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Universidade Federal do Espírito Santo

Centro de Ciências Humanas e Naturais

Departamento de História

Profa. Dra. Érica Cristhyane Morais da Silva

Aluna: Eliza Desabado Castiglioni

Atividade: Resenha

Cotidiano e sociabilidades no Império Romano / Gilvan Ventura da Silva; Leni


Ribeiro Leite; Érica Cristhyane Morais da Silva; Belchior Monteiro Lima Neto
(organizadores) - Vitória: GM editora, 2015. 232 p. ; 23 cm

O livro “Cotidiano e a sociabilidades no império romano”, cujos organizadores


são Gilvan Ventura da Silva, Leni Ribeiro Leite, Érica Cristhyane Morais da
Silva e Belchior Monteiro Lima Neto, tem como objetivo apresentar o cotidiano
e as relações sociais presentes no Império Romano, abrangendo assim
diversas outras disciplinas que vai desde História até Arqueologia para trazer
ao leitor informações específicas que irão contribuir para o aprendizado e
pesquisa.

O livro expõe em seu conteúdo questões sobre os mais diversos assuntos que
juntos, apresentam ao leitor uma idéia mais abrangente sobre como era a vida
dentro e também fora de Roma. A começar, logo nos capítulos iniciais nos é
apresentada uma das principais formas de contato social presente no império,
as termas. O capítulo intitulado “Entre o ócio e a socibilidade: o papel das
termas públicas na vida social de Bracara Augusta” de Manuela Martins, a
autora mostra que as termas eram grandes construções que serviam para
banho e lazer, e lá as pessoas podiam socializar entre si, usando como
material de apoio dados arqueológicos referentes à arquitetura das ruínas dos
prédios. Ademais outro ponto destacado nos capítulos que prosseguem, são as
vasilhas de metal para o banquete, que carregam aspectos sociais,
econômicos e políticos, e também o funcionamento da casa senhorial romana
(domus), onde em sua essência estava concentrada uma família de classe alta
e todo outro conjunto de funções dentro dela. Ao observar a função social das
pessoas da família romana e o seu cotidiano, procura-se associar o estudo do
espaço à história de cada indivíduo.

No capítulo “Opinio Publica et Calumniae: o caso da estigmatização de Apuleio


de Madaura na civitas de Oea (século II d.c)” do doutor Belchior Monteiro Lima
Netto, este apoia sua tese de existência de uma opinião pública na
Antiguidade baseado no caso de Apuleio. Apuleio foi um filósofo e autor norte-
africano que viveu entre os anos de 120 e 170, e foi julgado após ser acusado
de cometer crimes de feitiçaria, e foi nesse momento então que a opinião

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pública teve papel fundamental no andamento da justiça. Prosseguindo então
os capítulos, outro assunto que merece destaque são os rituais funerários,
onde é apresentado através de fontes escritas as principais práticas e
comemorações associadas ao culto dos mortos.

A doutora em História e professora de Programa de Pós-Graduação em


História da Ufes, Érica Cristhyane Morais da Silva em seu capítulo “Conflito
urbano e redes de sociabilidade em Antioquia de Orontes: o caso da mediação
do Libânio e no levante da estátuas (387 d.c)”, faz uma análise sobre o conflito
social violento que atingia Antioquia principalmente na zona urbana, e seria
uma característica da própria sociedade, podendo ser chamada de antioquena.
E para essa observação, a tese central são as redes de sociabilidades de
Libânio de Antioquia no contexto do conflito denominado Levante das
Estátutuas. Além disso, outro assunto presente neste livro é a importância do
circo cartaginês como espaço de interação e sociabilidade, sendo considerada
uma área cultural comum a todos os cidadãos, e na obra de Tertuliano, De
spetaculius podem ser observados sua função como parte inclusa de um
sistema de coordenadas, capitais simbólicos e indentidades.

A região da Bracara Augusta é constantemente citada pelos autores ao


decorrer dos capítuos. Por exemplo, no capítulo do doutor em Arqueologia pela
Universidade do Minho Jorge Manuel Pinto Ribeiro “Cerâmica e mudança
social em Bracara Augusta: uma análise da evolução das produções dos
produtos desde a fundação da cidade à Antiguidade Tardia”, o autor pretende
por meio da análise da cultura material presente nessa região, compreender
como se deu seu desenvolvimento, tanto social como econômico, a
organização da mão de obra relacionada à produção e consumo de cerâmica.
Outrossim, há no livro um capítulo dedicado a reflexão acerca do surgimento
de muitos olhares no que diz respeito aos objetos de pesquisa consequentes
da utilização do conceito de Antiguidade Tardia, e o crescimento do uso da
cultura material no estudos do período, a partir do Dominato.

E por fim, no capítulo “Arquitetura, liturgia e comunidades cristãs na região de


Braga. Sociabilidades e poderes na transição da Antiguidade Tardia para a Alta
Idade Média. O contributo da arqueologia” do doutor em Arqueologia Luís
Fernando Oliveira Fontes, o autor busca analisar o espaço de sociabilidade
criado nos templos Cristãos antigos de Braga, se apoiando através do estudo
de liturgias que podem nos apresentar como se davam as práticas religiosas, e
que atualmente formam um patrimônio de enorme valor para o estudo histórico,
e tais locais como muitos outros apresentados, formavam ambientes de
sociabilidade que se constituíam como instrumentos para as relações de pode
na Antiguidade Tardia.

Outro aspecto de grande relevância apresentado ao longo do livro, são as


imagens de objetos como vasos, esculturas ou até mesmo reconstituição das

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cidades e termas, que nos confere a noção sobre como era o espaço e os
utensílios usados pelos romanos. Ademais, “Cotidiano e sociabilidades no
Império Romano” é uma ótima recomendação de livro que aborda os mais
variados temas no que tange a Roma, e que pode contribuir para os mais
diversos assuntos e pesquisas para quem se interessa pelo assunto.

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