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O Auto da Compadecida: Uma análise do ponto de vista dos estudos culturais da cultura de mídia

Ficha técnica
• Elenco:
• Gênero: Comédia ●
Fernanda Montenegro (A
• Origem/Ano: Brasil/2000 Compadecida)
• Duração: 104 min ●
Matheus Nachtergaele (João Grilo)
• Direção: Guel Arraes / Mauro ●
Selton Mello (Chico)
Mendonça Filho ●
Lima Duarte. (O Bispo)
• Roteiro: Guel Arraes, Adriana Falcão e ●
Rogério Cardoso (Padre João)
Joao Falcão, baseado em peça de ●
Denise Fraga (Dora)
Ariano Suassuna ●
Diogo Vilela (Padeiro Eurico)
• Produção: Daniel Filho e Guel Arraes ●
Maurício Gonçalves (Jesus Cristo)
• Prudutor Associado: Daniel Filho ●
Marco Nanini (Severino de Aracaju)
• Figurino: Cao Albuquerque ●
Luis Mello (Diabo)
• Estúdio: Globo Filmes ●
Paulo Goulart (Major A.Moraes)
• Baseado na Obra de: Ariano Suassuna ●
Virginia Cavendish (Rosinha)

Bruno Garcia (Vicentão)

Enrique Diaz (Cangaceiro)

Aramis Trindade (Cabo Setenta)
O Auto da Compadecida: Uma análise do ponto de vista dos estudos culturais da cultura de mídia

Sinopse
No vilarejo de Taperoá, sertão da Paraíba, João Grilo (Matheus Nachtergaele)
e Chicó (Selton Mello), dois nordestinos sem eira nem beira, andam pelas ruas
anunciando A Paixão de Cristo, "o filme mais arretado do mundo". A sessão é
um sucesso, eles conseguem alguns trocados, mas a luta pela sobrevivência
continua. João Grilo e Chicó preparam inúmeros planos para conseguir um
pouco de dinheiro. Novos desafios vão surgindo, provocando mais confusões
armadas pela esperteza de João Grilo, sempre em parceria com Chicó, mas a
chegada da bela Rosinha (Virgínia Cavendish), filha de Antonio Moraes
(Paulo Goulart), desperta a paixão de Chicó, e ciúmes do cabo Setenta
(Aramis Trindade). Os planos da dupla, que envolvem o casamento entre
Chicó e Rosinha e a posse de uma porca de barro recheada de dinheiro, são
interrompidos pela chegada do cangaceiro Severino (marco Nanini) e a morte
de João Grilo. Todos os mortos reencontram-se no Juízo Final, onde serão
julgados no Tribunal das Almas por um Jesus negro (Maurício Gonçalves) e
pelo diabo (Luís Melo). O destino de cada um deles será decidido pela
aparição de Nossa Senhora, a Compadecida (Fernanda Montenegro) e traz um
final surpreendente, principalmente para João Grilo.
O Auto da Compadecida: Uma análise do ponto de vista dos estudos culturais da cultura de mídia

Contexto do livro:
diferenças existentes no filme
• Auto da Compadecida
– Peça de teatro, em forma de auto, em três atos
– Escrita 1955 por Ariano Suassuna
– Sua primeira encenação foi em 1956, em Recife, Pernambuco.

• Diferenças
– A obra suassuniana, possui um tom mais sacro (religioso), enquanto que a
adaptação de Guel Arraes apresenta um tom menos moralizante e mais
profano.
– A historia não é narrada de maneira integral, em certas seqüências,
episódios são alterados ou levemente modificadas.
– Acréscimo de personagens: Cabo Setenta e Vicentão.
– Substituição de personagem: filho do Major Antônio Morais, no filme, é
substituída por uma filha, a Rosinha.
– Acréscimo do fator romance: Chicó e Rosinha.
O Auto da Compadecida: Uma análise do ponto de vista dos estudos culturais da cultura de mídia

1999 - 2000: Principais Fatos


ocorridos no Brasil
• 2º mandato do governo FHC
• CPIs
• Morte do calouro da USP durante trote
•Bug do Milênio
•Seqüestro do ônibus 174
•Caso Lalau
•Guga: número 1 do mundo
•Aniversário 500 anos Brasil
O Auto da Compadecida: Uma análise do ponto de vista dos estudos culturais da cultura de mídia

Elementos trabalhados na análise do filme


O Auto da Compadecida (2000)
• Machismo
• Desigualdade social
• Preconceito social e racial
• Pobreza
• Adultério e solidão
• Corrupção e ambição
• Morte
O Auto da Compadecida: Uma análise do ponto de vista dos estudos culturais da cultura de mídia

Machismo

• Demônio X a Compadecida

• Coronel X a Rosinha

•Vicentão; Cabo Setenta


X
Dora e outras mulheres
da trama
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Desigualdade Social

• A associação com a Idade


Média e os teatros de Gil
Vicente;
• João Grilo e Chicó = “bobo da
corte”, “alecrim”

•Sátira para retratar os problemas políticos,


sociais, culturais ou econômicos.
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Desigualdade Social
• Segundo Kellner(2001, p. 83), a ideologia separa grupos
em dominantes/dominados e superiores/inferiores,
produzindo hierarquias e classificações que servem aos
interesses das forças e das elites do poder.

•Dora e seu marido se valem de


suas ideologias para exclusão de
João Grilo e Chicó de suas vidas,
traçando para si próprios um perfil
de dominadores sobre os
dominados.
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Desigualdade Social
• O cangaceiro, afora a
deturpação mental, também
sofre desigualdade social,
mas sua reação é diferente;
• Cangaceiro: recorre à
violência para se “igualar”
socialmente;
• Grilo e Chicó: esperteza e
malandragem (lobby) para
sobreviver.
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O preconceito
• Preconceito social: Chicó precisava ser fazendeiro
e doutor para ter a mão de Rosinha em casamento.
Sua condição social inferior o impedia de casar-se.

• Preconceito racial: João Grilo


é chamado de “amarelo”,
como se fosse inferior por sua
cor, que na verdade representa
sua pobreza. O fato de Jesus
ser negro causa estranhamento
nos personagens
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A pobreza
• João Grilo e Chicó:
personagens que
vivem com uma
condição de
extrema pobreza,
que se utilizam da
inteligência e
malandragem para
sobreviverem.
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Adultério e solidão
• Em sua obra, Suassuna, coloca em questão o tema Adultério; que também foi
mantido na rodagem do filme. Vale lembrar que o texto original foi escrito em
1955, época em que ainda vivíamos numa sociedade em que a mulher era
totalmente desvalorizada. Por isso essa personagem no livro só se caracteriza
pelo nome de “mulher do padeiro”
• No filme, Guel Arraes, escolheu um nome para essa personagem, que se
chama Dora, uma mulher adúltera, gananciosa, gosta muito de animais e não
dá muito valor ao seu marido, que é o o padeiro da cidade, personagem Eurico
(nome também escolhido por Arraes, que foi uma homenagem ao personagem
Eurico Árabe, do livro O Santo e a Rosa). Ele se caracteriza por ser um
homem submisso e faz tudo aquilo que sua mulher deseja, apesar da sua
desconfiança.
• Apesar do filme ter sido inserido um tema romântico, Arraes respeita as
características do teatro de Suassuna, não vulgarizando o texto e nem
extrapolando com cenas de sexo ou palavras de baixo escalão, optou por
manter uma linha simples de diálogo e trejeitos da mulher do padeiro.
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Adultério e solidão
• Dora trai seu marido com muitos homens da cidade, inclusive aqueles que
conhecem ou trabalham para ele, assim ela consegue o enganar e ainda sair de
vítima da história.
• Com a invasão dos cangaceiros na cidade, a maioria dos personagens morre,
inclusive Dora e Eurico.
• Na hora da morte de Eurico e Dora, ele pede para que Severino a mate
primeiro, pois ele está muito decepcionado com as acusações de adultério que
foram feitas á sua mulher e por isso quer vê-la morrendo.
• Porém, um pouco antes da morte dos dois, há uma grande diferença entre o
livro e o filme em relação ao perdão entre marido e mulher.
• No livro, quem perdoa é o marido,“ [...] Perdoei minha mulher na hora da
morte, porque a amava e porque sempre tive um medo terrível da
solidão”(SUASSUNA, 2002, p.176).
• Já no filme, é Dora quem confessa sues adultérios para com o marido e se
justifica dizendo que fazia isso por medo da solidão, que preferia perde-lo aos
pouquinhos do que perder de uma vez só.
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Corrupção e ambição
• A corrupção retratada no filme
é a da Igreja: um padre e um
bispo que fazem tudo por
dinheiro
• A corrupção é acompanhada
pela ambição: ambição por
dinheiro, principalmente, mas
também por status na
sociedade, pela mão de
Rosinha, etc.
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Morte
Cumpriu sua sentença e encontrou-se com o único mal irremediável,
aquilo que é a marca de nosso estranho destino sobre a terra,
aquele fato sem explicação que iguala tudo que
é vivo num só rebanho de condenados.
Por que tudo que é vivo morre.
Ariano Suassuna, 1927-, escritor brasileiro

• Morte vista pelo ponto de vista católico


• Filme espiritualista
• Não-existência da morte
• Mensagem de paz frente a violência atual
• Valorização à vida

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