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ZAMBRINI, M. L. Olhares sobre moda e design a partir de uma perspectiva de gênero. 2016.

Zambrini (2016) relata que o olhar enfático sobre a perspectiva de gênero em uma disciplina [a moda], nos
permite estabelecer compreensões de como se originou a formação sociocultural dos estereótipos de gênero
e em como, historicamente, a hierarquia de poder sempre esteve mais posicionada ao lado do masculino.

Zambrini (2016) afirma que definir o projeto de design como um modo de produção cultural supõe que ao
projetar um vestuário, subentende-se que se está projetando o gênero. Portanto, segundo Zambrine (2010), a
moda pode ser uma excelente área de reflexão sobre o complexo processo de construção social das
identidades de gênero.

Zambrini (2016) explica que as roupas apresentam simbolismo e representações de gênero que foram
construídas historicamente através do conjunto de crenças sobre o ser feminino e o ser masculino. Como em
todos os âmbitos sociais, a moda tem um herança histórica e cultural que superestima o masculino em
detrimento do feminino.

Zambrini (2016) fala que, durante era industrial, as mulheres que trabalhavam como costureiras na indústria
têxtil eram invisíveis sob a figura dos estilistas, designers e alfaiates. Eles carregavam o prestígio simbólico e
material.

Zambrini (2016) explica que desde sua criação, em especial no séc. XIX, o sistema de moda teve um papel
importante na objetificação das mulheres ocidentais. Ajudou a fortalecer a naturalização de que o corpo
feminino é bonito e ornamentado. Do ponto de vista do gênero, a moda aumentou a divisão binária entre
feminino e o masculino.

Zambrini (2016) conclui que, na modernidade industrial, o vestuário teve significância na classificação dos
gêneros em termos binários com efeitos na regulação cultural das sexualidades.

Zambrini (2016) relembra que no séc. XIX, a cultural ocidental, através da moda, criou padrões binárias nas
formas de se vestir. As mulheres deviam ser sedutoras e decoradas. Enquanto os homens, esses valores
eram ausentes. Essa fase foi denominada de "a grande renúncia do século XIX"”, pois foi o puritanismo da
Era Vitoriana e as modificações sociais vindas com a Revolução Industrial transformaram as relações
cotidianas e o comportamento social. Desde o Renascimento até o início do séc. XIX, a história da moda
mostra que homens e mulheres podiam ser extravagantes.

Zambrini (2016) comenta que com a figura da “grande renúncia”, foi possível refletir sobre a separação do
modos de vestuário entre homens e mulheres e que os elementos decorativos já não faziam parte do traje
masculino.

Zambrini (2016) busca explicar que as roupas dos homens perderam suas funções ornamentais e
privilegiaram a uniformidade como símbolo de decência, mas, sobretudo, como um símbolo de masculinidade.
Assim, as roupas masculinas começaram a naturalizar a diferenciação de identidades de gênero em oposição
a identidade feminina, e vice-versa.
Zambrini (2016) explica que com o passar do tempo, a moda mudou em sintonia e diálogo devido as
mudanças políticas e sociais de como a mulher se apresentava na sociedade, assumindo novos poderes e
espaços. No entanto, o percurso histórico ajuda a explicar, porque a roupa tem sido associada no presente ao
sexo feminino, e como isso manifesta hoje em dia certos preconceitos que sugerem a “feminização”dos atores
que recriam o campo da moda e do têxtil. De certa forma, isso favoreceu a legitimação social de alguns
campos dominados por homens, como o design industrial e o gráfico.

Zambrini (2016) conclui, citando Iadevito (2009), dizendo que a moda está em um processo de mudança
social e cultural sobre a conjuntura dos gêneros. As passarelas apresentam modelos transgêneros,
tendências que misturam os limites entre masculino e feminino etc. O foco não é mais o biológico para pensar
em identidades. Essa mudança é importante para romper com a ideologia binária do séc. XIX e permite que a
discussão sobre identidades seja plural. Pondo em questão os principais sistemas normativos da
modernidade industrial para dar espaço às novas formas sociais, nos quais feminino e masculino náo se
organizam em termos binários.

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