Você está na página 1de 81

2.

Teoria quântica da luz

1
Descargas em gases

Os tubos de descargas em gases foram inventados por Heinrich Geissler em 1857

Desenho de tubos Geissler num livro de


física francês de 1869

2
Aperfeiçoamento dos tubos de descarga

3
William Crookes
Experiências com raios catódicos
Em 1890 os físicos eram familiares com os raios catódicos.

Estes raios eram gerados a partir de um eléctrodo metálico num tubo onde era criada
uma pressão baixa e aplicada uma tensão elevada entre eléctrodos.

Sabia-se que os raios catódicos estavam relacionados com os átomos.

Os raios catódicos eram afectados pelos campos eléctricos e magnéticos.

4
Descoberta dos raios-X e do electrão

Os raios-X foram descobertos por Wilhelm Röntgen em 1895 usando um


tubo de raios catódicos.

O electrão foi descoberto por J. J. Thomson em experiências com tubo de


raios catódicos.

Pode dizer-se que as experiências com tubos de raios catódicos são as


antepassadas das experiências com aceleradores

5
Observação dos raios X

Wilhelm Röntgen estudava o efeito de raios catódicos que


passavam por vários materiais. Notou que um painel
fosforescente brilhava durante as experiências. A radiação
produzida não era afectada por campos magnéticos e
tinha elevado poder de penetração na matéria. Deu-lhe o
nome de raios X (da variável matemática nas equações).

6
7
Descoberta dos raios-X (1895)

Instituto de Física da Universidade


de Würzburg, Alemanha Mão de Anna Berthe Roentgen
22 Dezembro 1895

8
Produção de raios-X
Os electrões ao passar na matéria perdem energia e produzem radiação de travagem
(“bremsstrahlung” em alemão). A interacção dá-se preferencialmente com o núcleo dos
átomos do material, sendo transferida para este muito pouca energia (dada a diferença
de massas).

Ef =Ei−hf

9
Princípio de funcionamento do tubo de raios-X

Radiação
característica alvo
tungsténio

5.00E+08
DV
4.50E+08
4.00E+08
3.50E+08
Intensidade (u.a.)

3.00E+08
2.50E+08
2.00E+08
1.50E+08
Emax
X =e Δ V
1.00E+08
5.00E+07
0.00E+00
0 20 40 60 80 100 120
10
E (keV)
Os raios-X como ondas E.M.

Max von Laue idealizou uma experiência


realizada por Walter Friedrich e Paul
Knipping em Munique (1914) para
demonstrar que os raios-X tinham o mesmo
comportamento que as ondas E.M.

Max von Laue

11
Dispersão de raios-X

12
Lei de Bragg (1914)

William Lawrence Bragg (filho) e


William Henry Bragg (pai)
13
Dispersão elástica dos raios-X
nos átomos do cristal.

Interferência construtiva entre ondas reflectidas em


planos paralelos no cristal

n λ=2 d sin θ n=1,2,... .

14
Vários planos podem participar
na “reflexão” dos raios-X

K. Krane, Modern Physics

n λ=2 d sin θ n=1,2,... .

K. Krane, Modern Physics

15
Radiação de corpo negro

Quando aquecida a matéria emite radiação EM

Teoricamente um corpo negro é a entrada de


uma cavidade material que apenas emite
radiação térmica. Toda a radiação incidente é
absorvida na cavidade.

As propriedades do corpo negro são independentes


do material de que é feita a cavidade.

16
Radiação térmica

Corpo isolado, com trocas de energia apenas por radiação (por exemplo
corpo no vazio).

dE e ( λ , T)=ε λ J( λ , T)dS dt d λ energia emitida por elemento de


área, tempo e c.d.o. à temperatura T

el é a emissividade para um determinado c.d.o.

J(l,T) é uma função universal (não depende do corpo)


exclusiva da temperatura e c.d.o.

el- emissividade: razão entre a energia emitida pela parede do corpo pela
quantidade de energia que seria emitida se o corpo fosse negro, para um
determinado c.d.o.

17
Radiação térmica

Corpo isolado, com trocas de energia apenas por radiação (por exemplo
corpo no vazio).

dE a ( λ , T) dEi(l,T) energia incidente


αλ=
dEi ( λ , T)
dEa(l,T) energia absorvida

al é a absorvidade para um determinado c.d.o.

dE a ( λ , T)= α λ dEi ( λ , T )= αλ J( λ , T )dS dt d λ

Kirchhoff reconheceu que a função J(l,T) é uma função universal e que


é a mesma na situação de emissão e absorção

18
Radiação térmica

Numa situação de equilíbrio térmico entre a radiação e o corpo a


energia emitida iguala a absorvida (por c.d.o)

dE a ( λ , T)= α λ J( λ , T)dS dt d λ = ελ J( λ , T) dS dt d λ =dEe ( λ , T)

em equilíbrio termodinâmico al = el

19
Lei de Kirchhoff para a radiação térmica

Através de considerações termodinâmicas Kirchhoff deduziu uma lei que


relaciona a energia emitida por radiação com a energia absorvida por um
corpo qualquer em equilíbrio termodinâmico com a radiação.

al - absorvidade: razão entre a energia absorvida e incidente na parede do


corpo, para um determinado c.d.o.

el- emissividade: razão entre a energia emitida pela parede do corpo pela
quantidade de energia que seria emitida se o corpo fosse negro, para um
determinado c.d.o.

em equilíbrio
termodinâmico al = el

20
Lei de Kirchhoff para a radiação térmica

Aqui o conceito de equilíbrio termodinâmico com a radiação, significa que a


radiação interagiu o número suficiente de vezes com a parede do corpo, sendo
absorvida e emitida.

Um exemplo é o que acontece dentro de um forno aquecido.

Como consequência da lei de Kirchhoff temos que um corpo só emite se absorver


radiação.

Um corpo reflector (espelho) é um corpo que não absorve e portanto também não

emite. Neste caso el ~ 0 .

Um corpo negro absorve toda a energia que nele incide al = e l = 1.


22
Lei de Stefan-Boltzmann

De forma experimental Stefan chegou à conclusão que a potência total irradiada por unidade
de área aumenta com a potência quarta da temperatura

P dR 4
=R(T) = ε ∫ d λ=ε σ T
A dλ

Experimentalmente σ= 5.6705 × 10−8 W / (m2 · K4).

e é a emissividade, para o corpo negro é igual a 1, sendo inferior a 1 para os outros corpos.

23
Emissividade à temperatura ambiente (T=300 K)

Potência trocada com o ambiente por radiação


por um corpo

4 4
Δ P=ε σ A (T corpo −T amb )

Dado que al = el e a forma da função

para a absorção é semelhante à forma da


função para a emissão de acordo com a lei
de Kirchhoff

https://en.wikipedia.org/wiki/Emissivity 24
Lei de Wien para a radiação corpo negro

Empiricamente Wilhelm Wien chegou à seguinte expressão para a


densidade de energia da radiação do corpo negro

1 dE A
= u(λ , T)= 5 exp(−β/(λ T))
V dλ λ

A lei de Wien falha nos


grandes comprimentos
de onda

25
Lei de deslocamento de Wien

A lei da radiação corpo negro de Wien permite obter correctamente a Lei de Wien do
deslocamento: O máximo da distribuição da potência emitida desloca-se para comprimentos
de onda menores quando a temperatura aumenta.

du/ d λ=0 ⇒ λ max T=β/5

−3
λ max T=2.898×10 m.K

26
Fórmula de Rayleigh-Jeans para o
espectro do corpo negro

Rayleigh e Jeans usaram as teorias clássicas do Electromagnetismo e Termodinâmica


para obter a distribuição espectral do corpo negro

8 π kT
u(λ , T)= 4
λ
(densidade de energia por comprimento onda)

A distribuição obtida apenas ajusta os dados para


os grandes comprimentos de onda, desviando-se
para os pequenos. O problema ficou conhecido
como a “catástrofe do ultravioleta”, não sendo
27
resolvido pela física clássica.
Fórmula de Wien Fórmula de Rayleigh-Jeans

A 8 π kT
u(λ , T)= 5
exp(−β/(λ T)) u(λ , T)= 4
λ λ

Falha a descrição para os Falha a descrição para os


c.d.o. elevados c.d.o. pequenos
28
Plano para o cálculo da distribuição espectral da densidade de energia

1 dE densidade de energia
u(λ , T) =
V dλ por unidade de c.d.o

1 dN densidade do Nº de
ρ(λ) = estados disponíveis
V dλ por unidade de c.d.o

⟨E⟩ Energia média de cada


estado (ou modo)

u(λ , T) = ρ(λ)×⟨E⟩

29
Número de modos dos osciladores dentro da cavidade

2 2 2 2
∂ F ∂ F ∂ F 1 ∂ F
2
+ 2+ 2= 2 2 ondas EM
∂x ∂y ∂z c ∂t

onda estacionária

F=sin(k 1 x)sin(k 2 y)sin(k3 z)sin(ω t)

nλ 2π 2πc
L= , k= , ω=
2 λ λ

Substituindo a solução na equação de onda

n1 π 2 n 2 π 2 n3 π 2 1 2 π c 2

( ) ( )( ) ( )
L
+
L
+
L
= 2
c λ
30
Número de modos dos osciladores dentro da cavidade

n1 π 2 n 2 π 2 n3 π 2 1 2 π c 2

( ) ( )( )
L
+
L
+
L
= 2
c λ ( ) é a equação de uma esfera

quantos pontos (modos) estão dentro da esfera?


L
1 2 3 4 N=L/DL número de intervalos

DL=p/L

nº de modos no quadrado
N=n1n2=(L/DL)2 número de quadrados
N=A/DL2

modos com n1=0 ou n2=0 não contam

31
2
2
n1 π
2
n2 π
2
n3 π 1 2πc 2 2 2 2 4 L
n1 +n2 +n3 = 2
( )( ) ( ) ( )
L
+
L
+
L
= 2
c λ λ
2L
Esfera de raio
λ
intervalo entre os ponto é =1

O nº de pontos dentro da esfera é


então igual ao volume da esfera

3
4 π 2L
N=
3 λ
( )

32
Só contam os modos com n positivo o que
corresponde a 1/8 do volume

Para as ondas EM temos ainda que


considerar para cada modo 2 polarizações

nº de modos ≈ 1/8 volume esfera x 2 (polarizações)

1 4π 2L 3
8 π L3
N= ×2×
8 3 λ
( ) N=
3 λ3

Nº modos por unidade comprimento onda e volume

1 dN 8π
=− 4 o sinal negativo lembra que N diminui com l
L dλ
3
λ
33
Número de modos por unidade de frequência

1 dN 8π
=−
L 3 dλ λ4

1 dN 1 dN d λ c dλ c
= 3 λ= ν ⇒ =− 2
L dν L dλ dν
3 dν ν

1 dN 8 π ν2
3
= 3
L dν c

34
Energia dos osciladores clássicos

Classicamente para cada modo de vibração a


energia do oscilador depende da amplitude de
oscilação.

Assim (teoricamente) o valor da energia pode


variar entre zero e infinito

Num sistema termodinâmico em equilíbrio à temperatura T a probabilidade


de encontrarmos o oscilador com energia de valor E é dada pela
distribuição de Boltzmann

1
f B (E) = exp(−E/kT)
kT

35
Energia média de osciladores clássicos em
equilíbrio termodinâmico

1
f B (E) = exp(−E/kT) distribuição de Boltzmann
kT

∞ ∞
E
⟨E⟩ = ∫ E f B (E)dE = ∫ exp(−E/kT)dE
0 0 kT

fazendo integração por partes


E
⟨E⟩ = exp (−E/kT)|∞0 +∫ exp (−E/kT)dE
kT 0

⟨E⟩ = kT
36
Fórmula de Rayleigh-Jeans
para densidade de energia na cavidade
Nº modos por unidade 1 dN 8π
comprimento onda e volume =− 4
V dλ λ

Energia média de cada modo ⟨E⟩ = kT

1 dN 1 d(NkT) 1 dE
u(λ , T) = ×kT = =
V dλ V dλ V dλ


u(λ , T) = 4 kT
λ
37
Fórmula de Rayleigh-Jeans
para densidade de energia na cavidade

Em termos da frequência n

1 dE 1 dE d λ
=
V dν V dλ dν

c dλ c
λ= ν , =− 2
dν ν
4
c
u(ν , T) = 8 π ν
c
kT 2
( ) ν ( )
8 π ν2
u(ν , T) = 3
kT
c 38
Fórmula de Planck: os quanta

Planck reconheceu que o problema introduzido na fórmula de Rayleigh-Jeans derivava


da variação continua da energia dos modos de vibração das ondas EM na cavidade.

Hipótese de Planck: os osciladores da cavidade só podem absorver/emitir quantidades


múltiplas de hn.

Energia dos osciladores da cavidade para cada frequência n de vibração é um múltiplo


de hn

E=nhn

h = 6.6261 × 10−34 J·s


constante de Planck

39
Energia média dos osciladores

f B (E)∝exp(−E/kT)=exp(−nh ν/kT) partimos de igual forma da


distribuição de Boltzmann

mas agora a energia varia de forma discreta E=nhn

para calcular o valor médio agora usamos um somatório



∑ (E)exp(−(E)/kT)
n=0
⟨E⟩ = ∞
normalização da função
∑ exp(−(E)/kT) densidade probabilidade
n=0


∑ (nh ν)exp(−(nh ν)/ kT)
n=0
⟨E⟩ = ∞
∑ exp(−(nh ν)/ kT) 40
n=0
Energia média dos osciladores com frequência n


1
∑ exp(−(nh ν)/kT) = 1−e
−h ν /kT
n=0


∑ (nh ν)exp(−(nh ν)/kT)=h ν e−h ν /kT
n=0


⟨E⟩ =
eh ν /kT −1

41
Energia média dos osciladores

Classicamente: ⟨E⟩ = kT
À temperatura ambiente T=300 K

2 −2 −1
⟨E⟩ = 1.3806E-23 m kg s K ×300 K /1.602E-19 eV/ J

⟨E⟩ = 0.0258 eV

De acordo com a teoria de Planck


⟨E⟩ = se hn = 1 eV
eh ν / kT −1

1
⟨E⟩ = 1/ 0.0258
=1.5E-17 eV
e −1 42
Distribuição espectral de Planck para a densidade de energia

8 π ν2
u(ν , T) = 3
⟨E⟩
c

8 π h ν3 1
u(ν , T) =
c 3 eh ν /kT−1

A distribuição de Planck ajusta correctamente


os dados experimentais para todos os
comprimentos de onda

8 πhc 1 A distribuição de Planck da densidade de energia em


u(λ , T)= 5 hc/ λ kT função do comprimento de onda
λ e −1
43
Potência radiada por unidade área *
da energia radiada por d3r qual é a potência que
d3r passa por DA?
q

Δ A '=Δ A cos(θ) área efectiva


n
⃗ r

DA Δ A ' Δ A cos(θ) % radiação que passa


2
= por DA
4πr 4 π r2

Δ A cos(θ) 3 contribuição do elemento d3r para a energia que


dEλ = 2
u(λ)d r passa por unidade A e de cdo l
4 πr

44
Integrando para todos os d3r em coordenadas polares

r = c DT distância percorrida pela radiação

d3r Todos os volumes dentro da cavidade estão entre 0 £ q £ p/2


q

cΔt π /2 2π
n
⃗ r Δ A cos θ
Δ E λ = ∫ r 2 dr ∫ sin θ d θ ∫ d ϕ
0 0 0
( 4πr
2 )
u(λ)

DA

cΔt 1 2π
ΔA
Δ Eλ= ∫ dr ∫ cos(θ) d(cos(θ))∫ d ϕ
4π 0 0 0

ΔA 1
Δ Eλ= ×c Δ t× ×2 π×u(λ)
4π 2

45
ΔA 1
Δ Eλ= ×c Δ t×2 π× ×u(λ)
4π 2
d3r
q
potência por unidade área por cdo

n
⃗ r
Δ Pλ ΔE λ c
= = u(λ)
DA ΔA ΔA Δt 4

46
Potência radiada por unidade de área e cdo
pelo corpo negro *

dR (ν) Δ P( ν) c
= = u(ν)
dν ΔA 4

dR (ν) 2 π h ν3 1
=
dν c 2 eh ν /kT −1

dR d R d ν
=
dλ dν dλ

dR (λ) 2 π h c 2 1
=
dλ λ 5 ehc /λ kT −1
47
Emissão de electrões pela matéria

Métodos de emissão de electrões:

Emissão termoiónica: Aquecimento do material. Os electrões adquirem energia cinética e


escapam-se do material

Emissão secundária: O electrão ganha energia por choque com uma outra partícula sendo
ejectado do material.

Emissão com campo: Um campo eléctrico exterior intenso é aplicado ao material retirando
os electrões.

Efeito fotoeléctrico: Radiação EM incide no material transferindo a sua energia para os


electrões que se escapam do material.

48
Efeito fotoeléctrico


Quando luz incide sobre uma superfície Ecmax=eDVs
metálica há libertação de electrões.


O efeito foi descoberto por Hertz

Intensidade
corrente Intensidade
luminosa alta

Intensidade
luminosa Baixa

Tensão aplicada
49
Setup Experimental

50
Resultados experimentais

51
Resultados experimentais

A energia cinética dos fotoelectrões é independente da intensidade luminosa.

O valor máximo da energia cinética dos electrões, para um dado material, só depende
da frequência do feixe de luz.

Quanto menor for a função de arranque φ do material emissor menor é a frequência do


limiar de produção do efeito fotoeléctrico.

Quando produzidos o número de fotoelectrões é proporcional à intensidade do feixe de


luz incidente.

Os fotoelectrões são emitidos de forma quase instantânea independentemente da


intensidade luminosa.

52
A teoria clássica não explica:

Se a frequência da luz for inferior à A energia cinética máxima


frequência de corte, por muito dos electrões aumenta
intenso que seja o feixe de luz não com a frequência da luz
há emissão de electrões

53
A teoria clássica não explica:

A energia cinética máxima


atingida pelos electrões é
independente da intensidade da
fonte luminosa.

Ecmax=eDVs

Os electrões são emitidos quase “instantaneamente” mesmo para


intensidades pequenas das luz
54
Interpretação Clássica

A teoria clássica prevê um aumento da quantidade total de energia na onda EM


quando a intensidade aumenta.

A existência de um limiar na frequência é completamente inexplicável pela teoria


clássica.

A teoria clássica prevê que para intensidades luminosas muito baixas seria
necessário um tempo longo até serem ejectados fotoelectrões.

55
Teoria de Einstein

O campo EM está quantificado. O quantum é o fotão, cuja energia é:

E=hf
h é a constante de Planck.

O fotão não tem massa e a sua velocidade é c. O comprimento de onda é

l= c/f

56
Teoria de Einstein

Conservação da energia:

E fotão = EK electrão + W (trabalho de arranque do electrão)

2
hf =ϕ+1 /2 m v

f é a função de trabalho, característica do material

A função de trabalho limita o valor da frequência para o


qual ocorre efeito fotoeléctrico.
f limiar =ϕ /h

57
Visão gráfica

Teoria clássica Teoria de Einstein

58
Interpretação quântica

A energia cinética do electrão não depende da intensidade luminosa, mas da frequência


e da função de trabalho do material.

1/2 m v 2max =eV0 =hf −ϕ

Em 1905 Einstein previu que o potencial de paragem seria linearmente dependente da


frequência e que a constante de proporcionalidade seria a constante de Planck.

eV 0 =1/ 2m v 2max =hf −ϕ=hf −hf 0

59
Medição da constante de Planck

O efeito fotoeléctrico permite fazer uma experiência em que se obtém o valor da


constante de Planck

EKmax =hf −hf 0

60
Fotocélulas

Controlo de luminosidade em edifícios, sensores de


elevadores, detecção de quantidades pequenas de luz, etc.

61
Efeito fotoeléctrico para fotões energéticos

Absorção fotoeléctrica Emissão radiação fluorescência Emissão electrões de Auger


O fotão é absorvido pelo átomo e um electrão (fotoelectrão) é ejectado.

hn = Ee + b


80% das interacções dão-se tipicamente com ejecção de electrões da
camada K.


Para energias baixas (< 100 keV) o efeito fotoeléctrico é dominante

62
Efeito fotoeléctrico: dependência da probabilidade com a energia

Efeito fotoeléctrico em chumbo

1E+4

1E+3 Fotoelectrico

1E+2

1E+1

mu/rho (cm2/g)
1E+0

1E-1

1E-2

1E-3
1E-3 1E-2 1E-1 1E+0 1E+1

E(MeV)

63
Fluorescência de raios-X

Xray detector

Silicon

Fitting piece

Be window Shielding

Source

Sample

Esquema do dispositivo de medida Espectro de fluorescência de raios-X de


uma moeda de 50 cêntimos

Detector para raios-X

64
Analisando uma obra de arte
Efeito de Compton

65
Efeito de Compton

Fotão l’

q
Electrão

Fotão l0
Interpretação quântica


Interacção importante com electrões exteriores

Electrões considerados como livres



Energia do fotão >> Energia cinética electrões

O fotão disperso tem uma energia menor
67

Interacção descrita como choque entre partículas
Interpretação quântica

Aplicando conservação de energia e momento

Eγ +me c 2 =E' γ +Ee

pγ =pe cos ϕ+p ' γ cos θ


componente x

0=pe sin ϕ−p 'γ sin θ componente y


q, f  [0º,180º]

68
2 2
(p γ −p 'γ cos θ) = (pe cos ϕ)
2 2
(sin ϕ) +(cos ϕ) = 1
2 2
(p ' γ sinθ) = (pe sin ϕ)

2 2 2 2 2 2
pγ −2 pγ p' γ cos θ+(p 'γ sinθ) +(p' γ cos θ) = pe (sinθ) +(cos θ) = 1

2 2 2
pγ −2 pγ p' γ cos θ+p' γ = pe Eγ
pγ =
c
(cpe )2 =E2e −(me c 2 )2
2 2 2 2 2
Eγ Eγ E' γ E 'γ Ee −(me c )
( ) ( )( )
c
−2
c c
cos θ+ ( )
c
=
c
2

2 2 2 2 2
( E γ ) −2 ( Eγ )( E 'γ ) cos θ+ ( E ' γ ) = Ee −(me c )
69
2 2
( E γ ) −2 ( Eγ )( E 'γ ) cos θ+ ( E ' γ ) = E2e −(me c 2 )2

Ee = E γ +me c 2−E ' γ

2 2
Eγ −2 Eγ E' γ cos θ+E' γ =

2 2 2 2 2 2 2 2
E γ +(me c ) +E' γ +2 Eγ me c −2E γ E ' γ −2 E' γ me c −(me c )

−2 Eγ E' γ cos θ = +2E γ me c 2−2Eγ E' γ −2E ' γ me c 2

Eγ E' γ (1−cos θ) =(E γ −E 'γ )me c 2

70
Eγ E' γ (1−cos θ) =(E γ −E 'γ )me c 2

(1−cos θ) Eγ −E ' γ
2
=
me c Eγ E 'γ

1 1 (1−cos θ)
− = 2
E' γ E γ me c

71
A variação do comprimento de onda l depende apenas do ângulo de
emissão q do fotão disperso.

hc
E = h = Energia do fotão

1 1 1 h
− = 1−cos  λ−λ 0 = (1−cos θ)
E'  E  me c 2
me c

Fracção de energia transportada


pelo fotão disperso
E
E'  = E ' 1
E = 2
1 2
1−cos  E 1 E  / me c  1−cos  
me c

72
O mínimo de energia transportada pelo fotão disperso obtém-se quando ele
é retrodisperso (q=180º)


E 'γ (θ=180 º) =
2 Eγ
1+
me c 2

Neste caso o electrão segue na linha de voo do fotão incidente, i.e. f=0 e é
transferida para o electrão o máximo de energia numa única colisão. A sua
energia cinética é então dada por

Eke (max)=E γ −E 'gamma (θ=180 º)

e Eγ
E = Eγ −
k
2 Eγ
1+ 2
me c 73
Secção eficaz para a interacção de Compton

Efeito de Compton em chumbo


1E+0

Compton

1E-1
mu/rho (cm2/g)

1E-2

1E-3
1E-3 1E-2 1E-1 1E+0 1E+1 1E+2

E(MeV)

74
Dispersão de Compton e o blurring de imagens radiográficas

A remoção (de parte) da radiação dispersa


melhora a qualidade da imagem
75
Espectro de radiação gama e X de uma fonte radioactiva Cs-137

Nos picos toda a energia do fotão é absorvida no detector

O limiar de compton corresponde à energia mais elevada que o fotão gama


consegue transferir para um electrão num choque

O pico de retrodispersão é devido a fotões dispersos nas paredes do


laboratório e só depois detectados

fonte detector de
Cs-137 radioactiva Iodeto de Sódio
2.0E+5

pico rx
pico gama
1.5E+5
contagem

1.0E+5
pico
retrodispersão
limiar de
5.0E+4 Compton

0.0E+0
0 100 200 300
patamar de canal
Compton

76
Criação de pares e+e-
g
e-

g*
e+

núcleo

➔ Processo com um limiar de produção E > 1022 keV = 2 mec2

➔ É uma interacção entre o fotão e o campo nuclear

➔ Também é possível a interacção com os electrões atómicos, resultando também na


ejecção desse electrão  emissão de um tripleto e+e-e-

Q=E γ −2 me c 2 77
Criação de tripletos e+e- e-

É uma interacção entre o fotão e o campo de


Coulomb do electrão

Processo com um limiar de produção superior à


produção de pares

No referencial do CM da reacção o valor mínimo possível de


energia para as 3 partículas no estado final é igual à soma das
energias em repouso.

78
Limiar criação de tripletos *
- - - +
γ+e → e e e no cm da colisão a energia mínima é 3me c2

√ s = 3 me c 2

No referencial do laboratório antes da colisão tem-se:

s = (E γ +Ee )2−( cP ⃗ )2
⃗ γ + cP
e

Admitindo que o electrão está parado então Ee= mec2 e Pe=0

s = (E γ +me c 2 )2−( cP
⃗ γ )2=(3m c 2 )2
e
como o fotão não tem massa
E2γ + 2E γ me c 2 +m2e c 4−(cP γ )2 =9 m2e c 4 E2γ −(cP γ )2=0

pelo que obtemos Eγ = 4 me c 2 valor mínimo para Eg 79


Dispersão de Rayleigh (coerente) *

➔Não existe transferência de energia para o


meio.

➔O fotão é disperso de forma coerente por todos os electrões do átomo


(existe uma fase bem definida entre a dispersão causada por cada um
deles).

➔ A distribuição da secção eficaz em função do ângulo é muito picada na


região dos pequenos ângulos.

A secção eficaz tem uma forte dependência no comprimento de onda do fotão (~ 1/l4)
na zona do visível e UV

5 6 2 2 r => raio atómico


2  r n −1
 ray =
 
3  4 n2 2
n => índice de refracção

80
Efeito de Rayleigh em chumbo
1E+2

Rayleigh A dispersão de Rayleigh é apenas


1E+1
importante para energias baixas

1E+0
mu/rho (cm2/g)

Ray −2 2.5
atom  ∝ h   Z
1E-1

dependência aproximada da
1E-2
secção eficaz atómica na zona de
energias elevadas
1E-3
1E-3 1E-2 1E-1 1E+0 1E+1

E(MeV)

81
Comparação dos vários efeitos em termos da
dependência na energia do fotão *

Coeficientes de atenuação para chumbo Coeficientes de atenuação para água


1E+4 1E+4

1E+3 Rayleigh
Rayleigh 1E+3
Compton
Compton
Fotoelectrico
1E+2 Fotoelectrico 1E+2 Pares
Pares Total

mu/rho (cm2/g)
mu/rho (cm2/g)

1E+1 Total
1E+1

1E+0 1E+0

1E-1 1E-1

1E-2 1E-2

1E-3 1E-3
1E-3 1E-2 1E-1 1E+0 1E+1 1E+2 1E+3 1E+4 1E-3 1E-2 1E-1 1E+0 1E+1 1E+2 1E+3 1E+4

E(MeV) E (MeV)

82

Você também pode gostar