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CIÊNCIA DOS MATERIAIS

- MICROESTRUTURA-

Luciana Cordeiro - 2017


Introdução
ESTRUTURA PROPRIEDADES
CIÊNCIA DOS MATERIAIS

ESTRUTURA ATÔMICA
ESTRUTURA CRISTALINA
MICROESTRUTURA

A MICROESTRUTURA compreende o estudo das fases presentes em um material. Essas são


avaliadas quanto a sua natureza, composição, quantidade, tamanho, forma, distribuição e
orientação. A conjugação destes fatores complementa a definição de propriedades iniciadas pela
ESTRUTURA ATÔMICA e ESTRUTURA CRISTALINA do material.
Introdução
Introdução
 Microestrutura pode ser alterada para se fazer uso de
propriedades mais adequadas em determinadas
aplicações
Como:
– deformação plástica;
– recristalização;
– adição de novas fases;
– manipular as fases (quantidades,
proporções, tamanho e distribuição).

 Muito da informação sobre o controle de


microestrutura ou estrutura de fase de um sistema
particular de liga é convenientemente expressa na
forma de um diagrama de fases, às vezes também
denominado de diagrama de equilíbrio ou diagrama
constitucional.
Introdução
 Diversas microestruturas:
Introdução
 Fase é a porção homogênea de um sistema que tem igual composição química, estrutura cristalina e
interfaces com o meio
Diferentes fases são apresentadas: cristalina ou não
(fase vítrea), proporção, tamanho, forma, orientação,
distribuição, orientação. Portanto:

Microestrutura de uma única Microestrutura de duas fases


fase de um molibdênio puro, da perlita (aço com 0,8% de
com muitos grãos de C), apresenta camadas
composição uniforme (200x). alternada de ferrita e
cementita (500x).
Introdução
 Os CRITÉRIOS DE ANÁLISE da microestrutura são:
1. FASES PRESENTES
2. COMPOSIÇÃO DAS FASES
3. PROPORÇÃO DAS FASES
4. TAMANHO (DISTRIBUIÇÃO DE TAMANHO) DAS FASES
5. DISTRIBUIÇÃO DAS FASES
6. FORMA DAS FASES
7. ORIENTAÇÃO DAS FASES

-As propriedades de um material vão variar de acordo com a variação


de qualquer um destes critérios no material.
-A variação pode ser significativa ou não significativa, depende da
propriedade e do projeto.
-Em um projeto de Engenharia, procura-se manter a microestrutura de
um material sob controle, sendo estes critérios os parâmetros de
análise da microestrutura.
Introdução
 O que são Diagramas de Fase?
 Mapas que representam a relação de fases em função da temperatura, pressão e composição
química
 Fornecem informação necessária em um dado material
Diagrama de fase unário para a H2O

Escala logarítmica para o eixo da pressão


Solubilidade
Um material pode ser resultado da combinação de diferentes componentes:

- por formação de soluções


(tipo de solubilização, dependendo do tamanho dos raios:
substucional ou intersticial)

- por formação de misturas heterogêneas

- totalmente miscíveis
Quanto a solubilidade pode-se - totalmente imiscíveis
classificar as soluções em: - miscibilidade parcial
Solubilidade
 Os diagramas de fase podem representar sistemas:
 Solubilidade total
 Solubilidade parcial
 Insolubilidade
 Limite de solubilidade:
 É a concentração máxima de átomos de soluto que pode dissolver-se no solvente, a
uma dada temperatura, para formar uma solução sólida.

Sistema água-açúcar
C12H22O11-H2O
Açúcar em excesso
C12H22O11

Quando o limite de solubilidade é


ultrapassado forma-se uma segunda fase
com composição distinta
Solubilidade
 Fase
 É a porção homogênea de um sistema que tem características físicas e químicas uniformes

Todo material puro e SOLUÇÕES SÓLIDAS,


liquidas e gasosas formadas por dois ou mais
COMPONENTES são consideradas como uma
única fase

 Uma fase é identificada pela composição química e microestrutura


 A interação de 2 ou mais fases em um material permite a obtenção de propriedades
diferentes
 É possível alterar as propriedades do material alterando a morfologia e distribuição das
fases
Solubilidade
 Algumas microestruturas:

Microestrutura de uma única fase de um Microestrutura de duas fases da perlita (aço


molibdênio puro, com muitos grãos de com 0,8% de C), apresenta camadas alternada
composição uniforme (200x). de ferrita e cementita (500x).
Solubilidade
Ao misturar o elemento A e o B na solidificação pode se formar uma solução
sólida/fase com características distintas das de A ou de B

Solução sólida vs mistura

Fase homogênea de Heterogênea : mais


composição química de uma fase presente
variável
Solubilidade
 Total miscibilidade:
 Exemplo: mistura água + álcool

Um componente dissolve o outro em


quantidade ilimitada
Ex.: CuNi
Solubilidade
 Total imiscibilidade:
 Exemplo: mistura água + óleo

Mesmo com agitação e temperatura não se


obtém uma única fase
Ex.: Pb e Cu
Solubilidade
 Miscibilidade limitada:
 Exemplo: mistura água + açúcar
água + sal
Um componente dissolve o outro
em quantidade limitada
Ex.: Sn e Pb
Formação da Microestrutura
Formação da Microestrutura
Difusão: mecanismo pelo qual a matéria é transportada através da matéria
 Átomos em sólidos, líquidos e gases: migram ao longo do tempo
Gases: movimentos atômicos relativamente rápidos. Ex.: movimento rápido de
aromáticos ou fumaças.
Líquidos: movimentos atômicos mais lentos que nos gases. Ex.: movimento da
tinta em solventes.
Sólidos: movimentos atômicos dificultados devido a ligação dos átomos em
posições de equilíbrio; temperatura (vibrações térmicas) permitem o movimento
atômico. Ex.: reações no estado sólido: precipitação de 2ª fase; nucleação e
crescimento de novos grãos na recristalização de um metal deformado.
Dois tipos de mecanismos de difusão atômica em redes cristalinas: substitucional
(ou por lacunas) e intersticial
Diagramas de Fase
Diagramas de Fase
 Informações fornecidas pelo diagrama de fases:
 Temperatura de fusão
 Fases presentes em função da temperatura
 Composição química das fases
 Proporção das fases
 Limite de solubilidade
 Distribuição de fases
Diagramas de Fase
 Solubilidade do sal na água em função da temperatura:
DIAGRAMA DE FASES
Diagramas de Fase
LIMITE DE SOLUBILIDADE: é a concentração máxima de átomos de soluto que pode
dissolver-se no solvente, a uma dada temperatura, para
formar uma solução líquida, no caso salmoura

 Quando o limite de
solubilidade é ultrapassado,
forma-se uma segunda fase
com composição distinta a
solução líquida, já saturada. No
caso, salmoura + sal.
Diagramas de Fase

Fronteiras entre as fases


• A diagrama de fases fornece informações sobre os seguintes
critérios de análise da microestrutura:

1. FASES PRESENTES
2. COMPOSIÇÃO DAS FASES REGRA DA ALAVANCA

3. PROPORÇÃO DAS FASES


Diagramas de Fase
Miscibilidade Limitada: mistura água + açúcar  Quantas fases estão
presentes em cada um
dos sistemas A, B, C
indicados na figura?
 Qual a composição
de cada fase em cada
sistema?
Qual a proporção de
cada fase nos sistemas
acima?

REGRA DA ALAVANCA
 Ponto A: Somente a fase líquida
 Ponto B: Equilíbrio entre as fases líquida e vapor
 Ponto C: As três fases estão em equilíbrio (ponto triplo ou invariante)
Diagramas de Fase
 Regra da Alavanca:
Diagramas de Fase
 Regra da Alavanca:

𝑏𝑟𝑎ç𝑜 𝑜𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑙𝑎𝑣𝑎𝑛𝑐𝑎


𝑅𝑒𝑔𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝑎𝑙𝑎𝑣𝑎𝑛𝑐𝑎 =
𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎çã𝑜
Diagramas de Fase
 Regra da Alavanca:
• REGRA DA ALAVANCA
• FASES PRESENTES, PROPORÇÃO E COMPOSIÇÃO
2 PROPORÇÃO DAS FASES NO
XAROPE

YO x 100 =%xarope XO x 100 =% açúcar


XY XY

O
X Y

3 COMPOSIÇÃO DO XAROPE % açúcar no xarope 1 FASES


PRESENTES

Composição inicial da mistura


Diagramas de Fase
Porcelana
aluminosa

Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0366-69132004000300002
Diagramas de Fase
 Fases de equilíbrio:
 Suas propriedades ou características não mudam com o tempo
 Geralmente são representadas nos diagramas por letras gregas

 Fases metaestáveis:
 Suas propriedades ou características mudam lentamente com o tempo, ou seja, o
estado de equilíbrio não é nunca alcançado. No entanto, não há mudanças muito
perceptíveis com o tempo na microestrutura das fases metaestáveis.
Diagramas de Fase
 Equilíbrio de fases:

 O diagrama fornece informações sobre as características em equilíbrio, entretanto não indica


o intervalo de tempo necessário para que o novo equilíbrio seja atingido
Diagramas de Fase
 Diagrama de Fases de Solução Sólida Ilimitada:

•Todo diagrama de fases de solução sólida ilimitada possui a linha LÍQUIDUS e


SÓLIDUS

LINHA LÍQUIDUS: determina o lugar geométrico das temperaturas


acima das quais tem-se somente líquido

LINHA SÓLIDUS: determina o lugar geométrico das temperaturas


abaixo das quais tem-se somente sólido
Diagramas de Fase
 A solubilidade de fases em função da temperatura (pressão = 1 atm) pode ser
representada por diagramas de fases
Diagrama de solução sólida Diagrama sem solução Diagrama de solução sólida
ilimitada sólida limitada

ANÁLOGO água + açúcar


água + álcool água + óleo
Diagramas de Fase
 Diagrama de Fases de Solução Sólida Ilimitada:
Solução sólida ilimitada

Fases presentes:
L - líquido
SS - sólida
Componentes:
AeB
Linhas:
Líquidus
Sólidus

Diagrama de fase binário mostrando a total miscibilidade de A em B


Diagramas de Fase
 Diagrama de Fases de Solução Sólida Ilimitada:
Solução sólida ilimitada

Microestruturas características de diferentes regiões em um


diagrama de fases com com solução ilimitada.
Exemplo de diagrama de solução sólida ilimitada: Cu Ni

Determine as fases presentes, proporção e composição para o diagrama CuNi


na T 1250°C com composição inicial de 40%Ni 60%Cu.
Exemplo 3: T 1260°C - 40%Ni 60%Cu.
Fases Presentes: L

Proporção das Fases:


%L= 43-40 *100 = 30%
43-33
%  = 40-33 *100= 70%
43-33

Composição das Fases:


L 33% Ni e 77% Cu
 43% Ni e 57% Cu
Diagramas de Fase
 Diagrama de fase unário:
 Para um único componente

 Diagrama de fase binário:


 Para um sistema de dois componentes

 Diagrama de fase ternário:


 Para um sistema de três componentes

 Diagrama de fase isomorfo:


 Os componentes do sistema apresentam solubilidade ilimitada
Diagramas de Fases Binários
 Os diagramas de fases binários são mapas
que representam as relações entre a
temperatura e as composições e quantidades
das fases em equilíbrio
 São úteis para prever as transformações de
fases e as microestruturas resultantes, que
podem apresentar uma natureza de equilíbrio
ou de ausência de equilíbrio

Diagrama de fases
Sistema Cobre-Níquel
Sistema isomorfo binário
Diagramas de Fases Binários
 Composição varia de 0%p Ni e 100%p Ni
 Três regiões (campos) de fases diferentes:
campo (α), campo líquido (L) e um campo
bifásico (α + L)
 Campo L é uma solução líquida homogênea
de Cobre e Níquel
 A fase α é uma solução sólida substitucional
contendo átomos de Cu e Ni com estrutura
cristalina CFC
 Completa solubilidade do cobre e níquel nos
estados líquidos e sólidos – SISTEMA
ISOMORFO
Diagramas de Fases Binários
 Soluções sólidas são designadas nos diagramas
usualmente por letras gregas (α, β, γ)
 Linha liquidos determina o lugar geométrico das
temperaturas acima das quais tem-se somente
líquido
 Linha solidus determina o lugar geométrico das
temperaturas abaixo das quais tem-se somente Linha
sólido liquidus
Linha
 As linhas liquidus e solidus se interceptam nos solidus
pontos de fusão dos componentes puros
Interpretação dos Diagramas de Fase
 Determinação das composições das fases presentes:
 Localizar o ponto temperatura-composição no diagrama de fases

Se mais de uma fase estiver presente


1) Uma linha de amarração é construída através
da região bifásica na temperatura em que a
Linha de
liga se encontra
amarração 2) São anotadas as interseções da linha de
amarração com as fronteiras entre as fases
em ambas extremidades
3) A partir das interseções, são traçadas linhas
perpendiculares à linhas de amarração, até o
eixo horizontal das composições, onde são
lidas as composições de cada uma das fases
Interpretação dos Diagramas de Fase
 Determinação das composições das fases presentes:
 Exemplo: Ponto B – temp. 1250°C – 35%Ni 65%Cu

Fases presentes: L - líquido


α - sólido

Proporção das fases:


Linha de
amarração 𝟒𝟓 − 𝟑𝟓
%𝑳 = ∗ 𝟏𝟎𝟎 = 𝟖𝟑%
𝟒𝟓 − 𝟑𝟑

𝟑𝟓 − 𝟑𝟑
% ∝= ∗ 𝟏𝟎𝟎 = 𝟏𝟕%
𝟒𝟓 − 𝟑𝟑

Composição das fases:

Líquida (L) 33% Ni e 67% Cu


Sólida (α) 45% Ni e 55% Cu
Diagramas de Fases Binários Isomorfo
 Solidificação da liga considerando condições reais
 A microestrutura só segue o diagrama de equilíbrio para velocidades de
solidificação lentas
 Na prática, não há tempo para a difusão completa e as microestruturas
não são exatamente iguais às do equilíbrio
 O grau de afastamento do equilíbrio dependerá da taxa de resfriamento
 Como consequência da solidificação fora do equilíbrio tem-se a
segregação (a distribuição dos 2 elementos no grão não é uniforme,
sendo o centro do grão mais rico do elemento com o elemento de maior
ponto de fusão)

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