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A Lixo Zero é uma organização civil autônoma, sem fins lucrativos, fundada em
2010. Ela representa a Zero Waste International Alliance (ZWIA), movimento
internacional de organizações que trabalham com o conceito de lixo zero. Em Belo
Horizonte, atua o Coletivo Lixo Zero BH, fundado em 2017, em parceria com os
coletivos Lixo Zero Contagem e Lixo Zero Nova Lima.
Meu objeto de estudo é a Rede Lixo Zero Santa Tereza (RLZST), que
atualmente administra um núcleo de operações na Rua Anhanguera (NA), inaugurado
em agosto de 2019, e um núcleo na Rua Bom Despacho (NBD), inaugurado em janeiro
de 2020. Anteriormente, em 2018, foi instalado o primeiro local de coleta e
compostagem de resíduos orgânicos da RLZST na Feira Terra Viva, localizada também
no bairro Santa Tereza.
A atuação desses dois grupos ocorreu por anos de forma independente, até que
começaram a colaborar em alguns eventos realizados no bairro, como o IV Encontro
Nacional de Agroecologia (IV ENA) e a 5ª edição do Mercado Vivo + Verde. Com a
atuação conjunta da COOPESOL Leste e do Spiralixo, foi possível a idealização do
atual modelo de coleta e recebimento de resíduos utilizado pela RLZST, combinando as
áreas de atuação e experiências dos dois grupos.
Nos Núcleos Lixo Zero (NLZ) ocorrem diversas atividades voltadas para a
preservação do meio ambiente e a redução da geração de lixo. Dentre as atividades
realizadas estão o recebimento e a compostagem de resíduos orgânicos, recebimento e
armazenamento de materiais recicláveis, plantio e manutenção de uma horta urbana e a
operação de um empório onde são comercializados produtos da própria Rede Lixo Zero
e de parceiros como o Roots Ativa. Os produtos variam desde alimentos orgânicos até o
adubo fertilizante produzido pela compostagem feita no local. Também são disponíveis
para compra minhocários para a realização da vermicompostagem doméstica. Tanto a
horta quanto a loja são abertos para o público geral.
Clênio me disse que o método de compostagem utilizado por eles foi criado na
Universidade Federal de Santa Catarina, também conhecido como “Método UFSC”.
Nesse modelo, os resíduos orgânicos são dispostos em cima de pallets, que permitem a
aeração da leira de compostagem sem a necessidade de reviramento manual dos
resíduos.
Como mencionei, já tinha visitado o NBD antes, mas sem um olhar etnográfico.
Nessas visitas recentes percebi nas pessoas com quem interagi um interesse e paixão
grandes pelo trabalho que realizam, senti que acreditam na importância desse trabalho.
Fui recebido com muita gentileza e atenção pelas pessoas com quem conversei, e todos
foram muito solícitos para responder minhas perguntas. Ao meu ver, o NBD é um
modelo de descentralização de coleta de resíduos bem sucedido, considerando a
situação atual da coleta seletiva em Belo Horizonte, que só atende 55 dos 487 bairros da
cidade. É especialmente relevante no contexto do bairro Santa Tereza, que possui
15.526 habitantes (IBGE, 2010), mas não é contemplado pela coletiva seletiva da
prefeitura. Sendo assim, se tornam necessárias novas alternativas de disposição
ambientalmente consciente de resíduos sólidos urbanos, que devem partir
prioritariamente de organizações e movimentos civis em parcerias com órgãos e
instituições públicas comprometidas com a causa ambiental.
Referências Bibliográficas