOS APRESENTADOS NA TERCEIRA PARTE DO QUESTIONÁRIO 205
100 1 55 1 30 2 1 Solicitações de um Que tentassem perceber o Porque o insucesso O conhecimento Se algum dos Porque E além de Dificuldade logísticas Apesar de a Porque o médico
doente que põem em motivo de base que dificulta terapêutico pode de um problema profissionais de saúde profissional de para que a doente doente não ter deve agir sempre
causa o a adesão do doente à estar associado a de saúde de uma fosse o médico saúde, é também tenha o atendimento médico de família, em benefício dos
funcionamento da terapêutica, nomeadamente uma má colega pelos assistente da E, ela doente. Desta médico a que tem fazia sentido que seus doentes e
unidade de saúde, se o doente conhece as compreensão do profissionais de recomendar-lhe-ia que forma, e direito e em tempo útil. o médico que a deve entender o
bem como de outros suas doenças, sabe o problema e ao não saúde que não foi aconselhasse a sua atendendo ao "Ultrapassagem" na fila assistiu da doente não como
doentes que a ela benefício do seu tratamento estabelecimento de comunicado a doente acerca do princípio da de espera devido a primeira vez "um nódulo na
pertençam. e percebe a conduta uma boa relação outras pessoas. O tratamento para o beneficência, é conhecimentos tivesse em mama" mas como
Desinvestimento num terapêutica que lhe é profissionais de problema de alcoolismo, mantendo dever do médico pessoais. consideração a uma pessoa social,
doente pouco prescrita e que continuem saúde/doente. Para saúde da pessoa sempre o sigilo médico. fazer uso da morosidade das cultural e
cumpridor de um trabalho de equipa, da além disso, é em questão Aos colegas, não Medicina em prol técnicas economicamente
procedimentos de qual o doente é parte importante fazer interfere com a médico assistente, do bem da diagnósticas e a inserida num
tratamento pela integrante, fazendo perceber perceber ao doente sua actividade recomendava que doente. Além distância a que a contexto particular.
equipa de saúde. ao doente que há mais que há outros profissional e a confrontassem E com o disso, o CS tem doente vive, bem
doentes que também doentes além dele e relação com os problema e com a outros doentes e, como as
precisam de intervenção. que, pelo princípio colegas e os interferência que esse segundo o consequências
da justiça, não doentes. problema tem na sua princípio da não que podem advir
podem ser actividade profissional.maleficência é do facto de o
prejudicados, assim dever do médico diagnóstico ser
como ele não pode. tentar impedir feito tardiamente.
uma conduta
errada da E sobre
os seus doentes.
101 1 54 1 29 2 1 A dificuldade da Continuar a investir no Para não deixarem Alcoolismo no Tratamento de desintoxicação alcoólica da Atraso no diagnóstico e Maior celeridade Para em casos
equipa de saúde em doente os seus de cumprir os serviço de uma médica. tratamento do cancro nos exames de semelhantes, os
tratar um doente que conhecimentos médicos princípios éticos da médica. Eventual da mama que acabou diagnóstico. tumores malignos
não se deixa para o compensar, se não sua profissão. silêncio da equipa por ser operado já com Menos serem tratados em
compensar das suas conseguirem, enviá-lo aos da saúde sobre o metástases. complicações fases mais
patologias. A cuidados diferenciados desempenho burocráticas para precoces e sem
tentação de deixar de hospitalares para profissional sob o marcar consultas metástases.
investir nele os seus internamento e efeito do álcool. e exames. Maior
esforços. compensação. rapidez no início
de terapêutica.
102 2 56 1 29 2 1 Informação dos 1 - Educação para a saúde 1 - Para o doente Profissional de 1 - Autoavaliação da 1 - Porque antes Neste grupo etário a suspeita de neo da mama era de se
cuidados básicos em HTA e Diabetes feita interiorizar a auto saúde não sua saúde pessoal e, de tratarmos os colocar. Conhecendo a realidade da demora na execução de
pessoais para a HTA pela enfermeira. 2 - responsabilização responsável pela tratamento adequado outros, temos que EADs deveria ter pedido tudo de uma só vez / ou enviá-la de
e Diabetes. Possibilidade de avaliar no pelos seus cuidados sua própria saúde. e, atempadamente. 2 - nos tratar a nós imediato ao IPO.
Agendamento de domicílio TA e glicémia. 3 - de saúde. 2 - Para Permitir Aconselhamento para próprios. 2 - Em
consultas necessárias Agendamento de consultas evitar deslocações interferências da essa avaliação. 3 - equipa de saúde,
e imprescindíveis regulares, com possibilidade desnecessárias ao vida pessoal na Comunicação e devemos ter à
pela equipa de saúde. de pedir ajuda quando CS. 3 - Para se vida profissional. orientação aos vontade para
Apoio domiciliário urgente. sentir Cumplicidade da dirigentes antes que esse
pela assistente social. acompanhado. equipa de saúde. sejam os doentes a aconselhamento.
fazê-lo. 3 - Devemos
informar e pedir
ajuda aos
dirigentes da
instituição antes
que sejam os do
exterior a fazê-lo.
206 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE.
104 2 56 1 31 5 3 Reconheço o domínio Tentar mais uma vez Porque é um doente Conseguir que E Uma vez E, Porque o doente Falta de profissionais Penso que não Se a utente em
do doente sobre a mostrar ao doente os riscos com um risco global queira fazer encontrando-se alcoólico tem de nos CS., nº excessivo depende só dos causa tivesse sido
própria vida. Mas do não cumprimento dos cardiovascular, que tratamento para motivada, procurar se sentir de utentes em cada profissionais, mas seguida pelo seu
será que a medicação conselhos médicos e das poderá ficar com poder reconstruir a fazer tratamento motivado, e que a profissional, dificuldade sim da médico de família,
não é a mais correcta consequências da falência sequelas graves, sua vida afectiva e ambulatório, com equipa na resposta atempada organização do penso que poderia
para este doente? O da terapêutica nos vários necessitando de que o seu trabalho tratamento individual e multiprofissional às solicitações em sistema de saúde, não ter sido tanto
doente estará a órgãos alvo. cuidados decorra sem o uso com os apoios consiga que E "virtude de haver pelo nº de tempo para obter a
cumprir os conselhos continuados até ao de álcool e necessários da equipa não tenha abuso de um profissionais e consulta de
higienodietéticos? fim da vida. favoreça a sua multidisciplinar recaídas e que se "determinado" número excesso de referenciação e
Toma a medicação saúde física, conforme a evolução sinta física, de utentes, utentes e tratamento.
instituída? psíquica e social. da sua situação clínica. psíquica e prejudicando outros dificuldade na
socialmente que trabalham e com resposta
capaz de mais dificuldade, por atempada.
reconstruir a sua vezes, na consulta
vida sem álcool e atempada e a
não colocar as organização do
outras vidas que Sistema de Saúde não
dependem de si garante serviços de
em perigo. referenciação
atempada em relação
com as situações
clínicas.
105 2 52 1 26 6 3 Nunca se deve deixar Ponderar rectificar o que Não se deve desistir Desinteresse. Actuação imediata com Nenhum caso Muita demora na Após exame Só por si o
de investir na saúde está mal. Mudar de métodos de investir. Falta de atenção e equipa multidisciplinar deve ser resolução desta clínico "correcto", diagnóstico obriga
de um utente. Deverá para poder ter melhores de intervenção para investir neste considerado situação clínica. Muita melhor orientação a uma intervenção
ser ponderado "novos resultados. neste caso clínico. caso clínico. "perdido", é demora da utente em deste caso. mais rápida e
métodos", "novos necessário muito mostrar os exames. Má eficaz dentro do
esforços" para poder "método" e organização do possível.
lidar com a situação investir. Também sistema de saúde em
clínica. Ponderar o temos que dar resposta.
que está mal e ponderar que a
investir para aceitação do
melhorar. utente é um factor
chave para que
tudo corra dentro
do possível e
melhore.
106 2 44 2 22 6 3 Desmotivação da equipa.
107 2 39 2 18 6 1 Juízos de valor. Falta Explicar as normas e regras Porque parece-me Alheamento de um Confrontar a pessoa Ajudar a colega. Falta de acessibilidade Isto é um No sentido de ler o
de empatia. de funcionamento do muito importante problema com factos. Tentar que Acautelar os aos cuidados de problema resultado dos
Desmotivação para serviço. Educar o utente no que haja limites conhecido. Falta uma pessoa interesses dos saúde. Falta de estrutural, difícil exames e tornar o
investir neste utente. sentido de encaminhar as para este tipo de de solidariedade afectivamente utentes do equidade aos cuidados de resolver. Mas, processo de
suas necessidades de forma utentes. Por outro por parte da importante fale com a serviço. de saúde. Falta de se eu tivesse sido encaminhamento
integrada e que não lado, fazê-lo sentir- equipa. Risco de pessoa implicada. continuidade na o profissional a mais célere.
perturbem o funcionamento se responsável pelo comportamentos Propor tratamento. prestação dos atendê-lo na
do serviço e não colidam seu tratamento, bem irresponsáveis por cuidados. Fragilidades primeira consulta,
com os interesses dos como partilhar parte do do sistema de saúde. aconselhava a
outros utentes. resultados. profissional, pondo Poder do patrocinato. utente a dirigir-se
Coresponsabilizá-lo em causa o à consulta aberta
pelo plano de receptor dos quando eu
cuidados e cuidados e a voltasse a lá
estabelecer equipa. estar.
pequenos
objectivos.
RESPOSTAS DOS INQUIRIDOS AOS CASOS APRESENTADOS NA TERCEIRA PARTE DO QUESTIONÁRIO 207
108 2 57 1 33 6 1 Falava com o doente para melhorar a situação e o seu controlo. Falava com ela para a ajudar nos seus problemas. Teria falado com um colega para acelerar a
actuação.
109 2 58 2 36 1 1 Falta de motivação Encaminhamento para Porque é preferível Comportamento. Não serem É preferível Descuido. Tempo Terem mais ética nestas O fim de tanto
para continuar. os cuidados de saúde encaminhá-lo para cúmplices com estas enfrentar o em demasia para situações. tempo. Tumor
secundários. outros cuidados do que situações. problema do que problemas tão maligno que talvez
abandoná-lo. ignorá-lo. graves. fosse evitado.
Negligência
médica.
110 2 38 2 15 1 3 O facto de a Que reorganizem o Provavelmente os A omissão dos O envolvimento da Quando existe Falta de médico Que olhassem para a Os profissionais
solicitação de funcionamento do cuidados que estão a profissionais equipa, talvez comunicação na de família. utente, se empenhassem, habitualmente
cuidados perturbar as serviço. Que dessem ser prestados na este perante a reunindo para avaliar equipa e partilha Inacessibilidade se articulassem e resolvem
actividades do CS. O prioridade às utente estão situação. a situação, identificar de opiniões e dos utentes aos resolvessem a situação, pontualmente o
facto de haver rotinas necessidades sentidas desadequados e não métodos e/ou discussão, a serviços de como se de um familiar problema que o
na unidade de saúde. pelo utente. Que vão de encontro às terapêutica ou outra solução de saúde. Inércia e seu, se tratasse. utente expõe no
A vontade dos reestruturassem a necessidades reais solução para a situações intercomunicação momento e não se
profissionais em intervenção neste caso. deste utente, por isso a situação. problemáticas fica dos diversos envolvem e
deixar de investir. situação clínica mantém- mais facilitada. serviços de empenham no
se. saúde. Ser sentido de
necessário pedir encaminhar e
ajuda a alguém solucionar com a
ligado à saúde maior brevidade.
para conseguir
ter acesso aos
cuidados.
111 2 33 2 11 1 3 Para atendermos o Esclarecimento ao Porque assim damos O atendimento de Conversar com a E., Porque se nos Falta de resposta Recomendaria uma A reflexão sobre as
senhor J. quando senhor J. dos resposta ao senhor J. um utente está a encaminhá-la para respeitar-mos nas atempada aos reflexão sobre as práticas, se for feita
este o solicita, inconvenientes destes sem prejudicar os outros prejudicar os uma consulta de diferenças, todos problemas da práticas, onde de forma humilde e
estamos a pôr em pedidos de cuidados a utentes. outros utentes. alcoolismo, depois saímos a ganhar. utente. Os provavelmente surgiria critica, leva sempre
causa o qualquer hora, indicar de a motivar para tal. E uma situação de profissionais não uma uniformização de a uma melhoria das
agendamento / ao senhor J. que Tenta que o melhor dependência é tiveram em conta critérios para o mesmas.
atendimento de sempre que tenha atendimento da sempre difícil. a pessoa mas encaminhamento de
outros utentes. alguma dificuldade senhora E. não fosse Cabe-nos a nós sim os utentes neste tipo de
venha, mas se puder prejuízo dos ajudar estes protocolos. situação. Talvez as
que venha à hora x que restantes utentes. utentes. metástases ganglionares
é a hora que temos fossem evitadas.
disponível sem prejuízo
dos restantes utentes.
112 2 36 2 14 1 1 O facto de se Verificar o nível de Os processos de A própria A necessidade Para que a sua Tempo de espera Não são os profissionais Precisamente
sentirem "tentados a necessidade idealizada ensino/formação, tem prestação de emergente de prestação de relativa a um envolvidos, a quem se porque, os
deixar de investir nele pelo utente para a sua que estar de acordo com cuidados está recorrer a serviços não problema que deve fazer profissionais de
os seus esforços". situação clínica. as necessidades posta em causa tratamento. pudesse ser posta "evidentemente" recomendações. O saúde e a sua
identificadas pelo próprio face ao facto de em causa. Uma não pode sistema ou os sistemas decisão sendo
utente. Mais do que a estar ébria durante vez que os danos esperar. envolvidos, não justificam fundamentada na
sua envolvência no o atendimento. causados na área tamanha burocracia, uma sua competência,
processo é necessário da saúde, são de vez que será ousarmos não necessitam
que ele sinta difícil reparação. na decisão, pelo que, a desta "burocracia"
necessidade duma celeridade dessa mesma muitas vezes
atitude terapêutica. Caso situação apenas depende conveniente.
contrário ele pode da vontade de tomar Pergunto eu,
reconhecer a decisões, libertando-a de porque é que o
necessidade de mudar, passos burocráticos, que sistema paralelo,
mas não incorpora essa no menor dos problemas, chamado da
necessidade em si. encarecem a saúde. "cunha", não pode
ser o normal?
208 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE.
116 2 44 2 20 1 1 O senhor J. Penso que valeria a pena Só devidamente O respeito pela Penso que se a Porque se a Tratava-se de uma Penso que o que Porque nestes
provavelmente não tentar (por parte da equipa esclarecido sobre os senhora E. e pela senhora E. esteva no senhora E. não se situação grave, em falhou aqui, foi a casos de tumores
está a cumprir com o de saúde) que o senhor J. problemas de saúde sua privacidade, seu posto de trabalho a encontrar bem no que o tempo é existência de vários malignos, o tempo
esquema de ficasse mais envolvido no e das levou a que a causar alguns seu posto de precioso, e que médicos a consultar é precioso, e a
tratamento (quer da seu próprio tratamento, bem consequências que equipa de saúde problemas, deveria ser trabalho, não acabou por ser esta senhora, que a pessoa
diabetes, quer da como a sua família. Para poderão advir pelo ficasse à espera chamada à atenção pode operada já numa viam numa situação independentemente
hipertensão) dado isso era necessário que os facto de não se que a senhora E. pelos seus chefes e desempenhar fase tardia (tumor pontual sem de ter ou não
pelo equipa da saúde, profissionais de saúde numa tratar, é que o procurasse ajuda nessa altura, deveria bem o seu papel. maligno com conhecerem o seu médico de família,
talvez não esteja fase inicial despendessem senhor J. poderá por sua própria ser atitude dos próprios Também acho metástases passado. Se tivesse deve ser
motivado ou não mais tempo com o senhor J. ficar motivado e iniciativa, o que chefes o tentarem que se ela não ganglionares). Esta havido maior partilha devidamente
perceba quais as empenhar-se no seu não aconteceu, e perceber a razão de consegue ter situação que se de informação e orientada.
vantagens do controlo próprio tratamento. acabou por ser um alguns dos seus iniciativa própria passou com a envolvimento dos
da diabetes e da familiar dum comportamentos. para procurar senhora F., tem a profissionais que a
hipertensão. doente a fazer ajuda, deve ser ver com a falta de seguiam, talvez a
queixa. orientada para continuidade dos situação corresse
isso mesmo e cuidados e melhor.
para um concretamente com
tratamento. o facto de não ter
médico de família.
117 1 58 1 32 1 3 Em todas as Compreender as razões da Podem haver Solidariedade da Entreajuda. Para tentar Não assumir a Abrir uma exceção e Poderia "queimar"
circunstâncias tento não adesão. circunstâncias equipa. resolver o gravidade do caso. aceitar esta doente etapas, ganhando
dar o meu melhor. subjacentes à não problema. na sua lista. tempo para a
adesão, não resolução do
perceptíveis de problema.
imediato e uma vez
resolvidas,
poderiam
ultrapassar o
problema.
118 2 52 1 18 1 1 Pedidos frequentes Informar o utente que os A excessiva E. encontrava-se Na equipa de saúde, Evitar-se-iam Falta de médico de Ao 1º sinal de Com contactos
de cuidados que medicamentos demoram ansiedade perturba doente e sem ao detectar-se a motivos de queixa família e consultas gravidade, o médico
telefónicos
dificultam as mais tempo a efectivar a saúde do utente e condições para perturbação de E. era tanto de utentes sucessivamente por faria contactos podemos
actividades da resultados e marcar o relacionamento exercer a sua necessário confrontá-la como de outros médicos diferentes. telefónicos paraultrapassar as
unidade de saúde. previamente a próxima com os profissão com com a situação e profissionais e Pouca acelerar as coisas e
barreiras da
visita. profissionais. competência. ajudá-la a alterar esse seria mais fácil acessibilidade dos podia seguir a utente
distância e
estado. recuperar / MCD. Má até à chegada daantecipar
melhorar o estado articulação com os doente à consulta
procedimentos.
de saúde. CSS. diferenciada. Também pode
resultar assinalar
"urgente" nos
documentos como
credenciais e P1.
119 1 50 1 24 1 3 Partilharia a Que lhe ensinassem a As consultas em Problema de falta Paciência e que 1º, é necessário Seu direito à saúde Que a utente Melhor
informação com a avaliar a glicemia e tensão demasia, não de comunicação falassem franca e explicar que os seriamente procurasse sempre o funcionamento,
equipa de saúde e arterial no domicílio e que programadas, directa, abordando abertamente com a comportamentos prejudicado. Não ter mesmo médico em melhor
acentuaria o ensino viesse quando ocupam vagas que frontalmente o profissional, Estudaria agressivos podem sempre o mesmo consulta aberta e se conhecimento do
de estilos de vida descompensado. No prejudicam outros problema. a possibilidade de ser agravados médico a par dos possível que um seu problema de
saudáveis, entanto, primeiro deveria utentes que Partilharia a doença do foro pelo álcool. 2º, seus problemas e deles se saúde, ter a sua
explicando-lhe que a telefonar para tentarmos eventualmente informação com a psiquiátrico a seria mandatário ter que os partilhar responsabilizasse vida familiar menos
situação não se resolver o problema. necessitam mais. equipa, influenciar o seu aconselhá-la a com vários médicos. pelo seu seguimento. devassada e ter
reverte de um dia recapitulando comportamento. tratar-se. 3º, Colocar a par da confiança no
para o outro. atitudes tomadas prejudica a sua situação de profissional que a
e modificando as restante equipa. saúde o filho da segue.
menos patroa.
"simpáticas".
210 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE.
121 2 61 1 37 4 2 A terapêutica não Que definissem um horário Havendo um tempo A falta de Recomendaria que o Porque não está Demora excessiva Quando se pede Se todos se
está adequada; não expresso de atendimento expresso de acompanhamento colega que tivesse em condições de entre as diferentes uma mamografia interessassem
há normas desta situação e outras atendimento a rotina de E. pelos maior proximidade de assumir etapas diagnósticas. deve pedir-se logo a verdadeiramente
reguladoras de similares. Será de investir de cuidados de colegas do E. a orientasse no responsavelmente Deveriam juntar-se eco, se necessário. pelos doentes as
acesso aos cuidados na área da prevenção de saúde não será serviço. sentido de assumir os as suas funções. algumas etapas. O Os hospitais devem actuações eram
de saúde. saúde. perturbada. Este consumos e a tratar-se acesso programado fazer uma triagem mais eficazes e em
tipo de patologias da dependência. aos cuidados dos pedidos que tempo útil. A
depende muito dos Enquanto tal não diferenciados recebem para burocracia mata!
estilos de vida dos acontecesse seria deveria ter em poderem priorizar os
doentes. convidada a não atenção as atendimentos de
comparecer no serviço patologias que acordo com a
usando uma baixa aguardam urgência dos
clínica. intervenção. O mesmos e não com
serviço de urgência cunhas…
não deveria ser a
resposta!
123 2 46 2 23 4 3 O dilema ético no Para analisarem o trabalho A prática O dilema entre a A aplicação do Porque se deve O direito ao cuidado Co-responsabilizar- Parque a área da
relacionamento efectuado e reconhecerem profissional deve doença princípio ético da avaliar os na saúde / doença se pelo atendimento saúde é traduzida
profissional de saúde eventuais falhas que centrar-se no (dependência do beneficência / não potenciais riscos em tempo útil. O do indivíduo em por equidade ou
e doente: Falta de mereçam mudança de doente, a qual álcool) e o maleficência e ainda da situação. Deve não cumprimento do tempo útil, de forma garantia de
informação ao doente atitude. Procurar adequar os deverá ter em cumprimento aplicação do princípio existir uma princípio da justiça. a não haver atrasos prioridade de
acerca da sua cuidados às necessidades atenção o deontológico da justiça. Incentivar / recomendação a no diagnóstico da acesso aos
doença. Falta de concretas da pessoa. conhecimento do enquanto ajudar na aceitação da este doente / doença e respectivo serviços de saúde.
ajuste na terapêutica. doente enquanto funcionário de doença e aceitar o funcionário. O tratamento.
Não adesão ao pessoa e as suas uma instituição de tratamento. serviço deve
regime terapêutico. necessidades saúde. O orientar /
especiais. É tarefa profissional em aconselhar ao
ética do profissional causa não tratamento.
realizar uma respeitou os
reflexão crítica direitos dos
acerca deste utentes.
assunto.
124 2 61 2 38 4 3 Assistir o senhor J. Avaliar TA e glicemia para Com este Não manifestar a Recomendaria que a E. A E. deve ser ajudada porque se Recomendar o Pedindo todos os
que provavelmente despistar algum valor procedimento o minha opinião, pedisse apoio encontra doente. Não quer dizer que pedido de todos os exames principais
não tem nada de anómalo. Caso necessário senhor J. é atendido conversar com a psiquiátrico a fim de se seja uma má profissional, mas está meios podemos ganhar
novo, já está medicar e fazer o utente devidamente, E. para ajudar a tratar e posteriormente numa fase difícil. Quando recuperar complementares de tempo e impedir de
diagnosticado, não agendar para que lhe seja salvaguardando ultrapassar a retomar o seu trabalho. poderá ser uma mais valia na equipa. diagnóstico que se chegar a esta
responde aos outros feito novo ensino quando os uma situação grave dependência, Recomendaria também podem ser fase avançada.
utentes que podem técnicos estiverem e não perturba a participar que todos os colegas a necessário logo na
ter casos urgentes. disponíveis. rotina da unidade. formalmente a apoiassem sem a 1ª consulta. Pedir
situação da descriminar. que seja a doente a
colega. entregar os
resultados ao médico
em mão própria.
126 2 56 2 34 1 1 Desistir, desinvestir, Envolver um familiar (ou Conhecer o Ninguém dispõe Eticamente devemos, Ajudar a viver Indiferença. Prever e prevenir, Minorar o
abandono. "Deixa pra vários). Efectuar visita ambiente do direito moral de lucidamente, através com sentido e "Cumpri, pedindo os planificando as sofrimento. Criar
lá" domiciliária. Nunca desistir. envolvente do deteriorar a da acção, concorrer qualidade de vida exames?" Falta de intervenções no comissões que
Procurar apoios noutros senhor J. Carências própria para o possível, profissionalismo. momento oportuno integrem a defesa
elementos da equipa, como afectivas? integridade, daí desenvolvimento e o proporcionando a Profissionais com solicitude e dos doentes.
assistente social, psicólogo. Isolamento? Tipo de ser necessária a equilíbrio possível, cada um o apio burocratizados, criatividade. Desenvolver a
alimentação? vivência da pessoal e social de ajustado, com insensíveis, Competência sensibilidade moral.
Distrações? Etc… solidariedade. todas as pessoas com dignidade, indiferentes à dor profissional é
quem partilhamos a serenidade e sem alheia e respectivas necessária e rapidez
vida. manipulações. dificuldades. na actuação.
RESPOSTAS DOS INQUIRIDOS AOS CASOS APRESENTADOS NA TERCEIRA PARTE DO QUESTIONÁRIO 211
127 2 35 2 14 1 3 Neste caso o Os profissionais de saúde A eficácia dos Conflitos entre Em primeiro lugar Porque é Podemos enumerar Rentabilizar todos os Porque há
princípio da justiça deveriam tentar estabelecer cuidados é ética pessoal e tentar a necessário a alteração de recursos humanos e necessidades a
poderá estar em uma relação empática com proporcional o justo ética profissional, consciencialização da cumprir o código princípios: o da físicos, expôr as colmatar e se todos
causa, ou seja o o utente e mais eficaz cumprimento do e dentro desta profissional em de trabalho e beneficência (pois o situações. cumprirem com
direito deste utente possível por forma a "contrato" de saúde. última colocamos questão, alertando-a deontológico dos sistema piorou o exactidão e
ter acesso aos conduzi-lo à sua auto a observação do para a sua prática e profissionais (o agravamento do rectamente o seu
cuidados de saúde de responsabilidade e princípio da marcando a nossa erro de um estado de saúde da papel diminui-se a
forma equitativa em permitindo o trabalho do beneficência. posição. elemento pode utente) e em possibilidade de
relação a outros profissional. Tomamos por sair caro a toda a contrapartida o da desvio.
utentes. O conceito base que toda equipa; além da justiça (a utente
de imparcialidade decisão ética profissional em contorna o sistema,
poderá ser afectado advém de uma causa também e ultrapassa a vez
pelo sentimento de escolha pessoal e poder ser de outros, talvez
impotência por parte activa e é necessário ser piores do que ela e
dos profissionais de decorrente de tratada como com menos
saúde. convicções, utente). recursos).
valores e
princípios morais
de uma pessoa.
131 1 54 1 30 1 3 Ocupação excessiva, Programação das consultas Só com boa Falta de confronto Confrontar a colega em Um elemento comNão haver um Orientar a doente Se houvesse
por parte do doente, do doente. Explicar ao organização e directo com a questão, no sentido de este tipo de médico do CS que a para um centro respostas mais
dos cuidados de doente sobre os cuidados a programação deste colega em tentar ajudar na sua patologia só serecebesse no seu especializado o mais rápidas das
saúde. Desistência da ter com a sua doença e tipo de consulta se questão. situação patológica. prejudica a si ficheiro. A variedade rapidamente consultas
equipa de saúde no fazer ver que não é por ter poderá obter melhor Incapacidade Aconselhar o seu mesmo e pode de médicos que a possível. Evitar tanta hospitalares, de
tratamento do doente. muitas consultas que fica avaliação da física e psicológica tratamento e tentar que prejudicar os seus
doente foi obrigada burocracia. Haver forma a que os
Má relação equipa de melhor. Avaliação situação e aceitação da colega exercer só após esse utentes. a consultar. O maior preocupação doentes deixem de
saúde/doente. programada do doente. do doente. as suas funções. tratamento deveria tempo excessivo em resolver a ser bolas de "ping-
exercer as suas que se demorou até situação clínica. pong".
funções. se chegar ao
tratamento.
132 1 52 1 29 1 3 Não pode haver Melhor avaliação, Porque as duas Cumplicidade em Esclarecimento Para se Falta de privacidade Uma mais célere Situação maligna
desistência de programação e incentivo patologias não situação completo da situação e providenciar a e do seu direito ao referenciação que poderia ter sido
prestação de para melhoria de atitudes estão controladas potencialmente acompanhamento recuperação tanto sigilo. Falta de (através de contacto resolvida mais
cuidados. Fraca saudáveis, tanto em dieta clinicamente e lesiva para os adequado com a da doente como referenciação pessoal, por carta, cedo, com mais
razoabilidade no como em exercício. parece que também utentes. Não intervenção da profissional. atempada. Falta de telefone ou recurso hipóteses de
acesso aos cuidados dada a falta de reconhecimento pluridisciplinar. condições ao serviço de sobrevivência.
de saúde. disciplina no uso do estado de necessárias para a urgência) com uma
dos recursos, doença. resolução atempada via aberta de
também a sua Comportamento do problema. recepção dos
atitude perante os ético negativo. exames e avaliação.
estilos saudáveis de
vida não serão as
melhores.
212 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE.
133 2 39 2 17 1 3 O utente não cumpre Os profissionais Para que a articulação dos cuidados prestados ao utente surtisse a boa qualidade, e se transformasse em ganhos de saúde concretos para o utente.
devidamente o deveriam estabelecer
acesso aos cuidados com o utente uma
de saúde. relação eficaz para que o
Permissividade (por utente entendesse a sua
parte da equipa) ao responsabilidade
não fazer o utente adequando o consumo
entender os seus de cuidados de saúde à
ensinamentos, sua situação, não
podendo alterar a atrapalhando a boa
relação qualidade dos cuidados
utente/profissional. prestados por parte dos
Outro problema será profissionais.
em relação aos outros
utentes, que este
utente consome muito
mais tempo do que os
outros utentes (sem o
princípio de justiça).
134 2 49 2 26 5 1 Responsabilidade do Estabelecer em conjunto Desta forma talvez se Direito à Que falassem com a Para defender a Dificuldade de Os profissionais do CS talvez tenham feito
doente perante os com o utente objectivos / consiga envolver o privacidade da profissional em causa própria acesso a cuidados o que estava ao seu alcance … Os
seus problemas de estratégias para melhorar utente profissional. (o elemento da equipa profissional de médicos. Recursos profissionais dos cuidados secundários
saúde. a sua situação clínica. responsabilizando-o Direito do utente a com mais aproximação possíveis erros ou insuficientes deveriam ter feito no hospital os exames
Responsabilidade do Prazos curtos / encontros pelos resultados. Assim cuidados de da profissional em faltas. Para (materiais - fazer os para acelerar o diagnóstico e evitar mais
utente face à orgânica marcados para avaliação será possível que o qualidade e questão). Alertar a proteger o utente exames). deslocações da doente.
do serviço / da situação. utente identifique e seguros. Dever chefe para a situação. de cuidados de Diferenciação no
orientações clínicas. reconheça os seus dos colegas em menor qualidade. acesso a cuidados
Direito do utente de problemas / serão de alertar as chefias de saúde (quem tem
escolha informada em facto os seus problemas para a situação. amigos tem …;
seguir ou não o os sentidos por si e ele quem não tem que
tratamento. Dever dos se sinta mais envolvido espere até poder ou
profissionais em e responsabilizado. morrer …).
informar e propor /
negociar estratégias.
Dever de prestar
cuidados a utente.
135 2 54 2 30 5 1 Desmotivação. Paciência. Por haver utentes Falta de Tentar encaminhar Ajuda em Falta ou má Actualização em Para não haver
Saturação. demasiado difíceis e autoestima da E. para as entidades especialidade ou comunicação entre atendimento e este tipo de
sem cumprimento de implica todos os responsáveis nestes em clínico geral os serviços. qualidade nos situações
regras. problemas casos de dependência. treinado na Articulação péssima serviços públicos. complicadas e
descritos, assim consulta de da área de prestar melhor
como a própria alcoolismo. residência. atendimento e sem
dependência demoras. Nada
causa este tipo de justifica a
sintomas. atitude/conduta
acima descrita.
RESPOSTAS DOS INQUIRIDOS AOS CASOS APRESENTADOS NA TERCEIRA PARTE DO QUESTIONÁRIO 213
136 2 41 2 10 5 1 Deixar de investir no A persistência na Porque o controle dos Denunciar uma Tentar resolver a É de todo Deixar arrastar uma Segundo os recursos Porque é a vida de
utente. Não valorizar continuidade dos seus valores glicémicos colega por má situação internamente, conveniente situação e não existentes havia uma pessoa que
as queixas pelo facto cuidados. e da tensão arterial não prática junto das hierarquias. resolver a questionarem que possibilidades de está em causa e às
de estar Responsabilizar também dependem só dos assistencial. situação o mais podia existir uma não deixar arrastar a vezes um dia pode
constantemente a o utente pela sua saúde. cuidados prestados ao Colocar em causa rápido possível, lesão grave e situação. fazer a diferença
solicitar cuidados. utente pelos o seu para não dar má encaminhar a utente entre a vida e a
profissionais, mas profissionalismo. imagem dos de imediato para o morte.
também dependem dos profissionais, Hospital aquando da
comportamentos do serviço, e a suspeita
utente. probabilidade de (contactando o
se cometerem Hospital).
erros.
137 2 58 2 32 5 1 Responsabilizar o Tentar integrá-lo junto de Para que o doente se Tentar saber qual Conseguir que a Primeiro, porque Desinteresse do Que tentassem Para não se chegar
utente pelo que se outros doentes com mentalize que tem que o motivo que levou pessoa em causa pode pôr em risco pessoal médico em entrar em contacto ao ponto de já não
está a passar, problemas idênticos. se esforçar para a E. a ter assim frequentasse consulta o seu local de resolver a situação telefónico com o haver nada a fazer
fazendo-lhe ver dos conseguir melhorar da uma vida, mas de desabituação trabalho e em causa. colega que efectuava (em princípio) com
perigos que corre. situação em que se contudo deve-se alcoólica e fazer-lhe seguidamente o as mamografias e um prognóstico,
encontra. respeitar a sua ver uma vez mais o mau ambiente eco mamárias. penso que bastante
privacidade. risco que corre. familiar e reservado.
profissional que
dali lhe possa
advir.
138 2 42 2 20 5 3 Ao deixar de investir Muita paciência … Porque temos que Não devemos Ajudar na libertação do Como colega A morosidade e Se fosse possível, Porque levaria a
no utente poderão tentar sempre tudo o despedir um consumo, indo à temos que tentar burocracia pode tentar intervir junto menos sofrimento
surgir complicações que estiver ao nosso profissional que etiologia do problema ajudar, porque é levar à perda de dos colegas do por parte da utente
da diabetes e da alcance … "Enquanto necessita do que o causou. Tentar mau para a uma vida, ou a hospital para não / família, menos
hipertensão. há vida há esperança". vencimento para pô-lo num trabalho que pessoa que está a complicações muito devolver a utente ao custo para o estado
Eticamente podemos viver e é um ser não tivesse ser atendida, para graves, assim como CS sem efectuar e para o utente e a
pensar se eu tivesse humano que directamente no o próprio e para a "andar a brincar" todos os exames, até situação numa fase
tentado mais uma vez precisa de ajuda. atendimento público instituição. com a utente chegar à conclusão inicial tinha um
… Os clientes enquanto a situação mandando-a de um que era situação tratamento curativo
necessitam ser não melhorasse. lado para o outro. banal. simples.
bem atendidos e Ficaria mais barato
não têm culpa dos internar a pessoa 2
problemas dos ou 3 dias e efectuar-
profissionais. lhe os exames todos
e tratar a situação
numa fase inicial,
antes de haver
complicações.
Infelizmente
acontece que só
recorrendo a
"cunhas" é que se é
tratada
convenientemente
que neste caso, já
um pouco tarde...
214 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE.
139 2 59 1 33 5 1 Os utentes devem ser Promoção de consultas programadas. Definir Mau serviço de Questionar o Tem de haver um Embora em teoria se Nada. Toda a gente sabe como trabalhar
responsabilizados objectivos a atingir. atendimento. Falta profissionalismo de sinergismo de fale na interligação bem. Se não o faz é porque não está
pela sua saúde. Os de diálogo entre a todos os elementos da actuação em de serviços, na motivado ou interessado.
profissionais de equipa. equipa. Diálogo todos os prática não funciona.
saúde não devem construtivo, mas elementos para O problema começa
desistir até esgotarem abordando os pontos que uma equipa logo na 1ª consulta e
todas as hipóteses de mais frágeis do funcione. prolonga-se por
terapêutica. Esse funcionamento da todos os
utente deveria ser equipa. atendimentos.
enviado para consulta
de referência
hospitalar.
140 2 53 1 27 5 1 É nossa obrigação Desenho de estratégias Só se consegue um Etilismo nos Falar abertamente com Porque esta Vigilância correcta e Quando se solicita Porque o
informar e medicar o comuns, a pôr em prática bom controle destes técnicos de saúde. a funcionária. dependência atempada destas mamografia sugerir tratamento destas
doente para o com o apoio da família. sintomas clínicos com a Falta de diálogo Convencê-la a ir à precisa de apoio situações clínicas. eventual ecografia situações e a sua
contexto dos seus Diligenciar no sentido do colaboração do utente entre os consulta de alcoologia especializado. Muitos utentes e mamária se eficácia depende
sintomas clínicos. horário de atendimento ou se este não estiver funcionários e as ou provável poucos médicos, o necessário, os dois da rapidez com que
Saber do esteja em conformidade em condições de o chefias. internamento. que dificulta um bom pedidos em é efectuado.
cumprimento dos com o utente e os fazer é imprescindível o desempenho do simultâneo.
conselhos dietéticos familiares. apoio familiar. técnico em tempo útil Fornecer sempre
por parte do utente. para a patologia. um contacto
Mesmo que o telefónico do CS
paciente não seja para maior rapidez
cumpridor, devemos na análise de EAD e
sempre colaborar pedidos de consulta
para manter por serviços de
qualidade de vida do referência. Em
indivíduo. situações duvidosas
entrar em contacto
com os
especialistas
respectivos.
141 1 55 1 30 5 1 1 - A racionalização 1 - Indagar sobre o estilo Porque o que se Supondo que E. é Tentar o diálogo: 1 - 1º É uma colega. A referenciação Maior intervenção Os médicos têm
na utilização dos de vida do doente e … 2 pretende é: 1 - Tratar o uma colega de Orientar medicamente. Devemos ser, se deveria ser veemente dos médicos no obrigação de
meios é um problema - Investir na educação doente - ser eficaz. 2 - trabalho (não é 2 - Envolver a chefia no não amigos, pelo na provável processo, não destrinçar casos
de gestão e não de para a saúde, na vertente Racionalizar meios - ser explicito) há problema. 3 - Usar de menos solidários. premência da deixando um caso com esta gravidade
ética. No entanto, é de "hábitos" e na vertente eficiente. negligência dupla: medidas disciplinares, 2º É uma consulta, com destes correr na e premência.
eticamente "utilização dos serviços". 1 - Como doente só se necessário. profissional. Há informação "onda burocrática"
condenável se 3 - Rever os deveria ser mínimos de detalhada. Perante como se fosse um
prejudicar a procedimentos "enquadrada" respeito pelos tal, é criticável o caso de rotina.
capacidade de terapêuticos. pelos colegas. 2 - doentes para hospital marcar
atendimento a outros Como profissional poder exercer a consulta com 6
doentes. 2 - O médico deveria ser sua função. meses. É também
e a enfermeira devem corrigida para não criticável não ser o
é "afinar" o ocasionar hospital a marcar a
procedimento, por situações consulta seguinte. O
forma a obter inconvenientes. mais grave foi não
melhoras. Reduzir o marcar logo cirurgia,
"investimento" é quando tiveram o
eticamente diagnóstico.
condenável.
RESPOSTAS DOS INQUIRIDOS AOS CASOS APRESENTADOS NA TERCEIRA PARTE DO QUESTIONÁRIO 215
Legenda: N=nº do caso. A=Sexo (1=Masculino; 2=Feminino); B=Idades (em anos); C=Profissão (1=Médico; 2=Enfermeiro); D=Nº de anos de profissão (em anos); E=Sub-Região de Saúde (1=Aveiro; 2=Castelo
Branco; 3=Coimbra; 4=Guarda; 5=Leiria; 6=Viseu); F=Área de trabalho (1=Urbano; 2=Rural; 3=Semiurbano); Ia, Ib e Ic=Respostas ao caso 1; IIa, IIb e IIc=Respostas ao caso 2; IIIa, IIIb e IIIc=Respostas ao caso 3.
217
GRELHA DE CATEGORIAS FUNDAMENTADA SOBRE OS CONTEÚDOS DAS RESPOSTAS DOS INQUIRIDOS
APÊNDICE 3
GRELHA DE CATEGORIAS FUNDAMENTADA SOBRE OS CONTEÚDOS DAS RESPOSTAS DOS INQUIRIDOS
Legenda: N=nº do caso. A=Sexo (1=Masculino; 2=Feminino); B=Idades (em anos); C=Profissão (1=Médico; 2=Enfermeiro); D=Nº de anos de profissão (em anos); E=Sub-Região de Saúde (1=Aveiro; 2=Castelo
Branco; 3=Coimbra; 4=Guarda; 5=Leiria; 6=Viseu); F=Área de trabalho (1=Urbano; 2=Rural; 3=Semiurbano); Ia, Ib e Ic=Categoria das respostas ao caso 1; IIa, IIb e IIc=Categoria das respostas ao caso 2; IIIa,
IIIb e IIIc=Categoria das respostas ao caso 3.
QUESTIONÁRIO DA INVESTIGAÇÃO 221
APÊNDICE 4
QUESTIONÁRIO DA INVESTIGAÇÃO
“ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS”
O meu nome é José Augusto Rodrigues Simões, sou médico, especialista de medicina geral
e familiar, mestre em bioética e doutorando em ciências da saúde na Universidade de Aveiro, e
estou a realizar um estudo onde pretendo conhecer a sua opinião e atitude perante o tema Ética e
Cuidados de Saúde Primários.
A Comissão de Ética para a Saúde do Centro de Saúde de São João - Porto deu parecer
favorável à realização do presente questionário como integrante do projecto de investigação “Ética
e Cuidados de Saúde Primários”.
Não escrever
neste espaço
A. Sexo:
1. - Sexo Masculino 2. - Sexo Feminino A-
C. Profissão:
1. - Médico 2. - Enfermeiro C-
Segue-se uma lista de afirmações, por favor, assinale com uma cruz (x) o grau de
concordância, segundo a escala de 1 a 5, que melhor descreve a sua atitude perante cada
uma.
P1 -
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P2 -
QUESTIONÁRIO DA INVESTIGAÇÃO 223
P3. Deve ser respeitado o possível desejo do doente de não ser informado.
P4. Deve dizer-se ao doente como se pensa que a sua doença irá evoluir.
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P4 -
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P5 -
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P6 -
P7. O doente deve ser informado sobre todos os tratamentos possíveis para a sua doença.
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P7 -
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P8 -
224 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE.
P9. Ao doente deve ser dito tudo menos as partes mais desagradáveis da sua situação.
P9 -
P10. A família do doente deve ser sempre informada e posta ao corrente da situação.
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P10 -
P11. A família deve ser informada sobre a situação do doente se este recusar receber essa
informação.
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P11 -
P12. Se o doente for ou estiver incapaz (estado de coma, doença mental, …) a informação
deve ser dada aos familiares.
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P12 -
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P13 -
P14. Deve ser aconselhado ao doente o tratamento que à luz dos conhecimentos actuais seja
preferível, com as devidas justificações.
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P14 -
QUESTIONÁRIO DA INVESTIGAÇÃO 225
P15. Só devem ser transmitidas informações à família se o doente o desejar ou com a sua
autorização.
P16. O doente só deve ser informado sobre o tratamento preferível e não sobre os outros.
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P16 -
P17. A informação deve ser exacta, e para isso nada melhor que as palavras técnicas e
científicas correctas, de forma a não deixar lugar para dúvidas.
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P17 -
P18. Antes de qualquer exame, deve ser dito ao doente para que serve, os seus riscos e
vantagens.
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P18 -
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P19 -
P20. O doente tem o direito de escolher o tratamento que mais se adequa a si próprio, ainda
que a sua escolha não coincida com o tratamento cientificamente mais eficaz.
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P20 -
226 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE.
P21. O doente (adulto e capaz), é o único que pode autorizar que sejam realizados exames
de diagnóstico e tratamentos sobre o seu corpo.
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P22 -
P23. O médico é que decide o tratamento a efectuar, devendo o doente acatar a sua decisão.
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P23 -
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P24 -
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P25 -
P26. O acto de consentir deve ser único e específico para cada exame ou tratamento a
realizar.
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P26 -
QUESTIONÁRIO DA INVESTIGAÇÃO 227
P27. O acto de consentir necessita de ser sempre formalizado com a assinatura do doente.
P28. Quando existe uma relação de confiança entre o doente e os profissionais, a palavra é
suficiente para consentir.
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P28 -
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P29 -
P30. Se o doente é ou está incapaz (doença mental, coma, …), é aos familiares que cabe
consentir.
1 – Discordo 2- 3- 4- 5 – Concordo
completamente Discordo Indiferente Concordo completamente
P30 -
Seguem-se três casos, por favor, responda às questões apresentadas descrevendo a sua atitude
perante cada caso.
I. O senhor J., hipertenso e diabético, faz pedidos frequentes de cuidados que dificultam as
actividades e perturbam a rotina da unidade de saúde. No entanto, os seus valores de tensão arterial
e de glicemia são sempre elevados. O médico e a enfermeira da equipa onde ele está inscrito tentam
assisti-lo da melhor maneira possível, mas a cada dia que passa sentem-se tentados e deixar de
investir nele os seus esforços.
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- E porquê?
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II. Ninguém sabe o que levou a E. a tornar-se dependente do álcool, mas a sua vida afectiva sempre
tinha sido complicada. A nível do serviço, de vez em quando, surgiam algumas queixas dos doentes
e colegas sobre o seu mau humor e alguns gestos bruscos. Notava-se-lhe grande instabilidade, saía
frequentemente do serviço, sentia-se um hálito alcoólico quando alguém dela se aproximava, mas
ninguém tinha tido coragem para a confrontar directamente. Um dia, o familiar de um doente fez
uma participação por escrito, queixando-se do seu atendimento e acusando a equipa de saúde de
cumplicidade neste estado de coisas.
QUESTIONÁRIO DA INVESTIGAÇÃO 229
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- E porquê?
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III. F., de 46 anos de idade, foi à Consulta Aberta/Complementar do Centro de Saúde, por não ter
Médico de Família, tal como mais 3.000 pessoas na área, por insuficiência de médicos no Centro,
queixando-se de desconforto num dos seios. A médica ouviu-a, fez-lhe um exame sumário e
requisitou uma mamografia a ser efectuada na cidade a 50 Km de distância. Dois meses depois
voltou à consulta, o médico era outro e no relatório o radiologista dizia não poder concluir sem uma
ecografia. Nova requisição e novo exame na cidade. Dois meses depois nova consulta e terceiro
médico a consultá-la no Centro de Saúde, é necessário a sua referenciação ao Hospital por lesão
mamária suspeita pelo que lhe é passado o respectivo P1. Recebeu um postal para ir à consulta
hospitalar seis meses depois da consulta ter sido pedida. A decisão foi ir fazer exames analíticos
pedidos pelo Centro de Saúde e voltar para punção-biopsia do nódulo. Novas consultas, novas
credenciais e mais três meses de espera. Vista dois meses depois da punção-biopsia deram-lhe a
decisão final: tem de ser operada, aguarde o postal a chamá-la para a operação. Esperou seis meses
e nada recebeu. Pediu ao filho da patroa, onde trabalhava a dias, que tinha um colega médico, que
lhe desse uma ajuda e passado um mês foi internada pelo serviço de urgência e operada: tumor
maligno com metástases ganglionares.
230 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE.
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- E porquê?
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APÊNDICE 5
232 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE
AUTORIZAÇÃO DO CONSELHO DIRETIVO DA ARS CENTRO 233
APÊNDICE 6
234 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE
CARTA AOS DIRETORES DE CENTROS DE SAÚDE 235
APÊNDICE 7
Ex.mo(a) Senhor(a)
Director(a) do Centro de Saúde
Eu, José Augusto Rodrigues Simões, médico, especialista de medicina geral e familiar,
mestre em bioética e doutorando em ciências da saúde na Universidade de Aveiro, estou a realizar
um estudo onde pretendo conhecer a opinião e atitude de médicos e enfermeiros que trabalham
em Centros de Saúde perante o tema Ética e Cuidados de Saúde Primários.
A Comissão de Ética para a Saúde do Centro de Saúde de São João - Porto deu parecer
favorável à realização do presente questionário como integrante do projecto de investigação
“Ética e Cuidados de Saúde Primários” (anexo cópia).
APÊNDICE 8
TERMO DE RESPONSABILIDADE DO INVESTIGADOR
Eu, José Augusto Rodrigues Simões, médico, especialista de medicina geral e familiar, mestre em bioética e
doutorando em ciências da saúde na Universidade de Aveiro, estou a realizar um estudo onde pretendo conhecer a sua
opinião e atitude perante o tema Ética e Cuidados de Saúde Primários.
Nesse sentido, agradeço a sua colaboração ao aceitar o preenchimento do questionário anexo, pedindo desde
já desculpa pelo possível incómodo que lhe causo.
Este questionário é anónimo e os dados por si fornecidos são confidenciais, destinando-se a ser tratados em
conjunto. Assumo a responsabilidade que esses dados serão utilizados apenas para fins de investigação no âmbito da
minha tese de doutoramento em Ciências da Saúde na Universidade de Aveiro e passíveis de publicação, no todo ou
em partes, em revistas médicas ou de saúde. Será elaborado um relatório da investigação efectuada para a
Administração Regional de Saúde do Centro.
Com a investigação a desenvolver, espero dar resposta aos seguintes aspectos a nível da Administração
Regional de Saúde do Centro:
1. Identificar problemas éticos nas relações entre médicos de família – que trabalham em Centros de Saúde – e
os pacientes (e suas famílias).
2. Identificar problemas éticos nas relações entre enfermeiros – que trabalham em Centros de Saúde – e os
pacientes (e suas famílias).
3. Comparar os problemas éticos identificados nas relações entre médicos de família – que trabalham em Centros
de Saúde – e os pacientes (e suas famílias) com os problemas éticos identificados nas relações entre
enfermeiros – que trabalham em Centros de Saúde – e os pacientes (e suas famílias).
4. Identificar problemas éticos nas relações inter-profissionais e inter-pares reconhecidos por médicos de família
que trabalham em Centros de Saúde.
5. Identificar problemas éticos nas relações inter-profissionais e inter-pares reconhecidos por enfermeiros que
trabalham em Centros de Saúde.
6. Comparar os problemas éticos nas relações inter-profissionais e inter-pares reconhecidos por médicos de
família que trabalham em Centros de Saúde com os reconhecidos por enfermeiros que trabalham em Centros
de Saúde.
7. Identificar problemas éticos implicados na gestão/organização do Centro de Saúde/Sistema de Saúde
reconhecidos por médicos de família que trabalham em Centros de Saúde.
8. Identificar problemas éticos implicados na gestão/organização do Centro de Saúde/Sistema de Saúde
reconhecidos por enfermeiros que trabalham em Centros de Saúde.
9. Comparar os problemas éticos implicados na gestão/organização do Centro de Saúde/Sistema de Saúde
reconhecidos por médicos e família que trabalham em Centros de Saúde com os reconhecidos por enfermeiros
que trabalham em Centros de Saúde.
10. Identificar as atitudes que moderam a tomada de decisão frente a problemas éticos por parte de médicos de
família que trabalham em Centros de Saúde.
11. Identificar as atitudes que moderam a tomada de decisão frente a problemas éticos por parte de enfermeiros
que trabalham em Centros de Saúde.
12. Comparar as atitudes que moderam a tomada de decisão frente a problemas éticos por parte de médicos de
família que trabalham em Centros de Saúde com as que moderam a tomada de decisão frente a problemas
éticos por parte de enfermeiros que trabalham em Centros de Saúde.
A Comissão de Ética para a Saúde do Centro de Saúde de São João - Porto deu parecer favorável à realização
do presente questionário como integrante do projecto de investigação “Ética e Cuidados de Saúde Primários”.
APÊNDICE 9
1
Disponível em http://www.cnpd.pt/bin/decisoes/2007/htm/del/del227-07.htm [citado em 13-06-2007]
240 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE
feito com dados anonimizados, em que não se identifica nem permite identificar os
titulares dos dados, deve ser esta a opção tomada para a investigação”.
Pelo exposto, o autor do presente estudo considera que, apesar de não ter
solicitado, nem previamente nem à posteriori, autorização à Comissão Nacional de
Proteção de Dados, por o estudo não fazer tratamento de dados pessoais, mas
unicamente tratar, anonimamente, a opinião dos inquiridos, cumpre os fundamentos da
Deliberação nº 227/2007.
242 ÉTICA E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. UM ESTUDO DESCRITIVO EM CENTROS DE SAÚDE
243
ARTIGOS PUBLICADOS
APÊNDICE 10
ARTIGOS PUBLICADOS
Os médicos de família
e os direitos dos doentes
à informação
e ao consentimento
José Augusto Rodrigues Simões*
José Carlos Amado Martins**
_______________________________________________
INTRODUÇÃO
1
Neste estudo foi construída e validada a Escala de Atitudes dos Doentes perante
os Direitos à Informação e ao Consentimento, junto de uma amostra consecutiva de 190
doentes oncológicos. Para além das boas propriedades psicométricas do instrumento foi
ainda possível concluir que os doentes oncológicos desejam ser informados sobre a sua
situação de saúde, mas têm uma postura mais passiva no que se refere à participação na
tomada de decisão, indo assim ao encontro dos estudos desenvolvidos por DEGNER ET AL.
(1997), ELWYN ET AL (1999), BERGOT (2000) e DOYAL (2001), entre outros.
2
Neste estudo o autor comparou os resultados obtidos pela aplicação da Escala de
Atitudes dos Doentes perante os Direitos à Informação e ao Consentimento a uma amostra
consecutiva de 59 enfermeiros com o estudo de 2003 (relativo a doentes), concluindo que
os enfermeiros têm uma atitude de maior valorização do direito ao consentimento relati-
vamente ao direito à informação, passando-se o inverso com os doentes, revelando assim
como os profissionais de saúde, ao ter uma visão mais científica sobre o doente e a
doença, podem cometer erros de avaliação e intervenção por essa ser uma visão menos
“sentida na própria pele”.
320 / Revista Portuguesa de Bioética / (n.º 3) / Dezembro 2007
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS
Correlação X r p
Atitudes
Dimensões
- informação - 0,20 0,15
- consentimento - 0,16 0,24
Global - 0,21 0,13
322 / Revista Portuguesa de Bioética / (n.º 3) / Dezembro 2007
DISCUSSÃO
CONCLUSÕES
BIBLIOGRAFIA
ANEXO
Colega
discordo concordo
completa- completa-
mente discordo indiferente concordo mente
discordo concordo
completa- completa-
mente discordo indiferente concordo mente
*
Médico de família e coordenador da Unidade de Saúde Familiar Marquês de
Marialva, em Cantanhede (jarspt@sapo.pt).
1
PEREIRA, ML. Processos de mudança e dinâmica de equipa em medicina
familiar: a experiência Fernão Ferro Mais. In: ALVES, MV., RAMOS, V. (editor).
Medicina geral e familiar: da memória. Lisboa: MVA Invent; 2003. p. 163-173.
48
AS UNIDADES DE SAÚDE FAMILIARES E A REFORMA DOS CUIDADOS… 349
2
ALVES, RM. et al. Unidade de medicina geral e familiar Omega: medicina
centrada na pessoa. Revista Portuguesa de Clínica Geral. Portugal. 2000; 16(5):
394-404.
3
BRANCO, A., RAMOS, V. Cuidados de Saúde Primários em Portugal.
Revista Portuguesa de Saúde Pública. 2001; Volume temático 2: 5-12.
49
350 ACÇÃO MÉDICA
4
BISCAIA, AR. et al. Cuidados de saúde primários em Portugal. Reformar
para novos sucessos. 2ª edição revista e actualizada. Lisboa: Padrões Culturais
Editora; 2008.
50
AS UNIDADES DE SAÚDE FAMILIARES E A REFORMA DOS CUIDADOS… 351
5
RAMOS, V. Unidades de saúde familiar - Continuidade de um processo!
Revista Portuguesa de Saúde Pública. 2005; 23(2): 3-4
6
RAMOS, V. Medicina geral e familiar: 10x3 ideias-chave. In: ALVES, MV.,
RAMOS, V. (editor). Medicina geral e familiar: da vontade. Lisboa: MVA Invent;
2004. p. 71-121.
51
352 ACÇÃO MÉDICA
52
AS UNIDADES DE SAÚDE FAMILIARES E A REFORMA DOS CUIDADOS… 353
53
354 ACÇÃO MÉDICA
7
SÁ, AB. A terceira vaga (extractos da conferência de abertura das IV
Jornadas do Centro de Saúde de Sete Rios). Médico de Família. 2003; III Série(55)
15 de Dezembro: 16-17.
54
AS UNIDADES DE SAÚDE FAMILIARES E A REFORMA DOS CUIDADOS… 355
55
356 ACÇÃO MÉDICA
56
Opinião 23
Resumo Abstract
Objetivo: Como existem poucos estudos sobre as deter- Purpose: Given the scarcity of studies on the determi-
minantes e as bases que influenciam as decisões éticas nants and basis that influence health professionals’
dos profissionais de saúde, os objetivos deste estudo fo- ethical decisions, this study was devised to identify and
ram identificar e comparar o conjunto de atitudes éticas compare the professionals’ ethical attitudes and the
destes profissionais bem como as justificações para a justifications for their decision making.
sua tomada de decisão.
Methods: Cross-sectional study, quantitative, involving
Métodos: Estudo transversal, quantitativo, que envolveu doctors and nurses from health centres of the cen-
médicos e enfermeiros dos centros de saúde da região tral region of Portugal (cluster sampling). Participants
centro de Portugal. Os participantes foram convidados were asked to list ethical problems in three hypotheti-
a listar os problemas éticos de três casos hipotéticos cal cases, recommending and justifying their proposed
e consecutivamente recomendar soluções para essas solutions to those problems. Software used: Microsoft
situações, justificando as suas sugestões. Foram utili- Word™ and Microsoft Excel™.
zados os softwares Microsoft Word e Excell.
Results: The authors inquired 107 health professionals,
Resultados: Foram inquiridos 107 profissionais de saúde, 56 doctors and 51 nurses, 72.9% female. The profes-
56 médicos e 51 enfermeiros, 72,9% do sexo feminino. sionals’ ethical attitudes did not seem to be influenced
As atitudes éticas dos profissionais de saúde não pare- by their career or gender, and their decision making is
cem ser influenciadas pela carreira ou género, e utilizam justified by principlist and professional ethics.
na tomada de decisão atitudes justificadas pela ética
principialista e pela ética profissional. Discussion: Ethical problems in primary health care are
daily concerns similar to critical, dilemmatic situations
Conclusões: Os problemas éticos nos cuidados de saúde seen in hospital care. The involved subtlety may make
primários são preocupações diárias similares às situa- them go unnoticed with possibly disastrous consequen-
ções críticas, dilemáticas, vividas nos cuidados hospitala- ces for patients, families and local community. In gene-
res. Contudo, a subtileza envolvida pode fazê-los passar ral, doctors and nurses are concerned with upholding
despercebidos, com possíveis consequências desastro- patients’ individual rights, but they do so while protec-
sas para os pacientes, famílias e comunidades locais. ting the bonding relationships in a blend of principlist
Médicos e enfermeiros, em geral, estão preocupados and caring approaches. Primary health care, when com-
*
Licenciado em Medicina pela Universidade de Coimbra, Mestre em Bioética pela Universidade de Lisboa, aluno de doutoramento da Universidade de Aveiro.
Trabalho desenvolvido na Secção Autónoma de Ciências da Saúde da Universidade de Aveiro e nos Centros de Saúde da Administração Regional de Saúde do Centro
e integrado na investigação “Ética e Cuidados de Saúde Primários. Um estudo descritivo em Centros de Saúde” do projeto de doutoramento na Universidade de
Aveiro, sob a orientação do Prof. Doutor Rui Nunes e do Prof. Doutor Manuel Teixeira Veríssimo.
com a preservação dos direitos individuais dos pacien- pared to hospital care, deals with distinct facts and va-
tes, mas procuram também procuram proteger as suas lues, often of greater amplitude and complexity albeit
relações de ligação, pelo que fazem uma mistura das less dramatic, thus justifying further research to help
abordagens princiapialista e do cuidado. Os cuidados de thoroughly examine this interface between bioethics
saúde primários, quando comparados com os hospitala- and primary health care.
res, lidam com factos e valores distintos, muitas vezes,
de maior amplitude e complexidade, embora de menor Keywords: Primary health care. Ethical attitudes. Doctors.
dramaticidade, o que justifica uma maior investigação Nurses.
para ajudar a analisar cuidadosamente esta interface da
bioética com esse nível de cuidados.
sempre elevados. O médico e a enfermeira da equipa punção-biopsia do nódulo. Novas consultas, novas
onde ele está inscrito tentam assisti-lo da melhor ma- credenciais e mais três meses de espera. Vista dois
neira possível, mas a cada dia que passa sentem-se meses depois da punção-biopsia deram-lhe a deci-
tentados e deixar de investir nele os seus esforços.”7 são final: tem de ser operada, aguarde o postal a
chamá-la para a operação. Esperou seis meses e
II) “Ninguém sabe o que levou a E. a tornar-se dependen- nada recebeu. Pediu ao filho da patroa, onde traba-
te do álcool, mas a sua vida afetiva sempre tinha sido lhava a dias, que tinha um colega médico, que lhe
complicada. A nível do serviço, de vez em quando, sur- desse uma ajuda e passado um mês foi internada
giam algumas queixas dos doentes e colegas sobre pelo serviço de urgência e operada: tumor maligno
o seu mau humor e alguns gestos bruscos. Notava- com metástases ganglionares.”9
se-lhe grande instabilidade, saía frequentemente do
serviço, sentia-se um hálito alcoólico quando alguém O questionário do estudo foi então aplicado em centros
dela se aproximava, mas ninguém tinha tido coragem de saúde da Administração Regional de Saúde do Centro,
para a confrontar diretamente. Um dia, o familiar de entre Maio de 2007 e Abril de 2008. Este longo período
um doente fez uma participação por escrito, queixan- para a recolha de dados ficou a dever-se à necessidade
do-se do seu atendimento e acusando a equipa de que o investigador teve de se deslocar a muito centros de
saúde de cumplicidade neste estado de coisas.”8 saúde da região para motivar os profissionais de saúde a
responderem ao questionário.
III) “F., de 46 anos de idade, foi à consulta aberta/com-
plementar do centro de saúde, por não ter médico As respostas escritas nos questionários foram copia-
de família, tal como mais de 3.000 pessoas na das para ficheiros Word. Depois foram lidas as respos-
área, por insuficiência de médicos no centro, quei- tas dadas para cada uma das três perguntas de cada
xando-se de desconforto num dos seios. A médica um dos casos e perante a presença dos índices refe-
ouviu-a, fez-lhe um exame sumário e requisitou uma ridos no quadro I, foram agrupadas em cinco catego-
mamografia a ser efetuada na cidade a 50 Km de rias “ética principialista”, “ética das virtudes”, “ética
distância. Dois meses depois voltou à consulta, o do cuidado”, “ética casuística” e “ética profissional”
médico era outro e no relatório o radiologista dizia e escritas numa folha Excel. Numa segunda fase as
não poder concluir sem uma ecografia. Nova requi- categorias atribuídas às respostas dadas a cada um
sição e novo exame na cidade. Dois meses depois dos casos foram lidas e reagrupadas numa das cinco
nova consulta e terceiro médico a consultá-la no categorias em análise, se da maioria das 3 respostas
centro de saúde, é necessário a sua referenciação dadas se inferisse que prevalecia uma das categorias;
ao hospital por lesão mamária suspeita pelo que lhe ou então era agrupada na categoria “mista”, que se
é passado o respetivo P1. Recebeu um postal para ir refere à utilização de várias categorias, não prevale-
à consulta hospitalar seis meses depois da consulta cendo nenhuma. Na análise descritiva aparece a ca-
ter sido pedida. A decisão foi ir fazer exames ana- tegoria “sem resposta”, que se refere à não existência
líticos pedidos pelo centro de saúde e voltar para de resposta ao caso.
Ética principialista Ética das virtudes Ética do cuidado Ética casuística Ética profissional
Quadro II: Distribuição dos elementos da amostra de Caso I Caso II Caso III
acordo com as características sócio profissionais n % n % n %
Ética
Variáveis Nº % 43 40,2 10 9,3 34 31,8
principialista
Sexo
Ética das
12 11,2 3 2,8 6 5,6
Feminino 78 72,9 virtudes
Idade Ética
7 6,5 1 0,9 15 14,0
casuística
20 – 29 anos 3 2,8
Ética
30 – 39 anos 24 22,4 7 6,5 48 44,9 30 28,0
profissional
40 – 49 anos 26 24,3 Mista 11 10,3 15 14,0 8 7,5
50 – 59 anos 52 48,6
Sem resposta 2 1,9 10 9,3 11 10,3
60 – 69 anos 2 1,9
Total 107 100,0 107 100,0 107 100,0
Profissão
Semiurbana 36 33,6
Quadro IV: Categorias das respostas aos casos apresentados, segundo o género
n % n % n % n % n % n %
Verifica-se que, para o caso I, 37,9% das respostas dos dado”; e 11,5% das respostas das mulheres foram consi-
homens e 41% das respostas das mulheres foram con- deradas na categoria “ética principialista” e só 3,4% das
sideradas na categoria “ética principialista”; para a ca- respostas dos homens o foram.
tegoria “ética do cuidado” foram consideradas 25,6%
das respostas das mulheres e 17,2% das respostas dos Por fim, para o caso III verifica-se que 37,9% das respos-
homens; é ainda de referir que 17,2% das respostas dos tas dos homens foram consideradas na categoria “ética
homens foram consideradas na categoria “ética profis- profissional” e 35,9% das respostas das mulheres foram
sional” e só 2,6% das respostas das mulheres o foram. consideradas na categoria “ética principialista”; 17,2% das
respostas dos homens e 12,8% das respostas das mulhe-
Para o caso II verifica-se que 48,3% das respostas dos res foram consideradas na categoria “ética casuística”.
homens e 43,6% das respostas das mulheres foram
consideradas na categoria “ética profissional”; 20,5% No quadro V são referidas as categorias das respos-
das respostas das mulheres e 13,8% das respostas dos tas aos casos apresentados, segundo a profissão dos
homens foram consideradas na categoria “ética do cui- respondentes.
n % n % n % n % n % n %
Verifica-se que para o caso I, 39,3% das respostas dos consideradas na categoria “ética principialista”; para a
médicos e 41,2% das respostas dos enfermeiros foram categoria “ética do cuidado” foram consideradas 25,5%
das respostas dos enfermeiros e 21,4% das respostas Por fim, para o caso III verifica-se que 35,7% das respos-
dos médicos; é ainda de referir que 12,5% das respos- tas dos médicos foram consideradas na categoria “éti-
tas dos médicos e 9,8% das respostas dos enfermeiros ca profissional” e 47,1% das respostas dos enfermeiros
foram consideradas na categoria “ética das virtudes”. foram consideradas na categoria “ética principialista”;
19,6% das respostas dos médicos foram consideradas
Para o caso II, verifica-se que 44,6% das respostas dos na categoria “ética casuística” e só 7,8% das respostas
médicos e 45,1% das respostas dos enfermeiros foram dos enfermeiros o foram.
consideradas na categoria “ética profissional”; 19,6%
das respostas dos médicos e 17,6% das respostas dos No quadro VI são referidas as categorias das respostas
enfermeiros foram consideradas na categoria “ética do aos casos apresentados, segundo a área de trabalho
cuidado”; e 13,7% das respostas dos enfermeiros fo- dos respondentes.
ram consideradas na categoria “ética principialista” e
só 5,4% das respostas dos médicos o foram.
Quadro VI: Categorias das respostas aos casos apresentados, segundo a área
n % n % n % n % n % n % n % n % n %
É. princ 21 38,2 3 18,8 19 52,8 3 5,5 2 12,5 5 13,9 17 30,9 5 31,3 12 33,3
É. virt 4 7,3 5 31,3 3 8,3 2 3,6 1 6,3 0 0,0 2 3,6 2 12,5 2 5,6
É. cuid 14 25,5 5 31,3 6 16,7 12 21,8 1 6,3 7 19,4 3 5,5 0 0,0 0 0,0
É. cas 4 7,3 0 0,0 3 8,3 1 1,8 0 0,0 0 0,0 5 9,1 3 18,8 7 19,4
É. prof 3 5,56 2 12,5 2 5,6 25 45,5 8 50,0 15 41,7 18 32,7 4 25,0 8 22,2
Mista 8 14,5 1 6,3 2 5,6 11 20,0 1 6,3 3 8,3 7 12,7 0 0,0 1 2,8
Sem 1 1,8 0 0,0 1 2,8 1 1,8 3 18,8 6 16,7 3 5,5 2 12,5 6 16,7
Total 55 100 16 100 36 100 55 100 16 100 36 100 55 100 16 100 36 100
Verifica-se que, para o caso I, 38,2% das respostas dos área semiurbana foram consideradas na categoria “ética
profissionais que trabalham em área urbana e 52,8% do cuidado” e só 6,3% das respostas dos profissionais
das respostas dos profissionais que trabalham em área que trabalham em área rural o foram.
semiurbana foram consideradas na categoria “ética
principialista”; para os profissionais que trabalham em Por fim, para o caso III verifica-se que 32,7% das respostas
área rural, embora em número mais reduzido, verifica- dos profissionais que trabalham em área urbana foram
se que 31,3% (n=5) das respostas foram consideradas consideradas na categoria “ética profissional” e 31,3%
nas categorias “ética das virtudes” e “ética do cuida- das respostas dos que trabalham em área rural e 33,3%
do” e só 18,8% (n=3) foram consideradas na categoria das respostas dos que trabalham em área semiurbana
“ética principialista”. foram consideradas na categoria “ética principialista”.
Para o caso II verifica-se que 45,5% das respostas dos No quadro VII são referidas as categorias das respostas
profissionais que trabalham em área urbana, 50% das aos casos apresentados, segundo o grupo etário dos
respostas dos que trabalham em área rural e 41,7% das respondentes. Por só haver 4 respostas no grupo etário
respostas dos que trabalham em área semiurbana foram dos 20 aos 29 anos foram juntas ao grupo dos 30 aos
consideradas na categoria “ética profissional”; 21,8% 39 anos, assim como só havia 2 respostas no grupo
das respostas dos profissionais que trabalham em área etário acima dos 59 anos foram juntas ao grupo dos 50
urbana e 19,4% das respostas dos que trabalham em aos 59 anos, tendo sido analisados 3 grupos etários.
Quadro VII: Categorias das respostas aos casos apresentados, segundo o grupo etário
n % n % n % n % n % n % n % n % n %
É. princ 12 44,4 9 34,6 22 40,7 6 22,2 2 7,7 2 3,7 11 40,7 12 46,2 11 20,4
É. virt 2 7,4 5 19,2 5 9,3 0 0,0 2 7,7 1 1,9 4 14,8 1 3,8 1 1,9
É. cuid 6 22,2 7 26,9 12 22,2 4 14,8 5 19,2 11 20,4 1 3,7 0 0,0 2 3,7
É. cas 2 7,4 2 7,7 3 5,6 0 0,0 0 0,0 1 1,9 2 7,4 1 3,8 12 22,2
É. prof 1 3,7 1 3,8 5 9,3 10 37,0 12 46,2 26 48,1 5 18,5 6 23,1 16 35,2
Mista 3 11,1 2 7,7 6 11,1 4 14,8 2 7,7 9 16,7 1 3,7 4 15,4 3 5,6
Sem 1 3,7 0 0,0 1 1,9 3 11,1 3 11,5 4 7,4 3 11,1 2 7,7 6 11,1
Total 27 100 26 100 54 100 27 100 26 100 54 100 27 100 26 100 54 100
<40 = Idade inferior a 40 anos; 40-49 = Idade compreendida entre os 40 e os 49 anos inclusive; >49 = Idade superior a 49 anos
É. princ = Ética principialista; É. virt = Ética das virtudes; É. cuid = Ética do cuidado; É. cas = Ética casuística; É. prof = Ética profissional
profissionais de saúde e de revisão coletiva e crítica da planos de vida, deve ser balanceada com a proteção
natureza dos seus papéis, atividades e responsabilida- da sua saúde, a proteção dos interesses dos demais
des profissionais, como explica João Veiga.10 internados, a promoção da segurança e eficiência da
instituição e a alocação dos recursos escassos. Nes-
Ainda nas respostas principialistas do caso I, é possível te contexto, segundo os autores, muitos contestam o
identificar uma posição, em certa medida, autoritária respeito pela autonomia, afirmando que este configura
de alguns médicos e enfermeiros, quando estes pro- uma exigência demasiado elevada para estas organiza-
fissionais apontam os seguintes problemas éticos nas ções e propõem, em lugar do consentimento informa-
relações com o paciente: “como informar o utente para do, o “consentimento negociado” que regula os deveres
conseguir a sua adesão ao tratamento”; “solicitação de mútuos em vez dos direitos individuais. Esta alternati-
procedimentos pelo utente” e “recusa do utente às in- va é considerada pelos autores como arriscada sem o
dicações médicas”. Isto remete para os comentários de estabelecimento de proteções claras à vulnerabilidade
Tom Beauchamp e James Childress11 relativos aos pro- dos residentes.11
blemas encontrados no contexto dos cuidados de saúde
para se efetivar o respeito pela autonomia dos pacientes Guardadas as devidas proporções, parece possível tra-
nos serviços de saúde, devido à sua condição dependen- çar um paralelo destas considerações com os cuidados
te e à atitude autoritária dos profissionais de saúde. de saúde prestados nos centros de saúde (CS), espe-
cialmente porque o contacto dos profissionais com o
Nos CSP, não são raras as práticas perpetuadoras da paciente, a exemplo do que ocorre nos lares, perdura
dependência do paciente, em vez de se procurar a pro- por um longo período e o modelo de consentimento pra-
moção da sua autonomia e cidadania. Isso é percorrer ticado por médicos e enfermeiros aproxima-se desta ne-
o caminho da beneficência paternalista com os seus gociação em relação às normas e rotinas. Cabe aqui um
traços de superproteção e, em certa medida, de au- alerta para a vulnerabilidade, pois também se observa
toritarismo que descrevem as atitudes do tipo “eu sei em algumas respostas, que o paciente é visto pelos pro-
o que é melhor para si”. Na enfermagem, esta atitude fissionais de saúde como alguém que não conta com os
reveste-se de uma nuance particular, pois o processo outros quando recorre ao CS, o que lhe imprime alguma
do trabalho da enfermagem é marcado pela uso de pro- vulnerabilidade, quando deveria ser alvo de proteção,
tocolos e por rotinas de cuidados e procedimentos que, com vista a promover a sua autonomia e cidadania.
supostamente, respondem às necessidades de quase
todos os pacientes, isto na maioria das vezes. É bas- É claro que não se advoga com isto que os profissionais
tante comum os enfermeiros encaixarem os cuidados de saúde desprezem as rotinas que tão bem se pres-
dispensados a uma pessoa ou a um grupo numa rotina tam a organizar os serviços, melhorando o seu fluxo e o
pré-estabelecida, não importando se ela é, ou não, con- processo do trabalho. O absurdo está na sua conversão
gruente com as condições de quem procura ou precisa em normas rígidas que ordenam as condutas. Isto tal-
dos seus cuidados. Parece que se instala o “paternalis- vez possa ser evitado se houver uma ponderação dos
mo burocrático”, no qual as normas, os procedimentos princípios da não maleficência e da beneficência pelos
e as rotinas determinam o que deve ser feito, não im- médicos e enfermeiros, embora no momento de preve-
portando o que é melhor ou mais indicado, ou ainda, o nir os danos ou eliminar as condições que os possam
que o paciente autonomamente solicita. Os pacientes provocar, o cumprimento de normas continue a gozar
são, então, rotulados de “colaboradores” e “não colabo- de uma importância particular.
radores”, sendo que os primeiros, geralmente recebem
os cuidados sem os questionar, ao passo que os segun- Para o caso II, que reflete um problema de relacionamento
dos, de uma forma ou outra fazem-no.12 interprofissionais, um profissional de saúde dependente
do álcool, pode-se observar que a maioria das respostas
Tom Beauchamp e James Childress11 afirmam que nas foram atribuídas à categoria “ética profissional” seguida
instituições onde as pessoas são admitidas contra a pela “ética do cuidado” (quadro III); quer pelos homens
sua vontade, como as prisões, as violações ao princípio quer pelas mulheres (quadro IV); e quer pelos médicos
do respeito pela autonomia são explícitas; mas contudo quer pelos enfermeiros (quadro V). Na área de trabalho
naquelas onde a admissão é voluntária, este compro- (quadro VI) e nos diferentes grupos etários (quadro VII)
metimento das escolhas autónomas pelas regras, polí- é que surgiram pequenas diferenças, não em relação à
ticas e práticas da instituição, frequentemente, é subtil. primeira categoria que se manteve, a “ética profissional”,
Como exemplo citam os lares para idosos, consideran- mas em relação à segunda. Assim, nas áreas urbana e
do que a liberdade dos residentes nestas instituições, semiurbana ainda se manteve o quadro geral anterior-
para viverem de acordo com as suas preferências e mente referido, a nível da área rural é que a segunda
categoria foi a “ética principialista” embora o número de Susan Pierce14, com base em estudos empíricos, afirma
respostas tenha sido muito pequeno. O mesmo acon- que os profissionais de saúde, ao discutirem os casos
teceu com o grupo de menos de 40 anos, em que a éticos reais, não revelam nenhum modelo de tomada
segunda categoria foi a mesma. de decisão linear, do tipo passo a passo. Ao invés disso,
evidenciam uma abordagem multifacetada, não linear
Para a discussão dos resultados deste caso, recorda-se e integrada que se move dos dados e factos para as
que, segundo Carol Gilligan13, os dilemas hipotéticos, alternativas e consequências; voltando para os dados,
graças à abstração da sua apresentação, afastam os valores pessoais, visões de mundo, princípios da bioéti-
atores morais da história e da psicologia das suas pró- ca e, finalmente, uma escolha e a sua justificação.
prias vidas individuais e separam o problema ético dos
contextos sociais que envolvem a sua ocorrência. Ao fa- As respostas aos questionários revelam, também, um
zerem isso, segundo a autora, esses dilemas são úteis aspeto importante do princípio da justiça, como defen-
para verter e apurar os princípios objetivos da justiça e dido por Tom Beauchamp e James Childress11, isto é a
mensurar a lógica formal da igualdade e reciprocidade. distribuição dos bens e recursos de maneira justa, equi-
Entretanto, a reconstrução do dilema na sua particulari- tativa, apropriada e determinada por normas justifica-
dade contextual permite a compreensão da causa e da das. Se no que respeita à alocação “macro” são essen-
consequência o que implica a compaixão e a tolerância ciais as políticas públicas, já na alocação “micro” parece
observadas, nos seus estudos, e na distinção dos juízos também ter peso, além ou em consequência destas, as
morais das mulheres. Somente quando se dá substân- normas internas dos CS que, muitas vezes, são determi-
cia aos esqueletos da vida das pessoas hipotéticas é nadas pelos próprios profissionais unilateralmente.
possível considerar a injustiça social que os seus pro-
blemas morais podem refletir e imaginar o sofrimento A inclusão da categoria “ética casuística” neste último
individual que a sua ocorrência pode implicar, ou que a caso ocorreu por alguns dos profissionais de saúde
sua resolução pode significar.13 terem referido as suas experiências anteriores, assim
como o raciocínio por paradigma e analogia.
Isto talvez contribua para justificar a mistura das cate-
gorias “ética profissional”, “ética do cuidado” e “ética Concluindo, os profissionais de saúde estudados utili-
principialista” que, de forma geral, norteia as resolu- zam, na tomada de decisão frente a problemas éticos,
ções recomendadas para este caso. atitudes principalmente justificadas pelas “Ética Princi-
pialista” e “Ética Profissional”, embora também recor-
Para o caso III, que reflete um problema de gestão/or- ram a justificações da “Ética do Cuidado” e, em menor
ganização do sistema de saúde, em que uma paciente número, da “Ética Casuística” e da “Ética das Virtudes”.
sem médico de família, após percorrer o percurso do
sistema de saúde só consegue que o seu problema As atitudes dos profissionais de saúde perante os pro-
de saúde seja resolvido com uma “cunha”, pode-se blemas éticos apontados parecem confirmar a ideia de
observar que a maioria das respostas foram atribuí- que, nos cuidados de saúde primários, os problemas
das à categoria “ética principialista” logo seguida pela éticos são constituídos, de maneira geral, por preocu-
“ética profissional” (quadro III). No entanto, para este pações do dia-a-dia dos cuidados de saúde e não por
caso surgiram diferenças em todos os grupos. Assim, situações críticas que requeiram soluções ponderadas,
os homens privilegiaram a “ética profissional” segui- como as enfrentadas no contexto hospitalar.
da pela “ética principialista”, e ocorreu o inverso com
as mulheres (quadro IV). Os médicos privilegiaram a Também apontam para a responsabilidade ética dos
“ética profissional” seguida pela “ética casuística”, gestores da saúde, uma vez que muitos dos problemas
enquanto os enfermeiros privilegiaram a “ética prin- éticos decorrem da estruturação dos serviços. Eviden-
cipialista” seguida pela “ética profissional” (quadro V). ciando, assim, que a excelência ética e técnica da práti-
Os profissionais de saúde da área de trabalho urbana ca dos profissionais de saúde passam, obrigatoriamente,
privilegiaram a “ética profissional” seguida pela “ética pelas políticas públicas de saúde e pelas condições orga-
principialista”, mas ocorreu o inverso com os profissio- nizacionais das instituições e do sistema de saúde.
nais das áreas semiurbana e rural (quadro VI). Por gru-
pos etários, os profissionais com menos de 50 anos As soluções propostas para os casos apresentados in-
privilegiaram a “ética principialista” seguida pela “éti- dicam que os médicos e enfermeiros que responderam
ca profissional”, enquanto os profissionais com mais aos questionários, de uma maneira geral, têm a preocu-
de 49 anos privilegiaram a “ética profissional” seguida pação de preservar os direitos individuais, mas procu-
pela “ética casuística” (quadro VII). ram fazê-lo de uma forma que proteja tanto os vínculos
familiares quanto os da equipa com os pacientes, o que constituição de um reportório de casos que incorpore
pode ser considerado como uma mistura das aborda- as diferentes circunstâncias e situações próprias desta
gens principialista e do cuidado. esfera de cuidados de saúde e que possam servir para
paradigma e analogia.
Nesta junção ainda tem lugar o raciocínio por analogia
e paradigma na análise dos problemas éticos, o que
fica patente quando os inquiridos comparam os casos Agradecimentos
apresentados com situações reais semelhantes, viven-
ciadas por eles próprios ou por colegas. Entretanto, a A todos os profissionais de saúde dos Centros de Saú-
utilização da casuística como um método na tomada de de da Administração Regional de Saúde do Centro que
decisão face a problemas éticos no contexto dos cuida- reponderam ao questionário, aceitando fazer parte do
dos de saúde primários, enfrenta limitações e requer a estudo.
Conflito de Interesses
O autor declara não ter conflito de interesses para este artigo.
Pontos-chave:
Na atualidade não é simples falar de moral, embora a ética esteja na moda, contudo parece que poucos acreditam
que seja uma disciplina importante para a vida em geral.
Considerando que existem poucos estudos sobre as bases que influenciam as decisões éticas dos profissionais
de saúde, o objetivo deste estudo foi analisar as atitudes éticas dos profissionais de saúde nas relações com os
pacientes.
Resumo Abstract
Objetivo: Considerando que existem poucos estudos Aim: whereas there are few studies on the basis that
sobre as bases que influenciam as decisões éticas dos influence ethical decisions of health professionals, the
profissionais de saúde, o objetivo deste estudo foi ana- aim of this study was to analyze the ethical attitudes of
lisar as atitudes éticas dos profissionais de saúde nas health professionals in dealing with patients.
relações com os pacientes.
Methods: A quantitative cross-sectional study involving
Métodos: Estudo transversal quantitativo, que envolveu doctors and nurses from the health centers of the cen-
médicos e enfermeiros dos centros de saúde da região tral region of Portugal. A validated scale to assess the
centro de Portugal. Uma escala, validada, para avaliar ethical attitudes of health professionals was applied to a
as atitudes éticas dos profissionais de saúde, foi apli- sample of physicians and nurses in primary health care
cada a uma amostra de médicos e enfermeiros de cui- physicians and primary health care nurses through a
dados de saúde primários através de questionário auto self filled. Software: SPSS 15.0. Statistical tests: Mann-
preenchido. Software: SPSS 15.0. Testes estatísticos: -Whitney and Kruskal-Wallis.
Mann-Whitney and Kruskal-Wallis.
Results: We surveyed 163 health professionals, 77 doctors
Resultados: Foram inquiridos 163 profissionais de saú- and 86 nurses, 74.2% female, mean age of 45.8 years.
de, 77 médicos e 86 enfermeiros, 74,2% do sexo femi- Ethical attitudes of health professionals do not seem to
nino, com idade média de 45,8 anos. As atitudes éticas be influenced by gender, age or years of activity. However,
dos profissionais de saúde não parecem ser influencia- doctors in relation to nurses seem to have firmer ethical
das pelo género, idade ou anos de atividade. No entanto, attitudes towards the rights aimed at the patient’s auto-
os médicos em relação aos enfermeiros parecem ter ati- nomy, as well as health professionals working in the health
tudes éticas mais firmes perante os direitos que visam a sub-region of Viseu and Aveiro and in urban areas.
autonomia do paciente, assim como os profissionais de
saúde que trabalham nas sub-regiões de saúde de Viseu Discussion: The doctors and nurses in primary health
e Aveiro e em área urbana. care are concerned with preserving the ethics of their
*
Médico de Família na USF Marquês de Marialva, ACeS Baixo Mondego.
**
Enfermeiro. Professor Coordenador na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra.
Discussão: Os médicos e enfermeiros dos cuidados de attitudes towards patients. Further studies are needed
saúde primários preocupam-se com a preservação da on the bioethics interface with primary health care.
eticidade das suas atitudes para com os pacientes. São
necessários mais estudos sobre a interface da bioética Keywords: Ethics, Primary Health Care, Attitudes Scale,
com os cuidados de saúde primários. Family Practice, Nursing.
Introdução
Na atualidade não é simples falar de moral, embora a a quaisquer atos médicos a serem praticados na sua
ética esteja na moda, contudo parece que poucos acre- pessoa. O consentimento informado é uma das con-
ditam que seja uma disciplina importante para a vida sequências do primeiro princípio da Bioética: a auto-
em geral. Ética e moral remetem-nos para os costumes nomia de todo e qualquer ser humano, baseado na
e ajudam-nos a forjar um carácter bom e a confrontar a dignidade da pessoa e no direito que ela tem à sua
vida de um modo mais humano de forma que, no final, autorrealização individual8.
possamos ser mais felizes1.
Está a tornar-se universalmente aceite que é dever do
A ética é uma disciplina de carácter prático que pretende médico fornecer a informação, o mais completa pos-
guiar a ação humana com um sentido racional. Embora sível, a respeito de todo o procedimento que deva ser
vivamos num tempo de certo relativismo moral e se de- empreendido, e esta informação deve incluir conse-
fenda a convicção que não é possível discutir na ética quências possíveis e o prognóstico ou a esperança pro-
coisas que são completamente subjetivas e privadas2, a vável de sucesso. No entanto, não há acordo sobre se
própria sociedade pede a imposição de limites práticos e a informação e o consentimento dados em formulários
reconhece que em certas ocasiões nem tudo vale, e nem mais ou menos desenvolvidos podem ser considerado
tudo vale por igual3,4. consentimento informado e esclarecido9.
O campo da saúde é cada vez mais influenciado pelos A pesquisa de estudos de atitudes éticas dos profissio-
avanços científicos e tecnológicos que provocaram uma nais de saúde permitiu identificar a Escala de atitudes
crescente complexidade da medicina. A utilização destas perante os direitos à informação e ao consentimento,
novas tecnologias deve ser analisada sob um ponto de elaborada e validada por José Carlos Martins10, uma es-
vista ético, assim como as mudanças que aconteceram cala tipo Likert com 31 itens e cinco possibilidades de
nas relações entre os profissionais da saúde e os utentes resposta em cada item, que pareceu ser adequada para
dos serviços de saúde nas últimas décadas. A bioética avaliar as atitudes éticas dos profissionais de saúde dos
cresceu ao mesmo tempo que os problemas com o am- cuidados de saúde primários.
biente e as ciências da vida (medicina, enfermagem, bio-
logia, ecologia,...) e esboçou alguns princípios gerais para Neste sentido, e após já terem sido estudadas as ati-
se poder decidir se tudo o que é tecnicamente possível é tudes de doentes oncológicos perante os direitos à in-
eticamente correto e bom5,6. formação e ao consentimento10, as atitudes dos enfer-
meiros do Centro Regional de Oncologia de Coimbra11
A bioética está implícita na atividade diária, mas de um e as atitudes de médicos de família12 perante esses
modo inconsciente. Em geral é observada uma rejeição mesmos direitos, pareceu-nos pertinente levar a cabo
pelos tópicos que insinuam a autocrítica. Os conflitos um estudo das atitudes dos profissionais de saúde dos
éticos derivam fundamentalmente da relação entre o cuidados de saúde primários perante os direitos dos
profissional de saúde e o doente, pontuada pela família, doentes à informação e ao consentimento. Desenvol-
principalmente ao dar informação. Os princípios bioéti- vemos uma investigação descritiva e correlacional,
cos consideraram como muito importante os direitos do centrada nos seguintes objetivos:
doente à informação e ao consentimento informado7.
• Analisar o quadro de atitudes dos profissionais de
Designa-se por consentimento informado o acordo livre saúde dos cuidados de saúde primários, perante os
e esclarecido que um ser humano presta em relação direitos que visam a autonomia do doente;
• Analisar as relações entre a idade, o género, a pro- de família (especialistas de medicina geral e familiar e
fissão, o número de anos de profissão, a sub-região clínicos gerais com listas de utentes) e enfermeiros (es-
e a área de trabalho dos profissionais de saúde dos pecialistas e não especialistas) a trabalhar em 50% dos
cuidados de saúde primários e a atitude perante os CS de cada SRS da área da ARS-C. Os centros de saúde
direitos que traduzem a autonomia; foram ordenados alfabeticamente, por sub-região de
saúde, seguindo-se um sorteio, por números aleatórios,
• Comparar as perceções e atitudes dos médicos com dos CS até perfazer os 50%. A aleatorização de centros
as opiniões e atitudes dos enfermeiros. de saúde acabou por determinar a seleção de CS com
um total de 936 (56%) dos médicos de família e 816
Formularam-se as seguintes hipóteses: (49%) dos enfermeiros da área geográfica de interven-
ção da Administração Regional de Saúde do Centro.
H1. As atitudes éticas dos profissionais de saúde não são
influenciáveis pela profissão (médico ou enfermeiro). Antes de se iniciar a aplicação do questionário foi pedido
à Comissão de Ética para a Saúde do Centro de Saúde
H2. As atitudes éticas dos profissionais de saúde não são de São João, do Porto, a elaboração de um parecer para
influenciáveis pelo género (masculino ou feminino). a realização do estudo; e ao Conselho Diretivo da Admi-
nistração Regional de Saúde do Centro, a necessária
H3. As atitudes éticas dos profissionais de saúde não autorização para a realização do mesmo.
são influenciáveis pela idade.
Os diretores dos centros de saúde aleatorizados foram
H4. As atitudes éticas dos profissionais de saúde não são contatados, pessoalmente ou pelo correio, pedindo-
influenciáveis pelo número de anos de profissão. -se-lhes colaboração na distribuição dos questionários
junto de todos os médicos de família e enfermeiros em
H5. As atitudes éticas dos profissionais de saúde não serviço no seu CS, bem como na recolha e sua devolu-
são influenciáveis pela sub-região em que traba- ção ao investigador.
lham (Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda,
Leiria, Viseu). O questionário utilizado neste estudo era composto por
duas partes. A primeira incluiu seis questões sobre os
H6. As atitudes éticas dos profissionais de saúde não aspetos sócio profissionais de caraterização do inqui-
são influenciáveis pela área geográfica em que tra- rido: idade, sexo, profissão, número de anos de profis-
balham (urbana, rural, semiurbano). são, sub-região e área de trabalho. A segunda parte
incluiu a Escala de atitudes perante os direitos à infor-
mação e ao consentimento, elaborada e validada por
Métodos José Carlos Martins15, escala tipo Likert com 31 itens.
Viseu 5 3,1
Profissionalmente, verifica-se que a amostra é constituída Área de Trabalho
por 77 médicos (47,2%) e por 86 enfermeiros (52,8%).
Urbana 83 50,9
Escala
Quadro I: Distribuição dos elementos da amostra de
Nº de itens 31
acordo com as características socioprofissionais
Média 3.99
20 – 29 anos 6 3,7
30 – 39 anos 37 22,7
Testando as hipóteses formuladas:
40 – 49 anos 46 28,2
50 – 59 anos 72 44,2 H1. As atitudes éticas dos profissionais de saúde não são
60 – 69 anos 2 1,2 influenciáveis pela profissão (médico ou enfermeiro).
Verificou-se que a média das pontuações foi superior no Gráfico I: Atitudes éticas dos inquiridos segundo a idade
grupo dos médicos (quadro III), como a variável da pon-
tuação da escala não segue uma distribuição normal,
nos grupos profissionais, teve que se aplicar o teste não
paramétrico Mann-Whitney, e estatisticamente rejeita-
se a hipótese nula (p < 0.5). Pode assim concluir-se
que as atitudes perante problemas éticos nas relações
dos profissionais de saúde com os pacientes e suas fa-
mílias são influenciáveis pela profissão. Considerando
como mais firme a obtenção de pontuações superiores
na avaliação feita através da aplicação da escala, pode
considerar-se como mais firmas as atitudes éticas dos
médicos face aos enfermeiros perante os direitos à in-
formação e ao consentimento dos pacientes.
H5. As atitudes éticas dos profissionais de saúde não trabalham. Considerando como mais firme a obtenção
são influenciáveis pela sub-região em que traba- de pontuações superiores na avaliação feita através
lham (Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, da aplicação da Escala de atitudes perante os direitos
Leiria, Viseu). à informação e ao consentimento, pode considerar-se
como mais firmas as atitudes éticas dos profissionais
Verificou-se que a média das pontuações foi superior no que declararam trabalhar em área urbana.
grupo dos profissionais que trabalham na sub-região de
Viseu e inferior nos que trabalham na sub-região de Cas-
telo Branco (quadro IV), como a variável da pontuação da Quadro V: Atitudes éticas dos inquiridos em função da
escala não segue uma distribuição normal em todas as área geográfica em que trabalham
subamostras, pelo que aplicou-se o teste não paramétrico
de Kruskal-Wallis, e estatisticamente rejeita-se a hipótese Média da pontuação Teste
nula (p < 0.001). Pode assim concluir-se que as atitudes na escala Kruskal-Wallis
dos profissionais de saúde perante os direitos à informa-
Urbana 4.06
ção e ao consentimento dos pacientes são influenciáveis
pela sub-região em que trabalham. Considerando como Rural 3.92 p < 0.001
mais firme a obtenção de pontuações superiores na ava- Semiurbana 3.92
liação feita através da aplicação da Escala de atitudes pe-
rante os direitos à informação e ao consentimento, pode
considerar-se como mais firmas as atitudes éticas nas
sub-regiões de saúde de Viseu e Aveiro e menos firmes
nas sub-regiões de saúde de Leiria e Castelo Branco. Discussão
Aveiro 4.03
Outro dado que se pode considerar de acordo com o es-
Castelo Branco 3.88 perado é o facto de predominar o grupo etário dos 50-
Coimbra 4.01 -59 anos, com 44,2% dos indivíduos. Este facto confirma
p < 0.001 o problema de carência de médicos de família a nível
Guarda 3.99
dos cuidados de saúde primários, por a curto prazo um
Leiria 3.92 grande número destes profissionais ir entrar na idade da
Viseu 4.29 reforma18. Aliás, a média de idades para os MF neste es-
tudo é de 50,8 anos e a mediana situa-se nos 52 anos,
enquanto a média de idades para os enfermeiros é de
41,4 anos e a mediana situa-se nos 41 anos.
H6. As atitudes éticas dos profissionais de saúde não
são influenciáveis pela área geográfica em que tra- Por sub-região verifica-se que pertencem a Aveiro 19,0%
balham (urbana, rural, semirrural/urbano). dos respondentes ao questionário, 30,1% a Castelo Bran-
co, 29,4% a Coimbra, 6,1% à Guarda, 12,3% a Leiria e só
Verificou-se que a média das pontuações foi superior 3,1% a Viseu. Em relação à aleatorização dos CS verifica-
no grupo dos profissionais que trabalham em zona se que percentualmente as sub-regiões de Castelo Bran-
urbana (quadro V), como a variável da pontuação da co e Coimbra estão sobre representadas nesta amostra,
escala não segue uma distribuição normal em todas Aveiro e Leiria estão devidamente representadas, e Guar-
as subamostras, pelo que aplicou-se o teste não pa- da e Viseu estão sub-representadas. Este facto ocorreu
ramétrico de Kruskal-Wallis, e estatisticamente rejeita- por ter havido uma boa participação dos profissionais
-se a hipótese nula (p < 0.001). Pode assim concluir-se dos centros de saúde de Castelo Branco e da Covilhã, e
que as atitudes perante problemas éticos nas relações por o investigador trabalhar na sub-região de saúde de
dos profissionais de saúde com os pacientes e suas Coimbra, pelo que teve mais oportunidades para motivar
famílias são influenciáveis pela área geográfica em que os profissionais desta sub-região para o estudo.
De acordo com os dados obtidos e descritos nos resulta- e o número de anos de profissão, concluindo-se que as
dos, verifica-se que os inquiridos apresentam uma atitude atitudes éticas dos profissionais de saúde não são in-
de concordância face aos itens da escala, apresentando fluenciáveis pela idade e número de anos de profissão.
uma média de respostas no global da escala de 3.99, com No entanto na literatura consultada foram vários os es-
um mínimo de 3.07 e um máximo de 4.80. tudos encontrados a referir que existem diferenças de
atitude ética devidas à idade37,38,39.
As médias das pontuações relativas aos médicos (4.02)
são superiores às médias dos enfermeiros (3.96) e esta- A média das pontuações foi superior no grupo dos pro-
tisticamente significativas (p = 0.031), levando assim a fissionais que trabalham na sub-região de saúde de
concluir que as atitudes éticas dos profissionais de saúde Viseu e inferior nos que trabalham na sub-região de
são influenciáveis pela profissão (médico ou enfermeiro). Castelo Branco. Constatando-se, pelo presente estu-
do, que as atitudes éticas dos profissionais de saúde
Na literatura consultada encontraram-se estudos que parecem ser mais firmes nas sub-regiões de saúde de
apontam no sentido de que existem diferenças de atitu- Viseu e Aveiro e menos firmes nas sub-regiões de saú-
de ética entre os enfermeiros e os médicos19,20,21,22,23,24,25 de de Leiria e Castelo Branco. Na ponderação deste
outros estudos que referem que não existem facto deve-se ter em consideração o baixo número de
diferenças26,27,28,29,30 e ainda outros estudos que refe- respostas recebidas de Viseu.
rem que não há diferenças no número de problemas
identificados entre médicos e enfermeiros, mas que há Cada administração distrital dos serviços médico-sociais,
diferenças no tipo de problemas identificados, ou seja criadas em 1974 em pleno processo revolucionário,
estas diferenças não ocorrem em virtude de haver di- desenvolveu-se com total autonomia, que foi alargada
ferença no compromisso ou na abordagem ética mas, com a sua transformação em administrações regionais
em função da estrutura hierárquica da organização as- de saúde em 198218, pelo que cada sub-região herdeira
sistencial e dos papéis de médicos e enfermeiros como destas administrações tem uma história e cultura muito
prestadores de cuidados de saúde31,32. próprias, o que talvez explique as diferenças encontradas
neste estudo.
Também em Portugal se antecipa que apesar das di-
vergências existentes entre estas duas profissões, o A reflexão ética no âmbito das organizações implica a
ensino da bioética tenderá a esbater progressivamente existência de certas condições, sendo que a principal é
os diferentes backgrounds existentes na medicina e na a própria “comunidade moral” da organização, isto é, o
enfermagem33. Em larga medida porque independente- conjunto de normas morais comuns aos seus membros,
mente da corrente ética predominante, e das tradições porque as organizações mais não são do que a comple-
profissionais envolvidas, o referencial axiológico da bio- xa articulação de interesses individuais que perseguem
ética é a eminente dignidade da pessoa humana e a objetivos comuns. Mas devem fazê-lo respeitando a dig-
sua responsabilidade substantiva com os outros mem- nidade do cidadão e os seus direitos fundamentais40.
bros da comunidade moral no quadro de uma verdadeira
solidariedade ontológica34. A cultura organizacional surge: quando existe uma par-
tilha de valores e crenças; um quadro de referência da
As médias relativas aos indivíduos dos géneros mas- ação coletiva; e um sistema de ideias resultantes: da
culino e feminino são semelhantes, não existindo dife- história da organização; da definição das situações pe-
renças estatisticamente significativas, levando assim a los agentes dominantes; da interpretação cumulativa,
concluir que as atitudes éticas dos profissionais de saú- por parte dos intervenientes; e do sentido das ações
de não são influenciáveis pelo género do profissional. contínuas e recíprocas41.
O que parece sugerir uma diminuição da importância
relativa da “ética do cuidado” face às outras correntes A média das pontuações foi superior no grupo dos pro-
éticas, nomeadamente ao principialismo. fissionais que declararam trabalhar em zona urbana
(4.06) em relação aos que declararam trabalhar em
Na literatura consultada existe um estudo que aponta zona rural ou semiurbana, e essa diferença foi estatisti-
no sentido de que pode existir diferenças de atitude éti- camente significativa (p < 0.001), levando assim a con-
ca devidas ao género35 e outros estudos, tal como este, cluir que as atitudes éticas dos profissionais de saúde
que referem que não existem diferenças29,36. são mais firmes nos que trabalham em área urbana.
No presente estudo foi encontrada uma correlação posi- Já o estudo anteriormente descrito de Barry Hoffmaster
tiva fraca na associação das atitudes éticas com a idade e colaboradores35 refere a existência de diferença nas
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Conflito de Interesses
Os autores declaram não ter conflitos de interesse para o
conteúdo deste artigo.