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Quando o antigo e perverso mago Xaltotum é ressuscitado por uma conspiração de

nobre burgueses que ameaça a Soberania da Aquilônia, apenas um homem tem a força e a
astúcia para vencê-los e seu nome é: Conan, o Rei. Este é o plot de “A Hora do Dragão” que
ganhou recentemente um encadernado pela Panini.

A Hora do Dragão foi, infelizmente, o único romance literário escrito por Howard, o
criador de Conan, em toda a sua breve carreira. Ele foi lançado originalmente de forma seriada
na Weird Tales, a revista que abrigavam os contos do cimério, entre dezembro de mil
novecentos e trinta e cinco a abril de mil novecentos e trinta seis. Ou seja, este é um dos
últimos trabalhos de Howard antes de tirar sua própria vida em junho daquele ano.

A motivação de Howard para escrever esta história surge por volta de 1933 quando ele
teve a oportunidade de apresentar seu trabalho para um editor Britânico que demonstrava
real interesse em sua obra. Porém, este editor, acabou recusando os contos apresentados
alegando que na Inglaterra havia um certo preconceito com histórias curtas, mas, que poderia
considerar publicar se ele escrevesse um romance de longa duração.

Destemido, como Howard era, ele abraçou a causa mesmo sem ter certeza da venda.
Reciclou várias ideias que ele mesmo já usará em Conan, principalmente no conto “Cidadela
Escarlate” e escreveu o romance “A Hora do Dragão”. Mas, para sua infelicidade, o Editor com
a qual negociara apresentou dificuldades financeiras e acabou não comprando a obra e isto o
fez recorrer a publicação Weird Tales que publicou o romance de forma seriada em suas
revistas.

Na história, 4 conspiradores ao trono da Aquilônia ressuscitam um antigo e poderoso


feiticeiro de Acheron chamado Xaltotum que se encontrava morto a mais de 3 mil anos. Eles
planejavam usar o poder do feiticeiro para vencer a guerra contra Conan, o atual Rei da
Aquilônia, mas, não contavam que o feiticeiro tivesse suas próprias ambições e que Conan
tivesse aliados onde eles nem mesmo imaginavam.

Esta é considerada por muitos como a melhor história de Conan já contada. E é para
muitos fãs a história perfeita para ganhar uma versão nos cinemas. Confesso que, para mim,
ela não é minha história favorita de Conan escrita por Howard, mas, é inegável que a obra tem
uma construção bem rica e detalhada de uma verdadeira jornada de busca por um artefato
mágico chamado Coração de Ahriman. Que seria a única coisa capaz de parar Xaltotum. Aliás,
e aqui uma curiosidade, esta é a primeira e única história de Conan escrita por Howard que
trata de uma jornada em busca de um artefato. Posso até imaginar que, como Howard estava
escrevendo pensando no público britânico, talvez ele estivesse se inspirando nas histórias
arturianas como a busca pelo cálice sagrado, mas, claro, isto fica apenas no campo da
suposição.

Mesmo a história sendo uma espécie de reciclagem dos conceitos que Howard já havia
usado no conto “Cidadela Escarlate”. Ela ainda tem pontos de extrema excelência. Seja nas
narrações de duas grandes batalhas que ocorrem na história, ou até mesmo nos momentos de
terror e suspense na jornada individual de Conan em busca do coração de Ahriman. E, é bom
relembrar, é nesta saga que Conan encontra Zenóbia, a mulher que, no futuro, se tornaria sua
esposa e rainha do Reino.

Esta adaptação planejada por Roy Thomas em 1974 segue quase que totalmente a
risca todo o roteiro do romance original o que gerou uma saga em quadrinhos com mais de
200 páginas de duração. Existe algumas pequenas mudanças nesta historia em relação ao
conto original, por exemplo: Em um determinado momento a uma citação a Red Sonja algo
que não existe no conto original... Há uma certa batalha contra um ídolo de 4 braços que
também não existe no conto original e, talvez a mudança mais significativa, Conan participa da
batalha final contra Xaltotum. Algo que, no conto, é realizado por Hadratus, um sacerdote de
Asura.

No fundo nenhuma destas mudanças causam grande divergência com o conto original,
e, falando por mim, eu até acho esta versão dos quadrinhos MELHOR do que a versão do conto
original.

Existe ainda, no final desta edição, duas outras histórias que funcionam como uma
continuação direta do conto original. São pastiches criados por Thomas que simplesmente
consolida o amor e o casamento de Conan com Zenóbia. São histórias simples, mas funcionam
bem dentro da cronologia do personagem, e amarram algumas pontas soltas que haviam sido
deixadas.

A arte desta edição é dividida em dois nomes. Gil Kane e John Buscema. Eu sei que
muitos não é lá muito fã da arte de Gil Kane. Definitivamente ele não tem o mesmo refino que
Buscema, mas, pelo menos para mim, não chega a ser um problema.

A revista ainda conta com um texto de introdução de Roy Thomas e alguns extras no
final. A capa é feita em papel cartão e o miolo em papel Couchê. O trabalho editorial da revista
é no geral muito bom e lembra muito o mesmo aspecto que a Marvel tem dado aos seus
omnibus de Conan. É quase como se tivesse um mini omnibus de Conan coletando apenas uma
parte da vida do mesmo.

Agora, existe um pequeno porém que talvez seja um calcanhar de Aquiles desta
edição... entenda... o produto entregue aqui pela Marvel é muito bom e está muito bem feito.
Mas... esta mesma história que está aqui encadernada, está saindo no Omnibus vol. 2 “A Era
Marvel”. As únicas diferenças aqui é que... esta história foi originalmente lançada com uma
parte colorida (que foi lançada nas King-Size Conan) e uma parte em preto e branco que saiu
na Savage Sword. O omnibus mantem esta integridade, ou seja, no omnibus a história está
dividida em parte colorida e parte perto e branco. Já aqui, a história está toda colorida.

Outra diferença é que no encadernado possui 2 histórias a mais que continuam a saga
que não estão no omnibus. Mas, elas provavelmente sairão nos volumes posteriores.

Os textos de introdução e os extras do encadernado também são exclusivos.... mas...


agora cabe a você, leitor, decidir o quão importante é ou não ter esta obra na coleção.

Enfim, é isto. Acho que consegui dar um parâmetro geral sobre esta obra. E só a ponto
de curiosidade, o filme Kull, o conquistador, com Kevin Sorbo (o famoso Hércules da tv), foi
uma tentativa de adaptar exatamente esta história para o cinema. Vários elementos da obra
realmente está la... como... um mal sendo ressuscitado por conspiradores, o rei sendo
declarado morto, a traição de um capitão de um navio e outras coisinhas.... mas...
convenhamos, o filme consegue deturpar tanto as ideias que mal parece uma adaptação do
conto.

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