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CIÊNCIAS DOS

MATERIAIS
Capítulo IV
Diagramas de fases

Prof. Dr. André Carlos Silva


Universidade Federal de Catalão
1. INTRODUÇÃO
⚫ O entendimento de diagramas de fases para
sistemas de ligas é extremamente importante
porque existe uma forte correlação entre a
microestrutura e as propriedades mecânicas,
sendo que o desenvolvimento da
microestrutura de uma liga está relacionado
às características de seu diagrama de
fases.
1. INTRODUÇÃO
⚫ Adicionalmente diagramas de fases
fornecem valiosas informações sobre fusão,
solidificação, cristalização e outros
fenômenos.
1. INTRODUÇÃO
⚫ É necessário estabelecer uma base de
definições e conceitos básicos relacionados
a ligas, fases e equilíbrio antes de estudar a
interpretação e a utilização de diagramas de
fases.

⚫ O termo componente é freqüentemente


usado nesta discussão: componentes são
metais puros e/ou compostos dos quais uma
liga é constituída.
1. INTRODUÇÃO
⚫ Por exemplo, num latão de cobre-zinco, os
componentes são Cu e Zn.

⚫ Soluto e solvente, que são também termos


comuns, já foram definidos.

⚫ Outro termo usado neste contexto é sistema,


que tem 2 significados.
1. INTRODUÇÃO
⚫ Primeiro, sistema pode referir-se a um corpo
específico de material sob consideração (por
exemplo, uma panela de aço líquido).

⚫ Ou, ele pode relacionar à uma série de


possíveis ligas do mesmo componente, mas
sem consideração à composição da liga (por
exemplo, sistema ferro-carbono).
1. INTRODUÇÃO
⚫ Relembrando, uma solução sólida consiste
de átomos de pelo menos dois diferentes
tipos; os átomos de soluto ocupam posições
quer substitucionais quer intersticiais na rede
do solvente, e a estrutura cristalina do
solvente é mantida.
2. LIMITE DE SOLUBILIDADE
⚫ Para muitos sistemas de ligas em
temperaturas específicas, existe uma
máxima concentração de átomos de soluto
que podem se dissolver no solvente para
formar uma solução sólida; isto é
denominado limite de solubilidade.

⚫ A adição de soluto em excesso a este limite


de solubilidade resulta na formação de uma
outra solução sólida ou um composto que
tenha composição distintamente diferente.
2. LIMITE DE SOLUBILIDADE
⚫ Para ilustrar este conceito, considere-se o
sistema açúcar-água (C12H22O11-H2O).

⚫ Inicialmente, à medida em que açúcar é


adicionado à água, a solução açúcar-água ou
xarope se forma.
2. LIMITE DE SOLUBILIDADE
⚫ À medida em que mais açúcar é introduzido,
a solução se torna mais concentrada, até que
o limite de solubilidade seja atingido e a
solução se tornará saturada com açúcar.

⚫ Neste ponto a solução não é mais capaz de


dissolver nenhum açúcar e novas adições
simplesmente sedimentam-se na base do
recipiente.
2. LIMITE DE SOLUBILIDADE
⚫ Assim, o sistema agora consiste de duas
substâncias separadas: uma solução líquida açúcar-
água e cristais sólidos de açúcar não dissolvidos.

⚫ O limite de solubilidade do açúcar em água


depende da temperatura da água e pode ser
representado na forma gráfica num gráfico de
temperatura ao longo da ordenada e composição
(porcentagem em peso de açúcar) na abscissa,
como mostrado na figura a seguir.
2. LIMITE DE SOLUBILIDADE

Solubilidade do açúcar em um sistema açúcar-água


2. LIMITE DE SOLUBILIDADE
⚫ Uma vez que apenas dois componentes
estão envolvidos (açúcar e água) a soma da
concentrações em qualquer composição será
sempre igual a 100% em peso.

⚫ O limite de solubilidade está representado na


figura como uma linha vermelha quase
vertical.
2. LIMITE DE SOLUBILIDADE
⚫ Para composições e temperaturas no lado
esquerdo da linha de solubilidade, existe
apenas solução líquida de xarope; no lado
direito da linha, coexistem xarope e açúcar
sólido.

⚫ O limite de solubilidade numa temperatura é


a composição que corresponde à interseção
da coordenada da dada temperatura e a
linha do limite de solubilidade.
2. LIMITE DE SOLUBILIDADE
⚫ Por exemplo, a 20 ºC a máxima solubilidade
de açúcar em água é aproximadamente 63%
de açúcar em peso.

⚫ Como a figura indica, o limite de solubilidade


cresce levemente com a elevação da
temperatura.
2. LIMITE DE SOLUBILIDADE

Solubilidade do açúcar em um sistema açúcar-água


2. LIMITE DE SOLUBILIDADE
3. FASES
⚫ O conceito de fase é também crítico para o
entendimento de um diagramas de fases.

⚫ Uma fase pode ser definida como uma


porção homogênea de um sistema que tem
características química e físicas uniformes.
3. FASES
⚫ Todo material puro é considerado como
sendo uma fase, assim é também toda
solução sólida, solução líquida e solução
gasosa.

⚫ Por exemplo, a solução de xarope açúcar-


água é uma fase e o açúcar sólido é outra.
Cada uma tem diferentes propriedades
físicas (uma é um líquido e a outra um
sólido).
3. FASES

Soro fisiológico (solução líquida), ouro 18k (solução sólida) e atmosfera


(solução gasosa)
3. FASES
⚫ Além disso, cada uma é diferente quimicamente,
isto é, tem uma composição química diferente: uma
é um açúcar virtualmente puro e a outra é uma
solução de água e C12H22O11.

⚫ Se mais de uma fase estiver presente num dado


sistema, cada uma terá suas propriedades distintas
e existirá um limite separando as fases, através do
qual haverá uma mudança descontínua e abrupta
nas características físicas e/ou químicas.
3. FASES
⚫ Quando duas fases estiverem presentes em
um sistema não é necessário que haja
diferença simultaneamente em sua
propriedades físicas e químicas; uma
disparidade em um ou outro conjunto de
propriedades é suficiente.

⚫ Quando água e gelo estiverem presentes


num recipiente, existem duas fases.
3. FASES
⚫ Elas são fisicamente diferentes (uma é solida
e a outra é líquida) mas idênticas em
composição química.

⚫ Também quando uma substância puder


existirem duas ou mais formas polimórficas (
por exemplo, tendo estruturas tanto CFC
quanto CCC), cada uma destas estruturas é
uma fase separada porque suas respectivas
características físicas se diferem.
3. FASES
⚫ Às vezes um sistema monofásico é também
denominado homogêneo.

⚫ Sistemas compostos de duas ou mais fases


são denominados misturas ou sistemas
heterogêneos.
3. FASES
⚫ A maioria das ligas metálicas, sistemas
cerâmicos, poliméricos e compósitos são
heterogêneos.

⚫ Ordinariamente, as fases se interagem em tal


maneira que a combinação de propriedades
do sistema multifásico é diferente de cada
uma das fases individuais e melhor que cada
uma das mesmas.
4. MICROESTRUTURA
⚫ Muitas vezes as propriedades típicas e o
comportamento mecânico de um material
depende de sua microestrutura.

⚫ A microestrutura de um material é observada


usando microscópios ótico ou eletrônico.
4. MICROESTRUTURA
⚫ Em ligas metálicas a microestrutura é caracterizada
pelo número de fases presentes, suas proporções e
a maneira na qual elas estão distribuídas ou
arranjadas.

⚫ A microestrutura de uma liga depende de variáveis


tais como os elementos de liga presentes, suas
concentrações e o tratamento térmico da liga (a
temperatura do tratamento, o tempo de
aquecimento até a temperatura do tratamento e a
taxa de resfriamento desde a temperatura do
tratamento até à temperatura ambiente).
4. MICROESTRUTURA
⚫ Após apropriado polimento e ataque, as
diferentes fases podem ser distinguidas
pelas suas aparências.

⚫ Por exemplo, a fotomicrografia mostrada a


seguir é de uma liga bifásica alumínio-cobre;
uma das fases aparece clara, a outra fase é
escura.
4. MICROESTRUTURA
⚫ Quando apenas uma única fase ou solução
sólida estiver presente, a textura será
uniforme, exceto para os contornos de grão
que podem ser revelados (vide figura a
seguir).
Bronze is an alloy consisting
primarily of copper, commonly with
about 12–12.5% tin and often with
the addition of other metals (such as
aluminium, manganese, nickel or
zinc) and sometimes non-metals or
metalloids such as arsenic,
phosphorus or silicon. These
additions produce a range of alloys
that may be harder than copper
alone, or have other useful
properties, such as strength, ductility,
or machinability.

Fotomicrografia de uma amostra policristalina de bronze (60x).


Esmeralda é uma variedade do mineral berilo
(Be3Al2(SiO3)6), a mais nobre delas. Outras
variedades de berilo são a água-marinha, a
morganita, o heliodoro, a goshenita e a bixbyíta.
Sua cor verde é devido à presença de quantidades
mínimas de cromo e às vezes vanádio.
5. EQUILÍBRIO DE FASES
⚫ Equilíbrio é descrito em termos de uma
quantidade termodinâmica chamada energia
livre.

⚫ A energia livre é uma função da energia


interna de um sistema e também da
desordem dos átomos ou moléculas
(também chamada de entropia).
5. EQUILÍBRIO DE FASES
⚫ Um sistema se encontra em equilíbrio se sua
energia livre estiver em um estado mínimo
sob determinada temperatura, pressão e
composição.

⚫ Em um sentido macroscópico, isto significa


que as características do sistema não
mudam com o tempo, mas sim persistem
indefinidamente (sistema é estável).
5. EQUILÍBRIO DE FASES
⚫ Uma mudança na temperatura, pressão e/ou
composição para um sistema em equilíbrio
resultará em um aumento da energia livre.

⚫ Uma possível mudança espontânea para


outro estado só ocorre mediante a
diminuição da energia livre do sistema.
5. EQUILÍBRIO DE FASES
⚫ O termo equilíbrio de fase refere-se ao
equilíbrio aplicado a sistemas com mais de
uma fase. O equilíbrio de fases pode ser
visto como a constância temporal das
características das fases de um sistema.

⚫ Suponha que haja xarope açúcar-água em


um recipiente fechado e esta solução esteja
em contato com açúcar sólido a 20 ºC.
5. EQUILÍBRIO DE FASES
⚫ Se o sistema estiver em equilíbrio, a
composição do xarope é 63% C12H22O11-
37%H2O, em peso e as quantidades e
composições do xarope e de açúcar sólido
permanecerão constantes com o tempo.

⚫ Se a temperatura do sistema é elevada (por


exemplo para 100 ºC) este equilíbrio é
temporariamente perturbado, uma vez que o
limite de solubilidade foi aumentado para
80% C12H22O11.
5. EQUILÍBRIO DE FASES
⚫ Assim, uma quantidade de açúcar sólido se
dissolverá na solução de xarope.

⚫ Isto continuará até que nova concentração


de equilíbrio do xarope seja estabelecida na
nova temperatura.
5. EQUILÍBRIO DE FASES
⚫ O exemplo açúcar-água ilustra o princípio de
equilíbrio de fases usando um sistema
líquido-sólido.

⚫ Em muitos sistemas metalúrgicos de grande


interesse o equilíbrio de fases envolve
justamente fases sólidas.
5. EQUILÍBRIO DE FASES
⚫ Neste sentido o estado do sistema é refletido
nas características da microestrutura, que
necessariamente incluem não apenas as
fases presentes e suas composições mas,
em adição, as quantidades relativas de fases
e seus arranjos ou distribuições espaciais.
5. EQUILÍBRIO DE FASES
⚫ Considerações de energia livre e diagramas
similares ao mostrado fornecem informações sobre
as características do equilíbrio de um sistema
particular, mas não indicam o período de tempo
necessário para o atingir um novo estado de
equilíbrio.

⚫ Existem casos, especialmente em sistemas sólidos,


em que um estado de equilíbrio nunca é
completamente atingido porque a taxa de
aproximação do equilíbrio é extremamente lenta.
5. EQUILÍBRIO DE FASES
⚫ Tal sistema é dito estar em estado de não-
equilíbrio ou metaestável.

⚫ Um estado metaestável ou uma


microestrutura metaestável pode persistir
indefinidamente, experimentando apenas
mudanças extremamente leves e quase
imperceptíveis com o progresso do tempo.
5. EQUILÍBRIO DE FASES
⚫ Em alguns casos estruturas metaestáveis
são de maior importância prática do que
aquelas em equilíbrio.

⚫ Como exemplo tem-se alguns aços e ligas de


alumínio que devem suas resistências
mecânicas a suas microestruturas
metaestáveis geradas durante cuidadosos
tratamentos térmicos.
5. EQUILÍBRIO DE FASES
⚫ Assim, não apenas é importante o
entendimento dos estados de equilíbrio e das
estruturas de equilíbrio, mas também devem
ser considerados a velocidade (ou taxa) na
qual eles são estabelecidos e os fatores que
afetam esta taxa.
6. DIAGRAMAS DE FASES DE
EQUILÍBRIO
⚫ Informações sobre o controle da
microestrutura ou estrutura de fase de um
sistema em particular é convenientemente e
concisamente exposto em um diagrama de
fases, também denominado diagrama de
equilíbrio ou diagrama constitucional.
6. DIAGRAMAS DE FASES DE
EQUILÍBRIO
⚫ Muitas microestruturas se desenvolvem a
partir de transformações de fase, sendo que
as mudanças que ocorrem entre as fases se
iniciam quando a temperatura é alterada
(normalmente no resfriamento).
6. DIAGRAMAS DE FASES DE
EQUILÍBRIO
⚫ Isto pode envolver a transição a partir de
uma fase para uma outra, o aparecimento
e/ou desaparecimento de uma fase.

⚫ Diagramas de fases são úteis na previsão de


transformações e as microestruturas
resultantes, que podem ter caráter de
equilíbrio ou de não-equilíbrio.
6. DIAGRAMAS DE FASES DE
EQUILÍBRIO
⚫ Diagramas de fase de equilíbrio representam
a correlação entre a temperatura e as
composições e quantidades de fases em
equilíbrio.

⚫ Uma liga binária é uma liga que contém


apenas dois componentes.
6. DIAGRAMAS DE FASES DE
EQUILÍBRIO
⚫ Se mais de dois componentes estiverem
presentes, os diagramas de fase se tornam
extremamente complexos e difíceis de se
representar.

⚫ Os princípios do controle microestrutural com


a ajuda de diagrama de fases podem ser
ilustrado com ligas binárias mesmo que, na
realidade, a maioria das ligas contenham
mais que dois componentes.
6. DIAGRAMAS DE FASES DE
EQUILÍBRIO
⚫ A pressão externa também é um parâmetro
que influencia a estrutura das fases.

⚫ Entretanto na prática a pressão permanece


virtualmente constante e assim, os
diagramas de fases que serão apresentados
são para uma pressão constante de um
atmosfera (1 atm).
6. DIAGRAMAS DE FASES DE
EQUILÍBRIO
⚫ Um diagrama de fase para um material
apenas (também chamado de diagrama de
fase unário) é apresentado na figura a seguir,
que exibe o diagrama de fase pressão-
temperatura para a água.
6. DIAGRAMAS DE FASES DE
EQUILÍBRIO
http://www.quartzpage.de/gen_mod.html
7. SISTEMAS ISOMORFOS
BINÁRIOS
⚫ Possivelmente o tipo mais fácil de diagrama
de fases binário para se entender e
interpretar é aquele caracterizado pelo
sistema cobre-níquel.

⚫ A temperatura é representada ao longo da


ordenada e a abcissa representa a
composição da liga, em porcentagem em
peso (base) e porcentagem atômica (topo)
de níquel.
7. SISTEMAS ISOMORFOS
BINÁRIOS
⚫ As faixas de composição vão de 0% Ni
(100% Cu), em peso, na extremidade
horizontal esquerda até 100%Ni(0%Cu), em
peso, na extremidade horizontal direita.

⚫ Três diferentes regiões de fase, ou campos,


aparecem no diagrama de fases, um campo
alfa (α), um campo de líquido (L) e um
campo bifásico α + L.
7. SISTEMAS ISOMORFOS
BINÁRIOS
⚫ Cada região é definida pela fase ou fases
que existem ao longo da faixa de
temperaturas e composições delimitadas
pelas linhas de limites de fase.
Diagrama de fases cobre-níquel
7. SISTEMAS ISOMORFOS
BINÁRIOS
⚫ O líquido L é uma solução líquida composta
de cobre e níquel.

⚫ A fase α é uma solução sólida substitucional


consistindo de átomos de Cu e de Ni e tendo
uma estrutura cristalina CFC.
7. SISTEMAS ISOMORFOS
BINÁRIOS
⚫ Em temperaturas abaixo de 1080 ºC cobre e
níquel são mutuamente solúveis no estado
sólido para todas as composições.

⚫ Esta solubilidade completa é explicada pelo


fato de que Cu e Ni têm a mesma estrutura
cristalina (CFC), raios iônicos e
eletronegatividades quase idênticas e
valências similares.
7. SISTEMAS ISOMORFOS
BINÁRIOS
⚫ O sistema cobre-níquel é denominado
isomorfo (mesma forma) por causa desta
completa solubilidade líquida e sólida dos
seus dois componentes.

⚫ As soluções sólidas são comumente


designadas por letras gregas minúsculas (α,
β, γ, etc.) para as ligas metálicas.
7. SISTEMAS ISOMORFOS
BINÁRIOS
⚫ Em relação aos limites de fase, a linha que
separa os campos das faes L e α + L é
denominada a linha liquidus, sendo que a
fase líquida está presente em todas as
temperaturas e composições acima desta
linha.

⚫ Já a linha solidus está localizada entre as


regiões α e α + L, abaixo da qual só existe a
fase α sólida.
Diagrama de fases cobre-níquel
7. SISTEMAS ISOMORFOS
BINÁRIOS
⚫ Para a figura anterior as linhas solidus e
liquidus se interceptam nas duas
extremidades de composição, sendo que
estas correspondem às temperaturas de
fusão dos componentes puros.

⚫ Por exemplo, as temperaturas de fusão de


cobre puro e de níquel puro são 1085 ºC e
1455 ºC, respectivamente.
7. SISTEMAS ISOMORFOS
BINÁRIOS
⚫ O aquecimento do cobre puro corresponde a
mover para cima ao longo do eixo da
temperatura no lado esquerdo do diagrama.

⚫ O cobre se mantém sólido até que a sua


temperatura de fusão seja atingida.
7. SISTEMAS ISOMORFOS
BINÁRIOS
⚫ A transformação sólido-líquido ocorre na
temperatura de fusão e nenhum aquecimento
adicional é possível até que esta
transformação tenha se completado.

⚫ Para qualquer composição que não seja a


dos componentes puros, este fenômeno de
fusão ocorrerá ao longo da faixa de
temperatura entre as linhas solidus e
liquidus; as fases sólido α e líquida estarão
em equilíbrio dentro da faixa de temperatura.
7. SISTEMAS ISOMORFOS
BINÁRIOS
⚫ Por exemplo, ao se aquecer uma liga de
composição em peso igual a 50%Ni-50%Cu,
em peso (caso da figura anterior), a fusão da
liga se inicia a aproximadamente 1280 ºC,
sendo que a quantidade da fase líquida
cresce continuamente com a elevação da
temperatura até cerca de 1320 ºC,
temperatura na qual a liga estará
completamente líquida.
Diagrama de fases cobre-níquel
7.1. Interpretação de
Diagramas de Fases
⚫ Para um sistema binário de composição e
temperatura conhecidas que esteja em
equilíbrio, pelo menos três tipos de
informações estão disponíveis:
⚫ As fases que estão presentes;
⚫ As composições destas fases e
⚫ As porcentagens ou frações de cada fase.
7.1. Interpretação de
Diagramas de Fases
⚫ Fases presentes
⚫ O estabelecimento de quais fases estão
presentes é relativamente simples.

⚫ Deve-se localizar o ponto temperatura-


composição no diagrama e notar a(s) fase(s) que
corresponde(m ) ao campo de fase rotulado.
7.1. Interpretação de
Diagramas de Fases
⚫ Fases presentes
⚫ Por exemplo, uma liga de composição em peso
igual a 60%Ni e 40%Cu a 1100 ºC estaria
localizada no ponto A na figura a seguir, uma vez
que este ponto se situa na região α, apenas a
fase α estará presente.

⚫ Por outro lado, uma liga 35%Ni-65%Cu, em peso,


a 1250 ºC (ponto B) consistirá das fases α e
líquido em equilíbrio.
Diagrama de fases cobre-níquel
7.1. Interpretação de
Diagramas de Fases
⚫ Determinação das composições de fases
⚫ A primeira etapa na determinação das
composições das fases (em termos das
concentrações dos componentes) é localizar o
ponto temperatura-composição no diagrama de
fases.

⚫ Diferentes métodos podem ser usados para


regiões monofásicas e bifásicas.
7.1. Interpretação de
Diagramas de Fases
⚫ Determinação das composições de fases
⚫ Se apenas uma fase estiver presente, o
procedimento é trivial: a composição desta fase é
simplesmente a mesma composição global da
liga.

⚫ Por exemplo, considere-se a liga 60%Ni-40%Cu,


em peso, a 1100 ºC (ponto A). Nesta composição
e temperatura, apenas a fase α está presente,
tendo uma composição 60%Ni-40%Cu, em peso.
7.1. Interpretação de
Diagramas de Fases
⚫ Determinação das composições de fases
⚫ Para uma liga tendo composição e temperatura
localizada numa região bifásica, a situação é
mais complicada.

⚫ Em todas as regiões bifásicas (e em regiões


bifásicas apena) pode-se imaginar uma série de
linhas horizontais, uma em cada uma das
temperaturas; cada uma destas linhas horizontais
é conhecida como uma linha de ligação, ou
isoterma.
7.1. Interpretação de
Diagramas de Fases
⚫ Determinação das composições de fases
⚫ Estas linhas de ligação se estendem através da
região das duas fases e terminam nas linhas de
limite de fases em ambos os lados.

⚫ Para calcular as concentrações de equilíbrio das


duas fases, o seguinte procedimento é usado:
7.1. Interpretação de
Diagramas de Fases
⚫ Determinação das composições de fases
⚫ 1. Uma linha de ligação é construída através da região de
duas fases na temperatura da liga.

⚫ 2. As interseções da linha de ligação com as linhas de


limites de fases em cada lado são anotadas.

⚫ 3. Perpendiculares são traçadas a partir destas


interseções ao eixo horizontal de composição, onde a
composição de cada uma das respectivas fases é lida.
7.1. Interpretação de
Diagramas de Fases
⚫ Determinação das composições de fases
⚫ Por exemplo, consideremos a liga 35%Ni-65%Cu,
em peso, a 1250 ºC, localizada no ponto B da
figura a seguir e situando-se na região α + L.

⚫ Assim o problema é determinar a composição


(em % em peso de Ni e de Cu) para as fases α e
líquido.
Parte do diagrama de fases cobre-níquel para a qual composições e
quantidades das fase são determinadas no ponto B.
7.1. Interpretação de
Diagramas de Fases
⚫ Determinação das composições de fases
⚫ Traça-se a linha de ligação através da região de
fase α + L.

⚫ A perpendicular a partir da interseção da linha de


ligação com o limite de liquidus encontra o eixo
da composição em 32% de Ni e 68%de Cu, em
peso, que é a composição da fase líquida (CL).
7.1. Interpretação de
Diagramas de Fases
⚫ Determinação das composições de fases
⚫ Do mesmo modo, para a interseção solidus-linha
de ligação encontramos uma composição para a
fase solução sólida α (Cα), de 43% de Ni e 57%
de Cu, em peso.
7.1. Interpretação de
Diagramas de Fases
⚫ Determinação das Quantidades de Fases
⚫ As quantidades relativas (como fração ou
porcentagem) das fases presentes em equilíbrio
podem também ser calculadas com a ajuda de
diagrama de fases.

⚫ Na região monofásica a liga é composta


inteiramente daquela fase, isto é 100%.
7.1. Interpretação de
Diagramas de Fases
⚫ Determinação das Quantidades de Fases
⚫ Para uma liga 60%Ni-40%Cu, em peso, a 1100
ºC (ponto A), apenas a fase α está presente;
portanto, a liga é completamente α ou 100% α.

⚫ Se a posição da composição e temperatura


estiver localizada dentro de uma região de duas
fases, a linha de ligação deve ser utilizada em
conjunto com um procedimento conhecido como
regra da alavanca, que é aplicada do seguinte
modo:
7.1. Interpretação de
Diagramas de Fases
⚫ Determinação das Quantidades de Fases
⚫ 1. A linha de ligação é construída através da
região das duas fases na temperatura da liga.

⚫ 2. A composição total da liga é localizada na linha


de ligação.
7.1. Interpretação de
Diagramas de Fases
⚫ Determinação das Quantidades de Fases
⚫ 3. A fração de uma fase é calculada tomando o
comprimento da linha de ligação a partir da
composição global da liga até o limite de fase
para a outra fase e dividindo pelo comprimento
total da linha de ligação.

⚫ 4. A fração da outra fase é determinada da


mesma maneira.
7.1. Interpretação de
Diagramas de Fases
⚫ Determinação das Quantidades de Fases
⚫ 5. Se as porcentagens de fases forem desejadas,
cada fração deve ser multiplicada por 100.

⚫ Quando o eixo de composição for posto em


escala de porcentagem em peso, as frações de
fase computadas usando a regra da alavanca são
frações de massa - a massa (ou peso) de uma
fase específica dividida pela massa (ou peso)
total da liga.
7.1. Interpretação de
Diagramas de Fases
⚫ Determinação das Quantidades de Fases
⚫ A massa de cada fase é calculada a partir do
produto da fração de cada fase e a massa total
da liga.

⚫ Ocasionalmente, se torna necessário calcular as


frações volumétricas de fases, que é realizado
considerando as densidades das fases.
7.1. Interpretação de
Diagramas de Fases
⚫ Determinação das Quantidades de Fases
⚫ No emprego da regra da alavanca, os
comprimentos da linha de ligação podem ser
determinados quer por medição direta a partir do
diagrama de fases usando uma escala linear (de
preferência em mm) ou subtraindo composições
tomadas a partir do eixo das composições.

⚫ Seja o exemplo de uma liga de 35%Ni-65%Cu,


em peso, a 1250 ºC as fases α e líquido estão
presentes.
7.1. Interpretação de
Diagramas de Fases
⚫ Determinação das Quantidades de Fases
⚫ O problema consiste em calcular a fração de
cada uma das fases α e líquido.

⚫ Foi construída a linha de ligação usada para a


determinação das composições de α e L.

⚫ Seja localizada a composição global da liga ao


longo da linha de ligação e denotada como Co e
representadas por WL e Wa as frações mássicas
para as respectivas fases.
7.1. Interpretação de
Diagramas de Fases
⚫ Determinação das Quantidades de Fases
⚫ A partir da regra da alavanca, WL pode ser
calculada por:
S
WL =
R+S
⚫ Ou, por subtração das composições:

C − CO
WL =
C − C L
7.1. Interpretação de
Diagramas de Fases
⚫ Determinação das Quantidades de Fases
⚫ Como a composição tem que ser especificada
apenas em termos de um dos dois constituintes
para uma liga binária, para o cálculo acima a %
em peso de Ni será usada (isto é, Co = 35%Ni,
em peso, Cα = 43% Ni e CL = 32%Ni) e

43 − 35
WL = = 0,73
43 − 32
Parte do diagrama de fases cobre-níquel para a qual composições e
quantidades das fase são determinadas no ponto B.
7.1. Interpretação de
Diagramas de Fases
⚫ Determinação das Quantidades de Fases
⚫ Similarmente, para a fase α temos:

R CO − C L
W = =
R + S C − C L

35 − 32
W = = 0,27
43 − 32
7.2. Desenvolvimento de
microestrutura em ligas isomórficas

⚫ Consideremos o sistema cobre-níquel,


especificamente uma liga de composição
35%Ni-65%Cu, em peso, enquanto esta é
resfriada a partir de 1300 ºC.

⚫ A região do diagrama de fase Ni-Cu na


vizinhança desta composição é mostrada na
figura a seguir.
Representação esquemática do desenvolvimento de microestrutura durante a
solidificação de equilíbrio de uma liga 35%Ni-65%Cu.
7.2. Desenvolvimento de
microestrutura em ligas isomórficas

⚫ O resfriamento de qualquer liga de


composição acima desta corresponde a
mover-se para baixo ao longo da linha
vertical tracejada.

⚫ A 1300 ºC, ponto a, a liga está


completamente líquida (de composição
35%Ni-65%Cu) e tem a microestrutura
representada pelo círculo inserido na figura.
7.2. Desenvolvimento de
microestrutura em ligas isomórficas
⚫ Quando o resfriamento se inicia, nenhuma
mudança microestrutural ou de composição
ocorrerá até que atinjamos a linha liquidus
(ponto b, a aproximadamente 1270 ºC).

⚫ Neste ponto, começa a se formar o primeiro


sólido α, que tem uma composição ditada
pela linha de ligação traçada nesta
temperatura (isto é, 46%Ni-54%Cu, em
peso).
7.2. Desenvolvimento de
microestrutura em ligas isomórficas

⚫ A composição do líquido é ainda


aproximadamente 35%Ni-65%Cu, que é
diferente daquela do sólido α.

⚫ Continuando o resfriamento, tanto as


composições quanto as quantidades relativas
de cada uma das fases mudarão.
7.2. Desenvolvimento de
microestrutura em ligas isomórficas

⚫ As composições das fases líquido e α


seguirão as linhas liquidus e solidus,
respectivamente.

⚫ Além disso, a fração da fase α aumentará


com o continuado resfriamento.
7.2. Desenvolvimento de
microestrutura em ligas isomórficas

⚫ Também, a composição global da liga


(35%Ni-65%Cu) permanece a mesma
durante o resfriamento mesmo embora exista
uma redistribuição de cobre e de níquel entre
as fases.

⚫ A 1250 ºC, ponto c, as composições, em


peso, das fases líquido e a são 32%Ni-
68%Cu e 43%Ni-57%Cu, respectivamente.
Representação esquemática do desenvolvimento de microestrutura durante a
solidificação de equilíbrio de uma liga 35%Ni-65%Cu.
7.2. Desenvolvimento de
microestrutura em ligas isomórficas
⚫ O processo de solidificação estará
virtualmente completo a 1220 ºC, ponto d,
sendo a composição do sólido de
aproximadamente 35%Ni-65%Cu (a
composição global da liga) enquanto que
aquela do último líquido remanescente é
24%Ni-76%Cu.

⚫ Ao atravessar a linha solidus, este líquido


remanescente se solidificará.
7.2. Desenvolvimento de
microestrutura em ligas isomórficas

⚫ O produto final é então uma fase


policristalina de fase α que tem uma
composição uniforme 35%Ni-65%Cu (ponto
e).

⚫ Resfriamentos subseqüentes não produzirão


nenhuma alteração microestrutural ou
composicional da liga.
8. Sistemas eutéticos binários
⚫ Outro tipo de diagrama de fase comum e
relativamente simples encontrado para ligas
binárias é mostrado na figura a seguir para o
sistema cobre-prata (diagrama de fase
eutético binário).

⚫ São encontradas no diagrama 3 regiões


monofásicas: α, β e líquido.
Diagrama de fase cobre-prata.
8. Sistemas eutéticos binários
⚫ A fase α é uma solução sólida rica em cobre;
ela tem prata como o componente soluto e
uma estrutura cristalina CFC.

⚫ A fase solução sólida β também tem uma


estrutura CFC, mas cobre é o soluto.
8. Sistemas eutéticos binários
⚫ Tecnicamente, cobre puro e prata pura são
considerados como sendo fases α e β,
respectivamente.

⚫ Assim a solubilidade de cada uma destas fases


sólidas é limitada, no sentido de que em qualquer
temperatura abaixo da linha BEG apenas uma
concentração limitada de prata se dissolve em
cobre (para a fase α) e, similarmente, para o cobre
em prata (para a fase β).
8. Sistemas eutéticos binários
⚫ O limite de solubilidade para a fase α
corresponde à linha de limite de fase,
denominada CBA, entre as regiões de fases
α/(α + β) e α/(α + L).

⚫ Este cresce com a temperatura até um


máximo (8 %Ag, em peso, a 779 ºC ou
1434ºF) no ponto B, e decresce até zero na
temperatura de fusão do cobre puro, ponto A
(1085 ºC ou 1985 ºF).
8. Sistemas eutéticos binários
⚫ Em temperaturas inferiores a 779 ºC (1434
ºF), a linha limite de solubilidade sólida
separando as regiões de fase α e α + β é
denominada linha solvus, sendo o limite AB
entre os campos de α e de α + L é a linha
solidus.

⚫ Para a fase β, existem também as linhas


tanto solvus quanto solidus, HG e GF,
respectivamente.
8. Sistemas eutéticos binários
⚫ A solubilidade máxima de cobre na fase β, ponto G
(8,8% em peso de Cu), também ocorre a 779 ºC
(1434 ºF).

⚫ Esta linha horizontal BEG, que é paralela ao eixo da


composição e se estende entre estas posições de
máxima solubilidade, pode ser considerada como
sendo uma linha solidus e representa a mais baixa
temperatura na qual uma fase líquida pode existir
para qualquer liga cobre-prata que esteja em
equilíbrio.
8. Sistemas eutéticos binários
⚫ Existem também três regiões bifásicas no
diagrama de fase do sistema cobre-prata: α +
L, β + L e α + β.

⚫ As soluções sólidas das fases α e β


coexistem para todas as composições e
temperaturas dentro do campo de fase α + β.
8. Sistemas eutéticos binários
⚫ As fases α + L e β + L também coexistem em
suas respectivas regiões de fases.

⚫ Além disso, composições e quantidade


relativas para as fases podem ser
determinadas usando linhas de ligação e a
regra da alavanca como mostrado.
9. O sistema ferro-carbono
⚫ De todos os sistemas de ligas binárias, uma
que é possivelmente a mais importante é
aquele para ferro e carbono.

⚫ Tanto aços quanto ferros-fundidos, principais


materiais estruturais em todas as culturas
tecnologicamente avançadas, são
essencialmente ligas ferro-carbono.
9. O sistema ferro-carbono
⚫ Uma porção do diagrama de fase ferro-
carbono é apresentada na figura abaixo.

⚫ Ferro puro, no aquecimento, experimenta


duas mudanças em estrutura cristalina antes
de se fundir.
9. O sistema ferro-carbono
⚫ À temperatura ambiente a forma estável,
chamada ferrita, ou ferro α, tem uma
estrutura cristalina CCC.

⚫ A ferrita experimenta uma transformação


polimórfica à austenita CFC, ou ferro γ, a
912 ºC(1674 ºF).
9. O sistema ferro-carbono
⚫ A austenita persiste até 1394 ºC (2541 ºF),
temperatura na qual a austenita CFC volta à
fase CCC conhecida como ferrita δ, e
finalmente se funde a 1538 ºC (2800 ºF).

⚫ Todas estas mudanças são visíveis ao longo


do eixo vertical esquerdo do diagrama de
fases.
O diagrama ferro-carboneto de ferro
https://www.tf.uni-kiel.de/matwis/amat/iss/kap_6/backbone/r6_1_3.html
https://www.tf.uni-kiel.de/matwis/amat/iss/kap_6/backbone/r6_1_3.html
https://en.wikipedia.org/wiki/File:Iron_carbon_phase_diagram.svg
Phase diagram for alloys of copper and tin (bronze). The area above
the bold line represent molten alloy. Different mixtures of copper
and tin form many kinds of solid phases represented by the
patchwork of regions below the curve. Note that the melting point
falls sharply as the tin content exceeds 90%.

https://www.researchgate.net/publication/319313759_A_Practical_Guide_to_the_Care_and_Conservation_of_Metals/figures?lo=1
https://www.calqlata.com/ProductPages/00062-help.html

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