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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

COLEGIADO DE ENGENHARIA MECÂNICA

CIÊN0004 – CIÊNCIA E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS

TEMA – DIAGRAMA DE FASES I

Docente: Prof. Nelson Cárdenas Olivier


email: nelson.cardenas@univasf.edu.br
OBJETIVOS

Que uma vez concluída a aula o aluno deve ser capaz de:

• Conhecer que é um Diagrama de Fases.

• Saber que é um Diagrama de Fases em Condições de


Equilíbrio.

• Conhecer que são Sistemas Isomorfos Binários.

• Entender como são determinadas as Composições das


Fases.

• Saber como determinar as Quantidades das Fases


utilizando a Regra da Alavanca

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SUMARIO
1. Introdução aos Diagramas de Fases
• Limite de Solubilidade
• Fases
• Microestrutura
• Equilíbrio de Fases
• Diagramas de Fases em Condições de Equilíbrio
2. Sistemas Isomorfos Binários
• Fases Presentes
• Determinação das Composições das Fases
• Determinação das Quantidades das Fases (Regra
da Alavanca)

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1.INTRODUÇÃO AOS DIAGRAMAS DE FASES
DIAGRAMA DE FASE
Um mapa que permite prever a Microestrutura de um material em
função da Temperatura e Composição de cada componente.

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1.INTRODUÇÃO AOS DIAGRAMAS DE FASES

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1.INTRODUÇÃO AOS DIAGRAMAS DE FASES

IMPORTÂNCIA DOS DIAGRAMAS DE FASES

• Existe uma forte correlação entre a microestrutura e as


propriedades mecânicas dos materiais

- dá informações sobre microestrutura e propriedades


mecânicas em função da temperatura e composição

• Fornecem informações valiosas sobre os fenômenos:

- fusão;

- solidificação;

- cristalização e outros.

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CONCEITOS
1.INTRODUÇÃO AOS DIAGRAMAS DE FASES

CONCEITOS BÁSICOS

COMPONENTE
Metal puros e/ou compostos que compõem uma liga.
Exemplo - latão (cobre-zinco) Componentes - Cu e Zn

SISTEMA
Dois significados possíveis:
- porção específica de matéria submetida a estudo - Exemplo: panela de
fundição com aço fundido.
- conjunto de ligas possíveis formadas a partir de determinados
componentes - Exemplo: ligas Fe-C.

SOLVENTE
Elemento ou composto que está presente em maior quantidade;
ocasionalmente (também chamados de Átomos Hospedeiros).

SOLUTO
Elemento ou composto que está presente em menor concentração.
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1.INTRODUÇÃO AOS DIAGRAMAS DE FASES

CONCEITOS BÁSICOS

SOLUÇÃO SÓLIDA
- pelo menos dois tipos diferentes de átomos;
- os átomos de soluto ocupam posições substitutivas ou
intersticiais no retículo cristalino do solvente;
- estrutura cristalina do solvente é mantida.

Ferro Zinco
Carbono
Cobre

INTERSTICIAL SUBSTITUCIONAL

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LIMITE DE SOLUBILIDADE
2. LIMITE DE SOLUBILIDADE

Concentração máxima de átomos de soluto que pode se


dissolver no solvente para formar uma Solução Sólida.

Dependente da temperatura.

Vai crescer com o aumento da temperatura.

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FASES
3. FASES

Uma porção homogênea de um sistema que possui


características físicas e químicas uniformes.

Considera-se como uma fase:


- material puro;
- soluções sólidas;
- soluções líquidas;
- soluções gasosas.

Exemplos
Solução de xarope açúcar-água é uma fase, enquanto o
açúcar sólido é uma outra fase.
- Cada uma dessas fases possui propriedades físicas e
química diferente.

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3. FASES

Quando DUAS FASES estão presentes em um SISTEMA:

- não é necessário que existam diferenças tanto nas


propriedades físicas como nas propriedades químicas;

- uma disparidade em um ou no outro conjunto de


propriedades já é suficiente.

EXEMPLO:

Recipiente com água e gelo:


- mesma composição química;
- propriedades físicas diferentes.

Substância pode existir em duas ou mais formas polimórficas


possui estruturas tanto CFC como CCC:
- cada uma dessas estruturas consiste em uma fase separada;
- características físicas são diferentes. 11
3. FASES

SISTEMA HOMOGÊNEO - Possui uma única fase.

SISTEMAS HETEROGÊNEOS ou MISTURAS - Sistemas


compostos por duas ou mais fases.

A maioria das Ligas Metálicas e Sistemas Cerâmicos,


Poliméricos e Compósitos - SISTEMAS HETEROGÊNEOS.

As fases interagem de tal maneira que a combinação das


propriedades do Sistema Heterogêneos é diferente de
qualquer uma das fases individuais e mais atrativa que estes.

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MICROESTRUTURA
4. MICROESTRUTURA

Muitas vezes, as propriedades físicas (comportamento


mecânico) de um material dependem da microestrutura.

A microestrutura é caracterizada pelo número de fases


presentes, suas proporções, distribuição e morfologia.

A microestrutura depende:
- elementos de liga presentes;
- concentrações dos elementos;
- Tratamentos Térmicos - Aquecimento, permanência na
temperatura e resfriamento).

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EQUILÍBRIO DE FASES
5. EQUILÍBRIO DE FASES

Descrito em termos de uma grandeza termodinâmica


conhecida por energia livre.

ENERGIA LIVRE
- função da energia interna, desordem dos átomos ou
moléculas (ou entropia).

SISTEMA ESTÁ EM EQUILÍBRIO


Sua energia livre se encontra em um valor mínimo para
alguma combinação específica de temperatura, pressão e
composição.

MACROSCOPICAMENTE
Significa que as características do sistema não mudam ao
longo do tempo - SISTEMA É ESTÁVEL.

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5. EQUILÍBRIO DE FASES

FASES DE EQUILÍBRIO
Suas propriedades ou características não mudam com o tempo.

FASES METAESTÁVEIS
Suas propriedades ou características mudam lentamente com o
tempo, ou seja, o estado de equilíbrio não é nunca alcançado.
No entanto, não há mudanças muito perceptíveis com o tempo na
microestrutura das fases metaestáveis.

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DIAGRAMAS DE FASES
6. DIAGRAMAS DE FASES EM CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO
DIAGRAMAS DE FASES EM EQUILÍBRIO
(Diagrama de Equilíbrio ou Diagrama Constitucional)
Representam as relações entre a Temperatura e as Composições,
e as Quantidades de cada Fase em Condições de Equilíbrio.

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6. DIAGRAMAS DE FASES EM CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO

VARIÁVEIS:
- temperatura; - pressão externa - constante
- composição. uma atmosfera (1 atm)

Influencia a estrutura das


fases - Para a maioria das
aplicações em metalurgia, a
pressão é constante (1 atm)

COMPOSIÇÃO - eixo horizontal

TEMPERATURA - eixo vertical

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6. DIAGRAMAS DE FASES EM CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO

LIGA BINÁRIA (contém dois componentes)


- mais simples;
- mais de dois componentes - mais difíceis de serem
representados.

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INFORMAÇÕES
6. DIAGRAMAS DE FASES EM CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO

INFORMAÇÕES QUE PODEMOS OBTER:

• quais as fases presentes;

• quais a temperaturas de início e de fim de solidificação


da liga;

• qual a composição de cada fase;

• qual a quantidade (%) de cada fase.

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SISTEMAS ISOMORFOS BINÁRIOS
7. SISTEMAS ISOMORFOS BINÁRIOS
Os componentes apresentam SOLUBILIDADE TOTAL tanto na
fase LÍQUIDA quanto na fase SÓLIDA.
EXEMPLO - Sistema Cu - Ni

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7. SISTEMAS ISOMORFOS BINÁRIOS
SISTEMA Cu – Ni a composição varia:
- 100% Ni - na extremidade direita - 100% Cu - na extremidade esquerda.

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7. SISTEMAS ISOMORFOS BINÁRIOS
Três regiões, ou campos, de fases diferentes
Cada região é definida pela fase ou pelas fases que existem ao
longo das faixas de temperaturas e de composições que estão
delimitadas pelas curvas de fronteira entre as fases.

• campo sólido alfa (α)

• campo líquido (L)

• campo bifásico (α + L)

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7. SISTEMAS ISOMORFOS BINÁRIOS
Líquido (L) - solução líquida homogênea (Cu e Ni).
Sólida (α) - solução sólida substitutiva (átomos Cu e Ni) e que
possui uma estrutura cristalina CFC.

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7. SISTEMAS ISOMORFOS BINÁRIOS
Ligas metálicas - as soluções sólidas são designadas
usualmente por letras gregas minúsculas (α, β, γ etc).
As curvas que separa os campos das fases:

- Curva Liquidus;

- Curva Solidus.

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7. SISTEMAS ISOMORFOS BINÁRIOS
Curvas Solidus e Liquidus se interceptam nas duas
extremidades de composição ( Tf dos componentes puros).

- Tf (Cu puro) - 1085°C - Tf (Ni puro) - 1453°C,

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7. SISTEMAS ISOMORFOS BINÁRIOS
Composições fora dos componentes puros:
- fusão ocorrerá ao longo de uma faixa de temperatura entre
as curvas Solidus e Liquidus;
- as duas fases, sólido a e líquida, estarão em equilíbrio dentro
desta faixa de temperaturas.

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7. SISTEMAS ISOMORFOS BINÁRIOS
EXEMPLO
Aquecendo uma liga com composição de 50% Ni e 50% Cu
- Início da fusão a aproximadamente 1280°C
(a quantidade da fase líquida aumenta continuamente com a
elevação da temperatura)
- a 1320°C - a liga fica completamente líquida.

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FASES PRESENTES
7.2. FASES PRESENTES
Localizar o ponto temperatura-composição no diagrama de fases
e observar com qual(is) fase(s) o campo de fases
correspondente está identificado.
EXEMPLO
A - Liga 60%p Ni - 40%p Cu a 1100°C - fase α
B - Liga 35%p Ni - 65%p Cu a 1250°C - fases α e L em equilíbrio

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COMPOSIÇÕES DAS FASES
7.3. DETERMINAÇÃO DAS COMPOSIÇÕES DAS FASES
(concentrações dos componentes)

Localizar o ponto temperatura-composição correspondente no


diagrama de fases.

DOIS MÉTODOS DIFERENTES

• Regiões Monofásicas

• Regiões Bifásicas

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7.3. DETERMINAÇÃO DAS COMPOSIÇÕES DAS FASES

REGIÕES MONOFÁSICAS

A composição dessa fase será a mesma da composição global


da liga.
EXEMPLO - Ponto A – fase α
Composição da Liga 60%p Ni - 40%p Cu a 1100°C

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REGIÕES BIFÁSICAS
7.3. DETERMINAÇÃO DAS COMPOSIÇÕES DAS FASES
REGIÕES BIFÁSICAS
LINHA DE AMARRAÇÃO ou ISOTERMA
- Linhas horizontais que se estendem através da região bifásica
e terminam nas curvas de fronteira entre fases em ambos os
lados, a cada temperatura diferente.

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7.3. DETERMINAÇÃO DAS COMPOSIÇÕES DAS FASES
PROCEDIMENTO PARA CALCULAR AS CONCENTRAÇÕES
DAS DUAS FASES EM CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO:
1. Constrói-se uma linha de amarração através da região bifásica
à temperatura da liga.

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7.3. DETERMINAÇÃO DAS COMPOSIÇÕES DAS FASES
PROCEDIMENTO PARA CALCULAR AS CONCENTRAÇÕES
DAS DUAS FASES EM CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO:
2. Anotam-se as interseções da linha de amarração com as
fronteiras entre as fases em ambos os lados.

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7.3. DETERMINAÇÃO DAS COMPOSIÇÕES DAS FASES
3. Traçam-se linhas perpendiculares à linha de amarração a
partir dessas interseções até o eixo horizontal das composições,
onde a composição em cada uma das respectivas fases pode ser
lida.

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7.3. DETERMINAÇÃO DAS COMPOSIÇÕES DAS FASES
EXEMPLO - Liga 35%p Ni - 65%p Cu a 1250°C (ponto B)
Determinar a composição (em %p Ni e %p Cu) tanto para a fase
α como para a fase líquida.
- A Linha de amarração através da região de fases α + L
- interseção da Linha de amarração com a Curva Liquidus
Solução Líquida composta (CL de 31,5%p Ni - 68,5%p Cu)
- interseção da linha de amarração com a Curva Solidus
Solução Sólida composta (Cα de 42,5%p Ni - 57,5%p Cu)

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QUANTIDADES DAS FASES
7.4. DETERMINAÇÃO DAS QUANTIDADES DAS FASES
(como fração ou como porcentagem)

DOIS MÉTODOS DIFERENTES

• Regiões Monofásicas

• Regiões Bifásicas

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7.4. DETERMINAÇÃO DAS QUANTIDADES DAS FASES

REGIÕES MONOFÁSICAS
Somente uma fase está presente, a liga é composta inteiramente
por aquela fase.
- a fração da fase é 1,0. - percentual é de 100%.

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7.4. DETERMINAÇÃO DAS QUANTIDADES DAS FASES

REGIÕES BIFÁSICAS (REGRA DA ALAVANCA)

1. A Linha de amarração é construída através da Região


Bifásica na temperatura da liga.

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7.4. DETERMINAÇÃO DAS QUANTIDADES DAS FASES

REGIÕES BIFÁSICAS (REGRA DA ALAVANCA)

2. A composição global da liga é localizada sobre a linha de


amarração.

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7.4. DETERMINAÇÃO DAS QUANTIDADES DAS FASES

REGIÕES BIFÁSICAS (REGRA DA ALAVANCA )


3. A FRAÇÃO de uma FASE (W) é calculada tomando-se o
comprimento da linha de amarração desde a Composição Global
da liga (Co) até a fronteira entre fases com a outra fase e então
dividindo-se esse valor pelo comprimento total da linha de
amarração.

S
WL 
RS

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7.4. DETERMINAÇÃO DAS QUANTIDADES DAS FASES

REGIÕES BIFÁSICAS (REGRA DA ALAVANCA )

4. A FRAÇÃO da outra FASE é determinada de maneira


semelhante.

R
W 
RS

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7.4. DETERMINAÇÃO DAS QUANTIDADES DAS FASES

REGRA DA ALAVANCA
Eixo da composição - escala dividida em porcentagem em peso,
as frações das fases calculadas usando-se a regra da alavanca
são dadas em frações mássicas - a massa (ou peso) de uma
fase específica dividida pela massa (ou peso) total da liga.
A massa de cada fase é calculada a partir do produto entre a
fração de cada fase e a massa total da liga.

Co  C L
W 
C  C L

R
W 
RS

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EXEMPLO
7.4. DETERMINAÇÃO DAS QUANTIDADES DAS FASES
REGRA DA ALAVANCA
EXEMPLO – Liga de Cu - Ni
- liga binária - composição só para um dos constituintes
Dados – para Ni
Co = 35%p; Cα = 42,5%p; CL = 31,5%p

C  C o
WL 
C  C L

42,5  35
WL   0,68
42,5  31,5

Co  C L
W   0,32
C  C L
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7.4. DETERMINAÇÃO DAS QUANTIDADES DAS FASES

REGIÕES BIFÁSICAS (REGRA DA ALAVANCA )

5. Porcentagens das fases - a fração de cada fase é


multiplicada por 100.

WL  68%

W  32%

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RESUMO
RESUMO DA AULA

1. Introdução aos Diagramas de Fases


• Limite de Solubilidade
• Fases
• Microestrutura
• Equilíbrio de Fases
• Diagramas de Fases em Condições de Equilíbrio
2. Sistemas Isomorfos Binários
• Fases Presentes
• Determinação das Composições das Fases
• Determinação das Quantidades das Fases (Regra
da Alavanca)

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BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
[1]. CALLISTER Jr, W. D. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma
introdução, Rio de Janeiro, 5a Ed. LTC. 2002.

[2]. SHACKELFORD, J. F. Ciência e Engenharia de Materiais. São


Paulo, 6ª Ed. Pearson Prentice Hall. 2008.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:

[3]. VAN VLACK, L. H. Princípios de Ciência e Tecnologia dos


Materiais. Rio de Janeiro, 4ª Ed. Elsevier. 2003.

[4]. CHIAVERINI, V. Tecnologia Mecânica Vol. 1, São Paulo. Ed.


Pearson,1976.
.
46
EXERCÍCIO PARA FAZER EM CASA
EXERCÍCIO PARA FAZER EM CASA

TRABALHAR NA LISTA 5

47
TEMA DA PRÓXIMA AULA
TEMA DA PRÓXIMA AULA

DIAGRAMA DE FASES II

48
FIM

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