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Universidade de Brasília

Ciências Ambientais

Ana Cristina da Silva Soares


Fernanda Martins Leal
Grazielle Lessa Rodrigues

DIAGNÓSTICO E ZONEAMENTO DA ARIE CENTRO OLÍMPICO


PARA IMPLEMENTAÇÃO DO DECRETO Nº 33.537 DE 2012

Brasília
2018
Universidade de Brasília

Ana Cristina da Silva Soares


Fernanda Martins Leal
Grazielle Lessa Rodrigues

DIAGNÓSTICO E ZONEAMENTO DA ARIE CENTRO OLÍMPICO


PARA IMPLEMENTAÇÃO DO DECRETO Nº 33.537 DE 2012

Trabalho apresentado ao Curso de


Graduação em Ciências Ambientais como
Conceito de Avaliação Final em Trabalho
Interdisciplinar Integrado II.

Orientador: Prof. Dr. Pedro Henrique


Zuchi da Conceição.

Brasília, 2018

1
RESUMO

A conservação de fragmentos de Cerrado em áreas urbanas é um grande desafio


para muitas cidades da porção central do Brasil. No Distrito Federal, restam apenas
37% da cobertura vegetal nativa e as principais ameaças são a ocupação urbana
irregular e desordenada. As áreas de proteção ambiental e as áreas de relevante
interesse ecológico são as categorias de unidade conservação mais vulneráveis às
pressões antrópicas. Neste contexto, o presente estudo teve por objetivo
diagnosticar e elaborar um zoneamento para a implementação do decreto nº 33.537
de 14/02/2012, que determinou a criação da Área de Relevante Interesse Ecológico
Centro Olímpico. Através de revisão de literatura, saídas de campo e do uso de
ferramentas de geoprocessamento, chegou-se a uma proposta de zoneamento e
gestão do uso solo, que podem auxiliar na consolidação efetiva do objetivo
conservacionista e sustentável da ARIE Centro Olímpico.

Palavras-chave: Conservação, Gestão e Uso do Solo, Cerrado, Distrito Federal.

2
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APA - Área de Proteção Ambiental

ARIE - Área de Relevante Interesse Ecológico

ASIBAMA - Associação dos Servidores da Carreira de Especialistas em Meio


Ambiente

CEU - Casa dos Estudantes Universitários

CO - Centro Olímpico

DF - Distrito Federal

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBRAM - Instituto Brasília Ambiental

IUCN - ​União Internacional para Conservação da Natureza

RA - Região Administrativa

SDUC - Sistema Distrital de Unidade de Conservação

SIG - Sistema de Informações Geográficas

SMIN - Setor de Mansões Isolados Norte

SNUC - Sistema Nacional de Unidade de Conservação

SUP - ​Stand Up Paddle

UC - Unidade de Conservação

UnB - Universidade de Brasília

3
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa de localização das áreas especialmente criadas e modificadas da


APA do Paranoá ………………………………………………………………………….. ​14

Figura 2: ​Mapa de localização da ARIE Centro Olímpico. ………………………….. ​16

Figura 3: ​Mapa da Geomorfologia do Distrito Federal. ……………………………... ​17


Figura 4: ​Mapa dos limites da ARIE Centro Olímpico.……………………………….. ​24

Figura 5​​: Análise visual multitemporal do polígono da ARIE Centro Olímpico e das
suas fronteiras (Lago Paranoá, Centro Olímpico, IBAMA e SMIN).………………....​25

Figura 6: ​Degradações ambientais observadas na ARIE Centro Olímpico…………​26

Figura 7​​: Mapa de identificação das trilhas da ARIE Centro Olímpico. …………….​30

Figura 8: ​Mapa de Zoneamento da ARIE Centro Olímpico.…………………………. ​32

Figura 9: ​As aspectos de degradação da ARIE Centro Olímpico. …………………. ​35


Figura 10​​: Campo úmido da ARIE Centro Olímpico presente na zona primitiva
delimitada pelo zoneamento. ……………………………………………………………..​36

Figura 11​​: Estrutura observada na zona de uso conflitante.……………………….... ​37


Figura 12: Atividades observadas que são realizadas na zona de uso extensivo
atualmente. ………………………………………………………………………………....​38

Figura 13​​: Modelo de porteira metálica.………………………………………………..​40

Figura 14: ​Placa para a ARIE Centro Olímpico com base no modelo do IBRAM. .. ​42

Figura 15: Modelo de placa sugerido pelo grupo, por apresentar informação das
restrições da ARIE Centro Olímpico. O design foi retirado do modelo das placas do
ICMBio. ………………………………………………………………………………........ ​42

Figura 16: ​Estrutura da cercas já existentes na ARIE Centro Olímpico.…………... ​43

4
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO​​ …………………………………………………………………………... 7

2. HISTÓRICO DA ÁREA​​ …………………………………………………………………. 8

3. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL​​ …………………………………………………………..


12

4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA PROTEGIDA​​ ……………………………………. 15

4.1. Localização​ ..……………………………………………………………………...​15

4.2.1. Clima​ ..………………………………………………………………………. 16

4.2.2 Relevo​ ..……………………………………………………………………....16

4.2.3 Solo​ ..………………………………………………………………………….​17

4.3. Caracterização de fatores bióticos​ ..………………………………………….... 18

4.3.1 Flora​ ..……………………………………………………………………...… 18

4.3.2 Fauna​ ..………………………………………………………………………. 19

5.1 Revisão Bibliográfica​ ..…………………………………………………………….21

5.2. Coleta dos Dados​ ..………………………………………………………………. 22

5.3. Análise dos Dados​ ..……………………………………………………………... 22

6. DIAGNÓSTICO DA ÁREA​​ …………………………………………………………….23

6.1 Análise das divisas da ARIE Centro Olímpico​ ..……………………………….. 23

6.2 Impactos ambientais sobre a ARIE Centro Olímpico​ ..……………………….. 26

6.3 Trilhas existentes na ARIE Centro Olímpico​ ..…………………………………. 28

7. PROPOSTAS DE GESTÃO E USO DO SOLO​​ ……………………………………..


30

7.1 Zoneamento e Objetivo​ ..……………………………………………………….... 30

7.1.1 Zona de Restauração e Recuperação​ ..……………………………………… 32

7.1.2 Zona de Conservação Ambiental e Pesquisa Científica​ ..…………………..35

7.1.3 Zona de Uso Conflitante​ ..………………………………………………………36

7.1.4 Zona de Uso Extensivo​ ..………………………………………………………. 37

7.1.5 Zona de Acesso​ ..………………………………………………………………..39

5
7.1.6 Zona para Sinalização​ ..………………………………………………………...40

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS​​ …………………………………………………………..43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS​​ …………………………………………………….​44

ANEXO​​ ..…………………………………………………………………………………....​47

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1. INTRODUÇÃO

O Brasil é um país megabiodiverso por contém uma rica biodiversidade em


seu território. O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul com uma
extensão de 203 milhões de hectares, cobrindo 25% do território brasileiro (MMA,
​ ara a conservação da
2011). O presente bioma é Considerado um ​hotspot p
biodiversidade mundial por abrigar uma rica fauna e flora de espécies endêmicas e
por ser um bioma de grande vulnerabilidade (MYERS, 2000). Atualmente,
encontrando-se em segunda posição entre os biomas brasileiros mais ameaçados
pelas modificações humanas, estando somente atrás do bioma Mata Atlântica
(MMA, 2011).

Brasília é a Capital do Brasil localizada no Distrito Federal (DF). Em toda a


sua área há presença de aspectos fitofisionômico e faunístico do Cerrado pelo fato
de está inserida na região central do bioma. Antes do início da construção de
Brasília 1954 a ocupação antrópica era considerada mínima no DF (UNESCO,
2002). Com o desenvolver da construção da capital a perda da cobertura original do
cerrado no DF de 1954-2001 foi de 74% (UNESCO, 2002).

A Universidade de Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1962, quando a


construção da cidade de Brasília completou dois anos. O Campus Darcy Ribeiro,
localizado na Asa Norte, foi o primeiro campus da UnB, sendo, atualmente,o maior
campus com cerca de 400 mil hectares e mais de 50 mil m² construída (UnB, 2018).

As área verdes do Campus Darcy Ribeiro estão delimitadas na Resolução do


Conselho Diretor n. 0007/2016, que institui a setorização e as Diretrizes de uso do
solo do território do Campus Universitário Darcy Ribeiro. O campus possui três
principais áreas verdes, que contém uma taxa de ocupação máxima de 0,01%, as
áreas são: Jardim Arboreto, Setor Península e o Setor da Estação Experimental, que
estão divididos entre as três glebas (A, B e C) da UnB.

A gleba B está dividida em três setores: Setor Península, Setor CO e o Setor


Casa do Estudante Universitário, cada um destes setores dispõem distintos uso do
solo. Toda a área da gleba B está introduzida na APA do Lago do Paraná, no

7
entanto, somente o Setor Península apresenta um número considerado de espécies
nativas da vegetação e fauna do cerrado, sendo uma das razões para a criação da
UC de Uso Sustentável, ARIE Centro Olímpico, a partir do Decreto nº 33.537, de 14
de fevereiro de 2012.

Considerando que ARIE Centro Olímpico, localizada na Universidade de


Brasília, é uma unidade de conservação da APA do Paranoá, regida pela Lei do
Sistema Distrital de Unidade de Conservação e pelo Decreto nº 33.537, devido a sua
relevância para a conservação de remanescentes do bioma Cerrado. O presente
estudo busca elaborar um diagnóstico e zoneamento para a implementação do
Decreto 33.537 de 14/02/2012 da ARIE Centro Olímpico.

. Objetivo específicos

● Produzir um diagnóstico da área da ARIE Centro Olímpico;

● Estabelecer propostas de gestão e uso do solo da ARIE Centro Olímpico;

● Elaborar um mapa de zoneamento da ARIE Centro Olímpico;

2. HISTÓRICO DA ÁREA

O Distrito Federal apresenta características peculiares em diversos aspectos,


porém destacam-se as áreas que foram ocupadas a partir de meados dos anos 50 e
deram, por conseguinte, origem a unidade federativa Distrito Federal. A época de
sua ocupação era um ambiente caracterizado pela baixa ou nenhuma ocupação
humana (UNESCO, 2002). Em contrapartida, hodiernamente, o Distrito Federal
ostenta de aspectos urbanos e rurais marcantes, sendo essa urbanização
desenfreada grande responsável pela perda da vegetação nativa, chegando a mais
de 74% de perda da vegetação de Cerrado (UNESCO, 2002).

Segundo UNESCO (2002) a dinâmica de formação da paisagem no Distrito


Federal está intimamente relacionada aos processos massivos de adensamento da
malha urbana e do crescimento da ocupação agrícola que, agregados, podem ser
considerados os principais elementos das modificações territoriais e da redução da
área ocupada pela vegetação de cerrado. O estudo recente realizado por Baptista e
Nascimento (2016) constatou que a Área Metropolitana de Brasília apresentou

8
crescimento de 277,27% ao longo 2000 e 2013, períodos analisados pelo estudo, e
a tendência geral diagnosticada para os cenários futuros para esta área foi de
estagnação.

A ausência de políticas públicas de médio e longo prazo que visam atender à


demanda territorial da população brasiliense, provocou a ocupação desordenada de
terras no Distrito Federal, grande parte indo totalmente contra as leis ambientais
(PAVIANI, 2009). O estudo realizado por Marques (2015) identificou que as
principais ameaças para os áreas verdes e unidades de conservação do DF são a
densidade de populacional do entorno destas áreas, a gestão deficiente e a
transformação de terras públicas e privadas em condomínios.

A APA do Lago Paranoá foi criada com o objetivo de exercer a principal


função de preservar os recursos hídricos associados ao Lago Paranoá, lago artificial
formado a partir do represamento do rio Paranoá (TERRACAP, 2011). A APA do
Lago Paranoá foi criada em uma área amplamente urbanização com parcelamento
urbanos consolidados, incluindo os Setores de Habitações Individuais Norte e Sul
(Lago Sul e Lago Norte), a cidade do Paranoá, além de inúmeras áreas
institucionais, ocupadas na forma dos setores de clubes esportivos e Universidade
de Brasília (TERRACAP, 2011).

Devido a APA do Lago Paranoá estar inserida em uma área com alto grau de
urbanização, a biodiversidade natural já sofreu grandes modificações, como a
supressão de vegetação e mudanças de hábitos da vida silvestre remanescente
(TERRACAP, 2011). Por essa razão o foco maior do plano de manejo da APA do
Lago Paranoá foi em criação de medidas para manutenção de áreas que ainda
possuem funções ecológicas significativas (TERRACAP, 2011). A partir da
publicação do plano de manejo da APA do Lago Paranoá foi gerado o Decreto nº
33.537 de 14/02/2012, o qual dispõe sobre o zoneamento ambiental da APA do
Lago Paranoá (BRASIL, 2012).

A gleba Centro Olímpico no plano original da Universidade de Brasília previa


uma total ocupação para a área incluindo marinas, um estádio olímpico e

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alojamentos estudantis, porém acabou-se por não se concretizar, sendo a única
construção da área o departamento de Educação Física.

Em 1995 foi realizado um estudo da área pelos professores Marcos Silva da


Silveira que à época estava a realizar seu doutorado em Antropologia na
Universidade de Brasília e o Dr. Alexandre Fernandes Bamberg de Araújo, professor
do departamento de Zoologia da Universidade de Brasília. Esse estudo tinha como
objetivo central tornar a área não ocupada pelo Centro Olímpico em uma estação
experimental, por se apresentar como uma área de grande biodiversidade e
vegetação nativa do Cerrado.

Durante a gestão do reitor Cristovam Buarque de 1985 a 1989, o Instituto de


Biologia enviou a reitoria um pedido para que a grande área de Cerrado presente
numa zona não construída no Centro Olímpico fosse transformada em uma área de
preservação ambiental, porém o pedido não foi homologado pela reitoria. Em 1991,
estudantes de Engenharia Florestal, ao observarem o potencial da área para
preservação e recuperação, encaminharam à Prefeitura do Campus e ao
Departamento de Educação Física um requerimento informando da necessidade de
um zoneamento ambiental da área não ocupada pelo Centro Olímpico.

Após bastante movimentação e com auxílio dos professores responsáveis


pela elaboração do documento, foi criada uma comissão composta por estudantes,
onde foi proposto, em igualdade, a elaboração de um plano de manejo juntamente
com o zoneamento da área por completo.

Estudos de fauna, flora, solo e impactos ambientais sobre a área foram


realizados e a partir dos resultados foram estabelecidas duas zonas. A primeira seria
uma zona limítrofe ao Centro Olímpico onde seriam permitidas atividades
desportivas, de recreação e lazer, além dos alojamentos estudantis. A segunda
zona, localizada na área não ocupada pelo Centro Olímpico, foi denominada como
Estação Experimental de Educação Ambiental da UnB (E.E.UNB). A estação
experimental iria compreender duas sub-zonas, a primeira Estação Experimental
ficaria ao sul das instalações presentes no Centro Olímpico (E.E. UNB 1) e a outra
estação experimental iria se localizar ao norte, compreendendo uma zona com mais

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vegetação nativa e seus arredores (E.E. UNB 2). Entretanto nenhuma das ações
propostas foram concretizadas e não chegou a sair do papel.

Em 2013 foi proposto a ampliação das estruturas do Centro Olímpico da UnB


no interior da ARIE Centro Olímpico com o objetivo de aumentar as dependências
do CO e para sediar eventos esportivos entre universidades (COP, 2013).

No entanto, a obra foi considerada de grande porte que causaria alterações


da biota dentro da ARIE acarretando em perda de vegetação nativa existe na área,
fragmentação florestal, impermeabilidade do solo e consequentemente o aumento
da carreamento de sedimentos para o Lago Paranoá (COP, 2013). O IBRAM, órgão
gestor da ARIE Centro Olímpico, vetou a proposta de ampliação, pelo fato que a
obra não está de acordo com as normas de criação presentes no Decreto 33.537 de
14/02/2012, que proíbe que sejam ocupadas novas áreas na Subzona de
Conservação da Vida Silvestre, a qual a ARIE Centro Olímpico faz parte (BRASIL,
2012).

Em meados de 2016 se teve a Resolução do Conselho Diretor da


Universidade de Brasília nº 0007/2016, o qual teve como finalidade instituir a
setorização e as diretrizes de uso do solo do território do campus Darcy Ribeiro
(UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, 2016).

Art. 4° Para fins de setorização, o território do Campus fica dividido em


setores e os setores subdivididos em quadras.

§ 1º O Campus fica dividido nos seguintes setores:


I- Setor Sul – SUL;

II - Setor Centro - CEN;

III – Setor Norte - NOR;

IV – Setor Colina - CNA;

V - Setor Apoio – APO;

VI – Setor Arboreto – ARB

VII – Setor Centro Olímpico - COL;

VIII – Setor Casa do Estudante Universitário – CEU;

IX – Setor Península – PEN;

11
X - Setor Estação Experimental – ESE

§ 2º O conjunto de setores indicados nas alíneas “I” a “X” do § 1º refere-se


às Glebas A,B E C, de propriedade da FUB, conforme o registro público
desses imóveis (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, 2016).

A área da ARIE Centro Olímpico está totalmente inserida na Gleba B do


Campus Darcy Ribeiro, que contém o seguintes setores: ​Setor Península, Setor
Centro Olímpico e Setor Casa do Estudante Universitário (UNIVERSIDADE DE
BRASÍLIA, 2016). Os setores que sobrepõe a área do ARIE Centro Olímpico são o
Setor Península e o Setor Centro Olímpico, que de acordo com a Resolução do
Conselho Diretor da Universidade de Brasília nº 0007/2016 apresentam distintos
usos e ocupações, os quais estão discriminados nos Anexos I e II (UNIVERSIDADE
DE BRASÍLIA, 2016).

A taxa de ocupação máxima, relação entre a área que pode ser ocupada (em
planta) e a área total da unidade física, para as áreas que sobrepões a ARIE Centro
Olímpico são de 50% para Setor Centro Olímpico e para a área do Setor Península
é de 0,01% (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, 2016). Atualmente, a área da ARIE
Centro Olímpico que está sobreposta ou Setor Península apresenta maior
conservação da vegetação nativa, devido a sua restrição de uso e ocupação.

3. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

No Artigo 1º da Lei complementar nº 827 de 22 de julho de 2010, foi instituído


o Sistema Distrital de Unidades de Conservação da Natureza (SDUC), o qual
estabelece critérios e normas para a criação, implantação, alteração e gestão das
Unidades de Conservação no território do Distrito Federal (BRASIL, 2010). Ao longo
da lei explicam-se todos os aspectos necessários para o uso, criação e gestão das
Unidades de Conservação do Distrito Federal.

A partir do Artigo 14 desta Lei, tem-se a categorização do uso pertencente às


ARIE’S e as demais Unidades de Conservação de uso sustentável, que é
caracterizado de acordo com o SNUC como zonas que permitem o uso direto dos
recursos presentes, além do ​aproveitamento do ambiente de modo a garantir a
perdurabilidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos,

12
mantendo assim biodiversidade e os serviços ecossistêmicos, de forma socialmente
justa e economicamente viável (BRASIL, 2000).

Art. 14​​. Constituem o Grupo das Unidades de Uso Sustentável as seguintes


categorias de unidade de conservação:

I – Área de Proteção Ambiental;


II – Área de Relevante Interesse Ecológico;
III – Floresta Distrital;
IV – Parque Ecológico;
V – Reserva de Fauna;
VI – Reserva Particular do Patrimônio Natural (BRASIL, 2010).

Com o suporte da Lei Complementar nº 827 de 22 de julho de 2010, a


definição, os usos permitidos e gestão adequada para as Área de relevante
Interesse Ecológico (ARIE) foi estabelecida e determinada pelo Artigo 16 e seus
parágrafos, respectivamente.

Art. 16​​. A Área de Relevante Interesse Ecológico – ARIE é uma área em


geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana,
com características naturais extraordinárias ou que abrigue exemplares
raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas
naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas
áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da
natureza (BRASIL, 2010).

As Áreas de Relevante Interesse Ecológico podem ser constituídas por terras


de domínio público ou privado. Cumprindo os limites constitucionais é possível
determinar diretrizes e limitações para propriedades privadas dentro das ARIE’s.
Além de que as áreas destinadas à conservação ambiental situadas em Área de
Relevante Interesse Ecológico não poderão ser transformadas em zonas urbanas
(BRASIL, 2010).

Em seguida, tem-se o decreto 33.537 de 14 de fevereiro de 2012, o qual


dispõe sobre zoneamento ambiental da APA do Paranoá (BRASIL, 2012). O
Zoneamento da APA propõe a criação e manutenção de cinco novas áreas
especialmente protegidas dentro dos limites da APA do Paranoá, as quais em
associação com as já existentes devem ser alvos prioritários de proteção ambiental,
uma vez que são as poucas em que ainda existem remanescentes de fauna e flora
naturais. E a partir deste decreto se teve a criação da ARIE Centro Olímpico da
Universidade de Brasília.

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CAPÍTULO IV – DA CRIAÇÃO DE ÁREAS ESPECIALMENTE
PROTEGIDAS

Art. 19​​. Por este ato, ficam criadas as seguintes Unidades de Conservação,
que deverão ter seus limites e objetivos de conservação definidos por atos
específicos do Distrito Federal, no prazo de até 90 (noventa) dias:

[...]

III. área “C” – na modalidade Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE):


área próxima ao Centro Olímpico da Universidade de Brasília, caracterizada
como área de relevo plano com vegetação de cerrado preservada,
localizada na margem oeste do Lago Paranoá (BRASIL, 2012).

Figura 1:​​ Mapa de localização das áreas especialmente criadas e modificadas da APA do Paranoá

Fonte:​​ .TERRACAP (2011, p.16)

De acordo com o zoneamento ambiental da APA do Lago Paranoá a ARIE


Centro Olímpico pertence a Subzona de Conservação da Vida Silvestre (ZCVS), por
estar inserida na categoria de Unidade de Conservação de uso sustentável e
apresentar uma vegetação nativa significativa (TERRACAP, 2011). Esta subzona é
destinada à conservação dos recursos naturais e à integridade dos ecossistemas
(BRASIL, 2012).

Conforme BRASIL 2012, nas ZCVS são permitidos os usos moderados e


sustentáveis da biota, regulados de modo a assegurar a conservação dos
ecossistemas naturais. As diretrizes que regulam o uso desta subzona estão

14
especificadas no Art. 6º incisos I, II, III, IV, V do Decreto 33.537 de 14 de fevereiro
de 2012, às atividades proibidas são delimitadas no parágrafo único do Art. 6º.

Art. 6º Na subzona de Conservação da Vida conforme o § 2º do art. 4º da


Resolução CONAMA nº 10/88, serão admitidos usos moderados e
sustentáveis da biota, regulados de modo a assegurar a conservação dos
ecossistemas naturais, que obedecerão às seguintes diretrizes específicas:

[...]

Parágrafo único. Nestas Subzona ficam proibidos:

I - ocupações de novas áreas;

II - fracionamento de lotes;

III - pesca (BRASIL, 2012).

Em relação a conectividade de manchas de vegetação o Decreto 33.357 de


14/02/2012 estabelece no §1º do Art. 20 que as unidades de conservação criadas e
já existentes que apresentam vegetação nativa significativas terão a função de ilhas
para a fauna e flora e deverão ser protegidas devido à sua relevância para
conectividade dos corredores ecológicos (BRASIL, 2012).

4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA PROTEGIDA

4.1. Localização

A ARIE Centro Olímpico está localizada na região administrativa de Brasília -


RA I do DF, que pertence às Reservas da Biosfera do Cerrado de acordo com a Lei
nº 3.678, de 13 de outubro de 2005. A referida área de proteção está posicionada na
margem oeste do Lago Paranoá, sendo uma área especialmente protegida da APA
do Lago Paranoá.

15
Figura 2: ​Mapa de localização da ARIE Centro Olímpico.

Fonte​​: Autores, 2018.

A ARIE Centro Olímpico possui uma área total de 77,5 hectares e sobrepõem
às áreas do Setor Península e do Setor CO, pertencentes a Gleba B do Campus
Universitário Darcy Ribeiro da UnB, delimitadas pela Resolução do Conselho Diretor
007/2016.

4.2. Caracterização de fatores abióticos

4.2.1. Clima

O clima do DF, segundo a classificação de Köppen, é o clima Tropical, em


que são nítidas duas estações, durante as estações de primavera e verão se tem o
período chuvoso, enquanto que durante o outono e o inverno se tem o período seco
(CODEPLAN, 2017). O clima predominante da região de estudo corresponde ao tipo
CWA da classificação de Köppen - Tropical de Savana. O índice de pluviosidade
varia entre 1.400 a 1.450mm/ano com a concentração da precipitação pluviométrica
no verão (ASSUNÇÃO ​et al​, 2004).

16
4.2.2 Relevo

As formas de relevo do DF possuem características típicas da região do


Planalto Central - áreas elevadas do Centro-Oeste à qual está inserido. Predominam
as chapadas associadas a unidades geológicas mais antigas. A topografia apresenta
altitudes que variam entre 950m a 1400m aproximadamente, predominando formas
de relevo evoluídas por processo de erosão, caracterizadas pelas chapadas e
chapadões. Estão presentes outras formas de relevo como vales, colinas, na área
da bacia dos rios São Bartolomeu, Preto e Descoberto e serras presentes na área
da bacia do rio Maranhão (CODEPLAN, 2017).

Figura 3: ​Mapa da Geomorfologia do Distrito Federal.

Fonte​​:CODEPLAN - Atlas do Distrito Federal, 2017

4.2.3 Solo

Uma grande parcela dos solos presentes no Cerrado são caracterizados


como Latossolos, cobrindo aproximadamente 46% da área do bioma. Esse tipo de
solo, por sua vez, pode apresentar uma coloração variando do vermelho para o
amarelo, são profundos e bem drenados maior parte do ano, são ácidos,
apresentam toxidez de alumínio e são pobres em nutrientes essenciais para a maior
parte das plantas, como: cálcio, magnésio, potássio e alguns micronutrientes
(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa).

17
O tipo de solo presente na ARIE Centro Olímpico é o Latossolo vermelho.
Condição representativa do tipo de solo presente no Cerrado, além de ser o
representativo de aproximadamente 38,65% dos solos presentes no Distrito Federal
(ASSUNÇÃO ​et al​, 2004).

4.3. Caracterização de fatores bióticos

4.3.1 Flora

O Cerrado é o bioma brasileiro que ocupa a porção central do país e


originalmente cobria 25% do território nacional. Espalhando-se ao longo de 11
estados, -compreende diversas regiões, desde o norte, em estados como Maranhão
e Tocantins, até a região sul, no estado do Paraná. Classificada como a savana
mais rica do planeta, estima-se que possua mais de 12.000 espécies vegetais, das
quais mais de 4.000 são endêmicas do Bioma (SAMPAIO ​et al.​ , 2015).

Segundo Sampaio ​et al. (2005), o Cerrado é composto por diversas


fitofisionomias, as quais são determinadas por condições edáficas, como
profundidade, drenagem e fertilidade, além da pluviosidade e frequência de
queimadas naturais ou antrópicas. Para Ribeiro e Walter (1998), podem ser citados
onze tipos fitofisionômicos de Cerrado, subdivididos em três categorias: Formações
florestais (Mata Ciliar, Mata Seca, Mata de Galeria e Cerradão); savânicas (Cerrado
​ arque de Cerrado, Palmeiral e Vereda) e, por fim, as feições
sensu stricto, P
campestres (Campo Sujo, Campo Rupestre e Campo limpo). Tais tipos
fitofisionômicos ainda podem apresentar subtipos. Dentro desta grande diversidade
​ a fitofisionomia dominante, ocorrendo em 70% do
vegetal, o Cerrado ​sensu stricto é
bioma, sendo distinguido pela presença do estrato herbáceo, dominado
especialmente por gramíneas, e pelos estratos tortuosos e retorcidos que são
característica marcante deste tipo de vegetação - o arbustivo e o arbóreo
(ASSUNÇÃO e FELFILI, 2004, apud EITEN, 1994).

O Cerrado abrange todo o território do Distrito Federal e, de acordo com


Paparelli e Henkes (2013), resta apenas 37% da sua cobertura vegetal nativa. A
intensa pressão antrópica gerada por ocupação territorial, parcelamento do solo e

18
mineração irregulares, é responsável pelo desmatamento de áreas sensíveis,
causando assoreamento de cursos d’água. Desta forma, Paparelli e Henkes (2013)
apontam como as áreas mais críticas: as Áreas de Proteção Ambiental (APA) do
Paranoá, do São Bartolomeu, do Descoberto e da Cafuringa.

A área do presente estudo está localizada dentro dos limites da APA do


Paranoá e da Área de Relevante Interesse Ecológico Centro Olímpico, porém, como
destacam Assunção e Felfili (2004), encontra-se sujeita à degradação, através de
despejos ilegais de lixo e entulho, queimadas e uso irregular por estudantes e
público externo à Universidade de Brasília.

Através de levantamento florístico e fitossociológico do fragmento de Cerrado


​ djacente ao Centro Olímpico da Universidade de Brasília, tentou-se
sensu stricto a
demonstrar que este local é um dos poucos remanescentes de vegetação nativa
dentro do perímetro urbano da cidade de Brasília e que possui riqueza em sua flora
e importância ecológica na proteção da margem do lago Paranoá (ASSUNÇÃO e
FELFILI, 2004).

No cerrado sensu stricto do Centro Olímpico da UnB, foram amostradas 54


espécies lenhosas. Esse valor está no intervalo de 50 a 80 espécies normalmente
encontradas nos cerrados do Distrito Federal, mas foi menor do que a riqueza
encontrada na Chapada dos Veadeiros - de 82 a 97 espécies (FELFILI, 2004, ​apud
FELFILI e SILVA JÚNIOR, 2001). As 54 espécies estão distribuídas em 44 gêneros
e 30 famílias. A família Leguminosae teve o maior número de espécies, sendo
16,7% do total.

A densidade de espécies arbóreas na ARIE Centro Olímpico foi de 882


árvores por hectare. Espécies de elevado valor extrativista, a exemplo do
Stryphnodendron adstringens (​ barbatimão) e do ​Caryocar brasiliense (pequizeiro)
foram encontradas em abundância na ARIE, e, segundo Felfili, 2004, este fato eleva
o valor da conservação da área, pois, ambas espécies citadas sofrem alta pressão
extrativista e destruição de seus ambientes naturais.

19
4.3.2 Fauna

A partir do estudo realizado pelo Projeto Fauna-DF, que têm por objetivo listar
espécies de fauna endêmicas ou não endêmicas do DF, foi possível identificar que o
DF possui 833 registros de espécies de vertebrados, ou seja, 21,3% do total de
vertebrados conhecidos para Bioma Cerrado (IBRAM, 2018). Foram identificadas
duas espécies de roedores endêmicas do DF e no grupo de peixes foram
identificadas 11 espécies endêmicas catalogadas como nova no ano de 2008
(IBRAM, 2018). Dentre as espécies ameaçadas no DF são listadas duas espécies
de peixes, treze de aves e onze de mamíferos (IBRAM, 2018).

A Resolução da Reitoria nº 097/94 da UnB, de 18 de outubro de 1994,


propõem um zoneamento ecológico da Gleba do CO, atual Gleba B. Tal resolução
apresenta uma lista de espécies de lagartos, avifauna e anfíbios, que totalizam 140
espécies identificadas a partir da coleta de dados primária de fauna na área.

Tabela 2: ​Tabela com famílias de aves, lagarto e anfíbio listadas na Resolução da Reitoria nº 097/94.
O número de família registradas de aves (35) foi superior ao do lagarto (7) e anfíbio (3). A quantidade
de espécies identificadas foram 124 para aves, 7 para anfíbios e 9 para lagarto.

20
Fonte​​: Resolução da Reitoria nº 097/94.

A presença de vegetação nativa do Cerrado em ambientes urbanos


proporciona a conservação da biodiversidade local, com isso favorece a presença da
fauna. O estudo realizado por Souza ​et al (2017) registrou 73 espécies de ave em
uma transecto de 1.7 km localizado no CO, com isso, é possível inferir que,
atualmente, a área do ARIE Centro Olímpico é de grande importância para
dispersão da avifauna do DF.

Para o entendimento da dinâmica dos animais invertebrados e as classes


taxonômicas dos mamíferos, répteis, anfíbios e peixes serão necessários mais
estudos na ARIE Centro Olímpico com o intuito de efetuar a norma do Art. 1º §3º
inciso XVI do Decreto 33.537 de 12/02/2012, a partir destes novos estudos seja
possível feito propostas com medidas eficazes para a preservação da fauna local.

21
5. METODOLOGIA

5.1 Revisão Bibliográfica

A primeira etapa de elaboração deste plano de ações consistiu em um


levantamento de estudos prévios a respeito da área, encontrando-se artigos
científicos que a caracterizavam quanto aos aspectos bióticos e abióticos, além de
abordarem a sua importância na conservação de áreas remanescentes de Cerrado
em zona Urbana, como em Assunção e Felfili (2004).

A revisão bibliográfica incluiu planos de uso e ocupação de áreas verdes, a


exemplo do Plano de Uso e Ocupação do Parque da Cidade, elaborado em 2001 por
Grupo de Trabalho determinado na portaria conjunta nº 5, de 19 de abril de 2013,
publicada no Diário Oficial do Distrito Federal nº 95, e planos de gestão de unidades
de conservação como o Plano de Manejo da ARIE do Córrego Cabeceira do Valo
(GREENTEC, 2012).

Além da leitura e interpretação de leis distritais, decretos e documentos


administrativos internos da Universidade de Brasília, que também foram parte do
estudo prévio à coleta de dados em campo.

5.2. Coleta dos Dados

O levantamento dos dados da área foram obtidos por meio de quatro saídas
de campo realizadas em dias distintos. Toda a área foi percorrida pelo grupo a pé e
acompanhado da Divisão de Segurança (DISEG) da Universidade de Brasília (UnB).
A dinâmica foi feita da seguinte maneira:

● A primeira saída de campo foi realizada dia 24/09 das 15h às 17h.
● A segunda saída de campo foi realizada dia 27/10 das 08h30min ao meio-dia.
● A terceira saída de campo foi realizada dia 03/11 das 08h30min ao meio-dia.
● A quarta saída de campo foi realizada dia 10/11 das 10h ao meio-dia.

Durante as saídas de campo foram feitos registros fotográficos e anotações a


respeito dos aspectos físicos e biológicos da ARIE Centro Olímpico, bem como a
demarcação e classificação das trilhas em transeuntes ou carroçáveis, sendo as

22
primeiras estreitas e apenas para passagem de pedestres, e as últimas permitindo o
trânsito de carros e outros veículos. A delimitação das trilhas foi possível a partir da
coleta de coordenadas geográficas, utilizando-se GPS portátil ​Garmim eTrex 20x​, e
definição das áreas de zoneamento da ARIE Centro Olímpico através do aplicativo
Avenza Maps​ - visualizador de mapas ​offline.

5.3. Análise dos Dados

Os dados coletados em campo foram analisados no ​QGIS,​ ​software livre e


sistema de informação geográfica o qual permite visualização, edição e análise de
dados georreferenciados. A perspectiva adotada foi de análise da paisagem da ARIE
Centro Olímpico com a delimitação dos seguintes elementos: das divisas entre a
área de interesse e demais porções vizinhas; das trilhas existentes; das zonas de
uso primitivo, uso extensivo, uso conflitivo e restauração; do cálculo do perímetro da
área e, por fim, da posição estratégica de portões e placas informativas.

6. DIAGNÓSTICO DA ÁREA

6.1 Análise das divisas da ARIE Centro Olímpico

De acordo com o SDUC (2010), as Unidades de Conservação, com exceção


das Áreas de Proteção Ambiental; das Reservas Particulares do Patrimônio Natural
e Parques Ecológicos, devem possuir uma zona de amortecimento e, quando
convenientes, corredores ecológicos. A ARIE Centro Olímpico não dispõe de zona
de amortecimento, as quais tem como objetivo minimizar os impactos negativos
sobre as unidades. A partir das saídas de campo, identificaram-se áreas limítrofes
com a ARIE Centro Olímpico, sendo elas: Centro Olímpico, Casa do Estudante,
IBAMA, Setor de Clubes Esportivos Norte - SCNEN, SMIN, Ruínas UnB,
Universidade Corporativa dos Correios e o Lago Paranoá, que são áreas que
possuem usos do solo distintos (figura 4).

O perímetro da ARIE Centro Olímpico é de 5.556,419m de extensão, destes


1.296,095m faz divisa com o CO 2.622,765m com o Lago Paranoá e 950,648m com
o IBAMA, SMIN e as Ruínas. Tanto a ARIE Centro Olímpico quanto as cincos áreas,
que estão em seu limite, pertencem a zona urbana do conjunto tombado de Brasília,

23
definido pelo Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal (2007), o
que indica que a UC de estudo está inserida em uma matriz da paisagem urbana.

A conectividade entre a ARIE Centro Olímpico e as outras manchas de


vegetação do Cerrado da região pode está comprometida por apresentar uma baixa
permeabilidade que dificulta a dispersão das espécies devido a matriz urbana
(METZGER, 2006). Com isso, a composição da paisagem ao redor da ARIE Centro
Olímpico pode ser uma ameaça para a perpetuidade da diversidade da UC.

Figura 4: ​Mapa dos limites da ARIE Centro Olímpico

Fonte:​​ Autores, 2018.

A partir das análises visuais das imagens de satélites e imagens aéreas


obtidas no site Geoportal - DF (2018), onde encontram-se dados georreferenciados

24
do território e da população do DF, é possível observar que houveram modificações
na paisagem em escala local na área e nas áreas limites da ARIE Centro Olímpico
nos períodos de 1975-2018.

De 1975 a 2018, na divisa da ARIE Centro Olímpico com o Setor Centro


Olímpico encontra-se área edificada que permanece constante neste período. A
maior modificação nesta divisiva seria nos anos anteriores a 1975, pois, na
Universidade de Brasília, já havia áreas construídas antes da sua inauguração em
1962, com isso a área que hoje é a Gleba B teria anteriormente uma mancha vegetal
local constante.

Adverso ao que ocorreu na área da fronteira da ARIE Centro Olímpico com a


do CO nos períodos de 1975 a 2018, as divisas do IBRAM e da Universidade dos
Correios apresentam uma grande perda vegetal, pois é possível observar que em
1975 nessas áreas não exibem nenhum tipo de construção, enquanto que em 1991
há o início da edificação na área, que permanece com alterações estáveis de 2009 a
2018.

O SMIN de 1975 a 1997 apresentou solo exposto, no entanto, não apresenta


grandes construções, apenas poucas casas. É possível observar que, de 2009 a
2018, nos seus limites, há a presença de vegetação, porém não conseguimos
identificar se é vegetação nativa. Nas imagens de 2009 e 2015, observa-se que
houve queimada em parte da área.

Figura 5​​: Análise visual multitemporal do polígono da ARIE Centro Olímpico e das suas fronteiras
(Lago Paranoá, Centro Olímpico, IBAMA e SMIN).

25
Fonte:​​ Autores, 2018.

6.2 Impactos ambientais sobre a ARIE Centro Olímpico

Desde a primeira visita de campo à ARIE Centro Olímpico, foram confirmadas


pela equipe de trabalho ações de degradação ambiental, a exemplo do despejo de
lixo e entulho em diversos pontos da área, especialmente aqueles próximos às
margens do lago Paranoá; uso do fogo e queimadas não-naturais, que segundo
plantonistas da Divisão de Segurança (DISEG/UnB), tem ocorrido com relativa
frequência nos últimos anos; plantio de espécies vegetais domesticadas ou exóticas
ao Cerrado, a exemplo de ​Manihot esculenta (mandioca), ​Euterpe oleracea (açaí),
Euterpe edulis (​ jussara), Ceiba pentandra (Sumaúma) e ​Capsicum spp (Pimenta) e

26
pisoteamento das espécies nativas ao longo de trilhas variadas.Tais ações não são
compatíveis com o uso sustentável previsto para esta unidade de conservação
distrital, além de demonstrarem a intensa pressão antrópica externa, proveniente
das ocupações limítrofes à área, e a pressão interna gerada pelo público que utiliza
a área para moradia irregular, pesca ou atividades recreativas não regulamentadas
pela proprietária da unidade, a Universidade de Brasília.

Figura 6: ​Degradações ambientais observadas na ARIE Centro Olímpico.

Fonte: ​Autoral, 2018


A supressão da vegetação nativa, ao longo de anos de uso irregular da área,
expôs algumas porções do solo a forte luminosidade e a intempéries físicas como a
chuva, o vento e as variações de temperatura do ambiente. Aliado a este processo,
o tráfego de pessoas e veículos intensificou a compactação do solo, prejudicando
funções como infiltração da água e penetração das raízes de espécies nativas.
Observou-se que nestes locais a regeneração natural não tem ocorrido ao longo dos
anos, como demonstram imagens aéreas e de satélites obtidas no portal de dados
georreferenciados do Distrito Federal - Geoportal.

Segundo Klink e Machado (2005), as maiores ameaças à biodiversidade do


Cerrado são: a degradação dos tipos de vegetação nativos, a invasão ocasionada

27
por gramíneas de origem africana e a erosão dos solos. Estas três ameaças estão
presentes na ARIE Centro Olímpico e se apresentam interconectadas, pois, foi
comumente visto nas saídas de campo que as áreas mais utilizadas por transeuntes
e carroçáveis - margens do lago paranoá - são as mais invadidas por gramíneas
exóticas, a exemplo da ​Brachiaria decumbens ​(brachiaria), do ​Melinis minutiflora
(capim gordura) e do H ​ apim jaraguá), possuem processos
​ yparrhenia rufa (c

erosivos em curso e apresentam menor densidade vegetal nativa.

Desta forma, a circulação desordenada de pessoas no local originou a


abertura de clareiras e bordas, o que por sua vez, modifica as condições
microclimáticas do ambiente, proporciona aumento de luminosidade, alteração da
temperatura e umidade e, por fim, gera impactos sobre a dinâmica das comunidades
vegetais presentes (MENDONÇA, 2010, apud.; KAPOS, 1989; WILLIAMS-LINERA,
1990; MATLACK, 1993).

Percebeu-se que a indefinição dos limites da unidade de conservação, aliada


à danificação das cercas em alguns pontos do terreno, proporcionam não só
insegurança aos usuários, como também contribuem para a banalização dos usos
irregulares, além disso, não foi encontrada nenhum tipo de placa sinalizando os
limites da ARIE ou advertindo o público acerca de quais atividades são permitidas ou
compatíveis com a importância ecológica do local.

A paisagem adjacente ao fragmento de Cerrado estudado possui


características e objetivos distintos, pois consiste em zona urbana com diferentes
formas de uso e ocupação, perpassando por moradia estudantil (CEU); centro de
capacitação (Universidade Corporativa dos correios), Centro Olímpico (CO/UnB),
funcionamento de sede de órgão governamental (IBAMA), uso recreativo e
associativo (Associação dos Servidores da Carreira de Especialistas em Meio
Ambiente- ASIBAMA/DF), resultando na inserção da ARIE Centro Olímpico em uma
matriz de baixa similaridade sem zona tampão ou zona de amortecimento das
pressões antrópicas externas. Desta forma, uma série de impactos negativos são
acumulados sobre o ecossistema natural.

28
6.3 Trilhas existentes na ARIE Centro Olímpico

Após percorridas as trilhas, criaram-se dois grupos de classificação:


carroçável e transeuntes (figura 7). O objetivo desta divisão é compreender os
principais acessos e fluxos de movimentação do público na unidade de conservação,
bem como analisar os efeitos destes deslocamentos. Da totalidade de treze trilhas,
sete destas pertencem ao grupo carroçável e seis pertencem ao grupo transeuntes.

Percebeu-se que as trilhas carroçáveis e a estrada principal que atravessa a


ARIE são comumente utilizadas por público externo à Universidade para atividades
no lago paranoá, como pesca, prática de ​Stand Up Paddle ​(SUP), churrascos e
piqueniques. Essa movimentação de veículos e pessoas causou o alargamento de
trilhas já existentes na área, bem como o surgimento de mais caminhos das duas
classes (carroçável e transeuntes).

O efeito deste processo é a supressão da vegetação nativa por pisoteamento


e maior dispersão das espécies exóticas, pois, segundo Zanin (2009) apud Brasil
(2000), e, segundo observações de campo, as ações antrópicas provocam
aceleração dos processos de invasões biológicas, pois ao se deslocarem os
indivíduos levam consigo plantas, animais domésticos, além de sementes de
gramíneas invasoras nos sapatos e roupas.

Observou-se a existência de trilhas redundantes em direção ao Lago


Paranoá, cujas proximidades e margens coincidem com os pontos mais críticos de
degradação na ARIE, gerando a necessidade de ações de restauração da
vegetação nativa e dos processos ecológicos antes existentes.

Segundo Figueiró e Coelho Netto (2009) ​apud Tivy e O’hare (1981), os


principais impactos decorrentes do tráfego em trilhas são: redução da biomassa
vegetal e do grau de cobertura do solo; compactação do solo; substituição de
espécies menos tolerantes por espécies mais tolerantes; redução do teor de matéria
orgânica; diminuição da taxa de infiltração da água no solo e intensificação do
escoamento superficial, o qual por sua vez, gera processos erosivos. O impacto da

29
trafegabilidade em trilhas também pode ser relacionado com a presença de lixo e a
​ ASSOLD, 2002).
danos à vegetação. (FIGUEIRÓ e COELHO NETO, 2009, ​apud P

As trilhas mais estreitas, portanto, menos usadas, apresentam-se com


vegetação nativa mais bem conservada e com potencial para uso em pesquisas
científicas ou observação de espécies vegetais, animais ou microbiológicas.

Compreendidos os principais fluxos de movimentação e os seus efeitos para


o ambiente, a próxima etapa consiste em planejar acessos e a conscientização do
público sobre o uso da área, já que os impactos identificados são exclusivamente
antrópicos.

Figura 7​​: Mapa de identificação das trilhas da ARIE Centro Olímpico.

30
Fonte​​: Autores, 2018.

7. PROPOSTAS DE GESTÃO E USO DO SOLO

7.1 Zoneamento e Objetivo

De acordo com a Lei número 9.985 de 18 de julho 2000, zoneamento pode


ser definido como a delimitação de setores ou zonas em uma Unidade de
Conservação apresentando objetivos de manejo e normas específicas, com a
finalidade de proporcionar os meios e as condições para que os objetivos propostos
para cada UC possam ser alcançados integralmente e de forma eficiente e eficaz
(BRASIL, 2000).

O Zoneamento Ambiental é um instrumento o qual estabelece a ordenação do


território de determinada zona, e as normas de ocupação e uso do solo e dos
recursos naturais. Tal mecanismo atua organizando o espaço em zonas com
parâmetros distintos de proteção com o quais devem ser aplicados conteúdos
normativos específicos. Deve ser formulado a partir das particularidades ambientais

31
da região em que está inserida a Unidade de Conservação, em sua interação social,
econômica, política e cultural com as áreas limítrofes (GREENTEC, 2012).

A ARIE Centro Olímpico não consiste mais em uma paisagem natural, pois
estando cercada de áreas altamente modificadas (zona urbana) sofreu e sofre
constante influência antrópica. Diante desta complexa interação, a UC deve ser
tratada como uma paisagem cultural ou geográfica, o que aumenta os desafios da
conservação deste fragmento de cerrado.

Outro desafio à conservação da ARIE consiste na falta de uma zona de


amortecimento ou zona tampão, cuja função é filtrar os impactos negativos externo à
unidade de conservação, a exemplo de ruídos, poluição, geração de resíduos,
espécies invasoras e efeito de borda. Desta forma, o planejamento da paisagem da
ARIE Centro Olímpico e do usos de seu território são fundamentais para a
manutenção da viabilidade ecológica e minimização da falta de zona de
amortecimento.

O Zoneamento Ambiental proposto para a ARIE Centro Olímpico foi inspirado


no modelo apresentado no Plano de Manejo da ARIE Cabeceira do Valo
(GREENTEC, 2012) e no ​Roteiro Metodológico de Planejamento - Parque Nacional,
Reserva Biológica, Estação Ecológica (IBAMA, 2002)​. Objetiva-se, primordialmente,
a divisão de zonas para usos do solo específicos, sendo elas: Zona de Restauração;
Zona Primitiva; Zona de Uso Conflitante e Zona para Uso Extensivo, além das zonas
para o acesso e para a sinalização (Figura 8).

32
Figura 8: ​Mapa de Zoneamento da ARIE Centro Olímpico.

Fonte​​: Autores, 2018.

7.1.1 Zona de Restauração e Recuperação

As Zonas de restauração são pontos considerados mais degradados,


transformados e fragilizados. É classificada como uma zona provisória, pois quando
restaurada, poderá ser incorporada a uma das zonas permanentes estabelecidas
pelo Zoneamento (IBAMA, 2002). Esta Zona permite uso público somente para a
educação ambiental ou pesquisas científicas voltadas para a restauração da área
(IBAMA, 2002). Possui como objetivo geral deter a degradação dos recursos e
restaurar as áreas.

Os pontos destinados a restauração e recuperação, delimitados no presente


estudo, foram estabelecidos a partir do diagnóstico realizado pelo grupo durante as
saídas de campo na ARIE Centro Olímpico, onde observou-se a presença de
espécies exóticas e oportunistas; descarte de lixo e entulho; solo exposto, erodido e
compactado; baixa diversidade fauna terrestre observada; além da intensa atividade
humana por toda a ARIE (figura 9). Além disso, foi observado também que há

33
distintos graus de degradação na área, situação que exigirá uma posterior avaliação
de quais os processos deverão ser aplicados. Nas regiões em que forem exigidas
maiores intervenções, será aplicada a restauração ambiental. Enquanto que, nos
locais onde forem exigidas intervenções menores, será aplicado o processo de
recuperação ambiental.

Notou-se que, a partir da análise multitemporal de 1975-2018 (figura 5), as


áreas delimitadas para recuperação estão degradadas ao longo de vários anos. A
proporção de área para recuperação na ARIE Centro Olímpico foi de 32.814,796 ha,
correspondendo 42,38 % da área toda.

No Art. 22 do Decreto 33.537 de 14/02/2012, tem-se as áreas prioritárias para


a recuperação ambiental da APA do Lago Paranoá, sendo os incisos I, III e IV,
aplicáveis à ARIE Centro Olímpico:

Art. 22. São consideradas áreas prioritária para a recuperação ambiental na


APA do Lago Paranoá:

I - todas as Áreas de Preservação Permanente - APP;

II - as enseadas do tributário no Lago Paranoá;

III - as Unidades de Conservação e as áreas protegidas;

IV - as áreas de solo exposto existentes na APA do Lago Paranoá (BRASIL,


2012).

As técnicas adotadas em ações para recuperação e restauração ambiental


apresentam-se em diferentes abordagens tanto teóricas quanto práticas, por conta
disso, as características e os resultados podem mostrar-se distintos (TRES ​et. al​,
2009), porém não menos eficientes e eficazes quando realizados corretamente e
com procedimentos adequados para as necessidades específicas de cada área.

A recuperação e restauração ambiental podem ser conduzidas com uma


grande diversidade de escalas, mas, na prática, toda recuperação ou restauração
ambiental deve ser abordada com uma perspectiva de paisagem espacialmente
explícita, para garantir a adequação dos fluxos, das interações e as permutas com
os ecossistemas contíguos (SER, 2004). Uma paisagem consiste de um
agrupamento de dois ou mais ecossistemas que permutam organismos, energia,
água e nutrientes. O enfoque não se restringe a um ecossistema somente, ambas

34
abordagens possuem como objetivo central a reabilitação de ecossistemas e
paisagens destruídas ou fragmentadas (SER, 2004).

Todavia, um ecossistema previamente recuperado ou restaurado poderá


necessitar de um manejo constante para contrapor a invasão de espécies exóticas
ou oportunistas, os impactos das variadas ações antrópicas, as mudanças climáticas
e outros possíveis desequilíbrios (SER, 2004). Nesse quesito, um ecossistema
recuperado ambientalmente não se diferencia de um ecossistema não danificado,
uma vez que ambos provavelmente precisarão de algum nível de manejo (SER,
2004).

35
Figura 9: ​As aspectos de degradação da ARIE Centro Olímpico

Fonte​​: Autores, 2018.

Os processos de recuperação e restauração ambiental a serem


desenvolvidos na ARIE Centro Olímpico, deverão resguardar as fitofisionomias de
Cerrado existentes. Por conseguinte, na ARIE Centro Olímpico faz-se necessário
além da recuperação e restauração do ecossistema, o posterior manejo com ações
contínuas e ininterruptas. Tanto a recuperação e restauração ambientais, quanto o
manejo contínuo podem estar atrelados a pesquisas científicas e projetos de
extensão desenvolvidos na Universidade de Brasília.

36
7.1.2 Zona de Conservação Ambiental e Pesquisa Científica

As zonas de Conservação Ambiental e Pesquisa Científica são áreas onde


tem-se pequena ou mínima intervenção antrópica, contendo espécies da flora e da
fauna nativos ou endêmicos, além de processos ecológicos de grande valor
científico (IBAMA, 2002). O objetivo geral desta zona é a preservação do ambiente
natural e ao mesmo tempo, o uso pesquisa científica, educação ambiental e formas
menos impactantes de recreação (IBAMA 2002).

Foram determinadas, em igualdade, a partir do diagnóstico realizado pelo


grupo durante as saídas de campo, onde foi constatada ser uma zona menos
antropizada e com isso, tem-se maior presença de vegetação nativa; menos lixo e
entulho descartado indevidamente; menos transformações num geral e por isso é a
área mais adequada para a pesquisa científica (pois não haverão tantas
discrepâncias nos dados obtidos nessa zona do que em uma zona de restauração,
por exemplo), para a educação ambiental e para atividades de baixo impacto.

Figura 10​​: Campo úmido da ARIE Centro Olímpico presente na zona primitiva delimitada pelo
zoneamento.

Fonte​​: Autores, 3 de novembro de 2018.

7.1.3 Zona de Uso Conflitante

As Zonas de Uso Conflitantes são as áreas localizadas dentro da ARIE


Centro Olímpico, cujo os usos e finalidades específicos, estabelecidos antes da
criação da Unidade de Conservação, conflitam com os objetivos centrais de

37
conservação e preservação da área protegida. Possui como objetivo buscar
soluções provisórias a situação existente, estabelecendo métodos que minimizem os
impactos sobre a ARIE (IBAMA, 2002).

Na zona de uso conflitante delimitado para ARIE Centro Olímpico, foi


observada a partir do diagnóstico da área realizado durante as saídas de campo,
que constatou-se uma estrutura básica do que seria uma residência rústica,
construída com pedaços de madeira e sem telhado, dentro havia alguns apetrechos
domésticos, um fogão rústico feito de barro e nenhum sinal de uso recente (figura
11).

Figura 11​​: Estrutura observada na zona de uso conflitante.

Fonte​​: Autores, 3 de novembro de 2018.

Foi confirmado pela Divisão de Segurança (DISEG/UnB) que na ARIE Centro


Olímpico, além das ações ilegais já supracitadas, tem-se indivíduos morando
irregularmente ao longo da área. Estas atividades observadas contrapõem às

38
proibições estabelecidas no Decreto 33.537, pois no parágrafo único do Art. 6º inciso
I, II diz respeito ao fracionamento de lotes e ocupação de novas áreas que são
proibidos nas ZCVS, referente a área da ARIE Centro Olímpico.

7.1.4 Zona de Uso Extensivo

A zona de uso extensivo tem por objetivo manter um ambiente natural com
impactos humanos mínimos, mas com acesso ao público para fins de recreação e
educação (IBAMA, 2002).

A ARIE Centro Olímpico é uma área de importância cênica e ambiental,


localizada às margens do Lago Paranoá. A área delimitada para zona de uso
extensivo está contígua ao Centro Olímpico, onde atualmente são desenvolvidas
ações antrópicas como: Atividade desportiva (uso do caiaque); culto religioso
(disposição de oferendas de religiões afro-brasileiras); atividade de pesca; banho;
piqueniques; instalação de um viveiro (Viveiro Capivara) e demais atividades de
lazer (figura 12). A área correspondente para o uso extensivo totaliza 11 ha, 14% da
área.

A movimentação dos indivíduos no local gerou impactos à vegetação nativa,


como pisoteamento, supressão da mesma introdução de espécies exóticas por
​ também por plantio, pois foram
dispersão, como a ​Brachiaria decumbens e
encontradas mudas de espécies exóticas.

Esta zona está inclusa no processo de restauração ambiental da ARIE e após


este processo, poderá ser oferecida, ao público universitário e ao público externo à
Universidade de Brasília, como área recreativa e com fins de educação ambiental,
pois, faz parte do fragmento de cerrado remanescente. Tal uso é compatível com o
determinado no decreto de criação da ARIE Centro Olímpico, presentes nos Art. 3º
incisos IV, XV e Art. 6º inciso II, o uso sustentável e de baixo impacto. Propõe-se
que o Viveiro Capivara, já existente no local, possa ser utilizado exclusivamente para
germinação e manutenção de mudas nativas, as quais podem ser usadas no
processo de recuperação ambiental da ARIE.

39
Desta forma, o que se pretende para esta zona é que seja constituída em sua
maior parte por área natural, apresentando pouca intervenção humana, e que
ofereça acesso ao público com facilidade, para fins educativos e recreativos
(GREENTEC, 2012).

Figura 12:​​ Atividades observadas que são realizadas na zona de uso extensivo atualmente.

Fonte​​: Autores, 2018.

7.1.5 Zona de Acesso

A zona de acesso tem por objetivo delimitar áreas prioritárias para instalação
de portões de acessos para o controle da entrada do público externo na ARIE
Centro Olímpico.

Nas saídas de campo, observou-se um maior fluxo de transeuntes e veículos


no acesso da ARIE adjacente ao Setor de Mansões Isoladas Norte (SMIN). Notou-se
que as áreas próximas a este acesso irregular, estrada carroçável asfaltada,
apresentam processos de degradação mais intensos. Tal fato motiva a proposta de
que seja instalado um portão de acesso no local, o qual permanecerá fechado ao
público externo e terá sua abertura controlada pela Divisão de Segurança
(DISEG/UnB). Desta forma, o ingresso de veículos será controlado e autorizado pela
universidade. Optou-se por um modelo usado comumente em áreas rurais, que pode
ser dimensionado de acordo com a largura do acesso e ser facilmente integrado às
cercas já existentes no local (figura 12).

Tabela 2: ​Coordenadas dos pontos sugerido para instalação dos portões.

Fonte: ​Autores, 2018

40
O outra porteira metálica (figura 13), cujo fim é impedir o acesso de veículos
sem autorização da Universidade de Brasília, deverá ser instalada na divisa entre a
ARIE Centro Olímpico e o Centro Olímpico (CO/Unb). Neste ponto de acesso,
haverá livre passagem de pedestres e acesso restrito de veículos.

Figura 13​​: Modelo de porteira metálica.

Fonte​​: Desconhecida

7.1.6 Zona para Sinalização

De acordo com a TERRACAP (2011) às Unidades de Conservação criadas


pelo o zoneamento da APA do Lago Paranoá, a qual a ARIE Centro Olímpico faz
parte, devem ser dotadas de cercas de proteção, monitoramento ambiental contínuo,
guaritas de acesso e fiscalização para vetar atividades incompatíveis com as suas
funções de proteção ambiental. Por essa razão foi sugerida a zona para sinalização,
que tem por objetivo recomendar pontos estratégicos para a instalação de

41
sinalização que indique o regulamento de criação da ARIE Centro Olímpico e suas
proibições.

Observou-se em campo que a ARIE Centro Olímpico não apresenta nenhum


tipo de sinalização com a identificação da ARIE e nem indicação dos usos proibidos
na área, com isso limita a comunicação com público externo e até mesmo interno a
Universidade de Brasília que utilizam o espaço. A partir desta defasagem de
sinalização foram estabelecidos pontos para instalação de placas de sinalização
(figura 8).

As zonas de sinalização foram determinados de acordo com a grande


necessidade de sinalização em partes da ARIE Centro Olímpico, no total foram
sugeridos 8 pontos de sinalização. Cada ponto de sinalização estão localizados em
locais estratégicos por estarem ao longo das divisas urbanizadas da ARIE Centro
Olímpico.

Tabela 3: ​Coordenadas dos 8 pontos de sinalização sugeridos para a ARIE Centro Olímpico..

Fonte: ​Autores, 2018

Os modelos de placa propostos para a presente área foram selecionados a


partir da necessidade de acessibilidade de informação para o público externo sobre
os usos da área e a necessidade de orientar este público que está área em uma
unidade conservação.

A placa presente na figura 14 seguiu o modelo delimitado pelo IBRAM por


serem usadas na sinalização de Unidades de Conservação geridas pelo o presente
órgão. A partir de pesquisas de modelos de placas para a sinalização das proibições
da Unidade de Conservação, sugeriu-se, em igualdade, que o segundo modelo de

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placa para a ARIE Centro Olímpico siga o design das placas do ICMBio, contendo
informações das restrições delimitadas pelo Decreto 33.537 de 14/02/2012 (figura
15).

Figura 14: ​Placa para a ARIE Centro Olímpico com base em modelo extraído do site do IBRAM.

Fonte​​: Autores, 2018.

Figura 15: ​ Modelo de placa sugerido, por apresentar informação das restrições da ARIE Centro
Olímpico. O design foi retirado do modelo das placas do ICMBio.

43
Fonte​​: Autores, 2018.

Em relação ao cercamento da área, recomenda-se que sejam restauradas as


cercas já existentes, pois observou-se que algumas partes estão danificadas (figura
16). O cercamento da ARIE Centro Olímpico não foi estendido além daquele já
existente na área, pois dificultar-se-ia o acesso a zona de uso extensivo. As ações
complementares ao cercamento são: Restrição do acesso de veículos através da
instalação de porteiras metálicas e permissão do acesso de transeuntes apenas
através da passagem já existente entre o Centro Olímpico/UnB e a ARIE Centro
Olímpico.

Figura 16: ​Estrutura da cercas já existentes na ARIE Centro Olímpico.

44
Fonte​​: Autores, 2018.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como demonstram os documentos citados no histórico da ARIE Centro


Olímpico, esta área, desde a construção da Universidade de Brasília, não foi
priorizada como um fragmento de Cerrado a ser conservado. Com a indefinição do
uso, dos limites da unidade de conservação e da falta de planejamento da paisagem
da ARIE, estabeleceu-se um fluxo desordenado de atividades e acessos por parte
do público interno e externo à Universidade de Brasília. Como consequência,
surgiram pontos de degradação ambiental até mesmo em áreas sensíveis como as
margens do lago Paranoá.

No entanto, o fragmento de Cerrado existente na região já teve sua


importância ecológica ressaltada em artigos científicos e pesquisas. Em Felfili

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(2004), oito anos antes da implementação da ARIE Centro Olímpico através do
Decreto nº 33.537 de 2012, já se demonstrava preocupação com a velocidade em
que o Cerrado vem sendo degradado no Distrito Federal e o reconhecimento da alta
diversidade e riqueza de espécies nativas presentes na área de estudo.

Desta forma, propõe-se, a fim de consolidar o objetivo conservacionista e o


desenvolvimento sustentável previsto para esta unidade de conservação distrital,
que sejam tomadas as seguintes medidas: Restauração e Recuperação das porções
mais degradadas e de maior sensibilidade ambiental, sinalização, a fim de disciplinar
os acessos e as atividades permitidas, e por fim, o zoneamento do território da
ARIE, com posteriores ações de manejo e conservação. Recomenda-se também
que haja o envolvimento da comunidade acadêmica no alcance dos objetivos de
desenvolvimento sustentável previstos para a ARIE Centro Olímpico.

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e dá outras providências​​. Lex: Diário Oficial da União, n. 138-E, seção 1, de 19 de julho de 2000.

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0007/2016 - I​​nstitui a Setorização e as Diretrizes de Uso do Solo do Território do Campus
Universitário Darcy Ribeiro.​​ 2016. pág 23.

ZANIN; Roberto. Aspectos da introdução das espécies exóticas: o capim-gordura e a braquiária


no Parque Nacional de Brasília. 2009. 107 f., il. Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento
Sustentável-Universidade de Brasília, Brasília, 2009.

ANEXO

Fotos retiradas pelo grupo de trabalho nas quatro saídas de campo.

Link de compartilhamento de todos os registros fotográficos feitos em campo


<​https://drive.google.com/open?id=1vjgI_JRTaw6Xt0ZoMFom_FClJW6jgKXX​>.

Trilha Carroçável e irregular na ARIE Centro Olímpico.

48
Fonte: Autores, 2018.

Trilha carroçável que se estende até às margens do Lago Paranoá.Observou-se o efeito de borda e presença
massiva de gramíneas exóticas em torno das trilhas existentes.

49
Fonte: Autores, 2018.

Supressão de vegetação nativa às margens do lago Paranoá. Consequências do uso irregular.

Fonte: Autores, 2018.

50
Gramíneas exóticas substituem a vegetação de Cerrado Restrito em área próxima ao principal acesso irregular
da ARIE Centro Olímpico.Áreas como esta serão destinadas à Recuperação, segundo Zoneamento Ambiental.

Fonte: Autores, 2018.

A supressão da vegetação nativa (com três extratos: graminoso, arbustivo e arbóreo) resulta em exposição do
solo. As raízes das gramíneas invasoras, a exemplo da ​Urochloa decumbens (​ Braquiária), não são profundas o
suficiente para evitar processos erosivos.

Fonte: Autores, 2018.

51
A ARIE também possui áreas onde a vegetação nativa mistura-se às exóticas, mantendo o estrato arbóreo. As
intervenções nessas áreas podem ser menores caracterizando um processo de recuperação ambiental.

Fonte: Autores, 2018.

As margens do Lago Paranoá são importantes áreas para o processo de restauração e recuperação ambientais.
A colocação de placas, nas margens, faz-se importante para que o público que acessa a ARIE Centro Olímpico
em barcos, lanchas, caiaques e pranchas de ​surf ,​ possa estar informado sobre as atividades permitidas.

Fonte: Autores, 2018.

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