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OS GRANDES EMPREENDIMENTOS NA AMAZÔNIA E SUAS

CONSEQUÊNCIAS NA CULTURADO POVO GAVIÃO.

Introdução

O ensaio em pauta é uma análise sobre os Grandes Empreendimentos na Amazônia e seus


impactos sobre a cultura do Povo Gavião na Terra Indígena Mãe Maria (TIMM), localizada no
Território do município de Bom Jesus do Tocantins-Pa. É uma área que possui uma biodiversidade
de vegetais, animais, hídricos e relevos de planície de terra alta, ou seja, não sofre com inundações
com enchentes sazonais, formando assim, uma rica paisagem amazônica no sudeste do Pará. O
trabalho em curso, buscar fazer um estudo para saber os reais impactos sentidos pelos Povos
Indígenas: Akrãtikatêjê, Parkatêjê e Kỳikatêjê que foram retirados de suas antigas terras ao longo
da margem direita do Rio Tocantins e alocados na Terra Indígenas Mãe Maria, para atender os
interesses dos Grandes Projetos de Capital Estrangeiro na Região Norte.
A metodologia adotada nesta pesquisa é de tipo etnográfica a partir de entrevista oral e
observação de atos culturais com povos da TI Mãe Maria, assim como, consultas em fontes
bibliográficas que tratam sobre os Grandes Projetos na região Amazônica. Portanto, trata-se uma
pesquisa qualitativa. Desta forma, encontra-se dividida em duas partes: i. Quem são os povos
Indígenas que constitui a TIMM; ii Os Grandes Empreendimentos instalados no Sudeste do Pará e
seus efeitos na Cultura do Povo Gavião. iii Entrevista com indígenas da TIMM

1. Fundamentação Teórica

A região amazônica sempre sofreu cobiça de exploração desde a época o Brasil colonial
até os dias atuais. Esse processo de exploração teve seus estágios frios e sombrios para cada época
contextual da economia do Brasil que não mediu esforços para extrair o máximo de recursos
materiais e minerais do solo nortista, causando danos ambientais, igualmente, danos sociais que
envolvem conflitos agrários e mortes de culturas, línguas e de indivíduos pioneiros e povos
originários desta terra. Assim, Amazônia ou amazônias é idealizada como celeiro de recursos que
sustentará a economia do país, quando as bases econômicas de monocultura deste, entra em
declínios e, não há outros meios para se manter no mercado. A área então é vista, como válvula de
escape para subsidiar setores econômico que estão atrelados ao Capital estrangeiro. Malheiros em
um ensaio Colonialismo Interno e Estado de Exceção: a “emergência” da Amazônia dos Grandes
Projetos, trata que a Amazônia sempre esteve excluída dos processos de desenvolvimento, era uma
região “fora do Brasil” e que a sua “inclusão pela exclusão” vai se dar por questões neocoloniais na
exploração e de mátria primas e energias causando uma desordem social, conflito pela terra e
devastação dos sistemas biológicos da natureza. Esse trocadilho “inclusão pela exclusão” se dar pelo
fato de que o Estado brasileiro nunca olhou para a Amazônia como uma região integrada ao país,
nas hipóteses que era um território afastado dos centros administrativo político, de uma geografia
de difícil acesso devidos a densa floresta, muito embora, cortada por várias bacias hidrográficas,
habitada por povos originários e hostil e, como o Governo sempre buscou desenvolvimento
econômico rápido para o país, a Região amazônica ficava em segundo plano para estratégias de
incrementos de políticas nacional. Já Hérbette (2004) no livro Cruzando Fronteira, aponta em seus
estudos, os danos causados no espaço amazônico. O autor faz uma cartográfica socioambiental da
chegada de Grandes Projetos Capitalistas na região com apoio do governo brasileiro expropriando
terras dos povos tradicionais para dar lugar a grandes corporações de empresas internacionais e suas
subsidiárias, a maioria, senão todas, não pertencer sequer ao Estado Nacional brasileiro como se
pode observar no trecho a seguir.

São projetos jogados de fora, não em função de uma realidade social local e para atender
os interesses regionais, mas sim em função dos interesses alheios à região. Eles são
idealizados em função dos recursos existentes na região, mas não com visas às necessidades
da população residente. Atende o objetivo do capital. (HÉBETTE, 2004 150)

Nessa concepção, os regionais não são atendidos e, sim, excluídos do processo de


desenvolvimento o que dialogada com Malheiros (2020) “inclusão pela exclusão” a região norte
agora é incrementada com políticas nacional, mas de cunho capitalista estrangeiro e provocando
agora um outro tripo de exclusão, a Social.

2. Resultados alcançados.

Localizada no Sudeste do Pará a Terra Indígena Mãe Maria possui uma área de 63.488.451
hectares é abitada por três grupos indígenas são eles: Akrãtikatêjê, Parkatêjê, Kỳikatêjê. Esses povos
passaram por deslocamentos de suas antigas tradicionais terras, que tinham como características
natural o curso Médio Rio Tocantins, onde elaboravam seus modos de vidas, cultura e crenças
milenares, que por intermédio de políticas estatais para atender interesses do Capitais Estrangeiros
e, assim, os confinaram nessa área que hoje se encontram, sem as mesmas características que outrora
tinham nos seus antigos territórios.
Políticas foram estabelecidas entre empresas privadas e com o governo Federal onde
promovesse a constituição da Eletronorte para estudos sobre o potencial de bacias hídricas da região
bem como a viabilidade de construir usinas hidrelétricas com intuito de produzir energia voltada
para o capital mineral, para atender os interesses mercadológicos do sistema capitalista
internacional. Com construção da barragem de Tucuruí ocorreu a desterritorialização de várias
comunidades ribeirinhas, quilombolas e o povo indígena, à exemplo, o caso dos Akrãtikatêjê com
se percebe na fala de Pepkrakte Rõnôre.

Aí no decorrer do tempo, veio a hidrelétrica, nos tirou de Tucuruí, nos tirou, nos jogou pra
cá. Sem saber, eu era pequeno, eu tinha uns sete a oito anos. Vim me embora com a minha
mãe com minha sobrinha, minha tia que era a Maria e minha mãe que é a Deusa e minha
tia, sobrinho e o meu primo que é o Bira. O demais é o Luiz e, viemos embora, ah, e o meu
irmão Matia. E, (...) meu irmão mais velho que o Payaré com a sua família, ficou lá
esperando uma decisão com relação à terra. (Pepkrakte Rõnôre, Entrevista oral em 29 de
setembro de 2022)

(...) devido ao impacto causado pela barragem lá em Tucuruí onde o trator revirou a nossa
aldeia, passou no meio [no território dos Akrãtikatêjê] perdeu-se todo o documento os
nascidos vivos que nós tínhamos na época. E, daí teve que se criar outro nome, onde o
cartório não aceitou [o nome indígena] e foi inventado esse Valdenilson, daí vem o nome
do sobrenome ao Venílson. (Kupẽprãmré Valdenilson Topramre. Entrevista cedido em
28/04/2022

Pepkrakte faz um levantamento, memorial quando criança, que foi retirado de suas terras
juntamente com parte de família, afetando os laços familiares, pois ocorreu uma separação familiar
ao afirmar que seu irmão mais velho ficou resistindo/lutando pelo direito de seu território em
Tucuruí ou, ao menos, o direito a uma indenização pela suas terras que estava sendo tomada pela
Eletronorte para a construção da hidrelétrica de Tucuruí que viria a pouco tempo alagar.
O que observa nesse contexto é que as políticas sempre foram estabelecidas para
Amazônica, de um lado, os interesses do Estado pelo aparente desenvolvimento econômico e
ocupação territorial da região, todas elas registradas por conflitos diretamente com a população local
por disputas de grandes áreas de terras pertencentes aos povos originários como se pode perceber
nas falas de Pepkrakte e de Kupẽprãmré que ficavam vulneráveis aos constantes choques com
empresas instaladas nesses espaços, afetando a cultura, o modo de vida e a identidade desses povos;
do outro lado, invasão de terras pelas grandes empresas capitalistas estrangeiras que se aproveitavam
das políticas de subsídios do governo federal, cedendo-lhes enormes áreas para explorações dos
recursos naturais de domínios de populações originárias, tais áreas são fundamentais para
reprodução de vida, cultura desses povos.
Não obstante, as antigas áreas que pertenciam aos indígenas, mas também o atual território
serviu de “palco” para instalação de linhões, BR e estrada de ferro para transmissão de energia e
escoamento de minérios, portanto cortando a TIMM.
O espírito do capital ver as terras indignas como uma mercadoria da qual se buscam se
apropriar para aumentar o seu lucro. “A sociedade do Ocidente, especialmente a capitalista, encara
a terra como sendo uma propriedade, ou seja, algo possível de ser comprado, alienado, cambiado e
explorado até o seu esgotamento” (GONZAGA, 2022, p. 44).
Essas Políticas que facilitaram a entrada e de Grande Projetos na Amazônia em especial ao
Sudeste do Pará foram essenciais para afetar a culturas do Povo Gavião, seus espaços que
tradicionais, agora ocupada por Capital Estrangeiro, é transformada, demolindo crenças, ritos
trabalhados por gerações que praticavam a cultural indígenas.

Conclusões

Assim, na Região Norte, usinas hidrelétricas tiveram que ser construídas, a exemplo, a
usina de Tucuruí com um lago de 2.430km² que garantiria energia para essas empresas em torno de
todos os redutos do complexo Grande Carajás; tais empresas foram criadas e atreladas às políticas
estatais que serviram para dá subsídios a empreendimentos na extração e produção de minerais, bem
como as empresas secundarias ligadas a metalurgia para a produção do ferro gusa.
O ato de deslocamento desses grupos indígenas para outra área, retira deles os sentimentos
construídos por gerações, suas memórias, laços familiares, suas culturas e suas identidades são
desconstruídos com o novo espaço que lhes serviram de moradia para cria novos hábitos que muitas
vezes estar mais ligados a hábitos dos não indígenas e uma cultura ocidental marcado com tempo
(relógio), com vidas sedentárias consumindo alimentos carregados de hormônios e agrotóxico e
dependência de até mesmo de bebidas alcoólicas, pois são produtos facilmente encontrados nas
limítrofes da TIMM, haja vista que se encontra estreitamente ligada aos municípios Marabá e Bom
Jesus do Tocantins.
Esses territórios, hoje degradados, eram e são considerados sagrados para os indígenas, onde
eles elaboravam suas culturas e identidades, sintetizando a natureza e vida para compressão de
mundo quando ser trata do sentido cosmológico desses espaços que, hodiernamente, são guardados
em suas memórias e reproduzidos em suas lembranças.

Referências
HÉBETTE, Jean. Cruzando Fronteira: 30 anos de estudo do campesinato na Amazônia. Belém-Pa.
EDUFPA 2004, Vol. III, p. 241-264. GONZAGA, Alvoro de Azevedo. Decolonialismo Indígena 2ª
ed. Editora Matrioska, São Paulo, 2022 MALHEIRO, Bruno Cezar. Colonialismo Interno e Estado
de Exceção: a “emergência” da Amazônia dos Grandes Projetos. Caderno de Geografia, v.30, n.60,
202
Kupẽprãmré Valdenilson Topramre. Cantor Indígena. Entrevista cedida em 28/04/2022 - aldeia
Parkatêjê. TIMM.
Pepkrakte Rõnôre. Cantor Indígena. Entrevista cedida em 29/09/2022 - aldeia Kỳikatêjê. TIMM.

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