Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Atividade 4
Para ler:
Nós, portugueses, temos o direito de resolver os problemas regionais do
nosso país, através de representantes eleitos ou diretamente através de referendo.
Este direito está consagrado na Constituição, mas mesmo que não estivesse ele
existiria na mesma, pois faz parte dos princípios democráticos do Estado de
Direito.
A democracia, que tem na base a igualdade de todos os cidadãos e o respeito
pelos direitos fundamentais de cada um deles, exige que os órgãos de poder
político-administrativo estabelecidos a nível territorial emanem da vontade
popular.
Isto acontece em Portugal atualmente a nível local, através da eleição dos
órgãos das freguesias e dos municípios pelos respetivos residentes, a nível nacional
através da eleição da Assembleia da República da qual emana o Governo da
República e a nível regional através da eleição dos órgãos das regiões autónomas
dos Açores e da Madeira. Apenas os portugueses do continente não gozam do
direito democrático de eleger órgãos regionais.
Os problemas regionais do nosso país existem e ninguém os pode ignorar. O
que não existe é a democracia a nível regional. Os problemas regionais têm sido
resolvidos, no continente, pelo Governo, violando claramente os princípios da
descentralização e da subsidiariedade. Não há melhor exemplo de centralização do
que a resolução de assuntos de âmbito regional pelo Governo da República.
Trata-se claramente da subtração de um direito que tem sido consentida
pelos portugueses do continente. Não se diga que a culpa é do Governo que não
regionaliza. A responsabilidade é dos portugueses que julgam que a democracia é
dada e não conquistada. Não temos no nosso país, por muito que nos custe, uma
consciência democrática regional suficientemente forte e unida para estabelecer a
democracia a nível regional.
A nosso ver, se queremos completar a democracia no nosso país,
estabelecendo o elo que lhe falta, precisamos de lutar por ela. O modo para tal
combate democrático é bem simples: não permitir que este tema seja ignorado,
lutando por uma democracia completa em todo o território nacional.
E a forma de não ser ignorado é colocá-lo na ordem do dia. A criação de
movimentos transversais de defensores da democracia regional será um passo
importante. Movimentos que incluem cidadãos de todos os partidos e cidadãos
independentes. A realização de debates como o que se realizou recentemente em
Vila Real (10.3.18) é um bom exemplo. A publicação de artigos, estudos e livros
sobre a matéria é outro meio. O silêncio é que não!
António Cândido de Oliveira, https://www.publico.pt/2018/04/16/politica/opiniao/a-democracia-que-falta-
1808847