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LAIS HELENA DE MORAIS

MODA
de COMO FERRAMENTA POLÍTICA E DE EXPRESSÃO
DE IDENTIDADE:
UM RESGATE DE NARRATIVAS NEGRAS PERDIDAS NA
HISTÓRIA E A BUSCA POR AUTOAFIRMAÇÃO

Londrina
2022
LAIS HELENA DE MORAIS

MODA COMO FERRAMENTA POLÍTICA E DE EXPRESSÃO


DE IDENTIDADE:
UM RESGATE DE NARRATIVAS NEGRAS PERDIDAS NA
HISTÓRIA E A BUSCA POR AUTOAFIRMAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Departamento de Design da Universidade
Estadual de Londrina, como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel em Design de
Moda.

Londrina
2022
1 INTRODUÇÃO

Devido sua origem, o surgimento e a expansão do capitalismo na


Europa entre os séculos XIV E XV, a História da moda que conhecemos é dominada
por uma perspectiva eurocêntrica e embranquecida. Staliano e Santos (2021)
argumentam que “a indústria da moda foi articulada desde os primórdios para atender
a um ideal que vem protagonizando pessoas brancas, perpetuando, por sua vez, a
consolidação de um padrão de cor e corpo, ou seja, uma “beleza europeia”.
Ao se mostrar como um exercício de reprodução de padrões, com
falta de representações e marginalização de minorias étnicas, a moda se demonstra
uma modelo racista dentro de um sistema que restringe o acesso de pessoas negras
nos mais diversos espaços sociais. Joffly (1991, apud STALIANO; SANTOS, 2021,
p.40) afirma que no Brasil a moda, em sua indústria e comércio, é responsável por um
expressivo número de empregos. Sendo este um país onde mais de 50% de sua
população é negra segundo o censo do IBGE (2020), essa indústria ainda é muito
alimentada pelo trabalho do povo negro que em contramão pouco se sente
representado.
Ainda que as perspectivas de etnia/raça sejam pouco exploradas e
estudadas por pesquisadores da moda brasileira, esta, contudo, possui grande
potência política, cultural e permite ser observada sob uma ótica de desconstrução
desse modelo hegemônico, heteronormativo e branco, se entendida como forma de
linguagem com aspectos simbólicos, ideológicos e estéticos e como meio de
expressão de identidade usado pelas minorias sociais como ferramenta para a
autoafirmação e o empoderamento.

2 PROBLEMA DE DESIGN

Como a Moda pode ser veículo de empoderamento e identidade


étnico racial da cultura afro-brasileira?

2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver uma coleção de moda com elementos estéticos que


evidenciem a cultura e história negra brasileira.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Contextualizar o conceito do negro no brasil e seus antecessores


dentro de uma perspectiva crítica e histórica; a fim de identificar e
resgatar elementos da cultura, arte, moda e outras formas de
expressão;
• Compreender a História da moda afro-brasileira, fugindo de uma
perspectiva eurocêntrica;
• Compreender a moda como uma forma de linguagem fornecedora
de meios de expressões de identidades e assim estudar seus
aspectos simbólicos, ideológicos e estéticos;
• Investigar os modos de expressão e autoafirmação da cultura
negra brasileira por meio da vestimenta e visualidades;
• Experimentar recursos construtivos de modelagem e
interferências na superfície têxtil dentro de uma estética
contemporânea;

3 JUSTIFICATIVA

Stefani (2005) certifica que visando tornar o corpo palco de um


discurso, o ser humano usa o sistema da moda como meio de construção de sua
apresentação pessoal. Como um ato performativo e não apenas como elemento físico
e material, o conceito de moda é mencionado à noção de aparência como meio de
registro da nossa subjetividade em negociação com os padrões socioculturais
vigentes. (BARRETO; SILVA, 2015, p.44). Para as pessoas negras, utilizar o vestir
como forma de contrapor uma padronização imposta sobre seus corpos é uma forma
de utilizar a moda como um ato de manifestação política, coletiva e individual,
reafirmando sua ancestralidade e existência. Além disso, corpos negros possuem uma
narrativa complexa e subjetiva de aparência fortemente atrelada à ideia do consumo
como um grande marcador étnico e social.
Compreender a moda como uma forma de comunicação que integra
cultura, sociedade, elaboração de aparências e individualidades dentro de uma
perspectiva étnica/racial, bem como buscar resgatar a sua História atrelada a da
negritude, contribui na construção de uma Moda mais política e democrática e na
desconstrução de uma concepção de indústria (que não é acidental) conservadora,
onde se prevalece o pensamento e o consumo de mentes dominantes, trazendo para
dentro de um espaço proeminente elementos que antes eram marginalizados ou
rejeitados.
É na ampliação dos espaços de enunciação e de busca por
visibilidade que a dimensão de reformulação afetiva e discursiva sobre os corpos
nos permite perceber a relevância política da moda e da linguagem estética sobre
sujeitos (SILVA, 2019 apud. STALIANO; SANTOS, 2021, p.42).

Este trabalho buscará assim valorizar a diversidade, a própria


História, e a Moda como não apenas um ato de vestir mas como instrumento de
construção social e um fenômeno sociocultural, bem como praticar uma logística de
oposição ao racismo em busca de uma moda antirracista.
.

REFERÊNCIAS

BARRETO, Carol; SILVA, Leandro Soares da. MODA: aspectos discursivos da


aparência. Revista Ideação, [S.L.], v. 1, n. 31, p. 39, 18 abr. 2018. Universidade
Estadual de Feira de Santana. http://dx.doi.org/10.13102/ideac.v1i31.1306.

PASSOS, Joana. “O racismo, a moda, e a diversificação dos padrões de beleza: o


exemplo deIman, top model Somali dos anos 70/ 80”. Revista Estudos Feministas,
Florianópolis, v. 27, n. 1,e58981, 2019.

SANTOS, Aguinaldo dos. Seleção do método de pesquisa:: a: guia para pós-


graduando em design e áreas afins. Curitiba: Insight, 2018. 230 p.

STALIANO, Pamela; SANTOS, Maria Carolina Ferreira dos. Do racismo velado à


moda antirracista: uma abordagem psicossocial sobre moda e negritude. In: ROCHA.,
Wesley Henrique Alves da. Racismo e antirracismo: reflexões, caminhos e
desafios. Curitiba: Bagai, 2021. p. 1-307.

STEFANI, P. S. Moda e Comunicação: a indumentária como forma de expressão.


2005, 90f. Trabalho de Conclusão do Curso (Graduação em Comunicação Social) -
Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora. 2005.

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