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História
A vaquejada surgiu no sertão nordestino entre os séculos XVII
e XVIII.[9]
As festas de apartação
As fazendas de pecuária bovina extensiva da época não eram cercadas. No mês de junho, quando
passava a estação chuvosa, os fazendeiros realizavam as chamadas "festas de apartação", em que
reuniam dezenas de vaqueiros para buscar os bois que se misturavam com os dos vizinhos, separar
os que seriam comercializados e aqueles a serem ferrados ou castrados. O manejo do gado requeria
habilidade e coragem.[14]
As "pegadas de boi"
As "corridas de morão"
Na década de 1940, vaqueiros da Bahia e do Ceará começaram a divulgar suas habilidades na lida
com o rebanho, por meio de uma atividade que ficou conhecida como "corrida de morão" (ou
"mourão") e que se diferenciava da pegada de boi por realizarem-se no pátio das fazendas. Os
vaqueiros desafiavam-se correndo, um de cada vez, atrás do boi em qualquer espaço do pátio.
Ganhava aquele que mais se destacasse na puxada do boi.[17]
Bolão de vaquejada
Vaquejada moderna
Nos anos 1960, começaram a ser disputadas as primeiras
vaquejadas na faixa dos seis metros. A pista de dez metros
surgiu a partir da década de 1980.[19]
Situação
No Ceará, são realizados mais de 700 eventos de vaquejada por ano, que geram 600 mil empregos
diretos e indiretos e movimentam mais de R$ 14 milhões.[22] Uma lei estadual de 2013 tentou
regulamentar a vaquejada no estado, mas foi considerada inconstitucional pelo STF. Desde 2014, é
proibida a realização de vaquejadas em Fortaleza e a divulgação na capital dos eventos realizados
em outros municípios.[23]
Em Pernambuco, uma associação de criadores de cavalo apurou que, em 2009, a atividade gerava
mais de 120 mil empregos diretos e 600 mil indiretos no estado.[24]
Na Paraíba, a atividade é reconhecida como modalidade esportiva desde 2015. Existem mais de
cem parques de vaquejada no estado, promovendo eventos de diversos portes. Os maiores eventos
ocorrem nos parques Ivandro Cunha Lima (Campina Grande), Maria da Luz (Campina Grande) e
Bemais (João Pessoa). Esses três eventos distribuem mais de R$ 500 mil em prêmios e estão entre
os dez principais do país.[25]
No Rio Grande do Norte, são realizadas 400 vaquejadas por ano, envolvendo a participação de 20
mil profissionais e cerca de 50 ou 60 mil pessoas incluindo os postos indiretos relacionados à
atividade.[26][27]
Em Alagoas, há 500 pistas destinadas a treinamentos e competições e cerca de 150 vaquejadas são
realizadas anualmente, gerando 11 mil empregos diretos e movimentando R$ 5 milhões.[28] A
Assembleia Legislativa discute um projeto de lei que reconhece a vaquejada como atividade
esportiva e outro que a torna patrimônio cultural imaterial do estado.[29]
Na Bahia, a vaquejada é praticada há mais de cem anos. Desde 2014, a atividade integra o
patrimônio cultural imaterial do estado e desde 2015, é reconhecida como prática desportiva e
cultural. Seu principal evento anual é a vaquejada de Serrinha,[19] uma das mais tradicionais do
país.[30]
Maus-tratos
A vaquejada, assim como o rodeio, é repudiada pelas entidades de defesa animal brasileiras, em
razão dos maus-tratos aos bois e cavalos que participam dos eventos.[31]
Bois
Entre as críticas, estão o ato de submeter os bois ao medo e desespero através de encurralamento e
agressões a choque elétrico e pancadas, no intuito de fazê-lo correr em fuga e sua descorna sem
anestesia. Os próprios atos de perseguir o animal e puxar sua cauda também são considerados
agressões pelos defensores dos animais. Além disso, são relatadas com certa frequência
consequências muito nocivas da tração forçada na cauda e da derrubada do boi, tais como fraturas
nas patas, traumatismos e deslocamento da articulação da cauda ou até a sua amputação.[32]
Outro detalhe, reconhecido pelos próprios organizadores de vaquejadas, é que o boi pode não
conseguir se levantar após ser derrubado, caso em que o julgamento da prova é realizado mesmo
com o boi inerte no chão.[33]
Cavalos
Além das consequências físicas nos animais, questões éticas entram em debate, como o
questionamento do embasamento moral de se explorar e agredir animais para fins de diversão, a
validade de se chamar de esporte um evento de entretenimento baseado por definição no abuso
dos mesmos e o dilema da prevalência do valor cultural deste tipo de atividade sobre o bem-estar e
a dignidade dos bichos.[37]
Cavalos das raças Quarto de Milha (foto) e Paint Horse são os preferidas para as corridas de
vaquejada, por serem consideradas de melhor desempenho.[38]
Debate
A vaquejada, o rodeio e expressões artístico-culturais similares ganharão o status de manifestações
da cultura nacional e serão elevadas à condição de patrimônio cultural imaterial do Brasil. É o que
estabelece a Lei 13.364/2016, sancionada sem vetos pela Presidência da República e publicada no
dia 30/11/2016 no Diário Oficial da União.
Movimentação na economia
De autoria do deputado José Augusto Rosa, do Partido da República de São Paulo, o PLC 24/2016
foi relatado pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), com voto favorável à matéria. Em seu relatório,
Otto Alencar ressaltou a movimentação na economia local, pelo rodeio e a vaquejada, além do fato
de que são manifestações “já há muito cultivadas pela população de diversas regiões do País”.
O senador Roberto Muniz (PP - BA) ressaltou que existem ações de proteção ao animal e lembrou
que as práticas são tradições regionais:
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) foi uma das poucas a discursar contra a aprovação do
projeto. Ela sugeriu que a votação fosse adiada para que houvesse uma discussão mais
aprofundada, mas não obteve sucesso. Para Gleisi, os senadores estão indo contra decisão do STF
que considera a vaquejada inconstitucional por envolver maus tratos a animais.
Manifestações similares
Além da vaquejada e do rodeio, a nova lei estabelece como patrimônio cultural imaterial do Brasil
atividades como as montarias, provas de laço, e apartação; bulldogging; provas de rédeas; provas
dos Três Tambores, Team Penning e Work Penning, paleteadas, e demais provas típicas, tais como
Queima do Alho e concurso do berrante, bem como apresentações folclóricas e de músicas de raiz.
Já são reconhecidas como patrimônio cultural imaterial do Brasil: Arte Kusiwa (pintura corporal e
arte gráfica Wajãpi), Cachoeira de Iauaretê (lugar sagrado dos povos indígenas dos Rios Uapés e
Papuri), Bumba Meu Boi do Maranhão, Fandango Caiçara, Feira de Caruaru, Festa do Divino
Espírito Santo de Pirenópolis (GO), Frevo, Samba, modo artesanal de fazer queijo de Minas nas
regiões do Serro e das serras da Canastra e do Salitre, ofício das Baianas de Acarajé, Ofício dos
Mestres de Capoeira, e o Tambor de Crioula do Maranhão.
Legislação
Federal
A profissão de peão de vaquejada foi regulamentada no Brasil pela Lei nº 10.220, de 11 de abril de
2001,[40] que considera "atleta profissional o peão de rodeio... Entendem-se como provas de
rodeios as montarias em bovinos e equinos, as vaquejadas e provas de laço, promovidas por
entidades públicas ou privadas, além de outras atividades profissionais da modalidade organizadas
pelos atletas e entidades dessa prática esportiva".
Estaduais
PL 255/2015 (Maranhão)
Aprovada em 20 de dezembro, a lei foi sancionada pelo governador em exercício Domingos Filho,
do PMDB, em 8 de janeiro de 2013. Porém, a lei aprovada em tempo recorde (passou por quatro
comissões e pelo plenário em menos de um mês) provocou a revolta de movimentos de defesa dos
direitos dos animais. Geuza Leitão, presidente da União Internacional Protetora dos Animais
(Uipa) no Ceará, alegou que os bois sofrem maus-tratos durante tais eventos, o que seria um
desrespeito ao artigo 225 da Constituição Brasileira, que proíbe práticas que submetam os animais
à crueldade.[45]
No dia 6 de outubro de 2016, o STF decidiu, por 6 votos a 5, que a vaquejada fere os princípios
constitucionais de preservação do meio ambiente e, portanto, a lei estadual do Ceará que
considerava esta atividade uma manifestação cultural não poderia receber a proteção legal.
Votaram pela inconstitucionalidade da lei cearense os ministros Marco Aurélio Mello, relator do
caso, Roberto Barroso, Rosa Weber, Celso de Mello, Ricardo Lewandowski e a presidente Cármen
Lúcia. Para o relator, é "intolerável a conduta humana autorizada pela norma estadual
atacada".[50][6]
No dia 10 de novembro de 2014, o deputado estadual Adolfo Viana (PSDB) protocolou o projeto de
lei 20.983/2014 na Assembleia Legislativa da Bahia, pretendendo a incorporação da vaquejada ao
patrimônio cultural imaterial do estado. O projeto foi encaminhado ao plenário no dia 19 de
novembro, com parecer favorável do deputado Mário Negromonte Júnior, aprovado em primeira e
segunda discussões na mesma data e seguiu para apreciação do governador Jaques Wagner (PT)
que o sancionou no dia 28 como lei 13.200/2014.[54][19]
PL 60/2015 (Alagoas)
Municipais
4.381/2013 (Teresina)
A vaquejada foi regulamentada na capital do Piauí por meio da lei 4.381/2013, de autoria do
vereador Urbano Eulálio. O projeto sofreu veto do prefeito, mas a câmara municipal derrubou o
veto e a lei entrou em vigor em 2013. Em 2016, a vereadora Teresa Britto (PV) declarou intenção
de solicitar revogação da lei na câmara municipal, após constatar maus-tratos aos animais durante
vistoria a um evento realizado no Parque de Exposições Dirceu Arcoverde.[58]
Em junho de 2013, a vereadora Toinha Rocha do PSOL apresentou projeto de lei na Câmara de
Vereadores da capital cearense visando proibir a realização de vaquejadas e rodeios em Fortaleza,
bem como a divulgação e publicidade de eventos do gênero que ocorrerem em outras localidades.
O projeto proibia também quaisquer eventos que exponham animais a maus-tratos, crueldade ou
sacrifícios.[59] Aprovada em 2014 sob o número 10.186, a lei foi sancionada pelo prefeito Roberto
Cláudio (PROS) e publicada no Diário Oficial do município no dia 16 de maio daquele ano,
entrando em vigor 30 dias depois.[23]
Aparições na mídia
No dia 1 de maio de 2016, a vaquejada foi a sexta modalidade a ser apresentada na série Jogos do
Mundo, exibida pelo Esporte Espetacular.[60] Ao anunciar que esta modalidade seria exibida, o
programa recebeu uma série de críticas, que diziam que o programa estava promovendo a
crueldade contra animais.[61] Um abaixo-assinado na internet foi criado exigindo que o programa
não exibisse a matéria.[62]
Ver também
Motojada
Tourada
Vaquejada de Serrinha
Vaquejada e Forró
Copa do Mundo de Rodeio
Rodeio do Chile
Festa do Peão de Barretos
Festa do Peão de Boiadeiro
Vaca das Cordas
Tourada à corda
Festas de São Firmino
Chegas de Touros
Capeia arraiana
Corrida de touros
Cavalgada
Vaqueiro
Missa do Vaqueiro
Frascuelo
Direitos animais
Coice
Professional Bull Riders
Referências
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Ligações externas
Associação Brasileira de Vaquejada (ABVAQ) (http://www.abvaq.com.br/)
«Regras da vaquejada» (http://www.vaquejadas.com/regras/)
«Argumentos da defesa animal contra a realização das vaquejadas» (http://www.alpa.org.br/ar
tigovaquejada.htm)
«Vaquejadas: manifestações das culturas populares ou crime de crueldade e maus-tratos
contra os animais? SILVA, Thomas de Carvalho» (https://jus.com.br/artigos/10659/a-pratica-da
-vaquejada-a-luz-da-constituicao-federal-de-1988)
Henrique, Teófilo. «Proibição da vaquejada não deve afetar principal festa na BA» (http://atard
e.uol.com.br/bahia/noticias/1807167-proibicao-da-vaquejada-nao-deve-afetar-principal-festa-n
a-ba). A TARDE
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