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PROJETO PIBIC 2023

Pablo Souza

Design, gênero e normatividade: o vestuário, a moda e o design


na construção de identidade da comunidade BDSM e seus
movimentos políticos sociais na cidade de Brasília.

1) Problema e Objetivos

Este artigo tem como objetivo analisar a história da Moda como um elemento
cultural e de construção de identidade, com foco no papel do vestuário BDSM na
materialização de conceitos identitários. Além disso, busca compreender como essa moda
tem sido uma ferramenta para ações sociais revolucionárias em prol da liberdade sexual
e da expressão de gênero. O design é considerado um mediador para traçar o perfil da
cultura material no contexto de Brasília, investigando os principais movimentos políticos
e sociais do século XX que surgiram na cidade.
O estudo examinará o contexto urbano a partir das décadas de sessenta, com o
intuito de contextualizar Brasília como símbolo e analisar a construção da identidade dos
grupos dentro das normas tradicionais vigentes. Além disso, pretende compreender como
as manifestações políticas e sociais representam uma ruptura de paradigmas em relação à
liberdade e ao gênero. Será realizada uma investigação sobre a manifestação do design
de moda nas produções culturais em contextos urbanos, incluindo uma análise
comparativa das estéticas contemporâneas. Também serão explorados os espaços
destinados às atividades culturais em Brasília e a relação entre vestuário, moda e
construção da identidade cultural nesse contexto.
Essas interferências contribuem para a formação de um imaginário da cidade.
Segundo Armando Silva (2014), a arte urbana "alimenta-se de momentos históricos, e
seus realizadores anônimos são os agentes que, com certas características pessoais ou
grupais, materializam, através de escritas ou representações ocasionais, desejos e
frustrações de uma coletividade".
Com o objetivo contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e
diversa, promovendo a inclusão e valorizando a diversidade. Nesse contexto, as políticas
de memória surgem como uma forma de resistência, ampliando a voz dos sujeitos
marginalizados e criando novas possibilidades de ocupação no imaginário urbano. Por
meio da análise do design do vestuário dessa comunidade, busca-se compreender a
complexidade e a multiplicidade da subjetividade na organização da cidade.
Ao considerar os estudos de gênero, o design e a comunicação, torna-se possível
compreender as dinâmicas de poder que afetam esses sujeitos marginalizados,
reconhecendo sua capacidade de produzir subjetividade e atuar como agentes sociais.
Essa compreensão abre espaço para propor estratégias que ampliem suas vozes e
aspirações, desafiando os dispositivos de poder existentes. A intervenção urbana, inserida
no contexto da arte pública, surge como uma forma de expandir a presença dessas vozes
marginalizadas e promover diálogos com a cidade.

Metodologia:

- Fazer o levantamento do vestuário como objeto simbólico, no cenário urbano de


Brasília da década de sessenta e da contemporaneidade, que trabalhe com a formação
identitária desta cultura material;
- Listar e registrar os principais locais onde os eventos, as atividades e os movimentos
culturais destacaram os grupos sociais que traduziram no vestuário e na moda um
traço identitário da cultura que se delineava em Brasília;
- Relacionar as diferentes vestimentas encontradas, enumerá-las e relacioná-las à
estética do vestuário e da moda vigente; vestimentas que documentam cada tempo
histórico marcando as características mais relevantes da cultura do vestir.
- Pesquisar em bibliografia especializada, pontos específicos relacionados à história
social do vestuário e da moda, com foco na década de sessenta, período realçado a
este estudo para traçar um paralelo com a contemporaneidade;
- Mostrar como o design atua como mediador no processo de construção de
identidade de grupos de cultura a partir dos códigos da moda e do vestuário;
- Concluir e apresentar a redação do projeto de pesquisa.

5) Objetivo Geral

- Explorar o contexto urbano e o cenário de Brasília para fazer um levantamento de como


os grupos ligados a esse movimento construíram suas identidades. Por fim, buscar
entender como as manifestações artísticas, políticas e sociais trazem em si uma ruptura
de paradigmas e espaços outros que reivindicam direitos de liberdade e gênero.

5.1) Objetivo específicos

- Observar o contexto urbano das principais manifestações da cena BDSM em Brasília e


contextualizá-lo como objeto simbólico na busca de uma identidade construída sob as
normas tradicionais vigentes.

- Compreender como o design, a representação e a performance através do corpo como


linguagem se expressam nas manifestações culturais em contextos urbanos envolvendo
intervenções sociais. Também intenciona-se explorar estéticas na contemporaneidade
como um estudo comparativo.

- Investigar como os espaços destinados às atividades culturais que se organizam em


Brasília.

- Analisar como as performances, vestuário, objetos e acessórios estão inseridos em tal


contexto e a sua relação como sujeito na construção da identidade cultural.
Bibliografia:

AMBRA, Pedro. As subversões do erótico. São Paulo: Editora Bregantini, 2022.-


(Coleções ecos ; 3)
BATAILLE, Georges. O erotismo. Porto Alegre: L&PM, 1987.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
DELEUZE, Giles. Michel Foucault, Filósofo. Barcelona: Editorial Gedisa, 1990.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade: A vontade de saber (Vol. 1). São
Paulo: Edições Graal, 2010. ______. Microfísica do poder. Tradução de Roberto
Machado. Rio de Janeiro: Graal, 1982. ______. Nascimento da biopolítica: Curso dado
no Collège de France (1978-1979). São Paulo: Martins Fontes, 2008. ______. Vigiar e
punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1987.
LEFÈBVRE, Henri. A produção do espaço. Tradução de Doralice Barros Pereira e
Sérgio Martins. São Paulo: Ed. Moraes, 1991.
LOURO, Guacira Lopes. Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria
Queer. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
MBEMBE, Achille. Necropolítica. São Paulo: n-1 edições, 2018.
PEIXOTO, Nelson Brissac. Intervenções urbanas. Rua, Campinas, número especial,
p.81-88, 1999.

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